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ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva 3.1 Exames Laboratoriais • Introdução • Hematologia e Imunoematologia • Bioquímica • Líquidos Corporais 3.2 Gasometria Arterial • Introdução • Metabolismo Celular • Regulação Ácido-base • Distúrbios do Equilíbrio Ácido-base • Aplicação Clínica da Equação Logarítmica de Henderson- Hasselbach (H-H) 3.3 RX de Tórax • Apresentação • A Técnica • Imagens Radiológicas 3.4 Eletrocardiograma • Mecanismo da Contração Cardíaca • Traçado do ECG • Condições Patológicas alExandRE do nascimEnto Justiniano lEonaRdo coRdEiRo dE souza FabRício bRaga da silva c a p ít u l o 3 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. InTRodução a interpretação de exames labora- toriais torna-se cada vez mais importante na prática clínica do fisioterapeuta inten- sivista. trata-se de um recurso capaz de fornecer informações importantes, au- xiliando no diagnóstico e no tratamento das mais diversas patologias apresentadas por nossos pacientes, que comprometem, muitas vezes, as condutas fisioterapêuti- cas. dessa forma sabemos que os exames laboratoriais podem, além de auxiliar no diagnóstico, dar uma margem de segu- rança em nossas condutas. contudo, de- vemos destacar que a interpretação dos exames laboratoriais é por muitas vezes complexa e não-patognomônica, fazendo com que o exame clínico seja indispen- sável, bem como sua correlação com os resultados, para que se forme um diag- nóstico preciso e seguro. assim, este capítulo aborda os exames laboratoriais mais comuns na rotina diária da terapia intensiva, que se tornam de interesse para o fisioterapeuta intensivista. HEmAToLoGIA E ImunoEmAToLoGIA Hemograma Completo divide-se em: 1. Série vermelha ou eritrograma: Es- tudo das hemácias, revelando alguns tipos essenciais de alterações patoló- gicas do sistema eritropoético. 2. Série branca ou leucograma: com- preende a contagem global e específi- ca dos leucócitos, avaliando-os quan- titativa e qualitativamente. o quadro leucocitário que se apresentará após concluído o exame hematológico nos permitirá tirar conclusões diagnósti- cas e prognósticas importantes. 3. Plaquetometria: É o estudo das pla- quetas, que são os menores elemen- tos figurados encontrados no sangue, revelando alterações principalmente dos mecanismos da coagulação. Eritrograma ou Série Vermelha serve para diagnosticar alterações patológicas do sistema eritropoético: • Eritrocitose corresponde a uma hiperplasia re- versível dos tecidos eritropoéticos, como resposta aos estímulos que provocam a in- tensificação da formação dos eritrócitos. • Eritremias moléstias sistêmicas específicas da eritropoese. anemias que apresentam perda ou prejuízo na formação dos eritrócitos, da hemoglobina ou de ambos. Contagem de Hemácias como todos sabem, a principal fun- ção das hemácias é transportar a hemoglo- bina, que, por sua vez, carreia o oxigênio dos pulmões até os tecidos. 3.1 ExamEs laboRatoRiais alExandRE do nascimEnto Justiniano © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 45© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Valores de Referência Homens – 4.500.000 a 5.500.000/mm3 mulheres – 4.000.000 a 5.000.000/mm3 crianças – 3.500.000 a 4.500.000/mm3 Interpretação os valores encontrados abaixo do estipulado denominam-se hipoglobulia ou diminuição do número de hemácias por mm3, caracterizando uma anemia, que pode ser associada ou não à queda da taxa de hemoglobina. os valores acima de 6.000.000 mm3 de hemácias são considerados como poli- citemia ou poliglobulia, significando uma hipertrofia do éritron. a policitemia, ou poliglobulia, é dividida em primária (eri- tremia) e secundária (eritrocitose). a lista que se segue nos oferece uma visão geral das poliglobulias. Relativa ou Falsa • Por perda de água (diarréia, vômitos, sudorese). • Por absorção insuficiente de água (síndrome pilórica). • Por atração excessiva de água pelos tecidos (acidose). Primária ou Eritremia • Policitemia Vera (doença de Vaquez- osler). • Poliglobulia do recém-nascido. Fisiológica • Poliglobulia das altitudes. Policitemia Rubra ou Poliglobulia • De origem cardíaca (cardiopatias con- gênitas ou adquiridas, doença azul, es- tenose mitral). • De origem pulmonar (esclerose, en- fisema, enfermidade de ayerza). Secundária ou Eritrocitose • De origem tóxica (óxido de carbono, fósforo, arsênico, alcoolismo crônico).. • De origem infecciosa (tuberculose do baço, sífilis, impaludismo, tuber- culose trigeinose). De Origem Hipofisária (S. Cushing) De Origem Hemoglobínica (Hb. de Chesapeake e Yahima). Hemoglobinometria (Dosagem da Hemoglobina no Sangue) a hemoglobina é uma proteína con- jugada e é a substância corante da hemá- cia, cuja função é transportar o o2 e o co2 pelo corpo humano. É expressa em gramas por 100 ml de sangue (g/dl). Valores de Referência Homens – 13,0 a 16,0 g/dl mulheres – 11,5 a 14,0 g/dl crianças – 11,0 a 13,0 g/dl Interpretação o aumento do conteúdo hemoglobíni- co (hipercromemia) surge em condições que produzem policitemia, tais como enfisema pulmonar, cardiopatias, empiema, envenena- mento por óxido de carbono, desidratações graves (diarréia, vômitos, queimaduras). a diminuição do teor hemoglobínico (hipocromemia) geralmente é acompanhada da diminuição do número de hemácias, sen- do importante nos diagnósticos de anemia. capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 46© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Hematócrito É o valor percentual de hemácias em 100 ml de sangue. Valores de Referência Homens – 40% a 53% mulheres – 37% a 43% crianças – 35% a 39% Recém-nascidos – 60% a 62% Interpretação o aumento do hematócrito ocorre quando há policitemias, diminuição da tensão de o2 no sangue, desidratações em geral (queimaduras, vômitos, diarréias). as diminuições ocorrem com a re- dução do número de hemácias: nos casos de anemias, descompensações cardíacas, gravidez e administração excessiva de lí- quidos, que acarretam hemodiluição. Índices Hematimétricos têm a função de auxiliar na caracte- rização das anemias: • Volume Globular (VG) – É a rela- ção entre o conteúdo percentual de hemoglobina e o número percentual de hemácias. VG = Hemoglobina g%/Hemácias x 2 VN: 0,8 – 1,0 %/mm3 • Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) – É determinada pela divi- são da hemoglobina em gramas por 100 ml de sangue pelo número de hemácias em milhões por mm3. HCM = Hemoglobina x 10/Hemácias VN: 27 a 32 pg Hcm > 32 (macrocitose) Hcm < 27 (hipocromia) • Volume Corpuscular Médio (VCM) – Representa a concentração ou peso médio de hemoglobina por 100 ml de hemácias aglomeradas em relação a 100. VCM = Hematócrito x 10/Hemácias VN: 80 a 98 fl vcm > 98 fl (macrocitose) vcm < 80 fl (microcitose) • Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) – É a relação entre a concentração de he- moglobina e o valor do hematócrito CHCM = Hemoglobina/Hematócrito VN: 31% a 35% cHcm > 35% (esferocitose: altera- ção genética) Excelente analisador da hipocro- mia, uma vez que não leva em conside- ração a hemácia. Outras Alterações • Hipocromias: anemias acompanha- das de diminuição acentuada de he- moglobina. primária – anemia ferropênica (di- minuição de ferro). secundária – Hemorragias agudas ou crônicas, tuberculose, paludismo, endocardites, septicemia, tumores ma- lignos, intoxicações. • Hipercromias: anemias sem dimi- nuição de hemoglobina. primária – ocorre por falta de ab- sorção ou armazenamento de vita- mina b12 e ácido fólico. secundária – anemiaperniciosa, anemia hemolítica etc. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 47© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • Microcitose: Hemácias menores que o tamanho normal. tem a mesma etiologia das anemias hipocrômicas. • Macrocitose: Hemácias maiores que o tamanho normal. ocorre nas anemias secundárias, afecções hepáticas e do pâncreas no carcinoma gástrico, na ne- frite crônica, na sífilis e na tuberculose. • Anisocitose: Hemácias com tama- nhos diferentes. • Pecilocitose: diferença de formato entre as hemácias Leucograma ou Série Branca Contagem Global de Leucócitos É o método de contagem utilizado para verificar a quantidade de leucócitos presente em 1 mm3 de sangue, sabendo-se que os leucócitos presentes são considera- dos as unidades móveis do sistema prote- tor do corpo. Valores de Referência Homens/mulheres – 5.000 a 10.000/mm3 crianças – 6.000 a 14.000/mm3 Leucopenia – denominação dada quando há menos de 5.000 leucócitos por mm3 de sangue. Leucocitose – denominação dada quando há mais de 10.000 leucócitos por mm3 de sangue. Interpretação Leucopenia: processos viróticos (ru- béo la, Hiv), mononucleose, dengue, febre tifóide. Leucocitose: processos infecciosos bacterianos (pneumonia, meningite), he- morragias, abdome agudo (gravidez ectó- pica, apendicite, peritonite), artrite sép- tica, artrite reumatóide, neoplasias, febre reumática, leucemias, tendinites, traumas recentes com edemas etc. obs.: devemos destacar que alguns indivíduos possuem leucopenia fisiológi- ca, bem como alguns possuem leucocitose fisiológica. Contagem Específica dos Leucócitos dividem-se percentualmente em: • Eosinófilos (2 – 4%) • Neutrófilos: - mielócitos (0%)* - metamielócitos (0 – 1%)* - bastões ou bastonetes (2 – 5%) - segmentados (55 – 65%). • Basófilos (0% – 1%) • Linfócitos (21% – 35%) • Monócitos (4% – 