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1) A cidade e as serras – Eça de Queiroz (168 páginas) 
Romance da última fase de Eça de Queirós, publicado em 1901, um ano após a morte 
do escritor. Nele são narradas as diferenças entre a vida rural e a urbana por meio da 
figura de Jacinto, fidalgo português que mora em Paris em meio a um aparato técnico 
e moderno que, segundo ele, traduz o homem civilizado, mas que não lhe dá 
satisfação e felicidade, as quais, para espanto de Jacinto, serão encontradas durante 
uma viagem à província natal, em meio à vida simples e campesina das serras 
portuguesas. 
2) A falência (domínio público) - Júlia Lopes de Almeida (192 páginas) 
Bem recebido pela crítica em seu lançamento (em 1901), A Falência destaca-se da 
produção de obras dessa época. Em um cenário de romances amorosos, Júlia Lopes 
de Almeida narra com crueza o enredo de uma mulher adúltera em busca de 
realização, entremeado à derrocada de um exportador de café. Camila, de origem 
pobre e casada com Francisco Theodoro em virtude da comodidade que a riqueza do 
marido lhe traz, descobre a paixão tardiamente nos braços do doutor Gervásio. 
Francisco de nada desconfia, mas terá seu ideal de família perfeita abalado após um 
mau negócio que o leva à falência. A Falência, segundo biografia ainda não publicada 
pela filha da autora, levou mais de quinze anos para ser produzido, tornando-se a 
obra-prima de Júlia Lopes de Almeida, uma das maiores escritoras da literatura 
brasileira. 
3) A hora da Estrela – Clarice Linspector (224 páginas) 
Concebida para celebrar o quadragésimo aniversário de sua publicação, esta edição 
especial de A hora da estrela reproduz pela primeira vez diversos manuscritos 
originais de Clarice Lispector. Traz, ainda, uma série de textos de referência, de 
estudiosos e ensaístas brasileiros e estrangeiros. Paloma Vidal se debruçou sobre os 
manuscritos propriamente ditos, ao passo que Hélène Cixous, Colm Tóibín, Florencia 
Garramuño, Nádia Battella Gotlib, Clarisse Fukelman e Eduardo Portella focalizaram 
todos os diferentes aspectos deste que foi o último livro escrito por Clarice. Uma obra 
de perfil único e original, conciliando habilmente a inovação estilística com os 
problemas sociais vividos por aqueles que, como a desventurada Macabéa, são 
obrigados a abandonar o Nordeste natal em busca de melhores condições de vida em 
outras paragens, nem sempre hospitaleiras. Clarice Lispector dispensa apresentação, 
já foi consagrada, há muito, como uma das melhores escritoras de língua portuguesa 
de todos os tempos. Seu talento invulgar se manifestou nos mais diversos campos 
literários, do romance ao conto, da crônica ao livro infantil, do ensaio à tradução, 
sempre com um toque distintivo e único, inimitável e difícil de classificar. Clarice é tão 
única que pode ser descrita apenas como Clarice, assim como Machado de Assis é 
apenas Machado, prescindindo de sobrenome, apêndices acadêmicos e filiação a 
escolas e grupos literários. Clarice é, claro, um enigma. Um mistério que amamos 
decifrar, mesmo sabendo que toda conclusão é apenas provisória e forçosamente 
parcial, diante de seu talento poliédrico e original. 
4) A hora e a vez de Augusto Matraga – Guimarães Rosa (56 páginas) 
Novela primorosa, extraída do livro Sagarana, que expressa a força e o espírito das 
terras remotas de Minas Gerais e conta a história da queda de “Nhô” Augusto, um 
homem poderoso em busca de sua redenção a qualquer custo: “Para o céu vou, nem 
que seja a porrete.” 
5) A legião estrangeira - Clarice Lispector (112 páginas) 
Os 13 contos de A legião estrangeira abordam o cotidiano familiar, a perversidade 
infantil e a solidão. Como apontou o escritor Affonso Romano de Sant’Anna na 
introdução de uma antiga edição do livro, para Clarice Lispector importa mais a 
geografia interior. "Em vez de tipos épicos e dramáticos, temos figuras situadas numa 
aura de mistério, vivendo relações profundas dentro do mais ordinário cotidiano", 
escreveu. "Mais do que as aventuras, interessa-se por descrever a solidão dos 
homens diante dos animais e objetos." Entre os contos destaca-se "Viagem a 
Petrópolis", escrito quando Clarice tinha apenas 14 anos. Neste, a precoce escritora 
narra a absurda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de 
uma casa para outra. E o leitor perceberá em "Os desastres de Sofia" uma história de 
transparente sensibilidade, em que a autora aborda a perversidade infantil por meio do 
relacionamento de uma aluna com seu professor. A vulnerabilidade dos animais diante 
dos homens, e vice-versa, está presente em "A quinta história", "Macacos" e ainda em 
"A legião estrangeira". Como também apontou Affonso Romano de Sant’Anna, a 
tensão nos contos de Clarice surge da oposição Eu x Outro, que pode ser um animal, 
uma criança ou uma coisa. "Dessa tensão é que surge a epifania, a revelação de uma 
certa verdade." A legião estrangeira, como os demais títulos de Clarice Lispector 
relançados pela Rocco, recebeu novo tratamento gráfico e passou por rigorosa revisão 
de texto, feita pela especialista em crítica textual Marlene Gomes Mendes, baseada 
em sua primeira edição. 
6) A moratória - Jorge Andrade (188 páginas) 
O texto teatral A Moratória, de Jorge Andrade, aborda a ruína de uma família 
proprietária de cafezais no interior do estado de São Paulo, em decorrência da crise 
financeira e da produção cafeeira, por volta dos anos de trânsito da década de 1920 
para a 1930. Escrita em 1954, encenada pela primeira vez no ano seguinte, a peça 
emerge como um dos “fantasmas” da infância do autor. 
A obra constitui um ato de reflexão sobre a realidade paulista em seus aspectos 
sociais, morais e psicológicos. O tema da decadência dos latifúndios cafeeiros 
representa o fim de toda uma classe patriarcal e semifeudal de aristocratas 
sucumbidos à crise econômica de 1929 e a nova ordem social imposta por Vargas em 
1930. Ao mesmo tempo, focaliza em seu interior o conflito de gerações, o conflito de 
valores tradicionais em uma sociedade que vive a rápida mudança provocada pelo 
êxodo rural, pelo dilatamento das cidades e pelas mudanças das elites. 
7) A Relíquia - Eça de Queirós (224) 
A relíquia é um romance realista, publicado pela primeira vez em 1887. Nesta obra, 
Eça de Queirós coloca em questão a religiosidade de um país profundamente católico, 
como lhe parecia Portugal. O bacharel Teodorico Raposo, para cair nas graças de sua 
rica tia Maria do Patrocínio, passa a fingir uma grande devoção religiosa que encobre 
sua vida libertina. Dessa forma, pretende satisfazer às carolices da tia e obter sua 
herança. Uma inesperada viagem à terra santa de Jerusalém, entretanto, trará uma 
reviravolta aos planos de Teodorico. Autor de Os maias, O primo Basílio e O crime do 
padre Amaro, entre outros clássicos da literatura portuguesa, Eça compôs em A 
relíquia uma obra polêmica, de forte crítica social, e ainda assim recheada de humor. 
8) A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade (200 páginas) 
Publicado em 1945, A rosa do povo é o livro politicamente mais explícito de 
Drummond. É um poderoso olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida 
nas cidades, o amor e a morte. Tudo isso é observado a partir daquela que então era 
a capital do país. O Rio de Janeiro, nossa primeira grande cidade cosmopolita, ocupa 
uma posição privilegiada nos poemas, a ponto de muitos críticos compararem a visão 
de cidade expressa pelo autor mineiro àquela de Charles Baudelaire (1821-1867), o 
poeta francês que foi o primeiro grande cantor da experiência urbana. Pois é 
escrevendo a partir desse Rio de Janeiro que se urbanizava freneticamente, dando as 
costas ao passado, que Drummond fala da guerra e de seus desdobramentos no 
continente europeu e presta seu tributo aos milhões de civis que pereceram no 
conflito, além de refletir sobre a própria possibilidade de expressar todos esses 
acontecimentos em verso. Formalmente falando, A rosa do povo é um livro que 
pertence ao alto modernismo, em que Drummond experimenta o verso espraiadoà 
maneira de Walt Whitman, ironiza o passado literário brasileiro e exercita as mais 
diversas formas e dicções nos cinquenta e cinco poemas reunidos no volume. Com 
sua beleza e profundidade, A rosa do povo traz um Drummond de vasto escopo 
temático. A personalidade do poeta, a família, o cotidiano e a História comparecem 
com inaudita força neste livro. Trata-se de um testemunho de suas ideias e afetos num 
momento da vida em que experimentava a maturidade e já começava a olhar para o 
passado enquanto captava, como poucos autores, os sinais confusos de seu próprio 
tempo. 
9) Álbum de família – Nelson Rodrigues (160 páginas) 
Terceira peça de Nelson Rodrigues, "Álbum de família" foi a que passou mais tempo 
embargada pela censura. A obra, baseada numa tragédia familiar, com elementos 
polêmicos como traição, ciúme, morte e, sobretudo, incesto, foi escrita em 1945, 
censurada em 1946, e só estreou em 1967. Nela, Nelson Rodrigues desmistifica a 
imagem aparentemente normal da instituição familiar, o que lhe rendeu muitas críticas 
e a posição de autor maldito no cenário dramático nacional da época. Esta nova 
edição conta posfácio do crítico literário André Seffrin e orelha assinada pelo ator 
Eduardo Moreira, que interpretou o personagem Guilherme na famosa montagem que 
o Grupo Galpão levou aos palcos na década de 1990. 
