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Texto Humanização final 2º Período

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Texto 2º Período de Medicina UNICAP
Um novo humanismo médico: a harmonia dos cuidados.
 “Por cima do equilíbrio está a harmonia; por cima da balança está a harpa”.
Vitor Hugo
Pablo González Blasco
Marco Aurélio Janaudis
Marcelo R. Levites
A reunião clínica semanal traz à discussão os casos interessantes ou, com maior frequência, os pacientes cuja abordagem e tratamento suscitam dúvidas do médico responsável. A discussão permite a colaboração de todos para uma maior compreensão de cada caso, torna-se possível revisar a literatura e aplicar as melhores evidências, para proporcionar ao paciente o tratamento mais adequado. Um proceder que deve ser habitual em qualquer serviço médico preocupado com a qualidade no atendimento ao paciente.
Nesta semana é colocado em discussão um caso que levanta dúvidas. Trata-se de paciente de 40 anos, que sofreu dois episódios de acidente vascular cerebral e possui como sequela uma hemiparesia que o confina ao leito. É cuidado pela irmã, com quem frequentemente discute e de quem recusa os cuidados, assim como, às vezes, os da fisioterapeuta que o atende a domicílio. 
O paciente mostra-se extremamente emagrecido, recusa alimentação e, pelos relatos da irmã, era um alcoólatra e tem “problemas de fígado”. Teve na última semana, em palavras da irmã, períodos de piora e de desfalecimento, e tendo solicitado atendimento de urgência, a médica da ambulância recomendou hospitalização pela gravidade do caso. “Não lhe dou 20 dias de vida nesta situação em que se encontra. Tem de ser internado”. 
Semelhante afirmação conseguiu deixar os nervos a flor da pele da irmã, cuidadora dedicada, que entrou em contato com o médico responsável da nossa equipe. Durante a discussão as perguntas lógicas se sucediam. 
Foi de fato um AVC? 
Você o comprovou com a Tomografia Cerebral? 
E a função hepática? 
Como estão as enzimas, a coagulação, as proteínas? 
Por que o paciente está confinado ao leito com uma hemiparesia? 
Por que está emagrecido? 
Tem de fato cirrose? 
Por que um homem de 40 anos teve dois AVCs? 
Foram pesquisados estados de hipercoagulabilidade?”
Perguntas, todas elas, lógicas e procedentes...mas algo está faltando na discussão. Surge a pergunta “dissonante”, algo que não estava previsto. 
Quem é este paciente? 
Que faz um homem de 40 anos, hemiparético, na cama? 
Por que a irmã cuida dele? 
Não é casado? 
Por que não quer comer? 
Por que briga com a irmã, e recusa os cuidados dela, da fisioterapeuta, e a alimentação? 
Quem é este homem? 
Qual é o sofrimento dele? 
O que procura?
Silêncio. Reflexão. As respostas certamente não chegarão em forma de exames de laboratório nem de resultado de diagnóstico por imagem. É preciso buscar, de jeito diferente, com olhar também diferente. É preciso ouvir o paciente, coisa que talvez não fizemos até agora, excessivamente preocupados com os parâmetros de saúde vital.
Alguém colabora com uma nova informação. 
“O paciente é casado, mas a mulher o abandonou porque bebia... isso foi o que a irmã contou”. Mais perguntas; 
E por que a irmã cuida dele? 
Ela é casada, tem filhos? 
O paciente vive na casa deles? 
O que o marido dela acha desta dedicação enorme pelo irmão que, além do mais, briga e recusa cuidados?
Mais informações, escoando lentamente; “A irmã cuida dele... porque a mãe deles, momentos antes de morrer, fez ela prometer que cuidaria dele, porque ele, o paciente, ‘tem problemas’ desde a adolescência”.
Aos poucos vai surgindo a luz sobre o caso. 
A mãe do paciente, que cuidou dele e sabia dos problemas, esses aos quais nós médicos temos permanecido alheios, ocupados em avaliar pressão arterial e a função hepática, essa mulher que soube passar o bastão de cuidadora para a filha, começa a dar-nos as orientações para cuidar do paciente. Não para solucionar o caso, porque não parece que tenha solução, pelo menos de imediato; mas sim para cuidar dele, como ela fez em vida, como agora faz a irmã. É de se esperar que nós saibamos também cuidar dele, mas de um modo mais profissional, com ciência médica.
O que faz um homem de 40 anos permanecer no leito, não esforçar-se por melhorar, recusar a ajuda que se lhe brinda com sacrifício e roubando tempo da própria família? 
Como está a autoestima desse homem, que emagrece dia a dia? 
Como era o relacionamento dele com a mulher que o abandonou? 
Será que ele quer viver? 
Perguntas, todas, complexas. Mas perguntas que o médico tem de se fazer se quer, de verdade, cuidar do paciente. Questões que preparam o espírito do médico para sentar e ouvir o paciente, escutar, com disposição de aconchego e conhecer, dos lábios de um quase farrapo humano, a história de vida que tem para contar.
As histórias de vida, as narrativas, completas e harmônicas, transaminases e angústia, albumina e desamor, têm seu verdadeiro espaço e sua função: aproximar-nos do ser humano que sofre e que espera cuidados.
É necessário, não apenas, buscar o equilíbrio entre os avanços científicos vertiginosos e o humanismo, mas perseguir uma harmonia perfeita. 
A ciência médica, a medicina de ponta, exige um novo humanismo. Uma postura que tem de saber colocar no mesmo raciocínio função hepática e sequelas neurológicas, com sentido da vida, as transaminases e a albumina combinadas com humilhação, sofrimento e perda. Uma ciência que é arte e por isso consegue colocar na mesma equação dimensões tão díspares, que aparentemente não se misturam. Na verdade elas estão misturadas na vida; a protrombina e o desânimo, os neurotransmissores e o cansaço de viver, os hepatócitos e a revolta.
Harmonia é colocar cada competência no seu lugar, e ter alma de artista para saber tocar na harpa da vida daquela pessoa única, as cordas de diferente tom. Estes são os acordes que permitem ao médico percorrer o caminho entre a pessoa doente e o significado que a enfermidade tem para o paciente, já que a doença é para ele uma maneira de estar na vida. Uma forma de vida que tem sua linguagem própria e que deve encontrar no médico sensível o receptor necessário para uma decodificação adequada dos significados. 
(Resumo do artigo)
Atividades:
A partir do texto acima, cada grupo deve escolher um dos aspectos abaixo e defender seu ponto de vista na Mesa Redonda.
O comportamento humanista é uma característica pessoal e já nasce com a pessoa. 
Falso ou Verdadeiro?
Com atual mercantilização da medicina é impossível exercer a profissão de forma humanizada. 
Falso ou Verdadeiro?
A humanização só é possível na Atenção Básica. 
Falso ou Verdadeiro?

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