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Poxviridae, Herpesviridae, Adenoviridae, Papilomaviridae

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Aula 19 - família DNA vírus
Os vírus que contem o DNA como seu genoma viral são os vírus das famílias: poxviridae, herpesviridae, adenoviridae, papillomaviridae e polyomaviridae.
Poxviridae
São vírus grandes com uma simetria complexa do capsideo com DNA fita dupla. Sua replicação ocorre no citoplasma, tendo que levar as enzimas para replicação. Ele é um vírus envelopado, e isso significa que ele é menos resistentes ao meio externo.
Possuem 13 gêneros, sendo os maiores em tamanho até o surgimento dos vírus gigantes.
Sua replicação ocorre pela entrada do vírus na célula, perdendo seu envelope e sofrendo desnudamento para sintetizar as proteínas virais pelos seus genes. Após a síntese dessas proteínas, elas serão montadas para formar uma partícula viral completa. 
A infecção vai de acordo com cada espécie, podendo ser autolimitante ou sistêmica (varíola). Ela é característica por afetar a pele, sendo predominante as lesões vesiculares e pustulares em mamíferos, já em aves ocorre uma doença disseminada.
As zoonoses mais importantes dessa família são dos vírus: vaccinia, cowpox e vírus da ectima contagioso.
Por serem vírus com um genoma muito grande e se replicarem no citoplasma, ele possui genes que afetam o sistema imune da célula. Alguns desses genes de modulação do sistema imune que o vírus adquire vem do hospedeiro pelo mecanismo de recombinação do genoma viral com o genoma do hospedeiro.
Para o homem, as doenças mais importantes causadas pelos vírus dessa família são dos vírus da varíola e do vírus Molluscum contagiosum, sendo algumas espécies com características zoonoticas como o vírus vaccinia.
Vírus vaccinia
Ele foi isolado em búfalos, mas tem a capacidade de ser transmitido para humanos que mantém um contato muito próximo e físico com esses animais, como o caso de ordenha manual.
Ele é capaz de causar surtos de doenças vesiculares em bovinos leiteiros. O surto ocorre quando o teto afetado apresenta uma lesão, e o ordenhador entra em contato com essa lesão. Por ter a característica zoonotica, ele vai infectar o ordenhador, causando uma lesão, e que por sua vez ao entrar em contato com o teto de outra vaca que esteja saudável, vai disseminar o vírus. Os terneiros/bezerros apresentam lesões no focinho pelo fato de ainda amamentarem e entrarem em contato com o vírus nesse momento de amamentação.
PS: ele foi o vírus utilizado para formar as vacinas humanas contra a varíola humana, realizando seu controle e resultando na sua erradicação
Cowpox –varíola bovina
Apesar de ser um vírus de vaca, seu hospedeiro são os roedores. Os roedores sendo presas dos felinos, eles acabam transmitindo o vírus para os felinos e podendo transmitir para seu dono, conferindo a característica zoonotica.
Nos bovinos causa lesões nos tetos de vacas leiteiras.
Vírus da varíola ovina e caprina (Sheeppox e goatpox)
Não existe no Brasil e que causa uma doença extremamente grave tendo que ser notificada, quando detectada forma uma barreira sanitária. Possui vacina, sendo aplicada anualmente.
Vírus da bouba aviaria (avipoxvirus)
Afeta as aves de forma geral, causando um impacto econômico quando afeta as criações de galinhas. As galinhas de criação apresentam depressão, diminuição no ganho de peso e de ovos. 
O vírus é transmitido através de insetos, de forma mecânica. 
Existe vacina contra esse vírus, que é aplicada em ovos e em pintos.
Vírus do ectima contagioso dos ovinos
Tem distribuição mundial e com característica zoonotica. Ele causa lesão com papulas que viram crostas.
A vacinação é feita pela escarificação cutânea. Alguns veterinários se auto inoculam o vírus durante a vacinação.
O diagnostico laboratorial para a presença desses vírus é feito pela inoculação em ovos embrionados de 10 a 12 dias ou em cultivo de fibroblasto.
Herpesviridae
É um vírus envelopado, com DNA fita dupla se replicando no núcleo. Suas infecções são latentes (se alojando em estruturas e escapando do sistema imune) e recorrentes (podendo ser reativado e reescretado).
O envelope dessa família possui glicoproteinas de superfície que vão se conectar com os receptores da membrana celular, participando do processo de adsorção.
Entre o capsideo e o envelope está o tegumento, que é composto por proteínas estruturais.
