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Apostila de Teoria do Direito

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Teoria do Direito 
Apontamentos - 2018 
Wilson Demo 
Teoria do Direito 
Mas nenhum dos outros animais detém felicidade, 
porque estes são inteiramente incapazes de 
especulação. A extensão da felicidade é, portanto, a 
mesma da especulação: quanto mais uma classe de 
seres detém a faculdade especulativa, mas frui ela 
da felicidade, não como um concomitante acidental 
da especulação, mas como algo inerente a ela, uma 
vez que a especulação é valiosa em si mesma. 
 
Aristóteles – Ética à Nicômaco 
Teoria do Direito 
Especular (etimologia): do latim speculari, 
significando, na origem, a análise atenta de 
alguma coisa, evoluindo para o exame mental 
acerca da coisa sobre a qual se especula. Ou 
seja, a sua análise teórica. 
Lembrar que felicidade para Aristóteles não 
consiste em riquezas ou prazeres, mas na 
atividade que caracteriza o homem e sua 
maior virtude: pensar. Em outras palavras, a 
prática da virtude e da prudência. 
Teoria do Direito 
É uma construção intelectual metódica e organizada 
fundamentada na observação e na explicação dos 
diversos sistemas jurídicos e destinada a definir os 
grandes eixos da construção e da aplicação do 
direito. Em suma, estuda a ordem jurídica em sua 
globalidade através de seu “por quê” e de seu 
“como”. 
 
Jean-Louis Bergel – Teoria Geral do Direito 
Tempo 
Tempo 
E disse Deus: “Façamos o homem à nossa 
imagem segundo a nossa semelhança; e que 
domine sobre o peixe do mar e sobre a aves 
dos céus, e sobre o quadrúpede e em toda a 
terra, e em todo réptil que se arrasta sobre a 
terra [...]” e foi tarde e foi manhã, o sexto dia. 
(Bereshit 1, 26.31) 
ANO	5.778	–	Calendário	judaico		
(a	contagem	iniciou	com	a	criação	do	homem	por	Deus)	
Tempo 
“(...) quando o fundador da cidade [Rômulo] ordenou o 
tempo, dispôs que houvesse 10 meses no ano. Está 
claro, Rômulo, que conhecia mais as armas do que as 
estrelas, e que seu interesse em vencer os velhos era 
maior. Não obstante, César, existe uma razão que o 
moveu, tendo com o quê defender seu erro. Estabeleceu 
que era suficiente tempo para o ano o que é suficiente 
para a criança sair do ventre de sua mãe (...)” (Ovídio). 
ANO	2771	–	Calendário		romano		
(a	contagem	iniciou	com	a	fundação	de	Roma)	
Tempo 
“E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à 
luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus”. 
(Mateus 1, 25) 
ANO	2.018	–	Calendário	cristão	-	gregoriano		
(a	contagem	iniciou	com	o	nascimento	de	Jesus)	
Escrita 
Escrita 
E,	 uma	 vez	 que	 algo	 foi	 escrito,	 a	 composição,	 seja	
qual	for,	espalha-se	por	toda	a	parte,	caindo	em	mãos	
não	 só	 dos	 que	 a	 compreendem	 mas	 também	 dos	
que	não	têm	relação	alguma	com	ela;	não	sabe	como	
se	dirigir	às	pessoas	certas	e	não	se	dirigir	às	erradas.	
E,	 quando	 é	 maltratada	 ou	 injustamente	 ultrajada,	
precisa	sempre	que	o	seu	pai	 lhe	venha	em	socorro,	
sendo	 incapaz	 de	 se	 defender	 ou	 de	 cuidar	 de	 si	
própria.		
(Platão	-	Fedro)	
Etimologia 
Há dois conjuntos de termos 
utilizados para exprimir a ideia de 
direito: 
–  Direito 
–  Jurídico 
Etimologia 
● 	
● 	
A palavra “direito” derivaria de rectum 
ou de rectum 
–  Rectum – Recht, right 
–  De rectum – direito, derecho, diritto, droit 
Significado: aquilo que é conforme uma 
regra (padrão, medida). 
Ex.: um metro (distância	que	a	luz	viaja	
no	vácuo	em	1/299.792.458	de	segundo)	
 
Etimologia 
 
A palavra “jurídico” derivaria de ius (norma 
profana) em oposição ao fas (norma de origem 
religiosa). 
O ius estaria relacionado a um vínculo entre 
pessoas (iungere) enquanto o fas (fari=falar), 
estaria relacionado com o oráculo dos deuses, 
dizendo o que era lícito, sendo o nefas aquilo 
que fosse proibido pelos deuses. 
Com a perda de influência da religião a 
representação da norma é assumida pelo ius. 
Etimologia 
Jus ou Ius? 
Na língua latina clássica sua representação dava-
se pelo “IVS”. 
Até a Idade Média, usava-se o “i” para representar 
também o som de “j”, até que um autor chamado 
Pierre de la Ramée (Petrus Ramus), distinguiu as 
duas letras, atribuindo-lhe os sons utilizados 
atualmente na língua portuguesa. 
Observação: recomenda-se usar sempre o 
português, salvo para nomes próprios. 
Simbologia 
Símbolo	(representação	convencional	de	algo)	
Simbologia 
“os gregos colocavam essa balança, com os dois 
pratos, mas sem o fiel no meio, na mão esquerda 
da deusa Diké, filha de Zeus e Themis, em cuja 
mão direita estava uma espada e que, estando em 
pé e tendo os olhos bem abertos, dizia (declarava 
solenemente) existir o justo quando os pratos 
estavam em equilíbrio (íson, donde a palavra 
isonomia). 
Daí, para a língua vulgar dos gregos, o justo (o 
direito) significar o que era visto como igual 
(igualdade)”. (FERRAZ JÚNIOR, p. 32) 
Diké 
Simbologia 
“Já o símbolo romano, entre as vár ias 
representações, correspondia, em geral, à deusa 
Iustitia, a qual distribuía a justiça por meio da 
balança (com os dois pratos e o fiel bem no meio) 
que ela segurava com as duas mãos. Ela ficava de 
pé e tinha os olhos vendados e dizia (declarava) o 
direito (jus) quando o fiel estava completamente 
vertical: direito (rectum) = perfeitamente reto, reto 
de cima a baixo (de + rectum)”. FERRAZ JÚNIOR 
Iustitia 
Balança romana com fiel 
Balança moderna com fiel 
Etimologia e simbologia 
● 	
● 	
Gregos 
–  Dikaion – algo dito pela deusa Diké 
–  Íson – equilíbrio entre os dois pratos 
Romanos 
–  Ius – algo dito pela deusa Iustitia 
–  Derectum – fiel da balança em posição vertical, reto 
Etimologia e simbologia 
Deusa grega 
–  Olhos abertos – especulação, saber abstrato 
–  Possui espada – conhecer o direito equivale a 
executá-lo 
Deusa romana 
Olhos vendados – prudência, equilíbrio entre o 
abstrato e o concreto 
Predomínio da palavra falada – lex deriva do verbo ler 
em voz alta (legere) 
Não possui espada ou espada em posição de 
descanso – dizer quando há o direito é mais 
importante do que executá-lo 
Etimologia e simbologia 
● 	 Representa-se, hoje, a deusa com os olhos 
vendados, a espada e a balança nas mãos 
– 	Olhos vendados 
●	
●	
●	
Não vê o conflito ou os conflitantes 
Somente conhece aquilo que for trazido aos autos 
Prudência: refletir o tempo suficiente para decidir 
– 	Balança 
●	 Busca da medida exata que reequilibre a relação 
– 	Espada 
●	 Possibilidade do uso da força para executar a decisão 
Estátua da Justiça, 
STF - Brasília 
Significados 
● 	 Expressões: 
–  O direito não permite o duelo. 
–  O Estado tem o direito de legislar. 
–  O comprador tem o direito de receber a coisa 
comprada. 
–  A boa qualidade do ensino é um direito da criança. 
–  Não é direito trabalhar sem receber salário. 
–  Cabe ao direito estudar a criminalidade. 
–  O direito constitui um setor da vida social. 
Significados 
É sintaticamente impreciso. 
(sintática trata da combinação entre signos) 
– 	Pode ser conectado com 
●	
●	
●	
verbos (meus direitos não valem) 
substantivos (o direito é uma ciência) 
adjetivos (o direito é injusto) 
– 	Pode ser usado como 
●	
●	
●	
Substantivo (o direito brasileiro prevê...) 
Adjetivo (não é um homem direito) 
Advérbio (fulano não agiu direito) 
Significados 
● 	
É semanticamente impreciso 
(semântica estuda os significados) 
– 	Denotativamente vago, pois possui vários 
significados 
●	 Norma, faculdade, justiça, ciência, fato social 
– 	Conotativamente ambíguo 
●	
● 	
É impossível uma definição que abarque todos os 
sentidos 
É pragmaticamente uma palavra de grande 
carga emotiva 
Significados 
Direito positivo: posto pelo legislador por meio de um 
ato devontade, constituindo-se a lei como principal 
fonte do direito e a mutabilidade a regra, sendo que 
alterada aquela, automaticamente altera-se este. 
Direito natural: independe da intervenção humana, 
posicionando-se acima ou na retaguarda das normas 
vigentes, legitimando-se em certo momento na lei 
divina e, em outro momento, na própria natureza 
h u m a n a , v i g o r a n d o d e f o r m a e s t á v e l 
independentemente do governo ou legislador. 
Direito costumeiro: conjunto de normas que deriva 
dos hábitos sociais. 
Direito-norma 
● 	 Significado: norma, regra social obrigatória, lei, 
conjunto de leis (ius est norma agendi) 
– 	“É o direito como um conjunto de regras jurídicas de uma 
comunidade, traçando-lhe determinadas formas de 
comportamento ou de organização e conferindo-lhe 
possibilidade de agir” (BETIOLI) 
O direito brasileiro proíbe o furto; o direito permite o uso da 
propriedade; o direito obriga ao pagamento de impostos 
É uma das acepções mais usuais 
Alguns usam a expressão “direito objetivo” 
“Trata-se de algo que se situa ‘fora’ de cada indivíduo, que é 
exterior ao homem, mas que a ele se dirige e se 
impõe” (BETIOLI) 
– 	em oposição a “direito subjetivo” (faculdade) 
Direito-faculdade 
● 	 Significado: faculdade, poder, prerrogativa 
do sujeito (ius est facultas agendi) 
–	Poder de uma pessoa individual ou coletiva 
em relação a determinado objeto 
Ex. O comprador tem direito de receber a coisa comprada; 
o credor tem o direito de cobrar a dívida; o réu tem o direito 
de se defender 
–  “direito subjetivo” 
–	“há certas situações favoráveis que nos são garantidas 
pelos preceitos objetivos, certos poderes e pretensões que 
nos são conferidos” (BETIOLI) 
●  Direito de cobrar uma dívida, exigir um objeto, 
usar um imóvel, propor uma ação 
Direito-justo 
Significado: justiça, devido por justiça, 
conforme a justiça 
1.Bem devido a uma pessoa por exigência da 
justiça 
– 	Respeito à vida é direito das pessoas, pagamento é 
direito do credor, salário é direito do empregado 
2.Avaliação de fato segundo o critério justo, em 
conformidade com as exigências da justiça 
–	Não é direito viver na miséria. 
Direito-justo 
Aristóteles alerta que o conhecimento do justo e 
injusto não é algo simples, pois a justiça não é só o 
conhecimento da lei, mas também sua adaptação ao 
caso em particular. 
Conforme Santo Tomás de Aquino, “a essência da 
justiça consiste em dar a outrem o que lhe é devido 
segundo uma igualdade”. 
As características da justiça seriam: 
- a alteridade (respeito à pessoa do próximo); 
- o devido (aquilo que deve ser dado); 
- a igualdade (relação entre quantidades). 
Valor – qualidade 
apreciada 
Norma – conjunto 
de regras 
Fato: realidade 
histórica/social 
Direito-ciência 
Significado: ciência que estuda o fenômeno jurídico 
O	Direito	como	objeto,	pode	ser	estudado	sob	dois	ângulos:		
-  dogmático	(dokein	-	doutrinar)			
-  zetético	(zetein	-	perquirir).		
A	dogmática	jurídica	é	uma	forma	de	enfoque	teórico	no	qual	
as	premissas	da	sua	argumentação	são	inquestionáveis.		
A	 zetética	 é	 analítica	 e,	 para	 resolver	 algum	 problema	 ou	
investigar	 a	 razão	 das	 coisas,	 questiona	 as	 premissas	 de	
argumentação.	]A	primeira	resolve	um	problema	impondo	o	
pensamento	 consolidado	 e,	 a	 segunda,	 por	 meio	 da	
investigação,	 inclusive	 usando	 fontes	 não	usuais	 no	Direito,	
em	uma	abordagem	multidisciplinar.	
Direito-fato social 
● 	 Significado: fenômeno cultural da vida coletiva 
–  Ao lado de fenômenos religiosos, econômicos, 
políticos 
–  É um setor da vida social e deve ser estudado 
sociologicamente 
Direito-público/privado 
● 	 Significado: 
Telles	Jr.	utiliza	como	elementos	de	distinção	o	interesse	ou	
utilidade	preponderante	(público	ou	privado)	e	a	forma	da	
relação	jurídica	(coordenação	ou	subordinação).		
Assim,	quanto	tratam-se	de	interesses	preponderantemente	
públicos	em	uma	relação	jurídica	de	subordinação	estamos	
diante	do	direito	público	e	quando	os	interesses	são	
preponderantemente	privados	em	uma	relação	jurídica	de	
coordenação	diante	do	direito	privado.	 
Direito-Moral 
Segundo	Reale,	o	Direito	“representa	apenas	o	mínimo	de	Moral	
declarado	obrigatório	para	que	a	sociedade	possa	sobreviver”.	
Essa	teoria	seria	representada	por	dois	círculos	concêntricos,	um	
maior	e	outro	menor,	sendo	o	Direito	contido	na	moral.	
Ainda		segundo	referido	autor,	essa	concepção	seria	a	ideal,	
porque	na	prática,	a	concepção	real	aproximar-se-ia	da	teoria	
dos	círculos	secantes,	onde	haveria	normas	conteúdo	
meramente	jurídico	ou	amoral	(exemplo:	o	prazo	para	
contestar).	
Segundo	Kelsen,	moral	e	o	direito	não	se	confundem,	sendo	a	
norma	o	único	elemento	essencial	e	condição	de	validade	do	
Direito,	constituindo,	nas	alegorias	empregadas,	círculos	
independentes	
Direito-Moral 
Direito-Moral 
As	distinções	fundamentais	entre	eles	são:	
-	Coercibilidade	(existente	no	Direito	e	não	na	Moral);	
-	Heteronomia	(existente	no	Direito,	sendo	a	Moral	autônoma).	
Consiste	na	validade	objetiva	e	interpessoal	das	normas	jurídicas.	
-	Bilateralidade	(inexistente	na	Moral,	presente	no	Direito).		
O	Direito	lida	com	direitos	e	deveres.	A	Moral	somente	com	
deveres.	
-	Exterioridade	(presente	no	Direito	e	não	na	Moral).		
A	Moral	atua	no	campo	da	consciência,	enquanto	o	Direito	das	
atitudes	exteriores	do	indivíduo.	
Direito-Verdade 
Conceitos	de	verdade:	
Correspondência:	Negar	aquilo	que	é	e	afirmar	aquilo	que	não	é,	é	
falso,	enquanto	afirmar	o	que	é	e	negar	o	que	não	é,	é	a	verdade.	
Aristóteles	
Conformidade	 com	 uma	 regra	 ou	 conceito:	 Ao	 tomar	 como	
fundamento	o	conceito	que	considero	mais	sólido,	tudo	que	pareça	
estar	de	acordo	com	ele	será	por	mim	posto	por	verdadeiro,	quer	
se	trate	de	causas,	quer	se	trate	de	outras	coisas	existentes,	o	que	
não	me	pareça	de	acordo	 com	ele	 será	por	mim	posto	 como	não	
verdadeiro.	Platão	
Utilidade:	Verdadeiro	em	geral	significa	apenas	o	que	é	apropriado	
à	conservação	da	humanidade.	O		que		me	faz		perecer		quando		lhe		
dou		fé	 	não		é	 	verdade		para	 	mim:	 	é	 	uma	relação		arbitrária	 	e		
ilegítima		do		meu		ser		com		as		coisas		externas.	Nietzsche	
	
