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Direito Internacional CC

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OAB 
 
Prof. Ahyrton Lourenço 
Direito Internacional 
Público 
 
 
Atualizada 11/03/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 
 
1
TRATADOS INTERNACIONAIS 
 
1. O Fenômeno Convencional ......................................... 1 
1.1 Conceito de Tratado Internacional ........................ 1 
1.2 Elementos do Tratado........................................... 2 
1.3 Terminologia ......................................................... 2 
1.3.1 Terminologia empregada na Convenção de 
Viena de 1969 ........................................................ 2 
1.4 Características do Fenômeno Convencional ........ 3 
1.4.1 Estrutura dos Tratados.................................. 3 
1.5 Classificação dos Tratados ................................... 3 
1.5.1 Quanto ao número de partes:........................ 3 
1.5.2 Quanto ao procedimento de criação: ............ 4 
1.5.3 Quanto à natureza das normas: .................... 4 
1.5.4 Quanto à execução no tempo. ...................... 4 
1.5.5 Quanto à execução no espaço...................... 4 
1.5.6 Quanto à possibilidade adesão ..................... 5 
1.5.7 Quanto à forma e substância: ....................... 5 
1.6 Sinopse: Classificação dos Tratados .................... 5 
2. Competência Negocial (Capacidade Negocial) ........... 5 
2.1 Delegações Nacionais .......................................... 5 
2.2 Chefes de Estado e de Governo........................... 6 
2.3 Carta de Plenos Poderes ...................................... 6 
3. Tratados Internacionais e Legislação Brasileira .......... 6 
4. Expressão do Consentimento...................................... 7 
4.1 Fases de Criação de um Tratado.......................... 7 
4.2 Adesão.................................................................. 9 
4.3 Reserva................................................................. 9 
5. Vícios do Consentimento ........................................... 10 
6. Vigência dos Tratados Internacionais ........................ 11 
7. Efeitos dos Tratados sobre as Partes e sobre Terceiros
....................................................................................... 11 
7.1 Efeitos dos Tratados sobre as Partes ................. 11 
7.2 Efeitos dos Tratados sobre Terceiros – Artigos 34 a 
38 da Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados.................................................................... 12 
8. Extinção dos Tratados ............................................... 12 
 
1. O Fenômeno Convencional 
 
Não se pode olvidar que o tratado internacional 
(fenômeno convencional entre Estados Soberanos) é a 
mais importante fonte do Direito Internacional Público, 
pois consigo vem a segurança jurídica internacional. 
No entanto o fenômeno convencional é muito antigo, 
sendo que o primeiro tratado “internacional” de que se 
tem notícia foi realizado entre Hatusil III, rei dos Hititas e 
Ramsés II, faraó egípcio e pôs fim a oito anos de guerra 
nas terras sírias e foi assinado por volta de 1272 a.C. O 
Tratado de Kadesh, como foi denominado, dispunha 
dentre outras clausulas sobre a paz perpétua entre os 
dois reinos, a aliança contra inimigos comuns, comércio, 
migrações e extradição. 
A principal norma de Direito Internacional que 
regulamenta os Tratados Internacionais é a Convenção 
de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, qual 
começou a vigorar internacionalmente dia 27 de janeiro 
de 1980, quando foi cumprido o requisito esculpido no art. 
84 da Convenção1. A referida convenção foi 
complementada pela Convenção sobre o Direito dos 
Tratados entre Estados e Organizações Internacionais de 
 
1 “Art. 84 - A presente Convenção entrará em vigor no 
trigésimo dia que se seguir à data do depósito do 
trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.” 
1986, qual reconheceu o direito das Organizações 
Internacionais firmarem tratados. 
 
O tramite de nacionalização da Convenção de Viena de 
1969 iniciou-se no Brasil no dia 22 de abril de 1992, 
quando o Poder Executivo encaminhou o texto da 
Convenção para apreciação do Congresso Nacional, 
onde foi consubstanciado o Projeto de Decreto Legislativo 
nº. 217/1992, qual foi referendada em 20 de julho de 
2009, transformada no Decreto Legislativo nº. 496/2009. 
 
Porém o Ministério das Relações Exteriores, desde a sua 
entrada em vigor, sempre se pautou nela no que tange à 
conclusão de tratados internacionais. Ainda, a Convenção 
é unanimemente reconhecida como regra declaratória de 
direito consuetudinário vigente, o que decorre sua 
obrigatoriedade no âmbito internacional 
independentemente de aceite mesmo para os Estados 
que ainda não a ratificaram ou dela não são signatários. 
1.1 Conceito de Tratado Internacional 
 
Tratado é o encontro de posições de dois ou mais 
sujeitos do Direito Internacional, através de acordo, 
no qual práticas costumeiras preexistentes se tornam 
fontes de direito entre eles2. 
 
O professor RESEK3 complementa que tratado é todo 
acordo formal concluído entre as pessoas jurídicas de 
direito internacional público, e destinado a produzir efeitos 
jurídicos. 
 
A Convenção de Viena em seu art.2, I, “a” esculpi a 
seguinte definição: 
 
“para os fins da presente convenção: “tratado” significa 
um acordo internacional concluído por escrito entre 
Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste 
de um instrumento único, quer de dois ou mais 
instrumentos conexos, qualquer que seja a sua 
denominação específica.” 
 
Diante dessa especificação da Convenção vamos extrair 
os elementos essências4: 
 
Acordo Internacional – O Direito Internacional tem por 
princípio o livre consentimento das nações, dessa forma, 
o tratado internacional, principal fonte de DIP, não pode 
expressar senão aquilo que as partes soberanas 
acordaram livremente. 
 
Celebrado por escrito – Os tratados internacionais 
necessariamente são acordo formais, é o exaurimento 
dos interesses das partes pactuantes após o período de 
negociação, qual, por conseguinte tem que ser por escrito 
para que fiquem consubstanciadas a intenções ora 
pactuadas. 
 
 
2 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito 
Internacional Público. Rio de Janeiro. FORENSE, 2002, 
p.39. 
3 REZEK, Francisco.Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg.14. 
4 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional 
Público – Parte Geral. São Paulo. RT, 2005, pg. 49-50. 
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Concluídos pelos Estado – Somente podem firmar 
acordos internacionais os Sujeitos de Direito 
Internacional, sendo que para a Convenção somente os 
Estados soberanos são sujeitos. Não podemos esquecer 
que a Convenção de 1986 incluiu as Organizações 
Internacionais como sujeito de Direito Internacional. 
 
Regido pelo Direito Internacional – Todo acordo 
externo que não for regido pelas normas de Direito 
Internacional não será considerado como tratado, mas 
sim como contrato internacional. 
Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais 
instrumentos conexos – A Convenção permite que além 
do texto principal do tratado podem existir instrumentos 
que o acompanham, como protocolos adicionais e dos 
anexos. 
Ausência de denominação particular – A Convenção 
estabelece que se considera tratado qualquer acordo 
regido pelo Direito Internacional, ainda que tenha outra 
denominação em relação a sua forma, seu conteúdo, o 
seu objeto ou seu fim, dessa forma, o que importa para o 
DIP para a confirmação da existência de um tratado é se 
o ato internacionalmenteproferido preenche os requisitos 
ou elementos aqui estabelecidos para os tratados. 
 
Tratado, portanto, é o acordo formal concluído entre 
os sujeitos de Direito Internacional Público – Estados, 
organismos internacionais e outras coletividades – 
destinado a produzir efeitos jurídicos na órbita 
internacional. É um ato jurídico complexo que envolve 
pelo menos duas vontades. 
 
Os Estados, sujeitos primários da ordem internacional, 
são em geral, os que concluem tratados. Eventualmente, 
os tratados podem vir a ser concluídos pela Santa Sé, por 
um organismo, como, por exemplo, o FMI – Fundo 
Monetário Internacional ou OIT – Organização 
Internacional do Trabalho (por si sós, já produtos de 
tratados), ou por uma associação regional de estados, 
como o Mercosul ou a União Européia. 
 
