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Capítulo 54 525 Shirley Shizue Nagata Pignatari Claudia Regina Figueiredo Infecções Otorrinolaringológicas 5454 INTRODUÇÃO A otorrinolaringologia é, sem sombra de dúvida, uma das áreas médicas em que as infecções ocupam um espa- ço considerável, particularmente as infecções das vias aé- reas superiores. Este tipo de infecção é extremamente co- mum na prática diária; dados estatísticos do National Center for Health mostram que otite média aguda, sinusi- te aguda, tosse, faringite e o resfriado comum são as cau- sas mais freqüentes da indicação do uso de antibióticos nos EUA. RINOSSINUSITE EPIDEMIOLOGIA A rinossinusite é uma doença bastante freqüente na população em geral. Nos Estados Unidos, estima-se que a cada ano 16% dos adultos são diagnosticados como por- tadores de rinossinusite, gerando 16 milhões de consul- tas e um custo de cerca de 2 bilhões de dólares em me- dicamentos. O seu desenvolvimento está quase sempre relaciona- do a situações que interferem no sistema de defesa, ven- tilação e drenagem dos seios paranasais. Embora vários fatores possam estar envolvidos na patogenia de uma rinossinusite infecciosa bacteriana, ela é quase sempre se- cundária a infecções virais (IVAS). Acredita-se que cerca de 2 a 10% dos quadros de IVAS possam complicar-se com uma rinossinusite bacteriana. Entre outros fatores predisponentes pode-se citar as anor- malidades anatômicas locais (desvio de septo, concha mé- dia bolhosa), pólipos nasais, rinite alérgica, corpos estra- nhos, hipertrofia de adenóide, infecções dentárias, desnu- trição, diabetes, imunodepressão e hipogamaglobuli- nemia. CLASSIFICAÇÃO Tanto no adulto como na criança a rinossinusite é, em geral, classificada da mesma forma, pelo seu tempo de evo- lução. É considerada aguda, quando os sinais e sintomas não ultrapassam quatro semanas; subaguda, quando os si- nais e sintomas estão se desenvolvendo por um período entre quatro e 12 semanas; e crônica, quando o quadro clí- nico ultrapassa 12 semanas. A rinossinusite recorrente define-se pela ocorrência de mais de quatro episódios ao ano, com duração de sete a dez dias e com resolução completa do quadro entre as crises. BACTERIOLOGIA Estudos clínico-bacteriológicos a partir de material de meato médio e punção sinusal, em várias partes do mundo, têm demonstrado que os microrganismos mais freqüentes na rinossinusite aguda são o Streptococcus pneumoniae (30 a 40%), Haemophilus influenzae (20 a 30%), Moraxella catar- rhalis (12 a 20%), Streptococcus pyogenes (pelo menos 3%). Os poucos estudos realizados em crianças mostram que as bactérias responsáveis pelas rinossinusites na população infantil são, em geral, similares às do adulto. Em relação à rinossinusite crônica, entre os patógenos bacterianos isola- dos com mais freqüência estão o Streptococcus pneumoniae, Moraxella catarrhalis, Haemophilus influenzae, Staphylo- coccus aureus e anaeróbios. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico da rinossinusite inclui uma série de sinais e sintomas que variam de importância e intensida- de, dependendo da severidade do quadro e do tempo de evolução. Em geral, dentre estes sintomas estão obstrução nasal, rinorréia anterior e posterior purulenta, cefaléia, fe- 526 Capítulo 54 bre, tosse, hiposmia, halitose, pigarro, dor de dente, dor e pressão facial e otalgia (Tabela 54.1). Nos quadros agudos, a cefaléia é um sintoma impor- tante no adulto, mas pouco freqüente na criança. A febre e a tosse, por outro lado, devem ser valorizadas no diag- nóstico infantil. Uma das maiores dificuldades na prática diária é conseguir diferenciar um quadro viral de uma in- fecção bacteriana. A evolução clínica, principalmente ba- seada na severidade e persistência do quadro, pode ser útil nesta diferenciação. Habitualmente, o quadro clínico de uma infecção bacteriana tende a piorar após o terceiro ou quinto dia, seus sinais e sintomas quase sempre são mais graves que os dos resfriados comuns e tendem a se manter por mais de dez dias, quando o resfriado já deveria estar melhorando. A maioria das rinossinusites virais tem duração máxi- ma de cinco a sete dias