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Capítulo 15 151 Augusto César Penalva-de-Oliveira Jorge Casseb Vírus Varicela-zoster 1515 INTRODUÇÃO O VZV é um vírus humano alfa-herpesvírus que causa varicela e herpes-zoster. A varicela resulta da infecção pri- mária pelo VZV e é uma doença comum na infância, asso- ciada a febre e rash cutâneo vesicular pruriginoso genera- lizado. Como uma característica do alfa-herpesvírus, o VZV estabelece uma latência nas células na raiz do gânglio dorsal após a infecção primária. O herpes-zoster é uma erupção vesicular localizada e dolorosa envolvendo um ou mais dermátomos e causado por uma reativação do VZV. A incidência do herpes-zoster aumenta com a idade e imu- nossupressão. O VZV consiste em um nucleocapsídeo envolvendo um core que contém um genoma DNA dupla-hélice; a proteí- na tegumentar que separa o capsídeo do envelope lípide contém a maioria das principais glicoproteínas virais. O VZV é encontrado em todas as regiões geográficas do glo- bo, mas epidemias são mais comuns em climas tempera- dos. Casos de herpes-zoster podem ser fontes de transmis- são de VZV para contactantes susceptíveis. A transmissão do vírus ocorre rapidamente para outros susceptíveis, pois o VZV é transmitido por via respiratória. A taxa de ataque do VZV é em torno de 90% aos expostos susceptíveis in- tradomiciliares de pessoas com varicela, sendo que o pe- ríodo de contágio compreende um ou dois dias prévios ao aparecimento das vesículas até a presença exclusiva de le- sões em crostas. O herpes-zoster apresenta menor índice de morbidade que a varicela, acometendo sobretudo indi- víduos na idade adulta, principalmente após os 60 anos. O herpes-zoster não apresenta variação sazonal. A despeito das lesões mais localizadas, os pacientes com herpes-zoster também oferecem risco de contágio, com intervalos de tempo, no tocante à presença de lesões vesiculares, simi- lares ao da varicela. PATOGENIA A patogenia da varicela começa pela entrada do vírus nas células localizadas na mucosa do aparelho respirató- rio; o vírus é então levado para linfonodos regionais, resul- tando na fase de viremia primária que carreia o vírus para o fígado e outras células do sistema fagócito-monocitário, durante o período de incubação. O período de incubação geralmente dura cerca de 14 dias. A viremia pode ser de- tectada durante os últimos quatro-cinco dias antes do pico dos sintomas por poucos dias do aparecimento do rash. A viremia associada celular permite ao vírus acesso às célu- las da epiderme, e a replicação nessas células causa o rash característico da varicela. QUADRO CLÍNICO DA VARICELA A infecção primária do VZV é caracterizada por um período relativamente prolongado de incubação, variando de dez a 21 dias, com uma duração usual de 14 a 16 dias. Metade dos casos apresenta um pródromo de febre, mal- estar, cefaléia e dor abdominal. Esses sintomas aparecem durante 24 a 48 horas antes do início das lesões de pele e são mais comuns nas crianças mais velhas e adultos. Sin- tomas sistêmicos, como febre, fadiga e anorexia, persistem ou aparecem durante fases precoces do período exantemá- tico da doença. Sintomas respiratórios graves ou vômitos são raros. As lesões cutâneas da varicela envolvem o cou- ro cabeludo, a face ou o tronco e são pruriginosas. A fase eritematosa macular evolui para a fase vesicular, em um ou dois dias, durante a qual pequenas vesículas cheias de flui- dos aparecem em lesões eritematosas. Após dois a quatro dias, as lesões vesiculares se transformam em crostas que permanecem por cerca de quatro a seis dias. Lesões ulcera- tivas e às vezes dolorosas aparecem. 152 Capítulo 15 COMPLICAÇÕES DA VARICELA A varicela usualmente evolui para completa resolução clínica; entretanto, várias complicações podem ocorrer, sobretudo em situações de vulnerabilidade do hospedeiro, como desnutrição, presença de imunossupressão e no pri- meiro ano de vida. As complicações incluem a infecção bacteriana secun- dária pelo Streptococcus pyogenes. A celulite, a linfadenopa- tia regional ou o abscesso subcutâneo podem ocorrer nos locais próximos às lesões. A disseminação para os pulmões é rara em crianças saudáveis, mas pode aumentar a morbidade e a mortalidade associadas a varicela em adultos, as quais estão relaciona- das