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Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a1 AULA 02 – DIREITO DO TRABALHO II SISTEMA DO FGTS Extraída de: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16 ed. São Paulo: LTr, 2017. Atualizado com a Reforma Trabalhista 1) INDENIZAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO a) Estabilidade de mais de um ano de contrato por prazo indenização Própria aos contratos por prazo indeterminado com mais de um ano de duração seria devida a indenização por tempo de serviço calculada à base de um mês remuneratório por ano ou fração igual ou superior a 06 meses, sem justa causa. Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. (REVOGADO) Art. 478 - A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo indeterminado será de 1 (um) mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por ano e fração igual ou superior a 6 (seis) meses. b) Estabilidade 10 anos Se o empregado ultrapassasse 10 anos sua proteção passava a ser qualitativamente maior, posto que conquistava estabilidade no emprego. Ambas não foram recepcionadas pela CRFB/88 e não são aplicáveis no âmbito do direito do trabalho. Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas. Parágrafo único - Considera-se como de serviço todo o tempo em que o empregado esteja à disposição do empregador. c) Sistema do FGTS Criado pela Lei 5.107 de 1966 e hoje regulado pela Lei 8.036/1990 poderia de certo modo também ser enquadrada nas indenizações por tempo de serviço e rescisórias, uma vez que ao Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a2 menos em parte se aproxima desses institutos trabalhistas. No entanto, o FGTS é muito mais complexo, mantendo-se hoje como patrimônio do empregado mesmo em rupturas do contrato de trabalho por justa causa ou pedido de demissão, embora nestes casos o trabalhador não tem autorização para sacá-lo. Foi o movimento do FGTS na década de 1960 que iniciou o declínio das indenizações por tempo de serviço da CLT e estabilidade decenal no emprego. O antigo modelo jurídico celetista impunha forte contingenciamento à vontade empresarial quanto à ruptura desmotivada do contrato de emprego. Previa esse modelo a presença de duas sistemáticas: em primeiro lugar a presença de indenização crescentes em virtude do tempo de serviço, em tempo de situações de dispensas desmotivadas anteriores a de anos (antigos artigos 477 e 478), caput, CLT, hoje 477 revogado e 478 tacitamente revogado; em segundo lugar, a presença da estabilidade no emprego, após dez anos de serviço junto ao mesmo empregador – fora jurisprudencialmente reduzido para efetivos nove anos de serviço (art. 492, CLT; antigo Enunciado 26 nº TST). É claro que este modelo não impedia do ponto de vista jurídico o rompimento pelo empregador de contratos de trabalho inferiores a 10 anos (ou nove anos segundo a jurisprudência), mas estabelecia um óbice significativo de cunho econômico em razão da indenização por tempo de serviço, calculada à base da maior remuneração obreira por ano contratual ou fração igual ou superior a seis meses (art. 477 e 478, caputs. CLT). Ainda que fosse viável a rescisão do contrato de trabalho por rompimento unilateral pelo empregador (antes de 10 ou 9 anos) era do ponto de vista econômico fortemente restringindo. Além disso, adquirida a estabilidade não havia instrumento que permitisse a demissão imotivada após o 10ª (ou 9º) ano de serviço para o mesmo empregador (Sum 26 TST). Isso porque a sistema celetista traduzia-se pelos princípios da continuidade da relação de emprego e da integração do trabalhador na vida e dinâmica da empresa. A CF de 1946 acolhia inteiramente o sistema de proteção previsto na CLT, como a garantia de emprego e a indenização por tempo de serviço. 2) EVOLUÇÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTOS JURÍDICOS Criado pela Lei 5.107/1966, hoje regido pela Lei 8.036/1990 o FGTS organizava sistema alternativo ao modelo celetista sujeito a uma opção expressa (por escrito) que o funcionário deveria fazer no ato de sua admissão. No modelo do fundo o empregado teria direito a depósitos mensais de 8% de sua remuneração (incluída média de gorjetas) em sua conta vinculada. Ao realizar a opção por escrito pelo FGTS o empregado automaticamente perdia o direito a indenização por tempo de serviço e à estabilidade decenal (09 anos). No entanto, em caso de demissão imotivada teria direito ao saque do saldo de sua conta vinculada e ao acréscimo de Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a3 10% sobre o montante total de seu FGTS depositado e monetariamente corrigido (hoje esse acréscimo passou a 40%). O direito aos depósitos permaneceria mesmo em situações de pedido de demissão pelo empregado, não podendo ser sacado apenas em caso de pedido de demissão pelo empregado no momento da rescisão do contrato. No entanto, poderia ser sacado ainda nos seguintes casos: 1. No instante da aposentadoria; 2. Por falecimento (caso em que seria liberado aos