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Sistemas Transdérmicos Profa. Françoise Carmignan 1. Absorção percutânea estrato córneo, epiderme ou estrato germinativo, derme ou pele verdadeira, hipoderme 1. Haste do pêlo. 2. Poro de uma glândula sudorípara. 3. Camada córnea. 4. Camada granulosa. 5. Camada espinhosa. 6. Camada basal. 7. Melanócito. 8. Terminação nervosa livre (receptor da dor). 9. Corpúsculo de Meissner (receptor tátil). 10. Bulbo terminal de Krause (transição pele/mucosa). 11.Glândula sebácea (regulada hormonalmente). 12. Músculo eretor de pêlo (contraído). 13. Fibra de colágeno. 14. Corpúsculo de Ruffini (receptor mecânico). 15. Corpúsculo de Pacini (receptor pressão). 16. Bulbo piloso. 17. Glândula sudoripara écrina. 18. Fibras nervosas sensitivas (mielinizadas). 19. Fibras nervosas autônomas (não mielinizadas). 20. Tecido celular subcutâneo. Penetração cutânea Penetração cutânea ou absorção cutânea (ação tópica – formulação cosmética e dermatológica) ≠≠≠≠ Permeação cutânea ou absorção transcutânea (ação sistêmica – transdérmicos) 2. Penetração dos medicamentos na pele 3. Fatores que afetam a absorção cutânea: a) concentração do fármaco b) quantidade maior do fármaco é absorvida pela via percutânea quando a substância é aplicada em grande área c) fármaco deve apresentar maior atração fisico-química pela pele do que pelo excipiente ou veículo no qual é apresentado d) a absorção parece ser melhor com bases que apresentam melhor espalhabilidade na pele e) veículos que aumentam a hidratação, favorecem a absorção cutânea f) tempo e intensidade de fricção aumentam penetração g) absorção é maior em locais onde a camada do estrato córneo é mais fina h) quanto maior o tempo de contato entre o fármaco e a pele i) doses múltiplas Permeabilidade dos excipientes dermatológicos Emulsão a/o – óleo mineral Silicone, parafina Gel, pomada de vaselina Ação superficialEpidérmicos Óleos vegetais Emulsão o/a – óleo mineral Emulsão o/a – gordura natural ou vegetal (cold cream) Média penetraçãoEndodérmicos Lanolina Emulsão o/a – gordura natural Principalmente aniônico Penetração profundaDiadérmico ExcipientePermeabilidadeTipo Permeabilidade dos fármacos Incorporação na fase externa Liberação rápida Incorporação na fase interna, Liberação lenta Emulsão o/a Diminui interação (suspensão ou dispersão) Liberação rápida Alta interação Liberação lenta Pomada Incorporação na fase interna, Liberação lenta Incorporação na fase externa Liberação rápida Emulsão a/o Aumenta interação Liberação rápida ou lenta Diminui interação (suspensão ou dispersão) Liberação rápida Gel Fármaco hidrofílicoFármaco lipofílicoExcipiente PATCHES: São dispositivos que liberam o fármaco na superfície da pele, o qual atravessa várias camadas, até atingir a circulação sistêmica. Existem dois tipos básicos de sistemas: • Controlam a velocidade de liberação da S.A. • Permitem que a pele controle a velocidade de absorção Sistemas Transdérmicos Fornecem: • Liberação sustentada dos ativos • Longo do tempo • Fluxo constante dos ativos • Diminui o risco de efeitos colaterais, pois mantém o nível da substância ativa constante. Patches Adesivos Tipos de sistemas transdérmicos Tipos de sistemas transdérmicos 1. Liberar as S.A. para absorção na circulação sistêmica, em velocidade controlada para a pele intacta do paciente 2. Sistema deve possuir as características físico- químicas adequadas para permitir a pronta liberação do fármaco e facilitar sua passagem do sistema de liberação para o estrato córneo 3. Sistema deve ocluir a pele e garantir o fluxo unidirecional do fármaco 4. Sistema deve apresentar uma vantagem terapêutica sobre as outras formas farmacêuticas Objetivos do sistema transdérmico 5. O adesivo, veículo e fármaco do sistema não devem ser irritantes e sensibilizantes para a pele 6. O adesivo deve aderir à pele e o seu tamanho, aparência e localidade no corpo não devem ser um obstáculo ao uso 7. O sistema não deve permitir a proliferação de bactérias na pele ocluída Objetivos do sistema