Direito-Verdade 
Conceitos	de	verdade:	
Coerência:	aquilo	que	é	contraditório	não	pode	ser	real;	isso	leva	a	
admitir	 que	 verdade	 ou	 realidade	 é	 coerência	 perfeita.	
Abbagnanno	
Revelação	 (empirista)	 ou	 manifestação	 (metafísica):	 na	 forma	
empirista,	 a	 verdade	 se	 revela	 imediatamente	 ao	 homem,	 sendo,	
portanto,	sensação,	intuição	ou	fenômeno.	Na	forma	metafísica,	a	
verdade	 ser	 revela	 em	 modos	 de	 conhecimento	 excepcionais	 ou	
privilegiados,	por	meio	dos	quais	se	torna	evidente	a	essência	das	
coisas,	seu	ser	ou	seu	princípio	(Deus).	Abbagnanno	
Direito-Equidade 
EQUIDADE: 
- “O meio de corrigir a lei” (Aristóteles). 
- Justa concretização do preceito legal (secundum 
legem). 
- Concretização de um ideal de justiça com norma 
em contrário (contra legem). 
- Ausência de norma - busca do ideal de justiça 
(praeter legem) 
“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum”. (LINDB) 
Direito-Ética 
A	palavra	Moral	vem	do	latim	mos	ou	mores	(significando	
costume,	maneira	de	agir	determinada	pelo	uso).		
Já	 a	 Ética,	 deriva	 do	 grego	 ethikos	 (ciência	 da	 conduta)	
que	 se	 ocupa	 do	 estabelecimento	 dos	 princípios	 gerais	
que	 possibi l item	 a	 compreensão	 racional	 do	
comportamento	 dos	 homens,	 discutindo	 questões	
atinentes	a	valores,	virtudes,	justiça,	etc.		
Segundo	 Reale	 a	 ética	 é	 entendida	 como	 a	 doutrina	 do	
valor	do	bem	e	da	conduta	humana	que	o	visa	realizar.		
Definições 
“Direito é a ordenaçãoética coercível, 
heterônoma e bilateral atributiva das relações 
sociais, na medida do bem comum”. 
Miguel Reale 
 
“Direito é o mandato da razão a serviço do bem 
comum, promulgado pelo governo da 
sociedade”. S. Tomás de Aquino 
 
“O Direito é a arte do bom e do justo”. 
(Ius est ars boni et aequi) 
Celso 
Definição de Miguel Reale 
a)	coercível,	 busca	minimizar	o	 índice	de	 violabilidade	
mediante	ameaças	de	recurso	à	força;	
b)	 heterônomo,	 pois	 as	 normas	 jurídicas	 são	
elaboradas	 pelo	 Estado	 e	 devem	 ser	 cumpridas	
independentemente	 da	 aceitação	 íntima	 do	
destinatário;	
c)	axiologicamente	bilateral,	busca	concretizar	valores	
que	não	estão	 reduzidos	 a	 uma	das	 partes	 da	 relação	
fática,	e	sim	valores	que	levam	ao	bem	comum;	
d)	 atributivo,	 pois	 atribui	 poderes	 garantidos	 aos	
destinatários	das	normas	jurídicas.	
Historicidade do Direito 
A história do direito é muitas vezes tratada com 
um condescendente desdém, por aqueles que 
entendem ocupar-se apenas do direito positivo. 
[...] Uma apreciação deste gênero não beneficia 
aqueles que a formulam. Quanto mais avançamos 
no direito civil, mais constatamos que a História, 
muito mais do que a Lógica ou a Teoria, é a única 
capaz de explicar o que nossas instituições são 
[...] . 
De Page 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
O	 panteão	 hindu	 tem	 como	 deuses	 principais	 Brahma	 (o	
criador	 de	 tudo),	 Vishna	 (o	 que	 mantém,	 comumente	
identificado	 com	 o	 sol)	 e	 Shiva	 (o	 destruidor,	 identificado	
como	o	senhor	do	tempo)		
Segundo	uma	lenda,	Sarasvati	foi	a	primeira	mulher,	criada	
por	Brahma	da	sua	própria	substância.	Desposou-a	depois	e	
do	casamento	nasceu	Manu	que		é	o	pai	original	da	espécie	
humana.	A	versão	atual	foi	elaborada	por	volta	do	ano	600	
a.C.,	 com	 base	 em	 documentos	 anteriores,	 datados	 por	
volta	 de	 1.300-1.500	 a.C.	 O	 Código	 possui	 2.685	 versos	
organizados	em	12	capítulos,	segundo	a	versão	atual.		
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Organização	do	Código:	
Livro	01:	a	criação	do	mundo	e	o	desenrolar	da	existência.	
Livro	02:	deveres	dos	homens,	em	especial	dos	brâmanes.		
Livro	03:	o	matrimônio	e	os	deveres	do	chefe	da	família	
Livro	04:	ensina	de	que	maneira,	honesta	e	honrosa,	se	pode	procurar	
como	e	do	que	viver.		
Livro	05:	alimentação	e	purificação	do	corpo	e	do	espírito	e	normas	de	
conduta	para	as	mulheres.	
Livro	06:	vida	dos	anacoretas	(contemplativo)	e	dos	ascetas	(praticantes).		
Livro	07:	deveres	dos	reis	e	normas	de	sua	conduta.		
Livro	08:	processo,	coisas,	obrigações,	delitos	físicos	e	penas.	
Livro	09:	obrigações	matrimoniais	e	sucessão.		
Livro	10:	classes	sociais	e	seus	conflitos.		
Livro	11:	infrações	e	penas.		
Livro	12:	dualidade	castigo-recompensa	e	dimensão	salvífica.		
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Justiça	
Quando	a	 justiça,	 ferida	pela	 injustiça,	 se	apresenta	diante	
da	 Corte	 e	 os	 juízes	 não	 lhe	 tiram	 o	 dardo,	 eles	 mesmos	
serão	por	este	feridos	(Livro	8,	art.	12).		
É	preciso	ou	não	vir	ao	Tribunal	ou	falar	segundo	a	verdade:	
o	 homem	 que	 nada	 diz,	 ou	 profere	 uma	 mentira,	 é	
igualmente	culpado	(Livro	8,	art.	13).		
Por	toda	parte	em	que	a	justiça	é	destruída	pela	iniquidade,	
a	 verdade	 pela	 falsidade,	 sob	 os	 olhos	 dos	 juízes,	 eles	 são	
igualmente	destruídos	(Livro	8,	art.	14).		
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Provas:		
Ou	 então,	 segundo	 a	 gravidade	 do	 caso,	 que	 ele	 faça	
tomar	 o	 fogo	 com	 a	 mão	 àquele	 que	 ele	 quer	
experimentar	ou	que	ele	mande	mergulhá-lo	na	água	ou	
lhe	 faça	 tocar	separadamente	a	cabeça	de	cada	um	de	
seus	filhos	e	de	sua	mulher	(Livro	8,	art.	114).	
Aquele	 a	 quem	 a	 chama	 não	 queima,	 a	 quem	 a	 água	
não	 faz	 flutuar,	 ao	 qual	 não	 sobrevém	 desgraça	
prontamente,	 deve	 ser	 considerado	 como	 verídico	 em	
seu	juramento		(Livro	8,	art.	115).		
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Penas:	
-	Pecuniária	
O	 homem	 que	 desvia	 em	 seu	 proveito	 uma	 parte	 da	 água	 de	 um	
reservatório	 ou	 represa	 a	 corrente	 de	 um	 regato,	 deve	 ser	 condenado	 a	
pagar	a	multa	no	primeiro	grau.	(Livro	9,	art.	281)		
-	Castigos	corporais		
De	qualquer	membro	que	 se	 sirva	um	homem	de	baixo	nascimento	para	
ferir	um	superior,	esse	membro	deve	ser	mutilado	(Livro	8,	art.	279)		
-	Encarceramento	
Que	 o	 rei	 coloque	 todas	 as	 prisões	 em	 via	 pública,	 a	 fim	 de	 que	 os	
criminosos,	aflitos	e	hediondos	fiquem	expostos	ao	olhar	de	todos	(Livro	9,	
art.	288)		
-	Morte	
Mas,	o	mais	perverso	de	 todos	os	 velhacos	é	o	ourives	que	 comete	uma	
fraude;	que	o	rei	o	faça	cortar	em	pedaços	por	navalha	(Livro	9,	art.	292)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Pessoas:	
Uma	mulher	está	sob	a	guarda	de	seu	pai,	durante	a	infância,	sob	a	guarda	
de	 seu	marido	 durante	 a	 juventude,	 sob	 a	 guarda	 de	 seus	 filhos	 em	 sua	
velhice;	ela	não	deve	jamais	se	conduzir	à	sua	vontade	(Livro	9,	art.	3).		
Dar	 à	 luz	 a	 filhos,	 criá-los	 quando	 eles	 têm	 vindo	 ao	 mundo,	 ocupar-se	
todos	os	dias	dos	cuidados	domésticos;	 tais	 são	os	deveres	das	mulheres	
(Livro	9,	art.	27).	
Os	Ksatriyas	não	podem	prosperar	sem	os	Brâmanes;	os	Brâmanes	não	se	
podem	elevar	sem	os	Ksatriyas;	unindo-se,	a	classe	sacerdotal	e	a	militar	se	
elevam	neste	mundo	e	no	outro	(Livro	9,	art.	322)		
Que	o	rei	ordene	aos	Vaisyas	de	fazer	o	comércio,	de	emprestar	dinheiro	a	
juros,	de	lavrar	a	terra	ou	de	criar	animais	[...](Livro	8,	art.	410)			
Mas,	que	ele	obrigue	um	Sudra,	 comprado	ou	não,	 a	 cumprir	 as	 funções	
servis;	porque	ele	foi	criado	para	o	serviço	de	Brâmane	pelo	ser	existente	
por	si	mesmo	(Livro	8,	art.	413).	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Obrigações:	
Que	um	mutuante	por	um	mês	ou	por	dois	ou	três,	a	um	certo	 juro,	não	
receba	o	mesmo	 juro	além	do	ano,	nem	nenhum	 juro	desaprovado,	nem	
juro	de	juro,	por	convenção	anterior,	nem	um	juro	mensal	que	acabe	por	
exceder	 o	 capital,	 nem	 um	 juro	 extorquido	 de	 um	 devedor	 em	 um	
momento	de	aflição,	nem	os	lucros	exorbitantes	de	um	penhor,	cujo	gozo	
está	no	lugar	do	juro	(Livro	8,	art.	153)	
	
