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Hepatites Virais e HIV na Odontologia

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Seja bem Vindo! 
 
Curso 
Hepatites Virais e HIV 
Área Odontológica 
CursosOnlineSP.com.br 
 
 Carga horária: 60hs 
 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
Hepatites Virais 
Classificação etiológica e mecanismos de 
Medidas de prevenção 
Diagnóstico 
Manifestações Clinicas 
Manifestações Orais em Portadores das Hepatites 
Tratamento 
Imunização 
HIV 
Epidemiologia 
Transmissão e prevenção 
Desmistificação de possíveis riscos de transmissão do HIV 
Diagnóstico 
Atendimento Odontológico 
Biossegurança 
Tratamento odontológico dos portadores de hepatites virais 
Farmacologia aplicada às hepatopatias e pós-transplantes 
Atendimento odontológico de rotina para portadores do HIV 
Aspectos éticos e legais 
Considerações Finais 
Bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hepatites Virais 
Epidemiologia 
As hepatites virais são doenças inflamatórias, provocadas por 
diversos agentes etiológicos a partir do tecido hepático, e que 
apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais 
semelhantes, porém, com importantes peculiaridades. 
No Brasil, existem cinco vírus responsáveis pelas hepatites: A, B, C, 
e E. No contexto epidemiológico brasileiro, as hepatites virais 
vêm assumindo papel de destaque, com o aumento do número de 
casos ao longo dos anos. 
O conhecimento sobre a transmissão de doenças nos consultórios 
odontológicos contribui para os cirurgiões-dentistas realizem os 
procedimentos odontológicos de maneira mais segura, 
incorporando a sua rotina de trabalho as particularidades em 
relação às condutas clínicas perante os portadores das hepatites 
virais. 
A Organização Mundial da Saúde estima que existam, no mundo, 
cerca de 325 milhões de portadores crônicos da Hepatite B (desses, 
18 milhões também possuem infecção pelo vírus D) e 170 milhões 
da Hepatite C. 
Um elevado percentual de portadores crônicos dessas doenças não 
apresenta sintomas e a infecção persistente pode resultar em 
cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. 
Anualmente, ocorrem aproximadamente 3 milhões de 
exposições percutâneas para os 35 milhões de profissionais da 
saúde de todo o mundo. 
Estima-se que esses acidentes resultem em 15 mil infecções pelo 
vírus da Hepatite C (VHC), 70 mil pelo vírus da Hepatite B (VHB) e 
500 pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). 
Mais de 90% dessas infecções ocorrem em países não 
desenvolvidos e a maioria delas pode ser prevenida. 
No Brasil, a maior parte dos casos de hepatite aguda sintomática 
deve-se aos vírus A e B. Nas regiões Norte e Centro-Oeste (norte 
de Mato Grosso), a coinfecção pelos vírus das hepatites B e D 
(VHB/VHD) também é importante causa de hepatite aguda 
sintomática. 
O vírus C costuma apresentar uma fase aguda oligoassintomática, 
de modo que responde por apenas pequena parte das 
hepatites agudas sintomáticas. 
Em virtude da magnitude e do potencial de transmissão, as 
hepatites virais são doenças de notificação compulsória e os 
profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como os 
responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e 
particulares de saúde e de ensino, são obrigados a comunicar à 
vigilância epidemiológica dos serviços de saúde do Sistema Único 
de Saúde – SUS, a ocorrência de casos suspeitos ou 
confirmados das doenças relacionadas. 
O conceito de Sistema de Vigilância Epidemiológica é a coleta, a 
análise e a disseminação das informações sobre determinado 
agravo. Os principais instrumentos do sistema de vigilância das 
hepatites virais são as fichas de notificação e de investigação 
epidemiológica. 
A notificação dos casos suspeitos faz-se necessária visando à 
adoção oportuna das medidas de prevenção e de controle, a 
identificação e interrupção da cadeia de transmissão do vírus, 
a investigação dos comunicantes e a confirmação ou descarte dos 
casos. 
O cirurgião-dentista deve notificar, ainda na anamnese, os 
casos suspeitos ou confirmados de hepatites virais na ficha de 
notificação, disponibilizada pelas secretarias municipais de saúde 
para os estabelecimentos de saúde, devendo encaminhar a ficha à 
equipe local de vigilância para investigação e digitação no 
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 
Desse modo, o cirurgião-dentista assume importante papel não 
apenas na notificação de casos suspeitos, mas no aperfeiçoamento 
de um sistema de vigilância epidemiológica efetivo. 
Deve, assim, ter conhecimento sobre as hepatites virais para 
exercer ações no cenário da prevenção primaria e secundária 
diante da suspeição ou confirmação diagnóstica do agravo, 
despertando a compreensão da importância de sua inserção no 
atendimento interdisciplinar no âmbito do SUS. 
 
 
 
 
Definições de caso 
 
As definições de caso suspeito, de acordo com o Guia de Vigilância 
Epidemiológica são: 
Caso suspeito: 
Suspeita clínica/bioquímica 
- Sintomático ictérico: 
Indivíduo que desenvolveu icterícia (coloração amarelada da pele) 
subitamente (recentemente ou não) com ou sem sintomas 
como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia 
fecal. 
Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente, a qual o levou a 
óbito, sem outro diagnóstico confirmado. 
 
- Sintomático anictérico: 
Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como 
febre, mal-estar, náusea, vômitos, mialgia, e que na 
investigação laboratorial, apresente valor aumentado das 
aminotransferases. 
 
- Assintomático: 
Indivíduo exposto a uma fonte de infecção bem documentada. 
Exemplos: na hemodiálise, em acidente, por transfusão de sangue, 
procedimentos cirúrgicos ou odontológicos, colocação de piercing 
ou tatuagem com material contaminado, por uso de drogas 
endovenosas com compartilhamento de seringa ou agulha. 
Comunicante de caso confirmado de hepatite, independentemente 
da forma clínica e evolutiva do caso índice. 
 Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual 
ou superior a três vezes o valor máximo normal dessas 
enzimas, segundo o método utilizado. 
 
 
 
Suspeito com marcador sorológico reagente 
 
Doador de sangue: 
Indivíduo assintimático doador de sangue, com um ou mais 
marcadores reagentes para hepatite A, B, C, D ou E. 
 Indivíduo assintomático com marcador reagente para hepatite viral 
A, B, C, D ou E. 
 
Caso confirmado: 
Hepatite A: 
Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente anti-HAV IgM (anticorpo da classe IgM para o vírus da 
Hepatite A) reagente. 
Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente vínculo epidemiológico com caso confirmado (anti-HAV 
IgM reagente) de Hepatite A. 
 
- Hepatite B: 
Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente um ou mais dos marcadores sorológicos reagentes 
ou exame de biologia molecular para Hepatite B, conforme 
listado abaixo: 
HBsAg reagente (antígeno de superfície do vírus da Hepatite B) 
Anti-HBc IgM reagente (anticorpos da classe IgM contra o antígeno 
do núcleo do vírus da Hepatite B) 
HBeAg reagente (antígeno “e” do vírus da Hepatite B) 
DNA do vírus da Hepatite B detectável. 
 
- Hepatite C: 
Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente anti-HCV reagente e RNA do HCV detectável. 
 
- Hepatite D:Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente HBsAg ou anti-HBc IgM reagentes e um ou mais 
dos marcadores sorológicos conforme listado abaixo: 
 Anti-HDV (anticorpo total para o vírus da Hepatite Delta) total 
reagente. 
Anti-HDV IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do 
núcleo do vírus da Hepatite D) reagente. 
 
- Hepatite E: 
Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que 
apresente anti-HEV IgM (anticorpos da classe IgM contra o 
antígeno do núcleo do vírus da Hepatite E) reagente. 
 
Caso descartado: 
Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo para hepatites 
virais (desde que as amostras sejam coletadas e transportadas 
oportuna e adequadamente). 
Todo caso suspeito que durante a investigação, tenha diagnóstico 
de outra doença confirmado laboratorialmente ou que não preencha 
os critérios de confirmação acima definidos. 
 
Cicatriz sorológica: 
Indivíduos com marcadores sorológicos de infecção passada, 
porém curados no momento da investigação, deverão ser 
notificados e classificados como casos de cicatriz sorológica. 
 
Caso inconclusivo: 
São aqueles que atendem aos critérios de caso suspeito e dos 
quais não foram coletadas e/ou transportadas amostras 
oportunas e adequadas ou não foi possível a realização dos 
testes para os marcadores sorológicos e de biologia molecular 
específicos. 
 
