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23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 1/10 Farmacoterapia da dor crônica DISCUTIR SOBRE OS DIFERENTES TIPOS DE DOR E OS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS. AUTOR(A): PROF. VIVIANI MILAN FERREIRA RASTELLI A dor é uma experiência desagradável tanto sensorial como emocional que é geralmente desencadeada por uma lesão tecidual real ou potencial. É um processo fisiológico de defesa do organismo para evitar injúria e danos teciduais, a dor fisiológica leva o indivíduo a interromper a exposição ao estímulo lesivo, exemplo é o reflexo de retirada ou reação de fuga quando recebemos estímulos intensos na superfície da pele. A dor aguda é um sintoma de alguma doença, já a dor crônica é a doença propriamente dita, sendo nociva e independente ao estímulo que a gerou. A dor que persiste por mais de 3 meses é considerada dor crônica e desencadeia vários sintomas psicossomáticos como aumento da irritabilidade, depressão mental, preocupação com o corpo e afastamento dos interesses externos, insônia, diminuição do desejo sexual e alteração do apetite. É classificada segundo a sua origem em: Nociceptiva que resulta da lesão tecidual acompanhada de inflamação na pele ou outros tecidos que ativa diretamente os nociceptores. Neuropática ou neurogênica origina-se devido a lesões de nervos periféricos ou do sistema nervoso central. A transmissão dolorosa é realizada por uma cadeia composta de três neurônios, um que se origina na periferia e se projeta para a medula chamado de primeira ordem, um segundo que ascende pela medula espinhal chamado de segunda ordem e um terceiro que chega até o córtex cerebral chamado de terceira ordem. Existe ainda uma subclassificação entre os neurônios de primeira ordem que leva em conta características da fibra como diâmetro, grau de mielinização e sua velocidade de condução. 01 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 2/10 Fibras A-beta: são fibras de diâmetro grande (maior que 10 µm), mielinizadas e de condução rápida, responsáveis por sensações inócuas. Fibras A-delta: são de diâmetro intermediário (2 a 6 µm), mielinizadas. Sua velocidade de condução é intermediária, modulando a primeira fase da dor, é mais aguda ou semelhante à pontada. Fibras C: são fibras de diâmetro pequeno (0,4 a 1,2 µm), não mielinizadas e de velocidade de condução lenta, responsáveis pela segunda fase da dor é difusa, dor em queimação e persistente. As fibras C e A-delta estão localizadas na pele, vísceras, vasos sanguíneos, peritônio, pleura, periósteo, tendão, fáscia, cápsula articular e fibras do músculo esquelético e são responsáveis pela transmissão da dor nociceptiva. A primeira fase da dor, rápida e forte é conduzida pelas fibras A-delta e a segunda fase da dor que é mais difusa e persistente é conduzida pelas fibras C. Legenda: DIAGRAMA ESQUEMáTICO DOS TIPOS DE DOR. Dor Neuropática: 02 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 3/10 É uma sensação dolorosa que ocorre em várias partes do corpo e está associada a doenças que acometem os nervos periféricos, a medula espinhal ou o cérebro. Também pode ser consequência da compressão ou lesão das raízes ao nível da coluna. Essa dor pode ser de várias formas como sensação de queimação, peso, agulhada que podem ser ou não acompanhadas de parestesias. A característica dessa dor vai depender de qual tipo de fibra nervosa está sendo acometida; dores em queimação, aperto e peso são geralmente por lesões nas fibras finas, já pontadas, agulhadas e choque são em decorrência de lesão nas fibras grossas. Existem situações onde os tipos de fibras estão sendo acometidos levando ao aparecimento de dores mistas. Causas frequentes da dor neuropática. Topografia da dor Estrutura Exemplos Sistema nervoso periférico Nervo Neuropatia diabética Neuralgia do trigêmeo Síndrome da dor regional complexa tipos I e II* Neuropatia induzida por infiltração tumoral Neuropatia por compressão nervosa crônica (p. ex. STC) Raiz dorsal Neuralgia pós-herpética Avulsão traumática de plexo braquial Sistema nervoso central Cérebro Pós-AVC Esclerose múltipla Medula espinhal Trauma medular Isquemia medular Principais Síndromes de Dores Neuropáticas Dor Periférica: Neuropatia diabética: é um tipo de dor relativamente comum, em queimação, geralmente nos membros inferiores e que apresenta uma piora significativa à noite. Neuralgia do trigêmeo: dor “em facada”, repentina e severa geralmente unilateral. Na maioria das vezes ocorre por compressão vascular do nervo trigêmeo na raiz, mas também pode ocorrer por desmielinizacao decorrentes da esclerose múltipla, angioma, infartos de tronco encefálico e tumores. 