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TEORIA DOS CONTRATOS E RESPONSABILIDADE CIVIL - Cristiano Chaves - Caderno 2a Prova

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TEORIA DOS CONTRATOS E RESPONSABILIDADE CIVIL
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CONCEITO DE CONTRATO – No direito romano, contrato era um acordo de vontade para efeitos patrimoniais, ficando perceptível que os efeitos do acordo só seriam produzidos entre e para as partes, possuindo finalidade econômica. A contemporaneidade fez com que o conceito de contrato se ampliasse, havendo uma mutação interpretativa e conceitual do contrato com o intuito de que houvesse uma maximização na conceituação de contrato, podendo haver uma ampliação em (i) relação às partes/ampliação subjetiva; e (ii) ampliação objetiva/em relação ao objeto.
 Portanto, podemos concluir que o contrato é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos pelas partes, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pelo sistema jurídico que sobre ele incide.
AMPLIAÇÃO SUBJETIVA DOS CONTRATOS – É a mutação do conceito de contrato em relação às partes e aos sujeitos da relação. Houve a criação de novas figuras contratuais, como os contratos plurilaterais (as partes juntam-se para perseguir um objeto comum, vide o contrato de sociedade), difusos e coletivos, fazendo com que os contratos não sejam mais apenas entre duas partes.
-Direitos Individuais: Direitos Individuais podem ser simples ou homogêneos, sendo os direitos pertencentes a um só indivíduo. 
(i) Direitos Individuais Simples são os direitos que pertencem a um único indivíduo, onde só o mesmo irá exigir a tutela jurídica de tal direito.
(ii) Direitos Individuais Homogêneos são aqueles indeterminados, sendo um conjunto de indivíduos ligados por um evento de origem comum que possuem o mesmo direito individual. Tais direitos podem ser tutelados coletivamente muito mais por uma opção política do que pela natureza de seus direitos, que são individuais, unidos os seus sujeitos pela homogeneidade de tais direitos num dado caso. 
-Direitos Transindividuais: Direitos Transindividuais são direitos que transcendem a um indivíduo, se estendendo a mais de um indivíduo. 
(i) Direitos Difusos constituem direitos transindividuais, ou seja, que ultrapassam a esfera de um único indivíduo que são caracterizados principalmente por sua indivisibilidade, onde a satisfação do direito deve atingir a uma coletividade indeterminada, porém, ligada por uma circunstância de fato. Por exemplo, o direito a respirar um ar puro, a um meio ambiente equilibrado, qualidade de vida, entre outros que pertençam à massa de indivíduos e cujos prejuízos de uma eventual reparação de dano não podem ser individualmente calculados.
(ii) Direitos Coletivos constituem são direitos transindividuais de pessoas ligadas por uma relação jurídica base entre si ou com a parte contrária, sendo seus sujeitos indeterminados, porém determináveis. Há também a indivisibilidade do direito, pois não é possível conceber tratamento diferenciado aos diversos interessados coletivamente, desde que ligados pela mesma relação jurídica. Como exemplo, citem-se os direitos de determinadas categorias sindicais que podem, inclusive, agir por meio de seus sindicatos. Trata-se do interesse de uma categoria.
AMPLIAÇÃO OBJETIVA DOS CONTRATOS – É a mutação conceitual do contrato em relação ao seu objeto. A partir desta ampliação, o objeto do contrato passa a não ser algo necessariamente patrimonial, vide os contratos existenciais, que são os tipos de contratos que não possuem, necessariamente, efeitos patrimoniais, vide o casamento.
OBS: Mutação Constitucional é a alteração do sentido conceitual e interpretativo de uma norma constitucional. O STF RE 778889 PE foi um caso sobre a constitucionalidade da licença paternidade e maternidade. Até 2017, o STF entendia que as leis que estabeleciam prazos diferenciados de licença paternidade e maternidade entre a filiação biológica e adotiva eram constitucionais. Com a RE 778 889 PE, tanto na filiação biológica quanto a adotiva, foi definido que ambas possuiriam os mesmo prazos de licença paternidade e maternidade.
DIREITO INTERTEMPORAL DOS CONTRATOS – O estudo do direito intertemporal é o estudo de que modo as leis devem incidir nos fatos ao longo do tempo. Existem dois tipos de relações jurídicas, que são as relações jurídicas instantâneas e as de trato sucessivo.
RELAÇÕES JURÍDICAS DE TRATO SUCESSIVO - As Relações Jurídicas de Trato Sucessivo também são chamadas de Relações Continuativas. Os contratos são relações jurídicas de trato sucessivo, se prolongando ao longo do tempo, caracterizando-se pela prática ou abstinência de atos reiterados. O grande problema dessas relações é a sua projeção no tempo, gerando uma dúvida sobre qual lei deve ser a aplicada no contrato, a do momento em que o contrato foi criado ou a lei atual. A Existência e Validade do contrato ficam submetidas à norma do tempo da celebração do contrato (podendo haver ultratividade, onde a norma exerce seus efeitos após sua vigência), enquanto a Eficácia do contrato ficará submetida à norma atual, de acordo com uma regra prevista no Artigo 2035 do Codex.
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
RELAÇÕES JURÍDICAS INSTANTÂNEAS – São as relações jurídicas que se consumam em um só ato, sendo cumpridas imediatamente após sua constituição. As prestações das relações jurídicas instantâneas se realizam em um único momento, como o transporte e o pagamento à vista (em uma só prestação). 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS - No Código Civil, a formação dos contratos se dá pelas (i) negociações preliminares, (ii) proposta/oferta (policitação) e (iii) aceitação (oblação). Além disso, pode haver o (iv) contrato preliminar, que está numa dimensão antecedente, não integrando a formação do contrato.
PRÉ-CONTRATO/CONTRATOS PRELIMINARES – O Pré-Contrato ou Promessa de Contrato é uma obrigação de fazer consistente em celebrar outro contrato, cujo objeto é a formação de um contrato prometido. 
-Autonomia do Contrato Preliminar e seu Inadimplemento: A importância do Contrato Preliminar é que o mesmo é autônomo, podendo portanto ser executado. Caso haja o (i)inadimplemento do contrato preliminar por uma das partes, o estipulante poderá ser executado pela outra parte através de (a) tutela específica (obtenção do resultado prático equivalente) ou por (b) perdas e danos pela outra parte, de acordo com o Artigo 465 do Codex.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
-Contrato Preliminar Quanto à Forma: De acordo com o Artigo 462, o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
 Um exemplo é nos casos de compra e venda parcelada de propriedade, também conhecida como (i) Adjudicação Compulsória, que é a transferência obrigatória (compulsória) de um bem móvel ou imóvel, ou seja, quando o vendedor e o comprador de um imóvel celebram um compromisso de venda e compra com pagamento parcelado, ambas as partes se comprometem, após a quitação do débito, a passar a escritura definitiva. Na Adjudicação Compulsória, não houve a formação do contrato de compra e venda, mas sim a promessa/contrato preliminar de compra e venda, ou seja, não será necessário que a promessa seja feita em escritura definitiva (forma do contrato de compra e venda de imóveis). 
 Todavia, se algumadas partes, por razões diversas, negar-se a concluir o negócio, lavrando a escritura definitiva, a parte interessada pode ingressar com ação judicial de adjudicação compulsória com a finalidade de obter, através de sentença, a denominada carta de adjudicação, o que substitui a lavratura da escritura definitiva.