ao elevado risco de pneumonia nesses pacientes. O VZV tem o potencial de causar uma infecção gene- ralizada dos pulmões, fígado, sistema nervoso central e outros órgãos se o sistema imune do hospedeiro for in- capaz de inibir a viremia inicial. A varicela pulmonar é caracterizada por aguda infecção das células epiteliais dos alvéolos pulmonares, infiltração mononuclear e edema do septo alveolar. O processo intersticial infla- matório, ao longo da acumulação de células septais des- camadas nos alvéolos, leva a transferência inadequada de oxigênio dos alvéolos para os capilares pulmonares, hipoxia grave e falência respiratória. Hepatite transitó- ria provavelmente ocorre na maioria dos indivíduos sau- dáveis acometidos pela varicela, mas a extensa replica- ção viral no fígado, com destruição hepatocelular generalizada devida à lise celular induzida pelo vírus, é a complicação de uma varicela progressiva, causando uma fulminante falência hepática. A encefalite, a ataxia cerebelar, a meningite asséptica e a mielite representam a maioria das complicações neurológicas da varicela, podendo representar até 10% de todos os óbitos associa- dos a varicela. De comum patogenia obscura, entre in- vasão direta viral e mecanismo imunomediado, e insta- lação posterior ao rash cutâneo, as diferentes afecções dos sistemas divergem em gravidade e resíduos disfun- cionais. A ataxia cerebelar é, por exemplo, de bom prog- nóstico funcional, modo evolutivo distinto da encefali- te, usualmente mais grave, com taxa de mortalidade entre 5 e 35%. Outras complicações patológicas da in- fecção pelo VZV incluem trombocitopenia, que causa coagulopatia e hemorragia, particularmente quando as- sociada à hepatite grave, complicações do globo ocular, artrite e miocardite e síndrome de Reye. A varicela adquirida pela mãe durante a gestação, so- bretudo nas 20 primeiras semanas, pode estar associada a transferência transplancetária de VZV e ocorrência de va- ricela congênita. O uso da imunoglobulina específica após a exposição pode reduzir o risco da infecção fetal. Essa patologia é caracterizada por microcefalia, com atrofia cortical e calcificações decorrentes da encefalite intra-ute- rina, hipoplasia límbica, defeitos cutâneos como cicatrizes e áreas hiperpigmentadas, baixo peso, lesões oftálmicas e dano no sistema nervoso autonômo. Já a varicela no perío- do neonatal ocorre após infecção materna em torno do úl- timo mês da gestação, com extensão ao feto em cerca de 50% dos casos, tendo estes, em torno de 30%, expressão clínica mormente grave. VARICELA NA POPULAÇÃO DE ALTO R ISCO Antes da disponibilidade de drogas antivirais, cerca de 32 a 50% das crianças com tumores ou neoplasias linfoproli- ferativas desenvolviam varicela disseminada, 20% tinham pneumonia por varicela, e a infecção era fatal em 7 a 17% dos casos. Varicela em crianças imunocomprometidas é ca- racterizada por prolongada formação de novas lesões, au- mento do número de lesões cutâneas e o risco de dissemi- nação com pneumonia, hepatite, encefalite e coagulopatia. QUADRO CLÍNICO DO HERPES-ZOSTER O quadro clínico de herpes-zoster resulta da reativação de vírus latentes dos gânglios nervosos espinais dorsais ou cranianos e seu retorno, de modo retrógrado, à pele. Compromete sobretudo indivíduos a partir dos 60 anos de idade, em freqüência oito a dez vezes maior do que em outras faixas etárias. Os mecanismos desencadeadores de tal fenômeno podem ser físicos (cirúrgicas, manipulações invasivas e radiações) e, sobretudo, estados de imunossu- pressão de múltiplas origens (infecciosa, neoplásica, iatrogênica etc.).A dor é sintoma capital e inicial na instalação do qua- dro clínico. Geralmente situada em trajeto radicular, tem caráter intenso, lancinante e progressivo, muitas vezes acompanhada de disestesias e hipoestesias locais. Compro- mete principalmente a região dorsal, seguida da face. O sintoma doloroso precede por dias as lesões cutâneas, acompanhado ou não por febre, cefaléia e mal-estar geral. Na evolução natural, em topografia coincidente à dor, apa- recem as lesões cutâneas, inicialmente como pápulas eri- tematosas, evoluindo rapidamente para as características vesículas, com posterior evolução para crostas e resolução espontânea em torno de 15 a 20 dias. As lesões e a dor