Estima-se que, estão em vigor atualmente, mais de dez 
mil tratados internacionais. 
1.2 Elementos do Tratado 
 
Dos conceitos acima, podemos extrair três elementos: 
a) os sujeitos de direito são pessoas jurídicas 
internacionais; 
 
b) ato de vontade das partes – os atos de vontade 
emanados dos sujeitos serão concretizados num acordo 
escrito; 
 
c) produzem efeitos erga omnes (contra todos) – 
extrapola a esfera jurídica dos contratantes, atingindo 
terceiros (internamente); 
 
d) o vocabulário “tratado” possui acepção proteiforme 
(admissão de vários significados). 
1.3 Terminologia 
 
Em razão do disposto no art.2, item I da Convenção de 
Viena, o vocabulário Tratado foi consagrado pela 
literatura jurídica. Todavia, possuem outras 
denominações5: 
 
a) Convenção: tem sentido de codificação, de criação de 
normas gerais. 
 
b) Declaração: quando são criados princípios jurídicos. 
Ex: Declaração Universal dos Direitos do Homem. 
c) Pacto: quando o acordo é revestido de solenidade. 
d) Acordo: para fins econômico-financeiro ou culturais. 
e) Concordata: Santa Sé. 
f) Modus Vivendi: acordos temporários ou provisórios. 
g) Protocolo: ata de conferência ou complementação de 
tratado já existente. 
h) Troca de Notas: acordo sobre matéria administrativa, 
não necessitando de ratificação. 
i) Estatuto: acordo coletivo. 
j) Compromisso: dispõe sobre litígios que irão à 
arbitragem. 
k) Carta: instrumento constitutivo de uma organização 
internacional ou rol de direitos e deveres. 
l) Convênio: matéria cultural ou transporte. 
m) Tratado: acordos solenes, como os de paz. 
1.3.1 Terminologia empregada na Convenção de Viena 
de 1969 
O Artigo 2º define as expressões empregadas na própria 
Convenção, sendo que as disposições relativas às 
expressões empregadas não prejudicam o emprego 
dessas expressões, nem os significados que lhes possam 
ser dados na legislação interna de qualquer Estado. 
Assim estabelece o art. 2º da Convenção: 
Expressões Empregadas 
1. Para os fins da presente Convenção: 
a) "tratado" significa um acordo internacional concluído 
por escrito entre Estados e regido pelo Direito 
Internacional, quer conste de um instrumento único, quer 
de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja 
sua denominação específica; 
b) "ratificação", "aceitação", "aprovação" e "adesão" 
significam, conforme o caso, o ato internacional assim 
denominado pelo qual um Estado estabelece no plano 
internacional o seu consentimento em obrigar-se por um 
tratado; 
c) "plenos poderes" significa um documento expedido 
pela autoridade competente de um Estado e pelo qual são 
designadas uma ou várias pessoas para representar o 
Estado na negociação, adoção ou autenticação do texto 
de um tratado, para manifestar o consentimento do 
Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar 
qualquer outro ato relativo a um tratado; 
 
5 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito 
Internacional Público. Rio de Janeiro. FORENSE, 2002, 
p.40. 
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d) "reserva" significa uma declaração unilateral, qualquer 
que seja a sua redação ou denominação, feita por um 
Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, 
ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o 
efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua 
aplicação a esse Estado; 
e) "Estado negociador" significa um Estado que 
participou na elaboração e na adoção do texto do tratado; 
f) "Estado contratante" significa um Estado que 
consentiu em se obrigar pelo tratado, tenha ou não o 
tratado entrado em vigor; 
g) "parte" significa um Estado que consentiu em se 
obrigar pelo tratado e em relação ao qual este esteja em 
vigor; 
h) "terceiro Estado" significa um Estado que não é parte 
no tratado; 
i) "organização internacional" significa uma 
organização intergovernamental. 
A Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados entre 
Estados e Organizações Internacionais ou entre 
Organizações Internacionais de 1986 apenas 
complementa as definições da CV69, acrescentando ao 
texto que as Organizações Internacionais podem firmar 
tratados internacionais, fazendo ajustes necessários, sem 
alterar o sentido da convenção anterior, por exemplo, as 
OI’s não fazem “ratificação” de tratados, mas sim, “ato de 
confirmação”, qual possui efeito jurídico semelhante. 
1.4 Características do Fenômeno Convencional 
Validade do Tratado 
Como em qualquer relação jurídica, para que o tratado 
internacional seja válido é necessário que: 
a) as partes possuam capacidade. 
Para a doutrina majoritária, apenas possuem capacidade 
para contratar os Estados Soberanos e as Organizações 
Internacionais. 
Celso de Albuquerque, por sua vez, além dos Estados 
Soberanos e das Organizações Internacionais, estende a 
legitimidade aos beligerantes, à Santa Sé e a outros entes 
internacionais. 
b) os representantes das partes possuam habilitação 
adequada. 
A habilitação dos agentes signatários de um tratado 
internacional é feita pelos “plenos poderes”, através de 
carta, que dão aos negociadores o poder de negociar e 
concluir o tratado. As pessoas que os recebem são 
denominadas plenipotanciários. 
c) o objeto seja lícito e possível. 
Da mesma forma que no direito interno, o consenso de 
vontades, no direito internacional, só pode visar uma 
coisa materialmente possível e permitida pela moral6. 
Exemplos de: 
 
 
6 ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito 
Internacional Público. SARAIVA, 11 ª ed. 1991, pg.138. 
I) impossibilidade física: cessão de território não 
pertencente ao Estado doador. 
II) impossibilidade moral: quando o tratado viola 
preceitos da moral universal ou dos direitos fundamentais 
da humanidade, por exemplo, o princípio da dignidade da 
pessoa humana. 
III) de impossibilidade jurídica: tratado celebrado em 
contrariedade a estipulações vigentes de outro tratado 
anterior, ao qual as partes contratantes, ou qualquer 
destas, se achem obrigadas. 
d) haja consentimento mútuo (bilateralidade 
comutativa). 
Por ser acordo de vontades, todos os Estados 
participantes devem consentir com o disposto no contrato. 
Quando os tratados multilaterais forem negociados numa 
conferência internacional, a adoção do texto efetua-se 
pela maioria de dois terços dos Estados presentes e 
votantes, a não ser que, pela mesma maioria, decidam 
adotar uma regra diversa. A vontade das partes deve ser 
livre e não pode ser afetada pelos vícios de 
consentimento: erro, dolo, coação, corrupção. 
1.4.1 Estrutura dos Tratados 
Os tratados tradicionalmente compõem-se: 
a) Título – indica a matéria tratada pelo Tratado; 
b) Preâmbulo - finalidade e identificação das partes; 
c) Considerandos – indicam as intençõesdas partes em 
relação à celebração do acordo; 
d) Articulado ou dispositivo – os direitos e deveres dos 
participantes, em artigos, e algumas vezes em partes, 
seções ou capítulos. O dispositivo deve ser redigido em 
linguagem jurídica. 
e) Fecho – local e data da celebração do tratado, o 
idioma em que o mesmo se acha redigido e o número de 
exemplares originais; 
f) Assinatura – do Chefe de Estado, do Ministro das 
Relações Exteriores ou de outra autoridade que esteja 
representado o Chefe de Estado; 
g) Selo de lacre – são as armas das altas partes 
contratantes; 
h) Anexos – alguns tratados possuem anexos que pode 
conter explicação pós-textual ou outro complemento que 
seja necessário ou premente. 
1.5 Classificação dos Tratados 
1.5.1 Quanto ao número de partes: 
 
- bilateral: quando existem somente duas partes; 
- multilateral ou coletivo: quando existem três (3) ou mais 
partes envolvidas no tratado. 
Valério Mazzuoli7 divide os tratados multilaterais em: 
 
 
7 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional 
Público – Parte Geral. São Paulo. RT, 2005, pg. 58. 
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 mutalizáveis: acordos multilaterais cujo 
descumprimento por parte de alguma ou algumas das 
partes entre si não compromete a execução do acordo 
como um todo. 
Ex: Tratado Comer. 
 não-mutalizáveis: tratados multilaterais que não 
concebem divisão em sua execução, de sorte que, se 
alguma das partes, pelo motivo que seja, não puder 
cumprir o pactuado, umas em relação às outras, todas as 
demais irão sofrer com a sua violação, não havendo como 
deixar de aplicar o tratado somente às partes que o 
violaram. Ex: Tratado da Antártica. 
1.5.2 Quanto ao procedimento de criação: 
 
- Unifásico (de forma simplificada – procedimento 
simples): quando o consentimento definitivo expressa-se 
pela assinatura do tratado. 
- Bifásico (tratados em sentido estrito – procedimento 
complexo): quando a expressão do consentimento é 
escalonada, feita em duas fases, na primeira têm-se a 
assinatura, na segunda têm-se a ratificação. 
 É importante a observação, com relação ao 
procedimento de criação de tratados, explanada por 
REZEK8: 
Quanto à pretensa identidade entre os acordos pode-se 
ter: 
I- procedimento breve – hábil – passa a viger desde a 
assinatura sem necessidade de ratificação; 
II- acordo executivo – é o tratado que se conclui sob a 
autoridade do chefe do poder Executivo, 
independentemente do parecer e consentimento da casa 
legislativa (congresso, senado,...). 
1.5.3 Quanto à natureza das normas: 
 
- Tratados-contratos: são contratos strictu sensu, 
dispondo sobre regulação de casos específicos. Há uma 
satisfação de interesses diversos, buscando-se um bem 
comum. É uma operação jurídica, são exemplos os 
tratados de comércio, cessão de território, etc. 
- Tratados-lei ou tratados normativos: contratos lato 
sensu, não analisam casos concretos, limitam-se a 
expedir normas de conduta que incidirão no momento da 
ocorrência do fato imponível. Geralmente, são celebrados 
por um grande numero de Estados e visam a fixação de 
normas gerais de direito internacional público. Ex: 
Tratados que criam organizações internacionais que 
visam o interesse da comunidade internacional. 
 Para os positivistas jurídicos, dentre eles seu maior 
representante, HANS KELSEN, não existe tratado – 
contrato, pois o acordo cria uma lei entre as partes e, 
dessa forma teríamos um tratado normativo (vez que há 
uma norma regendo o acordo de vontades). A expressão 
“tratado normativo” é pleonástica, vez que todo contrato é 
um pacto bilateral (lei entre as partes). 
 