SÚMULA STJ 239 - O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR – São conversas prévias, sondagens, debates em que despontam os interesses de cada um, tendo em vista o contrato futuro. Quando realizada de forma escrita, a mesma é chamada de minuta, podendo também ser chamada de puntuações. Nas negociações preliminares ainda não existe o contrato, ou seja, não existem obrigações contratuais, fazendo com que as partes não possam ser demandadas ou responsabilizadas. Logo, na fase das negociações preliminares não há responsabilização contratual porque não há contrato. Não podemos falar de responsabilidades contratuais, mas sim de responsabilidades extracontratuais decorrentes dos deveres anexos da boa-fé objetiva, onde tal responsabilidade é a Responsabilidade Pré-Contratual.
 Um exemplo é quando o funcionário da Empresa A passa a negociar preliminarmente com a Empresa B que, durante as negociações preliminares, garante a tal funcionário que o emprego estará certo e garantido caso o indivíduo saia da Empresa A. Após a saída do funcionário da Empresa A para poder, de fato, aceitar a oferta de contrato, a Empresa B diz que não há mais a vaga, gerando uma responsabilidade Pré-Contratual. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
PROPOSTA – A proposta é a declaração receptícia (que avisa, solicita, oferece) pela qual alguém (proponente, policitante, solicitante) efetivamente dirige a vontade declarada a outrem (aceitante, policitado, oblato), pretendendo celebrar um contrato. Também conhecida como oferta ou policitação, a proposta, independentemente de ser individual ou coletiva (deverão ser dotadas de maior segurança), vinculará o proponente (quem propõe se vincula a cumpri-la), gerando expectativas. 
 Mais do que isso, a proposta vincula o proponente e seus herdeiros (na hipótese de falecimento do proponente, seus herdeiros serão vinculados a cumprirem a proposta, vide o benefício de inventário). A proposta precisa ser séria, idônea e razoável. A proposta é um negócio jurídico unilateral que tem como consequência ou a aceitação pura e simples, que bilateraliza o negócio jurídico e vincula os figurantes, ou a recusa, ou a aceitação modificativa, que não é propriamente a aceitação, mas sim uma nova oferta.
OBS: No CDC/90, proposta seria individual enquanto oferta é destinada ao coletivo.
OBS: Benefício de Inventário, previsto no Artigo 1792 do CC, é quando todos os herdeiros só respondem nos limites das forças da herança transmitida.
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
-Execução da Proposta: Feita a proposta e sabendo da vinculatividade dos proponentes e de seus herdeiros, caso o aceitante queira aceitar a proposta, o CDC e CC/02 estabelecem que a proposta é vinculante e, para o conforto do aceitante, existente duas possíveis formas de execução específica da proposta, onde o aceitante decide entre: 
(i) Indenização Por Perdas E Danos, que ocorre caso haja frustração da proposta e o aceitante não tenha mais interesse, exigindo uma indenização, lembrando que, de acordo com o Artigo 499 do Novo CPC, a obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente ou; 
(CPC) Art. 499.  A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
(ii) Tutela Específica, também chamada de Obtenção Do Resultado Prático Equivalente, que significa pedir ao juiz uma providência para que seja garantido o direito. A tutela específica ocorre caso haja frustração da proposta e o aceitante ainda possua interesse, exigindo a execução da proposta. O Código sempre orienta à tutela específica, desejando que o sistema de responsabilidade seja usado subsidiariamente (o contrário do que ocorre na prática), evitando um litígio.
 O Código resguardará ao proponente a possibilidade de expressamente ressalvar a sua responsabilidade, impondo certas condições. Logo, nada impede que o proponente diga que está realizando a proposta, mas que possui uma quantidade limitada de produtos ou que a proposta terá uma data específica (apenas 100 carros ou feirão de carros apenas hoje). Entretanto, tais condições são sindicáveis/passíveis de discussão, pois as mesmas não podem ser abusivas (abuso é de responsabilidade objetiva, independe do dolo), sendo possível controlar eventual abusividade da condição ressalvada pelo proponente.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
ACEITAÇÃO - A aceitação, também conhecida como oblação, é a adesão/aquiescência/anuência do aceitante/oblato aos termos da proposta que lhe foi apresentada. A aceitação terá como primeiro efeito a vinculação de ambas as partes ás obrigações contratualmente assumidas. É essencial o fato de que a aceitação deve ser realizada no prazo estipulado da proposta e em seus exatos termos, de modo que a aceitação tardia desvincula o proponente, excluindo a irrevogabilidade da proposta se a resposta for intempestiva (praticado após haver decorrido o prazo legal).
OBS: A aceitação tem de ser sempre plena e integral. A aceitação não pode estar submetida a termo ou condição e não pode contar adição, modificação nem ser fora do prazo, sendo isto uma nova proposta (Artigo 431, CC), havendo a inversãodos polos entre aceitante e proponente.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
-Contratos de Adesão: Nos contratos de adesão, a aceitação é em bloco, não havendo espaço para discussões/deliberações sobre o contrato (“tudo ou nada”), ou pela (i) natureza do contrato (contratos de transporte) ou pelas (ii) condições impostas unilateralmente pelo proponente. O Poder Judiciário intervirá em maior escala nos contratos de adesão, pois há uma necessidade maior de controle, com o intuito de evitar a abusividade. 
 Há uma prioridade em relação ao CDC e não ao CC, devendo os contratos de adesão serem interpretados em favor do aderente (consumidor). Entretanto, de acordo com o (iii) Diálogo das Fontes, uma técnica de interpretação das normas criada por Erik Jaime, a norma geral que contiver um dispositivo mais protetivo ao sujeito do que a norma especial, inverte-se a lógica, sendo aplicada a norma geral no lugar da norma especial. 
 As regras interpretativas do contrato de adesão no Código Civil estão previstas no Artigo 423 e 424, sendo aplicadas pelo Diálogo das Fontes, por serem mais protetivas, prevendo que (a)toda a interpretação do contrato de adesão será sempre a mais favorável ao aderente e que (b) toda cláusula de renúncia à direitos contidas no contrato de adesão é nula.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
OBS: A súmula 335 do STJ aparentemente se contrapõe ao Artigo 424. Porém, com a harmonização da Súmula 335 (elaborada anteriormente do CC/02), podemos concluir que apenas os contratos de locação que não sejam de adesão será permitida e válida a renúncia à indenização de benfeitores e ao direito de retenção.
 SÚMULA 335 STJ -Nos contratos de locação (que não sejam de adesão - HARMONIZAÇÃO), é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
-Contratos Paritários: Já nos Contratos Paritários, a aceitação tem espaço para a negociação, podendo haver deliberações entre as partes sobre o contrato. Os contratos paritários partem da premissa da autonomia privada/vontade das partes, devendo haver menor interferência do Poder Judiciário nesse tipo de contrato. Há uma prioridade em relação ao CC.
-Momento de Celebração dos Contratos: Realizada a aceitação pelo oblato, o contrato estará aperfeiçoado, sendo o momento de celebração dos contratos. Ordinariamente, os contratos se formam pela aceitação. A aceitação é o momento de formação do contrato entre (i) Presentes, que são pessoas que estão nas mesmas circunstâncias temporais, não necessariamente espaciais (vide telemarketing), salvo disposição contrária da própria aceitação (autonomia das partes, desde que a mesma não seja abusiva).
