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O poder de Otávio

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE | INSTITUTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA ANTIGA
PROF. DR. ALEXANDRE SANTOS DE MORAES
ALUNA: LUANA MURUCI BRITO
TEMA: A ASCENSÃO DO OTÁVIO AUGUSTO
O poder de Otávio
A morte de Júlio César
	Júlio César era um grande general e cônsul romano que tinha muita influência sobre a população de Roma. Este conseguiu expandir o território romano de maneira árdua e incessante, por intermédio de um exército fiel a seu comandante. 
	O general tinha conseguido seu prestígio político através de uma combinação – por meio de casamentos - com outras duas figuras emblemáticas no Senado Romano, Pompeu e Crasso, estabelecendo o primeiro consulado de três homens da República que foi chamado de triunvirato. O trio conseguiu tomar para si todo o poder político de Roma, onde todos os outros magistrados tinham perdido sua influência. Mas, a partir do momento em que essa combinação acabou, todo o apoio que César recebia foi perdido. Deste modo, depois de conseguir vencer os povos da Gália e acoplar este território ao território de Roma, Júlio César foi intimado a voltar para a República. 
	Além de ter perdido o apoio de seus mais íntimos companheiros, o cônsul também estava sofrendo ataques de todos os senadores, que tinham medo de Júlio César tomar o poder de Roma todo para si, já que este era visto por toda a população como seu único comandante. Sabendo disto, César foi até as margens do Rio Rubicão, que marca a fronteira da cidade de Roma, e o atravessou, assim invadindo a cidade. Chegando a Roma, no ano 44 a.C., Júlio César se declarou ditador vitalício de Roma. 
	Entretanto, o Senado não poderia aceitar que a República perdesse todo o seu sentido, que era o de os cidadãos poderem votar nos seus representantes e por isso prepararam uma armadilha para o ditador. Chamaram-no para o Senado e cada senador aplicou uma apunhalada em César, completando 43 apunhaladas. Uma das grandes surpresas de César dentre todos os traidores estava Marcus Junius Brutus, um dos seus melhores amigos, o que o fez proferir a famosa frase “até tu Brutus?” diante de tamanha decepção.
	Marco Antonio, logo após a morte de Júlio César, foi para a maior praça de Roma e leu o testamento deixado pelo ditador, onde este distribuía seus bens para todos os cidadãos de Roma e deixa seu nome como herança para seu sobrinho-neto e descendente mais próximo Otávio Augusto. O novo César estava na Grécia quando soube da morte de seu tio-avô e também de sua herança. Apesar da relutância de sua mãe em relação à carreira política, Augusto só tinha duas opções: concluir o trabalho Júlio ou esperar ser morto por conspiradores contrários a Júlio César.
Vinda para Roma e Guerra contra os libertadores
	Então, na intenção de vingar a morte de seu tio, Otávio volta a Roma e encontra Marco Antonio como cônsul. Marco, temendo a ascensão de Otávio e que este retirasse seu poder, não ficou ao lado de Otávio que buscou apoio na oposição de seu tio. Dessa maneira, conseguiu exilar Marco Antonio para o norte. Quando Otávio consegue chegar a cônsul, ele se alia a Marco Antônio e Lépido, um grande general do exército, para matar os assassinos de seu tio-avô e tomar o poder de Roma. Essa aliança foi chamada de o segundo triunvirato.
	Com o apoio do exército ocidental, Otávio jurou acabar com os traidores de Roma. Estes, depois da morte de Júlio César foram se refugiar na Grécia e conseguiram apoio dos reis da região. Deste modo, quando Otávio chegou a Grécia, acompanhado de Marco Antonio, Brutus e seus companheiros tinham uma grande vantagem naval para a guerra, no entanto isso não significou uma dificuldade para as legiões fiéis a Otávio, que venceram as forças dos libertadores¹ na Guerra de Filippos. Com a vitória do triunvirato, Brutus envergonhado e sem apoio tirou sua vida, pois sabia que seria morto por Otávio. 
	Depois da vitória sobre os libertadores, Marco, Otávio e Lépido dividiram o território romano, como indicado na imagem abaixo. Entretanto eles sabiam que em algum momento do futuro eles guerreariam novamente. 
¹ Os liberatores era a nomeação do grupo de senadores que traiu Júlio César e foi para a Grécia.
Imagem 1: Divisão do território romano após a Guerra de Filippos
A queda de Marco Antônio e o início do principado
	Logo após a divisão do território entre os triunviratos, Antônio, que estava casada com a irmã de Otaviano, Otávia, divorciou-se desta e casou-se com Cleópatra, com quem já tinha 3 filhos, além de colocar seus filhos como governadores de terras em Roma e nomear Cleópatra “Rainha dos Reis”. Otaviano usou o fato de Cléopatra não ser romana para desgastar a imagem de Marco no Senado e, quando foi eleito cônsul novamente, atacou Antônio alegando que seus atos tinham a intenção de tirar o poder de Roma sobre seus territórios, o que fez com que vários Senadores trocassem para o lado de Antonio, mas também fez com que dois dos mais importantes apoiadores de Antonio viessem para o lado de Otaviano, o que mostrou ter bastante valor. 
	Essas figuras tinham a informação valiosa de onde estava o testamento de Marco. Nesse testamento, que Otaviano roubou e leu em praça pública, Marco deixou as terras romanas como herança para seus filhos e separou Alexandria como sítio e tumba para ele e sua esposa. Dessa forma, Otaviano ganhou apoio para atacar militarmente Marco, que estava estacionado em um mar da Grécia, com a proteção somente de alguns navios cedidos por Cleópatra o que causou a vitória certa de Otaviano. Sendo o único governante da República, na intenção de tomar todo o poder para si, Otaviano iniciou o Principado.
	
