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Ecologia de Populações e Comunidades Ecologia de Populações e Comunidades Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2017 Adriane Ramos Zimmer Conselho Editorial EAD Ana Patricia Barbosa Andréa de Azevedo Eick Astomiro Romais Claudiane Furtado Italo Ogliari Juliane Maria Puhl Gomes Lourdes da Silva Gil Luiz Carlos Specht Filho Maria Cleidia Klein Oliveira Rafael da Silva Valada Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Ane Sefrin Arduim Este livro foi elaborado para ser um instrumento didático para os es-tudantes do curso de Ciências Biológicas. Ele se propõe a capacitar os alunos nos conhecimentos básicos que embasam as diferentes áreas de concentração englobadas sob os termos de Ecologia de Populações e Ecologia de Comunidades. Na primeira parte, tratamos das características e modelos demográficos das populações naturais. Na segunda parte do livro, descrevemos as questões conceituais das comunidades e de suas in- terações com o ambiente físico. A Ecologia é uma ciência que está em franco desenvolvimento e a todo momento novos conceitos e novos entendimentos dos padrões e dos processos que envolvem os organismos e o seu meio chegam até nós. Nes- te material de estudo, incorporamos muitos desses novos conceitos bem como um capítulo mais prático que descreve as principais metodologias para o estudo das populações e das comunidades. Bom estudo! Apresentação 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos .............1 2 Populações – Características e Estrutura ..............................20 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional .............41 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações ................62 5 Fatores Limitantes de Distribuição e Abundância .................78 6 Metapopulações .................................................................99 7 Comunidades – Estrutura e Características ........................118 8 Riqueza e Diversidade.......................................................139 9 Teias Alimentares ..............................................................154 10 Sucessão Ecológica ...........................................................177 Sumário Adriane Ramos Zimmer1 Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos1 1 Bióloga, mestre em Biologia animal (UFRGS) e Doutora em microbiologia Agrí- cola e do Ambiente (UFRGS). 2 Ecologia de Populações e Comunidades Introdução A Ecologia estuda a interação dos organismos com o meio em que vivem, ou seja, a relação existente entre os fatores abióti- cos e bióticos com a abundância e distribuição das espécies. Podemos adquirir uma visão mais apropriada da Ecolo- gia organizando-a em “níveis”, e estudando-os, em um pri- meiro momento, separadamente. Dessa maneira temos, por exemplo, a partir do organismo, o estudo da população, da comunidade, do ecossistema etc., a maneira como cada um dos níveis funciona e como interagem com os demais. Portan- to, a partir dessa organização, podemos obter a capacidade de observação e entendimento do todo (Ecosfera), ou seja, todos os fatores importantes no estudo da Ecologia. Isso resul- ta na previsibilidade do movimento de diferentes populações em suas respectivas comunidades, a partir de interferências do meio, bem como bióticas, podendo levar ao desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo de espécies, incluindo as ameaçadas de extinção. Neste capítulo, trabalharemos com alguns conceitos bási- cos para os estudos de Ecologia de populações e comunida- des. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 3 Figura 1 Níveis de organização ecológica. Fonte: Arquivo pessoal do autor. 1 Organismo Trata-se de uma unidade distinta, um exemplar pertencente a uma espécie. Ele pode ser composto por uma única célula, ou por indivíduos compostos por sistemas complexos de ór- gãos. Eles podem ter comportamentos solitários, como acon- tece com alguns felinos, como a onça-pintada, que precisa de grandes áreas de vida para sobreviver. 4 Ecologia de Populações e Comunidades Os organismos não são todos iguais como gostamos de acreditar. Eles apresentam diferenças marcantes que precisa- mos considerar quando estudamos suas populações. Área de vida é o tamanho da área necessária para suprir as necessidades vitais da espécie. No caso da onça-pintada, isso varia de poucas dezenas de quilômetros até centenas deles. A densidade é um dos fatores que resultam nessa diferen- ça. Os organismos podem também apresentar comportamen- tos sociais altamente sofisticados, como é o caso das abelhas africanas ou das formigas. Ambas as espécies desempenham um eficiente trabalho em equipe, baseado em uma estrutura sólida de castas. Em Ecologia, busca-se da unidade “organismo” entender o desenvolvimento das adaptações fisiológicas, morfológicas e até mesmo genéticas dos indivíduos frente aos fatores am- bientais, visto que, em muitos casos, indivíduos aparentados apresentam respostas diferentes ao ambiente a que estão ex- postos. Como acontece com cactos e suculentas. Ambas as espécies sofreram adaptações frente ao estresse hídrico (falta de água). No entanto, no caso dos cactos, sua resposta foi a adaptação das folhas em espinhos, reduzindo assim o número de estômatos e a quantidade de água perdida através deles, e, por reservar a água no caule, os espinhos passaram a de- sempenhar papel de proteção contra ataques de animais em busca de água. Já as suculentas mantiveram as folhas, que fo- ram especializadas como reservatórios de água, além de ser- vir de fragmento para a reprodução assexuada por estaquia, onde uma nova planta se origina de um único fragmento da Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 5 planta-mãe. A adaptação é um conceito muito importante na Ecologia de populações e comunidades. 2 História de vida A história de vida dos organismos diz respeito à complexos fe- nômenos que relacionam a bionomia dos indivíduos, ou seja, a maneira como se relacionam com o meio, e sua fisiologia, buscando a partir dessas relações obter um ótimo desempenho em termos de capacidade reprodutiva. Essa premissa implica em estratégias que vão desde o comportamento de corte, que aumenta as chances de cópula, até o cuidado parental, que assegura quase um número maior de indivíduos daquela pro- le chegue à fase adulta e também deixem descendentes. No sentido evolutivo, o gasto energético é um dos fatores mais im- portantes no desenvolvimento dessas estratégias adaptativas. 3 População Pode ser descrita como um conjunto de indivíduos da mes- ma espécie que dividem a mesma área geográfica no mesmo espaço de tempo e que apresentam maior probabilidade de cruzamento. No estudo da Ecologia de populações, são im- portantes índices de natalidade, imigração, emigração e mor- talidade. Todos esses fatores nos fornecem informações so- bre o tamanho populacional (densidade), além de auxiliar na identificação de problemas relacionados à estabilidade da po- 6 Ecologia de Populações e Comunidades pulação. Esses fatores também têm implicação na forma como a população se relaciona com as outras populações presentes na sua comunidade. Figura 2 Fatores que incidirão no tamanho populacional. Fonte: arquivo pessoal do autor. 4 Comunidade A comunidade,por sua vez, é o conjunto de populações que interagem entre si funcionalmente. A Ecologia de comunida- des busca entender, a partir de índices de diversidade de espé- cies, de riqueza de espécies, de equidade, equitabilidade ou igualdade e de dominância como essas relações ecológicas se formam e como os fatores abióticos podem interferir nas interações entre espécies. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 7 5 Uma questão de escala As populações podem ser definidas em várias escalas espa- ciais. As populações locais podem ocupar parcelas de habitat muito pequenas como uma poça de água ou uma bromélia. Um conjunto de populações locais ligadas por indivíduos dis- persantes é chamada de metapopulação. As populações podem ser consideradas em uma escala de regiões, ilhas, continentes ou mares. Mesmo a espécie intei- ra pode ser vista como uma população. As populações dife- rem em sua estabilidade. Algumas são estáveis há milhares de anos, enquanto outras persistem apenas por causa da contínua imigração de outras áreas. Em pequenas ilhas, as populações geralmente se extinguem, mas logo podem ser recolonizadas. Finalmente, existem populações temporárias que consistem em organismos em um estágio particular no seu ciclo de vida. Por exemplo, larvas de libélulas que vivem na água e formam uma hemipopulação. Um dos problemas centrais da Ecologia de populações é distinguir entre as características da população e as caracte- rísticas do indivíduo e distinguir processos populacionais de processos individuais do organismo. Os organismos em uma população são ecologicamente equivalentes. Isso significa que: 1. Os organismos sofrem o mesmo ciclo de vida. 8 Ecologia de Populações e Comunidades 2. Os organismos em uma determinada etapa do ciclo de vida estão envolvidos no mesmo conjunto de processos ecológicos. 3. As taxas desses processos (ou as probabilidades de even- tos ecológicos) são basicamente as mesmas se os organis- mos forem colocados no mesmo ambiente (mas, algumas variações individuais podem ocorrer). 6 Sistemas populacionais (life systems) Esse conceito traduz a forma como os organismos nas po- pulações se relacionam com seu habitat. O termo “sistema de vida” foi introduzido por Clark et al. (1967). Mais tarde, Berryman (1981) sugeriu outro termo: “sistema populacional”, que é definitivamente melhor. 