10) Alguma poesia – Carlos Drummond de Andrade (120 páginas) 
Publicado em 1930, numa pequena tiragem não comercial de apenas quinhentos 
exemplares - sob os auspícios de uma certa edição Pindorama, pura ficção jocosa -, 
Alguma poesia assinala a estreia de um autor que, então com 28 anos, iria 
revolucionar a poesia de língua portuguesa no século XX. Não é para menos. Com 
peças como “Poema de sete faces”, “Infância”, “No meio do caminho”, “O 
sobrevivente”, entre tantos outros textos decisivos, o livro demonstra já a enorme 
maturidade do jovem Drummond, ainda estabelecido em Belo Horizonte. Dois anos 
antes, Drummond havia causado escândalo entre as hostes literárias ao publicar, na 
Revista de Antropofagia, o poema “No meio do caminho”. Era o início da carreira de 
escândalo do poema, reconstruída na década de 1960 pelo próprio autor em um livro 
que reuniria os ataques, as paródias e as contendas relacionadas ao poema. Mas para 
além da polêmica, Alguma poesia já apresenta aquilo de melhor que Carlos 
Drummond de Andrade iria oferecer ao longo de quase 60 anos de uma das carreiras 
mais fecundas da literatura moderna: o lirismo, o humor, o tom meditativo e irônico, a 
observação desencantada dos fatos, o sensualismo, a reflexão aguda sobre o amor e 
a morte. Contando com um posfácio do poeta e crítico Eucanaã Ferraz, um dos 
grandes intérpretes da obra drummondiana nos tempos atuais, esta edição de Alguma 
poesia, com texto estabelecido e caderno de imagens, é uma nova - e extraordinária - 
oportunidade para o leitor brasileiro entrar em contato com um de seus grandes 
autores. E é uma promessa de reencontro para todos aqueles que desejam ler alguns 
dos mais emblemáticos poetas da nossa literatura. 
11) Amor de perdição – Camilo Castelo Branco (240 páginas) 
"Daqui o êxito do Amor de perdição: a grandeza trágica da história, a maneira 
comovida de a contar, a identificação sentimental de Camilo com o seu herói, a 
convergência de todos os efeitos para os lances culminantes da ação, o valor cênico 
de alguns passos, a força realista de outros, o portuguesismo dos sentimentos, o 
lirismo das cartas amorosas e dos comentários marginais do autor, o dinamismo e a 
pureza da linguagem – tudo isso torna o Amor de perdição uma obra-prima do gênero, 
com alguma coisa do sublime de Romeu e Julieta e o trágico de Manon Lescaut; 
talvez a novela de paixão amorosa mais intensa e mais profunda que se tenha escrito 
na Península (...)." 
12) Antologia Poética – Vinicius de Moraes (328 páginas) 
Antes de se tornar um dos maiores compositores da música popular brasileira, Vinicius 
já se consagrara como poeta da mais alta qualidade literária - seus versos marcam 
mais de cinquenta anos da literatura brasileira. A presente antologia é mostra da 
habilidade poética de Vinicius de Moraes, que soube, entre outras coisas, atualizar o 
erudito e conceder tratamento culto a temas populares. Com isso, tornou-se um 
mestre no manejo inteligente e inventivo dos metros e das formas do poema, 
conquistando a simpatia dos leitores e muitos elogios dos críticos. SONETO DO 
AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais 
verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-
te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade Amo-te, 
enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um 
bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço 
e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de 
repente Hei de morrer de amar mais do que pude. 
13) A Moreninha – Joaquim Manuel de Macedo (216 páginas) 
A Moreninha é considerado o marco inicial do romance brasileiro; até então, a literatura de 
qualidade era basicamente poesia. Publicado em 1844, o romance fez grande sucesso, 
dando notoriedade a Joaquim Manuel de Macedo, que também foi poeta, dramaturgo e 
historiógrafo. Ele foi um dos iniciadores do Romantismo na prosa de ficção. Empenhados 
no mesmo projeto nacionalista da poesia romântica, os romances desse período tinham 
como temas histórias de amor, a vida na Corte, os ambientes típicos regionais, o escravo, 
o índio, a natureza tropical. No livro de Macedo, o estudante Augusto, conhecido por sua 
inconstância amorosa, acompanha o amigo Filipe à casa de sua avó para comemorar um 
feriado. Lá, conhece Carolina, irmã de Filipe a quem, carinhosamente, chamam de 
Moreninha. A partir desse encontro e devido à personalidade esfuziante de Carolina, 
Augusto começa a mudar. 
14) Angústia - Graciliano Ramos (368 páginas) 
Angústia tem como protagonista Luís Silva, funcionário público de Maceió que leva 
uma vida medíocre e sem grandes emoções até o dia em que se apaixona por Marina. 
De início, a jovem demonstra certo interesse no relacionamento e no conforto material 
que o casamento poderia lhe proporcionar, mas logo acaba trocando o noivo por 
Julião Tavares, mais rico e poderoso. Tomado por ciúmes e rancor, Silva fica 
perturbado com os acontecimentos que se desenrolam e passa a acompanhar a vida 
de Marina enquanto sonha em matar Julião. Escrito em primeira pessoa, o romance 
tem estrutura temporal não linear, seguindo o fluxo de consciência do narrador-
personagem e aproximando o leitor dos sentimentos despertados pelos conflitos 
vividos por Luís Silva. 
15) Ânsia eterna - Júlia Lopes de Almeida (148 páginas) 
Publicado em 1903 e diferente de todas as obras anteriores da autora, neste livro o 
leitor vai encontrar algumas das histórias mais insólitas e fantásticas de Júlia Lopes de 
Almeida. Esta edição completa apresenta todos os contos que irão surpreender o leitor 
tradicional da autora, com histórias tristes, inusitadas, chocantes e diferentes do estilo 
tradicional da autora, marcando seu espírito à frente do seu tempo. Júlia, entre tantas 
atividades, se destacou por ser abolicionista, feminista e uma das idealizadoras da 
Academia Brasileira de Letras. E com esse livro entrará na lista dos apreciadores de 
literatura fantástica. 
16) Antologia - Gregório de Matos (224 páginas) 
Gregório de Matos e Guerra (1636-1695), temido e reverenciado na Bahia 
setecentista, conhecido como 'O Boca do Inferno', é o autor de uma poesia ferina e 
virulenta, sempre pronta a atacar os poderosos, os moralistas, os dogmas e os 'bons 
costumes'. É também o melhor exemplo do estilo barroco na literatura brasileira, e 
atingiu uma importância estética que supera a mera curiosidade sobre a vida da sua 
época. Por isso, até hoje sua obra permanece como uma das mais malditas e rebeldes 
da história da literatura brasileira. É o que comprova esta antologiapoética 
cuidadosamente organizada e anotada por Higino Barros.Gregório de Matos nasceu 
em Portugal e formou-se pela Universidade de Coimbra. Reveses da vida trouxeram-
no para a Bahia, quando já beirava os cinqüenta anos. Suas invectivas sobre 
desafetos pessoais e políticos valeram-lhe uma deportação para Angola, de onde 
voltou para um ano após, morrer, em Recife. 
17) Antologia poética - Carlos Drummond de Andrade (344 páginas) 
Poucos autores brasileiros foram tão conscientes no exame da própria obra como 
Carlos Drummond de Andrade. O poeta mineiro era organizado, cioso do seu ofício e 
sabia exatamente o seu tamanho na trajetória da poesia brasileira do século XX. Prova 
disso é a Antologia poética, reunida e organizada pelo próprio Drummond em 1962 - 
quando o poeta completava 60 anos de idade e 30 de intensa atividade literária -, e 
uma das melhores portas de acesso para quem deseja conhecer a imensa obra do 
itabirano. E ninguém melhor que o próprio Drummond para reunir desde poemas 
clássicos de seu percurso até outras peças menos conhecidas. O amor, a morte, a 
memória, a família e o passado brasileiro comparecem neste alentadíssimo conjunto 
de poemas, organizados em nove seções. Completa o volume um esclarecedor ensaio 
do poeta Antônio Cicero. 
18) As meninas, de Lygia Fagundes Telles (304 páginas) 
Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam 
sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família 
quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, 
mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre 
o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e 
sofre pelo namorado preso. As meninas colhe essas três criaturas em pleno 
movimento, num momento de impasse em suas vidas. Transitando com notável 
desenvoltura da primeira pessoa narrativa para a terceira, assumindo ora o ponto de 
vista de uma ora de outra das protagonistas, Lygia Fagundes Telles constrói um 
romance pulsante e polifônico, que capta como poucos o espírito daquela época 
conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais. Obra de 
grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de 
tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou 
por se tornar, ao longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também 
um dos mais populares entre os leitores da autora. "Que beleza, que força, que 
matéria viva e lancinante em As meninas." - Carlos Drummond de Andrade "Lygia 
Fagundes Telles tem realmente algo da delicadeza atmosférica de uma Katherine 
Mansfield. A diferença é apenas a seguinte: ela também sabe escrever romance e As 
meninas é mesmo um romance de alta categoria." - Otto Maria Carpeaux Leitura 
obrigatória do vestibular da UFRGS. 
19) Assim na terra como embaixo da terra - Ana Paula Maia (144 páginas) 
Com uma linguagem direta e sem rodeios, Assim na terra como embaixo da terra 
prende a atenção do leitor logo nas primeiras páginas. Este eletrizante e premiado 
romance de Ana Paula Maia narra o cotidiano de uma colônia penal isolada em vias 
de desativação. Construída em um terreno com histórico tenebroso de tortura de 
escravos e assassinato, a instituição foi criada para ser um modelo de detenção do 
qual preso algum jamais fugiria. Com o tempo, o objetivo inicial de socializar os 
detentos para reinserção na vida em comunidade foi sendo deturpado. Na prática, a 
colônia se transformou em algo muito diferente: uma espécie de campo de extermínio. 
