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Fazendo Telejornal

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Fazendo Telejornal – guia multimídia de telejornalismo
GOMES, Marco Aurélio Ignácio graduação em Jornalismo pela Universidade 
Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS (MS)
VERDÉLIO, Andréia graduação em Jornalismo pela Universidade 
Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS (MS)
Apresentação
Fazendo Telejornal é um guia multimídia que demonstra uma das possibilidades de 
realização de um telejornal. Profissionais de telejornalismo relatam as experiências de 
seu cotidiano no fazer jornalismo para a televisão através de imagens e depoimentos. 
Não sendo um manual, o vídeo não esgota o tema, é apenas mais um instrumento que 
pode ser utilizado na socialização do conhecimento acumulado por estes profissionais.
Inspirado na Tese de Doutorado da professora Ruth Vianna “La palabra, la imagem y el 
sonido em los informativos televisivos de Brasil y Espanha: estudio comparativo y 
análisis del lenguaje audiovisual, textual y narrativo”, apresentada à Universidad 
Autònoma de Barcelona, Espanha, o vídeo aproveita as entrevistas gravadas em 1998, 
durante a pesquisa para seu trabalho.
O vídeo foi editado dentro do padrão adotado pelo telejornal: corte seco e sem 
transições, para conservar a aparência e formato utilizados na realização dos noticiários 
veiculados na televisão.
Com duração de 110 minutos, o vídeo foi editado de forma a preservar a narrativa dos 
protagonistas e, dentro da perspectiva paradidática constante das premissas do trabalho, 
dividido em capítulos, para que pudesse ser exibido parcialmente, conforme a 
necessidade de orientação do momento da exibição. Foi editada, também, uma versão 
de curta duração (20 minutos) para propiciar a exibição em mostras e eventos.
Histórico
Durante uma aula de Telejornalismo, a professora Ruth Vianna lançou o desafio de 
produzir um documentário utilizando as imagens gravadas durante seus estudos para o 
trabalho de Doutorado, que acabou sendo a opção que mais se aproximava das 
premissas que tínhamos para o Projeto Experimental de conclusão da Graduação em 
1
Jornalismo. A idéia era sedutora... trabalhar com documentos gravados no Brasil e na 
Espanha, que demonstravam com imagens o que só “víamos” no discurso.
Premissas e Objetivos
Desde as primeiras investidas na definição do tema para o Projeto Experimental, 
definimos quatro premissas que deveriam estar presentes no trabalho:
- Ser comercialmente viável. Que tivesse competência para ser exibido e distribuído;
- Ser academicamente aproveitável. Que pudesse ser utilizado na formação acadêmica;
- Proporcionar o desenvolvimento de habilidades técnicas. Na produção, roteirização, 
edição, direção e pós-produção de vídeos, compreendendo o aprendizado na 
manipulação de hardware e software necessários à produção de vídeo não-linear;
- Proporcionar aprendizagem compatível com o nível exigido pelo mercado.
O tema que mais se aproximou destas premissas foi o vídeo-documentário escolhido: a 
descrição narrativa da produção de um telejornal, que apresentamos neste trabalho.
Os objetivos propostos para serem atingidos diretamente com o trabalho foram:
- A demonstração narrativa da produção de um telejornal, sem definição da melhor 
forma de produção;
- A realização de um vídeo-documentário paradidático que pudesse ser utilizado como 
ferramenta auxiliar na formação acadêmica nas escolas de jornalismo;
- O aperfeiçoamento das técnicas e manuseio das ferramentas necessárias à produção de 
vídeos em padrão semelhante ao exigido pelo mercado de trabalho;
Como objetivo indireto, tivemos o acesso ao material produzido pela professora Ruth 
Vianna, e à aprendizagem proporcionada pela própria produção do vídeo, por meio das 
entrevistas assistidas, decupadas e editadas.
Correção de rumo
O objetivo inicial do trabalho era a realização de um vídeo-documentário sobre a 
produção de telejornais no Brasil e na Espanha, comparando suas semelhanças e 
diferenças. A partir da impossibilidade técnica de digitalização do material gravado na 
Espanha, o trabalho ficou restrito às entrevistas gravadas no Brasil.
A pré-produção foi feita com a leitura da bibliografia base e da tese da professora Ruth 
Vianna “La palabra, la imagem y el sonido em los informativos televisivos de Brasil y 
2
Espanha: estudio comparativo y análisis del lenguaje audiovisual, textual y narrativo”. 