Classificação etiológica e mecanismos de transmissão 
- Hepatites A e E 
O vírus da Hepatite A (VHA) é um vírus RNA da família 
Picornaviridae, tendo o homem como principal reservatório, com 
período de incubação de duas a seis semanas. O tempo em que o 
vírus é encontrado no sangue é curto (cinco a sete dias), por isso, a 
transmissão parenteral (pelo sangue) é rara. 
 O vírus da Hepatite E (VHE) é um vírus RNA da família 
Caliciviridae, tendo também o homem como um de seus 
reservatórios. O período de incubação é de duas a nove semanas, 
com media de seis. 
O VHA e o VHE têm transmissão fecal-oral, hídrica, pessoa a 
pessoa (contato intrafamiliar e institucional), por alimentos e objetos 
contaminados. 
Essas infecções, geralmente estão associadas às precárias 
condições socioeconômicas, sendo mais comuns em países 
pobres, onde podem ocorrer surtos epidêmicos ou endêmicos. 
- Hepatites B e D 
A Hepatite B é uma doença sexualmente transmissível (DST), 
causada por um vírus DNA da família Hepadnaviridae, cujo 
período de incubação é de 30 a 180 dias, sendo mais comum entre 
60 e 90 dias. Após seis meses, a cronificação da doença ocorre 
aproximadamente entre 5% a 10% dos indivíduos adultos 
infectados. 
Caso a infecção ocorra por transmissão vertical, o risco de 
cronificação dos recém-nascidos de gestantes com replicação viral 
(HBeAg reagente e/ou HBV DNA > 104) é de cerca de 70% a 90%, 
e entre 10% a 40% nos casos sem evidências de replicação do 
vírus. 
Cerca de 70% a 90% das infecções ocorridas em menores de cinco 
anos cronificam, e 20% a 50% dos casos crônicos com 
evidências de replicação viral evoluem para doença hepática 
avançada (cirrose ou hepatocarcinoma). A especificidade da 
doença é que ela pode evoluir para hepatocarcinoma sem 
apresentar cirrose no percurso. 
O vírus da Hepatite D ou Delta (VHD) é um vírus RNA, único 
representante da família Deltaviridae, com período de incubação 
semelhante ao do VHB, tendo período de incubação menor na 
superinfecção, de 14 a 56 dias. 
 É reconhecido como o mais patogênico e infeccioso dentre os vírus 
hepatotrópicos. A infecção pelo VHD está sempre associada à 
infecção pelo VHB, e em alguns casos, à coinfecção entre VHD + 
VHB + VHC. 
No mundo, em especial em áreas endêmicas, a infecção envolve 
formas graves, determinando a hepatite fulminante e o agravamento 
das lesões de hepatite crônica, além de potencializar a rápida 
progressão para cirrose hepática, fatos esses comumente 
observados na Amazônia ocidental brasileira. 
A taxa de cronificação do vírus D varia em função de aspectos 
ligados ao tipo de infecção (coinfecção/superinfecção) e a taxa de 
cronificação do VHB. 
A transmissão parenteral/horizontal decorre do contato com fluídos 
orgânicos contendo o VHB, de modo especial o sangue (maior 
potencial de transmissibilidade), sêmen, secreções vaginais, leite 
materno ou saliva (menor potencial de transmissibilidade). 
Abrem-se, assim, diversas possibilidades de transmissão, por vários 
mecanismos: sexo desprotegido; compartilhamento de escovas de 
dente, lâminas de barbear/depilar, materiais de manicure, tatuagens 
ou piercing, agulhas ou seringas; procedimentos médico-
odontológicos (tais como cirurgias, raspagem e alisamento 
radicular) 
Isso explica, ao menos parcialmente, a vasta distribuição do VHB 
em diversas partes do mundo, bem como a existência de muitos e 
diferentes grupos de pessoas sob maior risco de adquirir a infecção. 
Outra forma de transmissão e a vertical, ou seja, a passagem do 
vírus diretamente da mãe para o recém-nascido, comumente no 
parto ou por meio do contato intimo que se estabelece depois, e 
não por troca de sangue ao longo da gestação. 
Estima-se que o risco de infecção pelo VHB em acidentes 
com instrumentos perfuro cortantes é 57 vezes superior ao do 
Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV, sendo o risco de óbito 
1,7 vezes superior, embora o HIV também possua características 
letais. 
O VHB apresenta-se, assim, como afecção de alta prevalência de 
contaminação ocupacional. É importante salientar que a Hepatite B 
não é transmitida por abraço, beijo, aperto de mãos, tosse ou 
espirro, nem pelo compartilhamento de talheres. 
A Hepatite B é uma DST, mas também pode ser transmitida pelo 
compartilhamento de: 
- Escovas de dente. 
- Lâmina de barbear ou de depilar. 
- Instrumentos de manicure, tatuagens ou colocação de piercing. 
- Equipamentos para o uso de drogas injetáveis e inaláveis. 
- Agulhas ou seringas. 
 
Pode ser transmitida também em procedimentos médico-
odontológico em que não foram tomadas devidas medidas de 
biossegurança. 
 
- Hepatite C 
O VHC é um vírus RNA da família Flaviviridae, com período 
de incubação de 15 a 150 dias; em geral, 50 dias. Acredita-se, que 
em média, 80% dos casos evoluam para a cronicidade e que entre 
um terço e um quarto possam evoluir para formas histológicas 
graves ou cirrose, em um período de 20 anos, caso não haja 
intervenção terapêutica. 
O restante evolui para formas mais lentas e, talvez, nunca resulte 
em hepatopatia grave. A infecção pelo VHC já é a maior 
responsável por cirrose e transplante hepático no mundo ocidental. 
 
De modo semelhante à Hepatite B, a transmissão da Hepatite 
C ocorre essencialmente por contato direto com sangue e 
hemoderivados contaminados com o VHC, colocando sob máximo 
risco os usuários de drogas, os politransfundidos, as pessoas 
submetidas à hemodiálise e os indivíduos que tenham sofrido 
acidente com objeto perfuro cortante contaminado. 
A possibilidade de transmissão sexual do VHC ocorre 
principalmente em pessoas com múltiplos parceiros e com prática 
sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência 
de alguma DST, inclusive HIV, constitui um importante facilitador 
dessa transmissão. 
São consideradas, também, populações de risco acrescido 
para infecção pelo VHC por via parenteral os indivíduos que 
receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivadosantes de 
1993. 
 
Medidas de Prevenção 
As medidas de prevenção em relação às hepatites virais 
devem considerar as dimensões de vulnerabilidade nas quais o 
individuo está inserido. 
Considera-se o comportamento individual como o determinante da 
vulnerabilidade a infecção, embora isso não seja o suficiente para o 
controle da disseminação da doença. 
Aspectos relacionados ao âmbito coletivo e social devem ser 
considerados ao se adotarem as medidas de prevenção nas 
situações de pré- exposição e pós-exposição. 
 
- Hepatites A e E 
As medidas gerais para a prevenção dependem de ações públicas 
(saneamento básico) e individuais, tais como: 
 
- Consumo de água tratada. 
- Lavagem das mãos antes e após os procedimentos odontológicos, 
após o uso do banheiro, antes da preparação de alimentos e antes 
de se alimentar. 
- Cumprimento das normas de biossegurança nos procedimentos 
odontológicos. 
- Lavagem de alimentos crus (frutas, verduras e legumes), 
deixando-os mergulhados por 30 minutos em solução preparada 
com uma colher de sopa de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada 
litro de água. 
- Consumo de mariscos e frutos do mar bem cozidos. 
A vacina contra a Hepatite A, administrada em duas doses, 
com intervalo de seis meses, está disponível na rede pública 
apenas nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais 
(CRIE). É importante ressaltar que para a Hepatite E ainda não 
existe vacina. 
 
- Hepatites B e Delta 
As principais medidas de prevenção envolvem: 
 
- Uso de preservativo. 
- Não compartilhamento de objetos pessoais: escovas de dente, 
lâminas de barbear ou de depilar, seringas, agulhas, cachimbos e 
canudos para o uso de drogas, instrumentos de manicure, material 
para confecção de tatuagens ou colocação de piercing. 
- Biossegurança adequada nos procedimentos médicos e 
odontológicos. 
- Vacinação contra Hepatite B, disponível nas salas de vacina do 
SUS para indivíduos de 0 a 19 anos, devendo ser administrada em 
três doses (0, 30 e 180 dias após a primeira dose), garantindo 
imunidade de 90% a 95% dos casos, conferindo imunidade também 
contra a Hepatite Delta. 
 Em recém-nascidos, a primeira dose da vacina contra a Hepatite B 
deve ser aplicada logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas 
de vida, para evitar a transmissão vertical. 
 Os profissionais e os estudantes de saúde, além dos Auxiliares de 
Saúde Bucal (ASB) e Técnicos de Higiene Dental (THD), devem 
cumprir o esquema vacinal. 
O ideal é que indivíduos vacinados realizem o teste anti-HBs 30 
dias após o esquema completo de vacinação (três doses). São 
considerados imunizados os que apresentarem anti-HBs reagente 
(≥10 UI/mL). 
Aqueles com anti-HBs não reagente, após o segundo esquema 
completo com três doses, devem ser considerados não 
respondedores e suscetíveis, devendo ser encaminhados para 
avaliação médica. 
 
- Hepatite C: 
Ainda não existe vacina contra o VHC, em virtude, principalmente, 
da ocorrência de mutações frequentes do vírus. Por isso, as 
atitudes preventivas são muito importantes. 
Uma forma efetiva de controlar a disseminação e a realização de 
testes sorológicos em pessoas suscetíveis e assintomáticas para 
identificação do vírus, aliada às ações educativas, com informações 
sobre os modos de transmissão. 
Medidas de prevenção contra a Hepatite C são similares à 
prevenção contra a Hepatite B, ou seja: 
- Não compartilhamento de: seringas, agulhas, cachimbos e 
canudos no uso de drogas; escovas de dente; lâminas de barbear 
ou depilar; instrumentos de manicure, materiais para confecção 
de tatuagem ou colocação de piercing. 
 
- Biossegurança adequada nos procedimentos médicos e 
odontológicos. 
- Uso de preservativo em qualquer prática sexual. 
 
Diagnóstico 
Em casos suspeitos, o cirurgião-dentista deve notificar e solicitar a 
sorologia para hepatites virais. Os exames específicos para o 
diagnóstico são os marcadores sorológicos e os exames de biologia 
molecular. 
 