e, embora o paciente possa não es- tar assintomático, no décimo dia já apresenta uma melho- ra significativa do quadro clínico. Portanto, o diagnóstico de uma rinossinusite bacteriana, a princípio, é feito clinicamente. Pacientes portadores de ri- nossinusite subaguda ou crônica apresentam uma história mais protraída, quase sempre incaracterística, com sinais e sintomas respiratórios que evoluem por um período superi- or a 30 (subaguda) ou 90 dias (crônica). Nesta fase, rinorréia anterior ou posterior, tosse (diurna e noturna) e obstrução nasal são as queixas mais comuns. Febre, cefaléia ou dor facial são pouco freqüentes nos quadros de evolução mais longa. Independentemente do tempo de evolução da doença, o exame otorrinolaringológico do paciente portador de rinossinusite, habitualmente, mostra rinorréia mucopuru- lenta anterior ou posterior, edema e hiperemia da mucosa nasal. A orofaringe pode estar hiperemiada e com aumento dos folículos linfóides. Embora o exame endoscópico nasal não seja um pro- cedimento sempre possível, pode ajudar no diagnóstico quando permite a visualização de secreção mucopurulen- ta ao nível do meato médio. A presença de secreção puru- lenta no meato médio tem sido considerada sinal diagnós- tico de processo infeccioso bacteriano de seios paranasais. DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO Embora tradicionalmente a radiografia simples dos seios paranasais venha sendo utilizada para confirmar ou descartar doença infecciosa rinossinusal, é importante res- saltar que o diagnóstico da rinossinusite aguda, particular- mente na população infantil, é essencialmente clínico. As projeções mais utilizadas são a ântero-posterior, lateral e occiptomental. As radiografias simples, na criança, são inadequadas para a avaliação das células etmoidais anteriores, os dois terços superiores da cavidade nasal e o complexo óstio- meatal, portanto, não são suficientes na avaliação da exten- são do processo. De maneira geral, o valor da radiografia simples para o diagnóstico da rinossinusite é controverso e discutível, e, quando solicitada, sua qualidade técnica é fundamental para um diagnóstico correto. Deve ser realizada em posição ortos- tática, tornando possível a visualização de nível líquido intra-sinusal. Pode ser útil nos casos em que a clínica suge- re um processo rinossinusal, mas o exame nasal não eviden- cia secreção, que fica retida no interior do seio, em decor- rência de uma obstrução total do óstio de drenagem sinusal. Como a resolução radiológica da rinossinusite pode levar semanas após a resolução clínica, a imagem do espessamento da mucosa pode permanecer mesmo na au- sência da infecção, não havendo, portanto, indicação de radiografias de seguimento. Embora a tomografia computadorizada permita uma avaliação mais detalhada dos seios paranasais, principal- mente dos seios etmoidal e esfenoidal, do complexo óstio meatal, da rinofaringe e base do crânio, é quase sempre dispensável na rinossinusite aguda. As suas principais in- dicações são na suspeita de complicações da sinusite (orbitárias ou intracranianas), histórico clínico sugestivo de doença crônica e para estudo pré-operatório de rinossinusites com indicação cirúrgica. TRATAMENTO CLÍNICO Vários antibióticos têm sido utilizados no tratamento das infecções rinossinusais. Embora se saiba que em gran- de parte dos casos a resolução ocorra espontaneamente, em algumas situações a evolução é progressiva, com chances de complicação. A seleção dos pacientes que receberão tratamento com antibióticos deve ser sempre criteriosa, baseada em diagnósticos corretos. Em relação às rinossinusites aguda e subaguda, o trata- mento com antibióticos deve ser eficaz, principalmente Tabela 54.1 Sinais e Sintomas Mais Freqüentesna Rinossinusite Rinoss. Aguda Rinoss. Subaguda Rinoss. Crônica Adulto Criança Adulto Criança Adulto Criança Obstrução nasal ++/+++ ++/+++ +/++ +/+++ +/++ +/+++ Rinorréia anterior +/+++ ++/+++ +/++ +/+++ +/++ +/+++ Rinorréia posterior +/+++ +/+++ +/+++ +/+++ +/+++ +/+++ Cefaléia/dor facial +/+++ -/+++ -/++ -/+ -/++ -/+ Tosse -/+ -/+++ -/+ -/+++ -/+ -/+++ Febre -/+ +/+++ - -/+ - - Capítulo 54 527 contra o Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influen- zae. Há várias opções de antimicrobianos que podem ser uti- lizados, devendo ser orientados individualmente, de acordo com cada situação (doenças associadas, severidade da doen- ça, histórico de episódios prévios, etc.). A Tabela 54.2 mos- tra os antibióticos mais utilizados e sua posologia. O tem- po de tratamento é, geralmente, de cinco a 14 dias. Em ge- ral, nas sinusites crônicas, o antibiótico é coadjuvante, pois a manutenção do quadro quase sempre se deve a algum ou- tro fator não infeccioso, que deve ser minuciosamente in- vestigado. Preferencialmente, os antibióticos têm de ser efi- cazes contra as bactérias aeróbias comuns às sinusites agu- das e contra bactérias anaeróbias. Os estudos em processos crônicos mostram que, nestes casos, o tempo de tratamen- to deve se estender por pelo menos três semanas. O tratamento medicamentoso de apoio tem por obje- tivo melhorar a função ciliar e diminuir o edema da mucosa. Incluem as soluções salinas, umidificadores, ina- lações, mucolíticos, descongestionantes tópicos, descon- gestionantes sistêmicos, anti-histamínicos, corticóides tó- picos e sistêmicos. A irrigação da mucosa nasal com soluções salinas tem demonstrado melhorar a depuração mucociliar. Tais so- luções podem ser utilizada em sua formulação hipertô- nica (mais indicada nos quadros agudos) ou isotônica (em todas as fases). A formulação isotônica de Parsons consiste em um litro de água fervida morna, uma colher de sobremesa de sal marinho ou sal grosso e uma colher de sobremesa de bicarbonato de sódio. Para a hipertônica, acrescentam-se duas colheres de sal. Recomenda-se a uti- lização pelo menos duas vezes ao dia, e uma nova solu- ção a cada 15 dias. Os descongestionantes tópicos e sistêmicos aliviam a congestão nasal e diminuem o edema da mucosa, entretan- to devem ser utilizados muito criteriosamente, por pouco tempo, pois podem produzir estimulação do sistema cardiovascular e depressão do sistema nervoso central. Os anti-histamínicos não devem ser freqüentemente usados no tratamento da rinossinusite bacteriana, pois ressecam a mucosa, limitando a drenagem de secreções. Também os corticosteróides, tanto locais como os sistêmicos, devem ser utilizados com parcimônia, prefe- rencialmente nos quadros de evolução mais arrastada, quando há um quadro alérgico associado. TRATAMENTO C IRÚRGICO Procedimentos cirúrgicos na rinossinusite aguda e subaguda, como a drenagem cirúrgica do abcesso e dos seios comprometidos, são, em geral, desnecessários, salvo em algumas situações especiais, como na vigência de com- plicações orbitárias e intracranianas. Em relação às rinossinusites crônicas e recorrentes, muitos pacientes adultos têm-se beneficiado com tratamentos cirúrgicos que visam melhorar a função e reestabelecer a drenagem e aeração nasossinusal. Muito se tem discutido sobre a necessidade e a efetivi- dade dos procedimentos cirúrgicos em crianças. Com o ad- vento da cirurgia endoscópica e a possibilidade da realiza- ção de cirurgias localizadas (óstio-meatais), o tratamento cirúrgico passou a ser cada vez mais indicado. Por outro lado, estudos com acompanhamento de crianças portadoras de rinossinusite crônica por tempo mais prolongado de- monstraram que a maioria destes pacientes apresenta cura espontânea, em particular após os seis anos de idade, pro- vavelmente pelo alcance da maturidade imunológica; por- tanto, procedimentos cirúrgicos devem ser considerados apenas em casos extremamente selecionados. Atualmente, os consensos nacionais e internacionais sobre rinossinusite recomendam que, antes de qualquer indicação cirúrgica, fatores desencadeantes ou predis- ponentes sejam extensamente pesquisados, incluindo hipertrofia de adenóide, doenças imunodebilitantes e do- enças mucociliares, entre outros. Na criança, procedimen- Tabela 54.2 Antibióticos mais Utilizados para o Tratamento de Rinossinusites e suas Dosagens Antibióticos Criança (mg/kg/dia) Adulto (mg/kg/dia) Dosagem Amoxicilina 40 a 80 500 2/3× Amoxicilina-Clav. 40 a 80 500 2/3× Cefaclor 30 a 60 500 2/3× Cefprozil 30 500 2× Cefpodoxime Proxetil 10 300 2× Cefixime 8 