Em seguida, a montagem dos equipamentos e instalação dos softwares necessários para 
a realização do trabalho, leituras de referências complementares, seleção e agrupamento 
das fitas VHS e BETA que seriam utilizadas no vídeo.
O procedimento seguinte foi catalogar e digitalizar o material gravado, separar o que 
poderia ser usado no vídeo-documentário e refinar a qualidade do som. Em seguida foi 
realizada a decupagem de mais de dez horas de gravação e o pré-roteiro do vídeo.
A partir daí o trabalho começou a ser efetivamente montado: o roteiro final, a edição, a 
criação da abertura, a arte gráfica para os DVDs, a seleção de fotos, trilha sonora, 
embalagem e apresentação gráfica do Relatório e do DVD.
Dificuldades
A primeira dificuldade foi a definição do trabalho que abordaria a realização de um 
telejornal, com caráter paradidático. Como a gravação das imagens não foi realizada 
visando este tema, a dificuldade em “costurar” os trechos dos depoimentos de forma a 
preservar a narrativa dos protagonistas, também se constituiu em barreira a ser 
transposta pelo roteiro.
A quantidade enorme de material gravado – mais de 180 fitas que, após a separação do 
que era possível digitalizar, resultou em mais de dez horas de gravação para serem 
editadas. Este era o material gravado em fitas Beta, no padrão brasileiro (Pal M).
Após a digitalização dos vídeos, com uma primeira refinada (decupagem) e corte do que 
não interessaria ao documentário, restaram pouco mais de oito horas de gravação (17,5 
GB). Embora a imagem digitalizada fosse de excelente qualidade, o som não era. Com a 
gravação ora num canal ora noutro, o áudio teve que ser separado do vídeo durante a 
digitalização e teve que ser reprocessado, com a transformação de mono para estéreo e a 
equalização dos canais normalizada.
A segunda decupagem resultou em 3h34 (8,24 GB) de material gravado. A partir daí é 
que se deu início ao roteiro, à costura das 231 partes de vídeo e áudio, de forma a 
construir uma narrativa lógica, com sentido, e que pudesse traduzir o objetivo do 
trabalho: um vídeo-documentário que fosse útil para o aprendizado do telejornalismo. A 
versão final do vídeo ficou com 1h50 de duração (4,64 GB).
3
Outra dificuldade foi a falta de imagens específicas para a finalização do vídeo. Embora 
com todo o material disponível, algumas imagens da época (Jornal Nacional e 
Fantástico) seriam necessárias para dar sentido e exemplificar a narrativa. Não 
conseguimos as imagens junto à Rede Globo.
À medida que as dificuldades técnicas foram vencidas, o que restou foi muito trabalho 
de execução, muitas horas de seleção, corte e separação de cenas que pudessem dar 
sentido à história que se queria contar. A decupagem exigiu muita concentração e 
atenção aos trechos dos filmes que poderiam contribuir no desenvolvimento do roteiro.
O roteiro foi a dificuldade maior. A montagem do quebra-cabeças, a esta altura já 
bastante confuso devido ao embaralhamento das cenas, ao vai e vem das decupagens 
que acabaram, em certos momentos, mais confundindo do que ajudando. As fichas de 
decupagem e de edição auxiliaram bastante na escolha e ordenação lógica das cenas.
A opção pela não narração da história por locução acaboutambém dificultando o 
trabalho. Tínhamos que encontrar seqüências de falas dos personagens que se 
encaixassem e se complementassem na construção da narrativa. Então não podíamos 
simplesmente escolher cenas, tínhamos que escolher discursos. A escolha da não 
locução foi para dar fala aos protagonistas e também para valorizar a palavra, estrela 
maior do filme. Era ela, a palavra, que tinha que dar sentido à narrativa, sem 
interferência externa: em detrimento à imagem, valorizamos a palavra.
A trilha sonora havia sido pensada como original, especialmente composta para o filme. 
Não foi possível, até pela premência do prazo de entrega, e também não foi necessária 
pelo formato adotado no filme. Apenas a abertura e o encerramento do vídeo tem 
acompanhamento musical.