Interpretação dos resultados e marcadores sorológicos 
- Hepatite A: 
Anti-HAV IgM: a presença desse marcador define o diagnóstico de 
Hepatite Aguda A. Surge precocemente na fase aguda da doença e 
começa a declinar após a segunda semana, desaparecendo apos 
três meses. 
Anti-HAV IgG: esse marcador está presente na fase de 
convalescença e persiste indefinidamente, proporcionando 
imunidade especifica. Os anticorpos dessa classe não permitem 
identificar se a infecção é aguda ou pregressa. 
Trata-se de um importante marcador epidemiológico por demonstrar 
a prevalência de contato com o VHA em determinada população. 
 
 Interpretação dos marcadores sorológicos da Hepatite A: 
 Anti-HAV T=total Anti-HAV IgM Interpretação 
(+) (+) Hepatite aguda pelo 
VHA. Infecção recente 
(+) (-) Infecção passada 
/imunidade (por contato 
prévio com o VHA ou 
por vacinação) 
(-) (-) Suscetibilidade 
 
- Hepatite B: 
São marcadores de triagem para a Hepatite B: HBsAg e anti-HBc 
total. 
HBsAg (antígeno de superfície do VHB): é o primeiro marcador a 
surgir após a infecção, em torno de 30 a 45 dias, e pode 
permanecer detectável por até 120 dias nos casos de hepatite 
aguda. Ao persistir além de seis meses, caracteriza infecção 
crônica. 
Existem mutações que podem alterar a conformação do HBsAg e, 
consequentemente, inibir a sua detecção pelos testes imune 
enzimáticos usuais. Nesses casos, a sorologia para o HBsAg 
apresenta-se negativa, o que pode caracterizar uma infecção 
oculta, na qual se recomenda avaliar a carga viral do VHB, 
utilizando testes de biologia molecular. 
Anti-HBc IgG (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do VHB): 
é o marcador que indica contato prévio com o vírus. Permanece 
detectável por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção. 
Anti-HBc Total: marcador utilizado na triagem para a Hepatite B por 
detectar tanto o anticorpo IgG, quanto o anticorpo IgM. 
 
Determina a presença de anticorpos tanto da classe IgM quanto da 
classe IgG. Por isso, ao receber como resultado o anti-HBc Total 
Reagente é importante definir se o resultado é por causa dos 
altos títulos de IgG (imunidade por infecção passada ou 
imunidade por resposta vacinal) ou pelos altos títulos de IgM (fase 
aguda). 
 
Interpretação e conduta do screening sorológico para a Hepatite B: 
HBsAg Anti-HBc 
total 
Interpretação/conduta 
(+) (-) Início de fase aguda ou falso positivo. Repetir 
sorologia após 30 dias 
(+) (+) Hepatiteagudaoucrônica.Solicitaranti-HBcIgM 
(-) (+) Falso positivo ou cura (desaparecimento do 
HBsAg).Solicitar anti-HBs 
(-) (-) Suscetibilidade 
 
 Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do 
núcleo do VHB): trata-se de um marcador de infecção recente, 
encontrado no soro até 32 semanas após a infecção e, portanto, 
confirma o diagnóstico de Hepatite B aguda. 
Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do VHB): é o 
único marcador que confere imunidade ao VHB. Encontra-se no 
soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e 
imunidade. Está presente isoladamente em pessoas vacinadas. 
HBeAg (antígeno “e” do VHC): é indicativo de replicação viral e, 
portanto, de alta infectividade. Na fase aguda, surge após o 
aparecimento do HBsAg e pode continuar presente por até dez 
semanas. 
Na Hepatite B crônica, a presença do HBeAg indica replicação viral, 
ou seja, atividade da doença. Em pacientes infectadospor 
cepas com mutação pré-core (não produtoras da proteína 
“HBeAg”) esse marcador apresenta-se não reagente. Nesse caso, 
recomenda-se avaliar a carga viral do VHB, utilizando testes de 
biologia molecular. 
Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do VHB): seu surgimento 
é um marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo VHB. A 
soroconversão HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade 
de resolução da infecção nos casos agudos. 
Na hepatite crônica, a presença do anti-HBe, de modo geral, indica 
ausência de replicação viral e, portanto, menor atividade da doença. 
 
Interpretação dos resultados sorológicos para a Hepatite B: 
Interpretação 
 
HBsAg 
 
Anti-HBc 
total 
 
Anti-HBc 
IgM 
 
 
HBeAg 
 
Anti 
HBe 
Anti-
HBs 
 
Suscetibilidade (-) (-) (-) (-) (-) (-) 
Período de 
incubação 
(+/-) (-) (-) (-) (-) (-) 
Hepatite B aguda (+) (+) (+) (+/-) (+/-) (-) 
Final da fase aguda (-) (+) (-) (-) (+) (-) 
Hepatite B crônica (+) (+) (-) (+/-) (+/-) (-) 
Hepatite B curada (-) (+) (-) (-) (+) (+)* 
 Imunidade por 
vacinação 
(-) (-) (-) (-) (-) (+) 
 
 Legenda: (+) reagente (-) não reagente. 
 * Em alguns casos de Hepatite B curada, o anti-HB não é 
detectado por estar em baixos títulos. 
 
- Hepatite C: 
Anti-HCV (anticorpo contra o VHC): é o marcador de triagem para a 
Hepatite C e indica contato prévio com o vírus. 
São considerados casos de HEPATITE c AGUDA, AQUELES que 
presentarem soroconversão do anti-HCV documentada (anti-
HCV não reagente no momento da exposição e conversão para 
anti-HCV reagente na segunda dosagem, realizada com intervalo 
de 90 dias) e detecção do HCV- RNA por volta de 90 dias após 
o início dos sintomas ou da data de exposição. 
HCV-RNA (RNA do VHC): utilizado para confirmar a infecção pelo 
VHC em casos agudos e crônicos, monitorar a resposta ao 
tratamento e confirmar resultados sorológicos indeterminados, em 
especial em pacientes imunossuprimidos. Pode ser detectado entre 
uma e duas semanas após a infecção. 
 
- Hepatite D: 
São marcadores de triagem para a Hepatite D: HBsAg, anti-HBc 
total e anti-HDV total. 
Anti-HDV total: determina a presença de anticorpos tanto da classe 
IgM quanto da classe IgG contra o VHD. Por isso, ao receber 
como resultado o anti-HDV total reagente, é importante definir se o 
resultado é por causa dos altos títulos de IgG (imunidade por 
infecção passada ou imunidade por resposta vacinal) ou dos altos 
títulos de IgM (fase aguda). 
O vírus da Hepatite D é um vírus defectivo (incompleto) que 
necessita do antígeno de superfície do VHB para exercer sua ação 
patogênica e replicar-se nas células hepáticas. Desse modo, 
observam-se as seguintes formas de ocorrência: 
 
Superinfecção: infecção pelo vírus Delta em um portador crônico do 
VHB. 
 Coinfecção: infecção simultânea pelo VHB e pelo VHD em 
individuo suscetível. 
 
Interpretação dos resultados sorológicos para a Hepatite D: 
 Formas HBsAg Anti-
HBc 
Total 
Anti-
ABclgM 
Anti-
HDV 
total 
Anti-
HBs 
Coinfecção (+) (+) (+) (+)* (-) 
Superinfecção (+) (+) (-) (+)* (-) 
Cura (-) (+) (-) (+)** (+) 
 
 * Anti-HDV IgM e IgG em altos títulos. 
 ** Anti-HDV-IgG positivo em baixos títulos. 
 
- Hepatite E: 
Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda): anticorpo específico 
para a Hepatite E encontrado no soro de todos os indivíduos 
infectados recentemente. Torna-se positivo no início do quadro 
clinico, desaparecendo após três meses. 
Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada): anticorpo indicativo 
de infecção passada pelo vírus da Hepatite E. Está presente na 
fase de convalescença e persiste indefinidamente. 
 
Interpretação dos resultados sorológicos para a Hepatite E: 
 Anti-
HEY 
total 
Anti-
HEY 
IgM 
Interpretação 
 (+) (+) Hepatite E aguda. Infecção recente 
 (+) (-) Infecção passada/imunidade 
 (-) (-) Suscetibilidade 
 
 
Exames de biologia molecular 
Os testes de biologia molecular são utilizados para detectar a 
presença do DNA viral do vírus da Hepatite B e o RNA viral dos 
vírus das demais hepatites (A, C, D, E). Podem ser qualitativos, 
quando detectam a presença ou ausência do vírus, e quantitativos, 
quando quantificam a carga viral presente na amostra. 
Existem várias metodologias para realizar esses testes. As 
mais utilizadas são: reação em cadeia da polimerase (PCR) e 
branched-DNA (b DNA). Os testes de genotipagem indicam o 
genótipo do vírus. 
 
Manifestações clínicas 
Após contato com os vírus das hepatites, o indivíduo pode 
desenvolver um quadro de hepatite aguda, às vezes 
apresentando as formas clínicas assintomáticas ou sintomáticas. 
No primeiro caso, as manifestações clínicas são ausentes, 
bastante leves ou atípicas, simulando um quadro gripal. 
No segundo, a apresentação é típica, com sinais e sintomas como 
febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e/ou hipocolia 
fecal. 
A fase aguda (hepatite aguda) tem seus aspectos clínicos e 
virológicos limitados aos primeiros seis meses da infecção e a 
persistência do vírus após esse período caracteriza a cronificação 
da infecção. 
Apenas os vírus B, C e D têm potencial para desenvolver formas 
crônicas de hepatite. O potencial para cronificação varia em 
função de alguns fatores ligados aos vírus e outros ligados ao 
hospedeiro. 
Pessoas com qualquer tipo de imunodeficiência também têm maior 
chance de cronificação após uma infecção pelo VHB. 
 