Nos últimos dias de funcionamento, o clima no local, que conta então com poucos 
apenados, é de aparente calma. No entanto, pouco a pouco os horrores vividos ali vão 
sendo revelados. O agente superior Melquíades é a maior autoridade por trás 
daqueles muros, e também o algoz dos presos. Nas noites de lua cheia, o chefe libera 
alguns condenados da tornozeleira e ordena que corram. Ele, então, inicia um sinistro 
jogo, caçando os homens com seu rifle como se fossem animais selvagens, apenas 
por satisfação pessoal. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre 
planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que 
os espera do lado de fora da Colônia. Fruto da sensibilidade e do talento de Ana Paula 
Maia, Assim na terra como embaixo da terra surge em um momento de discussão 
sobre a situação do sistema penitenciário no Brasil, com a ascensão de um discurso 
extremista e violento oposto às políticas de defesa dos direitos humanos. Um livro 
impactante e necessário, que nos leva a olhar para aqueles indivíduos a quem restam 
somente o trabalho que ninguém quer fazer e o desprezo da sociedade. 
20) Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente (96 páginas) 
O Auto da barca do Inferno é uma das peças mais famosas de Gil Vicente. Faz parte 
da Trilogia das barcas, ao lado de Auto da barca do Purgatório e Auto da barca da 
Glória. O autor imagina um rio em cujas margens há duas barcas: uma que leva ao 
inferno, conduzida pelo diabo, e outra que leva ao paraíso, conduzida por um anjo. À 
medida que vão chegando, as almas conversam com os barqueiros e tomam 
conhecimento do destino que as aguarda. As almas representam tipos sociais. Os 
condenados ao inferno são: o Fidalgo (que representa a aristocracia perversa e 
arrogante); o Onzeneiro (que representa o pecado da agiotagem, condenada pela 
Igreja); o Sapateiro (que representa os comerciantes ladrões); o Frade, que vem com 
sua amante (representando a par te corrupta do clero); a Alcoviteira (representando 
aqueles que viviam da prostituição de moças); o Judeu (que, na época, era 
marginalizado porque contra ele pesava o preconceito religioso de ser o assassino de 
Jesus); o Corregedor e o Procurador (representando a corrupção da justiça); o 
Enforcado (um ladrão que se julgava salvo por achar que a forma de sua morte já lhe 
garantia um lugar no céu). São salvos apenas o Parvo (camponês idiota e explorado 
que é aceito na barca do paraíso por sua falta de malícia) e os quatro Cavaleiros, que 
morreram em defesa da fé católica nas cruzadas. 
21) Auto de São Lourenço – Padre José de Anchieta (94 páginas) 
Este texto teatral foi concebido conforme os preceitos da Contrarreforma, isto é, de 
popularizar as artes para a difusão da fé católica, em um compromisso de fins 
puramente catequéticos. São representados temas bíblicos e o conflito entre o bem e 
o mal, ou seja, a queda e a redenção da humanidade, tidos como princípios 
universais. 
22) Bagagem, de Adélia Prado (144 páginas) 
Primeiro livro de Adélia Prado, Bagagem mostra o talento que faria da escritora uma 
das mais aclamadas poetas da literatura brasileira. Publicado originalmente em 1976, 
Bagagem foi lido e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, que, 
entusiasta da obra de Adélia, indicou sua publicação. O livro traz textos repletos de 
emoções que, para a autora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas 
vezes, do sofrimento. O sentido de religiosidade também está presente em grande 
parte dos poemas, retratando parte da realidade da vida no interior do Brasil. Muitas 
vezes, Adélia opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir 
de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso. O estilo 
inconfundível dos poemas não traduz somente a lenta maturação de uma obra sendo 
idealizada por quatro décadas (Adélia tinha 41 anos na publicação deste que é seu 
livro de estreia); revela uma poeta dotada de autocrítica, cultivada lentamente e 
disposta a correr riscos. A estreia tardia expõe um equilíbrio raro: frescor e 
maturidade, provocação e respeito, despudor e humildade. Os poemas de Bagagem 
nasceram de um período em que Adélia escrevia incessantemente. “Os poemas 
praticamente irromperam, apareceram cargas e sobrecargas de poemas. Eu escrevia 
muito nesse período”, confessa a autora. Apesar de muitose variados, abordando 
temas tão diversos quanto o amor carnal, o amor divino, a vocação do poeta, as cores 
e as dores da vida, os textos possuem uma unidade, uma fala peculiar. “Entre outros 
títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não 
posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia”, sintetiza Adélia. “Adélia é lírica, 
bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: está à lei, não dos homens, mas 
de Deus.” Carlos Drummond de Andrade“ Adélia é uma poeta da linguagem escrita. 
Mas escrita ditada pelos ritmos da voz, longamente cultivada na liturgia, na conversa 
da cidade de interior, na memória familiar, nas canções populares e na declamação 
dos poemas. A sua concepção poética converge para o verbo.” Augusto Massi 
23) Boca do Inferno - Ana Miranda (336 páginas) 
Salvador, final do século XVII. Nessa cidade de desmandos e devassidão desenrola-
se a trama de Boca do Inferno, recriação de uma época turbulenta centrada na feroz 
luta pelo poder que opôs o governador Antonio de Souza Menezes, o temível Braço de 
Prata, à facção liderada por Bernardo Vieira Ravasco, da qual faziam parte o padre 
Antonio Vieira e o poeta Gregório de Matos.Com uma linguagem rica e precisa, e uma 
narrativa de extraordinária agilidade, Ana Miranda trabalha em filigrana os pontos de 
contato entre ficção e história, mostrando em todo o seu vigor a vida de homens e 
mulheres dilacerados entre o prazer e o pecado, o céu e o inferno. Prêmio Jabuti 1990 
de Melhor Autora Revelação. 
24) Bom Crioulo - Adolfo Caminha (144 páginas) 
Exemplo do naturalismo na literatura brasileira, este romance aborda o tema da 
homossexualidade, na figura de dois marinheiros. A obra conta a história de Amaro, 
apelidado de Bom-Crioulo por seus modos ingênuos. Além de desmascarar 
preconceitos, a obra retrata a dura vida dos marinheiros, submetidos a castigos como 
a chibata. 
25) Campo Geral - Guimarães Rosa (136 páginas) 
A infância é o tempo de descobertas. É a fase da vida em que o ser humano recebe e 
retribui os sentimentos à sua volta com maior vigor e integridade. Com Miguilim, 
menino que protagoniza esta novela de João Guimarães Rosa, não é diferente. 
Contudo, a visão de mundo repleta de sensibilidade que vinca a personalidade da 
criança transforma o conjunto de situações que ela experimenta num redemoinho sem 
precedentes de sensações. Neste livro, tem-se o privilégio de captar o âmago da vida 
no sertão através do olhar de uma criança, uma escolha que revela a grandeza 
literária de Guimarães Rosa. 
26) Capitães de Areia – Jorge Amado (280 páginas) 
Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros 
exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado 
Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo 
contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e 
urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses 
meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo 
à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna 
íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas 
ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas 
ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. 
Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e 
nos contagia com seu intenso desejo de liberdade. 
27) Casa de pensão – Aluísio Azevedo (440 páginas) 
Primoroso na elaboração estilística, magistral na composição dos tipos sociais, sólido 
na arquitetura do enredo, Casa de Pensão descortina um cenário urbano, o da corte 
carioca, afinando com argúcia o olhar que capta um espaço miúdo e entulhado de 
conflitos humanos, a degradante habitação coletiva, em que se apresentam os mais 
diversos – e inesquecíveis – personagens, tomados quase todos pela mediocridade e 
mesquinharia. Casa de Pensão se firma como notável realização literária. E, como tal, 
é obra para todos os tempos. 
28) Cemitério dos vivos – Lima Barreto (240 páginas) 
'O Cemitério dos Vivos' nasceu da experiência extrema de Lima Barreto no Hospital 
Nacional de Alienados, o velho hospício da Praia Vermelha onde esteve internado por 
duas vezes. Dividido em uma parte de memórias ('O Diário do Hospício') e uma 
tentativa de ficcionalizar essa vivência (no romance 'O Cemitério dos Vivos', que não 
chegou a concluir), o livro traz os relatos de seu segundo período de confinamento, 
iniciado no Natal de 1919, após uma noite vagando em delírio pelos subúrbios do Rio 
de Janeiro. 
29) Cinzas do Norte - Milton Hatoum (240 páginas) 
Cinzas do Norte, terceiro romance de Milton Hatoum, é o relato de uma longa revolta e 
do esforço de compreendê-la. Na Manaus dos anos 1950 e 1960, dois meninos travam 
uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo, de apelido Lavo, o 
narrador, menino órfão, criado por dois tios mal-e-mal remediados, que cresce à 
sombra da família Mattoso; de outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alícia, 
mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano. No centro das ambições de Trajano 
está a Vila Amazônia, palacete junto a Parintins, sede de uma plantação de juta e 
pesadelo máximo de Mundo. A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem 
sabe para investigar suas angústias mais profundas, o jovem engalfinha-se numa luta 
contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam 
o poder em 1964 e dão início à vertiginosa destruição de Manaus. Nessa luta que se 
transforma em fuga rebelde, o rapaz amplia o universo romanesco, que alcança a 
Berlim e a Londres irrequietas da década de 1970, de onde manda sinais de vida para 
o amigo Lavo, agora advogado, mas ainda preso à cidade natal. Outros fios 
completam o tecido ficcional de Cinzas do Norte: uma carta que o tio Ranulfo envia a 
Mundo, uma outra que este deixa como legado para o amigo de infância. São versões 
e revelações que se cruzam ou desencontram, sem jamais chegar a esgotar o enigma 
de uma vida singular ou a diminuir a dor da derrota final, às mãos da doença, da 
solidão e da violência. Neste livro, Hatoum escreve uma "história moral" de sua 
geração. 
