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Livro Movimentos Sociais Páginas 71 a 98

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• 
MOVIMENTOS SOCIAIS: 
QUESTÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS 
- • •• ' • 
ildo Viana (org.) 
MOVIMENTOS SOCIAIS: 
QUESTÕES TEÓRICAS E CO~CEJT 
nderson Nowogrodzki 
Gabrielle Andrade 
Jean Isídio 
Juliana Furtado 
Leon Costa 
ildo Viana 
Rejane Medeiro 
b) Nildo \ iana 
úcleo de Estudos e Pesquisa em l\1oyimentos Sociais 
niversidadc Fcdcrnl de Goiás, Campus 11, FCS - 
C~i,a Postal l .l l CFP ~.l.001-9-o. 
Conselho Fditorial, 
Dr. Clcito Pereira UFG. 
Dr. Edmilson \,forque~'UEG. 
Dr. José Saruuna da Silva1UEG. 
Dr. Lucas M.,i~,IFG. 
Dr. Nildo \'fonall FG. 
Drn. Vcralúeln Plnhcrro/Uí-G. 
\ 1,\, \, Nildo (org.). 
,1ovimcnt0" Sodais: Questões Teóricas e Conceituais/Nildo Viana. Goiânia: Edições 
Redelp, 2016. 
11<6p. 
ISBN: g-)Q6587481 
1. \lovimentos Sociais. 2. Teoria dos \,fovimemos Sociais. 3. Conceito de Movimentos 
iars . .l, \fovimentos Populares. 5. ~1ovimcntos Sociais Urbanos. 6. Movimento 
egro. 7. MST. li. Manifestações. 9. Protestos. 
coo 300 
Índice,. para catálogo si~tcmático: 
l. Sociolozra. 2. Sociologia dos Movimentos Sociais. 3. Sociologia Política. 
Sumário 
APRESENTAÇÃO:QUESTÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS 
SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS 7 
Nildo Viana 
MOVIMENTOS SOCIAIS, PROTESTO E MA VIFESTAÇÕE. 
PÚBLICAS 17 
Leon Costa 
PRÁXIS POLÍTICA E MOVIMENTOS SOCIAIS: 47 
Rejane Medeiros 
OS MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES. 7 J 
Nildo Viana 
OS MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS 105 
Jean lsidio 
A EMERGÊNCIA DO NEO-ATEÍSMO COMO MOrJ.\JE.VTO 
SOCIAL: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA 125 
Anderson Nowogrodzki 
MST E MOVIMENTOS SOCIAIS: DISCUSSÃO TEÓRICO- 
CONCEJTUAL.. 153 
Juliana Furtado 
TRAJETÓRIA DO MOVIMENTO NEGRO BRASILEIRO ..... 167 
Gabriel/e Andrad. 
Teóricas 
J EN, Karl. 'reses 
Revista Hm:ri.rnw 
jan./jun., 2014. 
bre os movimentos sociais. 
Autogestão. n. 1. ano 1, 
KORSCTI, Karl. Marxistno e Filosofia. Porto: Edições 
frontarnento. 1966. 
t\4A RX, Karl. A Ideologia alemã. São Paulo: Expressão 
Popular, 2009. 
'CHERER-\\ ,'\RREN, llse. Movimentos soctais: um 
ensaio de interpretação sociológica. Florianópolis: 
:ditara UFSC. 1987. 
Vt\ZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. São 
Paulo: Expressão Popular, 2007. 
VIA '\JA, l\. ildo. Os Movimentos sociais. Florianópolis: 
Bookess, 2015. 
70 
OS MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES 
, vildo Viana 
O termo "movimentos sociais" é utílízado 
frequentemente para abordar distintos fenômenos. Entre o 
autores e pesquisadores que abordam esse tema não há 
consenso conceituai. Os meio, de comunicação. por sua 
vez, denominam como movimentos sociais O'l mai 
variados fenômenos, desde manifestações até sindicatos. O 
nosso tema aqui será os movimentos sociais populares, ou 
seja, um setor dos movimentos sociais e não ele em sua 
totalidade. Por isso o esclarecimento conceitua] se faz 
necessário. O nosso objetivo é, além do e~clarecimento 
conceituai e explicitação do que compreendemos por 
movimentos sociais populares. analisar a composição e 
dinâmica desses movimentos. 
O Conceito de Movimentos Populares 
Por questão de espaço. seremos brev es n 
esclarecimento conceituai. Os mov imcntos sociais são 
mobilizações de grupos sociais e não de classes sociais, 
apesar da relação existente, tal como apresentaremos 
adiante. Um movimento social é um mo, imento de um 
grupo social (JENSEN, 2016). Os movimentos saciai 
possuem como base um grupo s"1cial que compartilha uma 
determinada situação social que gera insatisfação e, 
derivado disso, um senso de pcrtcncimento ao mesmo e 
determinados objetivos, que constituem reivindicações, 
projetos. de. (VIAI\A, 2016a). Esse conceito se distingue 
de diversos outros, que não poderemos analisar e mostrar 
tanto as diferenças como a razão para a divergência 1, ma. 
é suficiente explicitá-lo para podermos definir o conceito 
de mo, imentos sociais populare ... 
O termo movi mentol> sociais populares ( ou 
implesrnerue mo, irnentos populares) é utilizado com 
frequência, mas sem maior esclarecimento conceituai. Há 
casos em que eles são confundidos com os movimentos 
ociais urbanos (\'IAJ\A, 2015a). Um dos poucos autores 
que buscaram definir movimentos populares foi Camacho 
1987). Este autor busca diferenciar movimentos sociais e 
mo, imentos populares. mas, no fundo, acaba colocando os 
movimentos populares como uma manifestação dos 
mo, imentos sociais, o que é contraditório. Segundo 
Camacho i 19X7. p. 218). "os movimentos sociais têm duas 
grandes manifestações: por um lado, aqueles que 
expressam os interesses dos grupos hegernônicos, e, por 
outro lado, os que expressam os interesses dos grupos 
populares. Os mo, irnentos sociais do segundo tipo são os 
que conhecemos como movimentos populares". 
F.xcetuando a confusão conceituai, essa concepção é 
próxima a que defendemos e esclareceremos a seguir. 
1 
' ma breve critica a diversos conceitos de movimentos sociais pode 
ser vista cm Viana (2016a). 
72 
Movimento oncci tua is e T córicas 
Os movimento, populares são movimentos 
ociais, mas a recíproca não é verdadeira. Os movimento 
sociais incluem os movimentos populares, mas também 
incluem diversos outros que não é possível incluir nesse 
conjunto. Os movimentos populares são mobilizações de 
grupos sociais como os demais movimentos sociais. A 
diferença está na sua composição social, o que gera 
diferenças nos objetivos, no tipo de situação e insatisfação 
relacionadas com sua existência. O elemento-chave para 
compreender o que diferencia os movimentos populares 
dos demais movimentos sociais é. portanto. sua 
composição social. 