200 2× Claritromicina 8 500 2× Azitromicina 10 500 1× Sulfametoxazol/T. 08 a 40 800 2× Levofloxacina _ 500 1× Gatifloxacina _ 400 1× Moxifloxacina _ 400 1× Telitromicina _ 800 1× 528 Capítulo 54 tos alternativos como adenoidectomia e punção maxilar devem ser considerados inicialmente. A maioria das recomendações atuais restringe a indica- ção cirúrgica a casos associados a polipose nasossinusal extensa, pólipo antro-coanal, complicações orbitárias e intra-cranianas, mucopioceles, sinusite fúngica e a casos especiais de pacientes portadores de rinossinusite crônica e recorrente (principalmente os imunocomprometidos, asmáticos graves e portadores de doenças mucociliares), além da correção cirúrgica de fatores predisponentes lo- cais, quando necessário. A cirurgia deve ser o mais conservadora e localizada possível, proporcionando alívio da região óstio-meatal, li- mitando-se, algumas vezes, a uma uncifectomia total ou parcial e/ou etmoidectomia anterior. OTITES OTITE EXTERNA Otites externas são os processos inflamatórios e infec- ciosos do meato acústico externo, que podem também, por contigüidade, afetar o pavilhão da orelha e a membrana do tímpano. É uma doença comum, que acomete pessoas de qualquer idade. As infecções mais freqüentes da orelha externa incluem: Otite Externa Bacteriana Aguda Em geral, o paciente apresenta-se bastante incomoda- do, com otalgia, febre, baixa de audição e liberação de se- creção pelo meato externo, de aparecimento recente. Pode ser difusa, acometendo todo o epitélio do conduto e/ou do pavilhão auricular, ou localizada (furúnculo), geralmen- te causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. A forma difusa é uma manifestação comum nos prati- cantes de atividades aquáticas. Nessas pessoas, o meato ex- terno costuma encontrar-se edemaciado, recoberto por se- creção seropurulenta, e, ocasionalmente, não é possível visualizar a membrana timpânica. O tratamento consiste em aplicar firmemente sobre a pele meato, por mecha de algo- dão, pomadas que contenham antibióticos e corticóides. Após o desaparecimento do edema, podem ser utiliza- das gotas tópicas contendo corticosteróides e antibióticos. Os medicamentos tópicos auriculares em geral são com- postos por antibiótico (neomicina, ciprofloxacina, polimixina B etc.), corticóide e anestésico (xilocaína). Tais medicamentos não devem ser usados se a membrana do tímpano estiver perfurada, ou se houver alergia a qualquer um dos seus componentes. Quando as gotas e curativos locais não se mostram efi- cazes, ou se o quadro se manifesta mais severo desde o iní- cio, antibióticos sistêmicos ativos contra estes microrganis- mos devem ser administrados. Os analgésicos e antiinfla- matórios também podem ser utilizados. As formas circunscritas, denominadas furúnculos do meato acústico externo, encontram-se principalmente no terço externo do conduto, causam dor intensa – pela pou- ca capacidade de distensão do epitélio – e hipoacusia, se houver obstrução à passagem de som por via aérea. Oca- sionalmente, a drenagem cirúrgica é necessária. Otite Externa Bacteriana Crônica Geralmente, as otites externas crônicas estão associa- das aos processos eczematosos,provocados pelo hábito de coçar e traumatizar o meato externo, alergia alimentar ou uso prolongado de medicação tópica auricular. O quadro clínico se manifesta com prurido e descamação epitelial. Ocasionalmente, os processos eczematosos crônicos po- dem tornar-se agudos, através de inflamação ou infecção. Nestes casos, é freqüente a presença de Pseudomonas aeruginosa. Em casos de otites externas de repetição sem fator traumático identificável, deve-se investigar diabetes e doenças imunodepressoras. Otite Externa Micótica As otites externas fúngicas são, geralmente, causadas pelo Aspergillus. Podem ocorrer em qualquer paciente, mas são mais freqüentes em pessoas que fizeram uso prolonga- do de antibióticos e corticóides tópicos, diabéticos, e imunodeprimidos. Provoca dor intensa e prurido. Na otoscopia observa-se a presença de material amarelado, esbranquiçado ou enegrecido. O tratamento consiste na remoção da vegetação ou massa fúngica, através da aspiração, e aplicação