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Desacato não é crime, decide STJ JOTA

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21/02/2017 Desacato não é crime, decide STJ ­ JOTA
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Desacato não é crime,
decide STJ
Tipificação é incompatível com a Convenção Americana de Direitos Humanos
15 de Dezembro de 2016 ­ 19h48
DESACATO DESCRIMINALIZAÇÃO RETROSPECTIVA 2016 RETROSPECTIVA DEZEMBRO 2016 STJ
Livia Scocuglia Márcio Falcão
A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu,nesta quinta­feira (15/12), que desacato não é crime. O
entendimento foi de que esta tipificação penal está na
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contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância do
Estado, personificado em seus agentes, sobre o indivíduo.
O crime de desacato está previsto no Código Penal e é definido
por ser praticado por particular contra a administração pública.
Segundo o artigo 331, o delito é configurado por “desacatar 
funcionário  público no exercício da função ou em razão dela”,
sendo que a pena é de detenção de seis meses a dois anos, ou
multa.
Para os ministros do STJ, a manutenção da prática como crime é
incompatível com a Convenção Americana de Direitos
Humanos, que se manifestou no sentido de que as leis de
desacato se prestam ao abuso, como meio para silenciar ideias e
opiniões consideradas incômodas pelo establishment, bem
assim proporcionam maior nível de proteção aos agentes do
Estado do que aos particulares, em contravenção aos princípios
democrático e igualitário.”
Segundo o ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, relator do
caso, considerar desacato crime traduz desigualdade entre
servidor e particular, algo inaceitável no Estado Democrático de
Direito.
O afastamento da tipificação criminal do desacato, afirmou
Dantas, não impede a responsabilidade por outra figura típica
penal, sendo que o ato pode ser enquadrado como calúnia,
injúria, difamação, entre outros, pela ocorrência de abuso na
expressão verbal ou gestual ofensiva, utilizada perante o
funcionário público.
“Punir o uso de linguagem e atitudes ofensivas contra agentes
estatais é medida capaz de fazer com que as pessoas se
abstenham de usufruir do direito à liberdade de expressão, por
temor de sanções penais, sendo esta uma das razões pelas quais
a CIDH estabeleceu a recomendação de que os países aderentes
ao Pacto de São Paulo abolissem suas respectivas leis de
desacato”, escreveu o relator.
Para evitar que essa decisão seja apontada como uma tentativa
de controle de constitucionalidade, que cabe ao Supremo
Tribunal Federal, a Turma explicitou que estava tratando de
caso específico.
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“A adequação das normas legais aos tratados e convenções
internacionais adotados pelo Direito Pátrio configura controle
de constitucionalidade, o qual, no caso concreto, por não se
cuidar de convenção votada sob regime de emenda
constitucional, não invade a seara do controle de
constitucionalidade e pode ser feito de forma difusa, até mesmo
em sede de recurso especial “.
Os ministros discutiram o caso de uma pessoa condenada a
cinco anos e cinco meses pelo roubo de uma garrafa de
conhaque avaliada em R$ 9,00 que teria desacatado dois
policiais militares.
“O agente, visivelmente alcoolizado, subtraiu a garrafa de
conhaque brandindo uma barra de ferro e proferindo graves
ameaças às vítimas, o que, segundo a jurisprudência desta Corte,
afasta a possibilidade do reconhecimento do crime de bagatela.
Há, também, o aspecto da reincidência, que, além de reforçar o
impeditivo à aplicação do princípio da insignificância, tornaria
inviável eventual concessão de habeas corpus de ofício para a
fixação do regime inicial semiaberto”, diz trecho do voto.
O recurso ao STJ foi apresentado após o Tribunal de Justiça de
São Paulo ter condenado o agente por roubo, resistência e
desacato.
Segundo trecho da decisão, a vítima do caso afirmou que o
agente chegou a ameaçá­la ao ter roubado a garrafa de
conhaque.
“Ele estava assim doido, e entrou dentro da minha casa. Eu
estava dando comida para as minhas filhas, ele entrou, me
empurrou, foi lá no fundo, roubou uma garrafa de conhaque
Dreher e saiu ameaçando, falando que ia arrancar a cabeça da
gente com a barra de ferro”.
Clique para ler a íntegra do voto sobre descriminalização do
desacato
 
Livia Scocuglia ­ Brasília
Márcio Falcão ­ De Brasília
21/02/2017 Desacato não é crime, decide STJ ­ JOTA
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COMENTÁRIOS
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Livia Scocuglia
MP também deve agendar
sustentação oral no STJ
Luiz Orlando Carneiro
STF retoma ação de autorização
para STJ julgar governador →

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