A composição social dos movimentos populares é 
marcada pelo predomínio (na maioria dos casos chega a 
ser exclusivamente) das classes sociais despriv ilegiadas 
nos grupos sociais que realizam a mobilização. As classe 
desprivilegiadas são as que estão destituídas de qualquer 
privilégio e geralmente sofrem processos de dominação. 
exploração, subordinação e marginalização. Esse é o caso 
do proletariado, campesina to, lurnpempro letariado 
serviçariado '. Os grupos sociais de base desses 
2 Entenda-se por serviçariado (ou subaltcrnidadc) J classe subalterna, 
ou seja, aqueles que Marx denominou "classe dos serviçais" 
(MARX, 1988). O tcnno em Mar, é mais restrito, já que de cita 
mordomos e outros trabalhadores domésticos. ( onsidcramos que 
estes são apenas uma fração da classe subalterna e que esta engloba 
outras frações e incluem todos os funcionários subalternos do 
aparato estatal e instituições (e .• ratais ()U privadas), corno 
trabalhadores de limpeza, e todos que exercem os chamad 
"serviços" (como bancários, c1,mcn.:iúrios). entre outros. 
subalternos (ou "serv içais") são aqueles que são trabalhador 
assalariados improdutivos que não exercem 
73 
Movimentos Sociais: Qucsrõcr 
movimcnt 
insatisfação, poi 
os objetivos. 
s mo, imcntos sociais em geral são perpassados 
por inúmeras diferenças, presentes em suas tendências e 
ramificações (\'1Al\ .\. 2016a). As tendências. entendida 
aqui como orientações políticas. são determinadas pela 
composição social do grupo social de base e pela 
hegemonia no seu interior. Podemos dizer que, nesse 
eruido. ex istem três variedades de mo, imentos sociais: 
conservadores, progressistas (ou reformistas) e 
revolucionários (\'IAl\A. 2016a). Os movimentos sociais 
possuem grupos de base que podem ser monoclassistas ou 
policlassistas. embora o segundo caso seja predominante.', 
Os grupos sociais de base dos movimentos sociais 
conservadores são geralmente monoclassistas ou 
policlassistas, mas, nesse caso. envolvendo apenas ou 
prioritariamente a, classes privilegiadas", Os grupos 
possuem outras razões para 
ituacão social é distinta. bem como 
demais. mas, ao contrário, são controlados por outros (capitalistas, 
burocratas, empregadores).3 
Ü\ grupos de base monoclassistas são aqueles compostos por apenas 
uma classe social, como, por exemplo, o movimento piquctciro na 
Argentina. cujo grupo de base é o lumpemprolctariado (BRAGA, 
2013a), embora o rnonoclassicrno seja mais comum em ramificações 
dos movimento, sociais. Os grupos de base policlassistas são aqueles 
que possuem indivíduos de diversas classes, sendo o caso da maioria 
dos movimentos sociais. Uma análise mais ampla da composição 
social dos movimentos sociais pode ser vista em Viana (2016a). 
~ As classes sociais privilegiadas incluem a classe dominante (a 
burguesia, cm suas diversa, frações), a burocracia, a intelectualidade 
e. dependendo do lugar e época, latifundiários, entre outras. O 
74 
Movimentos Sociais: Qpestões Conceituais e Tcõríca 
.. ociais de base dos movimentos sociais progressistas são 
políclassistas, com uma grande presença da burocracia e 
da intelectualidade5. Os grupos sociais de base dos 
movimentos sociais revolucionários podem ser 
monoclassistas ou policlassistas, sendo que no primeiro 
caso seriam componentes das classes desprivilegiadas e no 
segundo teria também a presença de jovens de diversas 
classes, intelectuais, etc. 
A composição social é um elemento importante 
para mostrar as possibilidades e tendências no seu interior. 
No entanto, o que define qual é sua posição política é a 
hegemonia no seu interior. Os movimentos sociais 
conservadores possuem uma hegemonia burguesa no seu 
interior, bem como no caso da maioria dos movimentos 
sociais progressistas. Em algumas ramificações destes 
últimos, há uma hegemonia burocrática ou proletária 
(revolucionária). No caso dos movimentos sociat 
revolucionários, que são praticamente inexistentes nos 
momentos de estabilidade social e política, a hegemonia 
revolucionária emerge com a radicalização das luta 
movimento racista é o exemplo mais cristalino de-sa variedade de 
movimentos sociais. 
5 Ssse é o caso do movimento feminino e negro, entre outros. Eles são 
policlassistas por que os seus grupos sociais de base aglutinam 
indivíduos de todas as classes sociais. Claro que isso difere em cada 
caso cspccí fico. No caso do movimento feminino participam 
mulheres de todas as classes e no movimento negro, devido às 
condições sociais e históricas dos mesmos nu Brasil, também, mas 
com maior peso param, oriundos da" classes ckspri\ilcgíadus. 
r 
ciruais e Teóricas 
.••• ~ 1a1s ou épocas de revolução proletária (VIANA. 
_QJ 6a)6. 
.. mo, imentos populares são uma parte dos 
movimentos sociais progressistas. É a parle que, como já 
olocamos, os seus grupos de base são compostos pela 
classes dcspriv ilegiadas. No entanto. a hegemonia no seu 
interior pode ser burguesa, burocrática ou proletária. Isso 
depende de múltiplas determinações. Os grupos sociais de 
base tendem. por sua situação de classe, a gerar uma 
hegemonia semiproletária" ou, em casos mais raros e 
momentos de radicalização das lutas de classes, proletária. 
\ hegemonia na sociedade como um todo é burguesa por 
isso tende a influenciar os movimentos populares no 
entido da hegemonia burguesa ou, secundariamente, 
burocrática. Assim. há uma contradição entre os interesses 
de e lasse e tudo que é derivado da situação de classe 
(desprivilegiada) e a hegemonia na sociedade civil, além 
do aparato estatal, meios oligopolistas de comunicação, 
nece .• sidades imediatas, etc. É por isso que há uma forte 
contradição no interior dos movimentos populares no 
plano da consciência e da hegemonia. Tal contradição se 
manifesta sob várias formas, entre os quais através da 
ubrnissão a valores atrelados ao consumismo convivendo 
com a incapacidade de consumo, o que provoca uma 
6 Alguns autores, mesmo que superficialmente, também observaram a 
existência de tais tendências nos movimentos sociais (cf. GUNDER 
~RA'lK e 1-l ENTF5. 1989). 