Todo	 contrato	 feito	 por	 uma	 pessoa	 ébria	 ou	 louca	 ou	 doente,	 ou	
inteiramente	 dependente,	 por	 um	 menor,	 por	 um	 velho	 ou	 por	 uma	
pessoa	que	não	tem	autorização,	é	de	nenhum	efeito	(Livro	8,	art.	163).		
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Manu 
Sucessão:	
Que	o	mais	velho	tenha	uma	parte	dupla,	o	segundo	filho,	uma	
parte	e	meia,	 se	eles	excedem	os	outros	em	virtude	e	 saber	e	
que	os	jovens	irmãos	tenham	cada	um	uma	parte	simples;	tal	é	
a	lei	estabelecida.	(Livro	9,	art.	117)	
Que	 os	 irmãos	 deem,	 cada	 um	 de	 seu	 quinhão,	 certa	 parte	 a	
suas	 irmãs	 pela	mesma	mãe	 e	 não	 casadas,	 a	 fim	 de	 que	 elas	
possam	 casar;	 que	 eles	 deem	 o	 quarto	 de	 sua	 parte;	 os	 que	
recusarem	serão	degredados	(Livro	9,	art.	118).	
Quando	não	se	tem	filhos,	a	progenitura	que	se	deseja	pode	ser	
obtida	 pela	 união	 da	 esposa,	 convenientemente	 autorizada,	
com	um	irmão	ou	com	um	outro	parente	(Livro	9,	art.	59)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Hammurabi 
A	 estela	 que	 contém	 o	 Código	 de	 Hammurabi	 possui	 2,25	m	 de	 altura	 e	 encontra-se	 no	Museu	 do	
Louvre.	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Hammurabi 
Organização	do	Código	
§§	1-5:	penas	no	processo	judicial.	
Se	 um	 awilum	 apresentou-se	 em	 um	 processo	 com	 um	 testemunho	 falso	 e	 não	 pode	
comprovar	o	que	disse:	se	este	processo	é	um	processo	capital	esse	awilum	será	morto	(§	3)		
§§	6-126:	patrimônio.	
Se	um	awilum	roubou	um	bem	(de	propriedade)	de	um	deus	ou	do	palácio:	esse	awilum	será	
morto;	e,	aquele	que	recebeu	de	sua	mão	o	objetoroubado,	será	morto	(§	6)	
§§	127-195:	família,	filiação	e	herança.	
Se	um	awilum	tomou	uma	esposa	e	não	redigiu	o	seu	contrato,	essa	mulher	não	é	esposa	(§	
128)	
Se	 a	 esposa	 de	 um	 awilum	 foi	 surpreendia	 dormindo	 com	 um	 outro	 homem,	 eles	 os	
amarrarão	e	os	lançarão	n’água.	Se	o	esposo	deixar	viver	sua	esposa,	o	rei,	também,	deixará	
viver	seu	servo	(§	129)	
Se	um	awilum	adotou	uma	criança	desde	o	seu	nascimento	e	a	criou,	esse	filho	adotivo	não	
poderá	ser	reivindicado	(§	185)	
§§	196-214:	penas	para	lesões	corporais.	
Se	um	filho	bateu	em	seu	pai,	cortarão	a	sua	mão	(§	195)	
Se	um	awilum	destruiu	o	olho	de	um	(outro)	awilum,	destruirão	o	seu	olho	(§	196)	
Se	quebrou	o	osso	de	um	awilum,	quebrarão	o	seu	osso	(§	197)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Código de Hammurabi 
§§	215-240:	direitos	e	obrigações	de	categorias	profissionais.	
Se	um	pedreiro	edificou	uma	casa	para	um	awilum	e	a	terminou,	ele	lhe	dará,	por	cada	sar	da	casa	2	
siclos	de	prata	(§	228)	
Se	 um	 pedreiro	 edificou	 uma	 casa	 para	 um	 awilum,	 mas	 não	 reforçou	 seu	 trabalho	 e	 a	 casa	 que	
construiu,	caiu	e	causou	a	morte	do	dono	da	casa,	esse	pedreiro	serão	morto	(§	229)	
Se	causou	a	morte	do	filho	do	dono	da	casa,	matarão	o	filho	desse	pedreiro	(§	230)	
Se	 fez	 perder	 bens	 móveis,	 compensará	 tudo	 que	 fez	 perder	 e,	 porque	 não	 reforçou	 a	 casa	 que	
construiu	e	ela	caiu,	deverá	reconstruir	a	casa	que	caiu	com	seus	próprios	recursos	(§	232)		
[1	sar	=	18m²;	1	siclo	=	8	g]	
§§	241-277:	preços	e	salários	
Se	um	awilum	contratou	um	trabalhador	rural,	dar-lhe-á	8	GUR	de	cevada	por	ano	(§	257).		
Se	um	awilum	contratou	um	vaqueiro,	dar-lhe-á	6	GUR	de	cevada	por	ano	(§	257)		
Se	um	awilum	contratou	um	pastor	para	apascentar	o	gado	maior	ou	o	gado	menor,	dar-lhe-á	8	GUR	de	
cevada	por	ano	(§	257).	
Se	um	awilum	alugou	um	boi	para	trilhar	(o	grão),	seu	aluguel	será	2	sutu	de	cevada	(§	268).		
[01	GUR	=	300	litros;	1	sutu	=	10	litros]	
§§	278-282:	propriedade	de	escravos	
Se	um	awilum	comprou,	em	um	pais	estrangeiro,	um	escravo	ou	uma	escrava	de	um	(outro)	awilum,	e,	
quando	 voltou	 ao	 país,	 o	 proprietário	 do	 escravo	 ou	 da	 escrava	 reconheceu	o	 seu	 escravo	 ou	 a	 sua	
escrava,	se	o	escravo	ou	a	escrava	são	filhos	do	país,	será	realizada	a	sua	libertação	sem	(pagamento	
de)	prata.	(§	280)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Sociedade	
Os	hebreus	eram	povos	nômades,	derivados	da	raiz	semítica,	que	
viviam	em	tribos,	originalmente	habitando	a	Palestina.	Em	função	
de	 fatores	 desconhecidos,	 eles	 atravessaram	 a	 Palestina,	 em	
direção	 ao	 Egito,	 na	 época	 em	 que	 Hammurabi	 reinava	 na	
Babilônia,	retornando,	provavelmente,	no	início	do	século	XIII	a.C.	
A	característica	distintiva	em	relação	aos	povos	de	sua	época	é	a	
crença	 em	 um	Deus	 único	 que,	 segundo	 seu	 livro	 sagrado,	 teria	
escrito	 suas	principais	 leis	 em	 tábuas	de	pedra	e	 as	 entregue	ao	
povo	para	serem	obedecidas	(Êxodo	20,	1-17;	34,1.	Deuteronômio	
5,	6-21).	
Seu	 texto	 mais	 conhecido,	 em	 razão	 da	 influência	 das	 religiões	
cristãs,	é	o	Decálogo.	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Decálogo	(Ex.	20,	1-17)	
1.Então	Deus	pronunciou	todas	estas	palavras:	
2.“Eu	sou	o	Senhor	teu	Deus,	que	te	fez	sair	do	Egito,	da	casa	da	servidão.	
3.Não	terás	outros	deuses	diante	de	minha	face.	
4.Não	farás	para	ti	escultura,	nem	figura	alguma	do	que	está	em	cima,	nos	céus,	ou	embaixo,	sobre	a	terra,	ou	nas	
águas,	debaixo	da	terra.	
5.Não	te	prostrarás	diante	delas	e	não	lhes	prestarás	culto.	Eu	sou	o	Senhor,	teu	Deus,	um	Deus	zeloso	que	vingo	a	
iniquidade	dos	pais	nos	filhos,	nos	netos	e	nos	bisnetos	daqueles	que	me	odeiam,	
6.mas	uso	de	misericórdia	até	a	milésima	geração	com	aqueles	que	me	amam	e	guardam	os	meus	mandamentos.	
7.“Não	pronunciarás	o	nome	de	Javé,	teu	Deus,	em	prova	de	falsidade,	porque	o	Senhor	não	deixa	impune	aquele	que	
pronuncia	o	seu	nome	em	favor	do	erro.	
8.Lembra-te	de	santificar	o	dia	de	sábado.	
9.Trabalharás	durante	seis	dias,	e	farás	toda	a	tua	obra.	
10.Mas	no	sétimo	dia,	que	é	um	repouso	em	honra	do	Senhor,	teu	Deus,	não	farás	trabalho	algum,	nem	tu,	nem	teu	
filho,	nem	tua	filha,	nem	teu	servo,	nem	tua	serva,	nem	teu	animal,	nem	o	estrangeiro	que	está	dentro	de	teus	muros.	
11.Porque	em	seis	dias	o	Senhor	fez	o	céu,	a	terra,	o	mar	e	tudo	o	que	contêm,	e	repousou	no	sétimo	dia;	e	por	isso.	o	
Senhor	abençoou	o	dia	de	sábado	e	o	consagrou.	
12.Honra	teu	pai	e	tua	mãe,	para	que	teus	dias	se	prolonguem	sobre	a	terra	que	te	dá	o	Senhor,	teu	Deus.	
13.Não	matarás.	
14.Não	cometerás	adultério.	
15.Não	furtarás.	
16.Não	levantarás	falso	testemunho	contra	teu	próximo.	
17.Não	cobiçarás	a	casa	do	teu	próximo;	não	cobiçarás	a	mulher	do	teu	próximo,	nem	seu	escravo,	nem	sua	escrava,	
nem	seu	boi,	nem	seu	jumento,	nem	nada	do	que	lhe	pertence.”	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Justiça	
Nesse	mesmo	tempo	dei	esta	ordem	aos	vossos	juízes:	dai	
audiência	aos	vossos	irmãos	e	julgai	com	equidade	as	
questões	de	cada	um	deles	com	o	seu	irmão	ou	com	o	
estrangeiro	que	mora	com	ele.	
Não	fareis	distinção	de	pessoas	em	vossos	julgamentos.	
Ouvireis	o	pequeno	como	o	grande,	sem	temor	de	ninguém,	
porque	o	juízo	é	de	Deus.	Se	uma	questão	vos	parecer	
muito	complicada,	trá-la-eis	diante	de	mim	para	que	eu	a	
ouça.	(Dt	1,	16-17)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Justiça	
Estabelecerás	juízes	e	notários	em	todas	as	cidades	que	o	
Senhor,	teu	Deus,	te	tiver	dado,	em	cada	uma	das	tribos,	para	
que	julguem	o	povo	com	equidade.	
Não	farás	curvar	a	justiça,	e	não	farás	distinção	de	pessoas;	
não	aceitarás	presentes,	porque	os	presentes	cegam	os	olhos	
do	sábio	e	destroem	a	causa	dos	justos.	
Deves	procurar	unicamente	a	justiça,	para	que	vivas	e	possuas	
a	terra	que	te	dá	o	Senhor,	teu	Deus.	(Dt	16,	18-20)	
Só	haverá	uma	lei	entre	vós	tanto	para	o	estrangeiro	como	
para	o	natural:	porque	eu	sou	o	Senhor	vosso	Deus.	(Dt	24,22)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Provas:		
Não	será	admitida	contra	um	homem	somente	uma	testemunha,	qualquer	
que	seja	o	crime,	falta	ou	delito.	Só	se	tomará	a	coisa	em	consideração	sobre	
o	depoimento	de	duas	ou	três	testemunhas.	
Se	se	apresentar	uma	testemunha	falsa	contra	um	homem,	acusando-o	de	
uma	má	ação,	ambos	os	contendores	comparecerão	diante	do	Senhor,	na	
presença	dos	sacerdotes	e	dos	juízes	que	estiverem	em	exercício	naqueles	
dias.	
Depois	de	uma	cuidadosa	investigação	feita	pelos	juízes,	se	se	verificar	que	se	
trata	de	um	falso	testemunho,	e	que	a	testemunha	fez	contra	o	seu	irmão	
uma	falsa	deposição,	vós	o	tratareis	como	premeditara	tratar	o	seu	irmão.	
Assim,	tirarás	o	mal	do	meio	de	ti	para	que	os	outros,	ao	sabê-lo,	tenham	
medo,	e	não	ousem	mais	cometer	semelhante	falta	no	meio	de	ti.	
Não	terás	compaixão:	vida	por	vida,	olho	por	olho,	dente	por	dente,	mão	por	
mão,	pé	por	pé.		(Dt	19,	15-21).		
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Penas:	
-	Pecuniária	
Se	 alguém	deixar	 uma	 cisterna	 aberta	ou	 cavar	 uma	 sem	cobri-la,	 e	 nela	
cair	 um	 boi	 ou	 um	 jumento,	 o	 proprietário	 da	 cisterna	 pagará	 uma	
indenização.	(Ex	21,	23)		
-	Castigos	corporais		
Se	o	culpado	merecer	ser	açoitado,	o	 juiz	 fá-lo-á	deitar	por	terra	e	o	 fará	
açoitar	 em	 sua	presença	 com	um	número	de	 golpes	proporcional	 ao	 seu	
delito.	(Dt	25,	2)		
-	Morte	
Quem	 blasfemar	 o	 nome	 do	 Senhor	 será	 punido	 de	 morte:	 toda	 a	
assembleia	 o	 apedrejará.	 Quer	 seja	 ele	 estrangeiro	 ou	 natural,	 se	
blasfemar	contra	o	santo	nome,	será	punido	de	morte	(Lv	24,	16)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Casamento:	
-	Impedimento	
Nenhum	de	 vós	 se	 achegará	 àquela	 que	 lhe	 é	 próxima	 por	 sangue,	 para	