 
8 REZEK, Francisco.Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg. 26. 
1.5.4 Quanto à execução no tempo. 
 
- permanentes: criam situações jurídicas estáticas, 
objetivas definitivas: a execução protrai-se no tempo. Ex: 
tratados de fronteiras, de limites, de cessão territorial9. O 
tratado constitui um título jurídico para fundamentar a 
legitimidade da situação que se pretende eterna, 
exaurindo-se em uma situação definitiva o seu 
cumprimento. Não pode ser modificado pela vontade 
de uma das partes. 
- transitórios: criam relações jurídicas obrigacionais 
dinâmicas: vinculam as partes por prazo certo ou 
indefinido. Ainda que criem situações que perdurem no 
tempo, tem sua execução feita de forma instantânea e 
imediata. Ex: tratado de comércio ou de cooperação 
científica. Uma parte, querendo, pode se retirar, porém, 
se for bilateral, a saída de uma das partes dá causa à 
extinção do contrato. 
O Professor Francisco Rezek10, discordando da 
classificação geral, entende que existe um certo 
“hibridismo”, não concordando com a classificação 
transitória, denominando tratado Executório e 
Executado, como podemos ver na classificação abaixo: 
- Executórios (ironicamente denominado pela Doutrina 
de permanentes ou de efeitos sucessivos): a execução 
protrai-se no tempo, vez que prevêem atos a serem 
executados regularmente, sempre que se apresentem 
condições necessárias, como os de comércio. Criam 
situações dinâmicas. 
- Executados (paradoxalmente denominado pela 
Doutrina de provisórios ou de efeitos limitados): uma vez 
executados, dispõe sobre a matéria permanentemente, de 
uma vez por todas, como ocorre nos tratados de 
cessão ou de permuta de territórios.Criam situações 
estáticas. 
1.5.5 Quanto à execução no espaço. 
 
- tratado com alcance espacial em todo o território do 
pactuante: é a regra. 
- tratado com alcance restrito a algumas áreas do 
pactuante: é a exceção, porém em relação a um só dos 
pactuantes pode ser total. Ex: tratado comercial para a 
compra de carne bovina de apenas 06 estados 
brasileiros. 
 O art.29 da Convenção de Viena (sobre o Direito dos 
Tratados – 1969) dispõe in verbis: 
“A não ser que uma intenção diferente se evidencie do 
tratado, ou seja, estabelecida de outra forma, um tratado 
obriga cada uma das partes; em relação a todo o seu 
território.” 
 
9 No dia 17 de novembro de 1903, os Estados do Brasil e 
da Bolívia assinaram um tratado de cessão territorial 
onerosa, no qual o Brasil comprou a região do Acre. 
10 REZEK, Francisco.Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg.31. 
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1.5.6 Quanto à possibilidade adesão11 
 
- abertos: permite a adesão posterior por parte dos 
Estados que não participaram de suas negociações, ou 
participaram, mas não ratificaram no momento oportuno. 
Os tratados abertos subdividem-se em limitados 
(permitem a adesão posterior, mas são limitados a um 
número certo de Estados ou a algum bloco de Estados 
(Ex. Mercosul) e ilimitados (não há limitação para o 
número de Estados que queiram ser partes no tratado. 
Ex: tratados internacionais de proteção dos direitos 
humanos). 
- fechados: não permitem qualquer tipo de adesão 
posterior. 
1.5.7 Quanto à forma e substância: 
 
Formais – dizem respeito à forma de apresentação dos 
tratados. 
Exemplo: 
a) em relação ao número de partes: 
a.1) bilaterais (duas partes); 
a.2) multilaterais (mais de duas partes). 
b) em relação ao procedimento: 
b.1) tratados simplificados (não necessitam de 
ratificação); 
b.2) tratados solenes (necessitam de ratificação). 
Materiais – dizem respeitoà substância dos tratados. 
a) tratados-contratos: as partes possuem objetivos 
desiguais. Ex: todo tratado comercial é um contrato; 
b) tratado-normativo/lei: os sujeitos estabelecem regras 
gerais para nortear o comportamento de todos, mas 
possuem objetivos iguais; 
c) tratados de categorias especiais: possuem caráter 
genérico (normativo), porém, aplicam-se a questões 
específicas. Ex. Convenções Internacionais de Trabalho; 
d) tratados institucionais: estabelecem as normas que 
regem as instituições por ele criadas. Ex. Tratado que 
criou a ONU; 
e) tratados que criam organismos não dotados de 
personalidade jurídica: Ex. Criação de tribunais arbitrais, 
comissões mistas, etc; 
f) Tratados que criam empresas: Ex. Criação da Itaipu 
Binacional (Brasil e Paraguai). 
1.6 Sinopse: Classificação dos Tratados 
 
a) nº de partes: bilateral e multilateral. 
b) procedimento de criação: unifásico e bifásico; breve 
(hábil) e executivo. 
 
11 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional 
Público – Parte Geral. São Paulo. RT, 2005, pg. 60. 
c) natureza das normas: tratados – contrato e tratados-
lei. 
d) execução no tempo: permanentes e transitórios. 
e) execução no espaço: alcance total e alcance restrito. 
f) possibilidade de adesão: aberto (permite) e fechado 
(não permite). 
 
2. Competência Negocial (Capacidade Negocial) 
 
Preliminarmente há de ser observado sobre o tema em 
análise que: não podemos confundir competência 
jurisdicional com capacidade negocial. 
Competência na definição de Enrico Túlio Liebman é a 
medida da jurisdição, ou seja, é a quantidade (poder 
dever que o estado tem de dizer o direito no caso 
concreto), cujo exercício é atribuído a cada órgão ou 
grupo de órgãos jurisdicionais. A capacidade, por sua 
vez, pode ser de direito ou de fato. A primeira, a de 
direito (ou de gozo) é a aptidão para ser titular de 
direitos e deveres na ordem civil e trata-se, na verdade, 
da própria personalidade com esta confundindo-se. A 
capacidade de fato ou de exercício, que é manifestação 
da personalidade, na lição de Clóvis Beviláqua12, é 
aptidão de alguém para exercer por si só os atos da 
vida civil, sem representação ou assistência. 
Em sua grande maioria, os doutrinadores não fazem a 
distinção entre os conceitos de capacidade e 
competência; dispondo, por exemplo, que o Estado é 
competente para celebrar tratados, quando deveriam 
dizer: o Estado tem capacidade (é capaz) para realizar 
acordos, tem legitimidade internacional para figurar como 
parte da relação jurídica etc. 
Os Estados Soberanos e as organizações 
internacionais possuem capacidade para celebrar 
tratados, pois são sujeitos de direitos, possuem 
legitimidade para atuar no pólo de relações jurídicas 
internacionais. 
Possuem habilitação para agir em nome das 
personalidades jurídicas no momento do procedimento 
negocial os Chefes de Estado e os plenipotenciários 
(mandatário que possui carta com plenos poderes). 
2.1 Delegações Nacionais 
Em algumas situações, para obtenção de melhor eficácia 
na fase de tratativas preliminares de negociação, por 
exemplo, para substituir o representante em uma mesa de 
negociação ininterrupta, se faz necessária a pluralização 
da representação do Estado, surgindo então a delegação 
nacional (conjunto de integrantes de um grupo chefiados 
por aquele que detém o mandato representativo). 
Apenas o chefe da delegação detém a carta de plenos 
poderes, sendo que os demais integrantes que a compõe, 
independentemente da função que receberam, sejam 
delegados, suplentes, assessores, devem-lhe submissão. 
 
 
12 BEVILAQUA, Clóvis; Código Civil; volume 1; RJ; 
Livraria Francisco Alves; 1940; pág. 169. 
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2.2 Chefes de Estado e de Governo 
 
Nas repúblicas presidencialistas a condução efetiva da 
política exterior incube ao Presidente da República que 
acumula as funções de Chefe de Estado e de Governo. 
Em uma republica parlamentarista, o Presidente, que é o 
chefe de estado é quem detêm capacidade originária para 
celebrar tratados. Nos modelos monárquicos clássicos 
(chefia de Estado e de governo confundem-se na 
autoridade do rei) ou híbridos (rei chefia o Estado e 
primeiro ministro chefia o governo) é o rei quem possui 
capacidade (legitimidade) para a condução política 
externa, e, portanto, é ele quem, originariamente, realiza 
tratado internacional. 
No Brasil o art. 84, VII da Constituição da República é 
estabelecido que compete exclusivamente ao Presidente 
da República manter relações com outros Estados 
estrangeiros e acreditar seus representantes 
diplomáticos. 
2.3 Carta de Plenos Poderes 
Os plenipotenciários são terceiros que representam os 
Estados (o ministro responsável pelas relações exteriores, 
o chefe da missão diplomática), agindo, então com 
legitimidade extraordinária, vez que possuem titularidade 
processual, mas carecem de titularidade material, vez que 
atuam em nome dos Estados. 
O documento instrumento do mandato, chamado de carta 
de plenos poderes, exarado, em nome do Estado, pela 
autoridade competente, é uma procuração dando poder 
para o mandatário (negociador) atuar em nome do 
Estado, praticando os atos necessários para tanto. 
O destinatário dessa carta, expedida pelo Chefe de 
Estado, quando se trata de contrato bilateral, é o governo 
co-pactuante, e sua entrega deve preceder ao início da 
negociação, ou a prática do ulterior a que se habilita o 
plenipotenciário. 
O art.7º da Convenção de Viena sobre o Direito de 
Tratados, dispensa da apresentação de carta de plenos 
poderes os Chefes de Estado e de Governo, os Ministros 
de Relação Exteriores e os Chefes de missão diplomática 
junto ao Estado em que estão acreditados, bem como os 
secretários-gerais das organizações internacionais. 
 