7 Scrniprolctário. aqui, significa que cai no processo de amálgama 
cultural que mescla influências de ideologias, doutrinas e 
representações cotidianas burguesas com proletárias (VIANA, 
2016a). 
76 
Movimentos Sociais: Qpcsrõcs Conceituais e Teóricas 
contradição valorativa ou, então, a percepção do caráter 
conservador da política institucional ao lado da 
dificuldade de romper totalmente com ela. 
Esses aspectos (grupos sociais de base e 
consciência contraditória) devem ter motivado a utilização 
do termo "movimentos sociais populares" ou apenas 
"movimentos populares". A base social desse 
movimentos populares são trabalhadores manuais. 
moradores de periferia, desempregados, desabrigados, etc. 
É isso que explica suas reivindicações (educação, ..• aúde, 
estrutura urbana, moradia, terra, etc.), ou seja, bens 
materiais e coletivos. Desta forma, podemos definir o 
movimentos populares como movimentos sociais cuja 
base social é de grupos compostos majoritariamente ou 
totalmente pelas classes desprivilegiadas. Entre suas 
características, podemos destacar a consciência 
contraditória, uma hegemonia mais frágil no seu interior, 
reivindicações voltadas para bens matenais e/ou 
coletivos''. A sua dinâmica interna é mais diretament 
afetada pela luta de classes, pelo regime de acumulação. 
pelas políticas estatais. Esses aspectos precisam ser mai 
desenvolvidos e é o que faremos a partir de agora. 
A Dinâmica dos Movimentos Populare 
8 A consciôncia contraditória é uma ideia desenvolvida por Reich 
( 1976) e Gramsci ( 1987). Pia é uma forma de consciência que se 
reproduz no interior do proletariado (\, l,\N \ . .:!OOXa) e das demais 
classes desprivilcgiadas. L:ssa cun:.cknda contraditória e a íormaçã 
intelectual menos sólida, com prcdominio das rcprescntaçôe 
cotidianas, toma a hegemonia no seu interior mais fiaca e pa,;._i\ct de 
alterações com maior facilidade do que cm outros casus. 
77 
Ylovimcntos ncciruais e Teóricas 
Os movimentos populares realizam sua. 
reivindicações e ações geralmente direcionadas ao aparato 
estatal e isso muita" vez provoca confronto com ele. Não 
será posslvel discutir aqui a relação dos mov imento 
ociais em geral com o Estado" e por isso nos limitaremos 
ao caso dos movimentos sociais populares. Entre o 
diversos modos de conexão entre aparato estatal e 
movimentos sociais, temos aquelas que são mais comun. 
no caso dos movimentos populares. O modo de conexão 
estatal com os movimentos sociais, ou seja, quando o 
aparato estatal toma a iniciativa, é através da cooptação. 
burocratização, repressão ou omissão (VJANA, 2016a). 
lo caso dos movimentos populares a repressão seletiva é 
a forma mais comum. Essa ocorre especialmente quando 
ramificações dos movimentos populares realizam 
manifestações, ocupações. etc. A repressão é legitimada 
geralmente por discursos jurídicos, como reintegração de 
posse. não autorização do governo, supostas agressões a 
policiais, etc. ,\ cooptação é em grau menor (sendo que 
sua incidência é maior nos demais movimentos sociais), 
bem como a burocratização'". A omissão geralmente 
ocorre quando os movimentos sociais não interferem 
" Sobre isso. cf. Viana, 2016a. Os estudos da chamada Teoria da 
obilização Política (ALONSO, 2009; GOIIN, 2002) aborda essa 
relação, mas sob forma distinta da que realizamos aqui. 
10 !\ burocratização incentivada pelo aparato estatal ocorre cm menor 
grau, mas pode assumir diversas formas e intensidades em casos 
concretos específicos. h~se é o caso da burocratização das 
associações de moradores de favelas no Rio de Janeiro (DINIZ, 
1983). 
78 
Movimentos Sociais: oru ciruai e Teóricas 
diretamente nos interesses do í:.stado ou do capital, 
especialmente atividades culturais. 
Por outro lado, os movimentos sociais também 
tomam iniciativa em relação ao aparato estatal. Os 
movimentos sociais progressistas assumem, 
hegemonicamente, uma orientação estatista, tornando o 
aparato estatalo centro de suas reivindicações ou principal 
regularizador das mesmas. Algumas de suas ramificaçõe· 
acabam girando ao seu redor e vivendo em função do 
Estado. No entanto, algumas ramificações do: 
movimentos sociais (setores, tendências. organizações) 
apresentam uma orientação civilista, ou seja, o seu foco 
não é o aparato estatal e sim a sociedade civil. Não há, no 
entanto, homogeneidade na orientação civilista. que pode 
ser extemalista, independente ou antiestatista11. 
A orientação civilista é defendida por setores e 
tendências dos movimentos sociais que não se vinculam 
ao aparato estatal, sendo que alguns são antiestatistas. A 
orientação civilista pode assumir três formas distintas: a 
extemalista, a independente e a antiestatista. A propensão 
externalista é marcada por caracterizar um certo 
11 Esses modos de conexão entre Estado e mo, irnentos ,;,1dai~ não 
poderiam ser abordados aqui de forma aprofundada e por isso 
remetemos a análise mais completa e profunda realizada cm out 
obra (VIANA, 2016a) Da mesma forma, a questão da orientação dos 
movimentos sociais cm relação ao aparato estatal é bastante 
complexa (VIANA. 2016a) e no âmbito mais geral nào poderem 
abordar aqui. Resta apenas recordar que a terminologia "oricntaçãr 
estatista" e "orientação civilista" tem como fonte de inspiração a 
abordagem de um autor que usou os termo-, "deriva estatista" •· 
"deriva civilista" (C' ARRION, 1985). 