descobrir	sua	nudez.	Eu	sou	o	Senhor.(Lv	18,	6).	
-	Dissolução	
Seum	 homem,	 tendo	 escolhido	 uma	mulher,	 casar-se	 com	 ela,	 e	 vier	 a	
odiá-la	 por	 descobrir	 nela	 qualquer	 coisa	 inconveniente,	 escreverá	 uma	
letra	de	divórcio,	lha	entregará	na	mão	e	a	despedirá	de	sua	casa.	(Dt	24,	1)	
-	Levirato		
Se	alguns	irmãos	habitarem	juntos,	e	um	deles	morrer	sem	deixar	filhos,	a	
mulher	 do	 defunto	 não	 se	 casará	 fora	 com	um	estranho:	 seu	 cunhado	 a	
desposará	e	se	aproximará	dela,	observando	o	costume	do	levirato.	
Ao	primeiro	 filho	que	ela	 tiver	se	porá	o	nome	do	 irmão	morto,	a	 fim	de	
que	o	seu	nome	não	se	extinga	em	Israel	(Dt	25,	5-6)	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Sucessão:	
Mas	reconhecerá	por	primogênito	o	filho	da	mulher	desprezada,	
e	 dar-lhe-á	 uma	 porção	 dupla	 de	 todos	 os	 seus	 bens,	 porque	
esse	filho	é	o	primeiro	fruto	de	seu	vigor,	é	a	ele	que	pertence	o	
direito	de	primogenitura.	(Dt	21,	17).	
Dirás	 aos	 israelitas:	 se	 um	homem	morrer	 sem	deixar	 filhos,	 a	
herança	 passara	 à	 sua	 filha;	 se	 não	 tiver	 filhas,	 será	 dada	 aos	
seus	irmãos.	Se	não	tiver	irmãos,	a	herança	passará	aos	irmãos	
de	 seu	 pai,	 e	 se	 seu	 pai	 não	 tiver	 irmãos,	 será	 dada	 ao	 seu	
parente	mais	próximo	em	sua	família,	e	este	último	tornar-se-á	
seu	possessor.	(Nm	27,	8-11)	
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Hebreu 
Obrigações:	
Não	exigirás	 juro	algum	de	 teu	 irmão,	quer	 se	 trate	de	dinheiro,	quer	de	
gêneros	alimentícios,	ou	do	que	quer	que	seja	que	se	empreste	a	juros.	
Poderás	exigi-lo	do	estrangeiro,	mas	não	de	teu	irmão,	para	que	o	Senhor,	
teu	Deus,	te	abençoe	em	todas	as	tuas	empresas	na	terra	em	que	entrarás	
para	possuí-la.	(Dt	23,	19-20)	
Não	prejudicarás	o	assalariado	pobre	e	necessitado,	quer	seja	um	de	teus	
irmãos,	quer	seja	um	estrangeiro	que	mora	numa	das	cidades	de	tua	terra.	
Dar-lhe-ás	 o	 seu	 salário	 no	 mesmo	 dia,	 antes	 do	 pôr-do-sol,	 porque	 é	
pobre	e	espera	impacientemente	a	sua	paga.	Do	contrário	clamaria	contra	
ti	ao	Senhor,	e	serias	culpado	de	um	pecado.	(Dt	24,	14-15).		
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	
- Enéias e os troianos: 
Canto os combates e o herói que, por primeiro, fugindo do 
destino, veio das plagas de Tróia para a Itália e para as 
praias de Lavínio. Longo tempo foi o joguete, sobre a terra 
e sobre o mar, do poder dos deuses superiores, por causa 
da ira da cruel Juno; durante muito tempo, também, sofreu 
os males da guerra, antes de fundar uma cidade e de 
transportar seus deuses para o Lácio: daí surgiu a raça 
latina e os pais albanos e as muralhas da soberba Roma. 
Eneida – Virgílio. 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	Enéias e os troianos: 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	
- Rômulo e Remo: 
A tradição sustenta que, quando o nível da água baixou e 
depositou no solo seco a cestinha que haviam sido 
colocados os meninos, uma loba que tinha saído dos 
montes circundantes para acalmar a sede, volveu seus 
passos para os gemidos infantis, se abaixou e a eles 
ofereceu suas tetas. 
História de Roma desde a sua fundação – Tito Lívio. 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	Rômulo e Remo 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	
- O rapto das sabinas: 
Porém, Rômulo as visitava pessoalmente e as fazia ver 
que o ocorrido se devia ao orgulho de seus pais que 
haviam negado aos vizinhos a celebração dos 
matrimônios; que elas iriam ser suas esposas, iam 
partilhar seus bens, sua cidadania e o que há de mais 
querido pelo gênero humano: seus filhos. 
História de Roma desde a sua fundação – Tito Lívio. 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	suas	lendas:	o rapto das sabinas 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Criação	de	Roma	e	sua	história	oficial:	
Decorreu da união das tribos locais, sob um único líder, 
sendo posteriormente, dominados pelos etruscos. 
Com a expulsão do último rei etrusco, inicia-se a república 
romana, coincidindo a narrativa lendária com a histórica. 
Dividiu-se, territorialmente, em Império Romano do 
Ocidente (até 476 d. C) e Oriente (até 1.453 d. C) 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Sociedade:	
Na	origem,	agrupavam-se	sob	as	seguintes	denominações:	
Gens: agrupamento de famílias com caráter político, situado num 
território, tendo chefe, instituições e costumes próprios, assembleia 
e regras de conduta. Seus membros denominavam-se gentiles e 
julgavam descender de um antepassado comum, lendário e 
imemorável, do qual recebiam o nome gentílico, sendo que esse 
nome comum os vinculava. Após, tornaram-se o patriciado. 
Clientela: composta por indivíduos ou famílias que sujeitavam-se ou 
eram reduzidos à condição de dependência de uma gens, obtendo 
desta proteção. 
Plebe: de origem controvertida, constituía em Roma um universo 
particular, sem direitos ou obrigações. 
 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Traços	característicos):	
- o positivismo, identificado com o pragmatismo que permeava o 
sistema jurídico romano, com base em sua condição agnóstica; sua 
inspiração mercantilista, em face da importância do aspecto 
econômico neste; e pela importância atribuída à expressão da 
vontade, com a obrigatoriedade da apresentação desta através de 
atos inequívocos; 
- o conservantismo, que não significa a cristalização das 
instituições romanas, mas a capacidade dos romanos em fazer com 
que as inovações se integrassem à cadeia das instituições 
existentes, com extrema habilidade “colocando vinho novo em odres 
velhos”; 
- o individualismo, que considera o indivíduo a figura central da 
ordem jurídica, em detrimento de uma possível atribuição de 
supremacia a um “caráter social do direito”, modernamente 
existente, que os romanos desconheciam. 
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Pessoas):	
- Nem todo ser humano poderia ser considerado pessoa em Roma. Para 
tanto, deveria nascer com vida e ter forma humana, além de outros 
requisitos relativos a sua personalidade jurídica. Os romanos, não tendo 
um termo para designá-la, chamavam de persona, que era o termo 
utilizado para identificar as máscaras utilizadas no teatro. 
- Personalidade jurídica é a aptidão para adquirir direitos e contrair 
obrigações. Capacidade jurídica é o limite desta aptidão. Personalidade é 
uma condição absoluta (tem ou não tem), já a capacidade é relativa (pode 
ter mais ou menos). Em Roma, a capacidade era considerada por conta do 
estado relativo à liberdade, cidadania e família. 
- Classificavam-se as pessoas em físicas ou naturais e jurídicas ou morais. 
As primeiras correspondiam àqueles que poderiam ser titular de direitos e 
obrigações e as últimas, também chamadas de fictícias ou civis, eram 
agrupamentos de pessoas a que os romanos conferiam personalidade, 
considerando-as sujeitos de direito 
Pessoa	física	ou	natural	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	1º	Toda	pessoa	é	capaz	de	direitos	e	deveres	na	ordem	civil.	
Art.	2º	A	personalidade	civil	da	pessoa	começa	do	nascimento	com	vida;	mas	a	lei	põe	a	salvo,	desde	a	
concepção,	os	direitos	do	nascituro.	
Art.	3º	 	São	absolutamente	incapazes	de	exercer	pessoalmente	os	atos	da	vida	civil	os	menores	de	16	
(dezesseis)	anos.		
Art.	4º		São	incapazes,	relativamente	a	certos	atos	ou	à	maneira	de	os	exercer:		
I	-	os	maiores	de	dezesseis	e	menores	de	dezoito	anos;	
II	-	os	ébrios	habituais	e	os	viciados	em	tóxico;		
III	-	aqueles	que,	por	causa	transitória	ou	permanente,	não	puderem	exprimir	sua	vontade;	
IV	-	os	pródigos.	
Parágrafo	único.		A	capacidade	dos	indígenasserá	regulada	por	legislação	especial.		
Art.	5º	A	menoridade	cessa	aos	dezoito	anos	completos,	quando	a	pessoa	fica	habilitada	à	prática	de	
todos	os	atos	da	vida	civil.	
Parágrafo	único.	Cessará,	para	os	menores,	a	incapacidade:	
I	 -	 pela	 concessão	 dos	 pais,	 ou	 de	 um	 deles	 na	 falta	 do	 outro,	 mediante	 instrumento	 público,	
independentemente	de	homologação	judicial,	ou	por	sentença	do	juiz,	ouvido	o	tutor,	se	o	menor	tiver	
dezesseis	anos	completos;	
II	-	pelo	casamento;	
III	-	pelo	exercício	de	emprego	público	efetivo;	
IV	-	pela	colação	de	grau	em	curso	de	ensino	superior;	
V	-	pelo	estabelecimento	civil	ou	comercial,	ou	pela	existência	de	relação	de	emprego,	desde	que,	em	
função	deles,	o	menor	com	dezesseis	anos	completos	tenha	economia	própria.	
Pessoa	jurídica	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	40.	As	pessoas	jurídicas	são	de	direito	público,	interno	ou	externo,	e	de	direito	privado.	
Art.	41.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	público	interno:	
I	-	a	União;	
II	-	os	Estados,	o	Distrito	Federal	e	os	Territórios;	
III	-	os	Municípios;	
IV	-	as	autarquias,	inclusive	as	associações	públicas;		
V	-	as	demais	entidades	de	caráter	público	criadas	por	lei.	
Parágrafo	único.	Salvo	disposição	em	contrário,	as	pessoas	jurídicas	de	direito	público,	a	que	se	tenha	
dado	 estrutura	 de	 direito	 privado,	 regem-se,	 no	 que	 couber,	 quanto	 ao	 seu	 funcionamento,	 pelas	
normas	deste	Código.	
Art.	42.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	público	externo	os	Estados	estrangeiros	e	todas	as	pessoas	que	
forem	regidas	pelo	direito	internacional	público.	
Art.	43.	As	pessoas	 jurídicas	de	direito	público	 interno	são	civilmente	 responsáveis	por	atos	dos	 seus	