transdérmico 1.Evitar as dificuldades de absorção gastrintestinais 2. Substituir a administração oral 3. Evitar efeito de primeira passagem 4.Evitar riscos e a inconveniência da administração parenteral 5. Proporcionar várias doses diárias com uma única aplicação 6. Ampliar a atividade do fármaco com meia vida curta 7. Permitir rápida interrupção do efeito do fármaco Vantagens 1. Via transdérmica é inadequada para fármacos que irritam a pele 2. Apenas fármacos relativamente potentes são candidatos para esta via 3. Dificuldades de técnicas associadas à adesão do sistema na pele 4. Fármacos cuja dose é de 10-20 mg ou + diariamente 5. Irritação pelo sistema Desvantagens 1. local selecionado 2. tipo de pele 3. retirada da embalagem 4. período de utilização 5. limpeza da área de aplicação, das mãos antes e após aplicação Considerações sobre o uso Foi lançado no Brasil em Março de 2003. Evra® é um adesivo anticoncepcional que deve ser colado na pele permanecendo nesta posição durante uma semana. A maior vantagem é que a mulher não precisará tomar a pílula todo dia e nem esquecerá. Outra vantagem é que os hormônios serão absorvidos diretamente pela circulação evitando alguns efeitos colaterais desagradáveis da pílula oral. Exemplo - Evra® EVRA é composto por três camadas: uma camada externa de revestimento flexível que confere o suporte estrutural e protege a camada intermediária; uma camada adesiva intermediária que contém os hormônios etinil-estradiol (EE) 700 µg e norelgestromina (NGMN) 6 mg, e uma terceira camada, transparente, que protege a camada adesiva e é retirada pouco antes da aplicação. Libera na circulação sanguínea 20 e 150µg do respectivo hormônio a cada 24 horas. • Pluronic® Lecithin Organogel (P.L.O.) • Microemulsão lipossomal fosfolipídica • Empregada para a administração de fármacos pela via transdérmica • Veículo de alta permeabilidade cutânea, com capacidade de carrear fármaco(s) incorporado(s) • Exemplo: anti-inflamatórios, analgésicos, anti-eméticos e demais fármacos empregados em situações onde se deseja uma maior permeabilidade cutânea e um alcance sistêmico do fármaco. O organogel, ou como é comumente denominado em literaturas direcionadas à farmácia magistral - gel transdérmico - é na verdade uma emulsão que apresenta um toque sensorial de gel. Essa emulsão consiste: • Fase hidrossolúvel que é o gel aquoso de polaxamer 407 de 20 a 40% • Fase lipossolúvel (L.I.P.S.) composta de uma solução de lecitina granulada e palmitato de isopropila. • Após o preparo do gel aquoso de polaxamer e da solução L.I.P.S., o farmacêutico pode incorporar o fármaco através do emprego de uma farmacotécnica simples que envolve a aplicação da força de extrusão. • A força de extrusão é a força necessária para a formação de micelas lipossomais e consequentemente a encapsulação do fármaco incorporado. • Para aplicação de tal força, utilizamos duas seringas conectadas por um adaptador e misturamos o conteúdo das duas seringas, já com o fármaco incorporado na solução L.I.P.S. • Sabemos que na prática clínica, se manipularmos o gel somente com simples homogeinização no gral, não há formação de micelas e por conseguinte, o resultado clínico é pouco satisfatório. Em 1992, Williman e colegas relataram que o organogel de lecitina (PLO) interagia com o estrato córneo na pele e desorganizava as camadas lipídicas para que o fármaco que carreava penetrasse mais facilmente. *Via alternativa ao trato gastrintestinal: • Menor irritação e toxicidade sistêmica, • Evita a ação do pH ácido do estômago sobrefármacos sensíveis nestas condições. • Evita possíveis interações do fármaco com alimentos e com a flora intestinal. • Evita o efeito de primeira passagem hepática. • Possibilidade de aplicação em diferentes locais do corpo (deve-se evitar a aplicação em locais com irritação e ou com lesões). *Aumenta a adesão do paciente ao tratamento: resultado da fácil administração e da diminuição da toxicidade sistêmica. Vantagens da administração do gel transdérmico * Possibilidade de