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[Modelo] Ação De Obrigação De Fazer Com Pedido De Tutela Antecipada De Urgência Para Fornecimento De Medicamento

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EXMO. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE BELO HORIZONTE MINAS GERAIS.
xxxxxx, brasileira, solteira, do lar, portadora da RG xxxx81 SSP/BA, CPF 392342422220, cadastrada no sistema único de saúde – SUS sob o nº 124124124, residente e domiciliada na Rua asfasi nº 2342, casa 4235, Bairro São Gabriel, Belo Horizonte MG, por seu procurador infra-assinado, advogado inscrito na OAB-MG sob o nº. 51.311, com escritório na Rua Marcionílio Chaves, 584, 1º andar, centro, CEP. 45840-000 Guaratinga – BA. e-mail: deldifc@bol.com.br telefones: 73 81005421 99194384, vem, propor
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGENCIA para fornecimento de medicamento.
Em face de:
O Estado de Minas Gerais, CNPJ nº 05.475.103/0001-21, citado judicialmente na pessoa do seu Advogado-Geral, (Inciso III do Art. 7º da Lei Complementar nº. 30, Alínea A do inciso I do Art. 7º da Lei Complementar nº. 35 e inciso I do Art. 6º do Decreto 44113), no seguinte endereço: Advocacia-Geral do Estado na Rua Espírito Santo, nº 495 – Centro 30.160-030 – Belo Horizonte – MG e
O MUNICIPIO DE BELO HORIZONTE, pessoa jurídica de direito Público, CNPJ nº. 18.715.383/0001-40, A v. Afonso Pena, 1212 – 4º andar, Centro, Belo Horizonte - MG, 30130-003, que deverá ser citado na pessoa do Excelentíssimo Senhor Procurador, pelos fatos e fundamentos de direito infra-aduzidos que se passa a expor:
BREVE RELATO DOS FATOS
A AUTORA é portadora de FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA (CID 10.J84.1), sendo diagnosticada como uma doença rara e com alta mortalidade.
“A FPI é uma doença pulmonar progressiva de causa desconhecida. Por algum motivo, o pulmão perde sua elasticidade e há um aumento descontrolado das células que causam cicatrização (fibrose). Segundo o Dr. Adalberto Rubin, professor adjunto de pneumologia da UFSCPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), o pulmão não consegue mais desempenhar sua função primordial, que é captar oxigênio e oxigenar as células, tecidos e órgãos”.(Drauzio Varella).
A evolução clínica da fibrose pulmonar é muito variável e pode ser difícil de prever. A estratégia de tratamento é individual, adaptada às especificidades de cada doente. A fibrose pulmonar não tem cura.
Afirma o pneumologista Adalberto Sperb Rubin, que “Apesar de afetar menos de 1% da população, é preciso ficar atento aos sintomas e procurar um pneumologista, já que a doença pode levar à morte dentro de 2 a 3 anos, quando não é tratada”. (grifei).
Atualmente, não existe um tratamento totalmente eficazpara curar uma fibrose pulmonar. Por outro lado, o acompanhamento de um pneumologista é capaz de frear a evolução da doença. A FPI pode ser fatal em 2 a 3 anos desde o início dos sintomas, especialmente se o tratamento correto não for instituído. Portanto, a FPI pode matar mais rapidamente do que vários tipos de câncer.
A autora está sendo acompanhada pelo DR SERGIO RENATO NAHID – DIRETOR TÉCNICO DO CENTRO MINEIRO DE PNEUMOLOGIA, que prescreveu ouso do medicamento ESBRIET, com a dose diária de 03 (três) à 9 (nove) cápsulas, de uso contínuo, conforme se verifica na receita médica em anexo.
ESBRIET (pirfenidona), medicamento receitado, foi aprovada pelo ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em junho de 2016, entretanto, trata-se de um medicamento extremamente caro, cuja caixa com 270 cápsulas, tem no mercado um preço médio de R$14.000,00 (quatorze mil reais).
A AUTORA procurou o SUS – Sistema Único de Saúde – através dos órgãos competentes, para o recebimento do medicamento, todavia esse medicamento não é fornecido pelo em razão do custo, alega ainda que o medicamento não esta padronizado em nenhum dos programas do Ministério da Saúde, o qual é responsável pela seleção e definição dos medicamentos a serem fornecidos pelos referidos programas.
