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DIREITO CIVIL IV DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO DE VIZINHANÇA • Limitações impostas pela boa convivência social, que se inspira na lealdade e boa-fé; • Obrigações propter rem; • Transmite-se a eventuais novos ocupantes do imóvel; • Transmite-se ao sucessor a título particular, dispensa o registro; USO ANORMAL DA PROPRIEDADE • Art. 1.277, CC; • Interferências prejudiciais = mau uso; • São interferências prejudiciais: a) ilegais – são atos que obrigam a composição do dano, nos termos do art. 186 c/c art. 927/CC. Ex. danificar plantações do vizinho; b) abusivos – são atos que embora o causador se mantenha nos limites de suas propriedade, mesmo assim vem a prejudicar o vizinho. O critério de verificação é eminentemente objetivo. Ex. barulho excessivo; c) lesivos – causam dano ao vizinho, embora o agente não esteja fazendo uso anormal de sua propriedade e a atividade tenha sido até autorizada por alvará expedido pelo poder público. Ex. indústria de fuligem poluindo o meio ambiente. USO ANORMAL DA PROPRIEDADE • CONCEITO DE USO ANORMAL – é tanto o ilícito quanto o abusivo, em descordo com sua finalidade econômica ou social, a boa-fé ou os bons costumes; • Para se verificar a anormalidade, deve-se: a) verificar a extensão do dano ou do incômodo causado – se está no limite do tolerado; b) examinar a zona onde ocorre o conflito – verificar se o conflito ocorre em bairro residencial, industrial ou misto, p. exemplo; c) considerar a anterioridade da posse – Teoria da pré-ocupação – em regra, aquele que primeiramente se instala em determinado local acaba, se certo modo, estabelecendo sua destinação (teoria não absoluta). SOLUÇÕES PARA COMPOSIÇÃO DOS CONFLITOS • Se o incômodo é normal, tolerável, não deve ser reprimido; • Se o dano for intolerável, deve o juiz, primeiramente, determinar que seja reduzido a proporções normais. Ex.: fixar horários de funcionamento. Ver art. 1.279, CC; • Se não for possível reduzir o incômodo a níveis suportáveis, determinará o juiz a cessação da atividade; • Não se determinará a cessação da atividade se a causadora do incômodo for indústria ou qualquer atividade de interesse social (art. 1.278, CC). Será imposto o dever de indenizar o vizinho. ÁRVORES LIMÍTROFES • Art. 1.282, CC – A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes; • Os galhos e raízes das árvores que ultrapassarem o limite da propriedade a quem pertençam poderão ser cortados sem a necessidade de prévio consentimento do proprietário (art. 1.283); • A quem pertencem os frutos que caem na propriedade vizinha? Art. 1.284, CC; • E se a área em que caírem os frutos for área pública? PASSAGEM FORÇADA • Atende o interesse social (art. 1.285, CC); • O direito só pode ser exercido quando o encravamento é natural e absoluto; • É exercitável contra o proprietário contíguo e, se necessário, contra o vizinho não imediato; • O adquirente da parte que ficou encravada pelo desmembramento voluntário, só pode exigir passagem do alienante (art. 1.285, §§ 2º e 3º, CC); • Não se considera encravado o imóvel que tenha outra saída, ainda que difícil e penosa; • Tal direito equivale a uma desapropriação de interesse particular; PASSAGEM FORÇADA • E se o proprietário do prédio encravado perder o direito de trânsito pelo não uso? • Não havendo acordo, o juiz fixará a passagem e a indenização correspondente (art. 1.285, §1º, CC); • Passagem forçada não se confunde com servidão de passagem. PASSAGEM DE CABOS E TURBULAÇÕES • Art. 1.286, CC - Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa; • Envolve serviços de utilidade pública; • É prevista uma justa indenização; • Em caso de mudança da das instalações pelo dono do prédio, este poderá fazê-lo as suas custas; • Art. 1.287, CC – hipótese de risco – exigência de obras de segurança. DAS ÁGUAS • É permitido a todos canalizar pelo prédio de outrem as águas a que tenha direito, mediante prévia indenização a seu proprietário, não só para as primeiras necessidades de vida como também para os serviços da agricultura ou da indústria, escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos; • § 1º - indenização ao proprietário que sofre prejuízo com a construção da obra destinada à canalização; • § 2º - o proprietário pode exigir que a canalização seja subterrânea; • § 3º - a construção do aqueduto é incumbência do seu dono e deve ser feita de modo a acusar o menor prejuízo; DAS ÁGUAS • Art. 1.290/CC – prevê o direito às sobras das águas, de fonte não captada; • Não é lícito ao dono da nascente, satisfeitas as necessidades de seu consumo, desviar o curso das sobras. Da mesma forma o dono do prédio inferior não tem o direito de alterar o curso natural das águas; • Os prédios inferiores são obrigados a receber as águas que correm naturalmente dos superiores (CC, art. 1288). Não são obrigados, portanto, a suportar o escoamento de detritos e fezes de animais (TJSP); • O vizinho também não pode impedir, injustificadamente, a entrada do proprietário do imóvel superior para desobstruir rede de esgoto; DAS ÁGUAS • Art. 1.289, o proprietário do prédio poderá levar águas artificialmente para o seu prédio, mas o proprietário inferior não está obrigado a receber as interferências do seu escoamento; • Art. 1.291, CC traz uma preocupação com o meio ambiente; • Art. 1.292, CC trata do direito de construir barragens ou similares, devendo se responsabilizar por eventuais prejuízos. DOS LIMITES ENTRE PRÉDIOS • Art. 1.298, CC; • Faz-se mediante ação demarcatória ; • As despesas são partidas proporcionalmente entre os interessados; • Só é possível quando há confusão de limites na linha divisória; • O juiz levará em consideração para fins de demarcação os seguintes fatores, nessa ordem (art. 1.298, CC): a) títulos dominiais; b) posse justa; c) divisão em partes iguais; d) adjudicação, com a respectiva indenização. DIREITO DE TAPAGEM • A lei concede ao proprietário o direito de cercar, murar ou tapar de qualquer modo o seu prédio (art.1.297, CC); • Presume-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes o tapume (cerca viva, muro, gradis,...) – presunção juris tantum; • A divisão das despesas deve ser previamente convencionado; • Construção de tapumes especiais – obrigação do dono de animais de pequeno porte; • Construção de tapumes comuns – direito do proprietário do prédio. DIREITO DE CONSTRUIR • O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos (art. 1.299, CC); • As limitações administrativas são impostas pelos regulamentos administrativos (Código de obras e postura); • Já as limitações de direito provado constituem restrições de vizinhança (arts. 1.300; 1.301; 1.302; 1.303; 1.308;...); • Ação demolitória (arts. 1.280 e 1.312, CC) e indenizatória; • Para fins de ação judicial, basta a prova do dano e a relação de causalidade entre o dano e a construção vizinha; • Caberá ação regressiva contra o construtor. DEVASSAMENTO DA PROPRIEDADE VIZINHA • O art. 1.301, CC, proíbe a construção de modo a perturbar o recato e a privacidade familiar confrontante – ação de embargo de obra nova; • A distancia a que se refere o artigo anterior é medida a partir de que ponto? • O art. 1.305 permite que o proprietário construa não apenas no seu terreno, mas também no dovizinho. Como forma de não provocar maiores prejuízos, caso a ocupação de área alheia seja mínima, a ação com pedido de demolição será convertida em indenização; • A jurisprudência tem admitido a construção de janelas, bem como portas a menos de um metro e mio, quando há muros altos; • Súmulas 120 e 414 do STF; DEVASSAMENTO DA PROPRIEDADE VIZINHA • E se as aberturas tiverem mais de 10x20 cm? • Prazo para impugnação: um ano e dia do término da obra – expedição do habite-se. (art. 1.302,CC); • Passado esse prazo, pode a parte prejudicada construir junto a divisa, inclusive, levantar o muro; • Zona rural (art. 1.303) – não se pode edificar a menos de três metros do vizinho; ÁGUAS E BEIRAIS • Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho. PAREDES DIVISÓRIAS • Art. 1.305, CC – o proprietário que primeiro edificou poderá: assentar a parede somente no seu terreno (a parede será sua), ou até meia espessura no terreno vizinho (será de ambos). Nas duas hipóteses o vizinho poderá utilizá-la livremente; • Se o proprietário do terreno vizinho travejar a parede, terá que pagar metade do seu valor, porém não poderá por em risco a segurança ou a separação dos dois prédios (art. 1.305); • Art. 1.307 - Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada. PAREDES DIVISÓRIAS • Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho. Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões de cozinha. DO USO DO PRÉDIO VIZINHO • Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para: I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente. • DISPOSITIVO EXEMPLIFICATIVO; • Fica obrigado a indenizar se causar dano;