Fase aguda (hepatite aguda) 
- Período prodrômico ou pré-ictérico: ocorre após o período de 
incubação do agente etiológico e anteriormente ao aparecimento da 
icterícia. 
Os sintomas são inespecíficos como: anorexia, náuseas, 
vômitos, diarreia (ou, raramente, constipação), febre baixa, cefaleia, 
mal-estar, fadiga, paladar e/ou olfato intolerantes, fotofobia, 
urticária, entre outros. 
- Fase ictérica: com o aparecimento da icterícia, em geral, há 
diminuição dos sintomas prodrômicos. Observa-se hepatomegalia 
(aumento do fígado) dolorosa, com ocasional esplenomegalia 
(aumento do volume do baço). 
 Há alteração das aminotransferases, as quais podem variar de 10 a 
100 vezes o limite superior da normalidade. Esse nível retorna ao 
normal no prazo de algumas semanas; porém, se persistirem 
alterados por um período superior a seis meses, deve-se considerar 
a possibilidade de cronificação da infecção no caso das hepatites B, 
C e D. 
- Fase de convalescença: segue-se ao desaparecimento da 
icterícia; a recuperação completa ocorre após algumas semanas, 
mas a fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses. 
 
Hepatite crônica 
Os vírus B, C e D são aqueles que têm a possibilidade de causar 
doença crônica. Nesses casos, os indivíduos apresentam sinais 
histológicos de lesão hepática (inflamação, com ou sem 
deposição de fibrose) e marcadores sorológicos ou virológicos 
de replicação viral. Os sintomas dependem do grau de dano 
hepático estabelecido. 
Eventualmente, o diagnóstico é realizado quando aparecem, em 
face das complicações da doença, sinais e sintomas como 
cirrose e/ou hepatocarcinoma (câncer primário do fígado). 
Indivíduos com infecção crônica que não apresentam 
manifestações clínicas, com replicação viral baixa ou ausente, 
e que não apresentam evidências de alterações graves à 
histologia hepática, são considerados portadores assintomáticos.Nessas situações, a evolução tende a ser benigna. 
Contudo, esses pacientes são capazes de transmitir hepatite e têm 
importância epidemiológica na perpetuação da endemia. 
 
Hepatite fulminante 
O termo é utilizado para designar a insuficiência hepática 
aguda, caracterizada pelo surgimento de icterícia, coagulopatia 
e encefalopatia hepática, em um intervalo de ate oito semanas. 
Trata- se de uma condição rara e potencialmente fatal, cuja 
letalidade é elevada (de 40% a 80% dos casos). 
Existem diferenças quanto à etiologia da hepatite fulminante (HF) 
em todo mundo, sendo que as hepatites A e B têm sido relatadas 
em vários estudos. 
 
A primeira aparece frequentemente com taxas que variam entre 2% 
e 8%, ao passo que a proporção mencionada para a hepatite 
B é mais variável, estando entre 2% e 32%. 
O número de casos registrados na população norte-americana é de 
2 mil por ano ou 1/100 ml habitantes. A América do Sul e o 
Subcontinente Indiano apresentam grande incidência de HF 
induzida pelo VHA e pelo VHE, em virtude da alta prevalência 
desses vírus na população. 
A hepatite aguda C, aparentemente, não está associada a casos de 
HF, enquanto que a coinfecção VHB/VHD pode ser uma causa do 
agravo, em regiões endêmicas, para os dois vírus. Na Índia, uma 
causa frequente dessa forma de hepatite entre mulheres grávidas é 
o VHE. 
Basicamente, a fisiopatologia esta relacionada à degeneração e 
necrose maciça dos hepatócitos. Os primeiros sinais e sintomas são 
brandos e inespecíficos. A deterioração neurológica progride para o 
coma dentro de poucos dias apos a apresentação inicial. 
 
Manifestações orais em portadores das hepatites virais 
As infecções com origem bucal podem ter repercussões sistêmicas 
importantes, assim como as infecções de ordem sistêmica podem 
resultar em manifestações bucais e/ou implicar cuidados 
especiais quando da necessidade de intervenções odontológicas. 
E relatado que a infecção pelo VHC, e em menor proporção pelo 
VHB, predispõe o paciente ao desenvolvimento de manifestações 
extra- hepáticas, incluindo manifestações imunologicamente 
mediadas, como o líquen plano. 
O Líquen Plano Oral (LPO) tem sido relatado como mais prevalente 
em pacientes portadores de hepatite C crônica em 
comparação com a população geral, porém, a associação entre 
essas enfermidades ainda permanece controversa. 
 
Em estudo realizado com 215 pacientes portadores de Hepatite C 
crônica, 147 (68,4%) apresentavam lesões orais 173 (80,5%) 
apresentavam alterações de desenvolvimento em cavidade oral. 
As lesões mais prevalentes foram: “mastigação crônica da 
bochecha” (morsicatio buccarum), candidose (infecção pelo 
Candida Albicans, um microorganismo fúngico) e leucoplasia 
(mancha ou placa de aspecto esbranquiçado, localizada na 
superfície da pele ou mucosa), porém, a real associação dessas 
lesões orais com a infecção crônica pelo VHC permanece incerta. 
Os sinais orais da doença hepática em estado terminal são poucos 
e associados às manifestações secundárias. Pacientes que 
apresentam alterações plaquetárias e de proteínas de coagulação 
podem apresentar petéquias e hematomas em mucosa oral, além 
de sangramento gengival espontâneo. 
Hemorragias orais pós-operatórios também podem se 
apresentar como manifestações orais de pacientes com doença 
hepática. 
A mucosa oral desses pacientes pode exibir coloração amarelada 
ou pálida, devido ao aumento da bilirrubina sérica, o que é mais 
perceptível na região posterior do palato e no soalho bucal em freio 
lingual. 
Ocasionalmente, o fetor hepaticus pode ser detectado, ou seja, um 
odor corporal e de respiração descrito como „„mofado‟‟ ou „„doce-
azedo‟‟, e esta relacionado à produção de mercaptanas pela ação 
de bactérias do trato gastrointestinal. 
 
Tratamento 
Hepatite Aguda 
 
O prognóstico das hepatites agudas A e E é muito bom e a 
evolução resulta em recuperação completa em quase todos os 
casos. 
No curso de hepatites virais agudas, o uso de medicações 
sintomáticas para vômitos e febre deve ser realizado quando 
pertinente. Entretanto, faz-se necessária a máxima atenção 
quanto às medicações utilizadas, já que se deve evitar o emprego 
de drogas que tenham potencial hepatotóxico, como o paracetamol. 
O repouso é medida imposta pela própria condição do paciente. A 
sua duração e intensidade, se absoluto ou não, são questões muito 
discutidas. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até a 
normalização das aminotransferases, liberando-se 
progressivamente o paciente para atividades físicas. 
Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular; 
porém, seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente 
anorético. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio 
paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação 
alimentar. 
A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve 
ser suspensa por seis meses. As drogas consideradas 
“hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, 
não têm nenhum valor terapêutico. 
A administração de vitamina K durante um a três dias pode 
ser recomendada nos casos de queda da atividade de protrombina 
devido à absorção intestinal inadequada dessa vitamina. A 
administração de corticosteróide é totalmente contraindicada. 
No acompanhamento de quadros agudos de hepatites virais, as 
duas primeiras consultas terão um intervalo de duas semanas para 
companhamento clinico, independentemente de resultado de 
exames. 
As consultas subsequentes devem ser realizadas em intervalos de 
quatro semanas, acompanhadas de seguimento laboratorial com 
dosagem de aminotransferases, tempo de protrombina, bilirrubinas 
e albumina com o mesmo intervalo, até a detecção de duas 
dosagens normais com intervalo de quatro semanas. 
 
No início do acompanhamento, realiza-se adicionalmente a 
dosagem de gama-GT, fosfatase alcalina e proteínas totais e 
frações. Esses testes são repetidos a cada quatro semanas, ou em 
intervalos menores de acordo com o quadro clinico do paciente. O 
critério de alta inclui: 
- remissão dos sintomas, podendo persistir discreta adinamia e 
sintomas digestivos vagos; 
- normalização das bilirrubinas; 
- normalização do tempo de protrombina; 
- normalização das aminotransferases, com pelo menos duas 
dosagens normais com intervalo de quatro semanas, devido à 
possibilidade de recrudescência. 
 
A Hepatite C aguda, particularmente, necessita de avaliação para 
indicação ou não de tratamento. Os critérios para indicação de 
tratamento da Hepatite C Aguda incluem: 
- soroconversão anti-HCV documentada, em paciente com quadro 
clinico de hepatite aguda (paciente que no início dos sintomas 
apresenta anti-HCV negativo e que converte para anti-HCV positivo 
na segunda dosagem – realizada com intervalo de 90 dias); 
- quadro laboratorial de anti-HCV negativo com detecção do HCV-
RNA por biologia molecular (qualitativo), realizado por volta de 90 
dias após o início dos sintomas ou da data de exposição, 
quando esta for conhecida em paciente com histórico de 
exposição potencial ao vírus da hepatite (HCV). 
 