6.1 Componentes de um sistema populacional 6.1.1 Componentes estruturais São a própria população, os recursos que ela utiliza, as inte- rações entre os organismos, o ambiente (temperatura, água, estrutura e qualidade do solo), e a variabilidade dessas carac- terísticas no tempo e no espaço. 6.1.2 Estrutura temporal É composta pelos ciclos diurnos, ciclos sazonais e ciclos de longo prazo. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 9 6.1.3 Estrutura espacial É dada pela distribuição espacial, estrutura do habitat. 6.1.4 Fatores e processos Ao longo do nosso estudo, trataremos muito de processos e fatores e os seus entendimentos são fundamentais para inter- pretação do sistema como um todo. 6.2 Fatores São componentes do sistema porque afetam a sua dinâmica. O estado do componente é o valor do fator. Os fatores são considerados com tantos detalhes quanto necessário para se compreendender a dinâmica do sistema. Exemplos de fatores  Em modelos simples (por exemplo, exponencial ou logís- tico), existe apenas um fator (= componente): a própria população. Seu valor é a densidade populacional.  Em populações estruturadas por idade, cada classe de idade é um fator e seu valor é igual à densidade de in- divíduos nessa classe.  Os inimigos naturais e vários recursos podem ser con- siderados como fatores adicionais. Então, a abundân- cia de predadores, parasitas ou alimentos serão valores desses fatores. 10 Ecologia de Populações e Comunidades  O tempo pode ser visto como um conjunto de fatores: temperatura, precipitação etc. Cada um desses fatores têm um valor numérico.  Os fatores podem ter uma estrutura hierárquica. Se a população ocupa múltiplas camadas no espaço, todos os fatores (por exemplo, densidade populacional, densi- dade de predadores ou competidores, recursos e tempe- ratura) tornam-se específicos de cada estrato. 6.3 Processos Qualquer mudança detectável no sistema populacional é con- siderada como um evento. Os eventos podem ser classificados de acordo com os componentes envolvidos. O processo pode ser definido como uma classe de eventos idênticos. A taxa de um processo pode ser medida pelo número de eventos que ocorrem no sistema por unidade de tempo. A taxa específi- ca de processos é frequentemente usada como o número de eventos por unidade de tempo por um organismo envolvido no evento. Exemplos de processos  O nascimento de um organismo é um evento. A taxa de natalidade é o número de nascimentos por unidade de tempo. A taxa de natalidade específica (= taxa de reprodução) é a taxa de natalidade por uma fêmea (ou por um pai). Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 11  A morte de um organismo é um evento. A mortalidade em um estágio específico de uma causa específica (por exemplo, parasitismo, predação, fome) é um processo. A taxa de mortalidade é o número de mortes por unida- de de tempo. Taxa de mortalidade específica é o número de mortes por unidade de tempo por organismo.  Outros processos são: crescimento, desenvolvimento, consumo de recursos, dispersão, entrada na diapausa etc. Existe uma intensa interação entre os fatores e os processos. Os fatores afetam a taxa de processos como mostrado abaixo: Um processo pode ser afetado por múltiplos fatores. Por exemplo, a mortalidade causada pela predação pode depen- der da densidade das presas, da densidade do predador, do número de refúgios, da temperatura (se mudar a atividade dos organismos) etc. O valor de um fator pode mudar devido a múltiplos pro- cessos. Por exemplo, o número de organismos em um estágio específico muda devido ao desenvolvimento (entrada e saída desse estágio), dispersão e mortalidade por predação, parasi- tismo e infecção. Assim, não há correspondência um-para-um entre fatores e processos. As tabelas de vida mostram a taxa de vários pro- cessos de mortalidade, mas não mostram o efeito de fatores nesses processos. Por exemplo, o parasitismo pode ser deter- minado principalmente pelo clima; a infecção viral pode ser determinada pela química da planta hospedeira, mas as tabe- 12 Ecologia de Populações e Comunidades las de vida não mostram o efeito do clima nem da química da planta hospedeira. É perigoso julgar o papel dos fatores (por exemplo, biótico versus abiótico) das tabelas de vida. Por exemplo, uma tabela de vida pode mostrar que 90% de mortalidade de um inseto é causada por parasitismo. Isso pode levar a uma conclusão er- rônea de que os parasitas e não o clima são mais importantes na mudança de densidade populacional. Pode parecer que a sincronia entre os ciclos de vida do hospedeiro e do parasita depende principalmente do clima. As tabelas de vida mostram vários processos de mortalida- de na população, mas não indicam o papel dos fatores. Para analisar o papel dos fatores, é necessário variar esses fatores experimentalmente e examinar como eles afetam vários pro- cessos de mortalidade. Essas experiências podem mostrar, por exemplo, que a taxa de parasitismo depende da densidade de parasitas, densidade de hospedeiros e temperatura. Essa ques- tão será discutida mais adiante quando falarmos dos experi- mentos que ajudaram a construir o conceito de cascata trófica. Por fim, para entender a dinâmica da população, é necessário conhecer tanto o efeito de fatores na taxa de vários processos quantoo efeito de processos em vários fatores ecológicos (por exemplo, sobre densidade populacional). Essa informação é integrada através de modelagem. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 13 7 Adaptações Os indivíduos mudam através do tempo por meio de proces- sos evolutivos. Essas mudanças trazem duas consequências para os estudos de Ecologia: a primeira são as mudanças que o sistema biológico promove tanto na estrutura quanto no fun- cionamento dos organismos. A segunda são as mudanças que os organismos sofrem em sua estrutura e funcionamento em resposta aos fatores ambientais, que incluem tanto as relações com o meio quanto as interações com outras espécies. Um exemplo são os cactos que citamos ateriormente. Essas alte- rações funcionais e estruturais chamadas de adaptações, per- mitem que os organismos se ajustem ao meio em que vivem. 7.1 Nicho ecológico e adaptação Alguns conceitos são importantes para compreendermos as re- lações do indivíduo com o meio e suas estratégias adaptativas. 7.1.1 Área de vida Corresponde à sua distribuição geográfica. Os limites dessa distribuição são dados por fatores de ordem biótica e abiótica. 7.1.2 Habitat É o espaço fisico onde podemos encontrar a espécie dentro de sua distribuição geográfica. É o que chamamos de abrangên- cia ecológica. 14 Ecologia de Populações e Comunidades 7.1.3 Nicho ecológico Esse conceito descreve a maneira como a espécie vive, a sua função na comunidade e envolve também todos os fatores que interferem em sua reprodução e sobrevivência e sua relação com os outros organismos da comunidade. 7.1.4 Nicho fundamental Consiste de toda a gama de recursos e condições que essa espécie poderia desfrutar se não houvesse competição. Entre as espécies competidoras, os nichos se sobrepõem e a competição pelos recursos resulta na limitação deles para ambas as espécies. A fim de sobreviver, os organismos aca- bam por ocupar apenas uma parte desse nicho, é o que cha- mamos de nicho realizado. 7.2 Espécies generalistas e especialistas Algumas espécies exercem uma função ecológica mais am- pla e outras são mais especializadas. Essa classificação é feita com base no nicho de cada espécie. 7.2.1 Organismos especilistas Um organismo especialista ocupa um nicho mais estreito, e são mais exigentes. Essas espécies conseguem ocupar ape- nas áreas de um habitat com condições muito especiais, tem limites de tolerância mais estreitos e muitas vezes consomem Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 15 um alimento específico. Os ursos panda e as salamandras são exemplos de especialistas. 7.2.2 Organismos generalistas Esses organismos possuem nichos mais amplos e são menos exigentes com os recursos que necessitam. Essas espécies tam- bém possuem limites de tolerância mais amplos. As moscas, camundongos e pardais são exemplos de generalistas. Entre os generalistas e os especialistas existem vantagens e desvantagens. Os especialistas têm vantagem em ambientes estáveis, onde os recursos são abundantes. Os generalistas têm mais vantagens em ambientes em transformação, quando os recursos ficam mais escassos. Por isso, são considerados ótimos colonizadores. Os processos de seleção natural podem aumentar o nú- mero de espécies especialistas, quando a competição é muito intensa. Com o tempo, uma espécie pode acumular modifica- ções e divergir em uma variedade de espécies com diferentes modificações que permitem que compartilhem certos recursos limitados. A divergência evolutiva de uma espécie em outras próximas com nichos mais especializados pode ser ilustrada pelos tentilhões de Darwin. A selecão natural, porém, não opera “do nada”, ela atua através de três propriedades. A primeira é a variabilidade ge- nética, a segunda é a herança, a possibilidade de transmissão de alguns caractéres para a prole. A terceira é o ajustamento evolutivo do indivíduo pela influência do meio. 16 Ecologia de Populações e Comunidades Recapitulando A Ecologia é uma área da ciência que se entrelaça com muitas outras a fim de compreender toda a complexidade do funcio- namento da biostera. Ela atua em diferentes escalas de com- plexidade como indivíduo, população, comunidades e ecossis- temas. Também atua em diferentes escalas de tempo e espaço. A Ecologia como ciência tenta compreender os padrões e pro- cessos que influenciam a vida dos organismos. No nível de populações e comunidades, ela tenta desvendar os processos que se desenvolvem entre o meio físico e o meio biológico e que determinam a distribuição e a abundância dos orga- nismos. A estrutura e funcionamento dos seres vivos evoluem em resposta às características do meio ambiente, que podem demonstrar um gradiente de fatores, expressando nichos eco- lógicos. A seleção é um processo que orienta a correspondência entre os organismos e seu meio ambiente. Referências BEGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J. Ecologia: de in- divíduos a ecossistemas. Oxford: Blackwell, 2006) 759 p. CAIN, M. L.; BOWMAN, W. D.; HACKER, S. D. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 612 p. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 17 PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2000. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6. ed. Guanabara Koogan: 2011, Rio de Janeiro. TOWNSEND, C.R.; BEGON, M.; HARPER, J.L. Fundamentos em Ecologia. 2. ed., ArtMed. Atividades 1) Os diversos níveis de organização biológica são: (1) ecossistema. (2) célula. (3) indivíduo. (4) sistema. (5) tecido. (6) comunidade. (7) órgão. (8) população. A sequência correta é: a) ( ) 2, 5, 7, 4, 3, 6, 8, 1 b) ( ) 2, 5, 7, 4, 8, 3, 1, 6, 18 Ecologia de Populações e Comunidades c) ( ) 7, 5, 6, 3, 4, 8, 1, 8, d) ( ) 2, 5, 7, 4, 3, 8, 6, 1 e) ( ) 5, 7, 2, 4, 3, 6, 8, 1 2) Ao dizer onde uma espécie pode ser encontrada e o que faz no lugar onde vive, estamos informando respectiva- mente, a) nicho ecológico e habitat. b) habitat e nicho ecológico. c) habitat e biótopo. d) nicho ecológico e ecossistema. e) habitat e ecossistema. 3) Certos organismos se alimentam de uma variedade de itens alimentares, no entanto, possuem uma dieta restrita. Animais que não possuem muita restrição conseguem viver melhor em ambientes que sofrem constantes modificações. Entre as alternativas a seguir, marque aquela que indica corretamente o termo usado para espécies que possuem um nicho ecológico amplo. a) Espécies especialistas. b) Espécies consumistas. c) Espécies amplas. d) Espécies generalistas. e) Espécies competitivas. Capítulo 1 Ecologia de Comunidades e Populações – Conceitos 19 4) Qual a diferença entre nicho fundamental e nicho realiza- do? 5) A seleção natural atua através de três propriedades. Quais são elas? Adriane Ramos Zimmer1 Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura1 1 Bióloga, mestre em Biologia animal (UFRGS) e Doutora em microbiologia Agrí- cola e do Ambiente (UFRGS). Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 21 Introdução A fim de se conhecer uma determinada espécie, é preciso re- unir muitas informações diferentes sobre ela. Características morfológicas, fisiológicas, comportamentais, genéticas, habi- tat, papel ecológico, relações com seus pares e com as outras espécies e muito mais, precisam ser muito bem estudadas a fim de se obter um perfil detalhado para a espécie. Porém, conhecer essas características de um ou outro indivíduo não configura um conhecimento sólido e estudar todos os indiví- duos de uma espécie não é, normalmente, viável. Os indiví- duos de uma espécie, no entanto,não se encontram todos jun- tos. Ao longo de sua área de ocorrência, a espécie se distribui de forma fragmentada, formando grupos que denominamos de populações. Para os pesquisadores, estudar essas popu- lações é bastante relevante do ponto de vista da biologia da conservação, principalmente, no que diz respeito à análise da viabilidade populacional e também para compreendermos a dinâmica nos diversos ecossistemas. Em estudos de Ecologia de populações, a escala é sem- pre o grupo de organismos taxonomicamente relacionados. O foco são características como crescimento, sobrevivência e reprodução e a forma como essas características são afetadas pelas interações com os fatores bióticos e abióticos da comu- nidade onde estão inseridos. A maioria dos estudos de Ecologia de populações costuma seguir três tipos de abordagem: a descritiva, a funcional ou a evolutiva. 22 Ecologia de Populações e Comunidades A abordagem descritiva, como o nome diz, está baseada na descrição dos parâmetros e atributos de vida das popula- ções bem como de suas relações intra e interespecíficas. A abordagem funcional está baseada na dinâmica da população e dos mecanismos com os quais ela interage, bus- cando entender e explicar como esse sistema funciona no âm- bito energético e das interações. Na abordagem evolutiva, buscamos compreender em termos evolutivos, como os mecanismos ambientais afetam a sobrevivência e a reprodução dos indivíduos dentro das popu- lações. Neste capítulo, iremos estudar o conceito geral de popu- lação, descreveremos suas características e estrutura geral, e discutiremos sua utilidade como descritores populacionais para o desenvolvimento de estudos ecológicos. 1 O que é uma população? Definir população não é uma tarefa simples. A população é uma entidade abstrata, com limites elásticos que dificultam sua definição precisa. Ainda assim, algumas características são muito bem definidas.  Uma população é sempre composta por um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 23  Esses indivíduos compartilham o mesmo espaço geo- gráfico, compartilham dos mesmos recursos e sofrem influência de condições ambientais idênticas.  O fluxo gênico entre os indivíduos de uma mesma po- pulação ocorre de modo mais acentuado e intenso, se comparamos populações distintas. Uma característica marcante da população é que seus indi- víduos compartilham características genéticas, comportamen- tais e ecológicas que podem ser muito particulares. Entre os indivíduos que compõem uma população o fluxo gênico é sempre mais intenso e as interações de ordem ecológica (inter e intraespecíficas) seguem um padrão próprio. 2 Características de uma população 2.1 Localização geográfica A delimitação espacial da área que uma população ocupa não segue padrões muito claros ou definidos. Apesar de o termo população pressupor um grupo de animais geograficamente separado de outros grupos da mesma espécie, essa separa- ção nem sempre é muito fácil de estabelecer, principalmente porque diferentes populações de uma mesma espécie estão espalhadas ao longo de sua área de ocorrência. A delimitação do espaço geográfico em que uma população vive, em geral, é dada por fronteiras naturais que impedem ou dificultam o contato entre elas, como as fronteiras do próprio micro-habi- 24 Ecologia de Populações e Comunidades tat2, acidentes geográficos (rios, montanhas, quedas d’agua) ou outros fatores de ocorrência natural ou não (como estra- das, plantações, represas ou clareiras, por exemplo). Para fins de estudos populacionais, porém, essas fronteiras, são frequentemente determinadas pelo pesquisador de acordo com as necessidades e conveniências do estudo a ser realiza- do. É preciso ressaltar, no entanto, que quando o pesquisador resolve estabelecer as fronteiras da população, ele deve le- var em conta as características da espécie, como, por exem- plo, sua mobilidade (tem facilidade de deslocamento ou não? Qual o padrão desse deslocamento?), seu padrão de distri- buição (indivíduos vivem próximos ou têm hábitos solitários?), hábitos alimentares (qual o tamanho da área de forrageamen- to dos indivíduos?), micro-habitat (ocupam um espaço peque- no dentro do habitat, como uma bromélia ou uma extensão maior como o solo, por exemplo?), estágios de vida (ocupam sempre o mesmo habitat ou mudam de habitat ao longo do ciclo de vida como as borboletas, por exemplo?). Todas essas características, conhecidas por bionomia ou história de vida, precisam ser bem conhecidas para que a delimitação da área a ser estudada realmente tenha significância e represente a população que se quer conhecer. Uma população determi- nada arbitrariamente pelo pesquisador está contida na área delimitada pelo mesmo. 2 Micro-habitat é a parte específica do habitat em que determinado organismo encontra as suas melhores condições de vida. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 25 2.2 Continuidade temporal e espacial Em uma população, os indivíduos estão conectados de modo espacial e temporal através de sua herança genética. Os in- divíduos que compõem a população no momento descendem de outros, que viveram antes deles. Da mesma forma, indivíduos que compõem uma determi- nada população compartilham genes com indivíduos de ou- tras populações, pois em algum momento de sua existência houve um ancestral comum. Quanto maior a distância espa- cial entre dois indivíduos maior é a distância no tempo de seu ancestral comum. 2.3 A dinâmica de populacional A dinâmica de populações corresponde à forma como uma população se comporta ao longo do tempo. Estudaremos esse tópico com detalhes mais adiante. 