usual- mente respeitam a linha média do corpo, mas, em circuns- tâncias de imunossupressão mais severas, as lesões podem se disseminar ou ter curso heterogêneo. COMPLICAÇÕES DO HERPES-ZOSTER A mais comum complicação da reativação do VZV, a nevralgia pós-herpética (NPH), é definida como dor persis- tente por mais de seis semanas após a erupção cutânea. A sua incidência é maior no gênero feminino e aumenta com a idade, sobretudo após os 50 anos, atingindo cerca de 40% dos indivíduos acima de 60 anos de idade, principal- mente na topografia do trigêmeo. Ainda no tocante ao comprometimento da região trigeminal, o zoster oftálmi- co pode resultar em lesões de córnea, oftalmoplegia, prin- cipalmente por comprometimento do III par, e mais gra- vemente conduzir à osteonecrose nas divisões maxilar e mandibular. Ainda na região da cabeça, deve-se destaque à síndrome de Hamsay-Hunt, na circunstância do compro- metimento do VII par craniano, quando o rash se apresenta na região do pavilhão auditivo. O prognóstico de recupe- ração funcional dessa apresentação costuma ser sombrio. A paralisia facial periférica idiopática – paralisia de Bell – também tem sido eventualmente reportada em associação com infecção por VZV. Na outra extremidade do neuro- eixo, o zoster lombossacral pode ser acompanhado por Capítulo 15 153 comprometimento multirradicular lombar e da cauda eqüina, com alterações vesicais e sensitivomotoras nos membros inferiores. Em relação ao sistema nervoso central, assim como na varicela, no herpes-zoster podemos encontrar comprome- timento por vários mecanismos, com distintas apresenta- ções clínicas. Merece destaque a mielite, a qual pode com- prometer indivíduos imunocompetentes de forma aguda transeccional em torno de uma a duas semanas após o rash cutâneo. Em pacientes com imunossupressão o curso pode ser mais insidioso e progressivo, por vezes fatal. O com- prometimento supra-segmentar pode ter várias formas com diferentes gravidades, apresentando-se como meningite linfomonocitária apenas, por vezes meningoencefalite, até quadros graves de ventriculite necrotizante. Essas formas aqui descritas são mais recentemente aceitas como qua- dros de vasculopatia primária, acometendo pequenos ou grandes vasos, apresentando-se nos estudos de imagem pa- drão vascular, inflamatório ou desmielinizante. A encefa- lite de pequenos vasos é mais encontradiça entre pacien- tes com imunossupressão mais severa, como em pacientes transplantados, com câncer ou AIDS, enquanto a arterite granulomatosa pode acometer indivíduos sem imunossu- pressão evidente; ambas, além do quadro de encefalite, podem ter curso clínico agudo como acidente vascular ce- rebral isquêmico ou hemorrágico. Esses quadros podem ocorrer contíguos ao rash cutâneo ou guardar distância temporal de meses, bem como, no caso da encefalite de pequenos vasos, ocorrer na ausência da erupção cutânea. Isso toma maior importância com o início da epidemia de AIDS, quando o herpes-zoster passou a ser reconhecido como uma infecção freqüente em pacientes portadores de HIV, quando também formas crônicas de herpes-zoster têm sido relatadas, associadas ao isolamento de vírus resisten- te ao aciclovir. HERPES-ZOSTER SEM RASH: S INE HERPETE A descrição de quadros dolorosos sem erupção cutânea associados à infecção pelo VZV é atribuída a Lewis, 1958. Clinicamente configura-se como um quadro de dor “tipo zoster” e sinais sensoriais em um dermátomo, sem a pre- sença de erupção cutânea. Há outros relatos convergentes, sugerindo a possibilidade deste diagnóstico nas radiculo- patias agudas, mesmo na ausência das clássicas lesões der- matológicas. Outras circunstâncias de ausência de rash são a denominada neuralgia pré-herpética, quando a dor pode ser intervalada da erupção cutânea por até 100 dias e a já anteriormente citada paralisia facial idiopática. DIAGNÓSTICO A confirmação rápida do diagnóstico nos casos suspei- tos de varicela e herpes-zoster pode ser importante no tra- tamento clínico para guiar a prescrição da terapia anti- viral. Testes sorológicos podem ainda ser úteis na monitorização de títulos de anticorpos de pessoas vacina- das. Os métodos sorológicos para o diagnóstico de infec- ção primária por VZV requerem testar soros na fase agu- da e na fase convalescente para