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UNIP – SOROCABA/ PEDAGOGIA / DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO MÉDIO Material produzido pelo prof. João Henrique da Silva 16 de março de 2018 ENSINO MÉDIO: TRAJETÓRIA HISTÓRICA E A DUALIDADE EDUCACIONAL PRESENTE NAS DIFERENTES REFORMAS ANO LEGISLAÇÃO EMENTA/ASSUNTO PROPOSTAS OU CONSEQUÊNCIAS 1931 Decreto 19.890/1931 ou Reforma Francisco Campos Criação do Conselho Nacional de Educação e organização do ensino secundário e comercial. Art. 1.º O ensino secundário, oficialmente reconhecido, será ministrado no Colégio Pedro II e em estabelecimentos sob regime de inspeção oficial. Art. 2º. O ensino secundário compreenderá dois cursos seriados: fundamental e complementar. Modernização nacionalizada. Ela imprimiu organicidade ao ensino secundário por meio de várias estratégias escolares, como a seriação do currículo, a frequência obrigatória dos alunos, a imposição de um detalhado e regular sistema de avaliação discente e a reestruturação do sistema de inspeção federal. Desta forma, a cultura escolar definida pela reforma de 1931 procurava produzir um habitus burguês nos estudantes secundaristas, a partir da educação integral e de práticas de disciplinamento e de autogoverno. 1942 Decreto Lei n. 4.244/1992. Lei Orgânica do Ensino Secundário ou Reforma de Gustavo Capanema Instituição da Educação secundária em 2 ciclos (ginasial e colegial). Art. 1º O ensino secundário tem as seguintes finalidades: 1. Formar, em prosseguimento da obra educativa do ensino primário, a personalidade integral dos adolescentes. 2. Acentuar a elevar, na formação espiritual dos adolecentes, a consciência patriótica e a consciência humanística. 3. Dar preparação intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação especial. Art. 2º O ensino secundário será ministrado em dois ciclos. O primeiro compreenderá um só curso: o curso ginasial. O segundo compreenderá dois cursos paralelos: o curso clássico e o curso científico. Art. 18. Os programas das disciplinas serão simples, claros e flexíveis, devendo indicar, para cada uma delas, o sumário da matéria e as diretrizes essenciais. Reorganizou o ensino secundário, com o curso ginasial com quatro anos de duração, enquanto que o segundo curso, o colegial, subdividiu-se em clássico e científico, com três séries anuais cada. Estabeleceu um sistema paralelo de ensino, com formação profissional para os trabalhadores. Instituiu cursos profissionalizantes e formalizou a dualidade do ensino no país, legitimou um modelo de formação para aqueles que iriam conduzir a nação, e outro voltado para formação profissional, destinada aos que iriam impulsionar o processo de industrialização. 1942-1946 Criação do Sistema S Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). O sistema S é o conjunto de instituições assistenciais e educacionais, de caráter não governamental, administradas pelas entidades patronais dos setores da indústria, comércio, transporte e agricultura. O sistema S desenvolve atividades de formação profissional, educação formal, ação social e cultural. Subordinadas à Confederação Nacional da Indústria, outras a Federação do Comércio. Criado pelo Estado para manter um sistema de adequação da força de trabalho à nova exigência do capital. 1961 Lei nº 4.024/1961 Art. 34. O ensino médio será ministrado em dois ciclos, o ginasial e o colegial, e abrangerá, entre outros, os cursos secundários, técnicos e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário. Art. 44. § 3º O currículo das duas primeiras séries do 1° ciclo será comum a todos os cursos de ensino médio no que se refere às matérias obrigatórias. Art. 47. O ensino técnico de grau médio abrange os seguintes cursos: a) industrial; b) agrícola; c) comercial Equivalência total entre o ensino secundário e o ensino técnico- profissional e normal. A integração do Ensino Fundamental e Médio não deu conta de romper com a dualidade da educação, mas avançou o caráter legal, que reconhecia a educação profissional como continuidade dos estudos posteriores ao Ensino Fundamental. 