irritação localizada ou reações alérgicas cutâneas. * Lag time: tempo requerido para a difusão através da pele (relativa demora no início da ação do fármaco). * Limitações nas dosagens de fármaco. Desvantagens da administração gel transdérmico A formulação do gel transdérmico (PLO) mais utilizada em farmácias de manipulação no mundo todo atualmente envolve: • até 25% da formulação composta de ativos ou de um só ativo; • 22% da solução de lecitina e palmitato de isopropila (LIPS) • restante do volume com o gel de polaxamer 407 a 20%. É importante ressaltar que alguns fármacos alteram a viscosidade do gel e por isso é necessário aumentar a concentração do polímero Polaxamer 407 no gel de 30 a 40%. Possui 3 etapas para sua preparação. Formulação PARTE I: Preparo da solução de lecitina e palmitato de isopropila (LIPS lecithin/isopropyl palmitate solution) Para 100g de solução: - Lecitina granulada, NF 50g - Palmitato de isopropila, NF 50g (cerca de 58,5mL) - Ácido sórbico 1g Passo 3: Cobrir o béquer com filme plástico e deixar em repouso de um dia para o outro. Passo 4: No dia seguinte, uma mistura de consistência líquida irá se formar. Embalagem e Armazenamento: • Frasco PET âmbar bem vedado em temperatura ambiente. • Estima-se a estabilidade aproximada dessa solução em 180 dias, segundo a USP XXV. Passo 1: Todos os componentes devem ser previamente pesados ou medidos antes de iniciar o processo de manipulação. Passo 2: Verter o ácido sórbico e a lecitina em um béquer com o palmitato de isopropila. Com o auxílio de um bastão de vidro ou pão duro pequeno, misture o conteúdo do béquer até que as partículas de lecitinas estejam em contato com o palmitato de isopropila. “Não agite!” PARTE II: Preparo do Gel de Polaxamer 407: Ø A água destilada deverá ser previamente gelada. Ø A percentagem mais usada nas formulações do gel transdérmico é 20%. Recomenda-se ter armazenado o gel de polaxamer 407 a 20%. Ø O polímero polaxamer 407 é termoreverso, i.e., em temperatura ambiente, seus géis ficam gelificados e em temperaturas frias, seus géis se fluidificam. Portanto, armazenamos o gel de polaxamer 407 no refrigerador, para facilitar a manipulação final. Polaxamer 407 20g ou 30g ou 40g Sorbato de potássio 0,2g Água destilada q.s.p. 100mL Passo 1: Utilizando um béquer de 240mL, calibrar o mesmo para 100mL utilizando a técnica a seguir: Medir 100mL de água destilada gelada, em uma proveta. Verter para um béquer de 240mL e marcar, externamente no béquer, o nível de 100mL. Verter então a água gelada de volta para a proveta, deixando no béquer de 20-30mL. Passo 2: Pesar os pós e transferir para o béquer. Passo 3: Completar, então, com a água gelada da proveta até a marca de 100mL do béquer. Homogeneizar com o bastão de vidro até que todas as partículas do polímero estejam em contato com a água. Passo 4: Cobrir o béquer com um filme plástico e deixar de um dia para o outro na geladeira, até completa dissolução. “Não agite!” PARTE III: Preparo do Gel Transdérmico com incorporação do ativo: Gel com cetoprofeno a 10% (exemplo) A partir da manipulação da solução LIPS e do gel de polaxamer 407, pode-se então fazer a incorporação do ativo através de uma técnica chamada extrusão. Essa técnica é que vai possibilitar a encapsulação do ativo. - Cetoprofeno 6g - Álcool etílico 99% qs (não ultrapassar 10% do volume total) - Solução de lecitina (LIPS) 13,2mL - Gel de polaxamer 20%* qsp 60mL Ø O que determina qual a percentagem que devemos usar é a viscosidade e estabilidade final do gel. Quando o ativo influencia na viscosidade, abaixando o pH da formulação por exemplo, podemos aumentar a percentagem do gel de polaxamer usado no gel transdérmico. Ø Quanto mais ativos adicionarmos a uma formulação com o gel transdérmico, menos viscoso e estável ele se torna. Ø Recomenda-se uma concentração total de ativos a 25% do volume total de gel transdérmico. 1. Triture o ativo em um gral para que haja redução dos cristais e ou partículas. 2. Dissolva o cetoprofeno em qs de álcool em um béquer pequeno. 