3. Tratados Internacionais e Legislação Brasileira 
 
De acordo com o que dispõe os artigos 102, III, “b” e 105, 
III, “a” da Constituição da República, os tratados 
internacionais possuem hierarquia de lei ordinária 
federal. 
Art.102 Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas 
decididas em única ou última instância, quando a decisão 
recorrida: 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei 
federal; 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em 
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais 
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
No entanto, os tratados que versam sobre direitos 
humanos poderão possuir status de norma 
constitucional desde que atendido o disposto no § 3º do 
art. 5º da Constituição federal que dispõe, in verbis: 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em mais 
de uma ocasião teve oportunidade de decidir que entre a 
Constituição Brasileira e um tratado internacional 
prevalece a Constituição, como ocorreu com a convenção 
n. 158 da OIT, assinada pelo Brasil. 
Essa convenção foi ratificada pelo Congresso Nacional 
por meio do Decreto Legislativo nº 68 de 16.09.1992 e o 
instrumento de ratificação foi depositado em 04.01.1995,para que entrasse em vigor somente após o decurso de 
um ano, ou seja, em 1996. em 10.04.96 foi promulgada 
pelo Decreto Presidencial n. 1.855, todavia em abril de 
1997 o STF suspendeu os efeitos da Convenção por não 
a entender auto-aplicável. A Convenção trata, dentre 
outras coisas, da garantia de emprego, e o art. 7º, I, da 
CF estabelece que tal garantia somente poderá ocorrer 
por lei complementar. Como o Tratado (Convenção) tem 
pela nossa Constituição natureza de lei ordinária federal, 
concluiu o STF que o tratado precisava ser transformado 
em Lei Complementar. Não era auto-aplicável. 
 Para entendermos qual a posição teórica adotada pelo 
Brasil frente aos tratados internacionais devemos 
explicitar os conceitos de monismo e dualismo que foram 
desenvolvidos pela doutrina para explicar a maneira de 
recepção dos tratados na legislação interna dos estados 
soberanos. 
a) Teorias Monistas 
a1) Monismo com primazia no direito internacional 
(Hans Kelsen): O Estado (País) que assim se posiciona 
quando houver conflito entre o direito interno e o direito 
internacional prevalecerá o direito internacional. 
O Código Tributário Nacional, para solucionar 
conflitos legislativos temporais em matéria legislativa, 
em seu art. 98, adotou expressamente essa teoria: 
 
“Art. 98, Os tratados e as convenções internacionais 
revogam ou modificam a legislação tributária interna, 
e serão observados pela que lhes sobrevenha.” 
 
◄ No Direito Tributário Brasileiro, adotou-se a posição de 
que há prevalência hierárquica dos tratados internacionais 
sobre a legislação interna infraconstitucional. 
 
 
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a2) Monismo com primazia no direito interno: O 
Estado que assim se posiciona, na verdade, nega o 
direito internacional, porque para ele sempre prevalecerá 
o direito interno. 
a3) Monismo com primazia no direito internacional 
não radical: Para os Estados que assim pensam 
prevalece o direito internacional, exceção feita a matérias 
fundamentais em que a primazia fica com o direito 
interno. 
b) Teoria Dualista 
Admite a existência de duas ordens, uma internacional e 
outra interna. Correm paralelas. Não há conflito entre elas 
porque cuidam de matérias diferenciadas, isto é, têm 
campos diferentes. Todavia, se houver um conflito 
incorpora-se o direito internacional ao direito interno, no 
que for fundamental e admitido como válido pelo Estado, 
por meio de uma espécie normativa interna. 
De acordo com as classificações doutrinárias brasileiras, 
o Brasil é tido, ora como dualista ora como monista 
com primazia no direito internacional radical, ora 
como monista moderado. 
Porém, um consenso há entre os doutrinadores: Em 
nenhum momento é adotado pelo Brasil o Monismo com 
primazia do direito interno. 
Os tratados internacionais, uma vez ratificados pelo 
Presidente da República, precisam do Decreto Executivo 
para a sua veiculação, para ter aplicabilidade interna. 
 
Contudo, os tratados dizem respeito a direitos e garantias 
individuais, seguem o regramento do art. 5º, § 1º, da CF: 
 
“As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata”. 
 
Isto é, aplicam-se sem dependência de norma inferior 
regulamentada. Se versarem sobre direitos humanos e 
forem aprovados em consonância com as regras de 
tramitação de emenda, adquirem hierarquia de lei 
constitucional. Apesar do disposto na magna carta, 
existem juristas que entendem sempre ser necessário o 
Decreto Executivo. 
 
4. Expressão do Consentimento 
 
O art. 11 da Convenção de Viena dispõe expressamente 
sobre os meios de manifestar consentimento em obrigar-
se por um tratado, nos seguintes termos: 
 
▪ O consentimento de um Estado em obrigar-se por um 
tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos 
instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, 
aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros 
meios, se assim acordado. 
Do conceito legal, extraímos que a formação de um 
tratado abrange várias fases. Para melhor compreensão 
didática, e seguindo a classificação já consolidada pela 
doutrina brasileira sobre Direito Internacional Público, 
faremos a decomposição da expressão do consentimento 
em seis (6) elementares: 
1ª) Negociação; 
2ª) Assinatura; 
3ª) Ratificação; 
4ª) Promulgação; 
5ª) Publicação; 
6ª) Registro. 
4.1 Fases de Criação de um Tratado 
 
1ª Fase: Negociação 
Apesar de não constar expressamente na Convenção, a 
negociação é a fase que antecede a assinatura. Os atos 
de negociação, bem como, os de conclusão e assinatura, 
são da competência, em regra, do órgão de Poder 
Executivo (Presidente da República ou Ministro das 
Relações Exteriores). Nessa fase, em muitos casos é 
recomendável, a constituição de uma delegação chefiada 
pelo plenipotenciário. 
É nesse momento que se escolhe a língua que será 
adotada para a redação do documento, que pode, 
inclusive, ser uma língua diferente daquela das partes 
contratantes. 
◙ É permitido que o idioma dos tratados negociais seja 
diferente do texto acabado. 
Normalmente, as negociações iniciam-se com troca de 
cartas nos contratos bilaterais, enquanto que nos 
multilaterais (dois ou mais Estados) a deflagração, quase 
sempre, ocorre através de uma conferencia diplomática. 
No Brasil toda negociação de ato internacional deve ser 
acompanhada por funcionário diplomático (Decretos nº. 
2.246/97. 3.414/2000, 3.959/2001 e 4.759/2003, quais 
aprovam a estrutura regimental e indicam a competência 
do Ministério das Relações Exteriores). Ainda, o texto final 
do ato internacional deve ser aprovado, do ponto de vista 
jurídico, pela Consultoria Jurídica do Itamaraty e, sob o 
aspecto processual, pela Divisão de Atos Internacionais. 
2ª Fase: Assinatura 
É nessa fase que o texto é autenticado. O consentimento 
dos contraentes é, de maneira definitiva, exteriorizado 
através da assinatura dos seus representantes. A partir 
desse momento, o tratado já produz efeitos, a não ser que 
haja a aposição de cláusula suspensiva ou, ainda, as 
partes, tenham convencionado um período de vacatio 
legis. 
Quando se trata de tratado solene, a assinatura 
representa uma simples fase em que há o 
reconhecimento do texto negociado, porém o Estado 
ainda não está obrigado internacionalmente. 
Nos tratados simplificados, por sua vez, a assinatura 
ganha relevância porque com ela o Estado se obriga 
internacionalmente. A Constituição Brasileira não admite 
o tratado simplificado, como pode ser observado nos 
textos abaixo: 
 
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“Art.49. É da competência exclusiva do Congresso 
Nacional: 
I – resolver definitivamente sobre tratados que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional; 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da 
República: 
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, 
sujeitos ao referendo do Congresso Nacional;” 
 
No art. 49, pareciam possíveis os contratos simplificados, 
desde que não acarretassem encargos ou compromissos, 
porém através de uma interpretação teleológica, 
entendemos que todos os tratados e convenções 
internacionais, conforme dispõe o art. 84, VIII, sujeitam-se 
ao referendo do Congresso nacional, restando vedada a 
admissibilidade de tratados simplificados (não necessitam 
de ratificação). 
Portanto, no Brasil, os tratados firmados por nossos 
representantes passam pela negociação, assinatura e 
dependem de aprovaçãolegislativa (se acarretarem 
encargos ou compromissos gravosos) para depois serem 
ratificados. 
A Problemática dos Acordos Executivos 
Francisco Rezek13 chama de tratados executivos os 
tratados que são firmados sem necessidade de 
aprovação individualizada por parte do Congresso 
Nacional. Diz ser possível no Brasil: 
a) o acordo executivo como subproduto de tratado 
vigente: na verdade, o que ocorre é a interpretação de 
cláusulas de um tratado já vigente. Tem-se uma espécie 
de regulamentação de contrato já existente; 
b) o acordo executivo como expressão de diplomacia 
ordinária: conforme dispõe, a Constituição Brasileira 
sobre a competência privativa do Presidente da 
República, tem-se que enquanto o tratado não for 
incorporado ao direito interno, a auto-suficiência do poder 
Executivo é praticamente absoluta; são exemplos: 
estabelecer e romper relações diplomáticas, intercâmbio 
consular, etc. 
No Brasil a prática do Ministério das Relações Exteriores 
verifica-se que qualquer autoridade brasileira pode 
assinar um ato internacional, desde que possua a carta 
de plenos poderes, firmada pelo Presidente da República 
e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores. 
3ª Fase: Ratificação (Confirmação da Assinatura) 
Ensina Valério Mazzuoli14 que somente o Chefe do 
executivo é quem está habilitado para ratificar tratados 
internacionais. É sua, a última palavra. Ao Congresso 
Nacional incumbe referendar (aprovar) ou rejeitar o 
tratado. 
 