3 Estrutura populacional Todas as populações de uma determinada espécie comparti- lham entre si muitas características de vida. Porém, diferentes populações de uma mesma espécie podem desenvolver carac- terísticas muito distintas devido às pressões seletivas a que são submetidas em seu habitat ou nas comunidades na qual estão inseridas. Para que possamos descrever uma população, é ne- cessário obter muitas informações (também chamados de pa- râmetros ou atributos) diferentes, que servem como descritores 26 Ecologia de Populações e Comunidades e possibilitam a comparação e a análise dessas populações e também das comunidades nas quais elas vivem. Uma população possui quatro grupos de características mensuráveis (e que não podem ser aplicadas aos indivíduos) que nos auxiliam a descrevê-las e a compreender melhor o seu funcionamento. O primeiro grupo inclui a sua distribuição e densidade. O segundo grupo são variáveis demográficas como a natalidade, a mortalidade e a dispersão; o terceiro grupo inclui a distribuição etária, proporção sexual e fecundi- dade, e um quarto grupo ainda inclui as características gené- ticas. 3.1 Distribuição e densidade 3.1.1 Distribuição Este parâmetro descreve a abrangência geográfica e ecológi- ca de uma população. a. Distribuição geográfica É representada pela área total de ocorrência de uma espécie durante todo o seu ciclo de vida. Algumas espécies têm distribuição mais restrita e são deno- minadas endêmicas, enquanto outras apresentam uma distri- buição mais ampla, sendo chamadas de cosmopolitas. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 27 A distribuição geográfica de uma espécie influencia dire- tamente o estudo das suas populações. Espécies com ampla distribuição costumam ter inúmeras populações distribuídas ao longo de sua área de ocorrência, enquanto as espécies endê- micas podem ter uma ou poucas populações. A distribuição geográfica das espécies é fortemente limita- da por condições ecológicas como a disponibilidade de um habitat adequado e favorável ao seu desenvolvimento.É im- portante ressaltar que algumas populações podem apresentar características ligeiramente diferentes do padrão determinado para a espécie e assim ocupar áreas menos adequadas para a sobrevivência da espécie de um modo geral. Esse é um dos fatores que permite que uma espécie amplie sua área de vida (ver capítulo 5). b. Abrangência ecológica Está relacionada às áreas específicas em que a população vive dentro do espaço geográfico de sua distribuição. Por exem- plo, a espécie Ocypode quadrata habita a região do litoral em toda a costa brasileira, porém, sua área de abrangência ecológica é a região entre marés, desde a linha d’água até a região onde se iniciam as dunas. 28 Ecologia de Populações e Comunidades Figura 1 Distribuição geográfica x distribuição ecológica. Fonte: modificado de:https://pixabay.com/pt/brasil-mapa-geografia-brasilei- ra-305119/, https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ilha_Santa_Catarina_20_Praia_ Santinho.JPG, https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ocypode_quadrata_(Cah- uita).jpg 3.1.2 Abundância A abundância de uma espécie diz respeito ao tamanho da po- pulação em número de indivíduos. É um valor absoluto, que geralmente é baseado em uma estimativa pela dificuldade em se contar cada um dos indivíduos da população. 3.1.3 Densidade A densidade de uma população é dada pelo número de indiví- duos que ocupam uma determinada extensão de área. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 29 Esse número pode variar muito dentro de uma população ao longo do tempo, principalmente em função das estações do ano. A densidade de diferentes populações pode também variar em função do porte e da bionomia de seus indivíduos. Animais de grande porte como os felinos, por exemplo, geral- mente apresentam uma menor densidade, enquanto inverte- brados, como as moscas, apresentam densidades bem maio- res. O cálculo de densidade é realizado através de uma fórmu- la simples. D=N/m2 ou m3 Onde: D= número de indivíduos ou biomassa da popula- ção/ por unidade de área ou por unidade de volume. A densidade da população pode ser avaliada de duas ma- neiras distintas, densidade bruta ou densidade específica. A Densidade bruta é calculada pela área total do estudo. A Densidade específica (ou ecológica) é calculada pela parcela da área que inclui as condições necessárias à sobre- vivência da espécie e pode, efetivamente, ser colonizada pela população. Os valores de densidade podem ser utilizados pelo pesqui- sador para definir:  Tamanho da população, principalmente em popula- ções que ocupam uma área ampla, onde é difícil a con- tagem de todos os indivíduos. 30 Ecologia de Populações e Comunidades  Capacidade de suporte do meio (k), já que quanto maior a densidade da populacional maior será a capa- cidade de suporte daquele hábitat.  Comparar diferentes populações em relação ao es- paço ou volume ocupado em diferentes ecossistemas. É importante ressaltar que os parâmetros densidade e abundância nem sempre estão relacionados. 3.1.4 Distribuição espacial Esse parâmetro descreve a forma como os indivíduos de uma população se distribuem uns em relação aos outros. Representa o distanciamento entre os membros da popula- ção. Esse padrão é uma característica importante da popula- ção e está relacionado com os padrões comportamentais da espécie estudada e com a distribuição dos recursos no habitat. São três padrões básicos de distribuição das populações: alea- tório, uniforme ou agregado.  Aleatório (Randômico): ocorre quando os recursos es- tão distribuídos de modo uniforme por todo o ambien- te, garantindo igual probabilidade de o animal ocupar qualquer local no habitat. É típico de espécies que não têm tendência ao comportamento gregário. Esse padrão é pouco comum na natureza. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 31  Uniforme: esse padrão é bastante frequente quando a espécie estudada tem comportamento territorialista e hábitos solitários. São populações em que a competição entre os indivíduos é muito marcada. Nesses casos, os indivíduos tendem a manter uma distância fixa mínima em relação aos demais indivíduos da população. Um exemplo seriam os felinos de grande porte.  Agregada: característica de espécies com hábito gre- gário, que costumam viver em bandos ou grupos sociais em que a prole permanece com os pais. Em geral, os recursos do habitat estão também distribuídos de forma agrupada. Esse tipo de agrupamento proporciona um menor risco de predação individual e ajuda na localização de alimento e alarmes de risco, facilita a reprodução, o sucesso reprodutivo e ainda representa um aumento na força de luta contra os predadores. 32 Ecologia de Populações e Comunidades Figura 2 Padrões de distribuição. Fonte: modificado de https://pixabay.com/pt/elefante-manada-de-elefantes- -rebanho-334456/; https://pxhere.com/pt/photo/743743; http://www.publi- cdomainpictures.net/view-image.php?image=14674&picture=&jazyk=PT 3.2 Variáveis demográficas 3.2.1 Natalidade Corresponde ao número de indivíduos que nascem em uma população, em uma determinada unidade de tempo (dia, se- mana, mês, ano). Esse número pode estar baseado em nasci- mentos, eclosão, germinação ou divisão de células (seres uni- celulares, bactérias e leveduras). Natalidade máxima: é a número máximo teórico de no- vos indivíduos que as fêmeas de uma população seriam ca- Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 33 pazes de produzir em condições ideais (sem interferência dos fatores ecológicos limitantes). Natalidade ecológica: refere-se ao número de nascimen- tos em uma população sob as condições reais do meio. Quando falamos em natalidade, é necessário definir outros dois atributos: fertilidade e fecundidade. Fecundidade é o potencial fisiológico de reprodução de uma fêmea. É o número potencial de filhotes que uma fêmea pode gerar ao longo de sua vida. Fertilidade: essa taxa está relacionada ao número de fê- meas em idade reprodutiva em uma população. 3.2.2 Mortalidade Corresponde ao número e indivíduos que morrem em uma população, dentro de uma determinada unidade de tempo. Consideramos a mortalidade sob dois aspectos.  Mortalidade mínima: quando os fatores estão relacio- nados a aspectos fisiológicos (mortalidade por velhice);  Mortalidade ecológica: quando os fatores estão rela- cionados à predação ou doenças, por exemplo. A natalidade e a mortalidade representam as tendências de uma população variar em número de indivíduos, e são calcu- ladas como taxas. 34 Ecologia de Populações e Comunidades 3.2.3 Migração e dispersão Essas variáveis estão relacionadas com a forma como a popu- lação se movimenta no tempo e no espaço. a. Migração É um movimento ativo, em que o organismo escolhe mudar de lugar em busca de melhores locais de forrageamento ou de condições de sobrevivência mais adequados. Nessa classi- ficação também se enquadram aqueles movimentos regulares a diferentes manchas de hábitat (fragmentos), que ocorrem DENTRO DA ÁREA DE VIDA do indivíduo (ver capítulo 6). Esses movimentos são classificados em três tipos: imigração, emigração e migração. Imigração: é a entrada de indivíduos na população. Emigração: é a saída de indivíduos da população. Migração: são movimentos mais amplos (de massa), que muitas vezes envolvem toda ou, ao menos uma parcela signifi- cativa da população de uma área para a outra. A migração é caracterizada pelo deslocamento anual repetitivo, estacional, de uma população animal da sua área de reprodução para a área de alimentação e descanso, em uma época do ano e vice e versa. b. Dispersão A dispersão é um movimento passivo, onde o indivíduo é con- duzido para outra área de modo aleatório por influência deCapítulo 2 Populações – Características e Estrutura 35 uma força qualquer, como vento, correntes marítimas, chuvas, animais etc. Esse movimento é mais característico de espécies vegetais e do plâncton (larvas e outros organismos aquáticos diminutos), que são transportados pelas correntes de um lugar para outro. Em determinadas populações, esses movimentos de disper- são não ocorrem somente na dimensão geográfica,, mas tam- bém em uma dimensão temporal. Isso é observado em mui- tas plantas e outros organismos que apresentam dormência3. As sementes de algumas plantas, quando são depositadas no solo, necessitam de condições especiais para sua germinação. Enquanto essas condições não se estabelecem, as sementes permanecem no solo, dormentes,, mas viáveis. Por esse me- canismo, o solo se torna um rico banco de sementes capaz de dar continuidade para aquela população assim que as condi- ções se tornem favoráveis. O que pode ocorrer em um futuro próximo ou demorar muitos anos. Os movimentos de migração e dispersão são importantes para a população por dois aspectos.  