30) Clara dos Anjos – Lima Barreto (304 páginas) 
No início de 1922, Lima Barreto anunciava na imprensa do Rio de Janeiro que seu 
novo romance, intitulado Clara dos Anjos, já estava “bem adiantado”, e que em breve 
ele seria publicado. Naquele ano, porém, o público carioca apenas conheceu um dos 
capítulos iniciais do livro, saído na edição de maio da revista Mundo Literário. Em 1o. 
de novembro, vitimado por um ataque cardíaco, Lima Barreto morreu sem concluir um 
de seus últimos e mais ambiciosos projetos literários. O escritor retrabalhava o texto 
desde 1904, animado pelo desejo de convertê-lo numa espécie de epopeia suburbana 
a partir da malfadada trajetória de Clara dos Anjos. A história foi publicada em folhetim 
entre 1923 e 1924, e somente apareceria em volume mais de duas décadas depois, 
em 1948. Desde então, Clara dos Anjos, que narra as desventuras de uma 
adolescente pobre e mulata seduzida por um malandro branco, tem sido avaliado por 
diversos críticos como um romance que não está à altura da melhor produção de Lima 
Barreto. Entretanto, esta reedição - com textos críticos de Sergio Buarque de Holanda, 
Lúcia Miguel Pereira e Beatriz Resende, bem como um amplo aparato de notas 
explicativas a cargo de Lilia Moritz Schwarcz e Pedro Galdino - é uma boa 
oportunidade para reavaliar esse conceito, permitindo situá-la entre os textos-chave do 
criador de Triste fim de Policarpo Quaresma. Numerosas conexões biográficas com 
personagens da história de Clara e Cassi Jones, um dos protótipos literários da 
malandragem suburbana, revelam as opiniões de Lima Barreto acerca de si mesmo e 
da sociedade brasileira, ainda hoje marcada pelo racismo quesubjaz às tragédias 
pessoais do autor e de sua protagonista. 
31) Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade (144 páginas) 
Publicado em 1951, Claro enigma representa um momento especial na obra de 
Drummond. Com uma dicção mais clássica, o poeta revisita formas que haviam sido 
abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de 
chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e 
Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a 
agudeza de sua melhor poesia. O livro abre com a epígrafe do francês Paul Valéry, 
“Les evenements m’ennuient” (Os acontecimentos me entediam). Embora eloquente, a 
citação não corresponde perfeitamente à realidade, pois Drummond não vira 
completamente as costas para a vida mais pulsante. Pelo contrário: a experiência 
aparece em cada verso do livro, ainda que escamoteada por uma lírica que não se 
entrega ao fácil graças a uma visão algo desiludida do tempo e dos homens. Mas há, 
claro, espaço para o lirismo do amor, como no célebre poema “Amar”, que começa 
com os versos: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. A lira 
romântica de Drummond está bem afinada neste livro, como pode ser comprovado 
pela leitura de poemas como “Rapto” e “Tarde de maio”. A mineiridade também é 
lembrada no livro, em poemas vazados pela nostalgia ou que recontam episódios 
antigos da terra natal do autor. Claro enigma também conta com “A máquina do 
mundo” - eleito o melhor poema brasileiro do século XX por um grupo de críticos e 
especialistas consultados pelo jornal Folha de S.Paulo. Escrito em tercetos, é 
simultaneamente uma meditação profunda e uma espécie de épica íntima sobre a 
passagem do tempo e o conhecimento da vida como acontecimento breve e muitas 
vezes fortuito. Um clássico. 
32) Contos negreiros - Marcelino Freire (126 páginas) 
Em novo formato, Contos negreiros apresenta uma releitura moderna do preconceito, 
dando um novo olhar aos marginalizados da sociedade. Um dos expoentes de sua 
geração, Marcelino Freire apresenta 16 narrativas de brasileiros miseráveis que 
vendem de tudo para sobreviver: drogas, o corpo e até os órgãos. Abordando temas 
delicados como a prostituição infantil e indígena em “Yamani”, o preconceito racial e 
conflito de classes em “Solar dos príncipes” e a homossexualidade em “Coração”, o 
livro chega ao seu ponto alto em “Nação Zumbi”, história de um personagem sem 
nome que recorre ao tráfico de órgãos para sobreviver. Inspirado em clássicos 
brasileiros como Cruz e Sousa, Lima Barreto e Jorge de Lima, Contos negreiros 
esquadrinha, com ironia e bom humor, questões relevantes da atualidade e do cenário 
político atual, resgatando a memória cultural manchada do Brasil. 
33) Contos novos - Mário de Andrade (158 páginas) 
A maturidade artística de Mário de Andrade no campo da ficção literária culmina com 
os "Contos novos" (1947), obra póstuma publicada dois anos após a morte do autor. O 
livro é fruto de um processo artesanal que compreende várias versões de um mesmo 
texto e se estende por períodos de elaboração que vão de quatro a 18 anos. Contos 
novos atestam um avanço em direção a um realismo mais denso e crítico, cuja chave 
artística parece ser a contenção: estilo, enredo, paisagem, tudo agora é mais contido, 
mais acabado; o resultado é um profundo mergulho na realidade social e psíquica do 
homem brasileiro 
34) Dois irmãos - Milton Hatoum (200 páginas) 
Onze anos depois da publicação de Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum retoma 
os temas do drama familiar e da casa que se desfaz. Dois irmãos é a história de como 
se constroem as relações de identidade e diferença numa família em crise. O enredo 
desta vez tem como centro a história de dois irmãos gêmeos - Yaqub e Omar - e suas 
relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da 
família, e seu filho. Esse menino - o filho da empregada - narra, trinta anos depois, os 
dramas que testemunhou calado. Buscando a identidade de seu pai entre os homens 
da casa, ele tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como 
quem ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros. Do seu canto, ele vê 
personagens que se entregam ao incesto, à vingança, à paixão desmesurada. O lugar 
da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade 
e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do 
drama familiar. 
35) Dom Casmurro - Machado de Assis (208 páginas) 
Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua 
de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, 
uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas 
páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, 
que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa 
ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de 
ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira. 
36) Entre as mãos - Juliana Leite (256 páginas) 
Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2018 na categoria Romance. Conduzido com 
precisão e movido por uma poderosa força que impulsiona todo o relato, Entre as 
mãos gira em torno de Magdalena, uma tecelã que, depois de um grave acidente, 
precisa retomar seus dias, reaprender a falar e levar consigo dolorosas cicatrizes ― 
não apenas no corpo. Com personagens e tempos narrativos que se atravessam como 
fios trançados, este romance tem a marca de peça única, debruçando-se sobre 
questões como sobrevivência e ancestralidade, mas também amor e mistério a partir 
do corpo, do trabalho e dos gestos da protagonista, em duas fases de sua vida. 
37) Esaú e Jacó - Machado de Assis (296 páginas) 
Originalmente publicado em 1904, Esaú e Jacó trata de uma “história simples, 
acontecida e por acontecer”: dois jovens bem-nascidos, os gêmeos Pedro e Paulo, 
digladiam-se em intermináveis conflitos e reconciliações desde o útero da mãe até o 
começo da idade adulta. Os irmãos lutam pelo amor da jovem Flora Batista, cujo 
enredo é narrado em terceira pessoa pelo conselheiro Aires - alter-ego de Machado de 
Assis, que usa o personagem para as suas reflexões autorais. O narrador-personagem 
compartilha com o leitor suas indagações sobre a arte do romance e, por isso, o crítico 
e professor Hélio Guimarães, que assina a introdução e as notas do volume, considera 
essa obra uma verdadeira “teoria da composição ficcional”. Ambientado no Rio de 
Janeiro durante os anos finais do Império e o início da República, o livro ecoa diversos 
acontecimentos da história do Brasil - incluindo a Abolição, a Proclamação da 
República e as revoltas contra o governo Floriano Peixoto -, além de passagens da 
Bíblia, da Divina comédia e do Fausto de Goethe. 
38) Esconderijos do tempo - Mário Quintana (88 páginas) 
Esconderijos do tempo ocupa lugar de destaque na obra poética de Mario Quintana. 
Tudo levava a crer que, após o premiado Apontamentos de história sobrenatural, de 
1976, o poeta septuagenário não tinha mais para onde ir, a não ser repetir-se. No 
entanto, passaram-se apenas quatro anos, e Quintana lançava este que pode ser 
considerado um dos melhores livros de poesia brasileira do último quarto do século 
passado. Alguns dos mais belos poemas escritos pelo autor podem ser encontrados 
neste volume. À época de seu lançamento original, em 1980, o poeta parecia liberar-
se definitivamente de todas as amarras, influências, compromissos, entregando-se por 
inteiro ao triunfo da imaginação como forma de questionar e enriquecer o real. Neste 
livro, é marcante a total dissociação de Quintana em relação a qualquer influência 
exercida sobre ele por outros mestres de sua geração modernista. Se nos livros dos 
anos 70, através da noção de “sobrenatural”, ele fizera questão de contrastar sua 
poética ao ceticismo materialista de Drummond, aqui o poeta assume de peito aberto 
sua personalidadesingular. Em Mario Quintana, o poeta, não existiu envelhecimento. 
Esconderijos do tempo é um livro de maturidade plena. Nele estão poemas que 
tematizam a passagem do tempo e o caráter fugaz dos sentimentos e das sensações, 
mas sem ceder à nostalgia ou à melancolia. A palavra poética afirma-se aqui como 
celebração e concretização daquilo que perdura. 