Hepatite Crônica 
É importante que no nível de atenção básica, o atendimento, seja 
desde o início, voltado para ações simples que reduzam a 
chance de progressão para cirrose ou câncer de fígado, 
modificando ou desacelerando a historia natural da doença. 
Nessesentido, a orientação para o não-consumo de bebidas 
alcoólicas, prevenção da co-infecção com HIV, controle de 
distúrbios metabólicos, como hiperlipidêmica, obesidade e diabetes, 
são essenciais. 
Cabe diagnóstico precoce, adequado encaminhamento para nível 
de média ou alta complexidade, de acordo com a necessidade e 
orientação para evitar a transmissão domiciliar – não 
compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados 
com sangue (escova de dente, barbeadores). 
Uma parcela dos casos de hepatite crônica necessitara de 
tratamento, cuja indicação baseia-se no grau de acometimento 
hepático observado por exame anatomopatológico do tecido 
hepático obtido por biopsia. 
Pacientes com aminotransferases normais merecem ser 
avaliados com exames de biologia molecular, pois pode haver lesão 
hepática, mesmo sem alteração daquelas enzimas. 
 
Hepatite B 
O tratamento da Hepatite B crônica está indicado nas 
seguintes situações: 
• idade superior a 2 anos; 
• HBsAg (+) por mais de seis meses; 
• HBeAg (+) ou HBV-DNA > 104 copias/ml ou 1.900 UI/ml 
(fase de replicação); 
• ALT/TGO > 2 vezes o limite superior da normalidade; 
• ter realizado, nos últimos 24 meses, biopsia hepática onde tenha 
sido evidenciado atividade necroinflamatória de moderada a intensa 
e/ou presença de fibrose de moderada a intensa; ausência de 
contraindicação ao tratamento. 
 
Hepatite C 
O tratamento da Hepatite C crônica está indicado nas 
seguintes situações: 
- ser portador do vírus da Hepatite C (HCV) identificado por 
detecção por biologia molecular de acido ribonucléico – teste 
qualitativo do HCV; 
- ter realizado, nos últimos 24 meses, biopsia hepática onde tenha 
sido evidenciada atividade necroinflamatória de moderada a 
intensa e/ou presença de fibrose de moderada a intensa; 
 - ter entre três e 70 anos; 
 - ter contagem de plaquetas acima de 50.000/mm3 e de neutrófilos 
acima de 1.500/mm3. 
 
Coinfecção com HIV 
No Brasil, as taxas de prevalência da coinfecção HIV-HCV, obtidas 
de amostras provenientes de serviços de saúde, situam-se entre 
9,2% e 54,7%, conforme distribuição geográfica e fatores de risco 
para sua aquisição. 
As maiores taxas de prevalência são observadas nos estudos que 
incluem usuários de drogas injetáveis em sua amostra, constituindo 
o fator de risco mais importante para aquisição de HCV. 
As taxas de prevalência da coinfecção HIV HBV, obtidas em 
estudos brasileiros de amostras provenientes de serviços de saúde, 
situam-se entre 5,3% a 24,3%. 
Nos últimos anos, estudos realizados nos Estados Unidos e 
na Europa têm mostrado que as hepatopatias (insuficiência 
hepática crônica, de hospitalização e de óbito entre pacientes, 
sendo hoje a maior causa de morte entre os infectados pelo HIV 
segundo alguns centros. 
Tem-se observado aumento da incidência de complicações crônicas 
decorrentes das hepatites virais nessa população, o que difere do 
observado com as outras doenças oportunistas. 
 Isso se explica pelo aumento da sobrevida dos infectados pelo HIV 
a partir da utilização dos antirretrovirais. Tal fato propiciou tempo 
para que o HBV e o HCVo HCV desenvolvessem todo seu 
potencial letal entre os coinfectados. 
 Não foram observadas interações significativas entre o HIV e o 
HAV. Apesar disso, pacientes portadores de hepatite crônica B ou 
C, ou com acometimento hepático prévio, poderão apresentar 
quadros mais graves se adquirirem uma nova infecção pelo vírus da 
Hepatite A. 
Nos pacientes coinfectados ocorre aceleração do acometimento 
hepático, observam-se piores taxas de resposta ao tratamento das 
hepatites e interações entre os medicamentos para o HIV e o HCV 
potencialmente graves, além de índices maiores de recidiva. 
Outro fato de preocupação é o risco de toxicidade hepática 
dos antirretrovirais nos coinfectados. O tratamento das hepatites 
crônicas virais em pacientes infectados pelo HIV é complexo e 
deve ser realizado, preferencialmente, em centros de referência e 
por profissionais que tenham experiência com as duas doenças. 
Poderão ser tratados os pacientes coinfectados que não estejam 
em falha terapêutica do HIV estável clínica (ausência de infecção 
oportunista ativa ou nos últimos seis meses) e imunologicamente, e 
com presença de qualquer grau de fibrose, independentemente do 
genótipo. 
 
Imunização 
Vacina contra Hepatite A 
As vacinas contra Hepatite A atualmente em uso e licenciadas no 
Brasil são preparadas a partir de culturas celulares em fibroblastos 
humanos e inativadas pela formalina. 
A imunização contra a Hepatite A é realizada a partir de 12 meses 
de idade, em duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. 
Não há no momento a disponibilização dessa vacina no calendário 
básico de vacinação, sendo as indicações descritas a seguir. 
A vacina de vírus inativado contra a Hepatite A está disponível nos 
Centros de Referência para Imunobiologicos Especiais (Crie), 
integrante do SUS, para as seguintes situações: 
- hepatopatias crônicas de qualquer etiologia; 
- portadores crônicos do HBV e HCV; 
- coagulopatias; 
 - crianças menores de 13 anos com HIV/Aids; 
- adultos com HIV/Aids que sejam portadores do HBV ou HCV; 
 - doenças de depósito; 
 - fibrose cística; 
 - trissomias; 
 - imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; 
 - candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em 
programas de transplantes; 
- transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; 
- doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em 
programas de transplantes; 
- hemoglobinopatias. 
 
As contraindicações se restringem à história de reação anafilática a 
algum dos componentes da vacina e gravidez. 
Eventos adversos pós-vacinação (EAPV) locais observados são a 
dor, eritema ou edema, que ocorrem entre 20% a 50% dos 
vacinados, sendo leves e transitórios. 
Os EAPV sistêmicos mais comumente observados são febre e 
fadiga e ocorrem em menos de 5% dos vacinados; sendo os casos 
de anafilaxia raros. 
 
Vacina contra Hepatite B 
A vacina contra Hepatite B está disponível nas salas de vacinação 
do SUS para faixas etárias especificas e para situações de maior 
vulnerabilidade, conforme descrito a seguir. 
 
Faixas etárias específicas 
- Menores de um ano de idade, a partir do nascimento, 
preferencialmente nas primeiras 12 horas após o parto; 
- Crianças e adolescentes entre um e 19 anos de idade. 
 
Em recém-nascidos, a primeira dose da vacina deve ser aplicada 
logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas de vida, para 
evitar a transmissão vertical. 
Caso não tenha sido possível, iniciar o esquema o mais 
precocemente possível, na unidade neonatal ou na primeira visita 
ao Posto de Saúde. A vacina contra Hepatite B pode ser 
administrada em qualquer idade e simultaneamente com outras 
vacinas do calendário básico. 
 
Para todas as faixas etárias 
A vacina contra a Hepatite B está disponível nos Centros de 
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para os 
seguintes casos: 
- vítimas de abuso sexual; 
- vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente 
suspeito de infecção por VHB; 
- comunicantes sexuais de portadores de HBV; 
- profissionais de saúde; 
 - hepatopatias crônicas e portadores de Hepatite C; 
 - doadores de sangue; 
 - transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea; 
 - doadores de órgãos sólidos ou de medula óssea; 
 - potenciaisreceptores de múltiplas transfusões de sangue ou 
politransfundidos; 
- nefropatias crônicas/dialisados/síndrome nefrótica; 
- convívio domiciliar contínuo com pessoas portadoras de HBV; 
 - asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas; 
 - fibrose cística (mucoviscidose); 
 - doença de depósito; 
 - imunodeprimidos; 
- populações indígenas; 
- usuários de drogas injetáveis e inaláveis; 
- Pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições 
menores, forças armadas); 
- carcereiros de delegacias e penitenciarias; 
- profissionais do sexo; 
- profissionais de saúde; 
- coletores de lixo hospitalar e domiciliar; 
- bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais rodoviários; 
 - profissionais envolvidos em atividade de resgate. 
 
A imunização contra a Hepatite B é realizada em três doses, com 
intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis 
meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses). 
A vacina para Hepatite B deve ser aplicada em deltóide. Deve-se 
evitar a aplicação na região glútea, por resultar em menor 
imunogenicidade. A dose da vacina, em micrograma ou mililitros, 
varia de acordo com o fabricante, devendo-se seguir as 
orientações da bula e as normas do Programa Nacional de 
Imunizações (PNI). 
A vacina, após administração do esquema completo, induz 
imunidade em 90% a 95% dos casos. 
Algumas populações, como imunocomprometidos, portadores de 
insuficiência renal em programas de hemodiálise e alguns bebês 
prematuros devem fazer uso de esquemas especiais. 
 