8%) * são células jovens, que normalmente não aparecem no exame. Interpretação Eosinófilos: normalidade de 2% a 4%. Eosinofilia: aumento do valor per- centual ou absoluto dos eosinófilos. • Moléstias alérgicas: asma brônquica, urticária, processos alérgicos. • Moléstias da pele: pênfigo, dermati- te, escabiose, erupções cutâncas. • Infestações parasitárias, poliartrite aguda, mialgia epidêmica. Eosinopenia: diminuição do valor percentual ou absoluto dos eosinófilos. capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 48© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • Processos infecciosos agudos supu- rativos. • Reagudização de processos crônicos. • Estados tóxicos endógenos ou exoge- nos: coma diabético, uremia, hemó- lise aguda, câimbras generalizadas, parto, surtos emocionais, trabalho físico pesado. • Ausência de defesa, falência do cór- tex da supra-renal. Neutrófilos: normalidade de 55% a 65%. Neutrofilia: aumento do valor per- centual ou absoluto dos neutrófilos. • Infecções crônicas e agudas especial- mente por cocos, certas bactérias, espiroquetas e parasitas. • Pneumonia, apendicite, meningite, hemorragias. • Infecções localizadas: febre reu- mática, artrite séptica, poliartrite, tendinites crônicas, processos trau- máticos com edemas, artrite reu- matóide. • Difteria, varicela, leucemias. • Intoxicações metabólicas: uremia, acidose diabética, gota, envenena- mento. Neutropenia: diminuição do valor percentual ou absoluto dos neutrófilos. • Processos viróticos: HIV, rubéola, hepatite aguda, gripe. • Mononucleose, febre tifóide, ami- dalites, dengue, colecistites crô- nicas. Obs.: o aumento do valor percen- tual ou absoluto dos bastões denomina-se “desvio à esquerda”, sendo fundamental sua avaliação no quadro infeccioso. Basófilos: normalidade de 0% a 1%. Basofilia: aumento do valor percen- tual ou absoluto dos basófilos. • Geralmente acompanha as modifica- ções quantitativas dos eosinófilos • Leucemias crônicas, eritremias, ane- mias hemolíticas crônicas. • Após esplenectomia, varíola, varice- la, infecções estafilocócicas. Linfócitos: normalidade de 21% a 35%. Linfocitose: aumento do valor per- centual ou absoluto dos linfócitos). • Processos agudos: gripe, doença de chagas, coqueluche, virose, toxoplas- mose, rubéola. • Infecções crônicas: tuberculose, sífi- lis congênita ou secundária, linfoci- tose, infecciosa, hanseníase. • Leucemia linfática. • Processos que comprometem o sis- tema linfático: amidalites, processos ganglionares. Linfopenia: diminuição do valor percentual ou absoluto dos linfócitos. • Processos agudos de infecções: apen- dicite, obstrução intestinal, pancrea- tite aguda, colecistite aguda. • Cirrose hepática, caquexia, tuber- culose ganglionar, neoplasias em estados finais, comprometimento do sistema linfático. • Após tiroidectomia, fase aguda de febre tifóide com uso de quimioterá- picos, envenenamentos. • Artrite séptica, febre reumática, po- liartrite, artrite reumatóide. Monócitos: normalidade de 4% a 8%. Monocitose: aumento do valor per- centual ou absoluto dos monacitos. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 49© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • Infecções bacterianas: tuberculose, endocardite bacteriana subaguda. • Na subsistência da infecção aguda, sarampo, lúpus, mononucleose, va- ricela, febre amarela, poliomielite, artrite reumatóide. • Algumas infecções por protozoários: malária, febre maculosa, calazar, tri- panossomíase, leishmaniose. • Leucemia monocítica, alguns casos de tumoração cerebral. • Processos que atingem órgãos ri- cos em sre (sistema retículoendote- lial). • Processos de recuperação de infec- ções agudas com desvio à esquerda. Monocitopenia: diminuição do va- lor percentual ou absoluto dos monócitos. • Fase aguda de processos infecciosos. • Falta de reação por parte do SRE (sistema Reticuloendotelial). • Caquexia, desnutrição. Plaquetometria É a contagem do número de plaque- tas por milímetro cúbico de sangue. Valores de Referência 200.000 a 400.000/mm3 Interpretação Trombocitose: aumento do núme- ro de plaquetas. • Grandes estímulos medulares. • Após hemorragias, após esple- nectomia. • Após transfusão de sangue. • Estados infecciosos: septicemias, erisi- pela, tuberculose, febre reumática. • Cólera, cardiopatias valvulares, leu- cemia mielóide crônica, mononu- cleose, dengue, policitemia vera. Trombocitopenia: diminuição do nú me ro de plaquetas. • Sofrimento medular com baixa pro- dução de plaquetas. • Pneumonia, febre tifóide, leucemias, anemia perniciosa, aplasia medular, desnutrição exagerada, sarampo, me- ningite, difteria, endocardite lenta. • Distúrbios de coagulação com uso de anticoagulantes. Obs.: devemos ressaltar que a inter- pretação do hemograma não se restringe tão-somente às modificações qualitativas e quantitativas de seus elementos aliadas às degenerações e outras alterações. É neces- sário a junção de dados clínicos e exame físico do paciente para que se forme um quadro hematológico completo, auxilian- do assim o diagnóstico. tap e ptt Tempo de Atividade Protrombínica (TAP) mede indiretamente o teor de vita- mina K e os fatores responsáveis pelo me- canismo da via extrínseca da coagulação. Fator i ⇒ anticoagulantes circu- lantes. Fator ii ⇒ antitrombinas. Fator v ⇒ produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio. Fator vii ⇒ doenças hepáticas. Fator x ⇒ doença hemorrágica do recém-nascido. o tempo estará prolongado na defi- ciência de um ou mais dos fatores citados. capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 50© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Valores de Referência 70% a 100% o tempo de protrombina apresen- tava uma importante variação de resul- tados entreos laboratórios. por isso a oms, o citH e o cipH recomendaram a utilização do isi (International Sensibi- lity Index) e a conversão dos resultados obtidos em inR (International Normali- zed Ratio). o inR corresponde ao valor proporcional entre o tempo do pacien- te e o padrão em relação ao isi, que é o valor fornecido pelo fabricante da trom- boplastina resultante de uma padroni- zação internacional. o inR transforma os resultados obtidos, padronizando e promovendo melhor correlação de valo- res entre laboratórios, permitindo maior controle da terapia com anticoagulante oral (tabela 3.1.1). INR = Tempo do Paciente Tempo Padrão Valores de Referência 1,0 a 1,5 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (PTT) trata-se de um teste de coagulação sangüínea que substitui com grande van- tagem o tempo de coagulação. sensível e reprodutível, é o melhor dos testes para ser usado nas triagens de defeitos da coa- gulação (via intríseca). Valores de Referência de 30 a 40 segundos ou até 8 segun- dos acima do plasma padrão Interpretação É prolongado nas deficiências de um ou mais fatores de coagulação (i, ii, v, viii, ix, x, xi, xii) e no uso terapêutico de anticoagulantes (tabela 3.1.2). Fibrinogênio plasmátiCo, produto de degradação de Fibrinogênio (pdF) e d-dímero dosagem de Fibrinogênio Plasmático Fibrinogênio plasmático é uma glico- proteína presente no plasma e sintetizada no fígado. tem vida média de 3 a 5 dias. É TABELA 3.1.1 – Valores de Referência para InR Prevenção primária e secundária de trombose venosa Alvo: 2,5 Limite: 2,0 a 3,0 Acidente tromboembólico agudo e prevenção de tromboses venosas recidivantes Alvo: 3,0 Limite: 2,0 a 4,0 Próteses valvulares cardíacas e profilaxia de tromboembolismo arterial Alvo: 3,5 Limite: 3,0 a 4,5 Anticoagulação pré-operatória Alvo: 2,5 Limite: 2,0 a 3,0 TABELA 3.1.2 – Quadro de Interpretação Resultados deficiências PTT Prolongado TAP Normal Deficiências de XII,XI, IX, VIII (grupo dos hemofílicos) TAP Prolongado PTT Normal Deficiências de VII PTT Prolongado TAP Prolongado Deficiências de X, V, II, I PTT Normal TAP Normal Deficiências de XIII e paciente normal ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 51© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. formada por três diferentes pares de cadeias polipeptídicas. É utilizada no diagnóstico diferencial das coagulopatias adquiridas, no controle da coa gulação intravascular disse- minada e na fibrinólise primária. Valores de Referência 200 a 450 mg/dl Interpretação Valores aumentados: doenças in- flamatórias agudas ou crônicas, síndrome nefrótica, doenças hepáticas/cirrose, gra- videz, terapia com estrogênio, coagulação intravascular compensada. Valores diminuídos: coagulação intravascular aguda ou descompensada, doença hepática avançada, terapia com l-asparaginose, terapia com agentes fribri- nolíticos (estreptoquinase, uroquinase). Produto de degradação de Fibrinogênio (PdF) Exame realizado para a detecção do fibrinogênio degradado, que é fragmenta- do pelo efeito polimerizante dos fatores de coagulação. É utilizado no diagnóstico diferencial das coagulopatias adquiridas, no controle da coagulação intravascular disseminada e na fibrinólise primária. Valores de Referência 4 a 10 mcg/ml Interpretação Valores aumentados: coagulação intravascular disseminada (cid), he- morragias graves, infarto cardíaco maci- ço, tEp, multi-hemotransfusões, tumo- res malignos. d-dímero Exame que indica se a trombina está liberada in vivo com deposição de fi- brina e ativação de pseudo-enzimas, com a ocorrência de fibrinólise secundária. Valores de Referência menores que 0,5 mcg/ml Interpretação Valores aumentados: coagulação intravascular disseminada (cid), trombo- embolia pulmonar (tEp). BIoQuímIcA gliCose, uréia, Creatinina Glicose Exame útil no estabelecimento do diagnóstico e no monitoramento tera- pêutico do diabetes mellitus, na avaliação de distúrbios do metabolismo de carboi- dratos, no diagnóstico diferencial das acidoses metabólicas, em desidratações, hipoglicemias e na avaliação da secreção inapropriada de insulina. Valores de Referência Recém-nascidos: 40 a 80 mg/dl crianças: 60 a 100 mg/dl adultos: 70 a 110 mg/dl capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 52© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Interpretação Valores aumentados: dm, hiper- tireoidismo, feocromocitoma, pancrea- tite aguda, estresse, várias drogas (aas, atropina, ácido ascórbico, anticonvulsi- vantes, diuréticos, furosemida, adrenali- na, corticóides, dopamina, rifampicina, estrogênios, co, tiabendazol, indome- tacina, carbonato de lítio etc.). Valores diminuídos: insulino- mas, tumores extrapancreáticos (fibro- mas, sarcomas, hapatomas, mesotelio- mas), insuficiência adrenal (doença de addison), hipotireoidismo, hipopitui- tarismo, hiperinsulinismo, pancreatite crônica, desnutrição, síndrome de má absorção, alcoolismo, dano hepático (insuficiência hepática severa, necro- se hepática fulminante), várias drogas (bloqueodores beta-adrenérgicos, es- teróides anabólicos, anti-histamínicos, etanol, inibidores da mao, acetoami- nofen, levodopa). uréia É o matabólito quantitativamente mais importante do catabolismo da pro- teínas (principal fonte de excreção do nitrogênio) e disseminação dos aminoáci- dos. produzida no fígado, ela passa para a circulação sangüínea, onde é degradada ao nível intersticial e eliminada pelo suor, trato gastrointestinal e pelo rim. sua con- centração varia em indivíduos sadios e é influenciada por diversos fatores, como grau de hidratação, dieta protéica e fun- ção renal. É utilizada na avaliação do esta- do do funcionamento renal conjuntamen- te com a creatinina. Valores de Referência 10 à 45 mg/dl Interpretação Valores aumentados: desidrata- ção, aumento do consumo proteíco (fe- bre, estresse, queimaduras), hemorragia gastrintestinal, dm, iam, insuficiência renal, nefropatias, choque, insuficiência car díaca, obstrução do trato urinário (cál- culo, obstrução prostática). Valores diminuídos: insuficiência he- pá tica aguda, dieta pobre em proteínas, ca- quexia, gravidez, doença celíaca. creatinina É um produto matabólico formado pela descarboxilação da creatina-fosfato no músculo, tendo, portanto, uma relação dire- ta com a massa muscular. Homens e atletas produzem maiores quantidades de creatini- na que crianças, idosos e mulheres. a creati- nina não é afetada normalmente pela dieta. a substância é filtrada no glomérulo e seu aumento só é observado após o au- mento da uréia. a concentração de crea- tinina somente se torna anormal quando aproximadamente metade ou mais da me- tade de néfrons é comprometida. Valores de Referência crianças: 0,3 a 0,7 mg/dl adultos: 0,5 à 1,3 mg/dl Interpretação Valores aumentados: diminuição do fluxo sangüíneo renal (insuficiência cardíaca congestiva, choque, desidrata- ção), insuficiência renal por decréscimo da filtração glomerular, obstrução do trato urinário, intoxicação por metanol, uso de drogas (metildopa, trimetoprim, hidantoí- na, cefalosporina e ácido ascórbico). ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 53© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Valores diminuídos: baixa estatura, desnutrição, diminuição da massa muscu- lar, doença hepática severa, gravidez. eletrólitos (sódio, potássio, CálCio, Cloro, magnésio, FósForo) Sódio É o maior cátion do líquido extrace- lular. É responsável por quase metade da osmolalidade do plasma, desempenhando papel fundamental na distribuição da água corporal. a determinação do sódio sérico indica alterações do seu teor nocompar- timento extracelular. a pseudo-hipona- tremia ocorre quando o sódio sérico é diminuído, mas o soro não é hipotônico devido à passagem de outras moléculas para a água, mantendo a osmolalidade sérica normal ou aumentada. sudorese excessiva, vômitos e diarréias influenciam o sódio aumentando ou diminuindo seus níveis, dependendo do grau de perda e re- posição hidroeletrolítica. Valores de Referência 136 a 146 mEq/l Interpretação Valores aumentados (hipernatre- mia): desidratação (vômitos, diarréia, sudorese excessiva), diabetes insipidus, acidose diabética, síndrome de cushing, terapia excessiva com salina, aldostero- nismo primário. Valores diminuídos (hiponatre- mia): ingesta baixa de sódio, reposição inadequada, uso abusivo de diuréticos, hi- potireoidismo, hipoproteinemia, secreção inapropriada de hormônio antidiurético, doença de addison, hipopituitarismo, cir- rose, síndrome nefrótica, icc. Potássio É o principal cátion do líquido in- tracelular. as variações da concentração de potássio prejudicam a capacidade de contração muscular. níveis abaixo de 3 mEq/l são associados a sintomas neu- romusculares e causam alterações eletro- cardiográficas, também vistas em níveis acima de 6 mEq/l. níveis iguais ou su- periores à 10 mEq/l são, na maioria dos casos, fatais. Valores de Referência Recém-nascidos: 3,7 a 5,9 mEq/l adultos: 3,5 a 5,3 mEq/l Interpretação Valores aumentados: oligúria, anú- ria, choque, transfusões, desidratações, au- mento do catabolismo celular, cetoacidose diabética, doença de addison, hipertireoi- dismo, doenças hemolíticas, insuficiência renal, hemólise maciça, administração ex- cessiva de potássio. Valores diminuídos: vômitos, diar- réias, colite ulcerativa, fístulas intestinais, diuréticos, nefrites, síndromes de conn e cushing, acidose tubular renal, alcaloses, queimaduras extensas, fibrose cística, uso de digitálicos, cortisona e testosterona. cálcio É o quinto componente mineral mais abundante no organismo. É encon- trado nas cartilagens, nos dentes e, prin- cipalmente, nos ossos. desenvolve papel importante na contração e no relaxamen- capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 54© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. to do miocárdio, na coagulação sangüí- nea, na condução neuromuscular, na ossi- ficação, na manutenção da integridade da membrana celular, no mecanismo de ação de alguns hormônios e na ativação de al- gumas enzimas. o cálcio existe no sangue de duas formas: difusível, composta pelo cálcio ionizado – forma ativa (50%) – e por complexos formados com citrato, fos- fato e bicarbonato (5%); não-difusível, as- sociada à albumina e à globulina (45%). Valores de Referência crianças: 8,8 à 10,8 mg/dl adultos: 8,4 à 10,6 mg/dl Interpretação Valores aumentados (hiper- calcemia): Hiperparatireoidismo, hi- pervitaminose d, doença de Hodgkin, doença de paget, doenças malignas com comprometimento ósseo, carcinomas de mama, gástrico e de pulmão, imo- bilizações prolongadas, mieloma múlti- plo, sarcoidose. Valores diminuídos (hipocalce- mia): acidose crônica, deficiência de vitamina d, hipoparatireoidismo, esteator- réias, má absorção intestinal, uremias, ne fro patias, osteomalacia, transfusões ma ci ças. cloro Sérico É o principal ânion extracelular. Jun- tamente com o sódio, representa a maioria dos constituintes osmoticamente ativos do plasma. dessa forma, está envolvido na manutenção da pressão osmótica e no ba- lanço hidroeletrolítico. a maior parte do cloro ingerido é absorvida e o excesso, ex- cretado na urina. Valores de Referência 96 a 106 mEq/l Interpretação Valores aumentados: insuficiência renal aguda, acidose metabólica associada a diarréia prolongada com perda de bicar- bonato, acidose tubular renal, alcalose res- piratória, alguns casos de hiperparatireoi- dismo primário, desidratação, diabetes, hiperfunção adrenocortical, intoxicação por salicilato. Valores diminuídos: acidose me- tabólica associada a elevação de ânions orgânicos (cetoacidose diabética e insufi- ciência renal), acidose respiratória, alca- lose metabólica, aldosteronismo, doença de addison, hipersudorese, nefrite perde- dora de sal, vômito prolongado. magnésio Sérico É o quarto cátion mais abundante e é essencial para muitos processos que envolvem reações físico-químicas. atua como co-fator essencial para enzimas li- gadas à respiração celular, à glicólise e ao transporte (através da membrana) de ou- tros cátions (cálcio e sódio). o magnésio é essencial para a preservação da estru- tura molecular de dna, Rna e ribosso- mas. o magnésio ingerido é absorvido no intestino delgado e excretado na urina. Valores de Referência 1,5 a 2,1 mEq/l Interpretação Valores aumentados: uso de sais de magnésio, antiácidos e laxantes, doença ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 55© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. de addison, desidratação grave, insufici- ência renal, acidose diabética, hipertireoi- dismo, hipercalcemia, nefrolitíase. Valores diminuídos: associados com hipocalemia e hipocalcemia, alcoolis- mo crônico, pancreatite aguda, má absor- ção, diálise, diarréia grave, diabetes melli- tus, terapia diurética, dietas pobres em magnésio, hiperaldosteronismo primário, desnutrição, nefropatias tubulares, hiper- paratireoidismo. Efeitos da Hipermagnesemia 5 a 10 mEq/l → distúrbios no siste- ma de condução cardíaca. 10 a 13 mEq/l → perda dos reflexos dos tendões. 