(ii) Ausentes são aquelas pessoas que não estão presentes nas mesmas circunstâncias temporais. Caio Mário defendia que nos contratos entre ausentes, a melhor teoria explicativa é a (a) Teoria da Cognição, onde os contratos entre ausentes se formam quando o proponente toma conhecimento da aceitação, ou seja, quando o proponente passar a conhecer a aceitação . Todavia, o Código Civil não adotou a Teoria da Cognição, adotando de fato a (b) Teoria da Agnição por Expedição onde, para o CC, os contratos entre ausentes se formam quando o aceitante expede a aceitação para o proponente, independentemente do proponente tomar conhecimento da aceitação. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
OBS: A Teoria da Recepção estabelece que o contrato se forma quando a aceitação chega ao proponente, independentemente do proponente tomar conhecimento da aceitação.
OBS: O Contrato Eletrônico é um contrato formado na internet, considerado ordinariamente um contrato entre ausentes (caso o vendedor esteja online, é um contrato entre presentes). O CC não tinha como imaginar o contrato eletrônico, porque ele não existia. Estudos mais recentes indicam que deve ser feita uma adaptação das Teorias do CC ao contrato eletrônico, sendo criadas figuras paralelas de garantia desse contrato.
-Lugar do Contrato: Lugar do contrato é um lugar em que o contrato deve ser cumprido e celebrado sendo, de acordo com o Artigo 435 do Código Civil, o local em que foi proposto, enquanto o Artigo 9º, §2º da LINDB diz que a obrigação resultante do contrato é constituída no local onde reside o proponente. 
 O (i) Artigo 435 do Código Civil está relacionado às relações privadas entre pessoas domiciliadas no Brasil, se referindo aos contratos nacionais. A (ii) LINDB, do Artigo 7º ao 18, disciplina relações internacionais privadas, onde o Artigo 9º se refere aos contratos internacionais. 
 Logo, apesar de estarem estabelecendo coisas diferentes e, aparentemente em desarmonia, os mesmos estão a par (ao lado) e harmonizados de acordo com o Artigo 2º,§2º da LINDB, pois se harmonizam pelo fato de tratarem de diferentes matérias (CC trata de contratos nacionais e o Artigo 9º da LINDB trata de contratos internacionais). Para Contratos Nacionais, de acordo com o Artigo 435 do Codex, o contrato será celebrado no lugar em que foi proposto. Já nos contratos internacionais, o contrato será celebrado no lugar em residir o proponente. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
(LINDB) Art. 9o  Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem.
§ 2o  A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente.
(LINDB) Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.        
§ 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
OBS: Cláusula de Foro de Eleição não se confunde com lugar do contrato. Foro de eleição é a escolha do lugar pelas partes numa cláusula contratual onde, eventualmente, se discutirão litígios e situações jurídicas decorrentes de um contrato. A clausula de foro de eleição só será nula caso a mesma seja abusiva.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NOS CONTRATOS – O contrato tem grandes potencialidades para produção indireta de efeitos contra terceiros, que podem ser atingidos pelo contrato, de acordo com a Função Social do Contrato. Para que terceiros sejam diretamente vinculados a um contrato, é necessária uma previsão legal, que são a promessa de fato de terceiro, estipulações em favor de terceiros e contrato com pessoa a declarar. 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIROS - É uma obrigação de fazer, que caracteriza-se quando uma pessoa celebra um contrato (negócio jurídico) com outra, contendo uma previsão de que a prestação contratada será cumprida por um terceiro, ou seja, são duas pessoas contratando e prevendo que a prestação será cumprida por outrem estranho ao contrato (A e B contratam no sentido de que a prestação será realizada por um terceiro), que não é parte, não precisando passar pelos requisitos de validade. 
 Um exemplo de promessa de fato de terceiros é quando um produtor se compromete com o contratante de que haverá a apresentação de um certo artista.-Inadimplemento Obrigacional de Terceiro: O grande problema da promessa de fato de terceiros é o inadimplemento obrigacional do terceiro que não é parte. Inadimplida a promessa, a responsabilidade recai sobre o promitente, e não sobre o prometido ou sobre o prometido e o promitente, não havendo responsabilidade solidária. O prometido só responderá nos casos em que o mesmo (i) expressamente anuir/aquiescer a promessa e caso o (ii) promitente seja o seu representante, pois não é promessa de fato de terceiro, mas sim promessa de fato próprio, pois o representante atua em nome do representado. O promitente terá direito de regresso caso seja provada a culpa do prometido.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
-Vênia Conjugal: Há uma exceção no Parágrafo Único do Artigo 439 isentando o promitente de responsabilidade, caso a indenização recaia sobre os bens da família. Existem casos previstos em lei em que uma pessoa casada precisa da autorização da outra. Essa exceção ocorre quando o fato prometido pelo promitente depende da autorização (Vênia Conjugal/Outorga) do cônjuge que cumprirá a prestação prometida (Vênia Conjugal Uxória caso seja da esposa e Vênia Conjugal Marital caso seja do esposo). Caso não haja autorização/outorga do cônjuge, o promitente estará isento e liberado de qualquer responsabilidade relacionada ao inadimplemento, para proteger os efeitos patrimoniais do núcleo familiar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
OBS: Caso os cônjuges possuam regime de separação absoluta/total, haverá responsabilidade do promitente, pois a indenização não recairá nos bens de família, mas sim nos bens do indivíduo.
 Todos os exemplos de vênia conjugal que resultam na isenção de responsabilidade do promitente estão presentes no Artigo 1647 do Codex.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
OBS: É comum no Brasil que se crie responsabilidade solidária mesmo sem haver previsão de lei, vide a Súmula 221 do STJ, prevendo que tanto os jornalistas quanto o meio de comunicação serão responsáveis, contrariando o Artigo 265 do Codex, que prevê que a solidariedade não se presume, resultando da lei ou da vontade das partes. O chamamento ao processo pelo devedor solidário não é cabível em relações de consumo.
SÚMULA 221 STJ - São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS – Na estipulação em favor de terceiros, haverá um negócio jurídico celebrado entre duas partes (partes capazes e solventes para que o negócio seja válido) contendo uma cláusula prevendo que os efeitos benéficos se produzirão sobre o patrimônio de um terceiro (pode ser qualquer tipo de pessoa, insolvente ou incapaz) que não integra o contrato. O terceiro, em nenhuma hipótese, será atingido negativamente, só podendo ser beneficiado, pois o mesmo não é parte, mas somente um terceiro beneficiário/estipulado. 
 Um exemplo é o contrato de seguro de vida, que possui a seguradora, o segurado e o beneficiário. O beneficiário do seguro de vida não é parte, sendo o terceiro beneficiário. Na ocorrência do evento assegurado (sinistro), a seguradora pagará uma indenização ao beneficiário. Havendo inadimplemento do prêmio (pagamento feito pelo segurado), apenas o segurado será executado e não o terceiro beneficiário.