 
13 REZEK, Francisco.Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg. 60. 
14 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional 
Público – Parte Geral. São Paulo. RT, 2005, pg. 71. 
A expressão “resolver definitivamente sobre tratados”, 
insculpida no art. 84, VIII, da CR15, diz o eminente 
doutrinador, deve ser entendida em termos, não se 
podendo atribuir-lhe uma conotação distante de seu real 
significado. 
A aprovação do Congresso é formalizada através de 
Decreto Legislativo promulgado pelo Presidente do 
Senado e publicado no DOU. 
Após ser discutido, o tratado será ou não aprovado pelo 
Congresso Nacional. Em sendo positivo o referendo, o 
tratado será encaminhado ao presidente da República 
para a ratificação e promulgação, que se dá através de 
um Decreto Executivo. Em seguida, expedir-se-á uma 
Carta de Ratificação aos interessados. 
● Ratificação é o ato expresso e unilateral do Estado, 
co-participante de um tratado, que expressa, de 
maneira definitiva, a sua vontade de obrigar-se 
perante a comunidade internacional. 
A ratificação consuma-se (exaure-se) no momento em 
que a(s) outra(s) parte(s) ou o depositário16 são 
formalmente comunicados do ânimo definitivo de ingresso 
no domínio jurídico do tratado. 
A competência para ratificar tratados não é disciplinada 
pelo Direito Internacional, mas pelo ordenamento jurídico 
interno de cada Estado Soberano, é este que determina 
quem pode assumir obrigações em âmbito internacional. 
No Brasil, por força do art.84, VIII, cabe ao Congresso 
Nacional referendar ou não a sua recepção no 
ordenamento pátrio, enquanto cabe ao Presidente da 
República a ratificar ou não o que foi aprovado pelo 
Congresso Nacional. 
 
 
15 Há muita polêmica na doutrina, muitos entendem que é 
o Congresso Nacional quem ratifica os tratados, porém, 
com clareza meridiana, George Rodrigo Bandeira. 
Galindo in Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
e Constituição Brasileira, Belo Horizonte: Del Rey, 2002, 
p. 140, arremata: “A aprovação pelo Legislativo é 
obrigatória para que, num momento posterior, venha o 
Presidente a ratifica-lo. (...) Há uma confusão, 
principalmente na imprensa brasileira, sobre o tema 
ratificação. Ratificação é o ato pelo qual um Estado se 
obriga internacionalmente por um tratado. Muitos pensam 
ser ratificação o processo de aprovação pelo Legislativo. 
Foi disseminado o uso errôneo desta palavra, não 
havendo qualquer dúvida sobre a diferença entre 
ratificação e aprovação pelo Legislativo na linguagem 
diplomática e jurídico – internacional. Louis-Hekin 
afirma que até mesmo a Suprema Corte Norte-Americana 
já se referiu a ratificação como sendo aprovação pelo 
legislativo e cita os casos Balltman & Co.v. United States 
224.US.583 (1912); Wilson v.Girard, 354 U.S.524 
(1957).” 
16 Para que em um tratado multilateral, o Estado não 
tenha que promover a ratificação perante todos os 
pactuantes, o instrumento de ratificação é depositado nas 
mãos de quem se responsabilizará por dar a notícia aos 
demais interessados. Quem assume essa responsabilidade 
é chamado de DEPOSITÁRIO, e, em tratados 
multilaterais, é sempre um dos Estados signatários. 
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♣ Duas (2) subfases da Ratificação: a ratificação de um 
tratado passa por duas subfases: na primeira ocorre o 
referendo (aprovação ou não) pelo congresso nacional; 
na segunda têm-se a ratificação – é a sanção 
(confirmação) pelo Presidente da República. 
 
4ª Fase: Promulgação 
O tratado somente poderá se tornar executável após a 
sua promulgação, que no plano interno ocorre no 
momento em que é expedido o Decreto Presidencial 
ratificando a aprovação feita pelo Congresso Nacional. 
A promulgação é ato discricionário do Estado e, depois de 
formalizada, é irretratável. Pode ser exigida pelo direito 
interno do Estado ou pelo próprio tratado. É a 
confirmação expressa, pelo órgão competente do estado, 
perante os outros signatários, daquilo que foi decidido na 
fase de negociação e assinado. 
♥ Finalidade da Promulgação: A principal finalidade da 
promulgação é atestar que todas as formalidades internas 
para a celebração foram cumpridas e que, portanto, 
temos um ato jurídico perfeito existente e integrante 
do ordenamento jurídico internacional. 
5ª Fase: Publicação 
Prescreve o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código 
Civil (LICC) que para as leis entrarem em vigor é 
necessário a publicação oficial. Tal obrigatoriedade 
estende-se ao Decreto Presidencial que 
consubstanciou a incorporação do tratado ao 
ordenamento jurídico interno. 
 
6ª Fase: Registro 
Antes do Século XX era comum, na história diplomática 
das nações os tratados com cláusulas secretas, em 
alguns casos, o próprio tratado era em sua completude 
desconhecido pelo povo. O pacto da Sociedade das 
Nações, assinado em 28 de abril de 1919, por sua vez, 
dispõe em seu artigo 18 que todo tratado ou compromisso 
internacional concluído no futuro por um membro da 
Sociedade deverá ser imediatamente registrado pelo 
Secretariado e publicado por ele, logo que possível. 
Nenhum desses tratados ou compromissos internacionais 
será obrigatório antes de ter sido registrado. 
Com o fim de evitar tratados secretos, os interessados 
devem registrar os tratados nos órgãos competentes. 
Reza o artigo 102, I da Carta das Nações Unidas que 
todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por 
qualquer membro das Nações Unidas depois da entrada 
em vigor da presente Carta, deverão, dentro do mais 
breve possível, ser registrados e publicados pelo 
Secretariado. 
No mesmo artigo, em seu segundo parágrafo, 
nenhuma parte em qualquer Tratado ou acordo 
internacional que não tenha sido registrado em 
conformidade com as disposições do parágrafo 1º do 
artigo 102 poderá invocar tal tratado ou acordo perante 
qualquer órgão das Nações Unidas. 
♠ Efeitos Erga Omnes: Para que um tratado produza 
efeitos erga omnes, contra todos os signatários é 
necessário o registro – que pode ser feito em 
qualquer fase – do tratado no secretariado da ONU.Basta que um dos Estados acordantes requeira o 
registro do tratado para que ele surta seus efeitos. 
Destina-se, efetivamente, aos países que participam 
da ONU. 
4.2 Adesão 
 
Quando um Estado que não participou das 
negociações do tratado e muito menos assinou, mas 
deseja dele fazer parte, poderá escolher o caminho da 
adesão ou aceitação que juridicamente possui mesma 
natureza jurídica da ratificação. 
Para MAZZUOLI17 a adesão consiste na “manifestação 
unilateral de vontade do Estado, que exprime o seu 
propósito em se tornar parte de determinado tratado, 
de cuja negociação, no plano internacional, não 
participou, estendendo-se a mesma prática para as 
organizações internacionais”. 
◙ CUIDADO!! Não confunda ratificação com adesão. Na 
primeira (ratificação) o Estado que participou das 
negociações confirma às outras partes o seu propósito de 
cumprir o acordado. Na adesão, o Estado não participou 
das negociações do acordo, mas, após a sua conclusão, 
obrigou-se pelo que foi pactuado pelas partes 
negociantes, aderindo ao tratado. 
4.3 Reserva 
 
É uma declaração unilateral de vontade, qualquer que 
seja a sua redação ou denominação, feita por um 
Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um 
tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do 
tratado em sua aplicação a esse Estado. 
Elementares da Reserva 
a) declaração unilateral de vontade: uma reserva 
expressamente autorizada por um tratado não requer 
qualquer aceitação posterior pelos outros estados 
contratantes, a não ser que o tratado assim disponha. 
Quando o texto do tratado silenciar sobre a proibição de 
reservas, entende-se que são admissíveis. É importante 
observar que a reserva é um fenômeno que incide apenas 
nos tratados coletivos, não tendo sentido falar-se em 
reserva nos tratados bilaterais, vez que, nestes, as partes 
podem livremente acordar sobre as cláusulas contratuais. 
b) qualquer que seja a sua redação ou denominação: 
adoção do princípio da fungibilidade. 
c) feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou 
aprovar um tratado, ou a ele aderir: dispõe sobre o 
momento da formular a reserva. 
 