Dentro da família hepesviridae existem 3 subfamílias, sendo elas:
Alphaherpesvirinae: é a subfamília mais importante. Realiza latência nos gânglio trigêmeos e tem crescimento rápido
Betaherpesvirinae: latente em leucócitos e replicação lenta
Gammaherpesvirinae: latente em linfócitos B
Herpesvírus humano
São DNAvirus envelopados e que participam as 3 subfamílias da herpesviridae. Estão adaptados a resposta imune do hospedeiro por estar evoluindo em resposta ao nosso organismo a milhares de anos. 
Possuem 8 tipos e sua principal característica é a latência, que se da nos gânglio trigêmeos através da infecção dos axônios dos nervos que inervam as cavidades oral e nasal. O mecanismo que o vírus usa para sair da pele e chegar aos gânglios é pelos nervos sensitivos responsáveis pela sensação de prazer do beijo. 
A reativação viral não tem um mecanismo definido, mas tem mecanismo predisponentes que facilitam isso como estresse, doenças concomitantes, uso de corticosteróides e imunodepressão.
Esse é um vírus que atinge entre 80% e 90% da população mundial e causando lesão em 40% dos infectados. Por não termos conhecimento para eliminar ele do organismo, quem se infecta vira um portador e disseminador do vírus pelo resto da vida. 
 
Herpes tipo 1 – herpes oral = mais conhecida como herpes labial, aftas e queratite. Não afeta apenas a cavidade oral, afeta qualquer região onde houver contato com o vírus. 
O herpes neonatal é um tipo raro que geralmente é transferido de forma vertical, que causa lesões cutâneas e encefalite.
Herpes tipo 2 – herpes genital =é da subfamília Alfa.
Herpes tipo 3 – varicela-zoster = sua evolução ocorre de forma rápida indo de 14 a 20 dias, sendo altamente contagiosa e causando lesões em diferentes estágios. a primeira infecção ocorre em crianças de até 10 normalmente, mas pode acometer adultos, e causa a catapora. Quando ocorre sua reativação, geralmente em idosos, ela causa o zoster que é uma doença que afetam os nervos.
O tratamento é feito com uso de antivirais, mas elas não evitam a ocorrência de uma reativação viral.
O diagnostico é feito pela analise clinica e por exames laboratoriais de sorologia (ELISA) e isolamento do vírus, imunofluorescencia e PCR.
Herpes tipo 4 – Epstein-Barr = conhecida como doença do beijo/mononucleose infecciosa clássica. Tem predisposição para infectar linfócitos e células mononucleadas, com latência nos linfócitos B. 
Os sintomas da infecção são dores de garganta com formação de placas de exsudato acompanhada de febre e formação de ínguas no pescoço, pode se apresentar falta de apetite, sono, cansaço, dor muscular e articular.
As células alvos são os linfócitos B que ainda não foram infectados, e após a infecção eles se proliferam sem fim, dando origem a uma linhagem linfoblastoide. 
Transmissão mais comum se da pela saliva e está em cerca de 90% dos adultos. Os linfócitos precisam tem um receptor de membrana do tipo C3d para pode se infectado. 
O diagnostico é feito pela localização de IgM e IgG especifica para o capsideo desse vírus ou pela presença de linfocitose com linfócitos maiores, com mais citoplasma e núcleo deformado. 
A presença desse vírus pode causar linfoma de Burkitt, carcinoma nasofaringeo, carcinoma do timo e linfoma de Hodgkins.
Herpes tipo 5 – citomegalovirus = tem predisposição para células mononucleadas causando a citomegalomononucleose, que é uma doença rara, porem sua infecção viral é comum resultando em 80% dos adultos possuírem anticorpos contra ele. 
Ocorre a formação de células gigantes pela reação dos linfocitos T contra os linfócitos B em neonatos, causando a citomegalica. 
A transmissão do vírus pode ocorrer durante a gestação, durante o parto, na amamentação ou durante a infância. Em caso de infecçãoem adultos, as causas mais comuns são por relações sexuais, transplante renal (reativando e disseminando o vírus) e transfusão de sangue.
Quando a infecção ocorre ainda dentro do útero, as conseqüências variam em: surdez, microcefalia, icterícia e retardo mental.
Herpes tipo 6 e 7 = infectam as células mononucleadas de pessoas imunocomprometidas. Causa a doença infantil infecciosa roséola.
Herpes tipo 8 = é um vírus com o genoma frágil que se fragmenta fácil, com predisposição a linfócitos e ligado ao Sarcoma de Kaposi, que é um tumor comum em homossexuais positivos a AIDS e tendo ocorrência de 100% nesses casos em relação a sua presença.
A maioria dos indivíduos infectados possuem anticorpos contra esse vírus. É um vírus que não afeta toda a população. 