03 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 4/10 Dor central: Lesões no trato espinotalamo-cortical pode levar a perda do mecanismo inibitório da dor. Podem ocorrer em paciente com AVC, esclerose múltipla e mielopatias. A sensibilidade à dor nesse caso, geralmente é ao tato e ao frio. Geralmente a dor central é menos intensa que a periférica, mas a cronicidade acaba diminuindo a qualidade de vida dos pacientes, levando ao aparecimento de alterações psiquiátricas como a depressão. FARMACOTERAPIA DA DOR NEUROPÁTICA Os analgésicos são pouco eficientes no tratamento da dor neuropática, tanto periférica como central, sendo necessária a utilização de fármacos que diminuam a atividade no sistema nervoso central como os antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes. Posologia utilizada para o tratamento da dor neuropática: Dor Neopática Droga Doses recomendadas Periférica Tricíclicos Até 150 mg/dia ISRS Até 80 mg/dia Gabapentina 600 a 1200 mg 3x/dia Pregabalina 50 a 100 mg 3x/dia Tramadol 200-400 mg/dia Oxicodona-CR 60-120 mg/dia Lidocaína tópica Patch ou gel a 5% (12h/dia) Carbamazepina Até 1000 mg/dia Central Tricíclicos Até 75 mg/dia Lamotrigina Até 200 mg/dia Carbamazepina Até 1000 mg/dia Enxaqueca: A enxaqueca é uma doença neurológica com alta incidência que causa grande impacto social e econômico na sociedade moderna. Geralmente ocorre na juventude ou início da vida adulta, e tem um pico de incidência em homens e mulheres por volta dos 40 anos; com o avançar da idade essa incidência vai caindo sendo uma condição muito rara entre os idosos. 04 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 5/10 A Organização Mundial de Saúde considera a enxaqueca uma das doenças que mais causa incapacidade laboral, diminuição na produtividade e consumo de cuidados de saúde. Algumas doenças são mais prevalentes em indivíduos que apresentam enxaqueca, como a doença cerebrovascular (particularmente na enxaqueca com aura), o tremor essencial, ansiedade, depressão e doença bipolar, epilepsia (sobretudo na enxaqueca com aura visual) e as síndromes vertiginosas. Manifestações clínicas: As crises de enxaqueca são duradouras, podem persistir de 4 a 72 horas.; varia muito entre os indivíduos, mas os sintomas mais comuns são: Cefaleia Intolerância aos estímulos sensoriais (barulho, luz, odor) Sintomas gastrointestinais como náuseas e vômitos Sintomas neurológicos transitórios que são chamados de aura. A crise de enxaqueca apresenta quatro fases: Sintomas premonitórios também chamados de pródromos: são alterações como fadiga, dificuldade de concentração, sonolência, alteração do humor, rigidez cervical, apetência por determinados alimentos, que aparecem horas ou mesmo dias antes da crise. Esses sintomas demonstram que a crise começa muito antes da fase álgica. Aura: sintomas neurológicos focais que podem durar 20 minutos,as auras visuais são as mais frequentes, mas também podem aparecer auras somato-sensoriais, perturbação na fala e raramente sintomas motores. Fase Álgica: é a cefaleia que geralmente é unilateral, na região das têmporas e de forma pulsátil, associada à intolerância aos estímulos sensoriais. Pode estar associada a náuseas, vômitos, palidez e sensação de frio. Fase pósdromica ou de resolução: São sintomas cognitivos e intolerância aos estímulos que persistem mesmo após a dor ter desaparecido. TRATAMENTO DA CRISE AGUDA OU SINTOMÁTICA: Os AINES e Analgésicos são fármacos isentos de prescrição e por esse motivo os mais utilizados no tratamento da crise aguda, podem ser administrados na crise, ou antes dela. Podem ser utilizados por várias vias de administração (oral, retal, sublingual e transdérmica). Ergotamina são agonistas não seletivos de receptor 5HT1 e de dopamina, mecanismo responsável pelos seus príncipais efeitos adversos que são náuseas e vômitos. 