Palavra, Som e Imagem
Sempre houve um consenso entre os profissionais de comunicação que “uma imagem 
vale mais que qualquer palavra” e ainda hoje essa idéia é sustentada. A investigação La 
palabra, la imagem y el sonido en los informativos televisivos de Brasil y España: 
estúdio comparativo y análisis del lenguaje audiovisual, textual y narrativo da 
professora pós-doutora Ruth Vianna comprova o contrário através de entrevistas com 
telespectadores nas regiões do Pantanal (Brasil) e Gijón (Espanha). Após assistirem ao 
4
telejornal o que mais lhes chamou a atenção foi o texto, a palavra. As imagens eram 
como fotografias desconexas do texto e serviam de complemento da notícia.
A linguagem dos telejornais diários é uma linguagem de videoclipe. O uso da palavra é 
reduzido. Para o jornalista e apresentador do Jornal Nacional da Rede Globo, William 
Bonner, “a palavra é fundamental e tem que ser bem escolhida, você tem que ser justo e 
econômico.” Entretanto há assuntos sem imagens disponíveis, nesse caso há o que se 
convencionou chamar de “nota pelada”, onde a imagem e a voz são do apresentador.
A televisão tem o privilégio da imagem, as pessoas estão vendo televisão desde os anos 
50. Deve-se então criar em cima da memória das pessoas. Como explica Alexandre 
Arrabal, diretor de arte da Rede Globo, “um visual mais apurado é tão importante 
quanto um texto bom. As noticias são sempre as mesmas, o diferencial é como você 
conta a notícia. O furo não existe mais... quem conta com mais recursos e de maneira 
mais agradável faz com que o telespectador acredite mais”. Com essa supervalorização 
da imagem tem-se o empobrecimento da linguagem com um texto excessivamente 
coloquial, com palavras concatenadas e ritmadas dando “um caráter mais dramático e 
humorístico, espetacularizando a informação”. (*)
Em relação ao som utilizado nos produtos jornalísticos, esse é o elemento de menor 
destaque. Até pouco tempo atrás o som ambiente não era valorizado, hoje nota-se uma 
relativa mudança neste conceito. Entretanto os telejornais possuem uma linguagem onde 
a visão (imagem) tem mais importância, a história é dada de forma que o telespectador 
não precise pensar, mas apenas ver e absorver o conteúdo disponível. O editor-chefe do 
Jornal Nacional, Mario Marona, exemplifica relembrando as reportagens sobre a seca 
no Nordeste, onde a imagem de uma mulher fazendo uma mamadeira para o filho com 
açúcar e limão se sobressaiu em relação ao resto da matéria: “como uma imagem bem 
filmada e a utilização com precisão dentro da matéria, por parte do repórter, é mais 
importante que qualquer discurso”. É certo que a imagem é imprescindível no 
telejornalismo, mas com o avanço da tecnologia ela esta cada vez mais espetacularizada, 
com recursos e dimensões poderosas.
Cenário
Os cenários na Rede Globo são criados para transmitir credibilidade e confiança para o 
telespectador, existe uma semelhança entre os cenários dos vários programas da 
5
emissora, entretanto cada um possui seu diferencial, sua identidade visual, para poder 
ser reconhecido de imediato pelo telespectador.
Esses cenários são criados por programas de computador onde são feitas simulações de 
luz, enquadramentos, planos, cor e todos os elementos que influenciam a aparência dos 
apresentadores e a transmissão da notícia. Os logotipos e as estruturas usadas nesses 
cenários devem ser modernos e leves, entretanto não devem tirar a solidez e 
confiabilidade do telejornal.
A tecnologia digital promoveu avanços e mudanças no modo de produção dos 
telejornais. Isso é notado principalmente na sua estrutura cenográfica. Os departamentos 
de arte são tão importantes quanto a redação. Além de planejar e construir cenários, é a 
“arte” que produz os chamados “selos”, que são as ilustrações mostradas atrás do 
apresentador. O “selo” é mais um ingrediente de informação para o telespectador, já que 
o cenário fica ambientado com a notícia no momento da apresentação e integrado ao 
cenário físico do telejornal, para se ter uma passagem suave de um para outro.
Maquiagem e Figurino
Tanto a maquiagem quanto o figurino devem ser bem pensados, os figurinistas 
trabalham para transmitir credibilidade e intimidade, características que estão 
personificadas no apresentador que “manipula a informação como se deseja, induzindo 
o telespectador (que não se dá conta disto) a formar uma opinião determinada” (*). A 
imagem deve ser a mais neutra possível para não tirar a atenção da notícia.