As reservas não poderão ser feitas quando: 
I – forem proibidas pelo tratado; 
II – não sejam dentre as estabelecidas numerus 
clausus (determinadas); 
 
17 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional 
Público – Parte Geral. São Paulo. RT, 2005, pg. 64/65. 
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III – nos casos não previstos em I e II e a reserva seja 
incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 
d) com o objetivo de excluir ou modificar o efeito 
jurídico de certas disposições do tratado: a razão de 
existência da reserva é o ajuste da legislação 
internacional às conveniências e peculiaridades locais do 
Estado pactuante. Constitui-se em poder discricionário da 
parte interessada, em que se avaliam a conveniência e 
oportunidade de oposição de barreiras às normas do 
tratado. 
◄ Para REZEK18, a responsabilidade pela negociação 
habilita apenas o Poder Executivo19 para a oposição de 
reservas. 
 
 Entendendo o processo de incorporação de um 
tratado ao ordenamento jurídico brasileiro 
 
O Brasil aderiu à Convenção de Genebra (assinada em 
19 de março de 1931) que dispõe sobre a Adoção de uma 
Lei Uniforme em matéria de cheques no dia 26 de agosto 
de 1942 (data do registro na Secretaria-Geral da liga das 
Nações). O congresso Nacional referendou essa 
convenção através do Decreto Legislativo nº 54, de 1964. 
O presidente da República ratificou através do decreto 
57.595 de 7 de janeiro de 1966. A Convenção entrou em 
vigor 90 (noventa) dias após a data do registro pela 
Secretaria-Geral da Liga das Nações, isto é, em 26 de 
novembro de 1942, porém, só passou a integrar o 
ordenamento jurídico pátrio no momento da publicação do 
decreto 57.595/66 no dia 17 de janeiro de 1966, conforme 
decisão do STF, no Recurso Extraordinário 71.154 – PR, 
que declarou a vigência da Lei Uniforme a partir dessa 
data. 
 
5. Vícios do Consentimento 
 
O acordo de vontade entre os sujeitos não deve sofrer 
nenhum vício. Os vícios do consentimento nos tratados 
internacionais não coincidem com os previstos no Novo 
Código Civil Brasileiro, porém as regras conceituais a 
respeito de erro, dolo e coação podem ser aplicadas à 
vontade viciada, apesar de existir um interesse superior 
da comunidade internacional de que os tratados sejam 
respeitados (pacta sunt servanda). 
A validade de um Tratado depende da capacidade das 
partes, da habilitação de seus agentes, do 
consentimento e de objeto lícito. Para que o 
consentimento seja válido é necessário que seja 
escoimado de impurezas, ou seja, a manifestação da 
vontade deve ser livre sem que haja a presença dos 
vícios de consentimento. 
 
 
18 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg. 68. 
19 No parágrafo 1º do decreto nº 57.595/66 encontramos a 
reserva de 24 artigos do anexo II da Convenção de Viena 
sobre a Adoção de uma Lei Uniforme em matéria de 
cheques, feitas pelo então presidente Castello Branco. 
Vícios do consentimento são causas de nulidade dos 
negócios jurídicos porque provocam uma 
manifestação de vontade que não corresponde com 
íntimo querer do agente. Há uma divergência, um 
conflito entre a vontade manifestada e a real intenção 
que a exteriorizou20. 
A força do consentimento do representante oficial do 
Estado, consubstanciado no mandato conferido pela 
carta de plenos poderes, pode ser conferida no 
disposto no artigo 47 da Convenção de Genebra 
sobre Tratados: 
Se o poder conferido a um representante de 
manifestar o seu consentimento de um Estado em 
obrigar-se por um determinado tratado tiver sido 
objeto de restrição específica, o fato de o representante 
não respeitar a restrição não pode ser invocado como 
invalidando o consentimento expresso, a não ser que a 
restrição tenha sido notificada aos outros Estados 
negociadores antes da manifestação do 
consentimento. 
São sei (6) os vícios que podem causar a nulidade de 
um tratado internacional relacionados nos artigos 48 a 53 
da Convenção de Viena: 
 
a) Erro: É a falsa idéia que se tem da realidade: 
Art. 48, I estabelece que um Estado pode invocar erro no 
tratado como tendo invalidado o seu consentimento em 
obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou 
situação que esse Estado supunha existir no momento 
em que o tratado foi concluído e que constituía uma base 
essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo 
tratado. 
Os parágrafos 1 e 2 do mesmo artigo dispõem que não 
pode ser invocado o erro quando: 
I) ele for evitável, isto é, quando o Estado deveria ter-se 
apercebido do erro com a observância da conduta 
diligente; 
II) for relativo somente a redação do texto e que não 
prejudique a validade no tratado. 
♥ Somente o erro com relação a fatos (erro de fato) é 
escusável. O erro de direito (desconhecimento da lei) é 
inescusável. 
♣ O erro de maior incidência ocorre nas questões 
cartográficas em tratados de limites. 
b) Dolo: é a vontade livre e consciente de induzir 
alguém à prática de ato que lhe é prejudicial, mas que 
aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. 
Art. 49 que se um Estado for levado a concluir um tratado 
pela conduta fraudulenta de outro Estado negociado, o 
Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o 
seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
c) Corrupção do representante do Estado: ocorre 
quandoo representante recebe suborno, perverte-se, 
prejudicando o Estado representado. 
 
 
20 GONÇALVES, Carlos Roberto. SINOPSES 
JURÍDICAS – Direitos Civil – Parte Geral. SARAIVA, 
2003, pg. 128. 
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Art. 50. Se a manifestação do consentimento de um 
Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio 
de corrupção de seu representante, pela ação direta ou 
indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar 
tal corrupção tendo invalidado o seu consentimento em 
obrigar-se pelo tratado. 
d) Coação exercida sobre o representante do Estado: 
a coação é caracterizada pela violência psicológica para 
viciar a vontade. Coação é toda ameaça ou pressão 
exercida sobre um individuo para forçá-lo, contra a sua 
vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio21. 
Art. 51. Não produzirá qualquer efeito jurídico a 
manifestação do consentimento de um Estado em 
obrigar-se por um tratado que tenha sido obtido pela 
coação de seu representante, por meio de atos ou 
ameaças dirigidas contra ele. 
Exemplo: Em 1111, Henrique V manteve o Papa Pascoal 
II preso por dois meses para força-lo a conclusão de uma 
concordata. 
e) Coação de um Estado decorrente de ameaça ou 
emprego de força: 
Art. 52. É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela 
ameaça ou emprego da força em violação dos princípios 
do Direito Internacional incorporados na Carta das 
Nações Unidas. 
Exemplo: Os vencedores da primeira guerra mundial 
impuseram à Alemanha o tratado de Versalhes, de 28 de 
junho de 1919. 
f) Adoção do tratado em inobservância à regra do jus 
cogens22 
 
Art. 53. É nulo um tratado que, no momento de sua 
conclusão, conflite com uma norma imperativa do Direito 
Internacional Geral. Para os fins da presente Convenção, 
uma norma imperativa de Direito Internacional é uma 
norma aceita e reconhecida pela comunidade 
internacional dos Estados como um todo, como norma da 
qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser 
modificada por norma ulterior de Direito Internacional 
Geral da mesma natureza. 
6. Vigência dos Tratados Internacionais 
Um tratado pode entrar em vigor no momento em que se 
dá o consentimento (vigência simultânea) ou em 
momento posterior a esse consentimento (vigência 
deferida). No segundo caso temos um transcurso de 
tempo entre o momento da promulgação e o da entrada 
em vigor. Esse lapso temporal é chamado pela doutrina 
de vacatio legis23. 
Vigência Simultânea (Contemporânea) do 
Consentimento – Sem Prazo de Acomodação. 
Na troca de notas, entendida como método negocial, é 
corrente que sejam simultâneos o término da negociação, 
 
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. SINOPSES 
JURÍDICAS – Direitos Civil – Parte Geral. SARAIVA, 
2003, pg. 137. 
22 Direito Internacional Geral. 
23 Vacância da lei. 
o consentimento definitivo e a entrada em vigor24. Nesse 
caso não teremos a vacatio legis. 
Vigência Diferida (Posterior) do Consentimento – Com 
Prazo de Acomodação. 
Por razões de ordem operacional é muito comum que 
após a consumação do ato de incorporação ao 
ordenamento jurídico, decorra um lapso temporal para 
que ele obrigue as partes contratantes. Nesse caso o 
tratado já existe, é integrante do sistema normativo, mas 
ainda não possui eficácia. 
♦ A vacatio legis é uma espécie de elemento acidental 
de uma norma jurídica, que uma vez consignada, 
impõe a eficácia somente após o decurso de um 
prazo determinado (a termo certo) pelas partes. 
LC 95/98 (Dispõe sobre a elaboração, a redação, a 
alteração e a consolidação das leis...) 
Art. 8º. A vigência da lei será indicada de forma expressa 
e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se 
tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra 
em vigor na data de sua publicação” para as leis de 
pequena repercussão. 
§1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis 
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a 
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, 
entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação 
integral. 
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância 
deverão utilizar a cláusula esta lei entra em vigor após 
decorridos (o número de) dias de sua publicação 
oficial. 
 Nos tratados bilaterais a vigência ocorre com a troca de 
Cartas de Ratificação e nos tratados multilaterais com o 
depósito das cartas de Ratificação. 
 Os tratados somente poderão ser invocados pelos 
interessados somente quando tiver sido “Registrado”. O 
registro é ato de competência do depositário25 (país, 
organismo internacional,..., enfim, ente incumbido do 
recebimento das cartas de ratificação). 
 