DA ASSISTÊNCIA GRATUITA:
Inicialmente, afirma a AUTORA que, de acordo com o artigo 4º da Lei nº 1.060/50, com redação introduzida pela Lei nº 7.510/86, temporariamente, não tem condições de arcar com eventual ônus processual sem prejuízo do seu sustento próprio e de sua família a AUTORA não tem salário e vive da ajuda das filhas.
Razão que requer de V. EXª que se digne conceder os benefícios da assistência judiciária gratuita.
FUNDAMENTO JURÍDICO E JURISPRUDENCIAL:
Princípio da dignidade da pessoa humana e o direito à vida:
A Constituição garante a inviolabilidade do direito à vida (CF, art. 5º, “caput”). Esta compreende não só o direito de continuar vivo, mas de ter uma subsistência digna. Por essa razão, o direito à vida deve ser entendido em consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). Vejamos:
“A dignidade da pessoa humana, em si, não é um direito fundamental, mas sim um atributo a todo ser humano. Todavia, existe uma relação de mútua dependência entre ela e os direitos fundamentais. Ao mesmo tempo em que os direitos fundamentais surgiram como uma exigência da dignidade de proporcionar um pleno desenvolvimento da pessoa humana, somente através da existência desses direitos a dignidade poderá ser respeitada e protegida” – Marcelo Novelino Camargo – Direito Constitucional para concursos. Rio de janeiro. Editora forense, 2007 pág. 160.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais já decidiu acerca da possibilidade de concessão de medida liminar em casos semelhantes ao presente. Vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO COMINATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE LIMINAR. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. DIREITO À SAÚDE GARANTIDO CONSTITUCIONALMENTE. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO (...)
2. O Estado de Minas Gerais interpôs o presente agravo de instrumento, contra a decisão do juiz a quo que , nos autos da ação ordinária que lhe move a agravada, deferiu a tutela antecipada, determinando que o agravante forneça à agravada o suplemento alimentar "Modulen-ibd", até o julgamento final do processo, sob pena de multa diária de R$1.000,00, em caso de descumprimento da liminar.
3. Pleiteou o agravante a atribuição de efeito suspensivo, para que seja suspensa a decisão agravada, até julgamento final do recurso, e, alternativamente, concedido prazo maior para o cumprimento da liminar (...)
4. Desmerece acolhida o pedido do agravante, posto estar o direito invocado (fornecimento de medicamento) lastreado no art. 196 da Constituição Federal, de eficácia imediata, que preceitua ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido mediante a implementação de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
5. Quanto à alegação do agravante de que o fornecimento de medicamentos é ato alheio à sua esfera de competência, verifica-se que o Sistema Único de Saúde está organizado de forma a atender os três níveis estatais, não podendo o Estado se escusar de suas obrigações, sob o argumento de possuir uma atuação supletiva à dos Municípios, suprindo, de forma transitória e excepcional, eventuais carências desse último.
6. Ora, o SUS está alicerçado no sistema de co-gestão, possuindo o Estado verba para fornecer medicamentos, devendo cumprir suas obrigações e dar assistência aos que necessitam e pagam impostos para poder usufruir um direito indisponível: a saúde.
7. Portanto, tendo em vista a verba fornecida para que os cidadãos tenham direito a tratamento médico/hospitalar e ao fornecimento de medicamentos, verba essa que é distribuída aos Estados e Municípios, não há como prosperar as alegações do agravante no tocante à sua incompetência, posto que ele, como gestor destes recursos em âmbito estadual, é que deverá responder pelas omissões por ventura cometidas.
8. O direito pleiteado pela agravada, ou seja, o fornecimento do suplemento alimentar "Modulen-ibd", ainda que adquiridos no comércio local, revela-se medida essencial a sua sobrevivência.
9. É dever do poder público realizar todas as medidas de gestão e execução dos serviços públicos de saúde, sob pena de colocar em risco o direito àvida e à saúde dos cidadãos.
10. Verifica-se, no presente caso, que foram devidamente preenchidos os requisitos necessários para a concessão da liminar.
11. O fumus boni iuris restou caracterizado no fato de ser a prestação da saúde um dever do Estado, devendo ele, para tanto, valer-se de políticas sociais e econômicas, a fim de oferecer os medicamentos necessários aos tratamentos médico/hospitalares dos cidadãos.