dependentes/herdeiros). Essas 03 situações não estavam previstas no sistema de indenização por tempo de serviço nem na estabilidade decenal (9): se o empregado mesmo estável pedisse demissão ou se aposentasse, afastando-se do emprego, ou ainda falecesse, nada receberia a título de tempo de serviço ou de indenização rescisória. Tudo isso incentivou e deu forças para que o sistema de FGTS representasse uma contraproposta ao sistema vigorante, dando forte passo à mercantilização da força de trabalho no cenário econômico. Deu fim às demissões arbitrárias para que não se alcançasse à indenização decenal e pôs fim aos obstáculos da ruptura dos contratos inferiores a 09/10 anos, por razões meramente econômicas, substituindo-os pelo sistema do FGTS. As situações já estabelecidas foram mantidas, no entanto, o FGTS foi lançado como sistema alternativo ao celetista tradicional, passando efetivamente vigorar a partir 1967. Em pouco tempo o sistema de FGTS já havia substituído o sistema celetista tradicional, excetuando os velhos contratos oriundos do período anterior. Mesmo para esses a lei 5.107/66 abriu a possibilidade de opção retroativa. É importante lembrar ainda que para aqueles que não optavam pelo FGTS ainda assim os empregadores estariam obrigados ao depósito, embora tal montante não fosse do empregado ainda e talvez nem viria a ser. As Constituições seguintes a Lei 5.107/66 absorveram a inovação, embora fizessem reverência ao princípio da proteção da continuidade da relação de emprego incorporavam o contraponto deste princípio, por meio do reconhecimento à validade do Sistema de FGTS. Tudo isso tornou o FGTS regra de mercado, pouco tempo depois de sua implantação em janeiro de 1967. A Constituição de 1988 trouxe importantes inovações no tocante ao tratamento jurídico da extinção do contrato de trabalho. 3) CONCEITO Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a4 O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço consiste em recolhimentos pecuniários mensais e conta vinculada em nome do empregado, conforme parâmetro de calculo estipulado legalmente, podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordemjurídica. A CRFB/88 eliminou a necessidade de opção formal pelo FGTS, tornando-o um direito inerente ao trabalhador. Art. 7º, inciso III, CRFB: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: III - fundo de garantia do tempo de serviço; O Artigo 14, caput da Lei 8.036/90 ressalvou o direito à estabilidade para aqueles que antes da data da promulgação da CFB/88 já tinham adquirido o direito à estabilidade. Art. 14. Fica ressalvado o direito adquirido dos trabalhadores que, à data da promulgação da Constituição Federal de 1988, já tinham o direito à estabilidade no emprego nos termos do Capítulo V do Título IV da CLT. §1º O tempo do trabalhador não optante do FGTS, anterior a 5 de outubro de 1988, em caso de rescisão sem justa causa pelo empregador, reger-se-á pelos dispositivos constantes dos arts. 477, 478 e 497 da CLT. §2º O tempo de serviço anterior à atual Constituição poderá ser transacionado entre empregador e empregado, respeitado o limite mínimo de 60 (sessenta) por cento da indenização prevista. §3º É facultado ao empregador desobrigar-se da responsabilidade da indenização relativa ao tempo de serviço anterior à opção, depositando na conta vinculada do trabalhador, até o último dia útil do mês previsto em lei para o pagamento de salário, o valor correspondente à indenização, aplicando-se ao depósito, no que couber, todas as disposições desta lei. §4º Os trabalhadores poderão a qualquer momento optar pelo FGTS com efeito retroativo a 1º de janeiro de 1967 ou à data de sua admissão, quando posterior àquela. 3.1 Recolhimentos O FGTS passou a ter caráter imperativo, com 02 exceções: a) Natureza Trabalhista: Empregados Domésticos (exceção que desapareceu a partir de outubro/2015) b) Contratos Civis: Diretores não empregados, recolhimento voluntário, segundo Art. 1º da Lei 6.919/81. Art. 1º - As empresas sujeitas ao regime da legislação trabalhista poderão estender a seus diretores não empregados o regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (F.G.T.S.) Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a5 Excluídas essas duas restritas exceções, lembrando que a relativa ao empregado doméstico já desapareceu, a compulsoriedade do recolhimento de FGTS sempre preponderou. Inicialmente os recolhimentos podiam ser realizados em diversos bancos do país, no entanto, desde a década de 1990, a Caixa Econômica passou a ser o banco centralizador (Art. 11 Lei 8.036/90). O recolhimento deve ser feito na base de 8% da remuneração do empregado e deve ser recolhido pelo empregador até o dia 07 de cada mês. O recolhimento é feito através da GFIP (Guia de recolhimento do FGTS e de informações a Previdência Social), gerado pelo SEFIP (Sistema de recolhimento do FGTS e de informações a Previdência Social). Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência Os depósitos do FGTS são corrigidos monetariamente além de capitarem juros de 3% ao ano, Art. 13 da Lei 8.036/90: Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano. O FGTS incide também sobre diversas outras verbas, como por exemplo: - Adicionais de periculosidade, insalubridade. Adicional Noturno, HE, Auxilio Doença Acidentário (espécie 91), Aviso prévio indenizado, 13º salário, férias normais + 1/3. Os empregados domésticos passaram a ser beneficiados pelo FGTS em 2015. A partir da competência outubro o recolhimento para essa categoria passou a ser obrigatório. O empregador deve realizar o recolhimento de 8% da remuneração mensal + 3,2% a título de indenização compensatória, para fins de demissão sem justa causa ou por culpa do empregador. Artigos 21 e 22 da Lei Complementar 150/2015. Os aprendizes terão alíquota diferenciada em relação ao FGTS. O recolhimento de FGTS para os aprendizes será de 2% do salário, conforme Artigo 15 § 7º da Lei 8.036/90. 4) HIPÓTESES DE MOVIMENTAÇÃO A conta vinculada o trabalhador poderá ser movimentada nas hipóteses previstas no Artigo 20 da Lei 8.036/90. São elas: Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a6 I- despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001) I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei n o 5.452, de 1 o de maio de 1943; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em julgado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento; V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas diferentes; b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo de 12 (doze) meses; c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por cento do montante da prestação; VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação; VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 11.977, de 2009) a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas diferentes; b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o SFH; VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta. (Redação dada pela Lei nº 8.678, de 1993) IX - extinção normaldo contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974; X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da categoria profissional. XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna. (Incluído pela Lei nº 8.922, de 1994) Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a7 XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a utilização máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) (Vide Decreto nº 2.430, 1997) XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos do regulamento; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) Regulamento Regulamento a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovadamente atingidas de Município ou do Distrito Federal em situação de emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente reconhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será admitida até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconhecimento, pelo Governo Federal, da situação de emergência ou de estado de calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5 o desta Lei, permitida a utilização máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível na data em que exercer a opção. (Redação dada pela Lei nº 12.087, de 2009) XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibilidade e de inclusão social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) XIX - pagamento total ou parcial do preço de aquisição de imóveis da União inscritos em regime de ocupação ou aforamento, a que se referem o art. 4 o da Lei n o 13.240, de 30 de dezembro de 2015, e o art. 16-A da Lei n o 9.636, de 15 de maio de 1998, respectivamente, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas diferentes; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou ainda por intermédio de parcelamento efetuado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), mediante a contratação da Caixa Econômica Federal como agente financeiro dos contratos de parcelamento; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) c) sejam observadas as demais regras e condições estabelecidas para uso do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Em regra, a multa do FGTS por força da demissão sem justa causa ou por culpa do empregador será de 40% para o empregado. Exceções: Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a8 a) 20%: Culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho (Art. 20, I, Lei 8.036/90); b) 20%: Acordo, nova modalidade de terminação do contrato de trabalho trazida pela Reforma Trabalhista – Art. 484-A, CLT. c) (*) 3,2% ao mensal – indenização compensatória. É importante ressaltar que a fruição do FGTS não está determinada pelo tipo de terminação do contrato. A modalidade rescisória pode influenciar no tipo de movimentação da conta vinculada. Por exemplo, em caso de pedidos de demissão ou demissão por justa causa o empregado não perde o direito ao saldo do FGTS depositado em sua conta vinculada, no entanto, não fará jus a movimentação de sua conta nem