39) Espumas Flutuantes – Castro Alves (296 páginas) 
Embora tenha vivido apenas 24 anos, Castro Alves tornou-se célebre por seus 
poemas de temática social, principalmente em defesa do abolicionismo. Publicado 
originalmente em 1870, um ano antes da morte do poeta, Espumas Flutuantes 
representa o momento final do romantismo no Brasil. Os valores da monarquia davam, 
então, lugar às transformações que conduziriam ao sistema republicano. Esta edição 
conta com notas explicativas e estudo de José De Paula Ramos Jr., professor da 
Universidade de São Paulo. Prefácio e Notas José De Paula Ramos Jr. (USP) 
Ilustrações Moa Simplício 
40) Eu e outras poesias - Augusto dos Anjos (215 páginas) 
Publicada em 1912, “Eu e outras poesias” foi a única obra de Augusto dos Anjos, 
poeta que, vitimado pela pneumonia, viveu apenas até os 30 anos. Surgindo em um 
momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, a obra de Augusto 
dos Anjos é classificada por alguns como simbolista – pela construção de imagens 
sequenciais –, por outros como parnasiana – pela escrita formal – e por outros, ainda, 
como pré-modernista – pela época e pelo estilo inovador. De qualquer modo, 
independentemente do rótulo, Augusto dos Anjos marcou a literatura brasileira e até 
hoje é lido e admirado por leitores de todos os tipos. “Eu e outras poesias” é um livro 
de sofrimento, verdade e protesto, em que, demonstrando uma visão de mundo 
parecida com a de Machado de Assis, Augusto dos Anjos trata da angústia moral, 
numa linguagem que mistura poesia, medicina e ciência. 
41) Fazenda Modelo (novela) – Chico Buarque (128 páginas) 
Este livro é a primeira experiência literária do compositor Chico Buarque. que 
posteriormente recebeu dois prêmios Jabuti de Melhor Romance por "Estorvo" 
(Companhia das Letras. 1991) e "Budapeste" (Companhia das Letras. 2003). Aqui. 
Chico medita. através do alegórico e do grotesco. sobre o dia a dia dos anos 1970. 
42) Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva (272 páginas) 
Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva. Aos vinte anos, ele sobe 
em uma pedra e mergulha numa lagoa imitando o Tio Patinhas. A lagoa é rasa, ele 
esmigalha uma vértebra e perde os movimentos do corpo. Escrito com sentido de 
urgência, o livro relata as mudanças irreversíveis na vida do garoto a partir do 
acidente. Ele é transferido de um hospital a outro, enfrenta médicos reticentes, luta 
para conquistar pequenas reações do corpo. Aos poucos, se dá conta de sua nova 
realidade, irreversível. E entende que é preciso lutar. O texto expressa a irreverência e 
a determinação da juventude, mesmo na adversidade, e a compreensão precoce "de 
que o futuro é uma quantidade infinita de incertezas". Leitura obrigatória do vestibular 
da UFRGS. 
43) Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa (608 páginas) 
Nesta obra, o autor utiliza da linguagem própria do sertão para que Riobaldo conte sua 
história. Rosa busca apresentar a vida dos personagens de seu próprio ponto de vista, 
narrando a vida de jagunço com suas características - o amor, a morte, o sofrimento, o 
ódio e a alegria. 
44) Histórias que os jornais não contam – Moacyr Scliar (160 páginas) 
Para além das notícias de jornal Casal se divorcia após descobrir que marido e mulher 
flertavam pela internet (um com o outro); cartão de Natal postado em 1914 chega a 
seu destino 93 anos depois; British Airways se desculpa por colocar cadáver na 
primeira classe; Polícia Federal apreende 250 kg de cabelos que entraram ilegalmente 
no Brasil; Britânico descobre que a namorada tinha um amante graças às indiscrições 
de um papagaio. Você acha que essas manchetes são falsas ou verdadeiras? 
Totalmente verdadeiras. Nada mais impactante do que a própria realidade. Moacyr 
Scliar, de posse desse material extraído da Folha de S.Paulo, manteve uma coluna 
por quase duas décadas no próprio jornal, onde exercitou o ofício de escritor: seus 
relatos começavam onde a notícia terminava. Ao desafiar a fronteira entre realidade e 
ficção, encontrou histórias esperando para serem contadas. Esta seleção reúne 54 
crônicas, fruto da combinação do inusitado da vida com o encantamento da literatura. 
45) Iracema – José de Alencar (148 páginas) 
Clássico do romantismo brasileiro que consagrou José de Alencar como um dos 
maiores escritores do país. O livro narra a história da índia Iracema, a virgem dos 
lábios de mel, que apaixona-se pelo português Martim, inimigo de seu povo. Na trama 
passada no início do século XVII, o amor proibido de Iracema é uma alegoria do 
processo de colonização do Brasil pelos europeus. Sem tentar imitar o estilo português 
ao tratar de temas nacionais, José de Alencar desenvolve sua própria linguagem, 
extremamente lírica e original. 
46) Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo (184 páginas) 
Obra-prima da literatura portuguesa de hoje, o livro de Isabela Figueiredo é um 
devastador ajuste de contas com a situação colonial. Caderno de memórias coloniais 
foi publicado em 2009 em Portugal. Sucesso de público, foi saudado como uma obra-
prima. E é de fato um genial acerto de contas da autora com o passado colonial de 
Portugal e com seu pai, um eletricista português radicado em Moçambique. O pai 
parece personificar Portugal: despreza e explora os nativos. O “melhor” de 
Moçambique ficava com os brancos: as boas praias, os bares, a vida cultural e social, 
as melhores oportunidades. Tudo isso é visto pelos olhos de Isabela, que lá nasceu 
em 1963 e teve que se mudar para Portugal nos anos 1970, durante o contexto da 
descolonização. O livro é uma espécie de Carta ao pai (de Kafka), um acerto de 
contas num texto que mescla memória, ensaio, observação pessoal e ficção. O livro 
tem origem num blog da autora, canal pioneiro para tentar trazer mais realidade à 
narrativa edulcorada do Portugal africano. Até então, havia uma enxurrada de 
memórias cor de rosa e piedosas de brancos que nasceram e cresceram nas colônias 
portuguesas e que nunca tratavam das questões reais e duras do passado: a exclusão 
da população local (negra), os trabalhos subalternos e mal-remunerados destinados 
aos locais, o racismo. Autora da FLIP 2018. 
47) Lucíola - José de Alencar (152 páginas) 
Numa festa da Corte, Paulo, um jovem romântico, recém-chegado ao Rio de Janeiro, 
defronta-se com a irradiante beleza de uma jovem dama. Ao cortejar essa “senhora”, 
no entanto, é zombado pelo amigo, pois ela é Lúcia, a mais bela e requisitada cortesã 
da cidade. Ainda que envergonhado por sua ingenuidade, Paulo não consegue tirar a 
imagem de Lúcia de sua mente. Certamente fora seduzido. Entretanto, para um 
sonhador como ele, envolver-se com uma mulher como Lúcia poderia ser perigoso... 
Saberia Paulo se envolver sem se apaixonar? Repleto de ardilosas tramas amorosas, 
o romance de José de Alencar, inspirado em “A dama das camélias”, de Alexandre 
Dumas, traça um esboço da frivolidade da sociedade carioca do Segundo Reinado, 
marcada pela hipocrisia e pela promiscuidade. 
48) Macunaíma - Mário de Andrade (240 páginas) 
Mário de Andrade publicou Macunaíma em 1928. O livro foi um acontecimento. 
Debochado e intensamente brasileiro - ainda que muito pouco ou nada nacionalista -, 
este romance é ainda hoje um dos textos fundamentais do nosso Modernismo. E 
continua a influenciar as mais diversas manifestações artísticas. Nascido nas 
profundezas da Amazônia, o herói de Mário de Andrade é cheio de contradições - 
assim como o país que lhe serve de berço. É adoravelmente mentiroso, safado, 
preguiçoso e boca-suja. Suas peripécias vêm embaladas numa linguagem rapsódica e 
inventiva, um marco das pesquisas de seu autorem torno de uma identidade 
linguística brasileira. 
49) Marília de Dirceu - Tomás Antonio Gonzaga (256 páginas) 
Sob o pseudônimo de Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga declara em suas liras o amor 
pela adolescente Maria Joaquina Doroteia de Seixas, chamada, nos poemas, de 
Marília. De caráter autobiográfico, Marília de Dirceu carrega um tom de confissão 
amorosa no qual a musa convive com a presença marcante da exaltação da natureza 
e da vida pastoril. Escrita, em sua maior parte, durante o exílio do autor, por seu 
envolvimento na Inconfidência Mineira, a obra apresenta também traços pré-
românticos, como o pessimismo, a solidão, a saudade e a amargura. Com lindas 
ilustrações, o livro apresenta também uma parte complementar chamada de 
“Bagagem de informações”, que auxiliarão no entendimento sobre o período literário e 
histórico em que a obra foi produzida. 
50) Mayombe – Pepetela (248 páginas) 
Escrito no período em que Pepetela participou da guerra pela libertação de seu país, 
Mayombe é uma narrativa que mergulha fundo na organização dos combatentes do 
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), trazendo à tona seus 
questionamentos, contradições, medos e convicções. Os bravos guerrilheiros que 
lutam no interior da densa floresta tropical confrontam-se não somente com as tropas 
portuguesas, mas também com as diferenças culturais e sociais que buscam superar 
em direção a uma Angola unificada e livre. 
51) Memorial do Convento - José Saramago (408 páginas) 
No epicentro desta história está a construção do Palácio Nacional de Mafra, também 
conhecido como Convento. O monarca absolutista D. João V, cumprindo uma 
promessa, ordenou que o edifício fosse erguido no início do século XVIII, em pleno 
processo colonial, à custa de uma imensa quantidade de ouro e diamantes vindos do 
Brasil, além do sangue de milhares de operários. Dentre eles, havia um certo Baltasar, 
da estirpe de Sete-Sóis, inválido da mão esquerda depois de uma guerra, apaixonado 
por Blimunda, uma jovem dotada de poderes extraordinários. Indivíduos habitualmente 
não observados pela dita história oficial, mas que no entanto constituem seu tecido 
mais delicado e essencial. 