de antifúngicos tópicos, geralmente três gotas a cada oito ho- ras, por até 21 dias. O uso de antibióticos é indicado se houver infecção bacteriana secundária. O paciente deve ser reavaliado com freqüência, princi- palmente se for diabético ou imunodeprimido. É impor- tante orientá-lo a não molhar e não manipular a orelha no período do tratamento. Em casos de otites unilaterais, deve-se lembrar que a limpeza das mãos é fundamental, pois elas podem servir de veículo para a instalação do pro- cesso no lado contralateral. Otite Externa Maligna É um tipo particular de otite externa, produzida por Pseudomonas aeruginosa em pacientes com alguma forma de imunodepressão. A doença foi inicialmente descrita em pacientes diabéticos descompensados, mas atualmente é também observada em portadores do vírus HIV. Trata-se de uma doença grave, que invade toda a ore- lha externa e pode estender-se ao ouvido médio e interno, assim como à parótida, mastóide, osso temporal e região cervical. Excepcionalmente, provoca a osteomielite do osso temporal, podendo, neste caso, atingir a base do crâ- nio e causar paralisia do IX, XI e XII pares e, até mesmo, meningite. A paralisia facial é um mau prognóstico. A tomografia computadorizada é útil para determinar a extensão da doença. O tratamento consiste na utilização de drogas antipseudomonas sistêmicas. Nos casos mais graves, recomenda-se internação hospitalar e tratamento endovenoso e, se necessário, desbridamento cirúrgico da área afetada. OTITE MÉDIA Epidemiologia A otite média é a infecção da orelha média, tuba audi- tiva e células da mastóide. Em geral, seu aparecimento é Capítulo 54 529 súbito e precedido por infecção viral das vias aéreas supe- riores. Dentre as infecções destas vias, é a mais diagnos- ticada nos EUA e a mais prevalente no mundo inteiro. Até os dois anos de idade, aproximadamente 75 das crianças têm um episódio de otite média aguda, 50 têm dois, e 25% têm no mínimo três episódios. A otite média aguda é considerada uma doença de etiologia multifatorial e, na maioria dos casos, concomi- tantes. É mais freqüente em meninos, com pico de inci- dência aos dois anos de idade. Entre os principais fatores predisponentes incluem-se a imaturidade do sistema imunológico, principalmente na produção de Ig2; diferenças anatomofisiológicas da tuba auditiva da criança em relação a do adulto, mais curta, horizontalizada e de maior calibre; e erros na posição de amamentação (na posição horizontal, o leite e as secreções rinofaríngeas tendem a refluir para o orifício da tuba au- ditiva). Fatores ambientais como a freqüentação precoce de creches, encurtamento do período de aleitamento ma- terno, hábito de chupar dedo ou chupeta, tabagismo pas- sivo e alergia também devem ser considerados nos quadros recorrentes. Algumas condições clínicas, como fissura palatina, fissura submucosa, paralisia cerebral, síndrome de Down, tendência a vômitos e regurgitação, rinossinusites, desvio do septo nasal, hipertrofia de tonsila faríngea peritubária e doenças mucociliares, devem ser sempre lembradas no momento do diagnóstico, pois acarretam disfunção da tuba auditiva, predispondo a recorrências. As imunodeficiências primárias ou secundárias devem ser cogitadas em crianças com otites recorrentes ou que não apresentam uma evolução satisfatória com o tratamen- to adequado (a otite média aguda, OMA, é a infecção bacteriana de vias aéreas superiores mais freqüente nas cri- anças soropositivas para o vírus da imunodeficiência hu- mana – HIV). Quadro Clínico Embora o diagnóstico de OMA baseie-se no conjunto de sintomas e sinais clínicos (otalgia, febre, irritabilidade, choro e inapetência), as características da membrana timpânica observadas a otoscopia são os sinais diagnósti- cos mais importantes. Os principais pontos que devem ser verificados a otoscopia são: abaulamento, perda da transparência e alteração na cor. Entre eles, o abaulamento é o sinal mais importante. Em relação à alteração na cor da membrana timpânica, deve-se ter em mente que não é só a hiperemia que faz o diagnóstico de OMA, mas sim a mudança de cor, podendo ser para o branco ou para o amarelo. Bacteriologia A OMA