agentes	 que	 nessa	 qualidade	 causem	 danos	 a	 terceiros,	 ressalvado	 direito	 regressivo	 contra	 os	
causadores	do	dano,	se	houver,	por	parte	destes,	culpa	ou	dolo.	
Art.	44.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	privado:	
I	-	as	associações;	
II	-	as	sociedades;	
III	-	as	fundações.	
IV	-	as	organizações	religiosas;		
V	-	os	partidos	políticos;	
VI	–	as	empresas	individuais	de	responsabilidade	limitada.	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Pessoas):	
- Parentesco: vínculo que unia os membros da familia proprio iure (sentido 
estrito). Relevante para questões sucessórias e impedimentos 
matrimoniais. 
Espécies: agnatício (agnatio), que era transmitido pela religião e, por 
consequência, pelos homens; cognatício (cognatio), que se propagava 
pelo sangue; afinidade (adfinitas), que se estabelece entre um dos 
cônjuges e os cognados do outro em razão do matrimônio, extinguindo-se 
ao final deste (limitado aos ascendentes, descendentes e irmãos do 
cônjuge ou companheiro – art. 1.595, § 1º/CC; não se extingue na linha 
reta mesmo com o término do vínculo ou união estável – art. 1.595, § 2º/
CC). 
Contagem: Linha pode ser reta ou colateral (esta até 4º grau – art. 1.592/
CC). No primeiro caso, refere-se às pessoas que descendem umas das 
outras; no segundo, essas pessoas descendem de um antepassado 
comum. Já grau corresponde à distância entre cada geração. 
Parentesco	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	1.591.	 São	parentes	em	 linha	 reta	as	pessoas	que	estão	umas	para	 com	as	outras	na	 relação	de	
ascendentes	e	descendentes.	
Art.	1.592.	São	parentes	em	linha	colateral	ou	transversal,	até	o	quarto	grau,	as	pessoas	provenientes	
de	um	só	tronco,	sem	descenderem	uma	da	outra.	
Art.	1.593.	O	parentesco	é	natural	ou	civil,	conforme	resulte	de	consangüinidade	ou	outra	origem.	
Art.	1.594.	Contam-se,	na	linha	reta,	os	graus	de	parentesco	pelo	número	de	gerações,	e,	na	colateral,	
também	pelo	número	delas,	subindo	de	um	dos	parentes	até	ao	ascendente	comum,	e	descendo	até	
encontrar	o	outro	parente.	
Art.	1.595.	Cada	cônjuge	ou	companheiro	é	aliado	aos	parentes	do	outro	pelo	vínculo	da	afinidade.	
§	1o	O	parentesco	por	afinidade	limita-se	aos	ascendentes,	aos	descendentes	e	aos	irmãos	do	cônjuge	
ou	companheiro.	
§	2o	Na	linha	reta,	a	afinidade	não	se	extingue	com	a	dissolução	do	casamento	ou	da	união	estável.	
Ex.:		
Consanguíneos:	 pai/mãe	–	 parente	 em	1º.	 grau,	 linha	 reta;	 avô/ó	–	 parente	 em	2º.	 grau,	 linha	 reta;	
irmã/o	-	parente	em	2º.	grau,	linha	colateral;	prima/o	(filha/o	do	tio,	também	conhecido	como	primo-
irmão)	-	parente	em	4º.	grau,	linha	colateral;		
Afinidade:	sogro	-	parente	em	1º.	grau,	linha	reta;	cunhado	-	parente	em	2º.	grau,	linha	colateral;		
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Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Coisas):	
- Res (coisa): aquilo	que	pode	ser	objeto	de	direito	subjetivo	patrimonial. 
Espécies (direito real): de propriedade	(do	titular)	e	os	direitos	reais	sobre	
coisa	alheia	(iura	in	re	aliena).	Em	relação	a	estes,	costumam	classificar-se	
em	gozo	(enfiteuse,	superfícies,	servidões	prediais,	usufruto	e	uso)	e	os	de	
garantia	(penhor	e	hipoteca).		
Poderes	 do	 proprietário:	 (ius	 utendi,	 fruendi	 e	 abutendi	 -	 usar,	 utilizar	
frutos	da	coisa	e	destruí-la	quando	lhe	aprouvesse).		
Elementos	da	posse:	Corpus:	poder	 físico	sobre	a	coisa.	Animus:	 intenção	
de	deter	a	coisa.		
O	proprietário	 tem	o	animus	e	o	corpus,	quando	a	 coisa	 se	 acha	em	 seu	
poder,	mas	tem	apenas	o	animus	e	não	o	corpus,	quando	a	coisa	se	acha	
em	 poder	 de	 terceiros,	 legalmente	 (depositário)	 ou	 ilegalmente	 (ladrão).	
Tal	 situação	não	determina	a	perda	da	propriedade,	eis	que	o	animus	do	
proprietário	é	protegido	pelo	direito.	
Propriedade/posse	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	1.196.	Considera-se	possuidor	todo	aquele	que	tem	de	fato	o	exercício,	pleno	ou	não,	de	algum	dos	
poderes	inerentes	à	propriedade.	
Art.	 1.204.	 Adquire-se	 a	 posse	 desde	 o	 momento	 em	 que	 se	 torna	 possível	 o	 exercício,	 em	 nome	
próprio,	de	qualquer	dos	poderes	inerentes	à	propriedade.	
Art.	1.228.	O	proprietário	tem	a	faculdade	de	usar,	gozar	e	dispor	da	coisa,	e	o	direito	de	reavê-la	do	
poder	de	quem	quer	que	injustamente	a	possua	ou	detenha.	
Art.	1.238.	Aquele	que,	por	quinze	anos,	sem	interrupção,	nem	oposição,	possuir	como	seu	um	imóvel,	
adquire-lhe	a	propriedade,	independentemente	de	título	e	boa-fé;	podendo	requerer	ao	juiz	que	assim	
o	declare	por	sentença,	a	qual	servirá	de	título	para	o	registro	no	Cartório	de	Registro	de	Imóveis.	
Parágrafo	 único.	 O	 prazo	 estabelecido	 neste	 artigo	 reduzir-se-á	 a	 dez	 anos	 se	 o	 possuidor	 houver	
estabelecido	 no	 imóvel	 a	 sua	 moradia	 habitual,	 ou	 nele	 realizado	 obras	 ou	 serviços	 de	 caráter	
produtivo.	
Art.	1.239.	Aquele	que,	não	sendo	proprietário	de	imóvel	rural	ou	urbano,	possua	como	sua,	por	cinco	
anos	 ininterruptos,	 sem	 oposição,	 área	 de	 terra	 em	 zona	 rural	 não	 superior	 a	 cinqüenta	 hectares,	
tornando-a	 produtiva	 por	 seu	 trabalho	 ou	 de	 sua	 família,	 tendo	 nela	 sua	 moradia,	 adquirir-lhe-á	 a	
propriedade.	
Art.	1.240.	Aquele	que	possuir,	como	sua,	área	urbana	de	até	duzentos	e	cinqüenta	metros	quadrados,	
por	 cinco	 anos	 ininterruptamente	 e	 sem	 oposição,	 utilizando-a	 para	 sua	moradia	 ou	 de	 sua	 família,	
adquirir-lhe-á	o	domínio,	desde	que	não	seja	proprietário	de	outro	imóvel	urbano	ou	rural.	
Propriedade/posse	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	 1.240-A.	Aquele	 que	 exercer,	 por	 2	 (dois)	 anos	 ininterruptamente	 e	 sem	oposição,	 posse	direta,	
com	exclusividade,	sobre	 imóvel	urbano	de	até	250m²	(duzentos	e	cinquenta	metros	quadrados)	cuja	
propriedade	 divida	 com	 ex-cônjuge	 ou	 ex-companheiro	 que	 abandonou	 o	 lar,	 utilizando-o	 para	 sua	
moradia	ou	de	sua	família,	adquirir-lhe-á	o	domínio	integral,	desde	que	não	seja	proprietário	de	outro	
imóvel	urbano	ou	rural.	(Incluído	pela	Lei	nº	12.424,	de	2011)	
Art.	 1.241.	 Poderá	 o	 possuidor	 requerer	 ao	 juiz	 seja	 declarada	 adquirida,	 mediante	 usucapião,	 a	
propriedade	imóvel.	
Art.	1.242.	Adquire	também	a	propriedade	do	imóvel	aqueleque,	contínua	e	incontestadamente,	com	
justo	título	e	boa-fé,	o	possuir	por	dez	anos.	
Art.	 1.243.	 O	 possuidor	 pode,	 para	 o	 fim	 de	 contar	 o	 tempo	 exigido	 pelos	 artigos	 antecedentes,	
acrescentar	 à	 sua	 posse	 a	 dos	 seus	 antecessores	 (art.	 1.207),	 contanto	 que	 todas	 sejam	 contínuas,	
pacíficas	e,	nos	casos	do	art.	1.242,	com	justo	título	e	de	boa-fé.	
Art.	1.245.	Transfere-se	entre	vivos	a	propriedade	mediante	o	registro	do	título	translativo	no	Registro	
de	Imóveis.	
§	1o	Enquanto	não	 se	 registrar	o	 título	 translativo,	o	 alienante	 continua	a	 ser	havido	 como	dono	do	
imóvel.	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Obrigações):	
- Obligatio (obrigação): relação	 jurídica	 obrigacional	 pela	 qual	 uma	
pessoa	deve	realizar	uma	prestação	de	conteúdo	econômico	em	favor	de	
outra.		
Elementos: 
a)	os	sujeitos	ativo	(creditor)	e	passivo	(debitor),	sendo	que	o	primeiro	tem	
o	direito	de	exigir	do	segundo	a	prestação,	objeto	da	obrigação;	
b)	o	vínculo	existente	entre	eles,	que	no	início	constitui-se	em	relação	
material	(respondendo	o	devedor	com	seu	corpo),		e,	posteriormente,	em	
imaterial	(vínculo	jurídico),	passando	o	devedor	a	responder	com	seu	
patrimônio	pela	obrigação;	
c)	o	objeto	da	relação	jurídica,		a	prestação,	que	tem	por	conteúdo,	
segundo	as	fontes	romanas,	dare,	facere	e	praestare	(dar,	fazer	e	prestar,	
incluindo-se	no	facere,	também	o	non	facere).			
Contratos	(Código	Civil	–	Lei	10.406/02):		
Art.	166.	É	nulo	o	negócio	jurídico	quando:	
I	-	celebrado	por	pessoa	absolutamente	incapaz;	
II	-	for	ilícito,	impossível	ou	indeterminável	o	seu	objeto;	
III	-	o	motivo	determinante,	comum	a	ambas	as	partes,	for	ilícito;	
IV	-	não	revestir	a	forma	prescrita	em	lei;	
V	-	for	preterida	alguma	solenidade	que	a	lei	considere	essencial	para	a	sua	validade;	
VI	-	tiver	por	objetivo	fraudar	lei	imperativa;	
VII	-	a	lei	taxativamente	o	declarar	nulo,	ou	proibir-lhe	a	prática,	sem	cominar	sanção.	
Art.	421.	A	liberdade	de	contratar	será	exercida	em	razão	e	nos	limites	da	função	social	do	contrato.	
Art.	 422.	 Os	 contratantes	 são	 obrigados	 a	 guardar,	 assim	 na	 conclusão	 do	 contrato,	 como	 em	 sua	
execução,	os	princípios	de	probidade	e	boa-fé.	
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Tutela	dos	direitos	subjetivos):	
Passada	a	fase	em	que	o	cidadão	fazia	valer	o	próprio	direito	(exercício	das	
próprias	 razões)	 contra	 o	 seu	 ofensor,	 as	 pretensões	 eram	 buscadas	
perante	o	magistrado	através	de	ações	distintas	por	ele	instituídas:		
-	actio	in	rem	(coisa):	tendo	em	vista	a	condição	absoluta	que	caracteriza	o	
direito	de	propriedade,	o	autor	manifestava	a	titularidade	de	seu	direito	e	
o	afirmava	contra	todos	(erga	omnes),	muito	embora	tal	ação	se	dirigisse	à	
pessoa	que	de	alguma	maneira	obstava	o	exercício	desse	direito;		
-	actio	in	personam	(pessoal):	dirigida	contra	aquele	que	deve	determinada	
obrigação	ao	autor.		
Posteriormente,	de	forma	paulatina,	foram	criadas	outras	ações	vinculadas	
a	sistemas	processuais	a	seguir	relacionados.	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Tutela	dos	direitos	subjetivos):	
Sistemas	de	processo	civil:	
	