79 
x lovirncntos 
distanciamento cm relação ao aparato estatal, ficando nas 
margens e sem grandes contatos. A propensão 
independente é aquela cujo contato e acesso ao estado não 
ria vínculos e a ramificação do movimento social se 
mantém numa posição independente. A propensão 
ant icstat ista é defcnd ida por certas tendências 
revolucionárias, que pregam a abolição do aparato estatal. 
composição social dos movimentos populare 
gera uma diferenciação com os demais movimentos 
sociais progressistas, gerando não somente reivindicações 
distintas, mas também um modo de conexão diferenciado 
mm o t-stado. Os mo, irncntos populares tendem a ter uma 
orientação externalista. Isso decorre. principalmente, da 
base social de tais movimentos, pois estão concretamente 
mais distantes do aparato estatal". Os usuários do 
transporte coletivo, por exemplo, possuem dificuldades de 
acesso ao aparato estatal. No entanto, os movimentos 
populares não são homogêneos. São compostos por 
distintos movimentos sociais. As classes desprivilegiadas 
que estão em sua base possuem demandas e prioridades 
diferentes, pois, além da diferença de classes, elas 
dependem de suas condições de vida, que inclui local de 
moradia, renda, cultura. etc. Isso ocorre no interior de uma 
12 Fsse distanciamento é espacial (os movimentos populares existem, 
geralmente. nas zonas rurais, pcri ferias, etc., enquanto que o aparato 
estatal geralmente está aquartelado nos centros urbanos. que são 
também centros administrativos), cultural (o aparato estatal dificulta 
a comunicação com os movimentos populares devido ao seu discurso 
jurídico, burocrático, além do pertencimento de classe da maioria 
dos seus componentes com poder de decisão), social (os interesses 
distintos), ele. 
80 
Movimentos Sociais: Questões C11nccitt1ai) e Teóricas 
mesma classe social, como no caso do proletariado, poi 
alguns setores deste moram em regiões urbanizadas e sem 
problemas mais graves no que se refere à moradia, 
enquanto que indivíduos de outros setores podem viver em 
lugares perigosos e condições precárias. As reivindicações 
envolvem questões de educação, saúde, segurança, 
moradia, etc. Um setor dos movimentos populares, os 
movimentos sociais urbanos, atuam sobre questõe. 
urbanas como moradia, transporte, estrutura urbana. etc. 
Os movimentos sociais rurais atuam principalmente sobre 
questões ambientais ou contra políticas estatais ou 
desenvolvimento capitalista que atinge setores da 
população rural. 
Existe também outro tipo de rei, indicação que 
entra em oposição direta ao aparato estatal ou contra 
setores do capital ou das classes privilegiadas. Se uma 
ocupação urbana significa confronto com os proprietários, 
o mediador é o aparato estatal. Existem casos em que a 
mobilização é contra ações estatais ou capitalistas. É 
quando algum projeto urbanístico ou mesmo alteração no 
espaço urbano, seja realizado pelo Lstado ou pela 
iniciativa privada, atinge setores da população (BORJ ,, 
1975). Esse processo ocorre não apenas no caso do. 
movimentos sociais urbanos, mas também no caso do 
movimentos sociais rurais. As mobilizações contra as 
barragens demonstram isso (GR7YB0WSK1, 1990). 
Assim, dependendo do caso, o aparato estatal é o alvo 
direto ou indireto da mobilização dos moviment 
populares. Quando se trata de luta por bens coletivos, 
aparato estatal é o alvo direto e quando s~ trata de luta por 
bens materiais, ele é o alvo indireto, aquele que deveria ser 
1 
Movimentos Sociais: Questões Conceituais e Teórica 
"mediador" da contenda, o que ele faz, mas sempre a 
crviço do capital. 
dinâmica dos movimentos populares depende 
do desenvolx imento capitalista, expresso através da 
.. uccssão de regimes de acumulação 13. ou seja, das lutas de 
classes ordinárias. bem como das extraordinárias, que é 
momento de ascensão da luta operária. Esse processo 
envo lve a questão da hegemonia burguesa e como ela é 
renovada e alterada de acordo com a luta de classes. A 
dinâmica dos mov imentos populares, que envolve sua 
relação com e aparato estatal, hegemonia, grau de 
radicalização. etc .• depende da dinâmica geral da luta de 
classes. especialmente do regime de acumulação. Outro 
elemento a se destacar aqui é o ciclo dos regimes de 
1
·
1 Pur regime de acumulação se entende uma forma cristalizada da luta 
de classes manifesta numa determinada forma assumida pelo 
processo de valorização (organização do trabalho, como taylorismo, 
fordi-rno, toyotismo). pelo aparato estatal (integracionista, 
neoliberal. etc.). exploração internacional (do colonialismo até o 
hipcrimperialismn contemporâneo). Esse conceito de regime de 
acumulação (VIANA, 2015b; VIANA, 2009) aponta para uma 
explicação do desenvolvimento capitalista pela sucessão desses 
regimes. <endo que, historicamente, após a acumulação primitiva de 
capital. tivemos os regimes de acumulação extensivo, intensivo, 
conjugado e atualmente o integral. caracterizado pela hegemonia do 
toyotismo. neoliberalismo e hiperimperialismo. Outros autores 
trabalham com o termo "regime de acumulação", mas com 
definições e concepções distintas (HARVE'Y, 1992; UPIETZ, 1988; 
BENAKUUCHE, 1980), sendo que um dos principais defeitos é o 
caráter economicista da maioria deles. A compreensão dos 
movimentos populares na atualidade remete para uma compreensão 
mais profunda do atual regime de acumulação, o integral (VIANA, 
2009; VIANA, 2015b, BRAGA, 2013b; OR!O, 2014). 
82 
Movimentos Sociais: Qpcstõcs Conceituais e Teóricas 
acumulação, que geram momentos de ascensão, 
estabilidade e crise (VIANA, 2015c), o que atinge 
diretamente os movimentos sociais, especialmente os 
movimentos populares. 
Assim, a relação entre aparato estatal e 
movimentos populares é marcada pelo conflito, ·mais ou 
menos intenso, mesmo em períodos de relativa 
estabilidade". Contudo, em momentos de ofensiva 
capitalista (formação de um novo regime de acumulação, 
quando este exige aumento da exploração) ou de 
desestabilização e crise do regime de acumulação ( que 
pode passar por diversas fases e avanços e recuos) a 
tendência é de acirramento dos conflitos. O aparato estatal 
depende da renda estatal para atender as reivindicações 
dos movimentos populares, bem como enfrenta a oposição 
no interior do bloco dominante15. A exigência de ben 
coletivos (serviços, educação, saúde. etc.) pode atingir 
apenas o aparato estatal,mas o seu atendimento depende 
da renda estatal. 
Em termos técnicos, a renda estatal é repassada 
para pagar suas diversas despesas e o aparato estatal usa o 
cálculo mercantil para buscar o equilíbrio orçamentário 
entre renda estatal e despesas estatais, bem como e, itar a 
dívida pública (VIANA, 2016b). O aparato estatal, 
14 "A auto-organização dos pobres nas cidades ~ um assunu 
extremamente conflitivo e se direciona principalmente ao Estad 
como adversário direto no âmbito da reprodução" (GROH\1 \NN, 
1996, p. 18). 
Entenda-se por "bloco dominante" a, forcus urg:mindas e 
conscientes (partidos, associações, ideologias, doutrinas. ctc.) que 
expressam os interesses de classe da burguesia(\ l \ '-.J A. :!O 15d). 