13 a 15 mEq/l → possível paralisia respiratória. > 25 mEq/l → parada cardíaca em diástole. Fósforo Sérico É um importante elemento, am- plamente distribuído pelo organismo na forma de fosfato orgânico ou inorgâni- co. Em torno de 85% desse elemento em adultos está presente no esqueleto. o restante é, principalmente, combinado com lipídeos, proteínas, carboidratos e incorporado a outras substâncias orgâni- cas com importante papel, como fosfoli- pídios, ácidos nucléicos, fosfoproteínas e compostos de alta energia envolvidos na integridade celular (estocagem e troca de energia). os níveis séricos de fósforo são inversamente proporcionais aos do cál- cio sérico. o aumento do fósforo sérico ocorre por diminuição da filtração glo- merular, aumento da reabsorção tubular renal e aporte exógeno ou endógeno. a diminuição ocorre por desordens tubula- res e aumento das perdas. Valores de Referência crianças 4 a 6,5 mg/dl adultos 2,5 a 4,5 mg/dl Interpretação Valores aumentados: insuficiência renal, hipoparatireoidismo, hipervitami- nose d, pseudo-hipoparatireoidismo, os- teoporose, acromegalia, mieloma múlti- plo, leucemia mielóide crônica, metástase óssea, hipocalcemia, diabetes mellitus des- compensada, desidratação e hipovolemia, exercícios excessivos. Valores diminuídos: defeitos tu- bulares de reabsorção (síndrome de Fan- coni), hiperparatireoidismos primário e secundário, hipotireoidismo, esteatorréias, osteomalacia, hipovitaminose d, raqui- tismo, hemodiálise, doença hepática, ali- mentação parenteral prolongada, antiáci- dos, diuréticos, alcoolismo. enzimas CardíaCas (CK, CKmb, ldH, troponina i, mioglobina, tgo) creatinoquinase (cK)/creatinofosfo- quinase (cPK) É uma enzima de origem essencial- mente muscular, encontada nos múscu- los esqueléticos, no miocárdio e no cére- bro. catalisa a fosforilação reversível da creatina por atp. sua determinação é de extrema importância no diagnóstico do infarto. começa a elevar-se 4 a 6 horas após o episódio agudo, atingindo o pico após 36 horas. Em geral, os níveis retor- nam ao normal entre o quarto e quinto dia. É recomendável efetuar as determi- nações das atividades enzimáticas após 6, 12, 24 e 48 horas, e, posteriormente, em intervalos de 1 a 2 dias.dessa maneira é capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 56© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. possível reconhecer eventuais complica- ções, tais como reinfarto, choque e insu- ficiência cardíaca aguda. Valores de Referência Homens: até 184 u/l mulheres: até 165 u/l Interpretação Valores aumentados: iam, lesões da musculatura cardíaca ou esquelética, mioaptias congênitas e adquiridas, avE, fisioterapia, injeções intramusculares, hi- potireoidismo, doenças infecciosas, tEp, hipertermia maligna, convulsões genera- lizadas, neoplasias de próstata, vesícula e trato gastrointestinal. isoenzimas da creatinoquinase: a cK é um dímero composto de duas subu- nidades, b (brain) e m (muscle), formando três isoenzimas que podem ser separadas eletroforeticamente: • CK-BB (ou CK-1): Encontrada predominantemente no cérebro, é rápida e raramente está presente no sangue. • CK-MM (ou CK-3): Encontrada na musculatura esquelética, é lenta e está aumentada no sangue, por dano e distrofia muscular, podendo elevar- se após injeção intramuscular. • CK-MB (ou CK-2): predominan- temente do miocárdio, faz interme- diação e auxilia na avaliação da ex- tensão do infarto. creatinoquinase, Fração mB (cKmB) Elevações de cK-mb ocorrem em doenças com dano do miocárdio. o nível de cK-mb começa a elevar-se 3 a 6 horas antes do início do infarto agudo do mio- cárdio, atinge um pico entre 12 e 24 ho- ras e retorna ao normal em 24 a 48 horas. Existe uma correlação aproximada entre a extensão do infarto e o grau de elevação da cK-mb. maratonistas e pacientes submetidos a cirurgia cardíaca podem apresentar ní- veis elevados de cK-mb. Valores de Referência até 25 u/l Interpretação valores aumentados: iam, miocardi- tes, pós-operatório de cirurgias cardíacas. desidrogenase Lática a desidrogenase lática é uma enzi- ma intracelular presente no citoplasma de todas as células do organismo. seus níveis são muitos mais elevados em alguns teci- dos do que no soro. assim, sua elevação indica lesão celular. Valores de Referência 230 a 460 u/l Interpretação Valores aumentados: proliferação de células neoplásicas, iam, infarto pul- monar, leucemia aguda, doença hepática, anemia hemolítica, anemia megaloblásti- ca, anemia falciforme, anemia perniciosa, necrose do músculo esquelético, choque, hipoxia intensa, doenças musculares. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 57© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Troponina I a troponina é um complexo protéico regulador da contração muscular associado ao filamento de actina dentro das células musculares. a troponina é formada por três subunidades denominadas t, i e c. a troponina-t está unida à tropomiosina e, ao desprender-se do complexo troponina- actina, permite a formação do complexo actomiosina. a troponina-c, ao fixar-se a quatro moléculas de cálcio, desencadeia sí- tios de conformação que permitem a con- tração da fibra muscular. a troponina-i é a unidade inibitória de formação do comple- xo actomiosina, sendo assim uma proteína muscular cardíaca. Esse complexo protéico de troponina t, i e c se rompe em conse- qüência de danos miocárdicos, e seus com- ponentes protéicos individuais se liberam na corrente sangüínea. a troponina i é libe- rada na circulação sangüínea pouco tempo após o começo do dano cardíaco, aproxima- damente de 4 a 6 horas que seguem o iam. Valores de Referência < 2,0 μg/ml Interpretação Valores aumentados: iam. mioglobina a mioglobina é uma proteína portadora do heme, encontrada na musculatura esque- lética e no miocárdio. É um marcador pre- coce, presente na corrente circulatória após infarto (1 a 4 horas), que retorna aos valores normais dentro de 24 horas. É um indicador não-específico, que pode se elevar mediante danos na musculatura esquelética. isso tem a possibilidade de conduzir a um diagnóstico errôneo de infarto do miocárdio. Valores de Referência até 90 mcg/l Interpretação Valores aumentados: traumas, in- jeções intramusculares, miopatias, ure- mias, iam. avaliação da Função Hepatobiliar (tgo, tgp, FosFatase alCalina, gama gt, bilirrubinas totais e Frações) Trasaminase oxalacética (TGo) Aspartato Aminotransferase (AST) Enzima encontrada no miocárdio, fígado, musculatura esquelética, rim e cérebro. níveis elevados dessa enzima auxiliam no diagnóstico de doenças cardí- acas, hepáticas e musculares. É usada no monitoramento de terapias que utilizam drogas hepatotóxicas. a atividade dessa enzima no infarto eleva-se dentro das pri- meiras 12 horas, atingindo um pico em 24 horas e retornando ao normal por volta do quinto dia. Valores de Referência até 40 u/l Interpretação Valores aumentados: gravidez, ne- crose hepática, anemias hemolíticas, pan- creatite aguda, cirrose hepática, hepatites, icterícia obstrutiva, mononucleose, hipo- tireoidismo, trauma e necrose cerebral, dermatomiosites, queimaduras severas, dis- trofias musculares, lesões da musculatura capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 58© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. esquelética, cateterização e angioplastia cardíaca, drogas (isoniazida, eritromicina, progesterona, esteróides anabólicos). Transaminase Pirúvica (TGP) Alanina Aminotransferase (ALT) É uma enzima intracelular presen- te em grandes quantidades no fígado e no rim, e em pequenas quantidades na musculatura esquelética e no coração. como teste de função hepática, a alt é mais sensível para detecção de danos do hepatócito do que da obstrução biliar, sendo considerada um excelente marca- dor hepatocelular. Valores de Referência até 45 u/l Interpretação Valores aumentados: Hepatite in- fecciosa e tóxica, doença pancreática, mo- nonucleose, cirrose, icterícia obstrutiva e carcinoma metastático. Fosfotase Alcalina É uma enzima com atividade ótima in vitro em pH próximo de 10, presente em muitos tecidos, particularmente no epitélio intestinal, no túbulo renal, em osteoblastos, no fígado e na placenta. a forma presente no soro de adultos nor- mais origina-se principalmente do fíga- do e do esqueleto e é acentuadamente dependente da idade. sua função precisa no metabolismo ainda não está de todo compreendida e parece estar associada ao transporte lipídico no intestino e a pro- cessos de calcificação óssea. sua dosagem é de interesse na investigação de doenças hepatobiliares e ósseas associadas à hipe- ratividade osteoblástica. Valores de Referência Recém-nascidos: 128 a 484 u/l até 13 anos: 128 a 265 u/l de 13 a 15 anos: 128 a 464 u/l adultos: 38 a 126 u/l Interpretação Valores aumentados: doenças he- páticas e do trato biliar, metástases para fígado e ossso, acromegalia, doença de pa- get, hipertireoidismo, raquitismo, mono- nucleose infecciosa, hiperparatireodismo, crescimento ósseo fisiológico, terceiro tri- mestre de gravidez, osteomalacia. Valores diminuídos: Hipotireoidis- mo, uso de estrogênio simples ou combi- nado com androgênio. Gama-glutamil-transpeptidase (GGT) acredita-se que essa enzima, origina- da principalmente do sistema hepatobiliar, tenha a função de transferir aminoácidos através das membranas celulares. tende a elevar-se em doenças hepáticas e pancreá- ticas, sendo um indicador mais sensível de colestase (freqüentemente com uma ele- vação precoce e duradoura) que as demais enzimas (transaminases, fosfatase alcalina). atua na desintoxicação hepática de drogas e na detecção de seus abusos. a liberação da ggt no soro reflete o efeito tóxico do álcool e outras drogas na estrutura micros- somal das células hepáticas. a enzima é útil no diagnóstico de metástase no fígado, embora drogas utilizadas no tratamento de câncer, em geral, sejam hepatotóxicas,e costumem elevar mais os níveis dessa en- zima do que a própria doença. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 59© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Valores de Referência Homens: até 56 u/l mulheres: até 41 u/l Interpretação Valores aumentados: Hepatoma, carcinoma de pâncreas, carcinoma metastá- tico de fígado, doença crônica alcoólica, co- lestase, cirrose, hepatite, lEs, atresia biliar, hipertireoidismo, anticonvulsivantes. Bilirrubinas Séricas a bilirrubina é um produto prove- niente da quebra das moléculas de hemo- globina no sistema reticuloendotelial, dan- do origem, primeiramente, à bilirrubina não-conjugada (indireta), com afinidade pelo sistema nervoso central. Esse compo- nente, insolúvel em água, liga-se à albumi- na para ser transportado até os sinusóides hepáticos, onde é captado pelos hepató- citos e conduzido até o reticuloendotelial liso, para conjugação. após conjugação com ácido glicurônico, transforma-se em bilirrubina conjugada (direta), hidrosso- lúvel, com afinidade por tecidos elásticos, sendo excretada pelos canalículos hepáticos no intestino delgado. no duodeno e no íleo terminal, parte dela é desconjugada e trans- formada em estercobilinogênio pela flora bacteriana e eliminada pelas fezes; parte é reabsorvida (ciclo êntero-hepático); e par- te escapa à captação hepática e é excretada pelo rim como urobilinogênio. Causas de Icterícia • Aumento da oferta: Reação trans- fusional, mecanismos auto-imunes, drogas, hemoglobinopatias, infec- ções virais e bacterianas, queimadu- ras e processos hemolíticos. • Alteração no transporte: mecanis- mo de competição com a albumina por drogas, acidose metabólica e hi- poalbuminemias. • Alteração na captação: mecanismo de competição com drogas e con- trastes radiológicos. distúrbios tran- sitórios após hepatites. imaturidade neonatal e em alguns pacientes com síndrome de gilbert. • Alteração na conjugação: por de- ficiência parcial ou total de enzimas como a glicuronil-transferase (sín- drome de gilbert e crigler-najjar tipo i e tipo ii), imaturidade dos processos enzimáticos, como no recém-nascido, e por inibição pela presença de um esteróide oriundo do leite meterno, como na síndrome de lucey-driscoll. • Deficiência de excreção: por obs- táculos ao fluxo biliar de origem in- tra ou extra-hepática, por cálculos, tumores de vesícula, vias biliares, fí- gado, pâncreas ou metastáticos, ade- nomegalias, abscessos, pancreatites e doenças congênitas das vias biliares. • Outros mecanismos: distúrbios me- tabólicos por drogas, álcool, infecções, doenças infiltrativas e doenças virais. Valores de Referência direta: até 0,4 mg/dl indireta: 0,1 a 0,8 mg/dl total: 0,1 a 1,2 mg/dl Interpretação Causas do aumento da bilirrubina não-conjugada (indireta) (por distúrbios na produção, transporte, captação e con- jugação): anemias hemolíticas – hereditá- rias (falciforme, talassemia, esferocitose, outras hemoglobinopatias) – e adquiridas – auto-imune, por drogas, transfusional, capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 60© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. por infecção viral e bacteriana. Reabsorção a partir de fontes extravasculares (hemato- mas, infarto pulmonar). doença hepática grave, síndromes de gilbert e crigler-na- jjar, drogas, hipoalbuminemia, contrastes radiológicos. Causas do aumento da bilirrubi- na conjugada (direta) (por distúrbios de excreção): colestase intra e extra-hepática por distúrbios metabólicos, drogas altera- ções congênitas, infecções virais e bacte- rianas e obstrução mecânica. avaliação da Função panCreátiCa (amilase, lipase) Amilase Sérica são hidrolases que degradam comple- xos de carboidratos, sendo, predominante- mente, de origem pancreática e da glândula salivar. são conhecidas duas isoenzimas: a pancreática e a salivar, na proporção de 40:60 em soro de indivíduos sadios. as dosagens da amilase sérica e urinária são amplamente utilizadas no diagnóstico de doenças do pân- creas, bem como na investigação da função pancreática. na maioria dos pacientes com pancreatite aguda, os níveis séricos elevam- se 2 a 12 horas após o início do episódio, atingindo pico em 24 horas e retornando ao normal entre 48 e 72 horas. Valores de Referência 22 a 108 u/l Interpretação Valores aumentados: parotidi- te, pancreatite aguda, gravidez ectópica, oclusão mesentérica, queimaduras graves, lesão da glândula salivar, doença intra- abdominal (peritonite, apendicite aguda), intoxicação alcoólica, insuficiência renal grave, obstrução do canal pancreático, neoplasias (pulmão e ovário), câncer de pâncreas, cetoacidose diabética. Valores diminuídos: insuficiência pancreática, fibrose cística avançada, he- patopatias graves. Lipase a lipase é uma enzima que hidrolisa triglicerídios em monoglicerídeos. É pro- duzida predominantemente no pâncreas, sendo um marcador essencial na doença pancreática. a elevação de seus níveis séri- cos nem sempre coincide com os da amila- se, na doença pancreática, mas freqüente- mente permanece elevada por um período mais longo. Enquanto a amilase tende a elevar-se mais precocemente na pancrea- tite aguda, a lipase eleva-se nas primeiras 12 horas após o início do episódio, perma- necendo elevada por 7 a 10 dias. Valores de Referência 23 a 300 u/l Interpretação Valores aumentados: pancrea- tite aguda, pancreatite crônica, drogas colinérgicas. LíQuIdoS coRPoRAIS dosagem laboratorial do liquor o líquido cefalorraquidiano é um fluido límpido e incolor, com raros ele- mentos figurados e com características bioquímicas e imunológicas próprias. Ele ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 61© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. ocupa as cavidades ventriculares do siste- ma nervoso central, os espaços subaracnói- deos, espinhal, perivasculares, perineurais e o canal central da medula. normalmente, o seu volume total em adultos é, em média, 140 ml. o volume puncionado não deve exceder 1/7 do volume total: em torno de 20 ml no adulto, 12 ml na infância e 6 ml em recém-nascidos (tabela 3.1.3) Exame Físico • Aspecto: o liquor normal tem aspecto límpido, como água de rocha, apre- sentando-se turvo pelo aumento do número de células (leucócitos e hemá- cias), pela presença de bactérias, fungos ou do meio de contraste. o aspecto hemorrágico indicará hemorragia su- baracnóidea ou acidente de punção. • Cor: normalmente incolor. o lí quor xantocrômico indica a presença de bilirrubina ou hemólise. Em recém- nascidos, a xantocromia é um achado normal que ocorre pela imaturidade anatômica e funcional da barreira he- mato-encefálica e é proporcional aos níveis de bilirrubina. a cor acastanhada se dá pela presença de metahemoglo- bina e a avermelhada (eritrocrômico) pela presença de oxiemoglobina das hemácias recém-lisadas. Bioquímica • Proteínas: os valores de referên- cia se correlacionam com o local da punção. Em adultos: ventricular: 5 a 15 mg/dl suboccipital: 15 a 25 mg/dl lombar: 15 a 45 mg/dl Interpretação Valores aumentados: maningi- tes, hemorragias, tromboses, alterações endócrinas, metabólicas e tóxicas, doen- ças neurológicas, colagenoses, tumores e abscessos. Valores diminuídos: trauma, gran- des punções, aumento da pressão intra- craniana. utiliza-se a relação entre os valores da albumina no soro e no líquor como índice de avaliação da permeabilidade da barreira hematoencefálica. Esse índice normalmente se encontra abaixo de 9. va- lores elevados são notados em acidentes de punção e situações que levam a um au- mento da permeabilidade da barreira he- matoencefálica ou na imaturidade, como acontece no período neonatal. • Albumina no liquor em mg/dL.