pode ser causada por vírus ou bactérias. Os ví- rus mais freqüentemente associados a OMA são: vírus sincicial respiratório, adenovírus e influenza A e B. As principais bactérias responsabilizadas pela OMA são o Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Tratamento O tratamento da OMA de origem viral consiste em me- didas sintomáticas de ordem geral. Os sinais e sintomas locais e sistêmicos da OMA podem ser aliviados imedia- tamente com uso de analgésicos, antipiréticos e antie- méticos comuns. Quando há suspeita de etiologia bacteriana, é indicado o uso de antibióticos. Apesar de estudos demonstrarem cerca de 80% de cura espontânea em crianças com otite média aguda num pe- ríodo de sete a 14 dias (95% de cura quando tratadas com antibiótico), a terapia antimicrobiana é indicada visando à melhora mais rápida dos sintomas, à prevenção das recorrências e principalmente das complicações, como a mastoidite aguda. Até 1998, havia 16 agentes antimicrobianos aprovados pela FDA para o tratamento da otite média aguda (Tabela 54.3). Nas crianças alérgicas, a penicilina, os macrolídeos e o sulfametoprim podem ser uma opção. Na falha terapêutica num período de 48 a 72 horas, bem como em pacientes com antecedentes de otite média aguda recorrente, são recomendados antibióticos de maior espectro, como amoxicilina associada ao ácido clavulâ- nico ou as cefalosporinas de 2a e 3a geração, como cefaclor, cefprozil, cefuroxime, cefpodoxime ou ceftria-xona intramuscular. A miringotomia deve ser associada ao tratamento antimicrobiano nos casos em que a otite média aguda for refratária ao tratamento clínico adequado, principalmen- te em crianças menores de 12 meses com otalgia severa e toxemiadas; na otite média aguda com comprometimen- to da mastóide (mastoidite aguda); na vigência de uma complicação do sistema nervoso central (abscesso cere- bral, meningite, trombose do seio venoso); quando ocor- re comprometimento do VII nervo craniano com paralisia facial periférica; e em pacientes imunodeprimidos que não respondem satisfatoriamente ao tratamento instituído, como medida diagnóstica (realização de cultura e antibio- grama da secreção) e terapêutica. FARINGOAMIGDALITE EPIDEMIOLOGIA A faringoamigdalite é uma das condições mais freqüen- tes nos consultórios médicos Pouco comum em crianças com menos de um ano, sua incidência aumenta progressi- vamente depois dos dois anos de idade. A maioria das faringoamigdalites são de origem viral (75%), sendo os adenovírus os principais causadores. O vírus da influenza A e B, o vírus da parainfluenza 1, 2 e 3, o vírus Epstein Barr, o enterovírus e o herpes simples também podemes- tar entre os agentes etiológicos. Apesar do Streptococcus pyogenes (Streptococcus β- hemolítico do grupo A) ser o microrganismo mais fre- qüente nas faringoamigdalites bacterianas, cerca de 30% em nosso meio, o Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Corynebacterium difteriae, Bordetella pertussis e os bacteróides podem fazer parte da coloniza- ção local. 530 Capítulo 54 QUADRO CLÍNICO O quadro clínico das faringoamigdalites caracteriza-se por odinofagia, febre alta, calafrios, comprometimento do estado geral, astenia, mialgia, cefaléia e artralgia, podendo haver otalgia reflexa e aumento dos linfonodos cervicais. A diferenciação entre um quadro viral e bacteriano, baseada na apresentação clínica, é muito difícil. Entre as formas clínicas mais freqüentes incluem-se: Eritematosas As amigdalites eritematosas caracterizam-se por hiperemia difusa e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea, principalmente das amígdalas palatinas, poden- do ou não apresentar exsudato esbranquiçado, sendo geral- mente, neste caso, de etiologia viral (influenzae, adenoví- rus, parainfluenzae). A duração é de três a sete dias e evo- lui sem complicações na maioria dos casos. No entanto, não é possível distinguir clinicamente o exsudato viral do bacteriano. Doenças exantemáticas po- dem cursar com este quadro de faringoamigdalite aguda. O sarampo, cujo agente etiológico é o paramixovírus, além da hiperemia, apresenta um fino pontilhado branco-ama- relado de 1 a 2 mm de diâmetro na mucosa jugal (manchas de Koplik), antecedendo o aparecimento do exantema. Na escarlatina, causada pelo Streptococcus β-hemolítico do grupo A, o quadro amigdaliano pode variar de uma forma eritematosa a uma úlcero-necrótica; a língua com o aspecto em “framboesa” auxilia no diagnóstico e, geralmente, apa- rece 24 horas antes do exantema escarlatiniforme. Eritemato-pultáceas As amigdalites agudas eritemato-pultáceas, apresentam um exsudato esbranquiçado ou purulento, localizado nas criptas e na superfície das tonsilas palatinas. Os agentes etiológicos mais frequentemente encontra- dos são Streptococcus pyogenes, Haemophilus influenzae, Streptococcus aureus e Moraxella catarrhalis. A amigdalite estreptocócica é a infecção bacteriana mais comum na cri- ança de três a 12 anos. A mononucleose, causada pelo vírus Epstein-Barr, pode manifestar-se como uma forma eritematosa ou eritemato- pultácea, às vezes também com estomatite e enantema no palato, acompanhado de adenomegalia cervical bilateral e hepatoesplenomegalia; é possível que as tonsilas palatinas estejam extremamente aumentadas de tamanho, podendo ocorrer obstrução importante das vias aéreas superiores, com necessidade de traqueostomia seu diagnóstico é fei- to baseando-se no quadro clínico não responsivo à antibioticoterapia e pela sorologia para o vírus Epstein- Barr (IgM e IgG). Pseudomembranosas As amigdalites agudas pseudomembranosas caracteri- zam-se pela formação de placas mais ou menos aderentes às amígdalas, que freqüentemente invadem o palato mole e úvula. O principal diagnóstico diferencial é a difteria. Geral- mente, é causada pelo Streptococcus pyogenes. A difteria (cau- sada pelo Corynebacterium diphteriae, rara nos dias de hoje devido a alta cobertura vacinal) tem início insidioso com mal-estar geral, inapetência, astenia e febre, com formação de pseudomembranas brancas brilhantes que recobrem in- teiramente as tonsilas palatinas, atingindo também os pila- res, palato mole e úvula, aderidas à mucosa e sangrante quando se tenta removê-las, acompanhada de linfadenite cervical (aparência de pescoço taurino). A produção de endotoxinas pelo bacilo pode acarretar miocardite, insufi- ciência renal aguda, paralisia dos membros inferiores, pa- lato mole e/ou dos músculos respiratórios. Ulcerosas As amigdalites agudas ulcerosas subdividem-se de acor- do com a profundidade da úlcera em superficial (secundá- ria à erupções vesiculosas) ou profunda (necrose do tecido). Superficial: a angina herpética (causada pelo vírus Her- pes hominis tipo I) e a herpangina (vírus coxsackie A) são semelhantes, podendo surgir inicialmente do mesmo modo que na forma eritematosa (início abrupto e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea), acometendo crianças na faixa etária de um a cinco anos. A primo-infecção her- pética é a virose mais comum que atinge a boca, ocorren- do formação de vesículas dolorosas que se rompem dan- do lugar a ulcerações superficiais semelhantes a aftas, na gengiva e na mucosa labial e oral, língua e orofaringe (tam- bém pode acometer epiderme e região perinasal evoluin- do ou não para a forma recidivante). Sua duração é de sete a dez dias e o tratamento é sintomático. Na herpangina, as vesículas se rompem e deixam ulcerações, principalmen- te no palato mole, úvula e pilares amigdalianos. Quando Tabela 54.3 Agentes Antimicrobianos Aprovados para Terapia da Otite Média Aguda pelo FDA até 1998 (KLEIN, J.O.) Antimicrobiano No de Doses/Duração do Tratamento em Dias Amoxicilina 2-3/10 Amoxicilina + ácido clavulânico 2-3/10 Sulfatrimetoprim 2/10 Eritromicina 3-4/10 Azitromicina 1/5 Claritromicina 2/10 Cefixime 1/10 Ceftibuten 1/10 Cefdinir 1/10 Ceftriaxone 1/1 Loracarbef 2/10 Cefprozil 2/10 Cefpodoxime 2/10 Cefuroximeaxetil 2/10 Cefaclor 2-3/10 Cefalexina 4/10 Capítulo 54 531 é causada pelo vírus coxsackie 16 (“doença mão-pé-boca”), lesões pápulo-vesiculosas em mãos e pés podem aparecer associadas às lesões orais e faringoamigdalianas. Profunda: destacam-se as anginas de Plaut-Vicent, e os quadros associados a hematopatias (neutropenias, leuce- mias agudas, síndromes imunoproliferativas e agra- nulocitose), além da tuberculose e