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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE ALÇADA DO ESTADO DO CEARÁ. RECURSO DE APELAÇÃO Recorrente: Magnólia Recorrida : Secretária de Saúde do Estado do Ceará Comarca de Fortaleza-CE AÇÃO DE MEDICAMENTOS PROCESSO DE ORIGEM : AÇÃO nº ----------- Eméritos julgadores: MAGNOLIA, já qualificada no processo em epígrafe, Mandado de Segurança n°...., que impetro em desfavor do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará que denegou a segurança pleiteada por Magnólia, vem por seu advogado infra assinado, conforme procuração anexa, interpor presente APELAÇÃO, consoante lhe faculta a lei processual vigente nos termos e na forma dos artigo Lei nº 12.016 de 07 de Agosto de 2009, art 10 § § 1º , 2º e 3º e art 1.012 do CPC com fundamento no art. 513, do CPC, e art .14 da Lei 12.016/09, rogando que a mesma seja recebida e admitida, não se conformando com a respeitável sentença prolatada na data de 20/11 /2017. Art. 14 Da sentença, denegando ou concedendo o mandado de segurança Inobstante a integridade e inteligência do ilustre e culto magistrado de 1º Instância , prolator da r. decisão , ora recorrida, está a mesma , a merecer reforma parcial , eis que , extreme de dúvidas , não ter sido considerado o pedido final constante na exordial , no que concerne ao ''quantum '' do pedido de sobrevivência da recorrente. RAZÕES DA APELAÇÃO I) - DO FATO O presente recurso destina-se a insurgir contra a sentença que julgou improcedente o pedido formulado na inicial . A recorrente, foi prejudicada pelo fato de não ter sido entregue a ela o medicamento necessário para seu tratamento e sua sobrevida , onde a mesma possui uma doença grave e autoimune, por não possuir renda suficiente para aquisição da medicação que necessita para fins de tratamento da doença LÚPUS, onde a presente ação com os fundamentos na lei 12.016/09 art 15 Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. Acontece que este doutor juízo, a quo julgou a ação improcedente onde alegou no acórdão proferido que o Estado possui poder discricionário para decidir sobre o fornecimento de medicamentos , de acordo com sua convivência e disponibilidade financeira, não podendo o Poder Judiciário obrigá-lo a tal fornecimento. Este pedido é considerado quando existe grave ameaça lesão á SAÚDE. Porém a Recorrente inconformada com a sentença ora impugnada , não restando alternativa senão a interposição deste recurso pede que seu pedido seja revisto pelos fundamentos a seguir elencados. II) -DO DIREITO O direito a saúde foi inserido na Constituição Federal no Título que foi designado à Ordem Social onde tem seu objetivo o bem-estar e a justiça social, com isso a CF/88 em seu art 6º estabeleceu como os direitos sociais fundamentais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer , a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e a infância. Dentre todos estes direitos , o direito a saúde foi elencado como de peculiar importância onde no art 196 acaba por reconhecer a saúde como direito de todos e dever do Estado, com as garantias das políticas sociais e econômicas onde visam a redução do risco a doença bem como ao acesso universal e igualitário com ações pra a promoção da proteção e recuperação dos doentes. A saúde foi tratada como direito social e fundamental , esta proteção constitucional à saúde obrigou o Estado a prestações positivas. Para Ingo Sarlet é o Legislador federal, estadual e municipal, a depender da competência legislativa prevista na própria Constituição, quem irá concretizar o direito à saúde, devendo o Poder Judiciário, quando acionado, interpretar as normas da Constituição e as normas infraconstitucionais que a concretizarem. Com a indefinição do que seria o objeto do direito à saúde, o legislador foi incumbido do dever de elaborar normas em consonância com a Constituição Federal de 1988. III)- FUNDAMENTO JURÍDICO No tocante ao direito a saúde no texto constitucional nos art. 198 a 200 atribuiu ao SUS (Sistema Único de Saúde) a execução de políticas públicas para a proteção e promoção de Saúde no Brasil e também a coordenação. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho É responsabilidade e dever do Estado à saúde pois se insere na órbita dos direitos sociais constitucionalmente garantidos, é direito Público subjetivo prerrogativa jurídica indispensável onde esta assegurada a generalidade da pessoa. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Este preceito é complementado pela Lei 8.080/90 , no art. 2º '' A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado promover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício''. A saúde esta entre os bens intangíveis mais preciosos para o ser humano sendo ela digna de receber a tutela estatal por se tratar de característica indissociável. A precariedade do SUS (Sistema Único de Saúde) esta aliada ao fornecimento de remédios gratuitos insuficiente, onde acabou por ocasionar um fenômeno chamado de judicialização da saúde. Muitosremédios são demasiadamente caros até mesmo para as classes com um maior poder aquisitivo, onde o que resta para a população é socorrer-se as tutelas da saúde. Recentes decisões do judiciário tem determinado o fornecimento de remédios de alto custo para tratamentos onde não são fornecidos pelo sistema único de saúde, alguns deles até mesmo por tutela antecipada e aplicação de multas. Onde o Estado começou a ser obrigado ao fornecimento com gratuidade os remédios de alto custo que não constam na lista o SUS a todos aqueles que fazem o pedido. IV – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA EM CARÁTER ANTECEDENTE Não obstante deve-se observar que por tratar-se de situação em que existe o perigo na demora para concessão da tutela definitiva satisfativa onde pode ocasionar danos irreparáveis à parte Recorrente , observando que trata- se de doença autoimune , e ainda, demonstrada a robustez das provas a esta exordial anexadas, resta caracterizada a possibilidade do pleito da tutela de urgência satisfativa em caráter antecedente, conforme o nosso Código de processo Civil nos oportuna em seu art. 294, § único, in verbis: Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar- se em urgência ou evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Desta forma, deve observa-se que no Código Civil acabou por estabelecer alguns requisitos para que a tutela provisória de urgência satisfativa seja concedida, notadamente com a demonstração da probabilidade do direito bem como o do perigo de dano ou ilícito. DIDIER JUNIOR (p. 595, 2015) em magistral lição, versa sobre o requisito da probabilidade do direito, explicando que: A probabilidade do direito a ser provisoriamente satisfeito/realizado ou acautelado é a plausibilidade de existência desse mesmo direito. O bem conhecido fumus boni iuris (ou fumaça do bom direito). Haja vista que o pedido da tutela de urgência é de caráter antecedente que se fundamenta na cobertura financeira por parte do Requerido no custeio da medicação e tendo em vista ainda, ser o Recorrido que tem a obrigação do cuidado da saúde, não havendo pois em se falar em negativa dos efeitos da concessão do pedido em face da recorrente. Art. 294. § 3º. A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2 o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3 o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. V)- DO PEDIDO Em virtude do exposto, a Recorrente requer que o presente recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar a sentença recorrida, no sentido de acolher o pedido inicial , por ser de inteira Justiça. Termos em que pede deferimento Caecó , 23 de novembro de 2017. -------------------------- Advogado OAB..
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