O poder do princeps
	Após derrotar Marco Antônio e se tornar o único homem com todos os poderes de Roma, Otávio conseguiu apoiadores por todo o Império. Com o comando do exército conseguia controlar sua população, independente de sua vontade. Mas, isso não significa que o povo também não apoiasse o novo princeps. Otávio tinha se tornado o herói da Roma, o único que podia salvar uma República em decadência. Além disso, Otaviano tinha em suas mãos todos os instrumentos de propaganda que poderiam basear e perpetuar sua imagem. 
Imagem 2: Estátua de Otávio Augusto exemplificando a propaganda a sua imagem
	Com essas estratégias de publicidade, Otávio também criou uma imagem de vilão para Marco Antônio, que já tinha perdido sua credibilidade após uma derrota desastrosa na Pátria e a leitura do testamento passando terras romanas para o nome de sua esposa egípcia e seus filhos bastardos. Dessa maneira, usou a imagem manchada de Marco Antônio para criar uma oposição a ele, que seria a sua própria. 
	Outra forma de ganhar apoio tanto do povo quando do Senado era o discurso de salvação da República sem acabar com suas instituições e sem tirar o poder de escolha de seus cidadãos. Assim, ganhando o apoio também do Senado, que apesar de não confiar em um só homem no poder, conseguia confiar neste que defendia tanto suas instituições.
	Ademais, os magistrados não conseguiam encontrar outra solução pra crise além de confiar o poder na mão de Otávio. Em vista disso, “o senado ofertaria uma série de títulos e prerrogativas a Otávio, respaldando sua condição de maior autoridade do Império” (MOLLARES, 2010, P. 12). Outro meio de legitimar o poder de Otávio foi quando este recebeu uma grande honraria que é a adição do nome “Augusto”. Esse nome é um vocabulário religioso que é um adjetivo para alguém “como favoráveis e de bons augúrios” (Augusto, Cap. 7 apud MORALLES, p 13, 2010).
	Para concluir, pode-se deduzir que a legitimidade do poder de Augusto se baseia tanto no apoio da população como do Senado, influenciados por artifícios publicitários lançados pelo próprio Otávio Augusto e não só por seu poder sobre o exército romano.
Referências Bibliográficas 
DA ROCHA, Sandra Lúcia Rodrigues. A vida de Augusto, de Nicolau De
Damasco: tradução acompanhada de breve introdução. Clássica, Brasília, v. 27, n. 2, 2014, p. 181-193.
COLLARES, Marcos Antonio Correa. A legitimidade do poder de OtávioAugusto ao início do principado. Alétheia, Canoas, v 1, 2010, p. 20-38.
GOMES, Erick Messias Costa Otto. Poesia Horaciana e a legitimação do Imperador Romano Otávio Augusto (Século I a.C.). Disponível em: https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/49747808/Texto_Comunicacao_-_Erick_Messias_Costa_Otto_Gomes.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1513549158&Signature=96w1NvpdJObzE4Ct3meDdV4Z5ps%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DPoesia_horaciana_e_a_legitimacao_do_Impe.pdf.

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