O figurino também é importante na medida em que pode interferir nos elementos de 
câmera e iluminação. O uso de roupas brancas, por exemplo, deve ser evitado, pois 
força o fechamento do diafragma da câmera, o que acaba escurecendo o rosto do 
apresentador. Assim como tecidos xadrez ou com listras horizontais podem gerar efeitos 
que distorcem a imagem. A maquiagem deve ser leve e sóbria em função da luz usada, 
que também é leve. O entrosamento e a troca de informações entre os profissionais de 
figurino, arte e iluminação, são fundamentais para o resultado do trabalho.
Iluminação
A iluminação de um programa é planejada juntamente com o cenário, onde os focos de 
luz devem incidir, o tipo de luz, quente ou fria, os contrastes com as cores do cenário e 
6
com o rosto do apresentador, de forma a diminuir sombras e olheiras. A aparência do 
apresentador é fundamental, assim como seu conforto. O uso de muitos refletores acaba 
forçando a visão para leitura do teleprompter e tirando a suavidade do rosto.
A tendência é trabalhar com uma luz simples, de forma natural, com economia de 
energia: mais luz e menos calor. A tecnologia possibilitou o uso da luz fluorescente, que 
emite menos calor e ainda assim gera luminosidade para o olho do apresentador e para a 
lente da câmera. Todos esses detalhes também compõem a imagem, dão mais valor à 
notícia e influenciam a percepção do telespectador.
Operação
A rotina do departamento de operações acontece de acordo com as tecnologias 
disponíveis e com a política da empresa. Na Rede Globo esse departamento é 
gerenciado por Gesualdi Bráz, que delega responsabilidades a outros profissionais para 
poder controlar toda a infra-estrutura da Central Globo de Jornalismo no Rio de Janeiro: 
estúdios, salas de edição, equipamentos, etc., além do trabalho dos profissionais.
No início do dia é feita a verificação dos jornais transmitidos pela manhã (Bom Dia 
Brasil e Bom Dia Rio). O monitoramento da utilização e horários dos estúdios deve ser 
constante. Todo o material jornalístico produzido pela CGJ é de responsabilidade do 
Departamento de Operações, desde a produção, exibição, catalogação e arquivamento. 
O trabalho do dia só termina após o fechamento do Jornal Nacional.
A comunicação entre os váriosdepartamentos é feita via telefone e por duas redes no 
computador, uma delas exclusiva para o jornalismo. Memorandos, comunicação interna, 
horários, notícias, scripts de matérias, planilhas, tudo é feito através do computador, 
inclusive o controle das máquinas que colocam as notícias no ar e o texto do 
apresentador no teleprompter. Por esse motivo as fitas devem ser cuidadosamente 
catalogadas, com a retranca da matéria e o time code exatos, para o software identificar 
e colocá-las no ar corretamente.
A Pauta
As pautas dos telejornais brasileiros são definidas de acordo com a ideologia e a linha 
editorial da empresa de comunicação. E para definir a pauta dos telejornais são feitas 
diariamente reuniões com os editores, diretores, apresentadores, produtores e alguns 
7
repórteres especializados. Há também a participação do departamento de arte para dar 
sugestões de animações e simulações.
No caso do Jornal Nacional da Rede Globo há uma reunião no início da tarde, a 
chamada reunião de caixa, onde se conectam os escritórios do Rio de Janeiro, São 
Paulo, Brasília, Nova Iorque e Londres. Nessa reunião cada localidade apresenta suas 
sugestões e barganham tempo para as matérias que vão ao ar.
Também há uma conversa com as emissoras afiliadas, que estão presentes em quase 
todos os estados brasileiros, sobre algumas matérias que podem ser relevantes para a 
exibição nacional. Para que essa exibição aconteça, a qualidade do que é produzido 
pelas afiliadas, tanto do ponto de vista tecnológico quanto editorial, deve estar de 
acordo com o padrão da Globo.