Legis	actiones	(ações	da	lei):	
Utilizado	 no	 período	 pré-clássico,	 caracterizava-se,	 principalmente,	 pelo	
formalismo	 rígido	 e	 pela	 oralidade	 do	 processo.	 Desenrolava-se	 perante	
um	magistrado	 competente,	 que	 instalava	 o	 contraditório	 e	 tinha	 trinta	
dias	 para	 nomear	 um	 juiz	 popular	 (iudex),	 a	 não	 ser	 que	 o	 réu	 não	
opusesse	 resistência	 à	 pretensão	 do	 autor,	 confessando	 o	 alegado	 ou	
defendendo-se	deficientemente.	Três	dias	após	a	nomeação,	deveriam	as	
partes	comparecer	perante	o	iudex,	ali	produzindo	as	suas	provas,	após	as	
quais	o	mesmo	prolatava	sua	sentença,	que	era	irrecorrível.		
	
	
	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Tutela	dos	direitos	subjetivos):	
Sistemas	de	processo	civil:	
	
Per	formulas	(formulário):		
Distingue-se	do	sistema	anterior	pela	menor	formalidade,	maior	celeridade	
(não	havia	o	prazo	de	trinta	dias	para	nomeação	do	iudex),	maior	participação	
dos	litigantes	e	do	magistrado	e	processo	parcialmente	escrito,	com	a	criação	
da	fórmula	que	era	um	esquema	abstrato	utilizado	como	modelo	para	ser	
adaptado	a	cada	caso	concreto.	Quando	tal	modelo	fosse	aplicado	ao	caso	
concreto	recebia	o	nome	de	iudicium.	
A	fórmula	estava	estruturada,	basicamente,	em	três	partes:		
a)	Demonstratio,	que	ficava	localizada	no	início,	precisando	a	causa	da	ação;	
b)	Intentio,	considerada	a	mais	importante,	por	conter	a	pretensão;	e		
c)	Comdemnatio	(condenação)	ou	adiudicatio	(adjudicação).	
Sistemas jurídicos da antiguidade 
Direito Romano 
Aspectos	destacados	(Tutela	dos	direitos	subjetivos):	
Sistemas	de	processo	civil:	
	
Cognitio	extraordinaria	(extraordinário):		
Diferencia-se	dos	anteriores,	especialmente,	pelo	fim	da	bipartição	na	
jurisdição,	com	a	centralização	da	autoridade	em	único	magistrado,	a	
extinção	da	fórmula,	cabimento	de	recurso	da	sentença	que	também	tem	
a	execução	dirigida	pelo	juiz.		
A	citação	privada	deixa	de	existir,	eis	que	os	magistrados,	revestidos	do	
poder	de	império,	poderiam	determinar	a	presença	do	acusado	ou	a	
condução	deste	ao	tribunal,	inclusive	encaminhando	a	solicitação	por	
carta	a	outros	magistrados	quando	residindo	em	área	territorial	diversa.	
A	oralidade	diminui,	predominando	o	processo	escrito,	com	o	pagamento	
pelos	atos	processuais	aos	agentes	do	processo.	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
Após	 a	 queda	 do	 Império	 Romano	 do	 Ocidente	 (476	 d.	 C.),	 seus	
domínios	territoriais	foram	ocupados	por	tribos	germânicas,	que	com	o	
passar	 do	 tempo	 procuram	 retornar	 à	 unificação	 originária,	 iniciativa	
que	se	demonstrava	fracassada	à	medida	em	que	o	regime	feudal	ia	se	
instalando,	demandando	uma	redução	do	poder	do	rei	em	relação	aos	
senhores	 feudais,	 prejudicando	 com	 isso	 a	 tentativa	 de	 centralização	
do	poder.	
Por	 todo	o	 período	que	 se	 estende	 até	 o	 fim	da	 chamada	Alta	 Idade	
Média	(1100	d.	C.),	visualiza-se	o	entrelaçamento	entre	as	culturas	dos	
germânicos	e	dos	romanos,	formando-se	um	novo	modelo	social,	com	
um	sistema	 jurídico	ainda	 indefinido,	prevalecendo	essencialmente	as	
normas	do	regime	feudal.	
A	 legislação	 escrita	 praticamente	 desapareceu,	 sendo	 o	 costume	 a	
fonte	 usual	 e	 algumas	 compilações	 realizadas	 pelos	 reis	 germânicos	
chamadas	de	direito	romano	vulgar.	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
As	dificuldades	eram	muitas,	a	começar	pela	inexistência	de	juízes	profissionais,	
sendo	 os	 julgamentos	 presididos	 por	 julgadores	 sem	 qualquer	 qualificação	
jurídica,	 situação	 um	 pouco	 minorada	 na	 época	 carolíngia	 com	 a	 criação	 dos	
escabinos,	que	eram	juízes	permanentes	para	atuação	nas	jurisdições	reais.	
Todavia,	 ao	 lado	 destas,	 predominavam	 os	 juízos	 senhoriais	 que	 funcionavam	
nos	domínios	do	senhor	feudal,	sob	a	presidência	deste.	Nestes,	o	processo	tinha	
como	base	 a	 oralidade,	 com	a	 ausência	 de	 registros	 e	 a	 quase	 inexistência	 de	
prova	escrita.	
Sob	 a	 influência	 dos	 costumes	 germânicos,	 recorria-se	 a	 toda	 sorte	 de	 provas	
irracionais,	como	a	intervenção	divina,	popularizada	sob	sua	forma	mais	comum	
que	era	o	duelo	judicial,	representando	na	verdade,	a	real	condição	do	processo,	
que	era	de	disputa	entre	as	partes.		
Oportuno	 destacar,	 porém,	 que	 sobre	 essa	 realidade	 pairava	 absoluta	 a	 Igreja	
Católica	 Romana,	 como	 a	 representação	 de	 um	 império	 romano	 não	 mais	
existente.	Essa	supremacia	da	Igreja	nas	relações	também	ficou	clara	no	âmbito	
jurídico,	 	 à	medida	em	que	desde	o	 início,	 foi	 responsável	 pela	 fixação	de	um	
conceitode	 direito	 e	 pela	manutenção	 das	 instituições	 do	 direito	 romano,	 no	
âmbito	do	direito	canônico.	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
Tal	 situação	 prolongou-se	 até	 o	 século	 XII,	 quando	 a	 alteração	 do	
regime	sócio-econômico,	com	a	redução	de	influência	do	regime	feudal	
e	 o	 aumento	 na	 urbanização,	 decorrentes	 das	 modificações	
econômicas,	acabaram	produzindo	efeitos	no	panorama	jurídico.	
Dentre	 outros	 fatos	 relevantes,	 cabe	 destacar	 o	 surgimento	 e	 a	
multiplicação	 das	 universidades	 pela	 Europa,	 que	 constituíram-se	 nas	
principais	responsáveis	pelo	renascimento	do	direito	romano.	
Muito	 embora	 o	 estudo	 do	 direito	 romano	 não	 tenha	 desaparecido	
completamente	da	 Itália	 nos	 séculos	 precedentes,	 diferentemente	de	
outras	 regiões	 européias,	 o	 renascimento	 diz	 respeito	 a	 uma	 nova	
forma	 de	 ensino	 e	 estudo	 implementada	 pelos	 professores	 da	
Universidade	de	Bolonha,	no	século	XII,	diferente	da	tradicionalmente	
empregada	que	dividias	as	matérias	em	 trivium	 (gramática,	 retórica	e	
dialética)	 e	 quatrivium	 (aritmética,	 geometria,	 música	 e	 astronomia),	
chamadas	 de	 artes	 liberais.	 Neste	 caso,	 o	 direito	 era	 estudado	 na	
retórica	e	dialética.	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
O	trabalho	desses	juristas,	com	base	em	estudos	do	Corpus	Iuris,	revestia-
se	de	grande	interesse	em	face	da	utilização	do	direito	romano	com	fonte	
subsidiária	dos	sistemas	jurídicos	existentes	na	Itália.	
A	glosa	(do	grego	palavra,	voz)	é	na	origem	uma	breve	explicação	de	uma	
palavra	difícil;	era	de	uso	corrente	no	ensino	de	gramática	no	Trivium.	Os	
juristas	elasteceram	estas	explicações	para	 interpretação	de	 frases	e	até	
textos	 completos.	 As	 glosas,	 inicialmente	 curtas,	 escritas	 entre	 as	 linhas	
(interlineares)	 ou	 à	 margem	 do	 texto	 (marginais),	 evoluíram	 para	
comentários	do	texto	(apparatus).		
Os	 glosadores,	 assim	 denominados	 pelo	 seu	 método	 de	 estudo,	
escreveram	comentários	acerca	do	direito	romano	e	analisaram	questões	
controvertidas	 do	 texto,	 todavia	 o	 conjunto	 de	 sua	 obra	 manteve	 uma	
linha	essencialmente	exegética,	eis	que	consideravam	o	Corpus	como	a	lei	
revelada	 e	 não	 como	uma	 lei	 de	 uma	nação	determinada.	 Contribuíram	
para	 o	 desenvolvimento	 de	 uma	 ciência	 do	 direito,	 cujo	 ensino	 é	
assegurado	 em	 escolas	 (mais	 tarde	 chamadas	 de	 faculdades)	
exclusivamente	reservadas	aos	estudos	jurídicos.	
Exemplo	de	uma	glosa	marginal	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
Aos	 glosadores,	 sucederam	 os	 comentadores,	 também	 chamados	 pós-
glosadores,	 que	 prevaleceram	 nos	 séculos	 XIV	 e	 XV.	 Não	 havia	 entre	 estes	
oposição	 por	 assim	 dizer,	 mas	 uma	 diferença	 na	 ótica	 de	 análise	 do	 direito	
romano.	Os	primeiros	buscaram	o	conhecimento	do	direito	romano	através	do	
estudo	 do	 Corpus.	 Feito	 isto,	 os	 últimos	 convergiram	 para	 buscar	 a	 aplicação	
prática	do	direito	romano,	adaptando-o	às	necessidades	de	sua	época	através	da	
fusão	 de	 suas	 normas	 com	 as	 normas	 de	 direito	 canônico	 e	 direitos	 locais,	
fazendo	surgir	o	que	se	chamou	de	direito	comum.	
A	Escola	Humanista,	no	século	XVI,	trouxe	uma	contribuição	muito	grande	para	a	
ampliação	 e	 aprofundamento	 dos	 estudos	 sobre	 o	 direito	 e	 o	mundo	 antigos,	
com	 o	 emprego	 do	 método	 histórico	 ao	 lado	 do	 filológico,	 corrigindo	
interpretações	 anacrônicas	 dos	 textos	 efetuadas	 pelas	 escolas	 anteriores,	 em	
face	de	sua	falta	de	discernimento.	
Zelando	 pela	 pureza	 do	 direito	 romano	 e	 do	 latim,	 rejeitaram	 todas	 as	
adaptações	 feitas	 pelos	 comentadores,	 alegando	que	 corrompiam	a	pureza	do	
direito	romano,	bem	como	as	novas	expressões	e	termos	por	eles	introduzidos.		
A	 conseqüência	 disso	 foi	 a	 destruição	 da	 autoridade	 absoluta	 que	 o	 direito	
romano	gozava	até	então	sobre	o	direito	moderno,	e	a	conversão	do	 latim	em	
uma	língua	meramente	acadêmica.	
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
Até	o	 fim	do	 século	XVIII,	 só	o	direito	 romano	é	ensinado	ao	 lado	do	
direito	 canônico,	 sempre	 em	 latim.	 Embora	 as	 primeiras	 cátedras	 de	
direito	 moderno	 apareçam	 no	 século	 XVII,	 somente	 suplantarão	 o	
direito	romano	no	começo	do	século	XIX.	
A	 universidade,	 durante	 todo	 esse	 período,	 constituiu-se	 na	 base	
comum	de	 formação	dos	advogados.	O	ensino	era	em	 latim,	as	obras	
básicas	 eram	 as	 mesmas	 e	 as	 qualificações	 eram	 reconhecidas	 em	
todos	os	países.		
O	caráter	eclesiástico	das	universidades	medievais	fica	evidente	desde	
sua	 criação	 (através	 de	 uma	bula	 papal),	 sua	 direção	 (atribuída	 a	 um	
clérigo)	e	seus	estudantes	(normalmente,	pertencentes	ao	clero).		
Os	 cursos	 eram	 normalmente	 acessíveis	 somente	 à	 nobreza	 ou	 alta	
burguesia	ante	os	 requisitos	 teóricos	 (domínio	do	 latim)	e	 financeiros	
(longa	 duração	 dos	 cursos,	 que	 normalmente	 ultrapassavam	 os	 sete	
anos	e	deslocamento	para	as	universidades,	normalmente	distantes).		
Período Medieval e o renascimento do Direito Romano 
Posteriormente,	 sua	 importância	 decaiu	 a	 tal	 ponto,	 à	 exceção	 da	 Alemanha,	
que	muitas	fecharam	pela	falta	de	alunos.		
Na	 França,	 por	 volta	 do	 século	 XVIII,	 encontrava-se	 em	 um	 declínio	 tão	
acentuado,	 que	 foi,	 inclusive,	 suprimida	na	 época	da	Revolução	 Francesa,	 sem	
que	isto	constituísse	grande	surpresa,	tendo-se	em	conta	o	sistema	de	avaliação	
dos	candidatos	e	concessão	de	diplomas.	
Sobre	este	último	fato,	Caenegem	conta	uma	anedota	da	universidade	de	Pont-
à-Mousson	que	ilustra	tal	fato,	afirmando	que	se	os	professores	não	tinham	rigor	
no	ensino,	pelo	menos	tinham	senso	de	 ironia:	“Um	candidato	que	adquirira	o	
diploma	de	bacharel	 em	direito	quis	 comprar	um	 também	para	 seu	 cavalo;	 ao	
que	a	Faculdade	respondeu	que	‘podia	conceder	diplomas	a	burros,	mas	não	a	
cavalos’”.	
Apesar	disso,	a	proliferação	do	estudo	e	aplicação	do	direito	romano	na	Europa	
já	 estava	 consolidada,	 influenciando,	 salvo	 algumas	 exceções,	 as	 codificações	
nacionais	que	surgiriam	a	partir	de	então.	Sua	qualidade	teórica	foi	reconhecida	
e	 utilizada,	 conforme	 se	 pode	 perceber	 da	 análise	 desses	 documentos	
legislativos,	especialmente	no	Código	de	Napoleão	.		
		