anticorpos contra VZV da classe IgM e IgG, através dos métodos de fixação de com- plemento, neutralização, imunofluorescência e imuno- enzimático; são também importantes no diagnóstico do comprometimento do SNC. Apesar de esses testes serem de valor relativo na identificação de casos na fase aguda, podem ser extremamente úteis na identificação do status sorológicos de pessoas vacinadas. Métodos virológicos, como a presença de vírus infec- ciosos, DNA viral ou proteína viral em espécimes clínicos, podem ser úteis para o diagnóstico na fase aguda, como o PCR, que tem sido recentemente empregado com sucesso para diagnóstico de infecção pelo VZ em LCR, sendo mais sensível que o isolamento viral, permitindo ainda diferen- ciar o vírus vacinal do vírus selvagem. Para as afecções do SNC, tanto na varicela como no herpes-zoster, os exames de imagem, apesar de inespecífi- cos, podem corroborar na análise de conjunto com a clí- nica e outros métodos laboratoriais para o diagnóstico e seguimento na fase terapêutica. TRATAMENTO A terapia antiviral previne a progressão da varicela e a disseminação visceral e compensa a resposta imune dimi- nuída das crianças imunocomprometidas com varicela. A mortalidade pela varicela pode ser diminuída primaria- mente porque a pneumonia por VZV não ocorre ou a pneu- monia progressiva é prevenida. A terapia antiviral tem dra- maticamente modificado o prognóstico da varicela em crianças de alto risco, diminuindo a mortalidade de 7 a 10% para poucas ou nenhuma fatalidade. Para ótima efi- cácia, o tratamento com aciclovir em crianças imunocom- prometidas com varicela deveria ser iniciado dentro de 24 a 72 horas depois do início do rash. Devido à pobre absor- ção oral, a droga deve ser dada por via parenteral, na dose de 500 mg/m3 por dose, a cada oito horas; a terapia é con- tinuada por sete dias ou até que não apareçam novas lesões por pelo menos 48 horas. O tratamento não deve ser adia- do até que a doença cutânea grave esteja evidente, pois a dis- seminação visceral freqüentemente ocorre dentro do mes- mo período; a pneumonia por varicela se desenvolve dentro de quatro a oito dias em pacientes imunodeficientes. Tera- pia precoce com aciclovir também reduz a gravidade do exantema cutâneo da varicela, o que pode reduzir o risco de infecções cutâneas bacterianas secundárias. O tratamen- to com aciclovir intravenoso é indicado tanto para os pa- cientes clinicamente estáveis quanto para aqueles com alto risco que apresentam pneumonia, hepatites, trombo- citopenia ou encefalites. A terapia de suporte, incluindo ventilação assistida e outros cuidados intensivos, melhora a sobrevida, uma vez que lesões no pulmão, fígado e ou- tros órgãos e lesões causadas por VZV são reversíveis em muitos casos. O aciclovir oral está licenciado para tratamento da varicela em crianças saudáveis e adultos com base em vá- rios estudos clínicos (Tabela1). Ele diminui a gravidade da infecção primária por VZV em outrora crianças, ado- lescentes e adultos saudáveis, contanto que o tratamento seja iniciado dentro de 24 horas após o início do apare- cimento das primeiras lesões cutâneas. O aciclovir oral é dado na dose de 20 mg/kg, quatro vezes ao dia, por cin- co dias, e isso reduziu o número de dias com febre ou número de dias com formação de novas lesões, total nú- mero de lesões cutâneas e o prurido em crianças saudá- 154 Capítulo 15 veis com a idade entre dois e 12 anos. Os efeitos cola- terais mais freqüentes são sintomas gastrintestinais, erup- ção cutânea, insuficiência renal e confusão mental, so- bretudo na presença de alterações renais. Pode ocorrer resistência ao aciclovir em pacientes imunodeprimidos, tendo como alternativa, nesta circunstância, o foscarnet, com destaque para atenção na sua manipulação, a sua importante toxicidade renal. A eficácia de famciclovir e valaciclovir para varicela indica que essas drogas reduzem a febre, o tempo para for- mação de novas lesões, o tempo para completa descama- ção e o número total de lesões cutâneas quando são inici- ados até 24 a 96 horas após o início do rash. Além do tratamento antiviral, podem ser utilizados sintomáticos, sobretudo no tocante à analgesia e higiene preventiva das infecções secundárias de pele. Algumas drogas utilizadas para a dor são analgésicos comuns, codeína