Imunoglobulina Humana anti-Hepatite tipo B 
A imunoglobulina humana anti-Hepatite tipo B (IGHAHB), disponível 
nos CRIE, deve ser administrada, usualmente em dose única, 0,5ml 
para recém-nascidos ou 0,06ml/kg de peso corporal, máximo de 
5ml, para as demais idades. 
A IGHAHB deve ser aplicada por via intramuscular, inclusive na 
região glútea. Quando administrada simultaneamente com a HB, a 
aplicação deve ser feita em grupo muscular diferente. 
É indicada para pessoas não vacinadas, após exposição ao vírus 
da Hepatite B, nas seguintes situações: 
- prevenção da infecção perinatal pelo vírus da Hepatite B; 
- vitimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente 
suspeito de infecção por HBV, sem vacinação para Hepatite B; 
 - comunicantes sexuais de casos agudos de Hepatite B; 
 - vítimas de abuso sexual; 
 
HIV 
Epidemiologia 
A AIDS foi reconhecida em 1981, nos EUA, a partir da identificação 
de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino 
com comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão 
de que se tratava de uma nova doença. Posteriormente, alguns 
casos, ocorridos nos últimos anos da década 70, foram identificados 
como tendo sido AIDS. 
No Brasil, a AIDS foi identificada pela primeira vez em 1982. Um 
caso foi reconhecido retrospectivamente, no estado de São Paulo, 
como tendo ocorrido em 1980. 
 
Agente Etiológico 
O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da família Retroviridae e 
subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos 
e não- oncogênicos. 
O HIV utiliza para multiplicar-se uma enzima denominada 
transcriptase reversa, responsável pela transcro RNA viral para uma 
cópia DNA, integrando-se ao genoma do hospedeiro. 
O HIV-1 foi isolado em 1983 de pacientes com AIDS pelos 
pesquisadores Luc Montaigner, na França e Robert Gallo, nos EUA. 
Em 1986, foi identificado um segundo agente etiológico, também 
retrovírus, com características semelhantes ao HIV-1, denominado 
HIV-2. 
O termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da 
Imunodeficiência Humana) foi recomendado por um comitê 
internacional, reunido nesse mesmo ano, reconhecendo-o como 
capaz de infectar seres humanos. 
 
 Transmissão e prevenção 
As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, sanguínea 
e vertical. Também pode ocorrer a transmissão ocupacional, 
ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais de saúde. 
Embora o HIV tenha sido isolado de vários fluidos corporais 
que contenham células inflamatórias, somente o contato com 
sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno contaminado 
tem sido implicado como fontes de infecção desse vírus. 
Conclui-se, pela experiência cumulativa e suficientemente ampla, 
que não há qualquer justificativa para restringir o convívio de 
indivíduos infectados pelo HIV de seus ambientes domésticos, 
escolares, sociais ou profissionais. 
 
Transmissão sexual 
É essa a principal forma de transmissão do HIV no Brasil e no 
Mundo, sendo a transmissão heterossexual considerada pela OMS, 
como a mais frequente do ponto de vista global. 
Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV 
numa relação são: 
- Alta viremia (durante a fase da infecção primária e na 
imunodeficiência avançada). 
- Relação anal receptiva. 
- Relação sexual durante a menstruação. 
- Presença de outra DST. Sabe-se hoje que as úlceras 
resultantes de infecções por agentes sexualmente transmissíveis, 
como cancro mole, sífilis e herpes genital, aumentam muito o risco 
de transmissão do HIV. 
 
Prevenção 
- Preservativos: os preservativos masculinos ou femininos são as 
únicas barreiras comprovadamente efetivas contra o HIV e outras 
DST, quando usados de forma correta e sistemática. 
Os estudos demonstram que o uso do preservativo masculino pode 
reduzir o risco de transmissão do HIV e de outras DST em até 95%. 
- Espermicidas: são substâncias químicas utilizadas para recobrir a 
vagina e colo do útero, com o objetivo de impedir a penetração dos 
espermatozóides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizar 
ou destruir os espermatozóides. 
O produto espermicida à base de nonoxinol-9 (N-9) a 2% é o mais 
amplamente utilizado no Brasil e no mundo. Entretanto, o uso de 
alguns métodos contraceptivos contendo N-9 pode aumentar o risco 
de transmissão sexual do HIV e outras DST‟s. 
Isso foi demonstrado em um ensaio clínico que observou risco 
acrescido entre usuárias/os desse produto. A razão desse risco 
acrescido reside no fato de o N-9 provocar lesões 
(fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal, dependendo da 
frequência de uso e do volume aplicado. 
 
Transmissão sanguínea 
A transmissão, por meio da transfusão de sangue e derivados, tem 
apresentado importância decrescente nos países industrializados e 
naqueles que adotaram medidas de controle de qualidade do 
sangue utilizado, como é o caso do Brasil. 
O uso de drogas injetáveis, associado ao compartilhamento de 
seringas e agulhas, apresenta alta probabilidade de transmissão 
sanguínea do HIV. Esse tipo de transmissão vem crescendo 
em várias partes do mundo, como Ásia, América Latina e Caribe. 
 
Prevenção 
A transmissão pela transfusão de sangue e derivados deve 
ser prevenida por meio do controle da qualidade pelos bancos de 
sangue. Os profissionais de saúde devem estar atentos e denunciar 
as irregularidades às autoridades sanitárias. 
Estarão, dessa forma, desempenhando papel de grande relevância 
na prevenção e controle da transmissão do HIV, hepatites e outras 
doenças que podem ser transmitidas pelo sangue. 
Prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI) – Os UDI‟s 
representam uma população particularmente importante, em virtude 
da alta prevalência do HIV nesse grupo. 
Consequentemente representam risco de transmissão para os 
parceiros sexuais e para os que compartilham agulhase seringas. 
Ressalta-se, também, o risco da transmissão vertical quando ocorre 
a infecção da parceira. 
A disseminação da infecção pelo HIV entre UDI em vários países 
levantou importantes questões sobre a natureza de seu 
comportamento e sobre a possibilidade de modificá-lo por meio de 
intervenções preventivas, reduzindo o risco de transmissão do HIV. 
Em locais onde a política de redução de danos foi implantada 
observou-se a redução da incidência de transmissão do HIV 
nessa população. 
A vulnerabilidade dos UDI‟s para o HIV, aliada à exclusão 
social vivenciada por eles, apontam para a necessidade da 
realização de ações de prevenção nas unidades de saúde 
destinadas a essa população, tais como: 
- facilitar o acesso dessas pessoas à unidade de saúde e aos 
serviços de tratamento da dependência de drogas, quando 
indicado. 
- realizar o acompanhamento clínico dessa população. 
 - disponibilizar a testagem sorológica, com aconselhamento. 
 
- Articulação com programas de redução de danos, incluindo 
ações de redução de danos com os usuários de drogas: orientação 
para uso seguro de drogas injetáveis (troca de seringas e agulhas) 
e para a prática de sexo seguro. 
 
Transmissão Vertical 
Entre os exames essenciais do pré-natal inclui-se a obrigatoriedade 
da oferta do teste anti-HIV a todas as gestantes, com 
aconselhamento pré e pós-teste. O diagnóstico precoce permite o 
controle da doença materna e a prevenção da transmissão vertical 
do HIV. 
 
Transmissão Ocupacional 
A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da 
saúde se ferem acidentalmente com instrumentos perfuro cortantes 
contaminados com sangue de pacientes portadores do HIV. 
Estima-se que o risco médio de contrair o HIV, após uma exposição 
percutânea ao sangue contaminado, seja de aproximadamente 
0,03%, aumentando esse risco para aproximadamente 0,1% no 
caso de exposição de mucosas. 
Os fatores de risco identificados como favorecedores deste tipo de 
transmissão, são: 
- A profundidade e extensão do ferimento. 
 - A presença de sangue visível no instrumento que produziu o 
ferimento. 
 - A exposição envolvendo agulha inserida diretamente na veia ou 
artéria de paciente portador de HIV. 
 - O paciente, fonte da infecção, ter evidências de 
imunodeficiência avançada. 
 
 Boa parte dos acidentes ocorre ao se manusear sangue e 
secreções em pacientes com sorologia desconhecida. Ocorrendo o 
acidente, aliado aos esforços de diagnóstico do paciente-fonte, 
recomenda-se observar manejo idêntico ao realizado nos casos 
sabidamente em portadores do HIV. 
 
Prevenção 
O meio mais eficiente de reduzir-se tanto a transmissão 
profissional- paciente quanto à paciente–profissional baseia-se: 
- Na utilização sistemática das normas de biossegurança. 
 - Na determinação dos fatores de risco associados e na sua 
eliminação. 
- Na implantação de novas tecnologias da instrumentação usadas 
na rotina de procedimentos invasivos. 
 
O profissional de saúde acidentado com risco de infecção pelo HIV 
deverá ser encaminhado nas primeiras horas (idealmente dentro de 
1 a 2 horas), após o acidente, para a quimioprofilaxia com 
antirretrovirais. A duração da quimioprofilaxia é de quatro semanas. 
Estudos em animais sugerem que a quimioprofilaxia não é eficaz 
quando iniciada de 24 a 36 horas após o acidente. 
 
Desmistificação de possíveis riscos de transmissão do 
HIV 
Vacinas 
A transmissão de HIV por meio de vacinas não foi documentada. 
Outros produtos imunobiológicos derivados do sangue ou 
plasma são purificados, e não transmitem o HIV. 
 