Codificação 
A	 idéia	 de	 reunião,	 em	 um	 único	 documento,	 de	 toda	 a	 legislação	
existente	 em	 uma	 Nação	 ou	 Estado	 não	 é	 nova,	 tendo	 sido	 tentada	
desde	os	códex	de	Teodósio	e	Justiniano.	Já	na	Idade	Média,	tal	termo	
código	 somente	 é	 utilizado	 para	 referir	 as	 codificações	 romanas,	
existindo	 outras	 compilações	 de	 direito	 que	 correspondem	 à	mesma	
idéia,	mas	que	recebem	designações	diferentes.	
Com	 relação	 à	 França,	 desde	 a	 Assembléia	 Nacional	 Constituinte	
(1790),	buscava-se	a	elaboração	de	um	Código	Civil	único	para	todo	o	
reino,	 que	 pudesse	 ser	 conhecido	 e	 compreendido	 por	 todos,	 e,	 em	
decorrência,	 extintos	 os	 tribunais	 e	 o	 exercício	 da	 advocacia,	 porque,	
em	 sendo	 o	 direito	 de	 todos	 conhecido,	 ninguém	 haveria	 de	
descumpri-lo.	
Pode-se	perceber,	em	face	do	objetivo	buscado,	que	os	revolucionários	
não	conseguiram	elaborar	seu	código,	restando	esta	tarefa	a	Napoleão,	
que	fez	redigir	não	só	o	Código	Civil	(1804),	mas	também	o	de	Processo	
Civil	 (1806),	 o	 Comercial	 (1807),	 o	 de	 Instrução	 Criminal	 (1808)	 e	 o	
Penal	(1810).	
Codificação 
As	opiniões	acerca	da	codificação	do	direito	geraram	uma	série	de	controvérsias,	
sendo	 que	 seus	 defensores	 acabaram	 sendo	 agrupados	 em	 correntes	 de	
pensamento,	denominadas	escolas,	sendo	as	mais	relevantes:	
a)  Exegese.	Principais	características:	
Inversão	 das	 relações	 tradicionais	 entre	 direito	 natural	 e	 direito	 positivo:	
diante	de	toda	tradição	existente	com	relação	ao	direito	natural,os	exegéticos	
não	ousavam	negar	tal	direito,	apenas	afirmavam	que	o	mesmo	não	interessava	
ao	 jurista,	 em	 função	 de	 sua	 difícil	 aplicação	 prática,	 tornando-se	 relevante	
apenas	quando	acolhido	pelo	direito	positivo;	
Concepção	rigidamente	estatal	do	direito:	só	o	Estado	detém	o	monopólio	de	
produção	de	normas	 jurídicas.	O	 intérprete	 deve	 submeter-se	 à	 razão	da	 lei	 e	
não	o	contrário;	
Interpretação	da	lei	fundada	na	intenção	do	legislador:	se	o	único	direito	é	o	do	
Estado,	 claro	 se	 faz	que	a	 interpretação,	quando	não	abstraída	 imediatamente	
do	 texto	 legal	 pelo	 mesmo	 apresentar-se	 obscuro	 ou	 lacunoso,	 é	 fundada	 na	
busca	 da	 intenção	 do	 legislador.	 Todas	 as	 técnicas	 são	 empregadas	 para	
estabelecer	como	se	posicionaria	o	legislador,	se	a	ele	fosse	submetido	tal	caso;	
Codificação 
Culto	ao	texto	da	lei:	sendo	esta	a	única	fonte	do	direito,	nada	mais	restava	ao	
intérprete	senão	usá-la	como	o	princípio	basilar	do	sistema	jurídico,	observando	
o	Código	da	mesma	forma	que	os	católicos	observavam	a	Bíblia;	
Respeito	pelo	princípio	da	autoridade:	em	face	da	vinculação	dos	intérpretes	ao	
texto	 legal	 é	 normal	 que	 as	 análises	 efetuadas	 pelos	 primeiros	 juristas	 fossem	
adotadas	pelos	subseqüentes	vindo	a	alcançar	grande	influência,	sendo	inclusive	
sequer	discutidas,	consideradas	como	dogmas	por	estes.	
b)	Histórica.	Principais	características:	
Individualidade	 e	 variedade	 do	 homem:	 afirma	 que	 não	 há	 um	 direito	 único	
para	 todos	 os	 homens,	 que	 este	 varia	 por	muitos	 fatores,	 especialmente	 pelo	
período	histórico;	
Irracionalidade	das	 forças	históricas:	o	direito	não	é	 fruto	de	uma	avaliação	e	
um	cálculo	racional,	nascendo	diretamente	do	sentimento	de	justiça	do	homem,	
a	despeito	das	soluções	jurídicas	artificiais	criadas	pelo	Estado	moderno;	
Pessimismo	antropológico:	a	 descrença	 no	 homem	e	 no	 seu	 desenvolvimento	
transporta	para	o	 campo	do	direito	a	 idéia	de	manutenção	dos	ordenamentos	
existentes	 e	 desconfiança	 das	 inovações	 jurídicas	 que	 se	 queiram	 impor	 à	
sociedade;	
Codificação 
Amor	pelo	passado:	isto	significou	para	os	juristas	partidários	desta	
Escola,	além	da	recepção	do	direito	romano	na	Alemanha,	a	busca	do	
antigo	direito	germânico,	motivo	pelo	qual	também	eram	chamados	de	
pandectistas;	
Sentido	da	 tradição:	defende	 a	prevalência	 do	 costume	 como	norma	
que	 se	 forma	 e	 desenvolve	 lentamente	 na	 sociedade,	 sobre	 a	 lei,	
exprimindo	o	“espírito	do	povo”(Volksgeist).	
c)	Livre	pesquisa	(Direito	Livre).	Principais	características:	
Liberdade	para	a	ação	criadora	do	juiz:	atribuía	ao	juiz	a	prerrogativa	
de	criar	um	dispositivo	específico	para	solucionar	o	caso,	caso	a	solução	
não	fosse	obtida	no	exame	dos	textos	legais	ou	por	meio	da	utilização	
dos	recursos	de	hermenêutica.	
Justiça	antes	do	direito:	alguns	seguidores	desta	escola	defendiam	que	
o	 ideal	 do	magistrado	 deve	 ser	 a	 busca	 do	 direito	 justo,	mesmo	 que	
fora	 da	 lei,	 não	 devendo	 se	 importar	 com	 os	 textos	 ou	 sua	
interpretação,	mas	basear-se	somente	em	sua	consciência	jurídica.	
Sistemas jurídicos na 
contemporaneidade 
Fonte:https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2100.html	
												http://chartsbin.com/view/aq2 		
Sistemas jurídicos na contemporaneidade 
Civil	Law	ou	Romano	Germânico:	inspirado	em	grande	parte	na	herança	romana	e	
que,	dando	precedência	à	lei	escrita,	optaram	decididamente	por	uma	codificação	
sistemática	do	seu	direito	geral.	É	o	sistema	de	direito	mais	difundido	no	mundo.	
Ex.:	Brasil.	
Common	Law:	sistema	jurídico	baseado	não	em	leis	feitas	por	legislaturas,	mas	em	
leis	julgadas,	que	por	sua	vez	são	baseadas	em	costumes	e	decisões	judiciais	
anteriores.	Ex.:	Inglaterra	
Direito	consuetudinário:	regra	comum	ou	prática	tradicional	que	se	tornou	uma	
parte	intrínseca	da	conduta	aceita	e	esperada	em	uma	comunidade,	profissão	ou	
comércio	e	é	tratada	como	uma	exigência	legal.	Hoje	em	dia,	praticamente	
nenhuma	entidade	política	do	mundo	opera	sob	um	sistema	legal	que	possa	ser	
considerado	típico	e	totalmente	costumeiro.	
Direito	islâmico:	sistema	jurídico	autônomo,	de	natureza	religiosa	e	
predominantemente	baseado	no	Alcorão.	Ex.:	Arábia	Saudita	
Misto:	entidades	políticas	onde	dois	ou	mais	sistemas	se	aplicam	cumulativamente	
ou	interativamente.	Ex.:	China	
Common Law 
Conceito:	 direito	 formado	 com	 base	 nas	 decisões	 dos	 Tribunais	 Reais	 de	
Westminster,	diferenciando-se	do	direito	comum	(ius	commune),	em	razão	da	sua	
condição	peculiar	de	direito	 jurisprudencial	 (judge-made-law)	 e	mantido	graças	à	
doutrina	dos	precedentes.	
Formação:	A	 Inglaterra	 (Britannia)	 fez	 parte	 do	 Império	 Romano	 até	 o	 século	 V,	
mas	não	restaram	vestígios	dessa	época	no	ordenamento	jurídico	inglês,	tampouco	
se	conhece	o	direito	da	época	anglo-saxônica,	que	vai	do	final	da	fase	romana	até	
1066,	com	a	 invasão	normanda.	Porém,	com	a	conquista	normanda,	se	 instala	na	
Inglaterra	 um	 sistema	 feudal	 centralizado,	 muito	 diferente	 daquele	 existente	 no	
continente.		
Guilherme,	o	Conquistador,	organizou	a	distribuição	de	propriedades	entre	os	seus	
seguidores	 de	 maneira	 que	 nenhum	 deles	 pudesse	 lhe	 fazer	 frente,	 inclusive	
proibindo	qualquer	“subenfeudação”.	Além	disso,	os	senhores	normandos	sentiam-
se	 obrigados	 a	 se	 agruparem	 ao	 redor	 de	 seu	 rei,	 com	 vista	 à	 defesa	 de	 seus	
interesses	e	patrimônios,	perante	o	povo	que	habitava	aquele	país,	cuja	língua	e	os	
costumes	desconheciam	e	menosprezavam.		
As	 assembléias	dos	homens	 livres	 aplicam	o	 costume	 local	 e	mesmo	quando	 são	
substituídas	 por	 jurisdições	 senhoriais,	 estas,	 seguem	 a	 mesma	 prática.	 Além	
destas,	 existe	 a	 jurisdição	 eclesiástica	 que	 aplica	 o	 direito	 canônico	 nas	matérias	
que	lhe	são	competentes.	
Common Law 
Somente	a	atuação	da	jurisdição	real	é	que	irá	elaborar	aquilo	que	denominamos	
de	 Common	 Law,	 sendo	 que	 esta	 aplicava-se,	 essencialmente,	 às	 questões	
relacionadas	 com	 finanças	 reais,	 com	 a	 propriedade	 imobiliária	 e	 a	 posse	 de	
imóveis,	e	graves	questões	criminais	que	relacionem	com	a	paz	do	reino.		
Os	que	 requeressem	a	 intervenção	de	 jurisdição	 real,	deveriam	 ir	ao	Chanceler	e	
pedir-lhe,	mediante	o	pagamento	de	taxas,	a	expedição	de	uma	ordem	(writ)	que	
dava	início	ao	procedimento	para	satisfação	da	pretensão	do	interessado.	
Sempre	tendo	em	vista	a	 intenção	de	atrair	mais	 litígios	para	as	 jurisdições	reais,	
pelos	motivos	expostos,	os	writs	passam	a	ser	concedidos	sem	prévio	exame,	desde	
que	o	indivíduo	efetue	o	pagamento.		
A	 manifestação	 dos	 nobres	 em	 contrário	 ao	 rápido	 crescimento	 dos	writs	 e	 ao	
alargamento	das	jurisdições	reais,	encontra	guarida	parcial	na	Magna	Carta	(1215).	
A	existência	desses	writs	e	sua	utilização	corrente	 impossibilitou	a	penetração	do	
direito	 romano,	 formando	 um	 sistema	 em	 que	 as	 normas	 processuais	 são	 mais	
importantes	 que	 as	 normas	 de	 direito	 material	 (remedies	 precede	 rights),	 de	
estrutura	totalmente	diversa	do	direito	dos	demais	países	europeus,	chamado	de	
direito	continental	ou	Civil	Law.	
Common Law 
Por	volta	do	século	XV,	em	face	de	diversos	problemas	decorrentes	da	aplicação	do	
common	law,	decidiu-se	estabelecer	um	novo	tipo	de	processo	escrito	com	base	no	
direito	 canônico,	 denominado	 de	 equity,	 segundo	 o	 qual	 o	 Chanceler	 julga	 de	
acordo	com	os	princípios	extraídos	do	direito	romano.	Isto	foi	visto	com	bom	olhos	
pelos	soberanos,	que	procuraram	alargar	as	 jurisdições	da	equity,	em	função	que	
as	 da	 common	 law	 não	 mais	 prestavam	 solução	 aos	 litígios	 que	 lhe	 eram	
submetidos.	Todavia,	além	disso,	viam	naquela,	ante	ao	seu	fundamento	no	direito	
romano,	a	grande	possibilidade	de	implementarem	o	absolutismo.	
Nessa	batalha,	os	tribunais	da	commonlaw	contaram	com	o	apoio	do	Parlamento	
na	 sua	 luta	 contra	 o	 absolutismo	 real.	 Ao	 final	 do	 conflito,	 realizou-se	 um	
compromisso	 que	 dotou	 o	 direito	 inglês	 de	 uma	 estrutura	 dualista,	 onde	 seriam	
utilizadas	as	duas	jurisdições.	
Esse	 aumento	 do	 statute	 law	 (direito	 dos	 estatutos,	 das	 leis	 promulgadas	 pelo	
legislador)	 desenvolveu-se	 à	 margem	 do	 common	 law	 e	 retomou,	 sobretudo	 no	
século	XX,	uma	importância	primordial	na	modificação	da	estrutura	do	Estado,	seja	
por	modificações	sociais	 internas,	 seja	por	modificações	externas	com	 influências	
internas,	como	os	acordos	firmados	na	União	Européia.	
Common Law 
Características:	
-  a)	não	se	trata	de	direito	consuetudinário,	mas	jurisprudencial,	em	que	o	Poder	
Judiciário	francamente	cria	o	direito,	com	base	na	“razão”;	
-  b)	 a	 regra	 de	 direito,	 tanto	 a	 de	 origem	 jurisprudencial	 quanto	 a	 de	 base	
legislativa,	 é	 formatada	 sob	 um	 prisma	 nitidamente	 casuístico,	 o	 que	 a	 torna	
muito	 mais	 específica	 que	 a	 norma	 de	 civil	 law,	 resultando	 em	 ser	 vasto	 o	
catálogo	de	direitos	daquele	ordenamento;	
-  c)	 modernamente,	 a	 lei	 não	 mais	 representa	 uma	 fonte	 simplesmente	
secundária	 do	 direito.	 O	 papel	 da	 jurisprudência,	 contudo,	 permanece	 ainda	
mais	 relevante	 que	 o	 da	 legislação	 escrita,	 constituindo	 a	 decisão	 judicial	 a	
legítima	forma	de	integração	da	regra	jurídica	legislada	ao	sistema	da	common	
law;	
-  d)	a	regra	do	precedente	(rule	of	precedent)	ou	stare	decisis	(respeitar	as	coisas	
decididas)	estabelecida	formalmente	apenas	no	século	XIX,	 longe	de	constituir	
um	entrave	ao	desenvolvimento	da	common	law,	representou	uma	decorrência	
lógica	 da	 formação	 histórica	 do	 direito	 inglês,	 de	 origem	 jurisprudencial,	 e	
construído	 sob	 os	 quadros	 normativos	 do	 processo.	 A	 despeito	 dela,	 há	 um	
desenvolvimento	 contínuo	 do	 direito	 anglo-saxônico,	 sendo	 que,	 nos	 temas	
tradicionais	 do	 common	 law,	 raramente	 o	 legislador	 é	 solicitado	 a	 intervir,	
bastando	o	trabalho	dos	tribunais	para	tanto;	
Common Law 
Características:	
-  e)	a	técnica	das	distinções	é	o	método	fundamental	de	trabalho	no	âmbito	do	
common	law.	Tal	como	a	interpretação	para	o	jurista	de	civil	law,	a	distinção	é	a	
base	 da	 formação	 do	 jurista	 inglês,	 cujo	 treinamento	 essencial	 consiste	 no	
domínio	da	técnica	distintiva	e	na	percepção	dos	limites	de	sua	aplicação;	
-  f)	 diferentemente	 do	 que	 ocorreu	 no	 continente	 europeu,	 a	 doutrina,	 na	
Inglaterra,	 exerceu	 papel	 eminentemente	 sistematizador,	 à	 medida	 que	 não	
havia	 um	 direito	 de	 professores,	 mas	 de	 práticos,	 já	 que	 não	 se	 promovia	 a	
formação	jurídica	nas	universidades	inglesas.	No	atual	estágio	do	direito	inglês,	
em	que	se	vivencia	a	simplificação	do	processo	e	o	avanço	da	legislação	escrita,	
os	 juristas	 recebem	 cada	 vez	 mais	 formação	 universitária,	 em	 que	 lhes	 são	
ensinados	 princípios	 de	 direito	 material,	 circunstância	 que	 tende	 a	 alterar	
significativamente	o	papel	da	doutrina	nesse	sistema	jurídico;	
-  g)	 a	 base	 do	 common	 law	 é	 a	 “razão”,	 a	 partir	 da	 qual	 os	 magistrados,	
procuravam	 conformar	 o	 caso	 novo	 posto	 sob	 análise	 às	 regras	 de	 direito	 já	
existentese.	Tal	realidade	não	significa	que	o	direito	inglês	seja	mais	empírico	e	
menos	lógico	que	o	dos	países	de	civil	law,	uma	vez	que	o	termo	em	si	significa	
esforço	 racional,	 tal	 como	 ocorre	 com	 a	 atividade	 interpretativa	 na	 tradição	
romanista,	para	resolução	do	caso	concreto.	
Common Law 
Conceitos	operacionais:	
Precedente:	decisão	judicial	que,	partindo	ou	não	da	análise	de	um	caso	concreto,	
decide	 questão	 de	 direito	 a	 partir	 de	 uma	 ratio	 decidendi,	 tendo	 o	 condão	 de	
vincular	e/ou	persuadir.	Brasil	
Ratio	 decidendi	 (razão	 de	 decidir):	 elemento	 central	 do	 precedente.	 Trata-se	 da	
tese	jurídica	adotada	que	informará	a	decisão	dos	casos	futuros	(rule	of	law	–	regra	
de	 direito).	 Quando	 envolve	 um	 caso	 concreto,	 extrai-se	 dos	 fatos	 do	 caso	
(material	 facts),	 assim	 considerados	 os	 elementos	 de	 fato	 fundamentais	 para	 a	
construção	da	tese	jurídica	que	fundamentou	a	decisão.		
Distinguishing	 (distinção):	 Se	 a	 questão	 que	 deve	 ser	 resolvida	 já	 conta	 com	 um	
precedente	–	se	é	a	mesma	questão	ou	se	é	semelhante,	o	precedente	aplica-se	ao	
caso.	 O	 raciocínio	 é	 eminentemente	 analógico.	 Todavia,	 se	 a	 questão	 não	 for	
idêntica	ou	não	for	semelhante,	isto	é,	se	existirem	particularidades	fático-jurídicas	
não	 presentes	 –	 e	 por	 isso	 não	 consideradas	 –	 no	 precedente,	 então	 é	 caso	 de	
distinguir	o	caso	do	precedente,	recusando-lhe	aplicação.	Marinoni	
Overruling	 (superação):	 quando	 alterações	 na	 jurisprudência/legislação	 tornam	
inaplicável	a	regra	do	precedente	ou	quando	o	raciocício	subjacente	ao	precedente	
encontra-se	desatualizado	ou	desconforme	em	relação	aos	valores	compartilhados	
pela	sociedade	no	momento	da	aplicação.	
Common Law 
Conceitos	operacionais:	
Obiter	dictum	 (dito	de	passagem):	é	aquilo	que	é	dito	durante	um	julgamento	ou	
consta	em	uma	decisão	sem	referência	ao	caso	ou	que	concerne	ao	caso,	mas	não	
constitui	proposição	necessária	para	sua	solução.	Marinoni	
Common Law 
Precedente:	
	
