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AULA 7 - DA PROPRIEDADE E O DIREITO DE VIZINHANÇA Do direito de vizinhança No estudo da propriedade remanesce a abordagem acerca dos direitos de vizinhança. Mesmo no período áureo das codificações informado pelo individualismo exacerbado – época da concepção da propriedade como direito absoluto , os direitos de vizinhança representavam imposição de condutas de modo a viabilizar a conciliação dos interesses dos vizinhos no segmento das limitações ao direito de propriedade. No campo das limitações impostas ao direito de propriedade, as codificações sempre incluíram sob o título “direitos de vizinhança” as restrições que tolhem o proprietário do pleno exercício de suas faculdades dominicais, impondo-lhe certas condutas (comissivas ou omissivas) tendentes à conciliação dos respectivos interesses aos dos vizinhos. Sob a inspiração dos princípios da lealdade e da boa-fé nas relações humanas, o uso da propriedade está sujeito à compatibilização dos interesses dos vizinhos, permitindo regular convivência. Deste modo, são requisitos para a configuração do conflito de vizinhança: a) ato do possuidor de um imóvel que repercuta em outro; b) prejuízo ou incômodo sofrido pelo possuidor do prédio vizinho em consequência do ato; c) vínculo de conexão entre o ato e o prejuízo (ou incômodo). Um ato do proprietário de um prédio repercute no prédio vizinho, causando prejuízo ou incômodo. Natureza jurídica - Há divergência doutrinária a respeito da natureza jurídica dos direitos de vizinhança: são eles servidões legais ou limitações legais ao direito de propriedade. No Direito brasileiro, prevaleceu a orientação consoante a qual os direitos de vizinhança são limitações legais ao direito de propriedade, sendo a proibição imposta em razão de interesse geral, apresentando cunho de reciprocidade. Neste passo, é oportuna a referência aos princípios identificados pela doutrina que informam toda a sistemática dos direitos de vizinhança: a) o princípio da coexistência dos direitos; b) o princípio da supremacia do interesse público. O primeiro fundamenta o estatuto da vizinhança comum, enquanto o segundo, o estatuto da vizinhança industrial. Características a) são limitações legais à propriedade; b) objetivam evitar prejuízo ao vizinho; c) têm natureza propter rem; d) incidem sobre bens imóveis. Quanto às modalidades, os direitos de vizinhança se classificam em gratuitos e onerosos, conforme seu exercício acarreta (ou não) para o proprietário o dever de indenizar o dono do prédio vizinho. O fundamento jurídico da responsabilidade do vizinho é o risco proveito. Trata-se de hipótese de responsabilidade objetiva em que o dever de indenizar resulta da circunstância de o proprietário, ao obter proveito do exercício de seu direito, dever responder pelos danos que, em razão do exercício proveitoso, acarrete ao seu vizinho. Saliente-se ainda que há um princípio geral consoante o qual é vedado o uso nocivo da propriedade, não sendo possível a causação de dano ou incômodo ao vizinho. As limitações legais ao direito de propriedade conhecidas como direitos de vizinhança podem se revestir de três modalidades: a) a positiva (fazer); b) a negativa (não fazer); c) a permissiva (deixar fazer). Na primeira, o vizinho é obrigado a realizar o que se lhe impõe, como, por exemplo, reparar uma construção em estado de ruína. Na segunda, o vizinho deve se abster do que lhe é proibido, como não encostar fornalha na parede divisória. E, finalmente, na terceira modalidade, o vizinho deve suportar o encargo que lhe é imposto, como no exemplo de permitir a entrada em seu prédio para construção de parede divisória. Restrição ao direito de propriedade quanto à intensidade do seu exercício: uso anormal da propriedade Uso anormal da propriedade - Como direito de vizinhança, aponta-se a noção do uso normal da propriedade e, assim, seu contraponto o uso anormal da propriedade. Na realidade, as regras referentes ao uso nocivo da propriedade encerram o princípio geral em matéria de direitos de vizinhança. A regra é a de que usa anormalmente a propriedade quem a utiliza nocivamente, pondo em risco ou ferindo a segurança, o sossego ou a saúde dos proprietários e possuidores vizinhos. Imissão e interferência prejudicial - O conflito de vizinhança é produzido, em regra, por uma imissão que, em termos técnicos, é a introdução de uma substância corpórea no prédio vizinho, causando prejuízo ou incômodo ao morador. O mau uso da propriedade é toda interferência prejudicial à segurança, ao sossego e à saúde dos que habitam o prédio vizinho em nível tal que aos vizinhos é legítimo reprimi-la (art. 1.277, CC). A noção de interferência prejudicial parte de algumas distinções importantes: a de atos necessários e não necessários, e a da esfera interna e esfera externa da propriedade. O ato necessário se relaciona à sobrevivência do indivíduo a um padrão social e geograficamente situado, de comportamentos e condutas