Dentro da família herpesviridae, os tipos principais que causam doenças em animais são: herpesvirus bovino tipo 1, herpesvirus bovino tipo 2, herpesvirus bovino tipo 4, herpesvirus bovino tipo 5, herpesvirus ovino tipo 2, herpesvirus bubalino tipo 1, herpesvirus porcino 1 e herpesvirus gallid 2.
Herpesvirus bovino tipo 1 (BoHV-1) = faz parte da subfamília alpha. É um vírus envelopado (infectando em contato direto fucinho-fucinho e na reprodução) e tem algumas semelhanças com os demais BoHV, mas sendo mais parecido com o BoVH-5. 
É um vírus mundial, que tem prevalência entre 22% a 83% dos animais no Brasil. É o vírus mais estudado e pode causar algumas enfermidades nos bovinos como a: rinotraqueite infecciosa bovina (a principal) caracterizada pela secreção de exsudato muco purulenta nas narinas, vulvovaginitis pustulosa infecciosa podendo causar aborto e balanopostitis infecciosa bovina em machos.
Herpesvirus bovino tipo 2 (BoHV-2) = esta na subfamília alpha. É pouco estudado e tem uma baixa prevalência no Brasil. Ele está disseminado no rebanho e causa mamilite assim como vaccinia vírus e cowpox, mas não é zoonotico.
Herpesvirus bovino tipo 4 (BoHV-4) = é da subfamília gamma. Não se sabe se ele esta ligado a alguma enfermidade reprodutiva pelo fato de ser encontrado em animais com metrite pós-parto e em animais saudáveis na Europa, índia, USA e argentina.
Ele pode estar associado à formação de mastite bovina, mas sua característica patogênica ainda não foi descoberta.
No Brasil sua prevalência é baixa, não passando de 20%
Herpesvirus bovino tipo 5 (BoHV-5) = subfamília alpha. É parecido com o BoHV-1, tendo reatividade cruzada com ele. 
Sua ocorrência é de 80% e é localizado apenas no hemisfério sul. A vacinação é possível, mas não se tem diagnostico.
Ela causa infecção com as enfermidades em animais jovens, sendo elas: IBR-like (característica da BoHV-1), encefalite hepática bovina caracterizada com bruxismo, cegueira, apatia e opistotono.
Herpesvirus ovino tipo 2 (OvHV-2) = subfamília gamma. É um vírus ovino, mas que afetam também os bovinos (encéfalo), causando a febre catarral maligna. Ele é pouco estudado no Brasil, tendo uma prevalência entre 4% e 7%. 
A febre catarral verdadeira é característica dos gnus.
Os surtos dessa doença está ligado a produção de bovinos e ovinos no mesmo ambiente. 
Herpesvirus bubalino tipo 1 (BuHV-1) = subfamília alpha. Sua característica é causar enfermidades reprodutivas nos búfalos. No Brasil ele é pouco estudado e tem prevalência de no Maximo 40% aqui no Brasil.
Na Itália é feito um controle maior do vírus pelo fato de possuir um rebanho considerável para a produção do queijo mussarela, que é típico deles. 
Estudos de seu genoma indicaram que ele é mais parecido com o BoHV-5 do que com o BoHV-1.
Esses vírus da família herpesviridae humana e bovina possuem a característica de latência, sem causar nenhuma doença até que ocorra algo que proporcione ao vírus a capacidade de reativação. 
Os BoVH-1, BoVH-5 e BuVH-1 infectam os bovinos e bubalinos na região do focinho e seguem até os gânglios trigemeos, onde ficam em latência, e quando ocorre à reativação fazem o caminho inverso em direção ao focinho pelos nervos. Esses mesmo vírus ao infectar o órgão genital do macho, afetam a região prepucial e seguem pelos nervos até os gânglios vertebrais, onde ficam em latência e realizam o mesmo processo quando ocorre sua reativação. No caso da contaminação do órgão genital, ele infecta o sêmen no momento em que ele sai da uretra e não em outra parte anterior do sistema reprodutivo.
Os tipos BoVH-2 atingem e ficam em latência nos gânglios linfáticos dos bovinos e os tipos BoVH-4 e OvHV-2 infectam os monócitos.
A característica de latência do vírus faz com que o animal infectado seja portador do vírus pelo resto de sua vida, podendo transmiti-lo para animais susceptíveis a infecção como as vacas prenhas que se encontram em uma situação de imunodeficiência e podendo afetar os bezerros.
O diagnostico para os BoHVs se da pelo isolamento do vírus em cultivo, identificação de anticorpos (pode dar falso positivo pela reatividade cruzada entre os BoVH-1 e BoVH-5) e soroneutralização com a presença de anticorpos neutralizantes em soro dos animais.