12. Já o periculum in mora restou configurado na necessidade emergencial de fornecimento de medicamento indicado, uma vez que essencial à manutenção de uma vida (...)
(Processo nº 1.0024.04.372099-4/001 (1), TJ/MG - grifei)
Assim sendo, a saúde como um bem precípuo para a vida e a dignidade humana, foi elevada pela Constituição Federal à condição de direito fundamental do homem. Acarta magna, preocupada em garantir a todos uma existência digna, observando-se o bem estar e a justiça social, tratou de incluir a saúde com um dos pilares da Ordem Social (art. 193).
DA OBRIGAÇÃO DO SUSE DA SOLIDARIEDADE ENTRE UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO.
No atendimento ao interesse público, um dos princípios que regem a saúde pública, além da universalidade da cobertura e do atendimento e da igualdade, é o princípio da solidariedade financeira, uma vez que a saúde é financiada por toda a sociedade (art. 195 da CF).
Em seu art. 196 e 227 a Constituição Federal estabelece a responsabilidade da União, Estados e Municípios, de forma solidária, prestar o atendimento necessário na área da saúde, incluindo os serviços de assistência ao público e o fornecimento de medicamentos, suplemento alimentar, equipamentos, procedimentos médicos, tratamentos e exames aos que deles comprovadamente necessitem.
Tendo-se em vista que os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierárquica, o SUS, amparando-se no princípio da co-gestão, com a participação simultânea dos entes estatais dos três níveis (art. 198 da CF/88 e o art. 7º da lei 8.080/90) cabe, contudo, ao Estado, Município, Distrito Federal e União promoverem as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. Portanto, é obrigação do Estado dar assistência à saúde e dar os meios indispensáveis para o tratamento médico.
O STJ NO DIA 14/02/2017, publicou acórdão quanto a questão da solidariedade entre os entes federativos, bem como a utilização da Cláusula da Reserva do Possível, vejamos:
DECISÃO
Trata-se de recurso especial manejado com fundamento no art. 105, III, a, da CF, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado (fls. 1216/1217):
ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE PASSIVA DOS ENTES DA FEDERAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. RESERVA DO POSSÍVEL. NECESSIDADE DEMONSTRADA. PACIENTE PARADIGMA. HONORÁRIOS PERICIAIS. ART. 18 DA LEI N.º 7.347/85.
- A jurisprudência do STJ já consolidou o entendimento no sentido de que o Ministério Público é parte legítima para ajuizar ação civil pública, visando a compelir o Estado a fornecer medicamento indispensável à saúde de pessoa individualizada.
- A legitimidade passiva de todos os entes federativos para ações que envolvem o fornecimento ou o custeio de medicamento resulta da atribuição de competência comum a eles, em matéria de direito à saúde, e da responsabilidade solidária decorrente da gestão tripartite do Sistema Único de Saúde (arts. 24, inciso II, e 198, inciso I, da Constituição Federal). - O direito fundamental à saúde é assegurado nos arts. 6º e 196 da Constituição Federal e compreende a assistência farmacêutica (art. 6º, inc. I, alínea d, da Lei n.º 8.080/90), cuja finalidade é garantir a todos o acesso aos medicamentos necessários para a promoção e tratamento da saúde. - A interferência judicial na área da saúde não pode desconsiderar as políticas estabelecidas pelo legislador e pela Administração. Todavia, o Poder Público não pode invocar a cláusula da 'reserva do possível', para exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, sem demonstrar, concretamente, a impossibilidade de fazê-lo.
- A questão relativa ao reembolso e/ou cobrança dos custos suportados por determinado ente federativo em decorrência do fornecimento do medicamento pleiteado, trata-se de medida a ser resolvida no âmbito administrativo, sem necessidade de intervenção judicial.
- Diferentemente das ações em que se postula a inclusão de um determinado medicamento nos protocolos clínicos do sistema público de saúde - que, a princípio, dispensa a indicação de pacientes-paradigmas, porque a discussão é distinta -, na ação civil pública que visa ao fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público, a sentença produz efeitos somente em relação ao paciente-paradigma.
