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AS ORIGENS DO TOTALITARISMO / IDEOLOGIA E TERROR: UMA NOVA FORMA DE GOVERNO – HANNAH ARENDT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
TEORIA POLÍTICA MODERNA
ACADÊMICA: GLENDA DE OLIVEIRA VITAL
AS ORIGENS DO TOTALITARISMO / IDEOLOGIA E TERROR: UMA NOVA FORMA DE GOVERNO – HANNAH ARENDT
PARTE III – TOTALITARISMO – CAPÍTULO 3 – O TOTALITARISMO NO PODER
Hannah Arendt conhecida como a pensadora da liberdade, viveu as grandes transformações do poder politico do século XX. Estudou a formação dos regimes totalitários instalados nesse período – o nazismo e o comunismo – e defendeu os direitos individuais e a família, contra as “sociedades de massas” e os crimes contra a pessoa.
Sua obra é fundamental para entender e refletir sobre os tempos atuais dilacerados por guerras. Para ela, compreender significava enfrentar sem preconceitos a realidade, e resistir a ela sem procurar explicações em antecedentes históricos. 
Embora fosse de família hebraica, não teve a educação religiosa tradicional judia e sempre professou sua fé em Deus de forma livre e não convencional. É importante saber desse aspecto porque Hannah dedicou toda sua vida a compreender o destino do povo judeu perseguido por Hitler.
O manuscrito original de As origens do totalitarismo foi terminado no outono de 1949, mais de quatro anos depois da derrota da Alemanha de Hitler e menos de quatro anos antes da morte de Stálin. A primeira edição do livro veio à luz em 1951. Os anos em que foi redigido, de 1945 em diante, pareciam ser o primeiro período de relativa calma após décadas de tumulto, confusão e horror — desde as revoluções que se seguiram à Primeira Guerra Mundial até o surgimento de toda sorte de novas tiranias, fascistas e semifascistas, unipartidárias e militares, e, por fim, o firme estabelecimento de governos totalitários baseados no apoio das massas: na Rússia em1929, ano do que se costuma chamar de "segunda revolução", e na Alemanha em 1933. 
 Arendt argumenta que o totalitarismo se situa de um lado na evolução do antissemitismo e racismo, e do outro lado, na evolução do marxismo em despotismo. O propósito de unir os dois alicerces em uma só obra torna o livro As Origens do Totalitarismo o mais importante estudo comparativo dos dois principais males do século XX. 
De acordo com Hannah Arendt, o governo totalitário não foi algo que surgiu do nada e nem sem fundamento, mas sim, foi criado no mundo não totalitário cristalizando elementos que ali encontrou. Portanto, na perspectiva de Arendt, o totalitarismo é uma ‘’criação’’ exclusivamente humana. Isto é, como ela mesma disse: “esse corpo político absolutamente ‘original’ foi planejado por homens e, de alguma forma, está respondendo a necessidades humanas” (Arendt, 1989, p.526.) um novo tipo de formação politica que não tem precedentes que e que difere dos outros tipos de tiranias políticas. Na visão de Hannah Arendt, há apenas duas marcas que caracterizam e registram as tiranias ao longo dos tempos. De um lado, o poder arbitrário, sem freio das leis, exercido no interesse do governante e contra os interesses dos governados; e de outro, o medo como princípio de ação, ou seja, o medo que o povo tem pelo governante e o medo do governante pelo povo (Arendt, 1990, p.513.).
Algo importante a ser salientado que em outras tiranias, a pessoa tinha a liberdade de escolher a oposição, uma liberdade limitada sim, pois sabia que corria o risco de ser torturada ou morta; porém, uma liberdade recusada à vítima do sistema totalitário. Pois, o totalitarismo só se contenta, quando eliminar não apenas a liberdade em todo sentido específico, mas a própria fonte da liberdade que segundo Hannah Arendt, está no nascimento do homem e na sua capacidade de começar de novo. 
O totalitarismo utiliza, de acordo com Arendt, da “ideologia” como instrumento essencial para explicar absolutamente e de maneira total o curso da história: “os segredos do passado, as complexidades do presente, as incertezas do futuro” (Arendt, 1989, p.521.). Por um lado, ela forma um sistema de interpretação definitiva do mundo, mostra uma pretensão em explicar tudo, por outro, afirma desde logo o seu caráter irrecusável, infalsificável.
