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21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 1/7 Estudo da parede celular bacteriana Para suportar a alta pressão osmótica da célula, devido a presença de grande concentração de soluto interno, bactérias apresentam uma parede ceular complexa e semirigida que circunda a membrana celular adjacente, também responsável pela forma da bactéria. A parede celular apresenta uma composição química complexa, composta por uma rede de macromoléculas denominada peptidioglicano (mureína ou mucopeptídeo), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. O peptidioglicano corresponde a um dissacarídeo repetitivo único e por pelipeptídios que formam um "esqueleto" que circunda e protege toda a célula. A estrutura básica do peptidioglicano pode ser definida como um arcabouço onde as cadeias glicanas ligamse por ligações peptídicas cruzadas, formadas pelos aminoácidos. A porção dissacarídica é composta por dois derivados de monossacarídeos denominados N- acetilglicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM), unidos alternadamente e ligados à glicose. Filas adjacentes estão ligadas por polipeptídeos. Embora a estrutura da ligação polipeptídica varie, ela sempre inclui cadeias laterais de tetrapetídeos, que consistem em quatro amino-ácidos unidos aos NAMs do esqueleto. Os aminoácidos ocorrem em um padrão alternado de formas L e D e consistem em L-alanina, D- alanina, ácido D-glutâmico e lisina (ou ácido diaminopimélico – DAP). Esse padrão é único, pois os aminoácidos encontrados em outras proteínas são formas L; desta maneira, os aminoácidos D-glutâmico, D-alanina e DAP não são encontrados em qualquer outra proteína conhecida. As cadeias laterais paralelas de tetrapeptídeo ligam-se diretamente umas às outras por uma ponte cruzada peptídica, consistindo de uma cadeia curta de aminoácidos. Assim, devido a esta complexa estrutura, o peptidioglicano confere rigidez à parede, embora também apresente elasticidade e porosidade, permitindo a passagem de substâncias. Dependendo da organização da parede celular, as bactérias podem ser classificadas em dois grandes grupos distintos, de acordo com sua resposta ao método de colora- ção pelo método de Gram: Gram positivas () e Gram negativas (). Embora esta distinção tenha sido originalmente baseada em um procedimento especial de coloração – processo de coloração de Gram – as diferenças estruturais entre os dois grupos residem, essencialmente, na estrutura e composição química da parede celular. 01 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 2/7 Parede Celular de Bactérias Gram positivas Na maioria das bactérias Gram positivas, a parede celular consiste de muitas camadas de peptidioglicano, formando uma estrutura espessa e rígida. Também contém substâncias denominadas ácidos teicóicos, que consistem principalmente em polímeros álcoois (glicerol ou ribitol), associados a açúcares ou aminoácidos e conectados entre si por fosfato. Existem duas classes de ácidos teicóicos: o ácido lipoteicóico, que atravessa a camada de peptidioglicano e está ligado covalentemente aos lipídios da membrana plasmática, e o ácido teicóico de parede, que apresenta ligação covalente com o peptidioglicano. Devido à carga negativa, os ácidos teicóicos são parcialmente responsáveis pela carga negativa da superfície celular e podem permitir a passagem de cátions através da parede celular, para dentro e para fora da célula. Também assumem um papel no crescimento da célula, impedindo a ruptura da parede e lise celular. Ainda, constituem importantes antígenos de superfície; portanto, tornam possível identificar bactérias através de certos testes laboratoriais. Parede Celular de Bactérias Gram negativas As paredes celulares de bactérias Gram negativas consistem de uma estrutura bastante complexa, com poucas camadas de peptidioglicano, ausência de ácidos teicóicos e uma camada adicional de parede, composta por lipopolissacarídeo (LPS), denominada membrana externa. Essa camada corresponde a uma segunda camada lipídica, diferente da membrana celular. O peptidioglicano está ligado a lipoproteínas na membrana externa e está em um espaço cheio de fluido entre a membrana celular e a membrana externa, denominado espaço periplasmático (periplasma). O espaço periplasmático contém uma alta concentração de enzimas de degradação (enzimas hidrolíticas que promovem a degradação inicial dos nutrientes), proteínas de transporte (que iniciam os processos de transporte de substratos) e quimiorreceptores. 02 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 3/7 A membrana externa consiste de LPS, lipoproteínas e fosfolipídios. Apresenta várias funções específicas e sua forte carga negativa é um fator importante na evasão da fagocitose e de ações do sistema imunológico do hospedeiro. A membrana externa também fornece uma barreira para alguns antibióticos, enzimas digestivas como a lisozima, detergentes, metais pesados, sais biliares e certos corantes. Entretanto, não fornece uma barreira para substâncias ambientais, pois nutrientes devem atravessá-la para manter o metabolismo bacteriano. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida a proteínas denominadas porinas, que formam canais permitindo a passagem de pequenas substâncias como nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitaminas e ferro. Existem vários tipos de porinas que podem ser classificadas como específicas, quando possuem sítio de ligação específica para um grupo de substâncias estruturalmente relacionadas, ou não específicas, quando formam canais preenchidos por água, pelos quais pequenas substâncias podem passar. O componente LPS da membrana externa consiste em duas porções: um polissacarídeo interno e o polissacarídeo O (antígeno O), que atuam como antígenos e são úteis para diferenciar as espécies de bactérias Gram negativas e a porção lipídica do lipopolissacarídeo, denominada lipídio A, que é referida como endotoxina, sendo tóxica quando presente no organismo do hospedeiro. Um complexo lipoprotéico é encontrado na camada interna da membrana externa. Essas lipoproteínas contêm pequenas proteínas que atuam ancorando a membrana externa ao peptidioglicano. Os fosfolipídios são encontrados na camada interna da membrana, enquanto na camada externa são substituídos pelo LPS. 03 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 4/7 Bactérias desprovidas de Parede Celular Algumas bactérias não apresentam parede celular ou apresentam muito pouco material de parede. Essas são representadas por membros do gênero Mycoplasma, as menores bactérias de vida livre conhecidas que podem crescer e se reproduzir fora de células vivas de hospedeiros. Sua membrana celular destaca-se das outras bactérias por possuírem lipídios denominados esteróis; acredita-se que estes ajudem a protegê-las da lise. A falta da parede celular parece facilitar a fusão da membrana celular com a célula hospedeira. Destruição da Parede Celular por Antibióticos Substâncias químicas que destroem a parede celular bacteriana, ou que interferem com sua biossíntese freqüentemente não causam dano as células animais, pois a parede celular bacteriana é composta de substâncias diferentes daquelas presentes nas células eucariontes. Alguns antibióticos, portanto, atuam inibindo a síntese da parede celular bacteriana, como a penicilina, um antibiótico que deriva de bolores Penicillium obtidas por extração de culturas em meios especiais, descoberto por Fleming em 1928. Estrutura da Parede Celular e Coloração de Gram As células podem ser submetidas a procedimentos de coloração que aumentam o seu contraste e facilitam sua observação ao microscópioóptico de campo claro. Os corantes utilizados para corar bactérias são compostos químicos que se combinam fortemente aos constituintes celulares. Em 1884 um bacteriologista dinamarquês chamado Hans Christian Gram (1853-1938) desenvolveu um método de coloração bacteriana diferencial para distinguir entre duas classes de bactérias. O método de coloração que recebeu seu nome é um dos procedimentos de coloração fundamentais em microbiologia, visto que está correlacionado com muitas outras propriedades morfológicas em formas filogeneticamente correlatas, sendo considerado essencial na identificação de uma bactéria desconhecida, pois classifica as bactérias em dois grupos: Gram positivo ou Gram negativo. Christian Gram observou que, após o processo de coloração com dois corantes distintos as bactérias apresentavam reações diferentes em relação aos dois corantes utilizados. As bactérias Gram positivas coram-se em roxo, enquanto as bactérias Gram negativas coram-se em vermelho. Um esfregaço bacteriano fixado pelo calor é recoberto inicialmente com um corante básico roxo (cristal violeta), com o objetivo de corar todas as células em roxo (coloração primária), e posteriormente o esfregaço é tratado com uma solução de iodo (lugol), um mordente que forma um complexo insolúvel de cristal violeta-iodo, que permanece dentro da célula, permitindo a coloração de bactérias Gram positivas e Gram negativas em roxo. 04 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 5/7 Posteriormente, realiza-se o tratamento do esfregaço com álcool, sendo esse complexo extraído de bactérias Gram negativas devido à capacidade do álcool em penetrar a membrana externa, rica em lipídios, removendo o complexo cristal violeta-iodo, mas incapaz de descolorir bactérias Gram positivas. Como as bactérias Gram negativas tornam-se incolores após o tratamento com álcool, aplica-se sobre o esfregaço o corante safranina, um corante básico vermelho, que cora as bactérias Gram negativas em uma tonalidade avermelhada. Tal reação à coloração de Gram se deve às diferenças na espessura e composição química da parede celular de bactérias Gram positivas e Gram negativas, que permite que o álcool descore as células Gram negativas, mas não as Gram positivas. Algumas bactérias, como os membros do gênero Mycobacterium são mais freqüentemente identificadas utilizando outro tipo de coloração, conhecida como álcool-ácido-resistente, já que após o processo de coloração de Gram não assumem a cor roxa ou vermelha, sendo referidas como bactérias Gram-variáveis. Dessa maneira, em relação à composição química da parede celular, temos: 05 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 6/7 COMPLEMENTAR (https://ead.uninove.br/ead/disciplinas/impressos/_g/mibio40/a04tc01_mibio40.pdf) Protoplastos, Esferoplastos e formas L Protoplastos, Esferoplastos e formas L: A parede celular das bactérias pode ser removida utilizando-se enzimas que rompem as ligações glicosídicas entre NAG e NAM ou bloqueando a síntese de peptidioglicano com antibióticos (como a penicilina). Se o conteúdo celular permanecer circundado pela membrana plasmática e a lise celular não ocorrer, a célula sem a parede celular será denominada protoplastos (em bactérias Gram positivas) e esferoplastos (em bactérias Gram negativas que conservam a membrana externa). Se essas bactérias forem capazes de se desenvolver e se reproduzir serão denominadas formas L. Algumas bactérias produzem formas L espontaneamente, o que contribui para a sua patogenicidade, determinando infecções crônicas. REFERÊNCIA Jawets, E. Microbiologia Médica. 22ª ed., Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006. Madigan, M.T. Martinko, J.M., Parker, J. Microbiologia de Brock. 10ª ed., São Paulo: Pearson, 2004. Pelczar, M.J.Jr., Chan, E.C.S., Krieg, N.R. Microbiologia: Conceitos e Aplicações, 2ª ed., São Paulo: Makkron Books, 1996. Tortora, G.J. Microbiologia. 8ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2005. 06 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 7/7