 
 
 
Mosquitos 
Não transmitem HIV. Eles não são infectados e sua saliva não 
contém HIV. A quantidade de vírus circulante no sangue periférico 
não é suficiente para infecção. Mosquitos não regurgitam sangue na 
próxima pessoa que eles picam. 
Estudos realizados na África e nos EUA confirmaram a não 
ocorrência de transmissão de HIV por meio da picada de inseto. 
Mosquitos também não transmitem HBV (vírus da hepatite B). 
 
Contato com sangue ou fluídos corporais 
As mãos devem ser lavadas após contato com sangue e 
fluidos corporais. Apesar de não haver evidências de transmissão 
do HIV por essa via, deve-se evitar o uso comum de objetos 
pessoais, tais como escova de dente e lâminas de barbear. 
 
Tatuagem e acupuntura 
Os seus instrumentos devem ser descartados após utilização 
ou rigorosamente limpos e esterilizados. 
 
Saliva 
A saliva é rica em proteínas que inibem a infecção pelo HIV. Dentre 
estas proteínas salientamos a enzima inibidora de protease 
secretada por leucócitos (SLIP) que representa uma barreira natural 
na transmissão do HIV. 
 Além disso, a hipotonicidade salivar, que provoca a lise 
celular, também se apresenta como mais um obstáculo para que 
ocorra a infecção pelo HIV. Deste modo, a saliva não é um meio 
eficaz de transmissão do vírus da AIDS. 
Até hoje, não existem casos notificados de transmissão do vírus da 
AIDS pela saliva. 
Aerossol e HIV 
O aerossol é diferente de gotículas e espirros. Ele é constituído de 
partículas menores que 10 mícrons de diâmetro, que flutuam em 
corrente de ar. 
 Não existem casos descritos de transmissão do HIV pelo aerossol, 
durante atividade clínica. Concluindo, não existe evidência de 
transmissão do vírus da AIDS por via respiratória. 
O HbsAg (antígeno de superfície da hepatite B), por sua vez, nunca 
foi encontrado no ar durante o tratamento de pacientes portadores 
de HBV em consultório odontológico e em centros de hemodiálise. 
 
Aspectos clínicos da infecção pelo HIV 
 
A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 
1. Infecção aguda. 
 2. Fase assintomática, também conhecida como latência clínica. 
 3. Fase sintomática inicial ou precoce. 
 4. AIDS. 
 
Infecção Aguda 
 A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção 
retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 
90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, em razão 
do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. 
O tempo entre a exposição e os sintomas, é de 5 a 30 dias. A 
história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia 
elevada quanto por resposta imune intensa. Nessa fase da 
infecção, existem evidências de que a imunidade celular 
desempenha papel fundamental no controle da viremia. 
Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da 
atividade imunológica. As manifestações clínicas podem variar 
desde quadro gripal até uma síndrome, que se assemelha à 
mononucleose. 
Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: 
febre, faringite, ulcerações mucocutâneas, envolvendo mucosa oral, 
esôfago e genitália; cefaleia, fotofobia, perda de peso, náuseas e 
vômitos. 
Alguns pacientes ainda podem apresentar candidíase oral, 
neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de 
Guillain-Barré. 
Janela imunológica: também chamada de janela biológica, é o 
tempo compreendido entre a aquisição da infecção e a 
soroconversão. 
 O tempo decorrido para que a sorologia anti-HIV torne-se positiva é 
de 6 a 12 semanas após a aquisição do vírus, com o período médio 
de aproximadamente dois meses. 
Os testes utilizados apresentam geralmente níveis de até 95% de 
soroconversão nos primeiros seis meses após a transmissão. 
 
Fase Assintomática (Latência Clínica) 
Na infecçãoprecoce pelo HIV, também conhecida como fase 
assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. 
Alguns 
pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada 
persistente, “flutuante” e indolor. 
 
Fase sintomática inicial (ou precoce) 
Nessa fase, o portador de HIV pode apresentar sinais e sintomas 
inespecíficos de intensidade variável, além de processos 
oportunistas de menor gravidade, principalmente na pele e nas 
mucosas. As alterações mais frequentes são: 
- Sinais e sintomas inespecíficos: 
Sudorese noturna: é queixa bastnte comum e tipicamente 
inespecífica entre os pacientes com infecção sintomática inicial pelo 
HIV. Pode ser recorrente e vir acompanhada ou não de febre. 
Nessa situação deve ser considerada a possibilidade de 
infecção oportunista, devendo-se lançar mão de investigação clínica 
e laboratorial específicas. 
Fadiga: frequente manifestação da infecção sintomática inicial pelo 
HIV. Geralmente, sentida no final de tarde ou após atividade física. 
Fadiga progressiva e debilitante deve alertar para a presença 
de infecção oportunista, devendo ser sempre pesquisada. 
Emagrecimento: é um dos mais comuns entre os sintomas gerais 
associados à infecção pelo HIV, estando presente em 95% a 100% 
dos pacientes com doença em progressão. 
Geralmente, encontra-se associado a outros sintomas, como 
anorexia. A associação com diarreia aquosa faz com que esse sinal 
seja mais intenso. 
- Processos Oportunistas de menor gravidade: 
Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a recorrente) – incluem 
as seguintes espécies patogênicas: Candida albicans, C. tropicalis, 
C. parapsilosis e outras menos comumente isoladas. 
 A candidíase oral é a mais comum infecção fúngica em 
pessoas portadoras do HIV. Apresenta-se com sintomas e 
aparência macroscópica características, descritas a seguir: 
Forma Pseudomembranosa: consiste em placas 
esbranquiçadas, removíveis da língua e mucosas, que podem ser 
pequenas ou amplas e disseminadas. 
Forma Eritematosa: é vista como placas avermelhadas em mucosa, 
palato mole e duro, ou superfície dorsal da língua. 
 
Queilite Angular: também frequente, produz eritema e fissuras nos 
ângulos da boca. 
As mulheres infectadas pelo HIV+ podem apresentar como 
manifestação precoce de imunodeficiência pelo HIV, bem como nas 
fases mais avançadas da doença, formas extensas ou recorrentes 
de candidíase vulvovaginal, com ou sem acometimento oral. 
Leucoplasia Pilosa Oral: é um espessamento epitelial benigno, 
causado provavelmente pelo vírus Epstein-Barr. Clinicamente 
apresentam- se como lesões brancas, não facilmente 
removíveis, que variam em tamanho e aparência, podendo ser 
planas, ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções. 
Ocorre mais frequentemente nas margens laterais da língua, mas 
podem ocupar localizações da mucosa oral: mucosa bucal, palato 
mole e duro. 
Gengivite: a gengivite e outras doenças periodontais podem 
manifestar-se de forma leve ou agressiva em pacientes com 
infecção pelo HIV. 
Em estágios mais avançados da doença pelo HIV, observa-se 
frequentemente uma evolução rapidamente progressiva levando 
a um processo necrotizante acompanhado de dor, perda de 
tecidos moles periodontais, exposição e sequestro ósseo. 
Úlceras Aftosas: em indivíduos infectados pelo HIV é comum 
a presença de úlceras extensas, resultantes da coalescência de 
pequenas úlceras, em cavidade oral e faringe, de caráter 
recorrente, e etiologia não definida. 
Diarreia: a infecção pelo HIV, desde sua fase inicial, tem a diarreia 
como manifestação frequente. Determinar a causa da diarreia 
pode ser difícil, portanto, faz-se necessário o exame das fezes 
para agentes específicos. 
Sinusopatias: sinusites e outras sinusopatias ocorrem com relativa 
frequência entre os pacientes com infecção pelo HIV. 
Herpes Simples Recorrente: a maioria das pessoas infectadas pelo 
HIV são coinfectadas com um ou ambos os tipos de vírus herpes 
simples (HSV 1 e 2), sendo mais comum a recorrência do que a 
infecção primária. 
Embora o HSV-1 seja responsável por lesões orolabiais, e o HSV-2, 
por lesões genitais, os dois tipos podem causar infecção em 
qualquer sítio. A sintomatologia clássica pode manifestar-se 
independentemente do estágio da doença pelo HIV. 
Todavia, a apresentação clínica dos quadros de recorrência é 
geralmente atípica ao comparar-se aos quadros em indivíduos 
imunocompetentes. 
Herpes Zoster: a maioria dos adultos foi previamente infectada pelo 
vírus varicela zoster, e de modo similar ao HSV, pacientes com 
doença pelo HIV desenvolvem pelo menos algum episódio de 
herpes zoster. 
 
Doenças Oportunistas 
Uma vez instalada a AIDS, as pessoas portadoras do HIV 
apresentam sinais e sintomas de processos oportunistas, 
representados principalmente pelas seguintes doenças: 
- Infecções oportunistas (pneumonias, meningites e enterites). 
 - Tumores (sarcoma de Kaposi e linfomas). 
 - Alterações neurológicas induzidas pelo HIV. 
- Doenças oportunistas são, portanto, as que se desenvolvem em 
decorrência de uma alteração imunitária do hospedeiro. 
 