Para Hannah, o totalitarismo ter o poder significa um confronto com a realidade, evitando ao máximo confrontar-se com ela transforma o impossível em possível através das propagandas: “o principal esteio psicológico da ficção totalitária — o ativo ressentimento contra ostatus quo, que as massas recusaram aceitar como o único mundo possível — já não existe, e cada fragmento de informação concreta que se infiltra através da cortina de ferro, construída para deter a sempre perigosa torrente da realidade vinda do lado não-totalitário, é uma ameaça maior para o domínio totalitário do que era a contrapropaganda para o movimento totalitário.” (Arendt, 1989, p. 442).
Podemos observar no livro a constante critica da autora ao regime totalitarista, frisando neste o seu total desrespeito as leis e a liberdade: “nos primeiros anos de poder, os nazistas desencadearam uma avalanche de leis e decretos, mas nunca se deram ao trabalho de abolir oficialmente a Constituição de Weimar; chegaram até a deixar mais ou menos intactos os serviços públicos — fato que levou muitos observadores locais e estrangeiros a esperar que o partido mostrasse comedimento e que o novo regime caminhasse rapidamente para a normalização. Mas, após a promulgação das Leis de Nuremberg, verificou-se que os nazistas não tinham o menor respeito sequer pelas suas próprias leis”. (Arendt, 1989, p.444).
Outra importante questão exposta por Hannah Arendt em sua obra é a relação entre autoridades e suas fontes, no caso o Estado e o Partido. Ela afirma que a máquina governamental do regime totalitário serve como fachada para esconder e disfarçar o verdadeiro poder do partido.
No Estado totalitário diversos órgãos governamentais são criados com o intuito de criar um “governo fantasma”, onde quanto mais escondidos da massa mais poderoso seria esse órgão. Como é exposto no seguinte trecho: A única regra segura num Estado totalitário é que quanto mais visível é uma agência governamental, menos poder detém; e, quanto menos se sabe da existência de uma instituição, mais poderosa ela é, ( .. ) o partido bolchevista, que recruta abertamente os seus membros e é reconhecido como classe governante, tem menos poder que a polícia secreta. O verdadeiro poder começa onde o segredo começa. (Arendt, 1989, p. 453)
Algo que gera bastante debate também quando observamos a obra, são os conceitos de proteção no regime totalitário, temos o surgimento da policia secreta: “acima do Estado e por trás das fachadas do poder ostensivo, num labirinto de cargos multiplicados, por baixo de todas as transferências de autoridade e em meio a um caso dê ineficiência, está o núcleo do poder do país, os supereficientes e supercompetentes serviços da polícia secreta. A importância da polícia como único órgão do poder e o desprezo em relação ao poder do Exército, que caracterizam os regimes totalitários, podem ainda ser parcialmente explicados pela aspiração totalitária de domínio mundial e pela consciente abolição da diferença entre um país estrangeiro e o país de origem, entre assuntos externos e assuntos domésticos. As forças militares, treinadas para lutar contra um agressor estrangeiro, sempre constituíram instrumento duvidoso para fins de guerra civil; mesmo em condições totalitárias, sentem dificuldades em olhar o próprio povo com os olhos do conquistador estrangeiro. Mais importante a esse respeito, porém, é que os seus valores se tornam duvidosos mesmo em tempo de guerra.” (Arendt, 1989, p. 470)
No governo totalitário os líderes se preocupavam primeiro em eliminar seus inimigos facilmente detectáveis, ou seja, qualquer partido de oposição. Em meio a esse processo começa uma espécie de lavagem cerebral na população para o entendimento de que somente o estado totalitário é o certo e ideal para aquele povo e que todo o resto está errado. A autora frisa muito nesta questão para que se entenda o porquê do povo ter apoiado o nazismo na Alemanha.Após consolidado o totalitarismo em determinado pais o líder começa a buscar seus inimigos entre o próprio povo. Devido a sua instabilidade o governo totalitário está sempre preocupado em manter a massa alienada para evitar rebeliões e mantendo sempre às pessoas que possuíam altos cargos sobre vigilância de seus detetives. 
Infelizmente com o fim da Segunda Grande Guerra em 1945 o governo totalitário não teve seu fim. Pelo contrário foi seguido pela bolchevização da Europa oriental, e trazendo um exemplo mais recente, temos a condição da Coréia do Norte que vive em um regime totalitário, mesmo com todo o histórico de violência e perversidades vividas nos primeiros governos totalitários.

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