3. Retire o conteúdo do béquer com o auxílio de uma seringa de 30 ou 20mL do tipo luer lock e coloque o adaptador na seringa como mostra a figura abaixo. 4. Com o auxílio de outra seringa de 60mL do tipo luer lock, retire o volume necessário da solução de lecitina (LIPS) e conecte as seringas. 5. Vagarosamente, misture o conteúdo das seringas, empurrando um êmbolo por vez até obter uma mistura homogênea. Coloque a solução em uma única seringa deixando o conector. 6. Observe o volume em mL que sua preparação está ocupando na seringa. Diminua esta quantidade de 60mL (volume final) . Essa diferença é o volume do gel de polaxamer a ser usado. 7. Retire o volume necessário do gel de polaxamer com uma outra seringa de 60mL do tipo luer lock. Conecte as duas seringas. 8. Misture o conteúdo das duas seringas empurrando os êmbolos das duas seringas da direita para a esquerda e vice e versa, um por vez (técnica de extrusão, de acordo com a figura abaixo). Execute essa técnica pelo menos 5 vezes ou até que a mistura esteja visivelmente homogênea, como mostra a figura. 9. De acordo com a dose diária a ser usada pelo paciente, dispensar na própria seringa de 60mL ou dispensar em seringas menores (como as de insulina, de 1mL) que permitem a leitura precisa do gel em quantidades menores que 1mL. Veja a figura que mostra como colocar o gel em seringas menores. Pode-se dispensar várias seringas de 1mL para o paciente. Exemplos de formulações transdérmicas 1. Processos inflamatórios em geral (artrite e artrose) Gel transdérmico com piroxicam Piroxicam 1% Propilenoglicol até 10% L.I.P.S. 22% Gel Polaxamer 407 20% q.s.p. 100% Modo de usar: aplicar 1mL na região afetada 3 a 4x ao dia. Formulação dispensada em seringa dosadora. Gel transdérmico com Diclofenaco e associações Diclofenaco sódico 3% Ciclobenzaprina HCl 0,5% MSM (metilsulfonilmetano) 10% Propilenoglicol até 10mL L.I.P.S 22% Gel Polaxamer 407 20% q.s.p. 100% Modo de usar: aplicar 1mL na região afetada 3 a 4x ao dia. Formulação dispensada em seringa dosadora. 2. Tratamento de neuropatias periféricas (pós-herpéticas e diabéticas) Cetoprofeno 2% Baclofeno 2% Gabapentina 6% Propilenoglicol até 10% L.I.P.S. 22% Gel Polaxamer 407 20% q.s.p. 100% Indicação: neuropatias pós-herpéticas e neuropatias crônicas. Modo de usar: aplicar 1mL 3 a 4x ao dia. Nas neuropatias pós- herpéticas aplicar na região dolorida. Nas neuropatias crônicas aplicar 1mL 3 a 4x ao dia no local da origem da dor (veja ilustração dos dermatomas em anexo). 3. Gel transdérmico com creme antibacteriano para tratamento de úlceras de perna Metronidazol, USP 4g Hidrocortisona micronizada (ou acetato de hidrocortisona, usando o Fc) 5g Sulfato de zinco 7H2O 2g Propilenoglicol Até 6mL Água destilada 1mL LIPS 11mL Gel de polaxamer 407 20% qsp 50mL Creme de Sulfadiazina de prata qsp 100g Indicação: úlceras de perna Modo de usar: aplicar 1mL 2-3x ao dia na lesão. Formulação dispensada em seringa dosadora. 4. Uso Veterinário Gel transdérmico com Metimazol 5mg/0,1mL Metimazol 500mg Propilenoglicol até 1mL L.I.P.S 2.2mL Gel Pluronic20% q.s.p. 10mL Indicação: hipertiroidismo, especialmente em gatos. Modo de usar: 2,5-5mg, de 1 a 2 X/dia Gel transdérmico com Diltiazem 7,5mg/0,1mL Diltiazem 0,75g Gel Transdérmico q.s.p. 10mL Indicação: taquicardia, pressão sanguínea elevada Modo de usar: Em felinos, aplicar 0,1 mL na parte interior da orelha 1-2x/dia 4. Uso Veterinário Gel transdérmico com Glipizida 2.5 mg/0,1mL Glipizida 0.25g Gel Transdérmico q.s.p. 10mL Indicação: Como agente hipoglicemiante em casos de diabetes tanto em caninos como em felinos. Modo de usar: Para felinos, aplique 0,1mL 1-2 X ao dia. Gel transdérmico com Fenobarbital 10 mg/0,1mL Fenobarbital 1g Gel Transdérmico q.s.p. 10mL Indicação: Como agente anti-convulsivante tanto em caninos como em felinos. Modo de usar: Para caninos, a dose inicial indicada é de 2-5mg/Kg 1-2 X ao dia. Para felinos, a dose inicial indicada é de 1,5-5mg/Kg 1-2 X ao dia.
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