Provocam flutuações no tamanho da população pelo movimento dos indivíduos.  Oportunizam a ampliação de sua área de vida. Quando o indivíduo sai da população (emigração) em busca de melhores condições, muitas vezes ele não consegue encontrar um novo habitat ou esse habitat tem uma qualida- 3 Período prolongado de redução, ou mesmo cessação, da atividade metabólica e do de- senvolvimento em plantas. 36 Ecologia de Populações e Comunidades de inferior ao antigo. Ainda assim, quando o indivíduo obtém sucesso, pode se estabelecer e fundar uma nova população com a possibilidade, inclusive, de ampliar a distribuição geo- gráfica e a persistência da espécie e da população ao longo do tempo. Algumas vezes, esses movimentos também promovem o in- tercâmbio gênico entre diferentes populações. 3.4 Estrutura etária Representa as proporções em que os diferentes grupos etários se distribuem em uma população. A estrutura etária de uma população determina seu estado reprodutivo no momento da análise e indica uma perspectiva futura. Essa variável influen- cia tanto a natalidade como a mortalidade, que estudaremos melhor no capítulo 3) 3.5 Distribuição sexual Esse atributo descreve a proporção de machos e fêmeas em uma população. O padrão geral encontrado na natureza é 1:1. 3.6 Variabilidade genética No estudo da estrutura populacional, sob o ponto de vista ge- nético e evolutivo, busca-se quantificar a variabilidade morfo- lógica e fisiológica existente entre os indivíduos, seu comporta- mento reprodutivo, os padrões de fluxo gênico, e as estratégias adaptativas aos ambientes locais. São elas, em conjunto, as principais características da estrutura de uma população local. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 37 Maior variabilidade = melhor resposta a variações do ambiente. Menor variabilidade = maior vulnerabilidade a mudan- ças ambientais, maior risco de extinções locais. Recapitulando População é um nível organizacional de grande importância para o estudo da Ecologia. Todas as populações são constituí- das por organismos de uma única espécie, que compartilham recursos do habitat e interagem entre si e com sua comunida- de. Cada população está relacionada às demais populações de sua espécie tanto no tempo quanto no espaço. Elas com- partilham muitas semelhanças,, mas também podem diferir significativamente umas das outras devido às pressões seletivas que enfrentam. Dentro da população, o fluxo gênico é sempre mais acentuado. Os descritores populacionais são caracterís- ticas e variáveis específicas desse nível organizacional que ser- vem como parâmetros para comparar diferentes populações de uma espécie. Os principais descritores são densidade, na- talidade, mortalidade, imigração e emigração. Referências BEGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J. Ecologia: de in- divíduos a ecossistemas. Oxford: Blackwell, 2006) 759 p. 38 Ecologia de Populações e Comunidades CAIN, M. L.; BOWMAN, W. D.; HACKER, S. D. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 612 p. PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2000. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6) ed. Rio de Ja- neiro: Guanabara Koogan, 2011. TOWNSEND, C.R.; BEGON, M.; HARPER, J.L. Fundamentos em Ecologia. 2. ed., ArtMed. Atividades 1) Marque a alternativa correta. Uma população é composta por: a) todos os organismos que vivem em uma área específi- ca e possuem um fluxo gênico constante. b) organismos que estejam interagindo entre si em um lugar. c) tipos semelhantes de organismos em um lugar com- partilham os mesmos recursos. d) todos os membros da mesma espécie que habitam uma área específica, compartilham os mesmos recur- sos e possuem um fluxo gênico constante. Capítulo 2 Populações – Características e Estrutura 39 e) todos os animais que vivem em uma determinada re- gião compartilham os mesmos recursos. 2) O cálculo de densidade para uma população leva em conta o número de indivíduos que a compõem e: a) a taxa de natalidade. b) a taxa de mortalidade. c) o espaço que ocupa. d) o número de indivíduos que migram. e) o número de indivíduos de outras populações da mes- ma região. 3) Os fatores que influenciam na densidade de uma popula- ção são: I. natalidade. II. mortalidade. III. imigração. IV. emigração. Em uma população em declínio, quais dessas taxas estão aumentando? a) II e III. b) I e III. c) I e II. d) II e IV. 40 Ecologia de Populações e Comunidades e) III e IV. 4) Relacione os algarismos I, II, III e IV com a das letras a, b, c e d. I. taxa de natalidade. II. taxa de mortalidade. III. imigração. IV. Emigração. a) número de mortes de uma população. b) indivíduos que saem de uma população. c) número de nascimentos de uma população. d) indivíduos que chegam à população. Assinale a alternativa com a correlação correta. a) I a, II c, III b e IV d. b) I c, II a, III b e IV d. c) I c, II a, III d e IV b. d) I d, II b, III c e IV a. e) I a, II c, III d e IV b. 5) Diferencie fecundidade de fertilidade. Adriane Ramos Zimmer1 Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional1 1 Bióloga, mestre em Biologia animal (UFRGS) e Doutora em microbiologia Agrí- cola e do Ambiente (UFRGS). 42 Ecologia de Populações e Comunidades Introdução “A população é uma entidade em mudança” (ODUM e BAR- RET). Mesmo dentro de uma comunidade em equilíbrio, as populações mudam através do tempo, e seu tamanho tende a flutuar, aumentando ou diminuindo (até sua extinção). A dinâ- mica de populações busca quantificar essas flutuações ao lon- go do tempo, e determinar que fatores podem explicar essas flutuações. Para os cientistas, compreender como essas taxas variam ao longo do tempo é mais relevante que os números em si. O tamanho das populações deve manter-se mais ou menos constante ao longo do tempo em ecossistemas em equilíbrio. Alterações no tamanho de uma população podem determinar alterações em outras populações que com ela coexistem e in- teragem em uma comunidade estável, provocando desequilí- brios ecológicos. Neste capítulo, vamos estudar os padrões de crescimento populacional e conhecer os modelos aplicados para descrição do seu crescimento Também vamos discutir os principais fato- res que regulam o tamanho das populações. 1 Dinâmica de populações Populações mudam no tempo e no espaço. Características como a densidade e a distribuição de uma população, seu tamanho, suas taxas demográficas e sua estrutura genética Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimentoPopulacional 43 podem se alterar continuamente em resposta aos fatores am- bientais. Estudar como e por que esses aspectos variam nos ajudam a compreender o funcionamento dos ecossistemas. O estudo dessas variações é denominado dinâmica de popula- ções. 2 Crescimento populacional O crescimento de uma população está baseado em proces- sos reprodutivos, ou seja, as populações crescem através da multiplicação. As taxas de crescimento populacional flutuam constantemente e dependem de muitos fatores como a densi- dade populacional, disponibilidade de recursos, relações inter e intraespecíficas, e também de fatores ambientais como tem- peratura, luminosidade, disponibilidade de água. As populações, no entanto, não estão estruturadas sempre da mesma forma e isso reflete se diretamente sobre suas va- riáveis demográficas e precisa ser levado em conta para estu- darmos sua dinâmica. As populações podem ser de dois tipos, estruturadas e não estruturadas. 2.1 Populações estruturadas são aquelas nas quais os or- ganismos estão organizados por faixas etárias, possuem dife- rentes tamanhos e estão em estádios de vida distintos. Cada um dos grupos que compõe a comunidade possui uma taxa de sobrevivência distinta e também contribui de modo diferencial para as taxas de fecundidade e natalidade. Um exemplo são as populações de mamíferos. 44 Ecologia de Populações e Comunidades 2.2 Populações não estruturadas são populações em que os organismos todos possuem as mesmas chances de sobre- vivência e contribuem de forma igualitária para as taxas de fecundidade e natalidade. Nessas populações, os organismos nascem e morrem de modo contínuo e são capazes de se re- produzir a partir do seu nascimento. Um exemplo seriam as populações bacterianas. Neste capítulo, vamos abordar os modelos de dinâmica e crescimento populacional aplicados para populações estrutu- radas. 3 Fatores que influenciam o crescimento populacional 3.1 Taxas de crescimento populacional A determinação da taxa de crescimento populacional envolve as taxas de natalidade, imigração, mortalidade e emigração, as pirâmides etárias e a taxa de fecundidade. Para efeitos de cálculo do crescimento populacional, as ta- xas de imigração (I) têm o mesmo valor que a natalidade (N), e os índices de emigração (E) são somados aos de mortalidade (M). Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 45 Assim, quando: N + I > M + E: temos uma população em crescimento. N + I < M + E: temos uma população em declínio. N + I = M + E: temos uma população em equilíbrio As taxas de emigração e imigração são consideradas iguais no caso de vegetais ou organismos sésseis. A densidade populacional é também um indicativo de cres- cimento, assim, uma população apresenta crescimento positi- vo quando sua densidade aumenta. 3.2 Distribuição em classes etárias A distribuição etária é uma variável relevante e pode afetar o crescimento populacional de diferentes formas. Os indivíduos mais velhos tendem a produzir um número maior de filhotes. Pirâmides etárias (distribuição de frequências de classes de idade). 4 Tabelas de vida Uma tabela de vida mostra, de forma resumida, informações fundamentais sobre a população, como o número de indiví- duos, proporção sexual, probabilidade de sobrevivência e re- produção em função da idade dos indivíduos em um período específico de tempo. 46 Ecologia de Populações e Comunidades Em cada tabela de vida construída, podemos visualizar rapidamente qual a faixa etária com maior probabilidade de mortalidade, qual a longevidade desses organismos, estimar a idade da maturidade reprodutiva, o número de filhotes por fêmea, o sucesso reprodutivo etc. Comparar tabelas de vida de uma população de diferentes períodos de tempo permite que observemos seus processos demográficos e como a po- pulação flutua ao longo do tempo, além de inferir ao causas dessa flutuação. Os dados da tabela de vida também podem auxiliar a cal- cular o tempo de duplicação e a taxa reprodutiva líquida das populações. As tabelas podem ser de dois tipos: tabelas de coorte e tabelas estáticas. 4.1 Tabelas de coorte2 Nessa tabela, um grupo de indivíduos nascidos em um mesmo intervalo de tempo (coorte) é acompanhado ao longo de sua vida inteira. 4.2 Tabelas estáticas São baseadas em um transecto da população por tempo de- finido. 2 Coorte: grupo de indivíduos nascidos na mesma época ou evento reprodutivo. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 47 Tabela 1 Tabela de vida hipotética de Triatoma sordida Onde: idade = (x), número de vivos = (nx), taxa de so- brevivência até à idade x = (lx); taxa de mortalidade = (mx), probabilidade de sobrevivência entre x e x+1 = (sx); e fecun- didade realizada na idade x = (bx). Fonte: modificada de Pelli et al., (2007). Numa tabela, somente a 1ª e 2ª colunas contêm dados de campo, as demais são cálculos a partir dessas duas colunas. 5 Curvas de sobrevivência As curvas de sobrevivência mostram como está distribuído o risco de mortalidade em cada faixa etária em uma determina- da população. A sobrevivência dos indivíduos é afetada por condições ambientais e também pela competição com outras espécies. 48 Ecologia de Populações e Comunidades Quando analisamos a taxa de sobrevivência de uma popu- lação, podemos encontrar três tipos básicos: 5.1 Sobrevivência do tipo I - Nesse tipo de, os organismos tendem a morrer em idades mais avançadas, próximas ao seu tempo máximo de longevidade. Os organismos que apresen- tam esse tipo de curva geralmente possuem um número redu- zido de descendentes e demonstram cuidado parental com os filhotes. Tipicamente, o homem, animais de estimação ou de zoológicos apresentam esse tipo de curva. 5.2 Sobrevivência do tipo II - A mortalidade dos animais ocorre em uma taxa constante desde o nascimento até sua ve- lhice. Esses organismos também possuem uma prole reduzida e demonstram cuidado parental. As aves, pequenos mamíferos e sementes são um exemplo. 5.3 Sobrevivência do tipo III - Nesse tipo de curva a morta- lidade é muito alta nos estágios iniciais de vida. Essas espécies possuem uma prole bastante numerosa e não apresentam cui- dado parental. Essa curva é típica de invertebrados marinhos, peixes e árvores. Apesar de esse modelo parecer simples, em populações naturais os padrões de sobrevivência podem se alterar ao lon- go do tempo, principalmente em função da densidade. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 49 Figura 1 Curvas de sobrevivência. Fonte: modificado de: https://en.wikipedia.org/wiki/Survivorship_curve#/media/ File:Survivorship_Curves.jpg; https://pixabay.com/pt/sapo-natureza-macro-sa- po-sentado-2097029/; https://pixabay.com/pt/amarelo-p%C3%A1ssaro-voar- -animal-ave-1207914/, https://pixabay.com/pt/homem-masculino-pessoa-figu- ra-1116385/ 6 Padrões de crescimento populacional O crescimento das populações pode ser representado dentro de dois padrões básicos, modelo exponencial (ou em J) e mo- delo logístico (ou em S). 50 Ecologia de Populações e Comunidades 6.1 Modelo de crescimento exponencial (curva J) Esse modelo de crescimento descreve uma população que cresce em condições ideais, onde espaço, alimento e recursos são abundantes. Sem essa regulação, a população aumenta em densidade de forma rápida e contínua a uma taxa (porcen- tagem) fixa. Na teoria, todas as populações têm potencial para essa forma de crescimento (potencial biótico), porém, ele não é comum na natureza, já que os recursos do ambiente tendem a ser limitados. Esse padrão de crescimento, em geral, ocorre apenas por um período limitado de tempo, quando é abruptamente in- terrompido por algum fator limitante ou pela resistência am- biental. Eleé observado tipicamente em espécies invasoras e /ou colonizadoras, nas quais os recursos são abundantes e os predadores escassos (estrategistas r) e em populações que sofreram ação antrópica (predação eliminada, oferta anormal de nutrientes ou outro recurso). Nesse modelo, as populações crescem de maneira diferen- te conforme seu padrão reprodutivo. 6.1.1 Crescimento geométrico: é típico de espécies com ci- clo reprodutivo sincronizado e que se repete em intervalos re- gulares de tempo. Assim, em cada ciclo reprodutivo o número de indivíduos acrescido à população é maior. Para se estimar o tamanho da população com esse padrão de crescimento, após um intervalo de tempo utiliza-se a seguinte equação: Nt+1=λNt Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 51 Onde: Nt = tamanho da população após t gerações ou períodos de tempo; λ= taxa geométrica de crescimento, que é dada pela razão entre o tamanho da população naquele período de tempo e o período anterior (λ= Nt+1/Nt). 6.1.2 Crescimento exponencial: é típico de espécies com ciclo reprodutivo contínuo, como as bactérias, por exemplo. Para se estimar o tamanho da população em crescimento ex- ponencial, utiliza-se a seguinte equação: dN / dT = r. N Onde dN = variação no tamanho populacional; dT = va- riação no tempo; r = taxa de crescimento populacional; N = tamanho da população. Esses dois modelos são graficamente representados por uma curva em J, que indica que a população tem um cresci- mento inicial lento e, em seguida, apresenta um crescimento muito rápido e intenso. 6.2 Modelo de crescimento logístico (curva em s ou sigmoide) Esse modelo leva em conta as limitações impostas pelo am- biente e reflete a interação entre o potencial biótico e a resis- tência ambiental. No modelo de crescimento logístico a taxa de crescimento populacional é variável. Inicialmente, a po- pulação cresce de forma rápida, impulsionada pela abundân- cia de recursos e, à medida que os recursos vão se tornando escassos, a taxa de crescimento tende a se reduzir até que o tamanho populacional se estabilize no que chamamos de 52 Ecologia de Populações e Comunidades capacidade de suporte (k) do meio (discutida mais adiante nesse capítulo). Para se estimar as taxas de crescimento logís- tico utilizamos a seguinte equação: dN/dt = rN ((1- (N/K)) Onde: N = densidade populacional; t = tempo; r = à taxa máxima de crescimento da população e K = capacidade de suporte do ambiente. Essa equação é muito semelhante à utilizada para o cálcu- lo do crescimento exponencial, assim, o termo ((1- (N/K)) re- presenta os fatores que reduzem o crescimento da população. Esse valor é próximo de 1 quando a população é pequena, e a taxa de crescimento (dN/dt) tende a se aproximar de zero conforme a população atinge a capacidade de suporte. O crescimento logístico é representado por uma curva sig- moide (em forma de S), onde podem ser observadas quatro fases: 1ª fase: fase lag – um crescimento lento inicial (fase de adap- tação); 2ª fase: fase log (logarítmica) – a taxa de crescimento se ace- lera (crescimento exponencial); 3ª fase: a taxa de crescimento começa a reduzir por ação da resistência ambiental; 4ª fase: estabilização – as oscilações na taxa de crescimento ocorrem dentro de um limite médio. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 53 Apesar de considerar a atuação do ambiente, esse mo- delo de crescimento leva em conta apenas os recursos e não as interações inter e intraespecíficas, como a competição, por exemplo, e por isso não pode descrever o crescimento real de algumas populações. Figura 2 Curva de crescimento exponencial; b curva de crescimento logístico. Capacidade de suporte do ambiente = número máximo de indivíduos que conseguem sobreviver na condição descrita acima. Fonte: modificado de: https://en.wikipedia.org/wiki/Survivorship_curve#/media/ File:Survivorship_Curves.jpg; https://pixabay.com/pt/sapo-natureza-macro-sa- po-sentado-2097029/; https://pixabay.com/pt/amarelo-p%C3%A1ssaro-voar- -animal-ave-1207914/, https://pixabay.com/pt/homem-masculino-pessoa-figu- ra-1116385/ 54 Ecologia de Populações e Comunidades 7 Regulação do crescimento populacional Toda a população tem potencial para crescer indefinidamente, porém, em ambientes naturais, onde recursos como nutrientes, luz e água são limitados e predadores e competidores estão presentes, nenhuma população pode aumentar sua densidade de modo infinito. O tamanho das populações é regulado pela interação de duas forças principais: o potencial biótico e a resistência ambiental. 