Infecções Oportunistas (IO) 
São infecções que podem ser causadas por microrganismos 
não considerados usualmente patogênicos, ou seja, não capaz de 
desencadear doença em pessoas com sistema imune normal. 
No entanto, microrganismos normalmente patogênicos também 
podem, eventualmente, causar IO. Nessa situação, porém, as 
infecções assumem necessariamente, um caráter de maior 
gravidade ou agressividade, para serem consideradas oportunistas. 
As infecções oportunistas associadas à AIDS são várias, podendo 
ser causadas por vírus, bactérias, protozoários e fungos. Entre 
as mais frequentes temos: 
- Vírus: citomegalovirose, herpes simplex, herpes zoster, 
leucoencefalopatia multifocal progressiva. 
- Bactérias: micobacterioses (tuberculose e complexo 
Mycobacterium avium intracellulare), pneumonias (S. pneumoniae), 
salmonelose. 
- Fungos: pneumocistose, candidíase, criptococose, histoplasmose. 
- Protozoários: toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase. 
 
Os Tumores 
Certas neoplasias são mais frequentes, entre elas: sarcoma de 
Kaposi, linfomas não - Hodgkin, neoplasias intra epiteliais anal e 
cervical. É importante assinalar que o câncer de colo do útero 
compõe, em vários países inclusive no Brasil, o elenco de doenças 
que pontuam a definição de caso de AIDS em mulher. 
 
Alterações Neurológicas Induzidas pela HIV 
Além da ação primária sobre linfócitos e macrófagos, o HIV 
apresenta um neurotropismo bastante acentuado, cuja intensidade 
pode variar conforme a cepa viral, mas que, frequentemente, leva 
ao aparecimento de síndromes neurológicas específicas, 
particularmente nas fases mais avançadas da infecção. 
Entre as manifestações neurológicas mais frequentes estão: 
um quadro de atrofia cerebral e demência progressiva; neuropatias 
periféricas; e a mielopatia vacuolar (todas relacionadas com a ação 
do HIV, e do próprio sistema imune, no tecido nervoso central e 
periférico). 
 
Diagnóstico 
Uma história detalhada permite ao profissional, informações 
indicativas do comportamento de risco para as DST‟s e para a 
infecção pelo HIV. Com base nas informações adquiridas, o 
profissional poderá, em conjunto com o paciente, construir 
processos que minimizem ou eliminem os riscos de uma reinfecção 
e/ou transmissão para outras pessoas.Febre prolongada, de baixa intensidade, é frequentemente a 
primeira manifestação de infecções como pneumonia pelo 
Pneumocystis carinii (pneumocistose), tuberculose, criptococose, 
ou neoplasias, especialmente os linfomas. 
Diarreia pode resultar de doenças oportunistas no trato 
gastrointestinal ou por toxicidade às drogas utilizadas no tratamento 
do HIV e suas complicações. 
Pessoas infectadas pelo HIV apresentam risco 
significativamente maior de desenvolver tuberculose ativa que a 
população em geral. A doença, quando presente, manifesta-se 
de forma mais grave, sendo importante causa de mortalidade 
nessa população. 
A coinfecção Tuberculose/HIV representa hoje mais de 50% entre 
as doenças oportunistas que acometem o portador de HIV. 
Portanto, é imprescindível investigar a história clínica pregressa e 
contatos recentes com pessoas com tuberculose ativa (bacilífera). 
É importante pesquisar a história pregressa das DST, 
especialmente a sífilis, uma vez que associada à infecção pelo HIV 
aumenta o risco de envolvimento clínico do sistema nervoso central 
(SNC). 
História de verrugas genitais ou coito anal receptivo, em mulheres e 
homens, deve ser cuidadosamente pesquisado. A coinfecção 
HIV e Papilomavírus Humano (HPV) podem predispor às displasias 
ao câncer cervical, bem como ao carcinoma de células escamosas 
na região perianal. 
Pacientes com história prévia de infecção pelo vírus das hepatites B 
e C podem experimentar reativação viral durante o curso da 
infecção crônica pelo HIV, levando à progressão para estados de 
hepatite clinicamente ativa. 
Vale ressaltar que a Hepatite C apresenta uma progressão 
mais acelerada em indivíduos coinfectados pelo HIV. 
Muitas condições comuns de pele, incluindo-se eczema, dermatite 
seborreica, psoríase, verrugas comuns, molusco contagioso e 
infecção pelo vírus herpes simples, podem ser exacerbadas ou 
apresentarem-se de forma atípica quando em coinfecção com o 
HIV. 
As manifestações oportunistas, indicativas de imunodeficiência mais 
grave, geralmente se manifestam por meio de síndromes 
respiratórias, digestivas e/ou neurológicas. 
 
Testes Diagnósticos 
Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, 
basicamente, em quatro grupos: 
- testes de detecção de anticorpos 
- testes de detecção de antígenos 
- testes de amplificação do genoma do vírus 
- técnicas de cultura viral. 
 
As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção 
pelo HIV são as baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, 
os chamados testes anti-HIV. Detectam a resposta do hospedeiro 
contra o vírus (os anticorpos) e não o próprio vírus. 
 
Outras técnicas detectam diretamente o vírus, ou suas partículas, e 
são utilizadas em situações específicas, tais como: 
esclarecimento de exames sorológicos indeterminados, 
acompanhamento laboratorial de pacientes e mensuração da carga 
viral para controle de tratamento. 
Os anticorpos contra o HIV aparecem, principalmente, no soro ou 
plasma de indivíduos infectados, numa média de 6 a 12 semanas 
após a infecção. 
 Em crianças menores de 2 anos, o resultado dos testes sorológicos 
é de difícil interpretação, em virtude da presença de anticorpos 
maternos transferidos passivamente através da placenta. 
Nesses casos, em virtude dos testes imunológicos anti-HIV 
não permitirem a caracterização da infecção, recomenda-se que 
a avaliação inicial de diagnóstico seja realizada por testes de 
biologia molecular para detecção direta do vírus. 
 
Testes laboratoriais para detecção de anticorpos anti-HIV 
- ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay): esta técnica vem 
sendo amplamente utilizada na triagem de anticorpos conta o vírus, 
devido à sua facilidade de automação, custo relativamente baixo e 
elevada sensibilidade e especificidade. 
 Em sua grande maioria, permite a detecção de anticorpos para o 
HIV- 1 e HIV-2. 
- Imunofluorescência Indireta (IFI): é um teste utilizado na 
etapa de confirmação sorológica, sendo de execução simples e 
de baixo custo. 
Apresenta interpretação subjetiva, sensibilidade e especificidade 
elevadas. 
- Western Blot (WB): este teste é considerado "padrão-ouro", 
para confirmação do resultado reagente na etapa de triagem. Trata-
se de um ensaio de execução simples, mas de custo elevado, 
e que permite discriminar os anticorpos detectados para 
diferentes proteínas virais. Apresenta interpretação subjetiva, e 
sensibilidade e especificidade elevadas. 
- Testes rápidos e testes simples: geralmente, dispensam a 
utilização de equipamentos para a sua realização, sendo de 
fácil execução e leitura visual. Sua utilização é recomendada em 
locais de testagem de um número reduzido de amostras, e em 
inquéritos epidemiológicos. Apresentam sensibilidade comparável 
à dos testes de ELISA, e utilizam os mesmos tipos de antígenos. 
Os testes rápidos são executados em tempo inferior a 30 minutos; 
já os testes simples são realizados em tempo superior a 30 minutos. 
- Quimioluminescência: testes semelhantes aos ELISA, quanto 
aos parâmetros de sensibilidade e especificidade; diferem na 
metodologia utilizada para a detecção de anticorpos. 
- Radioimunoensaios: utilizam antígenos marcados com material 
radioativo; são de execução complexa, custo elevado e uso 
restrito à pesquisa. 
 
Testes laboratoriais para detecção de antígeno, culturas e 
amplificação do genoma viral 
Testes de detecção de antígeno viral: estes testes quantificam a 
concentração da proteína p24, presente no plasma ou em 
sobrenadantes de cultura de tecido. 
Embora essa proteína esteja presente no plasma de pacientes em 
todos os estágios da infecção pelo HIV, sua maior prevalência 
ocorre antes da soroconversão e nas fases mais avançadas da 
doença. 
Técnica de cultura viral: as culturas de células mononucleares de 
sangue periférico, para isolamento do HIV, foram inicialmente 
utilizadas com AIDS. Atualmente, esse teste tem a sua utilidade 
restrita aos ensaios clínicos de pesquisa. 
Testes de amplificação do genoma viral: trata-se da análise 
quantitativa direta da carga viral, por meio de técnicas 
baseadas na amplificação de ácidos nucléicos, tais como a 
reação em cadeia da polimerase quantitativa e a amplificação 
sequencial de ácidos nucléicos. 
Embora essas técnicas sejam distintas, elas apresentam alta 
sensibilidade, permitindo o acompanhamento da resposta 
terapêutica antirretroviral. 
Além disso, valores elevados de partículas virais (em cópias 
de RNA/ml), detectados nessas técnicas, parecem estar 
relacionados com um maior risco de progressão da doença, 
independentemente da contagem de células T CD4+. Sugere-se 
seu monitoramento a cada 3 ou 4 meses. 
 
Considerações sobre os resultados dos testes sorológicos 
 
Todos os conjuntos de diagnósticos apresentam características 
intrínsecas que podem conduzir a resultados falsos. 
Resultados falso-positivos podem ser decorrentes de problemas 
técnicos no procedimento do exame, ou de alterações 
biológicas no indivíduo que determinam reatividade, 
independentemente da condição investigada. 
Entre as causas de origem técnica, podemos citar: contaminação de 
ponteiras; contaminação da reação por soros vizinhos fortemente 
positivos; troca de amostras; ciclos repetidos de congelamento e 
descongelamento de amostras; inativação da amostra

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