' 
Iovimentos 
especialmente a burocracia governamental, define qual sua 
prioridade e determina, de acordo com uma determinada 
correlação de forças no bloco dominante e a dinâmica da 
acumulação capitalista, a modalidade da política estatal de 
assistência social adequada ao momento. Em épocas de 
ascensão da acumulação capitalista (que corresponde ao 
período de consolidação e estabilidade de um regime d 
acumulação). a arrecadação de impostos é maior e a. 
demandas sociais menores (os níveis de emprego e renda 
aumentam, o que, por sua vez. gera menos demandas para 
o aparato estatal) e isso atinge a oferta de bens coletivos 
no sentido positivo. Nesse momento. o conflito é menor, 
mas não deixa de existir. pois depende de múltiplas 
determinações, entre as quais as condições do país em 
questão. a situação anterior de infraestrutura urbana, a 
modalidade de política estatal adotada no regime de 
acumulação. etc. 
Há uma tendência geral determinada pela 
modalidade de política estatal adotada em determinado 
regime de acumulação (liberal, integracionista ou do ''bem 
estar social". neoliberal etc.) e sua concretização depende 
de outras determinações, com especial destaque para a 
correlação de forças na sociedade e no bloco dominante. O 
aparato estatal, para atender a demanda por bens coletivos 
(tanto sua existência ou oferecimento pelo Estado ou sua 
quantidade e qualidade), precisa investir parte da renda 
estatal e isso, mesmo em época de estabilidade e ascensão 
da acumulação de capital, é palco de lutas e de enorme 
complexidade (inclusive considerando não apenas o 
governo federal, mas os locais). O bloco dominante tem 
um papel fundamental, especialmente sua ala governista, 
84 
Movimentos Sociais: Qpcstõcs Conceituais e Teóricas 
na definição dos gastos estatais. Isso, no entanto, é 
realizado no interior de uma modalidade de política estatal 
pré-determinada e coerente com o regime de acumulação, 
bem como com os interesses da classe capitalista e de suas 
frações e setores que pressionam em beneficio próprio. 
Por isso, qualquer tentativa da burocracia 
governamental em aumentar o montante da renda estatal 
para atender a demanda de bens coletivos, tende a entrar 
em confronto com os interesses do capital, que se 
manifesta via bloco dominante". Isso ocorre em 
momentos de estabilidade. Esse processo ganha novos 
contornos em épocas de desestabilização ou crise do 
regime de acumulação. O descenso relativo da acumulação 
de capital gera menos recursos para o aparato estatal e 
mais demandas ( e por vários setores, inclusive do capital, 
visando maior apoio para sua sobre" ivência ou 
manutenção de um certo padrão de acumulação) e isso 
atinge negativamente a oferta de bens coletivos. Nesse 
contexto, os movimentos populares tendem a entrar em 
confronto mais constante e radical com o aparato estatal. 
16 Isso significa associações patronais, meios oligopolistas de 
comunicação, forças parlamentares. coalizão de partidos politicos, 
etc. Ou seja, o bloco dominante pressiona não apenas dirctament 
(parlamento, pressão direta, etc.) para ganhar a partida, como busca 
criar correntes de opinião a seu favor, através dos intelectuais, meios 
oligopolistas de comunicação, partidos políticos, etc.. forçando a 
burocracia governamental, nas raras vezes que tenta atender algumas 
das demandas que exigiria mais do que o permitido pela modalidade 
de política estatal vigente, a voltar ao parâmetro determinado, 
jogando parte da população contra tais investimentos, 
N 
lovimcnros Sociais: Questões Conceituais e Teórica .. 
Esse processo também interfere na hegemonia 
burguesa no conjunto da sociedade civil e também no 
interior dos movimentos populares. A hegemonia 
burguesa manifesta uma materialização da mentalidade 
burguesa'". mas sob forma especifica. visando às 
necessidades atuais do regime de acumulação e da 
acumulação de capital e as tarefas políticas para garantir 
.. ua realização. F por isso que a cada regime de 
acumulação ocorre uma renovação hegemônica, urna 
complexa rede de mudanças, que são paradigmáticas, 
linguísticas, ideológicas, etc. e esse processo cria as bases 
17 mentalidade é constituída pelos valores fundamentais, 
ntimentos mai-, profundos e concepções mais arraigadas (VIANA, 
200Rb) e é uma da, principais forças mobilizadoras individuais e 
coletiv as. Na -ociedade capitalista, a mentalidade dominante é a 
burguesa, sendo produzida e reproduzida não apenas pela burguesia, 
mas pela maioria da população. Nas classes desprivilegiadas isso 
ocorre com maior contradição. A hegemonia burguesa é uma 
manifestação concreta devsa mentalidade, instituindo paradigmas, 
cânones estéticos. ideologias, adequadas ao momento histórico, 
especialmente às necessidades da acumulação de capital e tarefas 
políticas (manifestas numa forma estatal e modalidade de políticas 
estatais) para sua estabilidade. Um elemento importante nesse 
processo é a constituição de um paradigma, que se toma a matriz da 
produção de ideologias que passam a ter uma grande variedade no 
Ínlerior de um conjunto de preceitos, inclusive gerando o que Morin 
denominou "cegueiras paradigmáticas". "O paradigma efetua a 
seleção e a determinação da conceptualização e das operações 
lógicas. Designa as categorias fundamentais da inteligibilidade e 
opera o controle de seu emprego. Assim, os indivíduos conhecem, 
pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente neles" 
(MORIN, 2001, p. 25). Aliáv, o próprio Morin não escapa do 
paradigma dominante e a afirmação acima é um raro clarão no meio 
da escuridão de sua ideologia. 
86 
Movimentos Sociais: Qpestões Conceituais e Teóricas 
para a constituição de uma nova hegemonia que se espalha 
pela sociedade, através de instituições de ensino. 
intelectuais, meios oligopolistas de comunicação, o que é 
reproduzido por diversos outros meios (internet, 
estudantes, ativistas, etc.) (VlANA, 2015e)18• 
Esse é um processo de inculcação da nova 
hegemonia que vai se espalhando pela sociedade e. como 
não poderia deixar de ser, acaba atingindo os movimentos 
populares. Contudo, nesse campo há uma maior 
dificuldade nesse processo de inculcação. Essa dificuldade 
no processo de inculcação ocorre por dois motivo 
básicos. O primeiro é pelo menor acesso às ideologia 
doutrinas por parte dos grupos sociais de base de tais 
movimentos, devido sua situação de classe, sendo que 
aparecem sob a forma mais simplificada quando repassada 
pelos meios de comunicação e escolas em seu grau mai 
18 Por questão. de espaço não podcn .. 'mos desenvolver esse processo 
aqui mais detalhadamente, tanto cm seus a ... pcctos mais gerais como 
suas manifestações concretas. Apena" destacamo ... dois exemplos. 