-Regime Jurídico da Estipulação em Favor de Terceiros: O Codex autoriza nas estipulações em favor de terceiros que (i) tanto a parte quanto o terceiro beneficiário/estipulado terão legitimidade para executar o contrato, salvo disposição contrária. Ou seja, o estipulado não pode ser executado, mas pode executar, garantindo o seu benefício e evitando o seu prejuízo.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
 Há a possibilidade do contratante exonerar o outro contratante. Porém, (ii) só é possível a um contratante dispensar/exonerar o outro de cumprir suas obrigações se o contrato expressamente retirar do terceiro a possibilidade de executá-lo.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
 O (iii) terceiro beneficiário pode ser substituído a qualquer tempo, independentemente da anuência da outra parte. Nesse caso, o terceiro nada pode reclamar, porém, se houver violação da boa-fé objetiva (criação legítima de uma expectativa, por exemplo), o terceiro poderia responsabilizar extracontratualmente o contratante que o retirou, por violação dos deveres anexos da boa-fé objetiva.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
CONTRATOS COM PESSOAS A DECLARAR – No contrato com pessoa a declarar, um ou ambos os contratantes reservam a si, através de cláusula expressa (não é possível por cláusula tácita ou presunção), o direito de, dentro de um determinado prazo, indicar a pessoa que figurará na sua posição contratual. 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
 Nos contratos com pessoas a declarar, o terceiro indicado será o contratante, assumindo a posição contratual retroativamente à data da celebração do contrato, ou seja, como se o contrato já tivesse sido celebrado pelo terceiro (como se o terceiro sempre fosse parte), assumindo todos os direitos e obrigações desde a data da celebração. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
 O prazo será o determinado no contrato entre as partes porém, caso haja silêncio entre os contratantes, a parte terá o prazo de 5 dias da conclusão do contrato para a indicação do terceiro.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
 O terceiro precisa ser capaz, solvente e, sobretudo, querer assumir expressamente a posição, onde a aceitação do terceiro deve assumir a mesma forma do contrato (468, Parágrafo Único, CC). Se o terceiro for insolvente, incapaz ou não aceitar assumir a posição contratual, o contrato será eficaz somente entre os contratantes originários.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação depessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
OBS: Cessão de Crédito ou Débito não se confundem com Contratos com Pessoa a Declarar pois, diferentemente da Cessão de Crédito, não há transferência no contrato com pessoa a declarar, havendo somente uma mutação subjetiva, onde o terceiro assume retroativamente a posição contratual.
OBS: Uma cláusula contratual que contiver simulação será nula, onde caso A não queira vender a casa para B, vendendo para C, que estabelecesse uma cláusula contratual de pessoa a declarar e indica B, a cláusula contratual será nula, de acordo com o Artigo 167, §1º, II do Codex.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
PRINCIPIOLOGIA DOS CONTRATOS – O Código Civil de 1916 submetia os contratos a um princípio que se arrasta desde o Direito Romano, que é o Pacta Sunt Servanda/Os Contratos Devem Ser Cumpridos Entre As Partes, estabelecendo que o contrato possui vinculatividade, ou seja, força obrigatória com relatividade às partes e boa-fé subjetiva (ideia de conhecimento), calculada pela relatividade dos efeitos, já que os efeitos só eram produzidos entre as partes.
 O Código Civil de 2002 alterou a estrutura e criou três princípios fundamentais que regem os contratos. Tais Princípios são a Boa-Fé Objetiva (Artigo 422), Função Social do Contrato (Artigo 421) e Equilíbrio Econômico-Financeiro (Artigos 478 e 317, CC).
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA – Para os contratos, o Princípio da Boa-Fé Objetiva estabelece que os contratantes, tanto na celebração e conclusão quanto na execução do contrato, devem agir de boa-fé. A Boa-Fé Objetiva cria os conceitos de responsabilidade civil pré-contratual e responsabilidade civil pós-contratual, sem contar com a violação positiva de contrato, que é o descumprimento dos deveres anexos. 
 A Boa-Fé Objetiva é multifuncional, oriunda da doutrina germânica “Treu Und Glauben”/Lealdade e Respeito, sendo o sentimento ético que se espera das partes, ou seja, é estabelecido um padrão mínimo de conduta/comportamento esperado entre as partes, sendo uma boa-fé principiológica. Boa-Fé é um valor jurídico dúplice, podendo ser objetiva ou subjetiva. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
OBS: A boa-fé objetiva não é um instrumento para retirar vantagens licitamente obtidas ou para apoiar e proteger os hipossuficientes, mas algo que se aplica em ambas as partes da relação, sendo um instrumento para a construção de uma relação ética.
-Boa-Fé Subjetiva: A Boa-Fé Subjetiva é psicológica, se prendendo ao conhecimento, sendo o casamento putativo um exemplo de boa-fé subjetiva, que é uma norma regra.
 A boa-fé objetiva possui a Tríplice Função do Princípio da Boa-Fé Objetiva, que se divide em Função Interpretativa, Função Limitadora/Restritiva e Função Integradora.
-Função Interpretativa: Presente no Artigo 113 do CC, significa que toda e qualquer obrigação contratual deve ser interpretada pelo seu sentido ético. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
-Função Integrativa: É diferente de interpretar (buscar o sentido), pois estabelece deveres anexos/de conteúdo ético à boa-fé objetiva. Tais deveres são chamados de deveres implícitos ou laterais, sendo deveres éticos ali presentes independentemente da vontade das partes. 
 A (i) Violação Positiva Do Contrato é o descumprimento dos deveres anexos da boa-fé objetiva, independentemente do inadimplemento ou adimplemento dos deveres contratuais. Oriunda da Alemanha, a boa-fé objetiva nasceu pela violação positiva do contrato. A responsabilidade que decorre da violação positiva de contrato é extracontratual, não possuindo valor de indenização limite, podendo ter indenização maior do que a presente no contrato.
OBS: A boa-fé objetiva é fonte autônoma de obrigações, além do (i) negócio jurídico, (ii) responsabilidade civil e a (iii) proibição de enriquecimento sem causa (884 e 885 do CC), pois estabelecem deveres anexos, ou seja, a boa-fé objetiva é nascedouro das obrigações.
-Função Limitadora/Restritiva/De Controle - É a antítese da função integrativa, pois limita os direitos reconhecidos às partes que se mostram abusivos. Um exemplo é quando o indivíduo aceita voluntariamente pagar uma taxa abusiva do banco, sendo possível que o mesmo indivíduo entre em juízo para pedir o cancelamento da taxa. Esta função possui uma íntima conexão com o abuso do direito, buscando justamente evitar o abuso do direito.
FUNÇÃO SOCIAL – Relatividade dos efeitos da obrigação quer dizer que a relação obrigacional só gera efeitos para as partes. Porém, há situações em que os efeitos da relação podem afetar a sociedade além das partes, e de forma negativa. Logo, Função Social do Contrato é a preocupação que o contrato e seus efeitos entre duas partes não prejudique a coletividade e que os terceiros não prejudiquem contratos alheios. Da função social nascem dois novos conceitos: o de Terceiro Ofensor/Lesante e de Terceiro Ofendido/Lesado.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
-Terceiro Ofensor/Lesante: Terceiro Ofensor ou Terceiro Lesante/Cúmplice é aquele que atrapalhou o contrato entre as partes, tendo como exemplo a Brahma no caso Zeca Pagodinho.
