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GABARITO AP1 – Literatura Portuguesa I Questão 1 (vale 3 pontos) Viagens na minha terra é um romance do século XIX, de Almeida Garrett, que faz um amplo diálogo com o Portugal da primeira metade do século XIX. Sua modernidade pode ser observada na forma de sua estrutura: uma viagem do personagem-Autor ao presente de Portugal e uma novela que retrocede ao passado recente da pátria. Responda : a) Que personagens fazem parte da história da viagem e da história encaixada? b) Por onde circulam os personagens de ambas as histórias? c) Que crítica faz o escritor à sua pátria por meio destas duas “narrativas” articuladas? Respostas a) 0,5 - A história da viagem tem como personagem principal o A. que encontra alguns amigos no percurso; 0,5 - já a história encaixada é protagonizada por uma velha cega, avó de Joaninha por quem Carlos, seu primo, se apaixona, sob a oposição do Frei Dinis que ao final se revela pai do rapaz. Total: 1 ponto b) 0,5 - Os personagens da viagem saem de Lisboa, depois sobem de barco Tejo acima, visitando algumas cidades, em especial Santarém. 0,5 - No caso dos personagens da narrativa encaixada, o espaço é o vale de Santarém mas também terras portuguesas que foram palco da guerra civil. Total: 1 ponto c) Almeida Garrett tenta uma radiografia da decadência da pátria, observando o seu interior, a decomposição de seus antigos monumentos, além de fazer uma crítica à guerra civil e à política da época, dividos entre absolutistas e liberais. Total: 1 ponto Questão 2 (vale 4 pontos) Seguem-se as primeiras linhas de dois importantes romances de Eça de Queirós. A partir destas referências faça um resumo das obras, destacando: a) personagens principais; b) ações do enredo; c) crítica do autor a partir das duas casas nomeadas como metonímias da casa portuguesa no século XIX; d) Diferenças entre as mulheres dos dois romances. A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janellas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, (…) tinha o aspecto tristonho de Residência Eclesiástica (…) (QUEIRÓS, Eça. Os Maias. s.d. p. 5a). Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena [casaco] de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (…) trabalhava numa Novela Histórica, A Torre de D. Ramires, destinada ao primeiro número dos Anais de Literatura e de História, revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, (…) (grifos nossos) (QUEIRÓS, Eça, A ilustre casa de Ramires, s.d. Cap. I, p.1b) Respostas a) 0,5 ponto - Em Os Maias, há Afonso da Maia e seu neto Carlos da Maia, assim como a irmã Maria Eduarda e o amigo João da Vega; 0,5 ponto - Em A ilustre Casa de Ramires, há o Gonçalo Ramires, a sua irmã Gracinha, o marido dela e o amante André Cavaleiro, além de muitos outros amigos de Gonçalo b) 0,5 ponto - Em Os Maias, o enredo gira em torno de Carlos, médico que regressa para clinicar e que se apaixona involuntariamente pela própria irmã. Ao final, descoberto o incesto, os irmãos se afastam e Carlos se torna um bon vivant e o Ramalhete entra em decadência. 0,5 ponto - Em a ICM, Gonçalo resolve revalorizar a sua estirpe de portugueses do passado escrevendo uma novela, ao mesmo tempo em que se envolve na política de uma forma pouco correta ao fechar os olhos a um possível adultério da irmã com seu alado político. No final ele publica sua novela, torna-se deputado, mas insatisfeito, busca o enriquecimento na África. c) 0,5 ponto - Em Os Maias, Eça critica a futilidade e descompromisso com o país, na figura de Carlos. 0,5 ponto - Em a ICM, Eça critica a atual aristocracia portuguesa que pouco faz pelo desenvolvimento da pátria, buscando a fácil riqueza na colonização da África. d) 0,5 ponto - Em Os Maias, existem as prostitutas, as amantes do círculo de amigos e a figura forte de Maria Eduarda. 0,5 ponto - Em a ICR, a irmã do herói, Gracinha assim como a sua esposa (no final) são mulheres apagadas e fracas, ao contrário da amante de Gonçalo, esperta mas de caráter duvidoso. Questão 3 (vale 3 pontos) As mulheres percorrem a obra de Cesário Verde sob vários matizes. Leia os fragmentos de poemas abaixo e comente sobre os perfis femininos referidos: a) É ducalmente esplêndida! A carruagem Vai agora subindo devagar; Ela, no brilhantismo da equipagem, Ela, de olhos cerrados, a cismar Atrai como a voragem ! (VERDE, 1987, p. 42) b) Sentei-me à secretária. Ali defronte mora Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes E engoma para fora. [...] ( VERDE, 1987, p. 14) c) “Correndo com firmeza, assomam as varinas” [peixeiras] Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. (VERDE, 1987, 26) Respostas a) 1 ponto - Aqui está a mulher aristocrata desejada pelo eu lírico, mas inatingível e fatal. b) 1 ponto - Aqui está a mulher explorada, pobre, vítima do excesso de trabalho que causa pena ao eu lírico. c) 1 ponto - Aqui estão representadas as mulheres fortes que vendem peixes (as varinas) que desafiam a tragédia dos homens que ganham a vida no mar, numa remissão às navegações.
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