Apó-, a Segunda Guerra Mundial houve uma renovação hegemónica 
que constituiu um novo paradigma, que denominamos r~pwdutivi,;ta 
e foi expresso num conjunto de ideologias, entre as quais o 
estruturalismo, funcionalismo. teoria dos sistemas, keyncsianismo, 
etc. Essa nova hegemonia durou até a crise do final dos anos 1960 e 
a partir de 1969 começou a emergir uma contrarrevoluçãocultural 
preventiva (visando combater o pensamento rcvolucionári 
emergente no maio de 1968) que gera no, o paradigma. que sé 
posteriormente, com o novo regime de acumulação, ll integral. 
consegue se tornar hegemónico, o subjetivismo. \s ideologia 
neoliberais, pós-cstruturalistas, multiçulturalismo. entre outras, 
acabam se desenvolvendo, multiplicando. bem corno se tornand 
hegemônicas. 
7 
segundo é por entrar, muitas vezes, em 
com as experiências, necessidades e saberes 
anteriores existentes no interior das classe 
despriv ilegiadas, As condições de vida desfavorávei 
dessas classes e a tradição e rigidez de sua forma de 
das representações cotidianas 
, 2015t), marca a existência de 
urna maior oposição ao processo de renovação 
hegernônica. •\ força da renov ação hegemônica é, 
portanto, menor nas classes desprivilegiadas e quando ela 
ocorre é através de um amálgama, que expressa uma 
mistura incoerente de diversos elementos, tanto os que 
expressam a "º"ª hegemonia. quanto outras ideias e 
concepções existentes anteriormente. Um senso crítico 
espontâneo derivado da contradição entre interesses de 
classes (inclusive os imediatos) e ideias dominantes é um 
obstáculo para que esse processo de inculcação seja aceito 
em contradições. 
Por outro lado. essa dificuldade é reforçada, 
embora em pequeno grau, pela ação do bloco 
revolucionário. Este atua precariamente no interior da 
sociedade civil e junto às classes desprivilegiadas, embora 
não deixe de fazê-lo, inclusive muitas vezes indiretamente, 
através de ideias, teorias e utopias que reforçam a 
contradição e recusa das concepções hegemônicas em 
certos setores dos movimentos populares. Em certos 
momentos. o vínculo entre bloco revolucionário e classes 
iais: Qpcstõcs Conceituais e Teóricas 
88 
Movimentos Sociais: Questões Conceituais e Teóricas 
desprivilegiadas se torna mais forte, especialmente em 
épocas de ascensão das lutas proletárias, crises, etc." 
Essa dinâmica dos movimentos populares é a 
mais comum nas épocas de estabilidade de um regime de 
acumulação, ou seja, em períodos de ascensão da 
acumulação de capital. Em épocas de desccnso, a situação 
se altera. O processo de desestabilização de um regime de 
acumulação não atinge apenas a classe capitalista, como 
alguns supõem, mas principalmente as classes 
desprivilegiadas, a começar pelo proletariado. Isso ocorre 
pelo motivo de que o descenso relativo da acumulação de 
capital promove a necessidade de aumento de exploração, 
ou seja, de extração de mais-valor. Além disso, o aparato 
estatal deve repassar uma maior fatia da renda estatal para 
o grande capital e em detrimento do atendimento da 
necessidade de bens coletivos pelas classes 
desprivilegiadas. Nesse processo, geralmente ocorrem 
crises financeiras, crises de legitimidade do aparato 
estatal, entre outros processos derivados ou simultâneo 
(aumento do desemprego, inflação, deterioração dos bcn 
coletivos, etc.). 
Esse processo gera lutas espontâneas cada vez 
mais frequentes e intensas. principalmente se ocorrer seu 
prolongamento e aprofundamento. Os movimento 
populares tendem a ter mais adesões, as rei" indicações 
tendem a se fortalecer, as ideias revolucionárias ganham 
19 Ü bl . , ~ , . d s ocos sociais são as rormas conscientes e organiza as que 
expressam os interesses das classes sociais (VIANA. 2015<1). l lma 
análise mais profünda dos blocos sociais pode ser vista em Viana 
(2015d) e sobre sua relação com os mo, imcntos sociais cm Viana 
(2016a). 
'9 
lovimcnros Sociais: Q1l·~tõc~ Conceituais e Teóricas 
mais espaço, etc, Nesse momento. em que as lutas de 
classes cotidianas, ordinárias, vão sendo substituídas por 
lutas evtraordinárias, lutas autônomas e em certos casos 
nutugcstionárias". O bloco revolucionário se fortalece 
nesse contexto, as correntes marginais de opinião passam 
a ri, ai izar com as correntes vigentes e predominantes, as 
ramificações rev olucionárias dos demais movimentos 
sociais aumentam sua força e presença. a luta operária 
a, ança no sentido de um amplo movimento grevista, 
formação de conselhos e outras formas de auto- 
organização. Essa possibilidade histórica já se efetivou em 
diversos momentos históricos. em diversos países, tal 
como no caso das revo luções pro letárias inacabadas na 
Rússia ( 1917), Alemanha ( 1918-192 l ). Espanha (1934- 
1939 ), etc. Isso também ocorreu em outros lugares e 
épocas, com menor força e radicalidade, mas que 
ameaçaram desembocar em processos semelhantes. 
o entanto, os movimentos populares, que se 
distinguem do movimento operário e outros movimentos 
de classes, são uma forma de luta cotidiana que surge 
historicamente após a Segunda Guerra Mundial. É no 
regime de acumulação conjugado que surgem os 
movimentos populares. Eles incluem os chamados 
"movimentos sociais urbanos" (LOJKINE, 1981; 
CASTELLS, 1988; BORJA, 1975; SANTOS, 2008) que 
vão ganhar destaque nessa época e se manter até a 
atualidade, ao lado de "movimentos sociais rurais". 
20 \obre a passagem de lutas e .• pontâncas para autônomas e 
autogcstionárias, cf. Jcnscn (2016) e Viana (2008). 