• Albumina sérica em g/dL. a eletroforese de proteínas é utiliza- da no diagnóstico de doenças inflamató- rias e desmielinizantes do snc (esclerose múltipla, guillain-barré). • Imunoglobulinas: utiliza-se a rela- ção entre os valores da imunoglobu- lina g sérica e no líquor para avaliar a sua produção intratecal. Essa rela- ção é expressa como um índice que varia normalmente entre 3 e 8. igg no liquor em mg/dl igg sérica em g/dl Valores aumentados: são encon- trados na esclerose múltipla e em outras TABELA 3.1.3 – classificação de Gravidade índices Barreira Hematoencefálica Abaixo de 9 Intacta 9 a 14 Leve compromentimento 14 a 30 Comprementimento moderado 30 a 100 Comprementimento severo Acima de 100 Quebra de barreira capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 62© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. doenças neurológicas inflamatórias, infec- ções pelo Hiv, meningites por criptoco- cos, entre outras. • Glicose: 50 a 80 mg/dl. Esses valores correspodem a 60% a 70% da concentração plasmática. valores diminuídos podem ser encontrados nas meningites agudas e crônicas de diferen- tes etilogias, em hipoglicemia sistêmica, hemorragia subaracnóide, sarcoidose e neoplasias comprometendo as meninges. • Outras dosagens: • Desidrogenase lática (LDH) → São causas de elevação: Necrose, isquemia, meningi- te, leucemia, linfoma e carci- noma metastático. É utiliza- da também como diagnóstico diferencial entre acidente de punção e hemorragia, em que se eleva proporcionalmente ao grau de hemorragia. • Creatinofosfoquinase (CKBB) → A elevação da fração BB da CK ocorre em hemorra- gia subaracnóide, trombose cerebral, lesões desmielini- zantes, síndrome de Guillain- Barré, tumores primários e metastáticos, meningoence- falite viral, meningite bacte- riana, hidrocefalia e trauma- tismo craniano. • Ácido lático → A determinação do ácido lático pode ser útil na diferenciação de meningi- tes por bactérias, fungos ou micobactérias das meningites virais. Nas meningites virais, o nível de ácido lático raramen- te excede 25 a 30 mg/dL, em contraste, nas outras formas de meningites está usualmen- te presente em níveis superio- res a 35 mg/dL. O aumento do lactato está intimamente asso- ciado a baixos níveis de glicose (meningite bacteriana). citologia • Global: • Específica: valores de referência utilizados para avaliação de lâminas preparadas por citocentrífuga. a presença de hipercitose neutro- fílica sugere um processo inflamatório agudo. apesar de presente nos processos virais e assépticos, o aumento de células, com predomínio de polimorfonucleares, é mais característico dos processos bacte- rianos agudos. a presença de hipercitose linfocitária sugere um processo crônico. o predomínio de células mononucleares é observado nas patologias neurológicas Adultos Recém- nascidos Unidade Hemácias 0 0 a 100 mm3 Leucócitos 0 a 5 0 a 30 mm3 Células Adultos Recém- nascidos Unidade Neutrófilos 2 a 7 3 a 8 % Linfócitos 28 a 96 2 a 38 % Monócitos 16 a 56 50 a 94 % Eosinófilos Raros Raros % Outras células Raros 1 a 5 % Adultos Recém- nascidos Unidade Polimorfo- nucleares 2 10 % Morfonucleares 98 90 % ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 63© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. crônicas, nas meningites virais, nos pro- cessos tuberculosos e luéticos, em cisticer- cose, toxocaríase, triquinose e esquistos- somose. durante a análise microscópica pode ser observada também a presença de células oriundas de tumores primários ou metastáticos do snc. dosagem laboratorial do líquido pleural o líquido pleural é continuamente produzido pela pleura parietal por filtração do plasma, através do endotélio vascular, em uma quantidade média de 1 a 15 ml, sendo absorvido pela pleura visceral. localiza-se entre as duas faces da pleura, separando-as. Exame Físico o líquido pleural normal tem aspecto límpido e cor amarelo-pálida. apresenta- se hemorrágico em processos traumáticos e no hemotórax, turvo nos processos infla- matórios e leitoso nos derrames quilosos (obstrução do canal torácico) ou pseudo- quilosos (derrames crônicos). Bioquímica • Glicose: são considerados normais níveis semelhantes aos plasmáticos. valores são considerados diminuí- dos quando abaixo de 60 mg/dl ou quando a relação da glicose líquido/ glicemia for inferior a 0,5. Encontra- dos em empiemas, neoplasias, tuber- culose, lúpus, doenças reumáticas e na ruptura de esôfago. • Proteína: a concentração da proteína sérica é um dos fatores que norteiam a classificação dos líquidos orgânicos em exsudatos e transudatos. os tran- sudatos são derrames causados por fatores mecânicos que influenciam a formação e/ou a reabsorção, como por exemplo, a diminuição da pres- são oncótica ou aumento da pressão venosa na cirrose hepática, na síndro- me nefrótica e na icc. cursam com níveis de proteína 50% menores que os plasmáticos. os exsudatos são der- rames causados por lesão do revesti- mento mesotelial, com aumento da permeabilidade capilar ou diminui- ção da reabsorção linfática, como nas infecções bacterianas, nas neoplasias e nas doenças do colágeno. cursam com níveis de proteína 50% maiores que os plasmáticos. • Outras dosagens: • Amilase → Elevada na pan- creatite aguda, em pseudo- cisto de pâncreas, ruptura de esôfago e alguns casos de neoplasias. • Desidrogenase láctica (LDH) → Seus níveis são sempre analisados em relação aos níveis séricos. Os exsudatos TABELA 3.1.4 – Análise do Líquido Pleural Meningites Citologia Polimorfonucleares Mononucleares Proteína mg/dL Glicose Bacteriana > 500 céls Predomínio - 80 a 500 Baixa Vírus < 500 céls - Predomínio 30 a 100 Normal Tuberculose < 500 céls - Predomínio 50 a 300 Baixa Fungos < 500 céls - Predomínio 25 a 200 Normal ou Baixa capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 64© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. têm uma relação líquido pleural/soro maior que 0,6, e os transudatos, menor que 0,6. Elevada em algu- mas neoplasias, na pleurite reumatóide e nos derrames para pneumônicos complica- dos com empiema. • Adenosina desaminase → Ele- vada nos derrames pleurais tuberculosos. citologia • Global: a contagem global de células tem valor limitado no auxílio do diag- nóstico diferencial dos derramens pleurais. valores acima de 1.000 célu- las são encontrados nos exsudatos. • Específica: o predomínio de neutró- filos acontece em 90% dos casos de pneumonia, infarto pulmonar e pan- creatite. apenas 10% dos transudatos apresentam predomínio de polimor- fonucleares. o predomínio de linfó- citos ocorre em inflamações crônicas, tuberculose, lEs, linfoma, uremia e artrite reumatóide. a eosinofilia acon- tece em processos inespecíficos, como pneumotórax, traumas, derrames pós- operatórios, infarto pulmonar e icc. aparece também em doenças parasi- tárias, infecções por fungos e síndro- mes de hipersensibilidade. dosagem laboratorial do líquido asCítiCo a presença de mais de 50 ml de líquido ascítico na cavidade abdominal já é patológica, podendo ocorrer por doenças que envolvam primariamente ou não o peritônio. sua coleta é feita por função abdominal no quadrante in- ferior esquerdo, onde as alças intestinais têm mais mobilidade – o que diminui os riscos de acidentes. É um filtrado do plasma que se forma por um aumento da pressão hidrostática capilar ou pela di- minuição da pressão oncótica do plasma (transudatos) e por aumento da perme- abilidade capilar ou pela diminuição da reabsorção (exsudatos): Transudatos → icc, cirrose hepá- tica, pericardites, hipoalbuminemia, sín- drome nefrótica, obstrução da veia hepá- tica. Exsudatos→ tuberculose, neopla- sias primárias, neoplasias metastáticas, pancreatites, carcinoma de pâncreas e ová- rio, esquistossomose. Exame Físico • Aspectos: Exsudatos: turvos e purulentos. Transudatos: límpidos, serosos, hemorrágicos (processos malignos, tuberculose e pancreatite aguda), se- rofibrinosos (tuberculose), brilhantes (processos crônicos) e lactescentes (obstruções linfáticas). • Cor: o líquido ascítico normal tem cor amarelo-palha. É ama relo turvo ou alaranjado quando hemorrágico, amarelo-ouro nas icterícias e esver- deado na perfuração da vesícula bi- liar, na colecistite e na perfuração intestinal. Hemácias 0 U/mm3 Leucócitos < 1.000 U/mm3 Polimorfonucleares 25% Mononucleares 75% ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 65© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • Densidade Exsudatos: > 1.016. transudatos: < 1.016. Bioquímica • Proteínas: a concentração da pro- teína é um dos fatores que norteiam a classificação dos líquidos orgâni- cos em exsudatos e transudatos. o teor de proteínas é influenciado de forma importante por alterações do líquido extracelular e dos mecanis- mos de formação e reabsorção, o que prejudica sua utilização como o úni- co parâmetro para a classificação em transudatos e exsudatos. • Glicose: Em níveis semelhantes aos do plasma, ficando abaixo de 60 mg/dl na tuberculose e na carcinomatose peritoneal. níveis elevados podem ser encontrados no dm descompensado. • Amilase: níveis aumentados podem ser encontrados em úlceras pépti- cas perfuradas, obstrução intestinal, pancreatites, trombose mesentérica e necrose de alças intestinais. a re- lação da amilase do líquido ascítico e amilase no soro maior que 2 é ca- racterística das lesões pancreáticas, pancreatite, pseudocisto de pâncreas e lesões traumáticas. • Desidrogenase lática (LDH): seus níveis são sempre analisados em re- lação aos níveis séricos. os exsudatos têm uma relação líquido ascítico/ soro maior que 0,6 e os transudatos, menor que 0,6. níveis muito eleva- dos são encontrados em neoplasias. • Outras dosagens: • Mucoproteína → Níveis ele- vados na tuberculose e na car- cinomatose peritoneal, e di- minuídos na cirrose hepática. • Triglicerídios → Níveis supe- riores aos plasmáticos são en- contrados nas ascites quilosas. • Leucinoaminopeptidase → Muito elevada em neoplasias. BIBLIoGRAFIA conSuLTAdA 1. Franco s. – bioinforme 96. laboratórios. sérgio Franco, Rio de Janeiro, 1996. 2. gamble Jl Jr. Regulations of the acidity of the Extracellular Fluids: teaching syllabus. Johns Hopkins university press, baltimore, 1966. 3. goldberger E. a primer of Water, Electrolyte and acid-base syndromes. 4th ed. lea and Febiger, philadelphia, 1971. 4. guyton ac. acid-base balance. textbook of me- dical physiology. 8th. ed. W.b. saunders, phila- delphia, 1991. 5. Kamoun e cols. manual de Exames de laboratório. atheneu, Rio de Janeiro, 1989. 6. lima e cols. métodos de laboratório aplicados a clínica – técnica e interpretação. 8a ed. guana- bara Koogan, Rio de Janeiro, 1992. 7. pereira E. costa aR. in lucchese Fa. tratamento intensivo pós-operatório. Fundo Editorial byk- procienx, são paulo, 1985. 