7.1 O potencial biótico (ou reprodutivo) Refere-se à capacidade reprodutiva de uma população, ou seja, sua capacidade de crescimento em número. A taxa intrín- seca de aumento da população (r) representa o seu potencial para crescimento caso seus recursos fossem ilimitados e não houvesse predadores ou competidores. A maioria das popula- ções naturais apresenta crescimento bem inferior a esse limite máximo. O potencial biótico varia muito entre uma espécie e outra em virtude das diferentes estratégias reprodutivas adotadas. Bactérias, por exemplo, têm alto potencial reprodutivo, dupli- cando sua população a cada 20 minutos, enquanto alguns mamíferos têm apenas um ou dois filhotes a cada dois anos. Esse potencial também varia entre as diferentes populações de uma espécie devido à interferência de fatores ambientais (fatores limitantes, ver capítulo 5) como disponibilidade de água e nutrientes, temperatura etc., e da intensidade da pre- dação e competição nas comunidades em que estão inseridas. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 55 7.1.1 Resistência ambiental: é um conjunto de fatores que regulam ou limitam o tamanho das populações, impedindo que elas cresçam indefinidamente. A resistência ambiental cresce na mesma medida em que a densidade populacional aumenta e pode ser determinada pela diferença entre a taxa intrínseca de crescimento de uma população (r) e a taxa real observada na natureza. A interação entre o potencial biótico e a resistência do meio determina a capacidade de suporte de um determinado ambiente. 7.1.2 Capacidade de suporte (K): representa o número má- ximo de indivíduos que o ambiente consegue suportar indefini- damente em uma determinada área. 7.2 Fatores de resistência ambiental Os fatores de resistência ambiental atuam sobre as popula- ções, produzindo um aumento em suas taxas de mortalidade ou redução em suas taxas reprodutivas. Esses fatores podem ser de natureza biótica e/ou abiótica. a. Fatores abióticos: referem-se às condições climáticas como temperatura, pH, luminosidade, disponibilidade de água, nichos, abrigo, alimento etc. b. Fatores bióticos: refere-se às interações de natureza inter e intraespecíficas como predação, competição, parasitismo. Esses fatores serão estudados mais adiante no capítulo 5 desse livro. 56 Ecologia de Populações e Comunidades 7.3 Fatores dependentes e independentes da densidade 7.3.1 Fatores dependentes da densidade Quando a população aumenta muito a sua densidade, fatores como espaço e recursos podem se tornar escassos, acirrando a competição principalmente por alimento e recursos repro- dutivos, como locais de procriação e parceiros. Isso produz um aumento nas taxas de mortalidade e dispersão e reduz as taxas de natalidade. A predação e o parasitismo são dois fatores dependentes da densidade, pois os predadores e as doenças se disseminam mais facilmente em populações com alta densidade. 7.3.2 Fatores Independentes da densidade O crescimento de algumas populações é regulado por outros fatores que não a densidade, como pluviosidade, luminosida- de e temperatura. Esses fatores podem variar ao longo doano e também entre um ano e outro, provocando flutuações no tamanho das populações. A introdução de alguma substância nociva no ambiente também pode atuar como um fator inde- pendente da densidade e provocar uma drástica redução na população. Em populações naturais, a regulação é geralmente feita por uma combinação de fatores dependentes e independentes da densidade. Em algumas, os fatores dependentes se sobres- saem, em outras, os fatores independentes têm maior impor- tância. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 57 8 Efeito Allee e estados alternativos Os modelos de crescimento estudados anteriormente não po- dem explicar o crescimento de todas as populações. 8.1 Efeito Allee: populações muito pequenas e com baixa densidade, muitas vezes não apresentam o crescimento espe- rado, apesar de desfrutar de condições ótimas de sobrevivên- cia e fartura de recursos. Isso ocorre porque, muitas vezes, os organismos nessas populações encontram dificuldade de encontrar parceiros ou estão sofrendo uma predação muito intensa. 8.2 Estados alternativos: muitas vezes, os modelos de cres- cimento estudados não conseguem representar claramente o comportamento das populações, que podem mostrar diferentes padrões de crescimento em fases diferentes de seu desenvolvi- mento. Um crescimento exponencial pode ser observado nas fases iniciais do estabelecimento da população e logo pode ser substituído pelo modelo logístico à medida que a pressão do ambiente e redução na oferta de recursos se instala. Recapitulando Populações são entidades dinâmicas que se modificam no tempo e no espaço. O crescimento de uma população está associado às suas taxas demográficas como natalidade, mor- talidade imigrações e emigrações. Uma população em cres- cimento possui taxas de natalidade e imigrações maiores que 58 Ecologia de Populações e Comunidades suas taxas de mortalidade e emigração. Outros fatores, como a estrutura etária de uma população, também influenciam o seu crescimento, pois indivíduos mais velhos são mais aptos a se reproduzir e deixar mais filhotes. Além da distribuição etária, conhecer o perfil de sobrevivência e reprodução da população auxilia-nos a obter estimativas mais realistas sobre o tamanho populacional e a prever com mais precisão suas flutuações. A soma desses elementos fornece importantes informações para os trabalhos de conservação das espécies. Referências BEGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J. Ecologia: de in- divíduos a ecossistemas. Oxford: Blackwell, 2006. 759 p. CAIN, M. L.; BOWMAN, W. D.; HACKER, S. D. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 612 p. PELLI, Afonso et al. Parâmetros populacionais para Triato- ma sórdida. Stal, 1859, o vetor mais frequente da doen- ça de Chagas no Triângulo Mineiro (Heteroptera, Tria- tominae). Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 40, n. 1, p. 25-28, Feb. 2007. Available from <http:// www.sc ie lo.br/sc ie lo.php?scr ip t=sc i_ar t tex t&pi- d=S0037-86822007000100005&lng=en&nrm=iso>. access on 30 June 2017. http://dx.doi.org/10.1590/ S0037-86822007000100005. Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 59 PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2000. PELLI, Afonso et al. Parâmetros populacionais para Triatoma sórdida. Stal, 1859, o vetor mais frequente da doença de Chagas no Triângulo Mineiro (Heteroptera, Triatomi- nae). Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2007, v.40, n.1, p.25-28. ISSN 0037-8682. http://dx.doi.org/10.1590/ S0037-86822007000100005. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6. ed. Rio de Ja- neiro: Guanabara Koogan, 2011. TOWNSEND, C.R.; BEGON, M.; HARPER, J.L. Fundamentos em Ecologia. 2. ed., ArtMed. Atividades 1) Quais os fatores determinam o tamanho de uma popula- ção? 2) Qual a importância da resistência ambiental no cresci- mento populacional? 3) A taxa de variação na população de roedores ao longo dos últimos 10 anos foi sempre positiva (crescimento). Essa taxa leva em consideração o número de nascimentos (N), o número de mortes (M), o de emigrantes (E) e o de imi- grantes (I) por unidade de tempo. É correto, então, afirmar que nos últimos 10 anos: 60 Ecologia de Populações e Comunidades a) M > I + E + N b) N + I > M + E c) N + E > M + I d) M + N < E + I e) N < M – I + E 4) Quais afirmações abaixo são verdadeiras? I – A capacidade potencial que tem uma população de aumentar seu número em condições ambientais favoráveis é denominado Potencial biótico. II – A resistência do ambiente impede que as populações cresçam de acordo com seu potencial biótico. III – A densidade de uma população é independente das taxas de nascimento e de mortes, assim como das taxas de emigração e imigração. É ou são verdadeiras: a) Todas. b) Apenas I. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) Apenas I e III. 5) Considere os seguintes fatores: I. Clima Capítulo 3 Dinâmica de Populações-crescimento Populacional 61 II. Competição III. Predação IV. Parasitismo Os fatores envolvidos na regulação da população são: a) apenas I e II. b) apenas III e IV. c) apenas I, II e IV. d) apenas II, III e IV. e) I, II, III e IV. Adriane Ramos Zimmer1 Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações1 1 Bióloga, mestre em Biologia animal (UFRGS) e Doutora em microbiologia Agrí- cola e do Ambiente (UFRGS). Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações 63 Introdução Nos capítulos anteriores, conhecemos e analisamos diversos parâmetros e atributos populacionais e discutimos alguns as- pectos de sua interação. Agora, vamos falar sobre as meto- dologias empregadas no estudo desses descritores e de que forma organizamos os dados em um estudo populacional. 