Memorial do Convento - publicado pela primeira vez em 1982 - tornou o português 
José Saramago um nome internacionalmente aclamado da literatura contemporânea, 
graças à mistura entre narrativa histórica e história individual. Embora esteja 
firmemente assentado na tradição da melhor ficção de seu país, a obra cativaria 
leitores das mais diversas culturas. 
Como em História do cerco de Lisboa e A jangada de pedra, para citar apenas alguns 
dos celebrados romances do autor, a finíssima ironia na observação de fatos históricos 
e o elegante tecido ficcional estão a serviço de uma fabulação sempre brilhante, 
moderna e criticamente devastadora do ponto de vista social. O resultado é um 
romance sobre o embate entre a dureza do individualismo e a delicadeza dos sonhos 
coletivos. Com sua abordagem absolutamente inovadora do romance histórico - um 
gênero que já esteve a serviço dos heróis nacionais e suas poses engessadas -, 
este Memorial do Convento recupera as ilusões, fantasias e aspirações de um 
Portugal que se quis grande e eterno, ainda que frágil e delicado. 
52) Memórias de um sargento de milícias - Manuel Antônio de Almeida (192 
páginas) 
Em Memórias de um sargento de milícias, figura como protagonista não o típico herói 
romântico, mas, como bem indicou Antonio Candido, em seu livro Dialética da 
malandragem, “o primeiro grande malandro da novelística brasileira”. O romance de 
Manuel Antônio de Almeida narra as peripécias de Leonardo, filho de Leonardo-Pataca 
e Maria-da-Hortaliça, e por meio delas retrata com cinismo e comicidade a sociedade 
carioca da primeira metade do século XIX. 
53) Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (368 páginas) 
Em 1881, Machado de Assis lançou aquele que seria um divisor de águas não só em 
sua obra, mas na literatura brasileira: Memórias póstumas de Brás Cubas. Ao mesmo 
tempo em que marca a fase mais madura do autor, o livro é considerado a transição 
do romantismo para o realismo. Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre 
de Memórias póstumas, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, 
causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor 
que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver 
tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura. Sua história, uma 
celebração do nada que foi sua vida, foi transformada em filmes, peças e HQs, e teve 
incontáveis edições no Brasil e no mundo, conquistando admiradores que vão de 
Susan Sontag a Woody Allen. Esta edição reproduz o prólogo do próprio autor à 
terceira edição do livro, em que ele responde às dúvidas dos primeiros leitores. Traz 
ainda prefácio de Hélio de Seixas Guimarães, professor livre-docente na USP e 
pesquisador do CNPq, e estabelecimento de texto e notas de Marta de Senna, 
cocriadora e editora da revista eletrônica Machado de Assis em Linha, e Marcelo 
Diego, pesquisador da obra de Machado na Universidade Princeton. 
54) Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto (176 páginas) 
Os poemas escolhidos para integrar esta coletânea desnudam os elementos 
fundamentais da obra de João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severina (1954-55), 
poema que dá nome ao livro, é a obra mais popular de João Cabral e aborda o tema 
da seca nordestina, dando voz aos retirantes que fazem o duro percurso entre o rio 
Capibaribe e Recife. O poema O rio também retrata o universo árido às margens do rio 
Capibaribe, mas dá voz a ele próprio como condutor da narrativa. Engenhos de cana-
de-açúcar, usinas, retirantes e trabalhadores são retratados na velocidade do correr 
das águas. Em Paisagens com figuras (1955), João Cabral sintetiza em palavras uma 
de suas principais características, que é o hibridismo de linguagens. Mesclando 
descrições de imagens de Pernambuco, com paisagens da Espanha, o poeta desfila 
toda sua expressividade onírica. Por fim, Uma faca sem lâmina (1955), trata do desafio 
da composição poética, que ele ilustra numa faca sem bainha, que corta o poeta por 
dentro. 
55) Negrinha - Monteiro Lobato (216 páginas) 
Publicado em 1923, após o sucesso de Urupês, o livro de contos Negrinha, através de 
seus personagens, forma um retrato da população brasileira do início do século XX, 
com os quais Lobato denuncia os bastidores de uma sociedade patriarcal. É uma forte 
crítica que deixa transparecer os vestígios de uma persistente mentalidade 
escravocrata da sociedade, mesmo décadas após a abolição. 
56) Nove Noites - Bernardo Carvalho (152 páginas) 
Na noite de 2 de agosto de 1939, um jovem e promissor antropólogo americano, Buell 
Quain, se matou, aos 27 anos, de forma violenta, enquanto tentava voltar para a 
civilização, vindo de uma aldeia indígena no interior do Brasil. O caso se tornou um 
tabu para a antropologia brasileira, foi logo esquecido e permaneceu em grande parte 
desconhecido do público. Sessenta e dois anos depois, ao tomar conhecimento da 
história por acaso, num artigo de jornal, o narrador deste livro é levado a investigar de 
maneira obsessiva e inexplicada as razões do suicídio do antropólogo. Em sua busca 
obstinada pelas cartas do morto ou pelo testamento de um engenheiro que ficara 
amigo do antropólogo nos seus últimos meses de vida, o narrador é guiado por razões 
pessoais que não serão reveladas até o final do romance, mas que dizem respeito à 
sua experiência de criança na selva, à história e à morte de seu próprio pai. Nove 
noites narra a descida ao coração das trevas empreendida pelo jovem expoente da 
antropologia americana, colega de Lévi-Strauss e aluno dileto de Ruth Benedict, às 
vésperas da Segunda Guerra. A história é contada em dois tempos, na tribo dos índios 
krahô (interior do sertão brasileiro) e na combinação progressiva entre a busca pelo 
testamento do engenheiro e a pesquisaque o narrador vai fazendo em arquivos, atrás 
das cartas do antropólogo e dos que o conheceram na época. Para escrever o livro, 
Bernardo Carvalho travou contato com os Krahô, no estado do Tocantins, e foi aos 
Estados Unidos em busca de documentos e pessoas que pudessem saber algo sobre 
o antropólogo. A história de Buell Quain revela as contradições e os desejos de um 
homem sozinho numa terra estranha, confrontado com os seus próprios limites e com 
a alteridade mais absoluta, numa narrativa que faz referências aos romances de 
Joseph Conrad e aos relatos do escritor inglês Bruce Chatwin. 
57) O Ateneu - Raul Pompéia (312 páginas) 
Publicado originalmente como folhetim na Gazeta de Notícias, na época um 
importante jornal do Rio de Janeiro, O Ateneu foi muito bem recebido pela crítica. E 
perduraria, como uma verdadeira joia do romance brasileiro, ao tratar dos anos 
decisivos de um garoto e da vida escolar. Em 1888, Raul Pompeia era um jovem 
advogado e escritor fluminense bastante conhecido no meio jornalístico e literário da 
Corte, sobretudo por suas crônicas, reportagens, contos e poemas em prosa 
publicados em periódicos do Rio de Janeiro e de São Paulo. O romance, que mistura 
ficção e autobiografia, narra as experiências de Sérgio, um tímido pré-adolescente de 
onze anos como aluno interno no Colégio Ateneu, conhecido como a melhor instituição 
de ensino do Império. Os cenários do colégio e sua memorável galeria de alunos, 
professores e funcionários são um autêntico microcosmo da vida social da época. Esta 
edição conta com texto introdutório de Pedro Meira Monteiro, doutor em História da 
Literatura pela Unicamp e professor da Universidade Princeton. 
58) O Cortiço - Aluísio Azevedo (296 páginas) 
Publicado em 1890, O cortiço é um marco da aclimatação do naturalismo em nossas 
letras. É também uma denúncia — ainda muito atual e aguda — das condições de vida 
das classes populares, espremidas em lugares insalubres e exploradas por patrões 
gananciosos. 
A ascensão social do português João Romão é contada com objetividade científica. Outros 
personagens também são examinados no microscópio de Aluísio Azevedo: Miranda, 
Zulmira, Bertoleza, Jerônimo. O choque da mentalidade do Velho Mundo com a 
exuberância do Brasil é representado pela relação entre os personagens e o meio (físico, 
social e geográfico) em que vivem. Um romance forte e absolutamente indispensável para 
qualquer leitor brasileiro. 
59) O encontro marcado - Fernando Sabino (296 páginas) 
Esta é a história de um jovem em desesperada procura de si mesmo e da verdadeira 
razão de sua vida. Quase absorvido por uma brilhante boêmia intelectual, seu drama 
interior evolui subterraneamente, expondo os equívocos fundamentais que vinham 
frustrando sua existência e sufocando sua vocação. O encontro marcado é a história 
de Fernando Sabino? Sim, mas não se trata de uma autobiografia. É a história 
atormentada de toda uma geração, naquilo que ela tem de essencialmente dramático. 
Em meio às confusões da vida, procura-se um valor que dê sentido à desconcertante 
experiência pessoal de quem trava um duelo de morte com a vocação furtiva. História 
de adolescência e juventude, de prazeres fugidios, desespero, cinismo, desencanto, 
melancolia, tédio, que se acumulam no espírito do jovem escritor Eduardo Marciano, 
um homem que amadurece num mundo desorientado. Ele vê seu matrimônio quebrar-
se quando já não pode abdicar; por força de sua própria experiência, o suicídio deixa 
de ser uma solução. Nessa paisagem atormentada, ele deve renunciar a si mesmo, 
para comparecer ao encontro com uma antiga verdade. 
60) O espelho - Machado de Assis (40 páginas) 
A riqueza da obra de Machado de Assis é algo inestimável, expondo como poucas os 
infindáveis segredos da alma humana. Em homenagem a esse nosso grande autor, 
esta coleção traz alguns de seus contos clássicos, ilustrados pelo premiado artista 
plástico Fernando Vilela. 