1971/1982 Lei nº 5.692/1971 - Lei nº 7.044/1982 Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania Art. 4º. 1º - A preparação para o trabalho, como elemento de formação integral do aluno, será obrigatória no ensino de 1º e 2º graus e constará dos planos curriculares dos estabelecimentos de ensino. § 2º - À preparação para o trabalho, no ensino de 2º grau, poderá ensejar habilitação profissional, a critério do estabelecimento de ensino. Art. 17. O ensino de 1º grau destina-se à formação da criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de desenvolvimento dos alunos. Art. 18. O ensino de 1º grau terá a duração de oito anos letivos e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades. Art. 21. O ensino de 2º grau destina-se à formação integral do adolescente. Art. 22 - O ensino de 2º grau terá a duração mínima de 2.200 (duas mil e duzentas) horas de trabalho escolar efetivo e será desenvolvido em pela menos três séries anuais § 1º - Quando se tratar de habilitação profissional, esse mínimo poderá ser ampliado pelo Conselho Federal de Educação, de acordo com a natureza e o nível dos estudos pretendidos. Tornou compulsória a educação profissional e consagrou o dualismo educacional, ao propor um ajuste à nova fase de desenvolvimento, pautado na lógica do capital financeiro, demandando mão de obra de nível técnico. Veio cumprir um duplo propósito: conter a demanda para o Ensino Superior, ampliada a partir da LDB de 1961 (BRASIL, 1961), e atender a solicitação por técnicos de ensino médio. Lei nº 7.044/1982, que extinguiu profissionalização compulsória, de modo que os cursos não profissionalizantes deveriam incluir as 2.200 horas como carga horária destinada totalmente à formação geral (BRASIL, 1982). 1996 Lei 9.394/1996 - Decreto no 2.208/1997 Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; § 2o O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá́ prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. § 3o Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 4o A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Art. 42. As escolas técnicas e profissionais, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade O Ensino Médio e Profissional, no contexto da década de 1990, vinculou a adequação das forças econômicas e políticas ao novo padrão de acumulaçãocapitalista, com implementação de reformas inovadoras que levaram em conta um padrão pautado na acumulação flexível. As reformas nessa etapa de ensino se mantiveram perfeitamente adequadas às exigências do capitalismo. Aprovada a Emenda Constitucional nº 14/1996 (BRASIL, 1996), que retirou o caráter de obrigatoriedade da oferta de Ensino Médio pelo Estado. O Decreto nº 2.208/1997, ao separar a educação geral da educação profissional, interferiu de forma significativa na identidade do Ensino Médio (BRASIL, 1997). Potencializou-se a oferta de cursos básicos, sendo esses de caráter formativo profissional, sem qualquer vinculação com o conhecimento científico, como, por exemplo, cursos de padeiro, jardinagem, cabeleireiro, entre outros. Além de não possuírem articulação com o conhecimento científico, esses cursos não careciam de maiores investimentos e, por isso, eram oferecidos, em sua maioria, pela iniciativa privada. O referido Decreto regulamentou a educação profissional de nível técnico, estabeleceu o caráter independente e separado do Ensino Médio, tornando a educação profissional órfã do dever do Estado. O Sistema S poderia nortear a formação da classe trabalhadora, de acordo com seus interesses. Com a implementação da formação profissional separada da educação geral, reforçou-se a dicotomia entre o pensar e o fazer, levando os setores populares a serem obrigados a procurar a iniciativa privada para conseguirem uma qualificação profissional. 2004 Decreto nº 5.154/2004 Art. 1o A educação profissional, prevista no art. 39 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro No lugar de uma formação mais completa, com integração entre de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), observadas as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação, será desenvolvida por meio de cursos e programas de: I - formação inicial e continuada de trabalhadores; II - educação profissional técnica de nível médio; e III - educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação. Art. 2º A educação profissional observará as seguintes premissas: I - organização, por áreas profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica; II - articulação de esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia. III - a centralidade do trabalho como princípio educativo; e Incluído pelo Decreto nº 8.268, de 2014) IV - a indissociabilidade entre teoria e prática. (Incluído pelo Decreto nº 8.268, de 2014) Art. 4o A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no § 2o do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei no 9.394, de 1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio, § 1o A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma: I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; II - concomitante, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados; III - subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio. ciência, cultura, trabalho e tecnologia, o Decreto nº 5.154/2004 correspondeu à hegemonia dos grupos conservadores, que clamavam pela não revogação do decreto anterior. Esses grupos conseguiram legitimar seus interesses, dada a continuidade de uma educação atrelada às demandas do processo produtivo, garantidas com a consolidação desse novo decreto. 