Além das fontes de informação da própria rede e afiliadas, as emissoras de televisão 
podem contar com fontes das agências de notícias nacionais e internacionais. Entretanto 
há um “desequilíbrio entre a difusão de informações referentes a países de terceiro 
mundo e dos países desenvolvidos. A desigualdade de acesso e difusão da informação é 
visível, principalmente quanto à manipulação. Observa-se que as notícias de países de 
terceiro mundo são menosprezadas, de conflitos, misérias, como se nada acontecesse de 
maior importância nesses países”. (*)
Mesmo assim o objetivo das empresas é conquistar a atenção de todas as camadas da 
população para o telejornal, já que grande parte dela se informa por meio da televisão.
A Notícia
Para se ter um bom telejornal é necessário saber escolher bem as notícias que vão ao ar. 
Como em qualquer veículo de comunicação, o editor-chefe toma essa decisão, e leva ao 
ar um jornal excelente ou não, de acordo com as notícias que escolhe. Como explica 
Mario Marona, editor-chefe do Jornal Nacional, “é preciso saber escolher as notícias 
que mais interessam à população e as que a população tem mais interesse. O que a 
empresa considera importante e o que o público considera interessante”, para que no dia 
seguinte as notícias do JN estejam estampadas nas capas dos principais jornais do país.
A forma de exibição das matérias também influencia na absorção das informações pelo 
público. A regra geral, explicada pelo diretor-editorial da Rede Globo, Luiz Erlanger, é 
dar as notícias mais importantes abrindo o telejornal, para o telespectador saber que ele 
8
precisa assistir o jornal desde o começo. No meio do bloco, notícias mais leves e na 
passagem para o intervalo novamente uma manchete para chamar a atenção para o 
próximo bloco. Já para o fechamento do telejornal, “invariavelmente damos uma 
matéria leve para o cara não desligar a televisão e dar um tiro na cabeça”.
Um telejornal é feito de notícias importantes e de amenidades. As primeiras são 
principalmente aquelas que a empresa considera importante. As amenidades são aquelas 
que o público gosta de ver. 
O papel do editor-chefe é equilibrar esses elementos, mas não dar preferência a uma 
amenidade em detrimento de uma notícia importante. Ele pode distribuir a duração e a 
organização dessas matérias para que o telejornal fique mais agradável.
Para exemplificar, William Bonner compara o telejornal a um caldo, onde as notícias 
são a consistência e as amenidades o sabor. “O que vai determinar o caráter nutritivo do 
jornal são as notícias. Quando tem noticia, tem consistência, mas aí falta o tempero que 
você vai conseguir com as amenidades. O jornal é feito também de amenidades, você 
tem que acertar a mão”.
A Linguagem
A linguagem adotada nos telejornais gera conflitos sobre o que seria correto na teoria e 
o que realmente acontece na prática. Existe um empobrecimento da linguagem nos 
telejornais. É a linguagem dos vídeos-clipe, com sons e imagens aleatórios, sem uma 
seqüência lógica da história a ser contada. Além de o conteúdo audiovisual não ter 
sentido, a palavra também é vazia e coloquial demais. A televisão é um veículo 
abrangente e acaba difundindo os erros e a pobreza do vocabulário, principalmente num 
país onde grande parte da população é semi-analfabeta, não lêem livros ou revistas e se 
informam quase que exclusivamente pelos telejornais. Como confirma Luiz Erlanger, 
“as pessoas não compreendem o que vai ao ar, então o texto tem que ser simples, mas 
não pobre. Embora o telejornal tenha que ter aspecto positivo, com boa aparência, 
sonorizado, bom de ser visto, corre-se o risco de ter a linguagem pela linguagem”.
Já Mario Marona afirma que “a linguagem deve ser a mais sóbria e simples possível, 
que o povo entende perfeitamente a linguagem do telejornal. É preconceito dizer que 
eles não entendem porque estão acostumados com novelas. Se a história for bem 
contada, se as imagens contarem a história direito todo mundo entende”.
9
É o modelo norte-americano, onde o uso da emoção se sobrepõe à razão. O uso de mais 
imagem e menos texto. Luiz Erlanger diz que “o repórter tem que aparecer onde ele tem 
que aparecer, onde pode contribuir com a matéria. Repórter tem que ser explicativo, 
questionador, enriquecer a matéria e não ser artista”.
Em relação à linguagem técnica a regra é ser o mais real possível, entretanto, alguns 
efeitos como contra-plano, BG (trilha musical) e imagens espetacularizadas em 
desacordo com o texto tornam a matéria falsa, mas muitos jornalistas ainda usam para 
enfeitar as reportagens e apelar para a emoção do telespectador.