7. Efeitos dos Tratados sobre as Partes e sobre 
Terceiros 
 
Em regra, os tratados possuem efeitos limitados às partes 
contratantes, mas que podem ser estendidos a outros 
Estados se o aceitarem. 
O tratado, depois de cumpridos os requisitos de 
formação, passa a ter força de lei com natureza dúplice, 
vez que obriga em âmbito interno e no plano 
internacional. 
7.1 Efeitos dos Tratados sobre as Partes 
 
Simultaneamente o tratado entra em vigor nos planos 
interno e internacional. Terá, em âmbito interno, status 
 
24 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – 
Curso Elementar. SARAIVA, 2005, pg. 73. 
25 Responsável pelo recebimento das cartas de ratificação. 
Pode ser um País ou uma organização internacional. 
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hierárquico de acordo com o que dispõe a Constituição de 
cada Estado. No Brasil possui natureza jurídica de lei 
ordinária federal. 
Não há razão de ser questão tão discutida sobre os 
efeitos dos tratados sobre as pessoas físicas ou jurídicas 
de direito privado. A idoneidade de um tratado não é 
menor que a de uma lei interna. Temos, definitivamente, 
que entender, que após a sua integração ao ordenamento 
jurídico, o que era tratado tornou-se lei, e todos os que 
estão sob soberania estatal devem obedece-la, 
considerados os perfis de cada destinatário. 
Exemplo26: 
a) uma lei concede vantagens pecuniárias aos fiscais 
alfandegários do porto de Santos nenhum efeito 
produz sobre os agricultores e pecuaristas que 
trabalham no Acre. 
b) a convenção de Genebra sobre cheques e títulos 
de crédito deve ser observada por todos 
indistintamente, quer sejam pessoas físicas ou 
jurídicas. 
7.2 Efeitos dos Tratados sobre Terceiros – Artigos 34 
a 38 da Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados 
 
Diz o art. 34 que um tratado não cria obrigações nem 
direitos para um terceiro Estado sem o seu 
consentimento. 
Porém, nos artigos 35 e 36 da mesma Convenção de 
Viena (1969) que dispõe sobre o Direito dos tratados 
encontramos as exceções: 
1ª Exceção: Aceitação expressa de obrigação – 
Tratados que criam obrigações para terceiros Estados 
O tratado produzirá efeitos com relação ao terceiro 
Estado (não pactuante), quando este aceitar por escrito, 
de maneira expressa, a obrigação. Isso ocorre quando os 
pactuantes intencionaram criar uma obrigação para um 
Estado alienígena (não pactuante), e este aceitou.(art. 
35). 
Exemplo: Quando o tratado lesar direito (ofensa material) 
de terceiro Estado, prejudicando-lhe, este pode reclamar 
judicialmente a reparação do dano. Quando se tratar de 
prejuízo aos seus interesses, causando um dano 
extralegal, o caminho é a reclamação pela via 
diplomática,sem direito à proteção jurisdicional, sem 
recurso da decisão denegatória. 
2ª Exceção: Consentimento expresso ou tácito de 
aquisição de direitos – tratados que criam direitos para 
terceiros Estados 
Quando os pactuantes de maneira expressa conferem 
direitos a terceiro Estado ou a um grupo de Estados, e 
este (s) consente (m). Presume-se o seu 
consentimento até indicação em contrário, a menos 
que o tratado disponha diversamente (sobre a 
formalização do consentimento). (art. 36). 
Exemplo: Quando o tratado produzir efeitos benéficos na 
esfera jurídica do terceiro Estado, evidenciados de 
maneira expressa pelos pactuantes, aquele pode 
 
26 Com base em exemplos dados por Francisco REZEK. 
reclamar o seu direito ainda que não tenha feito o 
consentimento expresso, salvo se o tratado exigir 
formalização expressa. 
Revogação ou Modificação de Obrigações ou Direitos 
de Terceiros Estados 
As obrigações que nasceram para um terceiro Estado, 
devido à aceitação expressa (na forma da 1ª Exceção – 
art. 35), só poderá ser revogada ou modificada com o 
consentimento das partes no tratado e do terceiro Estado, 
salvo se ficar estabelecido que elas haviam acordado 
diversamente. (art. 37, I da Convenção de Viena sobre 
Direito dos Tratados). 
Qualquer direito que tiver nascido para um terceiro Estado 
nos termos da 2ª exceção – art. 36 não poderá ser 
revogado ou modificado pelas partes, se ficar 
estabelecido ter havido a intenção de que o direito não 
fosse revogável ou sujeito a modificação sem o 
consentimento do terceiro Estado. 
Os Terceiros serão obrigados por força de costume 
internacional 
Em razão de o costume ser a mais antiga fonte de Direito 
Internacional Público, considerada por muitos, como a 
mais importante, o art. 38 dispõe que independentemente 
do terceiro Estado ter ou não consentido em assumir 
obrigações ou adquirir direitos (artigos 34 a 37), as regras 
previstas em um tratado podem se tornar obrigatórias 
para terceiros estados na qualidade de regra 
consuetudinária de Direito Internacional, desde que 
reconhecida como tal. 
 
8. Extinção dos Tratados 
 
Todo tratado será extinto no momento da execução 
integral de seu objeto, porém, essa não é a única forma 
pela qual eles são extintos. Dentre as várias formas 
possíveis de extinção de Tratados, analisaremos as 
principais formas de extinção propostas pela doutrina: 
1ª) Ab-rogação (Revogação Total) 
Trata-se de resilição (rescisão consensual) contratual e 
acontece sempre quando as partes possuem interesse 
comum na extinção que ocorre por acordo entre as 
partes. 
a) pré-determinação ab-rogatória (advento de termo 
ou condição resolutiva) 
Quando o tratado possui cláusula dispondo sobre tempo 
de vigência determinado. Pode ser extinto pelo advento 
de condição resolutória (evento futuro e incerto) ou termo 
(evento futuro e certo). 
Em caso de cláusula resolutiva, exaure-se a eficácia do 
ato jurídico (tratado) com o implemento da condição. 
b) Decisão ab-rogatória superveniente (acordo das 
partes) 
Ainda que não haja, no texto assinado, previsão de 
resilição, as partes, através de comum acordo podem, 
supervenientemente, de maneira consensual extinguir o 
tratado. Quando a vontade de “distratar” for unânime não 
é necessário observar a forma de extinção prevista no 
tratado. Para que haja extinção por maioria dos 
pactuantes é obrigatória essa previsão no corpo do 
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contrato, sob pena de admissão de extinção apenas por 
unanimidade. 
2ª) Denúncia 
I) É o direito que os Estados-membros tem de retirar-se 
da Organização, desde que tal pressuposto esteja 
previsto no seu tratado instituidor, que cumpram um 
aviso-prévio e que tenham atualizado suas contas perante 
a OI, como podemos verificar no art. 21 do Tratado de 
Assunção – 1991, que instituiu o Mercosul e que dispõe, 
in verbis: 
Art. 21. O Estado-parte que desejar desvincular-se do 
presente Tratado deverá comunicar essa intenção aos 
demais Estados-Partes de maneira expressa e formal, 
efetuando no prazo de 60 dias a entrega do documento 
de denúncia ao Ministério das Relações Exteriores da 
República do Paraguai, que o distribuirá aos demais 
Estados-Partes. 
II) Denúncia é o ato administrativo unilateral através do 
qual o Estado manifesta expressamente a sua vontade de 
deixar de ser parte do tratado internacional. A denúncia 
apenas extingue o contrato bilateral, pois, quando se 
tratar de tratado multilateral (onde somente ocorre a 
exclusão), este continuará produzindo efeitos quanto aos 
demais participantes, representando tão-somente a saída 
do Estado denunciante, mas não a extinção do tratado. 
Só é forma de extinção nos tratados bilaterais. A 
denúncia, que pode vir a qualquer momento, é ato de 
competência do Chefe de Estado e possui a mesma 
natureza jurídica da ratificação, qual seja, a de ato 
administrativo discricionário. 
A denúncia unilateral pode vir prevista de maneira 
expressa no texto. Quando não houver previsão, o ato de 
retirada deverá ser analisado sobre a possibilidade 
jurídica, pois em tratados, cuja situação jurídica seja 
estática, como, por exemplo, a cessão ou venda de 
território, ou por tempo determinado, é inadmissível a 
denúncia. 
A possibilidade de denúncia é prevista em quase todos os 
contratos internacionais, com a restrição de decurso do 
prazo de pré-aviso27 (período de acomodação anterior ao 
início dos efeitos do contrato). Quando houver omissão a 
respeito do período de pré-aviso, entende-se que é de 12 
meses, por força do que dispõe a Convenção de Viena). 
A denúncia poderá ser feita durante o período do pré-
aviso, mas somente desobrigará o denunciante, caso 
assim estabelecido (caso exigido o transcurso do pré-
aviso), após seu término. 
A denúncia pode ser formalizada através de notificação, 
carta ou instrumento. No tratado bilateral é dirigida ao 
outro contratante, enquanto que nos tratados multilaterais, 
ela é encaminhada ao depositário. 
Admite-se a retratação da denúncia, desde que seja feita 
antes de decorrido o prazo de pré-aviso, caso contrário, o 
Estado somente poderá retornar como parte do tratado 
através de adesão. 
 