indispensáveis e conformadores de um modo de vida estável. A segunda distinção leva em conta o conjunto dos elementos intrínsecos do imóvel e dos demais que se referem à sua utilização imediata pelo proprietário (ou outro titular de direito real) – esfera interna da propriedade, e o conjunto dos elementos do imóvel que dizem respeito à projeção que ele adquire no ambiente social, como o valor de mercado e o valor de uso. A esfera interna, acaso atingida pelo ato não necessário, pode ensejar o surgimento de um conflito de vizinhança. Há diferentes justificativas quanto ao direito de vizinhança relacionado ao mau uso da propriedade: a) a teoria da proibição dos atos de emulação – aqueles praticados no exercício do direito sem proveito para o proprietário, e com o propósito de prejudicar (critério da inutilidade da ação do proprietário); b) teoria do abuso do direito – é a que reprime todo exercício anormal do direito em que um possuidor comete excesso injustificado; c) teoria do uso normal da coisa própria – o parâmetro é a tolerabilidade do incômodo para a média das pessoas, ou seja, quando os atos realizados pelo vizinho são toleráveis para a média das pessoas, haverá uso normal da propriedade; em caso contrário, o uso será anormal e, por isso, os atos devem ser proibidos (Ihering); d) teoria do uso necessário – os atos do proprietário – que se propaguem ao vizinho podem ser ditados pela necessidade, ainda que causem incômodos (Bonfante). A última teoria surgiu na época de grande expansão industrial e, assim, cogitou-se da sua aplicação aos conflitos com a vizinhança industrial. Usos e danos normais e anormais da propriedade - Nos conflitos de vizinhança comum, prevalece a teoria do uso normal que se baseia no princípio da coexistência dos direitos (art. 1.277, CC). O conflito de vizinhança é, portanto, a interferência prejudicial provocada por ato não necessário do proprietário ou possuidor de um imóvel que atinja a esfera interna da propriedade vizinha, turbando a saúde, o sossego ou a segurança daqueles que se aproveitam dela. O art. 1.277 do CC, contempla uma cláusula geral de tutela dos direitos de vizinhança, permitindo sua concreção a partir de diferentes conteúdos à luz da argumentação desenvolvida pelo juiz com base nas circunstâncias verificadas no caso concreto. Para avaliar o caso concreto, o juiz aferirá, portanto, a natureza da utilização, a localização do prédio, as normas municipais de zoneamento da cidade (como, por exemplo, o Plano Diretor, a Lei n° 10.257/01 – o Estatuto da Cidade, arts. 39 a 45), grau de tolerância da atividade, além dos usos e costumes locais (art. 1.277, parágrafo único, CC). Há, entretanto, duas exceções ao direito à cessação da interferência prejudicial ao vizinho: a) interesse público; b) sentença judicial. Cuidam-se de hipóteses nas quais o ato interferente é necessário e, por isso, não deverá haver sua cessação. Os meios judiciais paraatuar no segmento do uso anormal da propriedade são: a) a ação condenatória para o fim de haver a indenização do dano causado; b) a ação cominatória com a finalidade de fazer cessar os efeitos do uso anormal da propriedade; c) a ação de dano infecto, de modo a impedir que haja a consumação do dano (impedir que o dano seja feito). Limitações legais ao domínio similares às servidões a) Árvores limítrofes - Há três fatos principais: a) Árvore meia: se houver árvore com tronco situado na linha divisória entre os dois terrenos, considera-se que a árvore pertence aos donos dos imóveis em razão de presunção (relativa) decorrente da lei (art. 1.282, CC); b) Direito de corte e poda em árvores limítrofes: o fato de as raízes e ramos da árvore situada em um terreno ultrapassarem a faixa lindeira faz com que o vizinho tenha a faculdade de cortar, até o plano vertical divisório, as raízes e os ramos, diante da invasão de parte do seu terreno, independentemente de aviso (art. 1.283, CC). Cuida-se, pois, de direito potestativo; c) Propriedade dos frutos caídos naturalmente da árvore: o fato de os frutos caírem da árvore localizada em um terreno no terreno vizinho, com efeito, permite o reconhecimento da aquisição da propriedade dos frutos em favor do proprietário do terreno (ou solo) onde eles caírem desde que a queda seja natural (art. 1.284, CC). Art. 1.282, CC. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes. Segundo Ricardo Fiuza – Aduz no sentido de que, tais dispositivo deverá ser examinado "sempre tendo em vista três aspectos fundamentais: 1) a quem pertencem as árvores limítrofes; 2) a quem pertencem os seus frutos; 3) qual a situação dos ramos e raízes que ultrapassam as divisas do prédio." Segundo Fábio Ulhoa Coelho em conformidade com a presunção relativa da lei, se não houver sido acordado algo diferente entre as partes: Quando o tronco está na divisa de duas propriedades, isto é, situa-se parte no imóvel de um sujeito e parte no de outro, a árvore presume-se da propriedade comum deles (art. 1.282, CC). Da comunhão decorre que nenhum dos proprietários, sem o consentimento do outro, poderá derrubá-la (art. 1.297, §2º, CC) ou mesmo cortar-lhe os ramos ou as raízes. Decorre também que devem repartir as despesas com a manutenção da planta, como as relacionadas à poda, adubagem, combate a fungos e outras. Além do mais, é consequência da comunhão a repartição dos frutos por ela gerados em partes iguais para os dois, independentemente de quem os colha ou de onde venham a cair naturalmente. Derrubada de comum acordo, por fim, dividirão os comunheiros a madeira." Quanto a este dispositivo confere-se as seguintes regras: a) pertencem ao titular de cada prédio os frutos pendentes dos galhos que ficarem projetados sobre cada um deles; b) se a árvore pertence a um prédio e os frutos dela caem no terreno a ele contíguo, o proprietário desse terreno será o proprietário dos frutos tombados;" Art. 1.284, CC - Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. Em continuação da explanação do referido autor, "porém, se a propriedade for pública, o proprietário do terreno no qual se encontra a árvore poderá recolher os frutos caídos no bem público, antes que outrem venha a recolhê-los para si. c) se a árvore do prédio vizinho ultrapassar os limites e suas raízes ou ramos invadirem a propriedade lindeira, o proprietário dela poderá podar os ramos e cortar as raízes, até os limites territoriais do seu imóvel." Art. 1.283 do CC. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Neste caso, salienta-se que o outro proprietário não aufere direito a indenização, mesmo que do corte da raiz a árvore venha a falecer. Bem como, as abelhas domesticadas pertencem ao proprietário das colméias. b) Passagem de cabos e de tubulações - O CC de 2002 inova no segmento dos direitos de vizinhança ao prever também do direito à passagem de cabos e tubulações (arts. 1.286 e 1.287). Assim, determinado proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros dutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de vizinhos quando não houver outro meio possível ou ele se revelar excessivamente oneroso (art. 1.286, CC). Art. 1.286, CC. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Parágrafo único - O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel." Cuida-se de direito potestativo, sendo que a preocupação do legislador foi a de compatibilizar o interesse público com os interesses particulares dos proprietários, fundado no princípio e dever de solidariedade que caracteriza o sistema jurídico atual. A conseqüência do exercício do direito é a responsabilidade civil objetiva do vizinho que se beneficia pela passagem de cabos e tubulações. A lei impõe o encargo de deixar passar cabos, tubulações ou outros condutos de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for inexecutável ou demasiadamente dispendioso. E o faz infringindo ao beneficiário a obrigação de compensar, nela compreendida não apenas a área efetivamente utilizada como também a depreciação eventual do valor do imóvel. O legislador, como se vê, esteve atento à possível desvalorização da área remanescente, estatuindo o direito de extensão para fins de indenização. Captando situação similar ao domínio do direito aplicável à gestão pública, em matéria de desapropriação, o legislador não deixou incólume que o bem é uma unidade jurídica e não apenas física. Em conformidade, com o art. 1.287, CC se as instalações oferecerem grave risco será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança. Assim, se faz perceptível que a propriedade do prédio onerado não pode ficar desprotegida em virtude de ser forçada a passagem de tubulações e cabos, portanto, faz-se necessário o simples risco, visto que não é justificável que a propriedade do serviente fique exposta. Na hipótese de não serem tomadas as medidas de segurança, ou de virem a ser insuficientes, cabe ao prejudicado impor ao outro, judicialmente, a sua realização, sob cominação alternativa de efetuá-la às expensas daquele, ou ser autorizada a interromper a serventia. c) Águas - No CC de 1916 os direitos de vizinhança relacionados às águas eram regulados nos arts. 563 a 568. No curso da vigência do texto codificado de 1916 sobreveio o Decreto n° 24.643/34 (Código de Águas) que passou a reger o tema. A matéria volta a ser tratada no CC de 2002 (arts. 1.288 a 1.296), com as seguintes regras mais importantes: a) direito natural de escoamento das águas entre prédio superior e inferior (art. 1.288 do CC) – o proprietário ou possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do prédio superior; b) nascentes artificiais (art. 1.289, CC) – quando houver captação artificial das águas pelo proprietário do prédio superior, o dono do prédio inferior pode exigir que se promova o desvio ou indenização, com a possível dedução do valor do benefício obtido pelo dono do prédio inferior; c) direito de uso das fontes naturais (art. 1.290, CC) – quem possuir fonte não captada, depois de satisfeitas suas necessidades