-Terceiro Ofendido/Lesado: Terceiro Ofendido ou Terceiro Lesado é quando uma relação contratual entre dois sujeitos acaba prejudicando terceiros, podendo ser qualquer pessoa. Um exemplo foi quando o Hospital Aliança recusou os clientes da Sulamerica (maior plano de saúde na Bahia), extinguindo o contrato devido a questões sobre o valor recebido, fazendo com que a extinção da relação particular entre ambos gerasse imenso prejuízo a terceiros (os clientes da Sulamerica, que não integram a obrigação). O MP requereu a permanência do contrato entre a Sulamerica e o Hospital Aliança.
OBS: O terceiro tem legitimidade para ajuizar uma ação contra a relação de partes que estão o prejudicando.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO – Também chamado de Justiça Contratual, significa a contemplação dos interesses legítimos de cada parte, com o qual se liga a exigência de respeito mútuo, para que ninguém realize os seus interesses às custas do outro, se revelando na composição harmoniosa quanto ao conteúdo jurídico, econômico e social do contrato. 
-Ponto de Vista Sistêmico: Sob um ponto de vista sistêmico, o Princípio do Equilíbrio Econômico-Financeiro ganha corpo e se materializa através da (i) Teoria da Imprevisão Qualificada do CC/02 (Artigos 317 e 478) e pela (ii) Teoria da Base Objetiva do CDC/90. 
-Ponto de Vista Processual: Sob um ponto de vista processual, tanto o devedor quanto o credor e os terceiros interessados e ofendidos podem requerer a revisão ou resolução contratual (Artigo 478 usa apenas o termo devedor, fazendo uso da metonímia, significando dizer a parte interessada, que pode ser tanto o credor quanto o devedor e até mesmo os terceiros interessados e terceiro ofendido). 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuadaou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
OBS: O único caso em que o não é dado ao contratante o direito de ajuizar ação de resolução de contrato é quando se tratar de contrato de consumo, onde o fornecedor que requere a ação de resolução (impediria o direito de consumo), pode apenas requerer a revisão. Já o consumidor pode requerer tanto a revisão quanto a resolução.
-Lei Faillot e Teoria da Imprevisão: Até 1918, prevaleceu a Pacta Sunt Servanda (o contrato faz lei entre as partes, sendo a forca obrigatória dos contratos), não havendo a menor condição para se falar em revisão ou resolução judicial de contratos. Isto porque, o que se tinha era a prevalência absoluta e ilimitada da vontade, não podendo ser violada pelo Estado. Ou seja, até 1918, não existia controle judicial dos contratos. 
 Em 1918, foi criada a Lei Faillot, que trouxe a (i) Teoria da Imprevisão (com base no Direito Romano),fundamentada pela cláusula Rebus Sic Stantibus (As coisas permanecem como estão), permitindo que o Poder Judiciário pudesse controlar e revisar judicialmente os contratos (principalmente os que ocorreram antes da 1ª Guerra). A Teoria da Imprevisão era fundamentada em quatro requisitos, que são:
 Os (a) Contratos De Trato Sucessivo, que são contratos de execução continuada no tempo, onde o contrato se exaure com a prática de dois ou mais atos, como a compra e venda à prazo, diferentemente do contrato instantâneo, cuja execução se extingue com um único ato, como a compra e venda à vista, sendo que apenas os contratos de trato sucessivo garantiam a incidência da Teoria da Imprevisão; 
OBS: Os contratos instantâneos não admitem a incidência da Teoria da Imprevisão, pois os mesmos se exaurem com apenas uma ação.
 A (b) Álea Extraordinária, que é um evento imprevisível e inimaginável (no período, a álea extraordinária era a guerra). Juridicamente, álea significa extraordinariedade e imprevisibilidade; 
(c) Onerosidade Excessiva, que é um desequilíbrio entre a prestação e contraprestação, ou seja, é quando um contratante assume uma obrigação desproporcional ao seu valor. A onerosidade excessiva será declarada de acordo com o caso concreto, não existindo nenhum caso previsto em lei; e (d) Inexistência de Culpa da Parte, sendo necessário que a álea extraordinária ocorresse sem que houvesse qualquer culpa da parte.
-Teoria da Imprevisão no Brasil (Anos 40-80): O CC/16 não previa a Teoria da Imprevisão, somente chegando ao Brasil por uma contribuição doutrinária de Arnoldo Medeiros da Fonseca nos anos 40/50, que escreveu um livro (Teoria da Imprevisão e Caso Fortuito) defendendo que a Teoria da Imprevisão garante que a situação fática existente na data de formação do contrato se mantenha, não violando a Pacta Sunt Servanda, sendo aplicada a Teoria da Imprevisão (Rebus sic Stantibus) em casos fortuitos, ou seja, excepcionalmente. 
 Durante os anos 70 e 80, devido a alta inflação, a Teoria da Imprevisão foi extremamente aplicada para tentar revisar os valores dos contratos. O STF, na época competente para julgar questões infraconstitucionais, decidiu que a Teoria da Imprevisão não seria aplicada em casos de inflação, pois a inflação no Brasil não preenchia o requisito de Álea Extraordinária, sendo um evento previsível e não-extraordinário.
-Teoria da Base Objetiva: Em 1990, houve a promulgação do CDC/90, que consistia na ideia de que o controle judicial de contratos não seria regido pela Teoria da Imprevisão. O CDC, portanto, estava sob influência da (i)Teoria da Base Objetiva (dialoga com a Boa-Fé Objetiva), que consiste na ideia de que a simples ocorrência da onerosidade excessiva por si só (“per si”) justifica a revisão e resolução de contratos através do controle judicial. 
 O ápice dessa discussão foi em 1999, no (a) Caso do Leasing (possibilidade de comprar carros de alto valor em múltiplas parcelas de pequeno valor), estabelecendo que o contrato seria reajustado pela variação da moeda estrangeira (algo bom para a época, pois não havia variação). Porém, houve uma alta variação da cotação do dólar, gerando um aumento absurdo nas prestações do leasing dos carros, sendo emitida uma ação contra os Bancos para revisar os valores do contrato, onde os Bancos alegaram que a Teoria da Imprevisão previa a imprevisibilidade, e a variação da moeda é previsível. Todavia, o STJ aplicou a Teoria da Base Objetiva pois, por ser uma relação de consumo e não uma relação cível, não prevê como requisito a imprevisibilidade, não sendo aplicada a Teoria da Imprevisão.
-Teoria da Imprevisão Qualificada: Em 2002, o Novo Código Civil, em seus Artigos 317 e 478 (Também nos Artigos 479 e 480), adota a Teoria da Imprevisão Qualificada. A Teoria da Imprevisão se tornou qualificada pois, em seu Artigo 478, o CC estabeleceu um 5º requisito para a Teoria da Imprevisão, existente apenas no Brasil, que é a (i) correspondência entre a onerosidade excessiva sofrida por um contratante e a extrema vantagem adquirida pelo outro contratante, dificultando ainda mais a incidência da Teoria da Imprevisão. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
-Resolução e Revisão dos Contratos por Onerosidade Excessiva: A onerosidade excessiva pode estar presente em diferentes momentos da relação contratual, podendo resultar na resolução ou revisão dos contratos, sendo tanto a resolução quanto a revisão contratual formas de controle judicial dos contratos. Toda e qualquer cláusula contratual que contemple valores aparentemente altos não serão, necessariamente, valores de onerosidade excessiva.