05 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 6/10 Triptanos são agonistas parciais dos receptores da serotonina (5HT1 /1 ), a nível central e periférico, com efeito vasoconstritor. Os vários triptanos diferem entre si na eficácia, início de ação e incidência de recorrência da crise. Os triptanos são encontrados em formulações oral, oro-dispersível, intranasal, e subcutâneo. Efeitos Adversos: Dores precordiais Tontura Parestesias Sensação de fraqueza. TRATAMENTO PROFILÁTICO Quando as crises são prolongadas, incapacitantes e frequentes, se torna necessário a terapia profilática. A escolha dos medicamentos deve considerar o perfil do paciente, os efeitos adversos e a presença de patologias que possam limitar a sua utilização. Betabloqueadores: Apesar de não se conhecer certamente sua ação no controle da enxaqueca, os bloqueadores beta-adrenérgicos são muito utilizados e sua eficácia comprovada na clínica. FÁRMACO POSOLOGIA (mg) EFEITOS ADVERSOS Mínima Máxima Propranolol 40 240 Hipotensão arterial, bradicardia, sonhos vívidos, pavor noturno, insônia,astenia, impotência sexual, bronco espasmo, depressão. Atenolol 25 150 Nadolol 40 120 Metoprolol 100 200 Antidepressivos: Os antidepressivos tricíclicos inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina, são muito eficazes na profilaxia da enxaqueca. São úteis para enxaquecas associadas a sintomas depressivos, cefaleia tensional, abuso de analgésicos e ergóticos. FÁRMACO POSOLOGIA (mg) EFEITOS ADVERSOS Mínima Máxima Amitriptilina 12,5 75 Sonolência, ganho de peso, constipação intestinal, taquicardia, secura de mucosas (em particular xerostomia), hipotensão postural, aumento da perspiração, alteração da libido, retenção urinária.Nortriptilina 10 75 Bloqueadores dos canais de cálcio: Nesse grupo somente a flunarizina é eficiente no tratamento profilático da enxaqueca. B D 06 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 7/10 FÁRMACO POSOLOGIA (mg) EFEITOS ADVERSOS Mínima Máxima Flunarizina 5 10 Sonolência, ganho de peso, depressão, síndromes extrapiramidais, astenia, dores musculares, parestesias. Antagonistas serotoninérgicos: foram os primeiros fármacos com eficácia comprovada para o tratamento profilático da enxaqueca. FÁRMACO POSOLOGIA (mg) EFEITOS ADVERSOS Mínima Máxima Metisergida 2 6 Náuseas, vômitos, desconforto abdominal, epigastralgia. Doses acima de 2mg: diarreia ou constipação, câimbras, insônia, sensação de irrealidade, confusão mental, alucinações, ansiedade, depressão, astenia, artralgia, ganho de.peso, vasoconstrição periférica, angina pectoris Pizotifeno 1,5 3 Sonolência, ganho de peso, boca seca, náuseas, vertigens, constipação intestinal. Fármacos antiepilépticos: Foi constatado que indivíduos com enxaqueca têm uma maior excitabilidade cortical, isso justifica o uso dos antiepilépticos. Sua eficácia na terapia profilática está cada dia mais comprovada. FÁRMACO POSOLOGIA (mg) EFEITOS ADVERSOS MÍNIMA MÁXIMA Ácido Valpróico 500 1500 Sonolência, ganho de peso, tremor, alopécia, ataxia, epigastralgia, náuseas, hepatopatia. Divalproato de sódio 500 1500 Efeitos gastrointestinais de menor frequência e intensidade. Gabapentina 300 2400 Sonolência Topiramato 25 200 Sonolência, parestesias, perda de peso, alterações cognitivas, alterações do paladar anorexia diarreia e predisposição a nefrocalcinose. ATIVIDADE 07 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 8/10 A paciente F.S.E., 55 anos, passou mais de 30 anos da sua vida com dores musculares focalizadas na região lombar, apresentando melhoria temporária em resposta a alguns tratamentos, dentre eles fisioterapia e antinflamatórios locais. Foi diagnosticada recentemente como portadora de dor neuropática. Em visita à casa de parentes onde morava uma adolescente com uma doença "X", F.S.E. consumiu por engano, medicamentos da adolescente, confundindo as embalagens com os seus próprios. Interessantemente, F.S.E. apresentou uma melhora substancial na sua dor. De acordo com o caso, qual fármaco F.S.E. administrou por engano? A. Amitriptilina. B. Vecurônio. C. Antinflamatório não esteróide. D. Atorvastatina. REFERÊNCIA KLAUMANN, P. R., WOUK, A. F. P. F., SILLAS, T.; Patofisiologia da dor. Archives of Veterinary Science, v. 13, n.1, p.1-12, 2008. Disponível em http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/veterinary/article/viewFile/11532/8022. Acesso em: 20/11/2014 SCHESTATSKY P.; Definição, Diagnóstico e Tratamento da Dor Neuropática. Rev HCPA 2008;28(3):177-87. Disponível em: http://www.cadastro.abneuro.org/site/Dor_neuropa%C2%B4tica_Pedro_Schestatsky.pdf. Acesso em: 22/11/2014 MARTINS I. P., Enxaqueca – da clínica para a etiopatogenia. Acta Med Port. 2009; 22(5):589-598. CONSENSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CEFALÉIA. Recomendações para o tratamento Profilático da migrânea. Arq Neuropsiquiatr 2002; 60 (1):159-169. 08 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 9/10 09 / 09 23/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 10/10
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