61) O escaravelho do diabo – Lucia Machado (192 páginas) 
A única pista que Alberto tem sobre a série de assassinatos que está acontecendo é 
que vítimas ruivas recebem um escaravelho pelo correio antes de morrer. Ele precisa 
descobrir o que está por trás desses crimes misteriosos antes que outras mortes 
ocorram na cidade. 
62) O guarani – José de Alencar (380 páginas) 
O guarani – um dos romances mais importantes de José de Alencar – foi uma das 
primeiras obras criadas com o objetivo de fundar uma literatura brasileira autônoma 
em relação à tradição portuguesa. Foi inicialmente publicada em forma de folhetim, em 
meados de 1857, concedendo grande popularidade a Alencar. Quando, no final do 
mesmo ano, foi transformado em livro, sofreu pequenas modificações. Em meio à 
história de amor entre o índio Peri e a moça branca Ceci, José de Alencar cria uma 
narrativa épica, cheia de amor, aventura, traição, lutas e vingança, prendendo a 
atenção do leitor a cada nova página. O romance proclama a brasilidade, focando 
importantes aspectos da realidade brasileira do século XVII: o índio e o branco; a 
cidade e o campo; o sertão e o litoral. 
63) O marinheiro - Fernando Pessoa (80 páginas) 
Peça teatral escrita em 1915 pelo poeta português Fernando Pessoa, O marinheiro é 
leitura obrigatória para o Vestibular da Unicamp. E interessa também a todos os 
apreciadores da boa literatura. Esta edição, com introdução, comentários e notas de 
Marcos Lopes e Ana Maria Ferreira Côrtes, traz ao leitor dicas importantes para a 
compreensão do texto. Fernando Pessoa (1888-1935) é um dos maiores poetas da 
língua portuguesa. Sua poesia foi publicada sob vários heterônimos, dos quais se 
destacam Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. Escreveu também 
contos, crônicas, ensaios e dramaturgia, entre outros gêneros literários. 
64) O Tempo e o Vento – Erico Verissimo (2832 páginas) 
Os sete volumes da trilogia O tempo e o vento agora reunidos numa caixa. A trilogia O 
tempo e o vento é a saga mais famosa da literatura brasileira. São 150 anos da 
história do Rio Grande do Sul e do Brasil que Erico Verissimo compôs em três partes - 
O continente, O retrato e O arquipélago -, publicadas entre 1949 e 1962. Ana Terra e o 
capitão Rodrigo Cambará são apenas alguns dos personagens inesquecíveis que 
habitam o mundo de Verissimo. As disputas entre famílias pelo poder, as guerras, a 
bravura dos homens e a tenacidade das mulheres são alguns dos temas do romance. 
Todos os volumes têm projeto gráfico de Raul Loureiro e ilustrações do artista plástico 
Paulo von Poser, além de uma cronologia que relaciona fatos históricos a 
acontecimentos ficcionais e a dados biográficos de Erico Verissimo. "Um dos grandes 
romances da literatura brasileira." - Antonio Candido A caixa contém: O continente, 
vols. 1 e 2 O retrato, vols. 1 e 2 O arquipélago, vols. 1, 2 e 3 Os volumes não podem 
ser vendidos separadamente 
65) O Rei da Vela - Oswald de Andrade (102 páginas) 
Escrita em 1933, publicada em 1937 e encenada pela primeira vez trinta anos mais 
tarde pelo Teatro Oficina, esta é a peça fundamental de Oswald de Andrade. Ao 
retratar um país mergulhado na crise financeira de 1929, às vésperas do Estado Novo, 
O rei da vela aponta a utopia de um projeto político que não viria a se concretizar. 
Oswald apresenta uma peça de teatro profundamente anarquista, que explora a força 
soberana do imperialismo americano em toda sua dimensão caricata e grotesca. No 
centro do palco está o escritório de agiotagem Abelardo & Abelardo, em um enredo 
que tem como pano de fundo a ambição tacanha e desenfreada de um país 
subdesenvolvido, as falcatruas, a decadência, o desprezo pela moralidade e o sexo 
estapafúrdio. O volume inclui textos inéditos de Décio de Almeida Prado e de Renato 
Borghi, além de um manifesto de 1967 de José Celso Martinez Corrêa, que assina 
também um pós-escrito para esta edição. 
66) O Uraguai - Basílio da Gama (144 páginas) 
Em um poema de cinco cantos e 1377 versos, Basílio da Gama registrou a luta contra 
os índios promovida porportugueses e espanhóis na conquista dos Sete Povos das 
Missões. Estes versos, escritos em 1769, estão agora acessíveis acrescidos de uma 
versão em prosa. 
67) O vendedor de passados – José Eduardo Agualusa (208 páginas) 
Do vencedor do prêmio IMPAC de Dublin em 2017, uma das maiores vozes da 
literatura em língua portuguesa. Após a conquista da independência e os martírios de 
uma longa guerra civil, a emergente burguesia angolana pensa ter o futuro 
assegurado. Falta a ela, porém, um passado mais adequado a sua nova condição 
social. O negro albino Félix Ventura sabe aproveitar as oportunidades. A cada um de 
seus clientes – empresários bem-sucedidos, militares de mais alta patente, figurões da 
nova ordem política do país –, ele vende uma árvore genealógica digna de orgulho, 
memórias luxuosas, ancestrais ilustres. E Félix segue muito bem nessa empreitada, 
até chegar a ele um homem repleto de mistérios, em busca de um passado e de uma 
identidade angolana. De uma hora para a outra, os passados e os presentes se 
entrecruzam, e o impossível se confunde com o real. A narrativa de José Eduardo 
Agualusa, um dos principais nomes da literatura de língua portuguesa contemporânea, 
vibra entre o passado atormentado que boa parte do povo angolano gostaria de 
esquecer e o presente cheio de possibilidades de um país em reconstrução. O 
vendedor de passados é uma história sobre raça, a natureza da verdade e o poder 
transformador da criatividade. 
68) Obra Completa – Murilo Rubião (288 páginas) 
Murilo Rubião se aventurou no universo do fantástico antes que o gênero ficasse em 
voga entre os escritores latino-americanos. Além de precursor ― seus contos foram 
escritos, em sua maioria, entre os anos 1940 e 1960 ―, Rubião é mestre em fazer o 
absurdo penetrar na realidade cotidiana, subvertendo-a e lançando novos olhares 
sobre temas consagrados da literatura, como o desejo, a morte, o amor e a falta de 
sentido do mundo moderno. Este volume celebra o centenário do nascimento de 
Rubião com todos os 33 contos que o autor mineiro lapidou à exaustão. Completam a 
edição um delicioso artigo de época do crítico Jorge Schwartz e um alentado ensaio 
inédito do jovem escritor Carlos de Brito e Mello. 
69) Olhos D’água - Conceição Evaristo (116 páginas) 
Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na 
população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência 
urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura 
poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana 
Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou 
serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em 
variados instantâneos da vida?Elas diferem em idade e em conjunturas de 
experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil 
vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. 
Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, 
amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, 
sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a 
humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e 
talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira. 
70) O primo Basílio – Eça de Queiroz (480 páginas) 
Durante uma viagem prolongada de seu marido, Luísa se deixa seduzir por Basílio, um 
primo seu que voltava a Portugal depois de uma temporada no Brasil. Imprudentes e 
indiscretos, os amantes acabam flagrados por Juliana, a empregada da casa, que 
passa a chantagear a patroa. Com o anúncio da iminente volta do marido, está 
armado o cenário para um caso exemplar de decadência do estilo de vida pequeno-
burguês, com seus preconceitos e moralismos, seus tipos parasitários, suas relações 
amesquinhadas e seu frágil equilíbrio. Esta edição de O primo Basílio traz textos 
introdutórios inéditos de Lilian Jacoto, professora de literatura portuguesa da 
Universidade de São Paulo, e do escritor e crítico literário Silviano Santiago. 
71) Os milagres do cão Jerônimo – Péricles Prade (85 páginas) 
Um livro espicaçante. Os contos que o constituem situam-se, a meu ver, num ponto 
arbitrário do espaço-tempo, descrevendo elipses perturbadoras que põem em xeque a 
atenção normal do leitor, desafiando-o. [...] Péricles Prade, acredito, entre os contistas 
atuais, cria o seu modern fairy tales e o faz invejavelmente, com alta dose de 
originalidade. (Cassiano Ricardo) Péricles Prade é um escritor singular na literatura 
brasileira, sem que ninguém se lhe assemelhe quanto à elaboração de seus escritos, 
em prosa ou em verso. Que seus textos são fantásticos, não há nenhuma dúvida, mas 
inteiramente diferentes de outros transgressores do real em nossas letras. (Almeida 
Fischer) SOBRE ALÇAPÃO PARA GIGANTES Temos que Alçapão para gigantes, 
refletindo uma atração sistemática do A. pela introdução do sobrenatural na 
articulação temática, cede à tentação de explorar os limites naturais, carregados de 
paixões, fraquezas e finitude, que presidem o discurso humano. 
72) Os sertões – Euclides (664 páginas) 
Publicado pela primeira vez em 1902, "Os sertões" de Euclides da Cunha é um retrato 
do Brasil da época. A obra trata da Guerra de Canudos que aconteceu no interior da 
Bahia. O autor, que era correspondente do jornal O Estado de São Paulo, presenciou 
parte dos acontecimentos na região e os descreveu de forma fiel. Além de desenvolver 
um romance histórico que mistura uma narrativa literária, sociológica e geográfica. 
Euclides da Cunha nos deixa uma obra que se baseia em três pilares: a terra, o 
homem e a luta. Um livro telúrico. 