 Caso a (i) onerosidade excessiva ocorra no momento de celebração dos contratos, a mesma atingirá a validade da cláusula contratual, sendo (a) anulável por lesão (a lesão é composta por dolo de aproveitamento e onerosidade excessiva) caso seja civil e (b) nula caso seja do consumidor. Logo, a cláusula do valor da prestação que é excessivamente onerosa no momento do contrato civil se torna inválida e anulável por lesão, havendo retroação dos efeitos da mesma até o momento da formação do contrato.
 Ou seja, (c) caso haja revisão contratual pelo juiz, e o mesmo determine que houve onerosidade excessiva no momento da celebração do contrato, o devedor poderá executar o credor que ganhou mais do que deveria, com juros e correção monetária, desde o momento da celebração do contrato
 Caso a (ii) onerosidade excessiva ocorra ulteriormente à formação do contrato, a mesma atingirá a eficácia, sendo (a) a cláusula válida, onde seus efeitos deverão ser controlados judicialmente. Logo, se a cláusula que estabelecia o valor era inicialmente válida no momento da celebração e, em um momento posterior, é verificado a sua onerosidade excessiva nos efeitos do contrato (eficácia), haverá retroação dos efeitos da cláusula até a data da citação. 
 Ou seja, (b) caso haja revisão contratual pelo juiz, e o mesmo determine que houve onerosidade excessiva ulteriormente à celebração do contrato, o devedor poderá executar o credor que ganhou mais do que deveria, com juros e correção monetária, desde a data da citação. 
OBS: De acordo com a doutrina, ao falarmos de evento extraordinário e imprevisível, não nos referimos à causa, mas ao efeito. Ou seja, a Álea Extraordinária sedá não pela causa, mas sim pelos efeitos, que são imprevisíveis e extraordinários. 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS – Vícios Redibitórios constituem defeitos ocultos que podem tornar a coisa imprópria para o uso ou diminuem o seu valor econômico, sendo uma obrigação de garantia. É qualquer defeito em qualquer aquisição onerosa (compra e venda). Um exemplo é quando um fazendeiro compra um gado reprodutor que é doente/estéril. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
REQUISITOS DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS - Existem quatro requisitos cumulativos para a caracterização do vício redibitório.
-Contratos Onerosos: Só os contratos jurídicos onerosos geram a garantia dos vícios redibitórios, decorrente da natureza dos negócios. Ou seja, não há vício redibitório nos negócios gratuitos.
 Conforme o Artigo 441, Parágrafo Único, há exceção para dois negócios gratuitos, nos quais incidem os vícios redibitórios, que são: a (i) doação remuneratória, que é quando o indivíduo remunera alguém sem ter a obrigação jurídica de remunerá-lo, como nos casos de gorjetas (flanelinha e garçons); e a (ii) doação “propter núpcias”/para casamento que, apesar de estar em decadência nos ordenamentos jurídicos, é uma doação em que o indivíduo paga ao outro, após a efetuação do casamento, para que o mesmo se case com ele ou que se case com a pessoa escolhida pelo indivíduo.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
-Existência de um Vício na Data da Tradição: O defeito precisa existir na data de entrega da coisa onde, caso o defeito exista posteriormente à data da tradição, não haverá configuração de vícios redibitórios.
(i) Caso o alienante/vendedor conheça sobre o vício da coisa, de acordo com o Artigo 443, o mesmo restituirá o que recebeu com perdas e danos. Se (ii) não tinha conhecimento do vício, restituirá o valor recebido mais as despesas do contrato.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
 Conforme o Artigo 444, a (iii) responsabilidade continuará sendo do vendedor/alienante caso a coisa pereça quando estiver sob poder do alienatário/comprador, na hipótese do produto possuir algum vício já existente ao tempo da tradição.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
-Descoberta do Defeito Após a Tradição: A descoberta do defeito após a tradição/entnrega do vício que já existia é um exemplo de boa-fé subjetiva, pois o indivíduo não possuía conhecimento diante do erro no momento da tradição. Caso ele possua conhecimento do defeito durante a tradição e mesmo assim efetue o negócio jurídico, não haverá vicio redibitório.
-Inexistência de Cláusula Contratual Excludente da Garantia dos Vícios Redibitórios: Isso quer dizer que, de acordo com a autonomia da vontade das partes, é possível que seja estabelecida uma cláusula contratual que exclui a garantia dos vícios redibitórios, só podendo haver configuração de vícios redibitórios caso não exista tal cláusula contratual excludente.
OBS: A única hipótese em que não é permitida cláusula contratual excludente da garantia dos vícios redibitórios são os contratos de adesão e os de consumo.
RECLAMAÇÃO DO VÍCIO – Com a concretização cumulativa dos 4 requisitos, o vício tem de ser reclamado judicialmente através das Ações Edilícias. No CC existem três tipos de ações edilícias e no CDC existem quatro, onde cada uma das ações possuem finalidades específicas.
 As ações edilícias discutem a validade do contrato, sendo uma opção/faculdade reconhecida a todo comprador, não podendo o comprador/alienatário ser obrigado por lei a ajuízar uma ação edilícia, podendo o indivíduo entrar com ação de tutela específica ou perdas e danos (plano da eficácia, possuindo prazo de prescrição para 3 anos no CC e de 5 anos no CDC).
-Ação Redibitória: Também chamada pela doutrina mais antiga de ação rescisória (não é a do processo civil, que serve para rescindir uma decisão transitada em julgada), tem a finalidade de rejeitar a coisa. Ou seja, caso o fazendeiro compre o boi apenas para fins reprodutivos e o mesmo é estéril, o fazendeiro poderá entrar com uma ação redibitória para rejeitar a cosia.
-Ação Estimatória: Também conhecida como “Quanti Minoris”, é uma ação cuja função é a obtenção de um abatimento do preço. Nesse caso, o fazendeiro ficaria com o boi reprodutor, utilizando-o para outra finalidade e exigindo um abatimento do preço. 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
-Ação Ex Empto: A ação Ex Empto é uma ação dirigida à complementação da área do imóvel, se for possível (impossível no caso de terrenos que possuem via pública e lagos ou apartamentos). É uma ação exclusiva para um determinado tipo de vício redibitório, que é a quando o bem imóvel possui uma área menor do que a anunciada (o vendedor anuncia um terreno de 100m2 e o terreno possui apenas 90m2).
 Só haverá vícios redibitórios na compra e venda de um bem imóvel caso a diferença entre a área seja superior a 1/20 (5%), de acordo com o Artigo 500, §1º do CC/02, pois é uma margem de erro caso o vendedor tenha errado de boa-fé.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
OBS: Caso a alteração seja menor do que 5%, o comprador não poderá entrar com uma ação ex empto, mas poderá adentrar com uma ação.
-Ação de Substituição de Produto ou Serviço: É a 4ª possibilidade de ação edilícia, prevista exclusivamente no CDC/90. É a ação em que o comprador, ao perceber que houve vício redibitório no produto ou serviço, exige e demanda a substituição do produto/serviço. 