CPC/Art.	927.		Os	juízes	e	os	tribunais	observarão:	
I	 -	 as	 decisões	 do	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 em	 controle	 concentrado	 de	
constitucionalidade;	
II	-	os	enunciados	de	súmula	vinculante;	
III	 -	 os	 acórdãos	 em	 incidente	 de	 assunção	 de	 competência	 ou	 de	 resolução	 de	
demandas	 repetitivas	 e	 em	 julgamento	 de	 recursos	 extraordinário	 e	 especial	
repetitivos;	
IV	 -	 os	 enunciados	 das	 súmulas	 do	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 em	 matéria	
constitucional	e	do	Superior	Tribunal	de	Justiça	em	matéria	infraconstitucional;	
V	-	a	orientação	do	plenário	ou	do	órgão	especial	aos	quais	estiverem	vinculados.	
	
Ex.:	 SÚMULA	 VINCULANTE	 2	 (STF):	 É	 inconstitucional	 a	 lei	 ou	 ato	 normativo	
estadual	 ou	 distrital	 que	 disponha	 sobre	 sistemas	 de	 consórcios	 e	 sorteios,	
inclusive	bingos	e	loterias.	
	
											
Common Law 
Ratio decidendi (RE 855.178) 
“RECURSO	 EXTRAORDINÁRIO.	 CONSTITUCIONAL	 E	 ADMINISTRATIVO.	 DIREITO	 À	
SAÚDE.	 TRATAMENTO	 MÉDICO.	 RESPONSABILIDADE	 SOLIDÁRIA	 DOS	 ENTES	
FEDERADOS.	 REPERCUSSÃO	 GERAL	 RECONHECIDA.	 REAFIRMAÇÃO	 DE	
JURISPRUDÊNCIA.		
O	 tratamento	médico	adequado	aos	necessitados	 se	 insere	no	 rol	dos	deveres	do	
Estado,	porquanto	 responsabilidade	 solidária	dos	entes	 federados.	O	polo	passivo	
pode	ser	composto	por	qualquer	um	deles,	isoladamente,	ou	conjuntamente.”	
	
A	razão	de	decidir	do	STF,	no	presente	caso,	levou	em	consideração	o	previsto	nos	
arts.	 2º	 e	 198	 da	 Constituição	 Federal,	 para	 analisar	 a	 existência,	 ou	 não,	 de	
responsabilidade	 solidária	 entre	 os	 entes	 federados	 pela	 promoção	 dos	 atos	
necessários	 à	 concretização	 do	 direito	 à	 saúde,	 tais	 como	 o	 fornecimento	 de	
medicamentos	 e	 o	 custeio	 de	 tratamento	médico	 adequado	 aos	 necessitados.	 e	
concluiu	que	o	tratamento	médico	adequado	aos	necessitados	se	insere	no	rol	dos	
deveres	do	Estado,	sendo	responsabilidade	solidária	dos	entes	federados,	podendo	
figurar	no	polo	passivo	qualquer	um	deles	em	conjunto	ou	isoladamente.	
Common Law 
Distinguishing	(distinção):	
	
CPC/Art.	489,	§	1°	Não	se	considera	fundamentada	qualquer	decisão	judicial,	seja	
ela	interlocutória,	sentença	ou	acórdão,	que:	(...)	
V	 -	 se	 limitar	a	 invocar	precedente	ou	enunciado	de	súmula,	 sem	 identificar	 seus	
fundamentos	determinantes	nem	demonstrar	que	o	caso	sob	julgamento	se	ajusta	
àqueles	fundamentos;	
VI	-	deixar	de	seguir	enunciado	de	súmula,	jurisprudência	ou	precedente	invocado	
pela	parte,	sem	demonstrar	a	existência	de	distinção	no

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