90 
Movimentos Sociais: Qpcstõcs Conceituais e Teóricas 
As chamadas lutas urbanas são um dos principai. 
aspectos das lutas populares. Uma de suas principai 
reivindicações gira cm torno da reprodução da força de 
trabalho (CASTELLS, 1988; C ASTELLS, 1989) ou a luta 
de classes e sua relação com as políticas estatais 
(LOJKINE, 1981). Na verdade, todos estes processos 
envolvem a luta de classes, tanto a luta por condições 
adequadas para reprodução da força de trabalho 
(transporte, educação, saúde), ou seja, por bens coletivos, 
quanto à exigência endereçada ao aparato estatal no 
sentido de sua função de regularizá-las. Os limites acima 
colocados se reproduzem no caso mais específico do 
movimentos sociais urbanos (parte dos movimento 
populares). 
Os movimentos populares possuem dificuldade 
de organização, luta, etc., por causa de suas condiçõe 
precárias de vida, bem como suas condições financeiras. 
culturais, etc. lsso, no entanto. não impede a existência da 
luta, que avança e recua, dependendo de outras 
determinações. Um dos elementos mais interessantes 
nesse processo é que a forma organizacional do 
movimentos populares muitas vezes revela um preces 
de auto-organização, ou seja, a constituição d 
organizações autárquicas ", e de defesa da autonomia. 
mesmo cm períodos de estabilidade. 
A auto-organização i11d11i toda, as açôt•~ 11111 tanto 
informais, especialmente as que apresentam 
'1 As organizações autárquicas são fonnJ!> de auto-organização qu 
distinguem das organizações burocráticas, caracterizada, pela 
relações entre dirigentes e dirigidos(\ 1 \ \1 \, 10 l (11;). 
91 
1ovimmtos Sociais: Qpcsrõcs Conceituais e Teóricas 
relvindicaçôcs diretamente ao Estado. Os grupos auto- 
organizados surgem como reação às medidas estafai 
que ameaçam o existência da população. ou como 
resposta ci ,wglig,~ncia dos deveres estatais em especial 
no campo da politica social 011 de planificação da 
infraestrutura (GROHMA VV, 1996. p. 21). 
Isso é ainda mais intenso em momentos de 
avanço das lutas operárias. No caso brasileiro, por 
exemplo. isso é perceptível no processo de auto- 
organização que se manifestou através do que alguns 
denominaram "novos movimentos de bairro", as 
comissões de luta por saúde. bem como outras iniciativas e 
lutas, no final dos anos 1970 (SADER, 1995). Esse 
processo ocorreu justamente na época de ascensão da luta 
operária com as greves e ações do período, especialmente 
a greve de maio de 1978, que geraram os conselhos de 
fábrica, entre outras formas de auto-organização 
(MARONI. 1982). Esse processo teve mumeras 
manifestações e sua característica principal era a auto- 
organização: 
Os indicadores da novidadeque os movimentos dos 
moradores de periferia pareciam revela eram dados por 
práticas reivindicatórias que escapavam dos esquemas 
tradicionais do cliente/ismo político: por práticas 
associativas em que pareciam ausentes a ação diretiva 
e hegemónica de grupos organizados de esquerda; por 
formas de organização articuladas a partir de 
interesse» imediatos referentes às condições de vida e 
moradia e desvinculadas de instituições do Estado e 
partidos oficiais (TELLES, 1987, p. 56). 
Esse processo ocorreu nos anos 1970 no Brasil. 
esse período, o regime de acumulação existente no 
92 
Movimentos Sociais: Qyestõcs lonccituais e Teóricas 
Brasil era o conjugado-subordinado (VIANA, 2016d). Os 
países capitalistas subordinados são caracterizados por 
uma acumulação subordinada e pela reprodução, sob 
forma de reprodução da subordinação, do regime de 
acumulação dos países capitalistas imperialistas. Esse 
processo revela uma superexploração da força de trabalho 
no capitalismo subordinado, que necessita garantir não 
somente a continuidade do processo de acumulação em 
termos nacionais, como também garantir a transferência de 
mais-valor para o bloco imperialista. O regime de 
acumulação conjugado-subordinado no Brasil teve sua 
formação em torno dos anos 1950 e já na segunda metade 
da década de 1960 teve as primeiras rachaduras do seu 
edifício (VIANA, 2016d). Esse processo culminou com a 
instauração do regime militar como forma para garantir o 
aumento da exploração e retomada da ascensão da 
acumulação de capital. 
É neste contexto que emergem as determinaçõ 
desse processo de intensificação das lutas populares. Por 
um lado, uma deterioração das condições de , ida das 
classes desprivilegiadas, por outro, um estado ditatorial 
que não realizava políticas estatais que minimizassem o 
problemas. Isso tendia a fortalecer a reação das da· ... , ... 
desprivilegiadas e os movimentos populares avançam 
justamente nesse contexto. Outra determinação que 
contribuiu com esse processo foi o próprio regime militar 
e sua falta de legitimidade. Ourante a ditadura militar 
haviam apenas dois partidos e ambos com presença das 
classes privilegiadas no seu interior. A d is puta e leitora] era 
entre a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), a 
ituação, e o MOH (Movimento Democrático Brasileiro), 
3 
Iovimentc 
a oposição consentida. As lutas espontâneas. nesse 
contexto, se tornam lutas autônomas e geralmente 
desligadas dos dois partidos legalizados. 
Movimentos Populares e Autogestão 
Esse caso concreto apenas demonstra o que 
ocorre em diversos contextos e momentos históricos. As 
lutas espontâneas, cotidianas, passam para lutas 
autônomas e cria a possibilidade de sua evolução para 
lutas autogestionárias. Ou seja. o processo de luta 
proletária, que é reproduzido pelos movimentos populares, 
culmina com a autogestão das lutas (TRAGTENBERG, 
1989; \ 1 A '1 A, 2008c) e, em alguns casos. a defesa 
explícita do projeto autogestionário. 
O projeto autogestionário é o que foi constituído 
na história do mov imento operário e teve como primeira 
formulação teórica a obra de Marx, que denomina a nova 
ociedade como "livre associação dos produtores", 
"autogoverno dos produtores" ou, simplesmente, 
comunismo (MARX, 1986~ MARX, 1988; VIANA, 
2015g). O projeto autogestionário emerge, geralmente, em 
momentos revolucionários. Trata-se da ideia de revolução, 
transformação simultaneamente total, constituindo uma 
nova sociedade, e radical alterando radicalmente as bases 
e raízes da sociedade anterior. Isso significa que o projeto 
autogestionário, o projeto revolucionário de nossa época, é 
simultaneamente totalizante e marcado pela ruptura 
histórica: 'Totalidade e historicidade específica estão 
íntimamente ligadas ao projeto revolucionário e permitem 
assim atribuir à revolução uma fisionomia individual na 
94 
Movimentos Sociais: Qpcstõcs Conceituais e Teórica 
espessa massa dos processos coletivos de transformações 
sociais e mentais" (DECOUFLÉ, 1970, p. 35). 