de 30 a 60 mg a cada seis horas, associados a co- adjuvantes como a difenil-hidantoína – 300 a 400 mg/d, carbamazepina – 400 a 1.200 mg/d, amitriptilina ou nortriptilina – 25 a 75 mg/d, gabapentina – 900 a 2.400 mg/d, além de outras associações em quadros mais gra- ves, podendo incluir mefenezina, clonazepam e clor- promazina. A utilização de corticosteróides no herpes-zoster, com a finalidade de prevenir a neurite pós-herpética, tem sido objeto de diversos estudos, mas ainda não há consenso so- bre o real valor dessa medida. Entretanto, em virtude do acometimento vascular, este pode ser utilizado, em cursos breves, nos quadros de comprometimento do SNC. PREVENÇÃO A transmissão de VZV para indivíduos suscetíveis é difí- cil de prevenir porque as pessoas infectadas são transmisso- ras por 24 a 48 horas antes dos sinais clínicos de varicela se- rem evidentes. Em função disso, restrições no convívio social e escolar, embora prática comum, não alteram a dissemina- ção da varicela nestes ambientes. No ambiente hospitalar, entretanto, estão indicadas as medidas de isolamento. PROFILAXIA PASSIVA COM ANTICORPOS (VZIG) A profilaxia com VZIG é indicada em indivíduos sus- cetíveis de alto risco, como crianças imunocomprometidas e mulheres grávidas, que tenham tido uma exposição pró- xima a indivíduos com varicela ou herpes-zoster e para quem pode ser ministrado VZIG dentro de 96 horas (pre- ferencialmente dentro de 48 horas após a exposição). VACINA CONTRA VARICELA A vacinação, usando a vacina com vírus vivo atenuado, está indicada em várias situações. Os efeitos protetores são observados em 95% dos vacinados e por pelo menos sete anos. Grupos importantes para vacinação são os funcioná- rios da área da saúde e crianças sob alto risco (Tabela 15.2). Em indivíduos idosos, pela elevada ocorrência de herpes-zoster, a vacinação contra varicela pode ser uma boa estratégia para prevenção. Tabela 15.1 O Uso de Aciclovir no Tratamento de Varicela Indicação de aciclovir Pacientes Neoplasias, transplantes de órgãos e medula óssea e uso de terapia com altas doses de corticosteróides Imunodeficiências congênitas de células T Infecção pelo HIV Varicela neonatal após varicela materna ter começado dentro de cinco dias antes ou dois dias após o parto Pneumonia associada ou encefalite Administração Iniciar assim que possível após lesões iniciais aparecerem • Administração intravenosa Crianças <1 ano, 10 mg/kg dose de 8/8 horas em uma hora de infusão Crianças >1 ano, 500 mg/m2/dose de 8/8 horas em uma hora de infusão Adultos, 10 mg/kg dose de 8/8 horas em uma hora de infusão Duração: sete dias ou até que novas lesões não tenham aparecido por 48 horas Aciclovir opcional Pacientes Desordens cutâneas crônicas, doenças crônicas como fibrose cística, diabetes mellitus ou doenças que necessitam de uso crônico de salicilatos ou intermitentes de esteróides Crianças saudáveis, especialmente aquelas > 12 anos ou contatos secundários intradomiciliares e adultos Administração Iniciar dentro de 24 horas após aparecimento inicial das lesões • Via oral Crianças, 20 mg/kg dose (máximo de 800 mg/dose), quatro vezes ao dia Adultos, 800 mg/dose em cinco doses por dia Duração: cinco dias Capítulo 15 155 BIBLIOGRAFIA 1. 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Tabela 15.2 Indicações e Contra-indicações para o Uso de Vacina para Varicela com Vírus Atenuado Indicações e Contra-indicações Indicações Idade 12 meses-13 anos uma dose (suscetibilidade pela história) Idade 13 anos e adulto jovem duas doses, quatro a oito semanas de intervalo (considerar teste sorológico para checar susceptibilidade) Contra-indicações Imunodeficiências congênitas, discrasias sangüíneas Leucemia, linfoma, outras neoplasias exceto leucemia linfocítica aguda em remissão Infecção pelo HIV sintomática Uso de corticosteróides sistêmico em altas doses Gravidez Exposição a varicela ou herpes-zoster dentro de 21 dias Alergia a neomicina Doença intercorrente Uso de imunoglobulina e outros produtos sangüíneos dentro de cinco meses Uso de salicilatos dentro de seis semanas 156 Capítulo 15 29. Johnson R, Milbourn PE. Central nervous system manifes- tation of chickenpox. Can Med J 1970; 102:831. 30. Kido S, Ozaki T, Asada H et al. 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