27 Em praticamente todos os contratos internacionais 
haverá cláusula de acomodação, cujo objetivo maior é 
evitar que as obrigações que já vinham sendo cumpridas, 
deixem de ser cumpridas. A denúncia terá eficácia 
somente para as obrigações futuras. 
 Os tratados que criam situação jurídica permanente, 
como, por exemplo, Cessão onerosa ou gratuita de 
território são insuscetíveis de denúncia. 
Observações Importantes 
 
 Para denunciar é necessária a manifestação do 
Congresso Nacional? 
 
a) Clóvis Beviláqua: Apenas o presidente pode denunciar 
e não precisa de manifestação do Congresso. 
 
b) Francisco Rezek: Tanto o presidente quanto o 
congresso podem denunciar autonomamente. 
 
c) Pontes de Miranda e Flávia Piovesan: A denúncia é ato 
jurídico complexo e somente poderá ser feita de maneira 
conjunta pelo legislativo (congresso) e executivo 
(presidente). 
 
 teoria sobre a possibilidade de denúncia: 
 
a) previsão expressa – admite denúncia nos limites do 
tratado. 
 
b) silêncio no tratado – admissão desde que: 
 
I) se estabeleça terem as partes tencionado admitir a 
possibilidade da denúncia ou retirada; 
 
II) um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido 
da natureza do tratado. (por exemplo, tratados sobre 
direitos humanos é insuscetível de denúncia). 
3ª) Mudanças Circunstanciais:Impossibilidade 
superveniente e mudança fundamental das 
circunstâncias 
a) impossibilidade superveniente de execução 
O tratado extingue-se quando for impossível a 
continuidade física ou jurídica de sua execução. A 
impossibilidade física ocorre quando deixa de existir uma 
das partes contratantes ou o objeto do tratado. A 
impossibilidade jurídica ocorre quando a execução do 
tratado, em relação a um contratante, prejudique o 
cumprimento em relação ao outro ou quando há 
incompatibilidade entre vários tratados. 
O art. 61 da Convenção da Viena prevê que o Estado que 
tenha dado causa à impossibilidade de cumprimento do 
tratado não poderá dela beneficiar-se para extinguir o 
compromisso ou dele retirar-se. O mesmo artigo, em seu 
parágrafo 2, prescreve que se o impedimento for 
temporário, haverá apenas suspensão do pacto. 
b) onerosidade excessiva (mudança das 
circunstâncias) 
 
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A cláusula rebus sic stantibus, também chamada de teoria 
da imprevisão opõe-se ao princípio da obrigatoriedade 
(pacta sunt servanda – o pacto assumido deve ser 
cumprido aconteça o que acontecer). 
Sempre que os fatores externos gerarem na execução da 
avenca uma situação muito diversa da que existia no 
momento da celebração, onerando excessivamente uma 
das partes, o contrato pode ser revisto. A teoria da 
imprevisão recebeu o nome de rebus sic stantibus, e 
consiste basicamente em presumir, nos contratos 
comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a 
existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela 
qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a 
inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, 
modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários 
(uma guerra, p. ex.), que tornem excessivamente oneroso 
para as partes o adimplemento, poderá ser requerida ao 
poder judiciário a revisão do contrato, que pode implicar, 
inclusive, em rescisão contratual28. 
A mudança das circunstâncias que levaram ao 
firmamento do tratado, e não prevista pelas partes, pode 
eventualmente desobrigar os signatários, constituindo-se 
em causa de extinção dos tratados. 
O art. 62 da Convenção de Viena dispõe que só é 
admissível a adoção da teoria da imprevisão quando, de 
maneira cumulativa, estiverem presentes os seguintes 
requisitos: 
I) as circunstâncias que foram alteradas, invocadas para a 
revisão, devem ser contemporâneas ao consentimento 
das partes no Tratado e se constituírem condição 
essencial desse consentimento. 
II) a mudança tiver por efeito a modificação radical do 
alcance das obrigações ainda pendentes de cumprimento 
em virtude do tratado – torna-lo inexeqüível. 
III) a mudança deve ser imprevisível. 
 Pode-se invocar uma mudança fundamental de 
circunstância como causa para extinguir um tratado ou 
dele retirar-se, pode também invoca-la como causa para 
suspender a execução do tratado. 
4ª) Rompimento das Relações Diplomáticas e 
Consulares 
Art. 63. O rompimento de relações diplomáticas ou 
consulares entre partes em um tratado não afetará as 
relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado, 
salvo na medida em que a existência de relações 
diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação 
do tratado. 
 Em caso de guerra declarada entre os pactuantes: a) 
tratado bilateral – extingue-se o tratado; b) tratado 
multilateral – extingue-se somente a obrigação entre eles. 
5ª) Expiração do Termo Pactuado 
Decorrido o período pré-determinado para a sua vigência 
o tratado será extinto. É possível a prorrogação do termo 
pactuado, mas desde que antes de expirado o prazo e por 
manifestação de vontade da maioria das partes. 
 
 
28 GONÇALVES, Carlos Roberto. SINOPSES 
JURÍDICAS – Direito das Obrigações – Parte Especial 
Tomo I - Contratos. SARAIVA, 2004, pg. 10. 
6ª) Execução Integral do Objeto do Contrato 
Por ser causa natural de extinção de obrigações, não é 
necessária cláusula expressa dispondo sobre a extinção 
quando o contrato cumprir integralmente o seu objeto. Por 
exemplo, quando o tratado tem por objeto a cessão de 
determinado território, após a realização da transferência, 
o tratado extingue-se. 
7ª) Superveniência de Tratado Posterior 
O parágrafo 1º do art. 59 da Convenção de Viena dispõe 
in verbis: 
1. Considerar-se-á extinto um tratado se todas as suas 
partes concluírem um tratado posterior sobre o mesmo 
assunto e: 
a) resultar do tratado posterior, ou ficar estabelecido por 
outra forma, que a intenção das partes foi regular o 
assunto por este tratado; ou 
b) as disposições do tratado posterior forem de tal modo 
incompatíveis com as do anterior, que os dois tratados 
não possam ser aplicados ao mesmo tempo. 
◄ Para que as partes de um tratado possam elaborar um 
novo instrumento para substituir um tratado existente é 
imprescindível que não haja alteração de partes e que 
se trate do mesmo assunto. 
8ª) Inexecução do Tratado, por uma das Partes 
Contratantes 
O tratado poderá ser extinto quando uma das partes não 
cumprir, em violação grave ao seu texto, ou ainda, violar 
uma ou mais cláusulas contratuais. Nesse caso, é 
possível que o interessado invoque a violação como 
causa de extinção ou suspensão da execução do tratado, 
no todo ou em parte, desprendendo-se assim das 
obrigações que lhes competem: 
Hildebrando Accioly29, ao interpretar o disposto no art. 60 
da Convenção de Viena sobre Tratados, lembra que: 
1º) a violação ou inexecução não determina diretamente, 
ipso jure, a extinção do tratado: o fato autoriza apenas a 
outra ou outras partes a se considerarem como 
desligadas do tratado; 
2º) a simples alegação, da parte interessada em desligar-
se das obrigações de um tratado, do não-cumprimento ou 
violação pela outra parte, não basta para a rescisão: é 
necessário que a parte acusada reconheça sua falta ou 
que o fato seja declarado por alguma autoridade 
internacional competente; 
3º) a parte que alega o não-cumprimento ou a violação do 
tratado deve declarar expressamente a sua vontade de o 
rescindir, e deverá faze-lo dentro de prazo razoável, 
porque, se não o fizer a declaração ou se demorar, - 
principalmente se, no intervalo continuar a executar o 
tratado, - é de se presumir que tolera a violação ou a 
inexecução; 
4º) a parte culpada não desprende, ipso facto, da 
obrigação de cumprir ulteriormente as prescrições do 
tratado, enquanto este não for extinto, - porque ninguém 
se pode prevalecer da própria falta. 
 
 
29 ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito 
Internacional Público. SARAIVA, 11 ª ed. 1991, pg.138. 
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9º) Prescrição Liberatória (ou extintiva): 
É uma espécie de renúncia de direito tácita do Estado 
favorecido, ocorrendo por falta de execução do tratado 
em determinado lapso temporal. Não há normas 
preestabelecidas sobre o tempo necessário para que se 
dê a prescrição liberatória. Dá-se, por exemplo, pelo 
desuso, por todas as partes, embora não tenha sido 
formalmente desfeito o pacto. 
10º) Jus Cogens – Superveniência de uma nova 
norma imperativa de direito internacional geral. 
Art. 64 Se sobrevier uma nova norma imperativa de 
Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que 
estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e 
extingue-se. 
Jus cogens – o direito que obriga, o direito imperativo. 
Conforme leciona Rezek30, não se

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