Edição
A forma convencionada no jornalismo da Globo para a edição de matérias, como 
explicou Gesualdi Bráz, é o “corte seco com um pretozinho rápido no meio”. Essa é a 
forma mais rápida e mais simples já que o tempo é precioso no telejornal. Encher a tela 
de efeitos visuais não corresponderia à realidade e quanto menos interferência na 
realidade, melhor.
Ainda assim as matérias são editadas numa velocidade muito rápida. O telespectador 
não percebe os elementos palavra, som e imagem separadamente, ele apenas absorve 
aquele conteúdo e, dificilmente conseguiria passar a informação adiante com precisão.
O tempo psicológico das matérias é muito menor do que o tempo real. Isso é causado 
pelo que Mario Marona chamou de vício da editite: “editar demais, interferir demais em 
uma história. Matéria de assalto é uma história nervosa, violenta, cheia de corte seco, 
veloz”. A edição nesse caso se faz necessária para cortar as cenas de violência, já que 
não são adequadas para os telejornais. O ritmo da matéria acaba sendo menor do que o 
tempo de percepção das pessoas. No exemplo de notícias sobre a natureza, “matérias 
sobre o Pantanal, o VT tem que ser diferente, mas fazemos igual aos outros. Editamos 
imagens que as pessoas querem ver inteiras, de rios... tem matérias que os bichos abrem 
a boca e não fecham”, destacouMarona. 
A necessidade de colocar muita coisa em pouco tempo impõe um ritmo às pessoas que 
não é real. A atração é montada buscando a emoção, fragmentada, com jogos de 
imagem e sensações irracionais.
O tempo no telejornal nunca deve ser desperdiçado, a quantidade de notícias que se quer 
inserir faz com que todos esses problemas de edição sejam notados. “É um volume tão 
10
grande de informação que nos tem provocado dúvida, confirmando uma vez mais 
nossas hipóteses de se realmente haverá tempo suficiente para o telespectador digerir 
toda essa gama de informação, ou se a mesma se anulará por saturação”. (*)
O Jornalista
As inovações tecnológicas, os novos equipamentos e as novas rotinas de produção dos 
telejornais vêm dando outro formato ao profissional jornalista de televisão. O mundo 
digital e a concorrência do mercado de trabalho exigem um novo profissional que saiba 
realizar todo o processo de produção da notícia, num tempo e espaço muito reduzidos.
Para Luiz Erlanger o que deve “motivar um jovem telejornalista é que ele terá o melhor 
veículo de comunicação a seu serviço, para mostrar suas matérias e não para mostrar um 
rosto bonito, uma boa voz a serviço do nada”. Jornalismo em sua essência é igual em 
todos os veículos, deve-se ter um bom texto, fontes seguras, boa apuração e ter uma 
conduta de acordo com a ética do profissional. Aliando isso às técnicas de cada veículo 
e às normas editorias de cada empresa tem-se o profissional completo. Desse modo a 
televisão exige um perfil estético que complemente a competência profissional e técnica 
de saber emocionar usando imagens.
Percebemos um número crescente de faculdades de jornalismo no país e milhares de 
profissionais que saem despreparados para esse mercado competitivo, onde muitos deles 
entram com uma ilusão de aparecer na televisão. É preciso ter a capacidade de 
emocionar e também de mostrar a realidade, de tentar ser imparcial mas não ficar alheio 
aos acontecimentos, de ter uma opinião pessoal mas dar as ferramentas para o público 
formar sua própria opinião.
Fernando Barbosa Lima, Diretor Geral da Rede Manchete, fala de dois tipos de 
jornalistas: o clássico, que se informa, que lê, que forma uma cultura e aqueles jovens 
que saem desinformados das escolas. “A televisão é um grande monstro comendo a 
própria cauda. Lendo você imagina e a cabeça trabalha, já a televisão entrega 
empacotado, você não precisa pensar. Então não temos gente nova criando coisas novas. 
As pessoas que estão entrando nas redações não têm uma formação literária mais 
profunda, porque lêem muito pouco, se informam muito pouco, usam muito pouco a 
imaginação”, pois já cresceram nesse mundo televisivo de informação empacotada.
11
O Jornalismo
Não existem fórmulas ou regras para se fazer uma boa reportagem. A construção das 
notícias deve contar exclusivamente com o bom senso do repórter. Ele deve usar as 
ferramentas do jornalismo a seu favor aliadas a boa apuração e ao bom texto.