-Prazos Decadenciais da Ação Edilícia: O CC, em seu Artigo 445, prevê três prazos decadenciais para as ações edilícias, que são:
(i) Vício Redibitório de Fácil Constatação possuirá prazo de decadencial de 30 dias, se o bem for móvel, e de 1 ano, se for imóvel, contados da tradição do bem;
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
(ii) Vício Redibitório de Difícil Constatação possuirá prazo decadencial de 180 dias, se for móvel e de 1 ano, se for imóvel, contados da descoberta do vício, de acordo com a (a) Teoria da Actio Nata, que consiste na ideia de que os prazos só podem decorrer da data do conhecimento do vício redibitório.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
(iii) Vício Redibitório sobre Animais possuirá um prazo decadencial previsto em lei especial onde, enquanto a lei não for editada, será feito uso dos costumes locais, sendo aplicado o parágrafo antecedente caso não haja regras/costumes disciplinando as matérias.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
OBS: Nos Artigos 26 e 27 do CDC, existem prazos decadenciais das ações edilícias diferenciados, sendo o prazo de 30 ou 90 dias, contados da descoberta do vício, se o bem é durável ou não durável, respectivamente. Caso o Prazo do CC seja melhor para o consumidor, haverá aplicação do Diálogo das Fontes. Na contagem do prazo decadencial no CDC, de acordo com o Artigo 26, §2º, I, a reclamação da assistência técnica impede o começo da contagem do prazo.
  Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
        I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
        II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
        § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
        § 2° Obstam a decadência:
 I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
 III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
 De acordo com o Artigo 446, se houver (i) Prazo De Garantia Convencional na compra e venda do bem, não é contado ainda o prazo legal previsto no CC, se aplicando também ao CDC/90 pelo Diálogo das Fontes. O prazo legal só será contado apenas após o término da garantia convencional. O adiamento do prazo decadencial legal se dará também pela garantia estendida.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
EVICÇÃO – A evicção pode ser considerada a perda da coisa em virtude de decisão judicial ou administrativa que conceda o direito (total ou parcial) sobre ela a um terceiro estranho à relação contratual em que se deu a aquisição. A evicção se impõe aos contratos onerosos em geral. É um modelo jurídico que requer a perda de um bem em função do reconhecimento de este direito caber a outrem, por fato anterior à aquisição dele pelo evicto (excluído, quem comprou), onde o terceiro (evictor/evincente) demonstrará a anterioridade de seu direito, por deter a condição de real proprietário ou possuidor do bem, através de titulação anterior ao negócio que concedeu o direito ao adquirente. 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
 Evicção é a obrigação de todo e qualquer devedor de responder civilmente (indenização) caso a coisa que ele está vendendo não lhe pertença. Evicção consiste na perda da coisa comprada por uma decisão. Um exemplo é quando A vende uma terra para B, que agora é propriedade de C, que a adquiriu de A por usucapião.
OBS: Nos contratos gratuitos, como na doação, não se aplica a evicção, pois a eventual privação do bem pelo adquirente não representaria um prejuízo, mas sim uma perda de vantagem.
OBS: O Código Civil diz que pode existir evicção dos bens adquiridos em hasta pública (leilão ou praça). No processo de execução imagine que o credor foi à justiça exigir seu pagamento e entrou com a ação, onde o juiz decide penhorar o bem do devedor. Se a penhora for dinheiro o problema está resolvido. Porém, nem sempre o juiz encontra dinheiro para executar o devedor, às vezes encontrando outros bens e entregando-os ao credor, onde caso ele aceite, está encerrado o processo. O problema surge quando o bem penhorado não interessa ao credor, ou seja, o credor não tem vontade de receber aquilo, devendo tal situação ser resolvida pela hasta pública.
 Na hasta pública quem compra agora é um terceiro, que vai pagar ao poder judiciário. Imagine que o poder judiciário penhorou o bem e o terceiro confiou no poder judiciário, acreditando que o Estado só ia penhorar o que de fato pertencia ao devedor. Só que então vem outro juiz e diz que o bem não pertence ao devedor, mas sim a outro terceiro, esvaziando a execução. O terceiro que comprou de boa-fé sofre evicção. Até 2002 não existia evicção e quem comprava em hasta pública assumia cegamente todos os riscos. Pode ocorrer evicção nas aquisições em hasta pública a partir do código de 2002. Portanto, quem compra um bem em hasta pública pode sofrer evicção. Não há uma resposta para quem vai entregar o bem. Supõem que o Estado é que deverá entregar o bem. A responsabilidade seria do Estado porque foi quem assumiu a responsabilidade de penhorar a coisa.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
REQUISITOS DA EVICÇÃO – A evicção possui 4 requisitos, que são a necessidade de negócio oneroso; decisão judicial ou administrativa que confere posse ou propriedade, no todo ou em parte, a um terceiro; perda total ou parcial da posse ou da propriedade sobre a coisa adquirida; e inexistência de clausula contratual excluindo a garantia da evicção.
-Necessidade de Negócio Jurídico Oneroso: Só haverá evicção nos negócios onerosos, não sendo possível a ocorrência da evicção em negócios gratuitos, com exceção de dois casos, que são:
(i) Doação para Casamento/Propter Núpcias) é uma doação em que o indivíduo paga ao outro, após a efetuação do casamento, para que o mesmo se case com ele ou que se case com a pessoa escolhida pelo indivíduo. Quem doa para alguém casar precisa garantir a idoneidade da coisa.
(ii) Doação Remuneratória é quando o indivíduo remunera alguém sem ter a obrigação jurídica de remunerá-lo, como nos casos de gorjetas (flanelinha e garçons). Ou seja, é aquela em que, sob aparência de mera liberalidade, há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou alguma outra vantagem que haja recebido dele. Na verdade, não é uma doação, é uma remuneração por prestação de serviços. Podemos citar como exemplo o pai que dá um carro ao médico que salvou a vida do filho. A pessoa precisa garantir que a coisa possui idoneidade.
-Decisão Judicial ou Administrativa que confere posse/propriedade no todo ou em parte a um terceiro: Para que haja a evicção, é necessário que um terceiro entre com um processo alegando que aquela coisa lhe pertence e então o juiz reconhece a evicção da coisa. Um exemplo é o DETRAN que, caso perceba que o carro não confere com o chassi, ele poderá confiscar o carro se perceber que consta no chassi o nome de outro proprietário e poderá decidir apenas entregar o carro para o proprietário que consta no sistema. O DETRAN poderá fazer isso porque tem autoexecutoriedade. Quem comprou o carro que estava em outro nome está perdendo o bem por força de decisão administrativa. O terceiro, portanto, vai questionar que aquilo o que lhe foi tirado lhe pertence.
-Perda Total Ou Parcial Da Posse Ou Da Propriedade Sobre A Coisa Adquirida: Isto significa dizer que a evicção pode ser total ou parcial. Um exemplo é a compra de um terreno. Depois que B compra o terreno, A entra com uma ação alegando que o terreno lhe pertence por usucapião e a pessoa de quem B comprou o terreno irá responder por evicção.