1 Delimitação do espaço e da população de estudo O primeiro passo quando se deseja trabalhar com populações é estabelecer os limites que se deseja. Isso é determinado con- forme as características gerais da espécie e também do am- biente. Nosso estudo precisa ter um espaço geográfico bem delimitado, pois é em função dele que alguns índices, como a densidade, por exemplo, serão calculados. A delimitação do espaço deve ainda levar em conta as características de vida da espécie, como seus hábitos de forrageamento, padrões repro- dutivos e abranger todo seu ciclo de vida. 2 Amostragens Na maioria dos casos, trabalhar com populações inteiras é bastante trabalhoso e dispendioso. Assim, na maioria das ve- zes, em estudos de Ecologia de populações e de comunida- des, os pesquisadores trabalham com amostras. Essas amos- 64 Ecologia de Populações e Comunidades tras precisam levar em conta as características da população amostrada e também ter um tamanho suficiente para ser re- presentativas da população estudada. Se trabalhamos com um organismo como a onça pintada, por exemplo, não pode- mos esperar um tamanho amostral (N) de 50 em uma área de 1km2. Da mesma forma, quando trabalhamos com pequenos roedores, não podemos concentrar nosso esforço amostral em uma área muito pequena. Se a amostra não é representati- va da população nas características avaliadas, os resultados poderão estar comprometidos. A avaliação que você faz por meio dessa amostragem, tais como a abundância e vários ou- tros parâmetros, é dada por aquela parte da população amos- trada pelo método que você escolheu. 3 Estimativa do tamanho populacional O tamanho de uma população, em geral, é calculado através da sua densidade absoluta. Existem diferentes técnicas para se estimar o tamanho de uma população. As principais são a contagem direta (censo), marcação e recaptura. Isso também pode ser realizadoatravés da estima- tiva de densidade. 3.1 Contagem Representa a contagem de todos os indivíduos da população. Na maioria dos casos, é difícil contar todos os organismos, pois as populações são muito grandes, o que inviabiliza o uso Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações 65 dessa técnica. Outra limitação é a mobilidade dos indivíduos. Quando os espécimes se movimentam mais rapidamente que o pesquisador é capaz de contar ou tem ciclos de vida dife- renciados, a contagem total e direta pode não ser adequada. 3.2 Índices de densidade Outra forma de se determinar o tamanho de uma população é através dos índices de densidade. Nessa técnica, a densidade absoluta dos organismos é dada por métodos indiretos, como o número de avistamentos em um determinado intervalo de tempo ou por unidade de área percorrida. Ou, ainda, pelo número de indivíduos coletados em uma determinada unidade de tempo (esforço amostral). 3.3 Censo de uma parcela O pesquisador define uma área menor ou determina qua- drantes e conta a quantidade de indivíduos em cada área ou quadrante definido. Após, faz-se uma média do número de indivíduos encontrados nas áreas ou quadrantes amostrados e o valor é extrapolado para a população. Tanto o método de contagem total quanto o parcial podem ser realizados de forma direta ou indireta. Na forma direta os indivíduos são contados um a um. Na forma indireta, utiliza- se indícios de sua presença, como pegadas, fezes, carcaças, tocas, imagens etc. 66 Ecologia de Populações e Comunidades 3.4 Marcação e recaptura O método de Lincon-Petersen, como é conhecido, prevê a captura, marcação e recaptura de indivíduos. Ele é utilizado com populações de indivíduos móveis (animais). O método é realizado em duas etapas: na primeira, os animais são captu- rados e marcados e depois são devolvidos para a população de origem. Após um período de tempo, realiza-se uma nova captura e se estima o tamanho da população a partir da quan- tidade de indivíduos não marcados coletados. Essa técnica exige alguns cuidados:  O período entre uma amostragem e outra deve ser cur- to, a fim de evitar morte, nascimentos ou a dispersão de indivíduos;  A marcação utilizada não pode representar um risco, um incômodo ou uma ameaça ao animal. Em resumo, ela pode alterar sua probabilidade de recaptura em re- lação ao restante da população. O cálculo do tamanho populacional, segundo esse méto- do é dado por: N = (C×M) / R Onde: M = número de indivíduos marcados na primei- ra captura; C= número de indivíduos capturados na segunda amostragem; R = números de indivíduos marcados e recap- turados. Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações 67 4 Técnicas de amostragem de populações 4.1 Invertebrados terrestres 4.1.1 Rede entomológica Essa técnica emprega o uso de redes ou puçás. A rede ento- mológica é bastante utilizada na captura de insetos durante o voo e também pode ser utilizada em arraste sobre a vegeta- ção. A abundância dos organismos pode ser determinada pelo tempo empregado na amostragem ou pelo número de vezes que a rede foi lançada. 4.1.2 Funil de Berlese Esse equipamento é empregado na amostragem de inverte- brados que vivem na serapilheira. Ele é composto por um funil com uma lâmpada na parte superior e possui um frasco com álcool 70% na parte inferior. O folhiço é colocado no funil e resseca à medida que o tempo passa por ação da luz. Os organismos ali contidos tendem a descer até o fundo do funil e caem no frasco com álcool. A abundância das espécies co- letadas pode ser relacionada com a biomassa de folhiço no funil, com a área amostrada ou com o volume de folhiço. 68 Ecologia de Populações e Comunidades Figura 1 Funil de Berlese. Fonte: https://pl.wikipedia.org/wiki/Plik:4755253068_59080f0195_bBerlese.jpg 4.1.3 Armadilhas de queda (pitfall) Essa armadilha é composta por um recipiente, que pode ser um balde ou um frasco de boca larga que é enterrado no chão com a boca alinhada ao solo. Dessa forma, indivíduos que caminham ou rastejam acabam caindo e ficam retidos no interior da armadilha. Essa armadilha pode incluir ou não uma isca. Armadilhas do tipo pitfall podem ser utilizadas para coleta de uma infinidade de organismos, porém, é importante que o tamanho do recipiente possa comportar o organismo Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações 69 sem risco de fuga. Outro cuidado que se deve ter é que todas as armadilhas empregadas devem ser exatamente iguais a fim de manter a proporcionalidade de volume. Para fins de estima- tivas de abundância, correlaciona-se o número de organismos coletados com a área da abertura da armadilha e/ou com o número de armadilhas por unidade de área. 4.2 Coleta de invertebrados aquáticos Figura 2 Armadilhas pitfall. Fonte: https://www.flickr.com/photos/joshuatreenp/17115987820; https://www. flickr.com/photos/dougbeckers/4362052878 4.2.1 Amostrador Suber Esse equipamento é uma espécie de puçá, com uma rede de plâncton acoplada e com a base reta, muito utilizado para coletas em rios rasos e pedregosos. A abertura tem uma área conhecida. O equipamento é posicionado rente ao fundo, contra a correnteza e os organismos que caem dentro da rede são contados e identificados. A densidade é dada pelo número de indivíduos coletados por área. Outra forma de calcular a abundância é em função do tempo de exposição. 70 Ecologia de Populações e Comunidades 4.2.2 Busca de fundo Esse equipamento é um tipo de escavadeira que é mergulhado aberto na coluna d’agua até o sedimento. Quando chega ao fundo ele é fechado e traz parte do sedimento em seu interior ao ser içado. Na superfície, o sedimento é pesado e os orga- nismos são separados com auxílio de um conjunto de peneiras com malhas decrescentes. O cálculo da densidade é obtido pelo número de indivíduos coletados em função do volume ou peso do sedimento extraído. 4.3 Invertebrados em costão rochoso 4.3.1 Quadrantes Uma vez que esses organismos são sésseis, é possível contá- -los em quadrantes. Determina-se a área a ser amostrada e, em seguida, divide-se essa área em parcelas de igual tama- nho. Podemos escolher um número determinado de quadran- tes de modo aleatório em cada amostragem ou contar todos os quadrantes. O cálculo da abundância é dado pela média do número de indivíduos / área do quadrante. 4.4 Peixes Esses organismos, bem como outros vertebrados aquáticos, podem ser contados de forma direta através de avistamento. As técnicas de marcação e recaptura também podem ser em- pregadas para algumas espécies. É possível também o empre- go de armadilhas ou redes de arrasto. Capítulo 4 Técnicas de Estudo e Amostragem de Populações 71 As armadilhas geralmente são cubicas, com uma entrada que impede a saída do organismo e podem ser utilizadas is- cas. Nesses métodos, os cálculos de abundância geralmente são realizados em função do esforço amostral. No caso das armadilhas, esse número é dado pelo tempo que a armadilha esteve exposta e/ ou pelo número de armadilhas utilizadas por área. 4.5 Aves e morcegos Para esses organismos, podemos empregar as técnicas de avis- tamento ou a captura através de redes de neblina. No caso dos avistamentos, o observador deve ser capaz de identificar com segurança a espécie que é objeto do seu estudo. Os cálculos de abundância são realizados em função do esforço amostral. Quando a amostragem for realizada com rede de neblina ela deve ser estendida em local e horário apropriado às ati- vidades da espécie estudada. A rede deve ser inspecionada seguidamente e os espécimes capturados devem ser registra- dos e liberados. Nessa técnica também é possível associar a técnica de marcação e recaptura. 72 Ecologia de Populações e
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