A autogestão assim, ao contrário do seu uso 
equivocado e comum inclusive por diversos sociólogos 
que abordam os movimentos populares22, não está 
presente nos movimentos populares, a não· ser em 
momentos revolucionários, quando sua concretização é 
esboçada e o projeto autogestionário começa a ser 
defendido por setores cada vez mais amplos da sociedade. 
Em épocas de ascensão da luta operária, a ideia 
de uma sociedade fundada na autogestão social tende a se 
consolidar, especialmente no caso das revoluçõe 
proletárias (TRAGTENBERG, 1989; VlANA. 2008c) .Ós 
autogestão é uma forma de sociedade marcada pelo fim da 
exploração e dominação, na qual o trabalho deixa de ser 
alienado e passa a ser autogerido coletivamente. gerando 
relações de produção fundadas na associação do conjunto 
dos produtores que decidem coletiva e livremente o 
processo de produção e reprodução da sociedade . Assim, a 
autogestão é um processo no qual um coletivo se 
autogovema, o que pressupõe decisão coletiva, relacõ 
22 Um grande número de sociólogos e outros pesquisadores da áre •. 1 d 
ciências humanas, usam equivocadamcnte o termo ··autog~tão" 
confundindo essa seja com "auto-organização" (C,ROll \11 
1996). seja com democracia chamada "participativa" ou "direta", 
Existe uma assimilação ideológica do termo autogcstão ( V l 
2014) que consiste em esvaziá-lo do seu caráter revolucionário. É 
fundamental entender o caráter totalizante da aurogc •• tão e que, 
portanto, ela não pode existir dentro do capitalismo, a não ser por um 
breve período de tempo e em confronto direto com a sociedad 
burguesa. 
95 
fovimcnt· 
igualitárias. que se generalizam para o conjunto das 
relações sociais. tendo sua fonte no modo de produção. 
Isso significa que a autogcstào só é possível com 
a abolição do capital e do Estado e criação de uma 
cicdade radicalmente diferente, ou seja, num processo 
que crivo I\C a totalidade da sociedade. A ideia de que 
ooperativ as, grupos, fábricas ocupadas. sejam autogeridas 
é um equívoco, pois desconsideram que estão envolvidas 
na divisão social do trabalho do capitalismo. mantém 
relações de subordinação com o capital. mercado (relações 
de distribuição capitalistas). Estado capitalista. Nesse 
sentido, o que a maioria coloca como .. autogestão" quando 
e trata de anaJi ..• ar os mov imentos populares são outros 
fenômenos e cooperativ as, auto-organização, etc.). 
\ radicalização das lutas de classes é que tomam 
possível que o projeto autogestionário, que pode ser 
defendido em determinados lugares e contextos antes 
disso, ser defendido pelos movimentos populares. No caso 
da Revolução Húngara de 1956, foi nesse contexto que se 
criou os conselhos operários. bem como "comitês urbanos, 
conselhos de bairros e conselhos profissionais". No 
entanto. nesse momento já não se trata mais de 
mo, imentos populares e sim de movimento operário, pois 
a luta localizada se toma geral l,1 transformação social, 
ganhando um nítido caráter de classe23. 
n Tal caráter já existe, mal. no sentido de classe determinada pelo 
capital t "classe em-si") e não como classe autodeterminada ("para- 
si"): segundo teoria do desenvolvimento do movimento operário de 
Marx ( 1985 ). O\ movimento, populares avançam e podem até 
defender um projeto autogestionário, mas no processo revolucionário 
há uma fusão da classe cm sua totalidade e as reivindicações no 
96 
Movimentos Sociais: Qpestõcs Conceituais e Teóricas 
Desta forma, o projeto autogestionário raramente 
existe em momentos de lutas ordinárias, cotidianas. mas 
em momento de radicalização tendem a aparecer e em 
momentos revolucionários, nos seus primeiros momentos, 
a se fortalecer, até que a força do movimento 
revolucionário crie a fusão que significa a superação d 
movimentos populares e dos movimentossociais em geral 
no processo de constituição da nova sociedade. É ne 
contexto de radicalização das lutas sociais que emergem 
formas de auto-organização que reforçam a possibilidade 
do projeto autogestionário estar presente nos movimentos 
populares, pelo menos em alguns deles e em certas 
ramificações. Esse foi o caso, por exemplo. o caso da 
Comissões de Ocupações de Casas no bojo da Revolução 
dos Cravos, em Portugal. As lutas dessas comissõe 
passaram por duas fases. A primeira fase vai de 25 de abril 
de 1974 até janeiro de 1975. quando começa a sua 
segunda fase, apontando para o projeto autogestionário: 
Se nessa primeira fa: .• e o movimento foi 
progressivamente assumindo, ainda que d11 forma 
extremamente pontual, 11111 caráter antipropriedade 
privada, será sobretudo a partir de janeiro de 19-5 e, 
muito em especial, no clima político pos-l I de março, 
que a natureza desse movimento apresentará 
abertamente características anncopitalista« 
(FERREIRA, 1975, p. 61). 
interior do capitalismo perdem sentido e o que se passa a fazer ' 
constituir a nova sociedade, cujo objetivo é abolir a situação que foz 
necessárias reivindicações e paliativos, pois uma solução definitiva 
sub ..• titui as propostas de pequenas melhorias, 
7 
aráter inacabado da Revolução dos cravo., 
não permitiu um maior desdobramento dessa experiõncía e 
do projeto autogestionárío, pelos próprios limites do 
movimento operário nesse contexto, apesar dos avanços e 
do início de uma \ ia autcgestionária. O recuo do 
movimento operário português impediu que o projeto 
autogestionário se generalizasse e realizasse a fusão de 
reivindicações parciais com as universais. Esse exemplo 
apenas mostra as tendências dos movimentos populares, 
que vão desde as lutas espontâneas passando para as lutas 
autônomas até chegar, quando isso ocorre, nas luta 
autogcstionárias. 
Considerações Finais 
Por fim, essa breve síntese das características e 
dinâmica dos mo, irnentos populares é apenas uma 
introdução que aponta para a compreensão de sua 
especificidade e diferenciação em relação a outros 
mo, imentos sociais. Vários aspectos necessitam 
desen\·olvímento e ampliação, o que pretendemos realizar 
em outra oportunidade. Dentre esses aspectos há a questão 
da necessidade de uma análise dos diferentes movimentos 
populares e suas subdiv isões. No entanto, para o propósito 
que nos colocamos no presente artigo, julgamos que 
conseguimos realizar uma síntese que fornece algumas 
indicações úteis para novas pesquisas e aprofundamentos. 
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	OS MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES 
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