- Não é possível se exigir do Ministério Público o adiantamento/pagamento de honorários periciais em ações civis públicas. A isenção conferida ao Ministério Público em relação ao adiantamento dos honorários periciais (art. 18 da Lei n.º 7.347/85) não pode obrigar que o perito exerça seu ofício gratuitamente, tampouco transferir ao réu o encargo de financiar ações
Assim sendo, vale mencionar decisões dos tribunais regionais:
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - FORNECIMENTO DO MEDICAMENTO CITALOPRAM - IDOSO - PORTADOR DE DEPRESSÃO - DIREITO À SAÚDE - EXEGESE DOS ARTS. 6º E 196, DA CF/88, E 153, DA CE/89 E DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL - OBRIGAÇÃO DO PODER PÚBLICO - AUSÊNCIA DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA - POSSIBILIDADE DE DISPENSA DE LICITAÇÃO DADA A URGÊNCIA (ART. 24 DA LEI N. 8.666/93)- OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES - INEXISTÊNCIA - CONTRACAUTELA - NECESSIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - REDUÇÃO.Apelação Cível n. 2013.077669-7, de Ituporanga. Relator: Des. Jaime Ramos
É inegável que a garantia do tratamento da saúde, que é direito de todos e dever dos entes públicos, pela ação comum da União, dos Estados e dos Municípios, segundo a Constituição, incluio fornecimento gratuito de meios necessários à preservação a saúde a quem não tiver condições de adquiri-los.
A falta de dotação orçamentária específica não pode servir de obstáculo aofornecimento de tratamento médico ao doente necessitado, sobretudo quando a vida é o bem maior a ser protegido pelo Estado, genericamente falando.
Nos termos do artigo 24 da Lei 8.666/93, em caso de comprovada urgência, é possível a dispensa de processo de licitação para a aquisição, pelos entes públicos, de medicamento necessário à manutenção da saúde de pessoa carente de recursos para adquiri-lo.
Não há como falar em violação ao Princípio da Separação dos Poderes, nem em indevida interferência de um Poder nas funções de outro, se o Judiciário intervém a requerimento do interessado titular do direito de ação, para obrigar o Poder Público a cumprir os seus deveres constitucionais de proporcionar saúde às pessoas, que não foram espontaneamente cumpridos.
O fornecimento de remédio deve ser condicionado à demonstração, pelo paciente, da permanência da necessidade e da adequação do medicamento, durante todo o curso do tratamento, podendo o Juiz determinar a realização de perícias ou exigir a apresentação periódica de atestados médicos circunstanciados e atualizados. (Grifos da Autora).
DIREITO À SAÚDE. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. INDISPENSABILIDADE E URGÊNCIA EVIDENCIADAS. REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC PREENCHIDOS. PRAZO DE QUINZE DIAS PARA O CUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL. IMPOSIÇÃO DE SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS CASO DESCUMPRIDA A DECISÃO JUDICIAL. CONTRACAUTELA. PERIODICIDADE TRIMESTRAL APROPRIADA AO CASO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
"É possível a concessão da liminar, ainda que irreversível a medida, quando for absolutamente necessário obrigar o Poder Público a satisfazer, de modo excepcional, obrigação de proporcionar tratamento a alguém que está sob risco de grave dano à sua saúde.
"Havendo prova inequívoca capaz de convencer o Órgão julgador da verossimilhança das alegações e fundado o receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, do CPC)decorrente da demora na entrega da prestação jurisdicional definitiva, mostra-se escorreita a antecipação de tutela obrigando oEstado a fornecer o tratamento de que necessita o agravado para manutenção de sua saúde.
"Demonstrada a efetiva necessidade de medicamentos específicos, cumprem aos entes públicos fornecê-los, ainda que não estejam padronizados para a moléstia da paciente" (AI n. 2013.008304-2, de Tubarão, rel. Des. Jaime Ramos, j. 13-6-2013).
DA TUTELA PROVISÓRIA DE NATUREZA ANTECIPADA DE URGENCIA
O fumus boni iuris está caracterizado frente a urgência do tratamento farmacológico e a respectiva obrigação legal imposta aos requeridos de garantirem a entrega do medicamento imprescindível para a saúde da autora, conforme acima elencado.
Já o periculum in mora encontra-se identificado no risco de saúde que a autora se encontra, frente à inércia dos órgãos públicos na entrega do remédio prescrito, sendo que a ingestão do mesmo é vital para que a autora não venha a falecer, em prazo inferior a previsão médica.
Vale salientar que a autora não possui condições financeiras para custear a compra do medicamento.