O repórter precisa saber lidar com os imprevistos do dia-a-dia. Sair da redação com 
informações prontas e imaginando como vai contar a história é bom, mas ele não deve 
se prender a um roteiro que pode não ser real. Os acontecimentos são mutáveis e o bom 
jornalista usa isso a seu favor para se diferenciar do que já é considerado um padrão. 
Glória Maria, apresentadora do Fantástico, acredita que está havendo uma terceirização 
do jornalismo e despersonalização da informação, “não se tem mais o furo, a coisa é 
meio medíocre, muito igual, o repórter buscou e tudo mais e é tudo bonitinho e 
arrumadinho, e a noticia é igual”.
A curiosidade e a vontade de fazer diferente devem acompanhar o repórter de televisão, 
entretanto, ele não pode interferir na realidade para criar sua reportagem. E essa é uma 
característica da televisão, ao chegar a um local com todo o aparato de câmeras e 
iluminação, inevitavelmente, irá se criar uma situação que provavelmente seria diferente 
se a equipe não estivesse ali.
O jornalista tem que passar informações reais e consistentes, tendo em vista que o único 
meio de informação de muitos brasileiros é exclusivamente a televisão. Interferir na 
realidade além de antiético é manipulador e desonesto com o telespectador.
O Telejornalismo
O telejornalismo moderno e atual prima pela rapidez. Os canais 24 horas e as agências 
de notícias ajudaram a modificar o conceito de personalização da informação. Embora 
cada profissional consiga mostrar de uma maneira o mesmo fato, ainda assim a notícia é 
universal. Por esse motivo o fator emocional é tão considerado na hora de elaborar a 
história a ser contada, pois é esse fator que fará o telespectador consumir esse ou aquele 
telejornal.
Essa universalização do jornalismo acaba separando as notícias do seu público alvo. 
Para Fernando Barbosa Lima, “com esse aspecto universal a tendência é esquecer o 
homem brasileiro humilde, perdido na multidão que, de repente, é um elo 
importantíssimo para nossa evolução”, para a identificação do povo com o telejornal.
12
O Apresentador
O apresentador de telejornal não é artista, ele deve participar de todo o processo de 
produção da notícia, desde a pauta, edição e principalmente deve escrever o texto a ser 
apresentado. Uma pessoa que chega na hora da apresentação, não se envolve e apenas lê 
notícias escritas por outras pessoas, cai no vazio e não passa a emoção e firmeza tão 
importantes para o telejornal. 
A idéia é esclarecer que o apresentador é apenas uma pessoa do povo que está ali e tem 
os mesmos sentimentos e expectativas com relação às notícias que são importantes e 
fazem a diferença no cotidiano da população.
A cara do jornal é a de quem apresenta, embora carregue junto o trabalho de toda uma 
equipe. Mas é no apresentador que o telespectador deposita sua confiança e é ele que, 
mesmo involuntariamente, também transmite uma carga de opinião, tanto pessoal 
quanto da empresa. Entretanto, editorialmente, “toda vez que ficar caracterizado 
claramente uma questão de injustiça e que não houver uma repercussão de uma 
autoridade que possa se manifestar em caráter oficial, a opinião é dada pelo 
apresentador. Pois, nesse caso, a matéria pede uma informação para o cara em casa 
formar a opinião dele”, explicou William Bonner.
O Jornal Nacional
O Jornal Nacional é chamado de o “jornal da casa”, o jornal da Rede Globo, aquele que 
transmite fielmente a posição da empresa. E realmente é o telejornal de referência das 
notícias e acontecimentos do país. Segundo Mario Marona, “é um jornal de absoluta 
independência política e isenção, que não protege nem persegue ninguém, não tem 
amigos nem inimigos, que não acusa nem inocenta ninguém sem a posição oficial da 
justiça, que trata dos direitos da cidadania acima dos direitos do estado, que explora a 
emoção legítima e honesta”.
Mas mesmo com todas essas questões, é um jornal que aborda superficialmente as 
informações. Devido ao pouco tempo e ao grande número de notícias, é dada a 
preferência pela quantidade e não pela qualidade, para não perder nenhum furo. Muita 
informação e pouco aprofundamento acabam saturando o telespectador de imagens 
geralmente vazias e sem conteúdo textual e sonoro.