2006 Decreto n. 5.840/2006 Art. 1o Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto. § 1o O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional: I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e II - educação profissional técnica de nível médio. § 2o Os cursos e programas do PROEJA deverão considerar as características dos jovens e adultos atendidos, e poderão ser articulados: I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objetivando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador, no caso da formação inicial e continuada de trabalhadores, nos termos do art. 3o, § 2o, do Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004; e II - ao ensino médio, de forma integrada ou concomitante, nos termos do art. 4o, § 1o, incisos I e II, do Decreto no 5.154, de 2004. § 3o O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4o deste artigo. O fato, porém, é que, de forma singular para a classe trabalhadora, o direito ao trabalho na sua perspectiva econômica configura a profissionalização de jovens como uma necessidade. Por outro lado, a EJA continua sendo predominantemente reparadora da negação do direito à educação básica àqueles que a ela não tiveram acesso ou não permaneceram em idade considerada apropriada. Quando profissionalizante, justamente por estar combinada com essa negação, a educação de jovens e adultos está sempre no limite de se fazer substitutiva desse direito. Não é suficiente uma política de educação que limite a EJA aos cursos e aos exames supletivos, cujo objetivo vise exclusivamente à conclusão das etapas da educação básica e não à plena formação dos sujeitos. No mesmo sentido, não se pode admitir que a educação profissional seja planejada e desenvolvida para atender às necessidades identificadas no mercado de trabalho, tendo em vista, antes de tudo, os interesses da produção e, só depois, os interesses dos trabalhadores. Essa abordagem coloca os trabalhadores como objetos da produção e do mercado de trabalho, contrariamente ao compromisso ético-político de se resgatar a centralidade dos sujeitos no processo educativo. Sujeitos esses concretos, que têm o direito de se apropriar dos conhecimentos produzidos pela humanidade e produzir cultura, no sentido não de se adequarem à realidade dada, mas de compreendê-la, apropriar-se de seus potenciais e transformá-la. Espera-se que um projeto educacional com esses princípios pode estar comprometido efetivamente com a superação das desigualdades e das injustiças sociais. 2008 Lei nº 11.892/2008 Art. 1o Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da O princípio da proposta pedagógica dos Institutos Federais é a oferta de educação básica, especialmente com cursos Educação e constituída pelas seguintes instituições: I - Institutos Federais de Educação, Ciênciae Tecnologia - Institutos Federais; II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR; III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG; IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012) V - Colégio Pedro II. (Incluído pela Lei nº 12.677, de 2012) Parágrafo único. As instituições mencionadas nos incisos I, II, III e V do caput possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012). Art. 2o Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. § 1o Para efeito da incidência das disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior, os Institutos Federais são equiparados às universidades federais. Art. 6o Os Institutos Federais têm por finalidades e características: I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais; III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão; IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento de ensino médio integrado; a educação profissional técnica em geral; graduação tecnológica; licenciaturas; e bacharelado, nas áreas em que a ciência e a tecnologia são determinantes. Com os Institutos e Universidades Teológicas Federais, inicia-se uma nova fase da oferta de Ensino Médio Integrado, na tentativa de