73) Os Sonetos - Luiz de Camões (224 páginas) 
O desejo de plenitude amorosa, as dificuldades existenciais e a injustiça dos homens 
estão entre os grandes temas do Renascimento presentes na lírica de Camões. Ricos 
em antíteses e metáforas, seus sonetos estão entre as mais belas expressões 
literárias da língua portuguesa. A voz reflexiva que se ergue desses versos produz a 
elevação do espírito e o entusiasmo verbal. Esta edição traz os poemas mais 
representativos do acervo camoniano, comentados por dois experientes professores 
de Literatura. Prefácio e Notas Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo (Col. 
Bandeirantes) Ilustrações Hélio Cabral 
74) Os Timbiras - Gonçalves Dias (62 páginas) 
Os Timbiras é um poema épico escrito por Gonçalves Dias. Publicado em 1857 em 
Leipzig, na Alemanha através da editora Brockhaus. 
75) Papéis avulsos, de Machado de Assis (272 páginas) 
Papéis avulsos, primeiro livro de contos publicado por Machado de Assis (1839-1908) 
após o lançamento de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), é integralmente 
composto por momentos antológicos da ficção curta brasileira. De “O alienista”, um 
dos mais famosos contos do autor, a “O espelho”, cujo enredo psicológico tem 
fascinado sucessivas gerações de leitores e escritores (inclusive Guimarães Rosa, que 
escreveu um conto homônimo como “resposta”), este livro concentra alguns dos 
melhores personagens e situações do criador de Dom Casmurro. Com introdução de 
John Gledson e notas de Hélio Guimarães, esta edição foi baseada na primeira edição 
do livro, única em vida do autor, e traz um pequeno texto introdutório de “Na arca”, que 
Machado cortou quando publicou o conto em livro. 
76) Primeiras Estórias - Guimarães Rosa (184 páginas) 
Em "Primeiras estórias", João Guimarães Rosa constrói narrativas curtas que tratam 
de matérias diversas da experiência humana, como a busca da felicidade, a 
necessidade do autoconhecimento e as maneiras de se conviver com a inevitável 
finitude da vida. Composto por 21 contos, “As margens da alegria”, “Sorôco, sua mãe, 
sua filha”, “Famigerado” e “A terceira margem do rio” são alguns dos feitos sublimes 
desse escritor, que levou a artesania da palavra a patamares jamais experimentados 
na literatura delíngua portuguesa. 
77) Quarenta Dias - Maria Valéria Rezende (248 páginas) 
"Quarenta dias no deserto, quarenta anos." É o que escreve Alice, a narradora de 
Quarenta dias, ao anotar num caderno escolar pautado seu mergulho gradual em dias 
de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não conhece, à procura de 
um rapaz que ela não sabe ao certo se existe. Alice é uma professora aposentada, 
que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar 
tudo para trás e se mudar para Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa 
abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de 
voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, 
desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às 
raias da insanidade. "Eu não contava mais horas nem dias", escreve Alice. "Guiavam-
me o amanhecer e o entardecer, a chuva, o frio, o sol, a fome que se resolvia com 
qualquer coisa, não mais de dez reais por dia." 
78) Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus (200 páginas) 
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que 
relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas 
contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o 
que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São 
Paulo, com três filhos. 
79) Quarup – Antonio Callado (574 páginas) 
Publicado pela primeira vez em 1967, Quarup é o romance mais famoso de Callado. 
Conta a história de Nando, um jovem padre que, perdido em conflitos existenciais ao 
ver-se diante dos pequenos prazeres da vida, ganha uma nova percepção do mundo, 
de seus semelhantes e de si mesmo numa tribo no Xingu. • O romance mostra, sob a 
ótica de seu protagonista, o período entre o suicídio de Vargas e o Golpe Militar de 
1964, data em voga em 2014. • O livro apresenta informações biográficas do autor, 
ensaio sobre a obra assinado por Ligia Chiappini e trechos da última entrevista do 
autor. 
80) Quincas Borba - Machado de Assis (360 páginas) 
Publicado pela primeira vez em livro em 1891, depois portanto de Memórias póstumas 
de Brás Cubas (1881) e antes de Dom Casmurro (1899), Quincas Borba é uma das 
obras mais marcantes da fase realista de Machado de Assis. Talvez por se situar 
justamente entre esses dois monumentos da obra machadiana, o romance muitas 
vezes foi considerado uma realização menor, uma espécie de mera continuação das 
Memórias póstumas - para irritação de seu autor, que em um raro comentário sobre a 
própria ficção afirmou que a presença do personagem Quincas Borba era “o único 
vínculo” entre os dois livros. Mais do que ao marco inaugural do Realismo no Brasil, 
porém, Quincas Borba remete ao Machado contista que começava a abordar temas 
historicamente mais próximos de sua época e a explorar os conflitos psicológicos de 
seus personagens com sua sofisticada e irônica narrativa em terceira pessoa presente 
em contos clássicos como “A cartomante” e “A causa secreta”. Neste romance da 
maturidade do autor, a história do provinciano Rubião - herdeiro da fortuna do 
idiossincrático filósofo Quincas Borba - e dos tipos urbanos da corte que o levam à 
ruína é narrada com o distanciamento, o ceticismo e o senso de humor implacável de 
que só Machado de Assis era capaz. Esta edição de Quincas Borba, além de mais 
uma centena de notas explicativas, traz uma extensa e abrangente introdução do 
britânico John Gledson, estudioso da obra machadiana e tradutor de Dom Casmurro 
para o inglês. 
81) Relato de um certo oriente - Miltom Hatoum (152 páginas) 
Após um longo período de ausência, uma mulher regressa a Manaus, cidade de sua 
infância. Deseja encontrar Emilie, a extraordinária matriarca de uma família libanesa 
há muito radicada ali. Encontra a casa desfeita - como desfeitas para sempre estão as 
casas da infância. Situado entre o Oriente e o Amazonas, este relato é a busca de um 
mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas das personagens, longínquos 
ecos da tradição oral dos narradores orientais. Com o sopro das obras que vieram 
para ficar, Relato de um certo Oriente apresenta ao público o talento de um escritor, a 
força de seu texto envolvente e, sobretudo, lírico. Recebeu em 1990 o Prêmio Jabuti 
de Melhor Romance e já foi publicado em vários países da Europa. 
82) Retratos de Carolina - Lygia Bojunga Nunes (232 páginas) 
Retratos de Carolina é um romance com a trajetória bem desenhada e dolorosamente 
humana da personagem Carolina, com suas conquistas, seus desejos, suas perdas, 
seus amores, e a força mágica de seus sonhos fluindo em um texto ritmado. Dividido 
em duas partes, a primeira mostra o crescimento e a maturidade de Carolina, de 
menina um tanto insegura à jovem determinada a escrever seu destino com as 
próprias mãos. A segunda parte é um corte: é o encontro de Carolina com Lygia. Algo 
que, a princípio, causa estranhamento, e o resultado não poderia ser outro: o duelo 
entre duas mulheres fortes e determinadas. De um lado, Carolina, que insiste em se 
mostrar incomodamente presente depois do ponto final da narrativa, e se mantém 
firme na decisão de faz er sua criadora reescrever a história. De outro, a própria Lygia, 
que vira personagem do livro e tenta manter sua criatura sob controle. Aos poucos, 
porém, a mistura de Carolina e Lygia numa mesma casa, num mesmo espaço, mostra-
se absolutamente natural. E no embate entre o desejo de Carolina de ganhar uma 
nova história, e o poder de vida e morte concentrado na pena de Lygia, revela-se esse 
momento único de criação, desfecho de um processo que jamais deixaria a escritora 
tranquila enquanto ela não o vivenciasse naquilo que é a essência de sua vida. 
83) Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles (360 páginas) 
Os poemas aqui reunidos – cada qual com vida própria – formam um longo e único 
poema, lírico e épico ao mesmo tempo em que conta a história de Tiradentes, o mártir 
da Inconfidência Mineira. Elaborado por meio de uma profunda pesquisa, a 
conspiração revolucionária de poetas é recriada com maestria pela imensa maior 
referência da poesia, Cecília Meireles. 
84) Sagarana - Guimarães Rosa (336 páginas) 
"Sagarana" traz cenários e personagens típicos do interior do país, mais 
especificamente do sertão de Minas Gerais. A linguagem inventiva do livro é outro 
aspecto que distinguiria para sempre o autor no campo da literatura brasileira. Ao 
mesmo tempo em que incorpora fragmentos essenciais da oralidade sertaneja, 
pescando regionalismos e recuperando antigas expressões de linguagem do sertão, 
Rosa inova com a criação de neologismos cuidadosamente lapidados. Dentre os nove 
contos que fazem parte do livro, destacam-se os célebres “A hora e vez de Augusto 
Matraga”, “Conversa de bois” e “O burrinho pedrês” 
85) São Bernardo, de Graciliano Ramos (288 páginas) 
No declínio de um atribulado percurso de vida, um poderoso fazendeiro do sertão 
alagoano conta a sua história. Em S.Bernardo somos apresentados a Paulo Honório, 
menino órfão que trabalhava como guia de um cego e vendia cocadas durante a 
infância para conseguir algum dinheiro. Mais tarde, ele passou a labutar na roça – 
tarefa a que se dedicou até os 18 anos, quando acabou preso após cometer um crime 
de honra. Ao ser solto, o principal foco de sua vida passa a ser amealhar bens e 
dinheiro. Para isso, toma um empréstimo de um agiota e começa a negociar gado, 
redes, rosários e diversas miudezas pelo sertão. Enfrentando uma série de percalços, 
Paulo Honório reage a tudo com frieza, e chega a empregar meios antiéticos para 
atingir seus objetivos. Após conseguir juntar algumas economias, retorna a sua terra 
natal, Viçosa, decidido a comprar a fazenda São Bernardo, onde havia trabalhado na 
juventude. Já mais velho, amargurado pela vida que levou, o narrador revisita dramas 
de seu passado e conflitos internos que permanecem inexplicáveis até o momento em

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