As vacinas utilizadas para controle de herpesvirus no Brasil são de origem norte-americana. As vacinas diferenciais de BoVH-1 são vacinas vivas com diferença de expressão de uma glicoproteina do envelope em relação ao vírus selvagem (gE-). A falta dessa glicoproteinas de superfície no vírus vacinal é o que possibilita realizar a identificação de animais não infectados vacinados dos animais infectados ao se analisar a reatividade do anticorpo para essa glicoproteina. E mesmo sendo muito parecido com o vírus BoVH-5, a vacina não tem efeito 100% contra ele com proteção cruzada, podendo apresentar algumas enfermidades como encefalite. 
O uso da vacina diferencial está sendo importante para o processo de erradicação do vírus em alguns países da Europa com programas voluntários de vacinação. Quando a erradicação do vírus for completada, vai ser formada mais uma barreira sanitária para a exportação de produtos de origem bovina para a união européia. O processo de erradicação tem melhor resultado na Europa pela característica de produção utilizada com confinamento e isolamento dos animais, sendo bem diferente do método a pasto utilizado aqui no Brasil, sendo economicamente inviável a erradicação do BoVH-1.
Mesmo com a vacinação do rebanho, não se tem o efeito 100% desejado por conta das características dos vírus, que variam em cada região/pais. Deve se fazer o controle em amostras de sêmen de animais voltados a reprodução para que não ocorra a transmissão do vírus.
 
Herpesvirus porcino 1 (pseudo-raíva) = subfamília alpha. Causa a doença de Aujeszky, comum em suínos e sem grandes problemas, mas pode ser transmitida para outras espécies e nesse caso gera graves problemas. 
É um vírus que habita excreções em temperatura amena e pouca umidade, sendo afetada e inativada com muita umidade e PH acido.
Sua infecção ocorre na região nasofaringea por contato direto com animais infectados, causando um escorrimento nasal e secreções. 
Herpesvirus gallid 2 =subfamília alpha. Infecta galinhas pelo trato respiratório. A disseminação do vírus é do tipo célula-célula e sua permanência ocorre nos folículos das penas. 
Adenoviridae
Seu genoma é composto por DNA fita dupla de formato linear, não possui envelope e tem espículas projetadas nos vértices do capsideo.
Por não possuir envelope, ele é mais resistente ao meio externo e solventes organismo. O que pode inativa-lo são desinfetantes a base de iodo, fenol e hidróxido de sódio.
Seu genoma isolado e transferido para outra célula é capaz de infectar essa outra célula. O vírus utiliza integrinas especificas como receptores e se replicam nas células causando a lise celular.
Essa família possui 5 gêneros e 50 espécies, tendo como característica a capacidade de hemoaglutinação.
Ele esta ligado a infecções respiratórias e do trato digestivo (fígado), sendo os principais tipos: Adenovirus canino tipo 1 (hepatite infecciosa canina) e Adenovirus canino tipo 2 (tosse dos canis)
Hepatite infecciosa atinge animais de até 6 meses,de forma aguda com excreção do vírus por até 6 meses pela urina e fezes. Sua infecção se da pelo contato direto, via oronasal e fecal-oral.
Ele se replica nas tonsilas, vai para os linfonodos, cai na circulação e chega ao fígado. A gravidade da lesão está relacionada com a quantidade de anticorpos do individuo. Se não houver anticorpos, ela causa uma lesão grave que acarreta em óbito. 
Cães vacinados ou infectados que estão tendo resposta imune apresentam uma lesão ocular, deixando o olho com um aspecto azulado. 
Papillomaviridae
Vírus com DNA fita dupla e não envelopado. Possui 49 gêneros, afetando humanos e animais e é comum encontrar o genoma do vírus em neoplasias benignas e malignas.
Em animais causa papilomatose e sarcoide.
Em humanos vai causar o HPV, que possuem mais de 100 tipos. Não é possível realizar cultivo desses vírus e são responsáveis pela formação de verrugas (tumor benigno). 
Um fator genético pode causar lesões com verrugas hiperpigmentadas.
Ele é transmitido por contato direto ou indireto, formando uma infecção latente e afetando principalmente os epitélios escamosos e queratinizados. 
É um vírus que se replica no núcleo e induz a diferenciação das células para produção de queratina. As alterações realizadas pelo vírus na célula se acumulam durante sua divisão e pode levar a formação de metástase/neoplasia
Polyomaviridae
São vírus não envelopados de DNA fita dupla e associados à formação de múltiplos tumores em camundongos. Se replica no núcleo da célula hospedeira

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