-Inexistência De Clausula Contratual Excluindo A Garantia Da Evicção: Essa clausula será nula nos contratos de consumo e nos contratos de adesão. Essas clausulas ficam restritas aos contratos paritários não consumeristas. Em linha de princípio é uma clausula razoável porque possa ser que a pessoa que está vendendo não quer vender porque o objeto da vendaseja um objeto de litígio. Conforme o Artigo 448, a garantia da evicção existe por força de lei mas pode ser excluída por vontade das partes, exceto nos contratos de consumo e adesão, onde a cláusula será nula automaticamente.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
 De acordo com o Artigo 449, CC, a cláusula que exclui a evicção somente será valida à parte compradora tiver sido alertada dos riscos e tiver assumido, ou seja, se existir essa clausula excluindo a evicção, o comprador terá o direito de receber a indenização se não souber do risco. A boa-fé objetiva a e a cláusula excludente da evicção nesse caso são harmônicas. A clausula somente será válida se a parte compradora for expressamente advertida do risco da evicção.
 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
OBS: A autonomia privada precisa respeitar um limite ético, se o comprador quiser assumir o risco mesmo tento sido advertido então o vendedor estará livre dos riscos. 
OBS: O CPC e o CC afirmam que não há evicção nas aquisições de coisa e objeto de litígio (processo em curso). Logo, se eu compro uma coisa que é objeto de processo, não poderei alegar evicção porque não há uma certeza de vitória. Outro exemplo é quando surge o inventário, e um dos herdeiros não quer parte do inventário, onde o terceiro que se compromete a pagar sua parte estará comprando um objeto de litígio e não pagará o que vale pois estará correndo um risco que foi assumido pelo comprador, já que o vendedor pode perder o processo.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
EXTENSÃO DA GARANTIA DA EVICÇÃO – Abrange diferentes parcelas, conforme o previsto no Artigo 450 do Codex de 2002. O evicto tem direito de restituição integral do preço ou das quantias que pagou.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
-Perdas e Danos: Conforme o Artigo 450, Caput, a indenização por perdas e danos corresponde ao valor do negócio, que é o valor do negócio mais as despesas.
-Indenização pelas Benfeitorias Realizadas: As benfeitorias realizadas precisam ser indenizadas, adotando-se em relação às benfeitorias o critério finalístico, que tem o intuito de saber qual a benfeitoria que será passível de indenização. Tal teoria defende que todas as benfeitorias, salvo as voluptuárias, devem ser indenizadas. A benfeitoria voluptuária não deve ser indenizada porque é feita pelo gosto, a pessoa que a fez tem o direito de retirar.
 Em uma academia de natação a construção de uma piscina é uma benfeitoria necessária. Se for uma academia de ginástica é uma benfeitoria útil. Caso a piscina tenha sido construída em uma casa em Campos do Jordão sem cobertura e sem aquecimento, se trata de uma benfeitoria desnecessária e seguramente será inútil, mas pode ter uma função decorativa e então será voluptuária. 
-Juros e Correção Monetária: O juiz determinará os juros e a correção monetária mesmo que a parte não requeira, seguindo o Princípio do Nominalismo.
-Honorários Advocatícios e as Custas do Processo: Além do direito de restituição integral do preço ou das quantias que pagou, o evicto também poderá exigir, conforme o Artigo 450, III, as custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
-Reparação de Outros Danos Sofridos: As quatro primeiras consequências da evicção decorrerão independentemente de culpa do devedor. O quinto efeito é uma responsabilidade subjetiva e somente haverá o efeito se houver culpa. Se o vendedor/alienante estava de boa-fé, ele não responde pelos danos sofridos. Se ele estiver de má-fé, o alienante responde pelos danos. É uma responsabilidade subjetiva. Um exemplo são os lucros cessantes, danos morais, etc.
-Denunciação da Lide: A denunciação da lide é uma intervenção de terceiro provocada, pois ocorre quando o terceiro é chamado a integrar o processo, porque uma demanda lhe é dirigida. Denunciar a lide é trazer um terceiro para o processo, por força de garantia prestada, ou em razão de direito regressivo existente em face dessa pessoa. 
 O evicto, de acordo com o STJ, não precisa denunciar a lide, podendo exercer o direito de regresso contra o alienante (direito de ser ressarcido pela outra parte de um prejuízo causado por terceiro em juízo) desde que o faça dentro do prazo prescricional. O Artigo 125 do CPC acatou o entendimento do STJ e acatou a não necessidade de denunciação da lide. O evicto pode cobrar sua garantia da forma como bem entender. Formalmente o processo terá uma sentença e materialmente duas sentenças porque ela julga duas relações jurídicas diferentes: a (i)relação do evicto com o evictor (o evicto perderá a posse do bem para o evictor) e a do (ii)evicto com o alienante (o alienante indenizará o evicto).
EXTINÇÃO DO CONTRATO – A extinção de um contrato pode se dar por inexistência, invalidade ou ineficácia. Tecnicamente falando, inexistência não gera extinção, pois nem sequer gerou formação. Não se pode extinguir o que não existiu. 
EXTINÇÃO DO CONTRATO POR INVALIDADE - Na extinção de um contrato por invalidade, os vícios desse contrato serão originários. 
-Nulidade do Contrato: Se o vício é de ordem pública, se chama nulidade (juiz pode reconhecer de ofício). O contrato nulo não produz efeitos. 
-Anulabilidade do Contrato: Se for vício de ordem privada, chama-se anulabilidade (não pode reconhecer de ofício). O anulável produz efeitos até a data da decisão.
 O STJ entende que nas ações que discutam invalidade dos contratos de direito privado (anuláveis), o juiz deve corrigir o vício e manter os efeitos do contrato. É uma jurisprudência dominante do STJ. 
EXTINÇÃO DO CONTRATO POR INEFICÁCIA - Na extinção de um contrato por ineficácia, existem dois tipos de vício: porque (i) houve cumprimento das obrigações ou porque (ii)houve inadimplemento. Existem três hipóteses de inadimplemento:
-Resilição: A resilição podeser bilateral ou unilateral. A resilição bilateral é chamada de (i)Distrato, que é quando as duas partes não querem mais cumprir o contrato e ambas param de adimpli-lo. A (ii) Denúncia é a resilição unilateral, que só é permitida nos casos previstos em lei, pela natureza do contrato (há contratos que permitem a denúncia pela sua essência, como o contrato de mandato, onde pode o indivíduo, como cliente, demitir seu advogado), ou por cláusula expressa das partes, autorizando a sua realização. 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
-Resolução sem Culpa: A resolução sem culpa ocorre quando o contrato perde a eficácia porque as obrigações não foram cumpridas por um caso fortuito ou força maior. As partes voltam ao “status quo ante” e eventual adiantamento deve ser restituído. 
-Resolução Culposa: A resolução culposa é a única que gera responsabilidade civil. Além disso, gera também extinção do contrato, exceto nas hipóteses de adimplemento substancial, porque este gerará responsabilidade, mantendo a indenização, mas não poderá mais o contrato ser extinto. 
 A Teoria do “Substantial Performance” ou (i) Adimplemento Substancial/Inadimplemento Mínimo, significa que haverá apenas a execução das parcelas, mas não a resolução do contrato + perdas e danos, sendo um entendimento jurisprudencial que contraria o Artigo 475 do Codex. Entretanto, não caberá Substantial Performance em casos de alienação fiduciária (contrato pelo qual é transferido ao credor a propriedade do devedor como garantia de débito. Um exemplo é quando um banco compra um carro para o indivíduo na concessionária, onde até que o indivíduo pague ao banco o valor do carro, o mesmo será propriedade do banco mesmo sendo usado pelo indivíduo).
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.

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