8. 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Quando a concentração dos íons hi- dro gênio se eleva ou se reduz, alte ram-se a per mea bilidade das membranas e as funções enzimáticas celulares; em con- seqüência, deterioram-se as funções de di- versos órgãos e sistemas. os pacientes com disfunção de órgãos freqüentemente apre- sentam alterações no equilíbrio ácido-base. nos pacientes graves, especialmente os que necessitam de terapia intensiva, essas altera- ções são mais freqüentes, assumindo, muitas das vezes, a soberania do quadro clínico. O diagnóstico e o tratamento dos desvios do equilíbrio ácido-base, geralmente, re- sultam em reversão do quadro geral do paciente e garantem a sua sobrevida. a freqüente determinação dos parâmetros que avaliam o equilíbrio ácido-base do organis- mo é parte importante da monitorização do paciente grave, em qualquer protocolo de terapia intensiva. Muitas doenças ou con- dições podem ser melhoradas ou curadas se o paciente for mantido vivo por um tempo mais prolongado. mETABoLISmo cELuLAR A função normal das células do organismo depende de uma série de processos bioquímicos e enzimáticos do metabolismo celular. diversos fato- res devem ser mantidos dentro de estrei- tos limites para preservar a função celular, como a osmolaridade, os eletrólitos, os nutrientes, a temperatura, o oxigênio, o dióxido de carbono e o íon hidrogênio. um dos fatores mais importantes para o metabolismo celular é a quantida- de de hidrogênio livre existente dentro e fora das células. As variações da concen- tração do hidrogênio podem produzir grandes alterações na velocidade das reações químicas celulares. o metabolismo é o conjunto das transformações de matéria e energia que ocorrem nos sistemas biológicos. como resultado do metabolismo, as células pre- servam a capacidade de se reproduzir, crescer, contrair, secretar e absorver. As transformações da matéria são produ- tos das reações químicas que ocorrem no organismo e se acompanham da produção ou do consumo de energia. REGuLAção ÁcIdo-BASE a concentração dos íons hidrogênio nos líquidos do organismo é medida pela unidade denominada pH. A redução do pH é denominada acidose e o seu aumento constitui a alcalose. ambas, acidose e al- calose, podem diminuir acentuadamente a eficiência das reações químicas celulares; o metabolismo celular exige um estreito limite para a concentração do íon hidrogênio. o metabolismo celular produz ácidos que devem ser neutralizados a fim de pre- servar o pH ou, em outras palavras, manter estável a concentração do íon hidrogênio. 3.2 gasomEtRia aRtERial lEonaRdo coRdEiRo dE souzA • alExandRE do nascimEnto Justiniano © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 67© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. A principal base do organismo é o íon bicarbonato, produzido a partir da combinação do dióxido de carbono com a água. o bicarbonato e as demais bases do organismo atuam em associação aos ácidos da mesma natureza química, formando pares de substâncias chamados sistemas-tampão. a regulação do equilí- brio entre os ácidos e as bases do organis- mo depende de um mecanismo imediato, representado pelos sistemas-tampão, e de um mecanismo respiratório rápido, que elimina ou retém o dióxido de carbono e, portanto, reduz ou aumenta o ácido car- bônico. depende também do mecanismo renal, mais lento, que elimina o íon hidro- gênio e retém ou elimina o íon bicarbo- nato, moderando a quantidade de bases disponíveis no organismo. Os ácidos são as substâncias que podem ceder íons hidrogênio para uma solução; bases são as substâncias que podem receber íons hidrogênio em uma solução. a quantidade de íons hidrogênio li- vres nas soluçõesé mensurada pelo pH. Quanto maior a quantidade de íons hi- drogênio nas soluções, tanto mais baixo será seu pH; ao contrário, as soluções com baixa concentração de íons hidrogê- nio têm o pH mais elevado. a água é a substância padrão para a comparação com as demais substâncias. a dissociação da água é desprezível; apenas uma molécula em cada 10 milhões se dissocia. a água é, portanto, uma substância neutra, ou seja, não é ácido nem é base. o pH da água é 7; – o ponto neutro da escala do pH, que vai de 0 a 14. as soluções com pH inferior ao da água são consideradas ácidas; as so- luções cujo pH é superior a 7 são conside- radas bases. O pH do sangue reflete a atividade iônica de numerosas substâncias e é li- geiramente maior que o pH da água. O sangue normal tem pH que varia entre 7,35 e 7,45. O sangue normal, portanto, é levemente alcalino em relação a água. Quando o pH do sangue está abaixo de 7,35, dizemos que existe acidose; quan- do o pH do sangue supera o valor de 7,45, dizemos que há alcalose (Tabela 3.2.1). regulação do pH o organismo dispõe de três mecanis- mos reguladores do pH, que funcionam TABELA 3.2.1 – Valores de Referência Gasometria Arterial Venosa mista unidade pH 7,35 – 7,45 7,31 – 7,41 PCO 2 35,0 – 45,0 60,0 – 80,0 mmHg PO 2 80 – 100 33,0 – 53,0 mmHg HCO3 22,0 – 26,0 20,0 – 31,0 mmol/L TCO 2 23,0 – 28,0 25,0 – 40,0 mmol/L SO 2 95 – 100 70 – 75 % BE (-2,0) – (+2,0) (-2,0) – (+2,0) mmol/L O 2 cont ** NA A ** NA a/A > 0,6 NA Aa DO 2 ** NA ** Variável de acordo com o laboratório de referência. NA → Não avaliado. capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 68© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. em sincronia para preservar condições ótimas para o metabolismo celular: 1. o mecanismo respiratório, de ação rápida; 2. o mecanismo renal, de ação lenta; 3. o mecanismo químico, de ação ime- diata, constituído pelos sistemas-tam- pão bicarbonato/ácido carbônico. o sistema-tampão biCarbonato/ áCido CarbôniCo O sistema-tampão bicarbonato/ ácido carbônico é o mais importante e corresponde a 64% do poder tampo- nante do plasma. a principal característica do siste- ma-tampão é a relação constante que deve existir entre o sal (numerador) e o ácido (denominador) do sistema. Quando um ácido é produzido no organismo, o sal do sistema-tampão reage com o mesmo, produzindo um novo sal de sódio e ácido carbônico ou dióxido de carbono e água. o dióxido de carbono em excesso é eliminado pelos pulmões. Quan- do uma base é produzida no organismo, o ácido do sistema-tampão reage com a mesma, produzindo bicarbonato de sódio e água. o bicarbonato em excesso é elimi- nado pelos rins. o princípio fundamental da regu- lação do equilíbrio ácido-base é a manu- tenção da relação constante entre o sal e o ácido do sistema tampão. o organismo tenta preservar a relação, para manter sempre disponível o seu sistema de defesa. além do sistema bicarbonato/ácido carbô- nico, existem os sistemas-tampão fosfato, da hemoglobina e das proteínas. regulação respiratória a função respiratória se processa mediante três mecanismos interligados: a ventilação pulmonar, através da qual o ar atmosférico alcança os alvéolos; a per- fusão pulmonar, através da qual o sangue venoso alcança os capilares alveolares para as trocas gasosas; e a difusão pulmo- nar, através da qual o dióxido de carbono do sangue é eliminado para os alvéolos e o oxigênio do ar inspirado é captado pelo sangue venoso. o dióxido de carbono (co2) é o produto final do metabolismo aeróbi- co. o co2 alcança o líquido extracelular e o sangue para eliminação nos alvéolos. a quantidade de co2 é expressa pela sua pressão parcial, representada pela sigla pco2. como a pco2 do sangue venoso é maior que a pco2 do gás alveolar, o co2 se difunde do sangue para os alvéolos. Quando o CO2 deixa o sangue, a quantidade de ácido carbônico diminui e, em conseqüência, o pH tende a se elevar. Se, ao contrário, a eliminação do CO2 for reduzida, haverá acúmu- lo de ácido carbônico no sangue, com conseqüente redução do pH. a concentração do íon hidrogênio no sangue ou, em outras palavras, o pH do san- gue, modifica a ventilação pulmonar através de estímulos do centro respiratório. Quando o pH do sangue está bai- xo (acidose), o centro respiratório au- menta a demanda da ventilação (volu- me mobilizado 3 FR) e, desse modo, acentua a eliminação do CO2. Quando o pH do sangue está elevado (alcalo- se), o centro respiratório diminui a demanda da ventilação e, desse modo, acumula CO2 no sangue, reduzindo a sua eliminação. regulação renal o mecanismo renal de compensação do equilíbrio ácido-base é o mais lento e demorado, embora definitivo. Quando o pH do sangue se altera, os rins elimi- nam urina ácida ou alcalina, conforme a ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 69© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. necessidade, contribuindo para regular a concentração de íons hidrogênio no sangue e nos demais líquidos orgânicos. os três principais mecanismos funcionais do sistema renal são a filtração glomerular, a reabsorção tubular e a secreção tubular. através do mecanismo de secreção tubular, os rins transformam o dióxido de carbono em ácido carbônico ionizado. o íon hidrogênio é eliminado para a uri- na em troca por sódio ou potássio que, se combinando ao íon bicarbonato, retorna ao líquido extracelular para alcançar a cor- rente sangüínea. Quando há bicarbonato em excesso no sangue, os rins eliminam o íon bicarbonato em conjunto com o íon hidrogênio, o que torna a urina al- calina e contribui para a regulação das bases existentes. dISTúRBIoS do EQuILíBRIo ÁcIdo-BASE aCidose respiratória