inovar a partir de características, experiências e necessidades próprias, fomentadas pelas demandas econômicas e produtivas de cada região. socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal. 2011 Lei nº 12.513/2011 Art. 1o É instituído o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), a ser executado pela União, com a finalidade de ampliar a oferta de educação profissional e tecnológica, por meio de programas, projetos e ações de assistência técnica e financeira. Parágrafo único. São objetivos do Pronatec: I - expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância e de cursos e programas de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II - fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da educação profissional e tecnológica; III - contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público, por meio da articulação com a educação profissional; IV - ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores, por meio do incremento da formação e qualificação profissional; V - estimular a difusão de recursos pedagógicos para apoiar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. VI - estimular a articulação entre a política de educação profissional e tecnológica e as políticas de geração de trabalho, emprego e renda. (Incluído pela Lei nº 12.816, de 2013) Art. 2o O Pronatec atenderá prioritariamente: I - estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da educação de jovens e adultos; II - trabalhadores; III - beneficiários dos programas federais de transferência de renda; e IV - estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral, nos termos do regulamento. A oferta do Pronatec limita-se a um público prioritário, sendo destinado a estudantes do ensino médio da rede pública e famílias de baixa renda contempladas por programas federais de transferência de renda (BRASIL, 2011). Há uma mercantilização da educação profissional, reforçada com o Pronatec. Além disso, há continuidade de uma formação pautada na ideologia do capital humano, bem como na formação de competências, em que “Tal processo não se contradita com o produtivismo, mas o inclui, ‘pseudocriando’ o direito à educação, escondendo a formação para o mercado para, no final das contas, criar o mercado da formação” 2016-2017 Medida provisória 746/2016 – Lei 13.415/2017 Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Os filhos da classe trabalhadora, portanto, na melhor das hipóteses, terão acesso ao ensino médio mínimo, com uma formação mínima para uma vida igualmente mínima. Trata-se de uma política centrada na cultura do fragmento e do imediato, na economia do mínimo e na responsabilidade transferida para uma instância abstrata e volátil que é o mercado. O que se visa desconstruir são os pequenos avanços da LDB e a possibilidade criada pelo decreto 5154/04 de retomar o ensino médio integrado sob novas bases, § 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do art. 4o. Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas. § 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas. § 7o Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. tendo como fundamentos o trabalho, a ciência e a cultura e como perspectiva a travessia para a formação politécnica e omnilateral. A MP 746/2016 destrói a possibilidade da educação integral e de acesso ao patrimônio científico, cultural, social, ético, político, produzido pela humanidade, bases para a autonomia econômica e políticapara a grande maioria dos jovens que pertencem à classe trabalhadora. Considerações: Os estudos sobre o Ensino Médio no Brasil indicam sua histórica dualidade educacional, marcada pela dicotomia intermediária entre a continuidade dos estudos e a formação para o trabalho. Do Decreto nº 2.208/1997 ao Pronatec, evidencia-se a hegemonia do sistema privado, o que demonstra o quanto o Estado é subsumido aos interesses produtivo. Referência: LOPES, C. B.; BORTOLOTO, C. C.; ALMEIDA, S. V. Ensino Médio: trajetória histórica e a dualidade educacional presente nas diferentes reformas. Perspectiva, Florianópolis, v. 34, n. 2, p. 555 -581, maio/ago. 2016. CASTRO, Rosane Michelli; GARROSSINO, Silvia Regina Barboza. O ensino médio no Brasil: trajetória e perspectivas de uma organização politécnica entre educação e trabalho. Revista ORG & DEMO, Marília, v.11, n.1, p. 91-102, jan./jun., 2010. RAMOS, Marise Nogueira. Implicações Políticas e Pedagógicas da EJA integrada à Educação Profissional. Revista Educação e Realidade, Porto Alegre, v.35, n.1. jan./abr.2010.
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