de consumo d’água, não pode impedir o curso naturaldas sobras das águas pelos prédios inferiores; d) proibição de poluição das águas (art. 1.291, CC) – há a proibição do possuidor do prédio superior de poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores, e quanto às demais águas que poluir deverá recuperá-las ou desviá-las, ou ressarcir os danos causados às demais pessoas. É alvissareiro mencionar que a esse respeito, foi aprovado o Enunciado n° 244, da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: Art. 1.291: O art. 1.291 deve ser interpretado conforme a Constituição, não sendo facultada a poluição das águas, quer sejam essenciais ou não às primeiras necessidades da vida; e) direito de represamento (art. 1.292, CC) – o proprietário tem direito de construir barragens, açudes ou outras construções para represamento de água no interior do seu prédio; f) direito de aqueduto ou águas artificiais (art. 1.293, CC) – é autorizada a canalização das águas que sejam reputadas vitais para o ser humano ou para o escoamento das águas supérfluas ou acumuladas com a drenagem de terrenos, desde que haja prévia indenização aos proprietários prejudicados. Da passagem forçada - Não se confunde com a servidão de passagem (ou de trânsito), este último direito real sobre coisa alheia. Noção - Passagem forçada é o direito potestativo reconhecido ao proprietário de prédio encravado em outro (sem saída para a via pública, nascente ou porto), de exigir passagem (art. 1.285,CC) de modo a exercer sua liberdade de ação (ir e vir). O encravamento do terreno deve ser natural e absoluto, não provocado ou causado pelo dono do terreno. Trata-se de direito de vizinhança oneroso eis que a lei obriga o pagamento de indenização cabal em favor do vizinho que é obrigado a admitir a passagem forçada no seu terreno. Não se confunde com a servidão de trânsito pois independe de convenção, sendo imposto por lei. Deverá ser fixado o rumo da passagem o prédio que se revelar mais apto a suportar natural e facilmente a passagem (art. 1.285, §1°, CC). Restrições oriundas das relações de contiguidade entre dois imóveis a) Limites entre prédios e direito de tapagem - Outro direito de vizinhança que tem relevância é aquele referente ao direito de demarcação dos terrenos e ao direito de tapagem (arts. 1.297 e 1.298, CC). Há, inicialmente, o direito à demarcação, ou seja, aquele de exigir do confinante a proceder com o proprietário vizinho a demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, mediante repartição proporcional das despesas. Tal direito de vizinhança é privativo do proprietário, não se estendendo a outras pessoas, como o locatário. A ação demarcatória pode ser: a) qualificada – no caso em que o pedido é cumulado com queixa de esbulho ou de reivindicação da coisa; b) simples – quando não houver tal pedido, com a sentença apenas apresentando natureza declaratória. O direito de tapagem, ao seu turno, consiste na faculdade de cercar, murar, valar ou tapar o prédio, extremando-o do prédio vizinho, para o fim de resguardar a privacidade e o exercício da exclusividade. b) Direito de construir - É uma das faculdades compreendidas no poder de dispor reconhecido ao proprietário de um imóvel. No entanto, seu exercício é limitado nos regulamentos administrativos e em preceitos de Direito Civil em atenção aos interesses individuais que devem ser considerados (CC, art. 1.299). Como direito de vizinhança, as questões referentes ao direito de construir são concebidas sob a perspectiva de tutela da intimidade e da segurança dos vizinhos no tratamento dado pelo CC. Contudo, no segmento das normas de Direito Administrativo a respeito do tema, as construções devem ser precedidas de requerimento à Administração Pública municipal com o cumprimento das exigências, inclusive a apresentação de planta da construção ou do prédio que pretende levantar. As limitações ao direito de propriedade consistentes nos direitos de vizinhança relacionados ao direito de construir, em regra, representam redução às distâncias de construção, podendo ser enumeradas as seguintes: a) o proprietário não pode abrir janelas ou fazer eirado, terraço ou varanda a menos de metro e meio da linha divisória de seu terreno (CC, art. 1.301); b) o proprietário não pode edificar de maneira que o beiral de seu telhado despeje água sobre o prédio vizinho (proibição do estilício; CC, art. 1.300); c) o proprietário não pode construir, em zona rural, a menos de três metros do terreno vizinho, salvo colocar tapumes divisórios (CC, art. 1.303); d) o proprietário não pode encostar à parede-meia do vizinho fornalhas, fornos ou qualquer aparelho ou depósito que possa resultar infiltração ou abalo na estrutura do prédio vizinho (CC, art. 1.308); e) o proprietário não pode levantar construções capazes de poluir, ou inutilizar, para o uso ordinário, a água de pólo ou fonte alheia, a elas preexistentes (CC, art. 1.309).
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