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Somado a isso, o Jornal Nacional procura atender todas as parcelas da população da 
mesma maneira, entretanto é quase impossível fazer um jornal sem segmentação. Dessa 
forma, ora estará elitizado demais, ora popular demais.
Toda essa preocupação para Fernando Barbosa Lima é em vão. Para ele “o povão só vê 
telejornalpara esperar a novela que vem depois”. A Rede Globo vai no caminho das 
agências de notícia, da notícia fácil, do sonho americano e acaba esquecendo que a 
realidade do povo do Brasil é completamente diferente.
A Televisão
A televisão é o veículo mais poderoso e de maior influência popular na história da 
evolução humana. As pessoas passam mais tempo vendo televisão do que conversando 
com a família. A companhia na hora da refeição agora é da televisão. Dentro dessa 
perspectiva, as empresas de telecomunicações têm uma grande responsabilidade com 
uma população que se entretém e se informa por meio da televisão.
No Brasil, a Rede Globo de Televisão é a emissora de maior audiência e se preocupa em 
manter esse índice. Tanto é que existe a história do caso de amor dos brasileiros com a 
Globo, mas Dinoel Sant’Ana discorda desse conceito e afirma que isso é uma grande 
fantasia, esse fato das “pessoas acreditarem que só na Rede Globo as coisas são 
verdadeiras, reais e bem dadas. A globo engana, não diz a verdade nunca”. Fernando 
Barbosa Lima acrescenta dizendo que “70% do público é semi-analfabeto, então se ela 
fizer um programa mais inteligente vai perder o contato com esse público, então prefere 
fazer a coisa fácil de entender, o circo, ela tem que decidir se vai colocar o lado 
comercial acima ou não do sentido público da televisão. A Globo está mais preocupada 
em atender seus anunciantes”.
A idéia de se fazer uma programação popular para pessoas de baixa renda é equivocada. 
Não ter dinheiro não significa também empobrecimento cultural e sim o contrário, deve-
se usar a televisão para aumentar o nível cultural da população. Entretanto, ainda há a 
questão da publicidade e da idéia de vender um estilo de vida e de consumo que não faz 
parte da realidade do brasileiro.
O sentido público da televisão não deve se perder, ela é um veículo público e deve estar 
a serviço dele. A palavra, o som e a imagem precisam ter um ritmo comum e serem 
trabalhados para exercer a única e exclusiva função do telejornalismo: informar.
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Conclusões
Os objetivos do plano de trabalho foram alcançados, salvo as alterações no decorrer da 
execução: a construção de um vídeo-documentário paradidático de referência para as 
escolas de jornalismo e comercialmente viável; o aperfeiçoamento das técnicas de 
produção, roteirização, edição, direção e pós-produção de vídeos; além da 
aprendizagem obtida por meio das entrevistas assistidas, decupadas e editadas sobre a 
construção de um telejornal.
As premissas do trabalho, que eram proporcionar aprendizagem compatível com a 
exigência do mercado, e desenvolver habilidades técnicas para a produção de vídeos, 
foram atingidas.
Foram utilizados os aplicativos que o mercado utiliza e o produto final é resultado do 
trabalho da equipe. Nenhum auxílio profissional de terceiros foi solicitado durante o 
desenvolvimento do projeto.
A palavra, o som e a imagem nos informativos televisivos, estudados com o auxílio de 
um material bom de ser visto e com conteúdo e referências diretos da fonte: construir 
este material, além de permitir a graduação no Curso de Jornalismo da UFMS, foi uma 
tarefa rica e cheia de aprendizagem técnica, ética e metodológica.
A construção do vídeo-documentário “Fazendo Telejornal – guia multimídia de 
telejornalismo” nos deu a oportunidade de indagar o tipo de jornalismo que é feito em 
televisão no Brasil, suas histórias e métodos e, também, o tipo de jornalismo que 
queremos e podemos fazer.
O estudo e exploração dos procedimentos de elaboração de um vídeo-documentário nos 
possibilitaram a qualificação ética e técnica, sabendo que nada é isento de 
personificação e posição ideológica.
(*) Vianna, Ruth. La palabra, la imagem y el sonido en los informativos televisivos de 
Brasil y España: estúdio comparativo y análisis del lenguaje audiovisual, textual y 
narrativo. Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha, 1999.
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