os distúrbios do equilíbrio ácido- base podem ser de origem respiratória ou metabólica. a eliminação respiratória do dióxido de carbono é o grande regulador da concentração do ácido carbônico no or- ganismo. Quando a eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares está reduzida, o co2 se acumula no sangue e, em conseqüência, aumenta a quantidade de ácido carbônico e de íons hidrogênio livres. Essas circunstâncias originam a aci- dose de natureza respiratória. devido à maior quantidade de íons hidrogênio livres, o pH se reduz. os valo- res do pH inferiores a 7,35 caracterizam a existência da acidose. O acúmulo do dióxido de carbono no sangue é representado pela elevação da sua pressão parcial (PCO2). Quando a PCO2 supera 45 mmHg, configura-se a natureza respiratória da acidose. Em geral, os quadros de acidose res- piratória são de instalação rápida; não há tempo para que os mecanismos de com- pensação sejam eficazes. o tratamento da acidose respiratória consiste em medidas destinadas a estimular a ventilação pulmo- nar. Quando a acidose respiratória é leve e causada por doença pulmonar crônica, a compensação renal retém íons bicarbona- to, aumentando a reserva de bases e nor- malizando o pH. alCalose respiratória Quando a eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares é exces- siva, a quantidade de co2 e, em conse- qüência, a quantidade de ácido carbônico do sangue são diminuídas. Essas circuns- tâncias originam a alcalose de natureza respiratória. devido à menor quantidade de íons hidrogênio livres, o pH se eleva. os valores do pH superiores a 7,45 ca- racterizam a existência da alcalose. A redução do dióxido de carbono no sangue é representada pela queda da sua pressão parcial (PCO2). Quando a PaCO2 é inferior a 35 mmHg, con- figura-se a natureza respiratória da alcalose. Em geral, os quadros de alcalose respiratória ocorrem em pacientes sob ventilação mecânica nas unidades de Acidose Respiratória PH ↓ Paco2 ↑Compensação respiratória PaCO 2 ↓ (hiperventilação) causas Quadro clínico ↓ Ventilação alveolar Sonolência Desorientação Arritmia cardíaca Vasodilatação cerebral capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 70© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. terapia intensiva. são de instalação rá- pida e não há tempo para que os meca- nismos de compensação sejam eficazes. o tratamento consiste em remover as causas da hiperventilação. Quando o distúrbio é leve e persistente, a com- pensação renal reduz a absorção dos íons bicarbonato do filtrado glome- rular, mantendo a relação do sistema- tampão constante. aCidose metabóliCa a acidose metabólica ocorre em uma de quatro circunstâncias: 1. Quando há excesso de produção de ácidos fixos, não-voláteis, como o ácido láticos ou ácidos cetônicos. 2. Quando há ingestão de substância ácida. 3. Quando os ácidos fixos não podem ser eliminados devido a insuficiên- cia renal. 4. Quando há perda excessiva de bases, como na obstrução intestinal alta e nas diarréias intensas, por exemplo. a acidose metabólica é acompanhante comum dos quadros de hipotensão arterial severa, choque de todos os tipos e parada cardiorrespiratória. pode ocorrer ainda nas diarréias severas, no diabetes descompen- sado e na obstrução intestinal alta. os íons hidrogênio liberados pela dissociação do ácido em excesso reduzem o pH; os radicais negativos dos ácidos fi- xos reagem com o bicarbonato, produzin- do sais de sódio e ácido carbônico. na insuficiência de bases, o bicar- bonato total diminui, com predomínio dos ácidos e aumento dos íons de hidro- gênio livres. a gasometria arterial mostra o pH abaixo de 7,35, caracterizando a acidose. a paco2 é normal e o bicarbonato padrão ou standard é baixo, inferior a 22 mEq/l. Há também um déficit de bases maior que –2 mEq/l. o principal tratamento da aci- dose metabólica consiste na remoção das causas do distúrbio. A hiperventilação alveolar ou a administração de bicarbonato de sódio podem controlar a acidose metabólica enquanto as medidas dirigidas a remo- ção da causa primária são providencia- das ou tornam-se eficazes. alCalose metabóliCa a alcalose metabólica é um distúrbio pouco freqüente, na prática clínica com- parado aos demais distúrbios. Em geral, a alcalose metabólica ocorre em uma de duas circunstâncias: 1. Quando há excesso de bases, geral- mente por administração intempes- Alcalose Respiratória PH ↑ Paco2↓ Compensação respiratória PaCO 2 ↑ (hipoventilação) causas Quadro clínico Hiperventilação inapropriada Confusão mental Sepse Crises convulsivas Febre Parestesia e tetania Hepatopatia grave ↓ Drive respiratório Acidose metabólica pH ↓ Hco3 ↓ Compensação respiratória PaCO 2 ↓ (hiperventilação) causas Quadro clínico Acidose lática Taquipnéia e fadiga muscular respiratória Cetoacidose diabética Diminuição do inotropismo cardíaco Insuficiência renal Arritmias malignas Desidratação aguda Vasodilação ExamEs dE Rotina Em tERapia intEnsiva capítulo 3 71© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. tiva de bicarbonato de sódio, para corrigir acidose preexistente. 2. Quando há perda de ácidos fixos, como pode ocorrer na estenose pilóri- ca, em que o ácido clorídrico do estô- mago é perdido através dos vômitos. as bases em excesso nos líquidos captam os íons hidrogênio; o pH se eleva. o bicarbonato real aumenta e o excesso de bases supera o valor de +2 mEq/l. A eliminação acentuada de íons hidrogênio por uso de diuréticos tam- bém pode causar alcalose metabólica. A gasometria arterial mostra o pH acima de 7,45, o bicarbonato real supe- rior a 28 mEq/L e um BE maior que +2. o tratamento da alcalose metabólica consiste em atuar sobre as causas primá- rias do distúrbio. APLIcAção cLínIcA dA EQuAção LoGARíTmIcA dE HEndERSon- HASSELBALcH (H-H) A correção do pH sangüíneo é uma tarefa freqüente na UTI, principalmente quando correlacionada com a ventilação mecânica, em que se pode manipular diretamente a concentração de PaCO2 para otimizar a compensação respirató- ria através da manipulação da ventilação alveolar, isto é, [(Vi – Ved) 3 FR], volu- me inspirado (Vi) subtraído do volume espaço morto (Ved) multiplicado pela freqüência respiratória (FR). A melhor eficácia da bomba ventilatória está cor- relacionada com a otimização do Vi e a redução do Ved. a quantificação do espaço morto fi- siológico é feita utilizando-se a modificação de Enghoff da equação de bohr, que faz a correlação direta do valor da paco2 aferida na gasometria arterial com o valor encon- trado na exalação do ar expirado na capno- grafia (pEtco2) em relação ao volume. Alcalose metabólica ↑ PH ↑ Hco3 Compensação respiratória PaCO 2 ↑ (hipoventilação alveolar) causas Quadro clínico Vômitos Confusão mental e crises convulsivas Diuréticos Parestesia e tetania Corticosteróides ↓ Drive respiratório TABELA 3.2.2 – casos clínicos 1 2 3 4 5 6 7 pH 7,26 7,52 7,60 7,44 7,38 7,20 7,56 PCO 2 56 28 55 24 76 25 44 HCO3 24 22 51 16 42 9 38 BE 24 11 126 26 114 217 114 1. acidose respiratória aguda – iRpa. 2. alcalose respiratória aguda – hiperventilação alveolar aguda. 3. alcalose metabólica parcialmente compensada. 4. alcalose crônica respiratória – hiperventilação alveolar crônica. 5. acidose crônica respiratória – irpc. 6. acidose respiratória parcialmente compensada. 7. alcalose metabólica. capítulo 3 FisiotERapia intEnsiva 72© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Ved = Vc x (PaCO 2 – PETCO 2 /PaCO 2 ) no equilibrio ácido-base, normal- mente os rins mantêm uma concentração arterial de Hco3 de 24 mEq/l, enquan- to a ventilação pulmonar mantém uma paco2 de 40 mmHg. Esses valores tra- duzem um pH arterial de 7,40. logo, a equação de H-H: pH = 6,1 + log(HCO3/PCO2 x 0,03) pH = 6,1 + log(24/40 x 0,03) pH = 6,1 + log20 pH = 7,40 observe que o pH é determinado pela proporção do Hco3 em relação ao pco2 dissolvido, em vez de pelos valores absolutos desses componentes. Enquanto a proporção do tampão Hco3 em relação ao co2 dissolvido é de 20:1, o pH se man- tém normal, ou de 7,40. o termo 6,1 é a expressão loga- rítmica da constante de equilíbrio do H2co3. como o dióxido de carbono dissolvido (pco2 3 0,03) está em equi- líbrio com e é diretamente proporcional ao [H2co3] do sangue, e como a pco2 é mais facilmente mensurada que o H2co3, o co2 dissolvido é utilizado no denominador da equação de H-H (prin- cípio isoídrico) (Fig. 3.2.2). Como calcular a necessidade ven- tilatória de um paciente agudizado? a necessidade ventilatória pode estar sob a influência de vários fatores, porém, em relação ao desequilíbrio ácido-base, a condição é restrita aos efeitos primários dos processos de acidose. portanto, para adequar a compensação respiratória, deve- se estar atento ao equilíbrio entre o Hco3 e a paco2. desta forma, o ponto de evi- dência para a manipulação ventilatória será denominado paco2 desejado, para alcançar a correção aguda do pH. logo: pH = 6,1 1 log(HCO3/PCO2 3 0,03), então: PCO 2 desejado = HCO3/antilog (pH 2 6,1) 3 0,03 Al c. Alc. Ácido Ác idoMe tab . M eta b. Re na l Re na l Co mp . Co m p. Comp. Comp. Resp. Resp. Resp. Resp. 20 40 PCO2 60 40 30 20 10 Pl as m a HC O 3 - ( m Eq /I) 7,1 7,4 7,7 Acidose Alcalose pH B D E B A C G F Fig. 3.2.2 – diagrama pH-pco2. Em razão da rea ção de hidratação entre o co2 e a H2o, aumentos abruptos da pco2 elevam a con- centração de Hco3 - plasmático ao longo
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