Por se tratar de direito a saúde bem de difícil reparação deve ser concedida a tutela antecipada, vejamos:
PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO ORDINÁRIA – TUTELA ANTECIPADA – MEDICAMENTOS – FORNECIMENTO PELO PODER PÚBLICO – PESSOA HIPOSSUFICIENTE E PORTADORA DE DOENÇA GRAVE – ADMISSIBILIDADE. 1. O direito à vida e à saúde qualifica-se como atributo inerente à dignidade da pessoa humana, conceito erigido pela Constituição Federal em fundamento do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF). 2. A pessoa portadora de doença grave faz jus à obtenção gratuita de medicamentos e insumos junto ao Poder Público. Concorrência dos requisitos legais. Tutela antecipada deferida. Admissibilidade. Decisão mantida. Recurso desprovido.(TJ-SP - AI: 21617470320158260000 SP 2161747-03.2015.8.26.0000, Relator: Décio Notarangeli, Data de Julgamento: 13/08/2015, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 14/08/2015)
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO ORDINÁRIA – TUTELA ANTECIPADA – MEDICAMENTOS – FORNECIMENTO PELO PODER PÚBLICO – PESSOA HIPOSSUFICIENTE E PORTADORA DE DOENÇA GRAVE – ADMISSIBILIDADE. 1. Para concessão de liminar em ação civil pública é necessária a concorrência dos requisitos do fumus boni juris e periculum in mora (art. 12 da Lei nº 7.347/85). 2. A pessoa hipossuficiente portadora de doença grave faz jus à obtenção gratuita de medicamentos, instrumentos e materiais de autoaplicação e autocontrole junto ao Poder Público. Concorrência dos requisitos legais. Liminar deferida. Decisão mantida. Recurso desprovido.
(TJ-SP - AI: 20312688220168260000 SP 2031268-82.2016.8.26.0000, Relator: Décio Notarangeli, Data de Julgamento: 18/02/2016, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 18/02/2016)
Sendo assim, nos moldes do artigo 300 do Novo CPC, pretende A AUTORA a antecipação da tutela, para ver desde já garantido a entrega do medicamento. Tal medida é de caráter urgente, pois a inércia poderá ocasionar prejuízos irreversíveis para a saúde da requerente.
PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) A concessão da tutela antecipada de urgência tendo em vista a verossimilhança das alegações, que é extraída dos fatos narrados e das provas que acompanham a presente ação, bem como o fundado receio de dano irreparável diante do risco de saúde que a autora poderá sofrer na falta do medicamento, requer, nos termos dos arts. 294, 297, 300, 536 e 537 do Código de Processo Civil, digne-se Vossa Excelência de antecipar a tutela ora requerida, obrigando aos réus a fornecerem o medicamento mensalmente, sob pena de multa diária a ser determinada por vossa Excelência;
b) A procedência do pedido determinando aos réus que forneçam mensalmente a medicação - ESBRIET(pirfenidona), caixa com 270 capsulas até quando necessário e recomendado para tratamento na forma da receita médica, sob pena de multa diária, nos termos do art. 497 e 537 do CPC, a ser determinada por este juízo;
c) Seja deferido a autora os benefícios da Justiça Gratuita, por não reunir condições de arcar com as custas e despesas processuais, expedindo-se afinal, a competente Certidão de Honorários em favor de seu patrono, conforme valor a ser arbitrado por Vossa Excelência;
d) A citação dos réus, na forma do art. 246, II do CPC através de Oficial de justiça para que os requeridos apresentem sua defesa dentro do prazo legal, sob pena de confissão e revelia nos termos do art. 344 do CPC;
e) Nos termos do art. 334, § 5º do CPC, o autor manifesta desde já, pela natureza do litígio, seu desinteresse em auto composição, tendo em vista se tratar de ação de Obrigação de Fazer.
f) seja fixada multa diária, para a hipótese de descumprimento da ordem judicial proferida em sede de antecipação de tutela ou decisão definitiva, em valor a ser estabelecido por Vossa Excelência, mas não inferior a R$ 1.000.00 (mil reais);
PROVAS
f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, se necessário for na forma do art. 369 e seguintes do CPC.
VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$14.000,00 (quatorze mil reais).
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Belo Horizonte, 04 de julho de 2017.
DELDI FERREIRA COSTA
OAB/MG 51311

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