a multa de 40% sobre o saldo depositado. Portanto, não perde a titularidade do patrimônio, nem as correções monetárias (art. 13, Lei 8.036/1990). Dessa forma, não farão jus ao acréscimo da multa de 40% do FGTS os funcionários que tiverem seus contratos por prazo determinados encerrados ou extinção do contrato por aposentadoria, por exemplo, os funcionários farão jus ao saque do FGTS, porém sem qualquer acréscimo rescisório. O mesmo ocorre em caso de morte do trabalhador, cujo saldo será pago aos dependentes legais habilitados na Previdência Social. O depósito da multa do FGTS também será realizada na conta vinculada do empregado e levará em conta a globalidade dos depósitos mensais realizados, acrescidos de juros e corrigidos monetariamente. Os valores, por ventura, já sacados, em relação ao contrato de trabalho que está se extinguindo, também serão computados para fins rescisórios, conforme texto do Art. 18, § 1º, Lei 8.036/1990 e OJ 42 da SBDI-I do TST: Art. 18 § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. OJ-SBDI1-42 FGTS. MULTA DE 40%. (nova redação em decorrência da incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs 107 e 254 da SBDI-1, DJ 20.04.2005) I - É devida a multa do FGTS sobre os saques corrigidos monetariamente ocorridos na vigência do contrato de trabalho. Art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90 e art. 9º, § 1º, do Decreto nº 99.684/90. (ex-OJ nº 107 da SBDI-1 - inserida em 01.10.97) II - O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no saldo da conta vinculada na data do efetivo pagamento das verbas rescisórias, desconsiderada a projeção do aviso prévio indenizado, por ausência de previsão legal. (ex-OJ nº 254 da SBDI-1 - inserida em 13.03.02). Finalmente, temos que destacar a hipótese de saque excepcionalmente criada pela MP 763/2016, permitindo o levantamento de contas vinculadas inativas de contratos extintos até 31/12/2015 independente do prazo de carência de 03 anos fixado pelo artigo 20, VIII, da Lei 8.036/1990 (Art. 20, § 22 da Lei 8.036/90): Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a9 § 22. Na movimentação das contas vinculadas a contrato de trabalho extinto até 31 de dezembro de 2015, ficam isentas as exigências de que trata o inciso VIII do caput deste artigo, podendo o saque, nesta hipótese, ser efetuado segundo cronograma de atendimento estabelecido pelo agente operador do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.446, de 2017). Nos casos de trabalhadores contratados ou transferidos para o exterior o FGTS deverá respeitar o quediz a Lei 7.064/1982, em seu artigo 3º: Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar- lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I - os direitos previstos nesta Lei; II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. Parágrafo único. Respeitadas as disposições especiais desta Lei, aplicar-se-á a legislação brasileira sobre Previdência Social, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de Integração Social - PIS/PASEP. O FGTS constitui um fundo social de destinação variada. É formado não somente pelos depósitos trabalhistas, mas de outras fontes monetárias (art. 2º Lei 8.036/90), entre outras fontes temos os depósitos recursais como fonte monetária do FGTS (art. 899 e parágrafos da CLT). Constitui fundo dirigido a financiar habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana (Art. 9º § 2º, Lei 8.036/90). Natureza Jurídica Alguns autores defendem uma tríplice dimensão de estrutura e objetivos no FGTS. Constitui uma obrigação do empregador para com o empregado, decorrente da relação trabalhista, onde empregador se obriga a efetuar os depósitos mensais e também o acréscimo pecuniário em razão da rescisão, sendo o empregado o credor da relação. Há ainda o vínculo jurídico entre o empregador e o Estado, onde o primeiro deve efetuar os recolhimentos e o segundo a cobrá-lo, com as penas legais. E ainda há a relação jurídica entre o Estado como aplicador dos recursos oriundos do fundo social constituído pela totalidades dos depósitos do FGTS e a sociedade beneficiária da destinação dos recursos. Prescrição Diante dessa complexa natureza jurídica do instituto ao FGTS foi lhe dada prescrição trintenária. E a jurisprudência do TST e STF por mais de 20 anos consolidou-se nesse sentido (art. 23 § 5º Lei 8.036/90), ajustando apenas que a prescrição era trintenária, para os casos que os funcionários buscassem a reparação até 02 anos após o término do contrato de trabalho (Súmulas 95, 206 e 262, TST). No Professora Andreza Molinario – andrezamolinario@gmail.com P ág in a1 0 entanto, em sessão plenária ocorrida em 13/11/2014 no STF foi declarada a inconstitucionalidade o Art. 23 § 5º da Lei 8.036/90 e nova redação foi dada a Súmula 362, TST: Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015. I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do contrato; II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF).
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