sífilis. Angina de Plaut- Vincent é causada pela associação fuso espiralar de bacilos saprófitas da cavidade oral. Tem início após lesão da mucosa ou mau estado dentário e apresenta-se com febre baixa, in- tensa odinofagia, halitose fétida importante e amigdalite úlcero-necrótica com adenopatia ipsilateral à lesão. Faringoamigdalites de Repetição Podem ser causadas por bactérias, vírus ou fungos. É definida por Bluestone como a ocorrência de cinco a sete infecções em um ano ou quatro infecções por ano em dois anos consecutivos. Estudos com culturas realizados tanto na superfície quanto no córion amigdaliano mostram colonização polimicrobiana de aeróbios e anaeróbios em proporções semelhantes, sendo que ocorre a prevalência de micror- ganimos produtores de β-lactamase. A sua patogenia é baseada em várias hipóteses: presença de microrganismos produtores de β-lactamase, impedindo a ação das penicilinas sobre as bactérias que normalmen- te seriam sensíveis; combinação de aeróbios e anaeróbios que apresentam aumento da virulência; imunodepressão local das amígdalas, secundária a estimulação antigênica bacteriana constante; edema do córion amigdaliano em indivíduos atópicos, o que pode aumentar a susceptibili- dade às infecções. A avaliação laboratorial é útil no intuito de descartar deficiências imunológicas, carenciais e leucoses, constan- do basicamente de hemograma completo, dosagem de fer- ro e zinco séricos, dosagem de IgG, IgM e IgA séricos, subclasses de IgG e IgA salivar. A cultura de orofaringe não é indicada rotineiramente. Pode ser útil nos casos de amig- dalites que não evoluem satisfatoriamente com o trata- mento clínico, nas faringoamigdalites ulceradas, ou em pacientes imunocomprometidos, nas secreções de abces- sos faringoamigdalianos e quando há interesse na pesqui- sa de portadores de Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae para vigilância de meningite. Os testes de detecção rápida do Streptococcus β-hemolítico do grupo A, com alta sensibilidade e especificidade, devem ser utiliza- dos sempre que possível,e as recomendações internacio- nais estimulam a realização de cultura nos casos negativos. TRATAMENTO O tratamento clínico das faringoamigdalites agudas, nos quadros virais, é realizado de acordo com a sintoma- tologia. De acordo com a intensidade do quadro, utiliza- se associação de analgésicos, antipiréticos, hidratação, anestésicos tópicos (antes da alimentação) e gargarejos com anti-sépticos. Na suspeita de infecção bacteriana, o tratamento é empí- rico, com antibiótico, e deve ser direcionado para o princi- pal patógeno que é o Streptococcus β-hemolítico do grupo A. Estudos mostram que vários antibióticos podem ser utiliza- dos com índices de sucesso semelhantes. A penicilina benzatina intramuscular em dose única ainda pode ser con- siderada uma boa opção de tratamento. A amoxicilina e a amoxicilina associada ao ácido clavulânico, tomadas duran- te dez dias, têm-se mostrado ser tão eficazes quanto as cefalosporinas de segunda geração utilizadas por cinco dias. No entanto, estas últimas têm apresentado um índice de erradicação do SbGA ligeiramente superior. Em pacientes alérgicos a penicilinas, outras opções seriam os macrolídeos. Nas faringoamigdalites de repetição, o tratamento tem como objetivo atingir principalmente as bactérias produ- toras de β-lactamase e, por esta razão, nas fases de agudização, dá-se preferência a cefalosporinas de 2a gera- ção, a associação amoxicilina-ácido clavulânico por dez dias ou, eventualmente, a cefalosporinas de 3a geração. Além disso, é importante afastar os fatores predisponentes como comunicantes, creches e instituições fechadas. BIBLIOGRAFIA 1. Bluestone CD. Current Concepts in Otolaryngology. Otitis Media in children: to treat or not treat. N Engl J Med 1982; 306: 1399-1404. 2. Brook I. Bacteriologic Features of Chronic Sinusitis in Children. JAMA 1982; 246:967-69. 3. Cohen R. The Antibiotic Treatment of Acute Otitis Media and Si- nusitis in Children. Diag Microbiol Infect Dis 1997; (27):35-39. 4. Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 1999; 65 (3):3-30. 5. 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