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Livro-Texto - Unidade II - Farmacoterapia

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FARMACOTERAPIA
Unidade II
5 PROFILAXIA E TRATAMENTO DE DOENÇAS TROPICAIS
5.1 Doenças tropicais negligenciadas
Atribui-se a expressão doenças tropicais negligenciadas a um grupo de doenças com prevalência em 
regiões nas quais as condições climáticas, geográficas (regiões tropicais e subtropicais) e socioeconômicas 
favorecem o aparecimento, a incidência e a prevalência dessas doenças. Em geral, afetam regiões mais 
empobrecidas e com problemas de saneamento básico, sem acesso (ou com dificuldade de acesso) a 
água potável, habitações inadequadas, dificuldades de acesso aos serviços de saúde e problemas em 
termos de educação sanitária. São consideradas negligenciadas não apenas pela maior ocorrência 
em países menos desenvolvidos, mas também pelo baixo interesse das empresas farmacêuticas no 
desenvolvimento de terapias eficazes e de baixo custo.
Por se tratar de um problema de saúde pública importante, a OMS enfatiza continuamente 
a importância da implementação de ações e programas para o combate, o tratamento adequado e 
acessível, e a prevenção dessas doenças (SOUZA, 2010 apud ROSÁRIO, 2017).
É sabido que tais doenças podem causar impactos sociais importantes na produtividade e qualidade 
de vida, mas causam impacto também nos sistemas de saúde.
Dessa maneira, a prevenção de tais doenças não se resume ao uso profilático de medicamentos, mas 
exige mudanças profundas nas condições socioeconômicas dessas populações, a fim de promover um 
ambiente saudável e seguro que seja desfavorável para a manutenção e a disseminação dessas doenças.
O Primeiro relatório da OMS sobre doenças tropicais negligenciadas recomenda cinco estratégias de 
saúde pública para a prevenção e o controle das doenças tropicais negligenciadas. São elas, conforme o 
citado relatório (OMS, 2012):
• medicação preventiva;
• intensificação da gestão de casos;
• controle de vetores;
• fornecimento de água limpa, saneamento e higiene;
• saúde pública animal.
Em geral, o controle das doenças costuma ser o foco do problema. Mas é possível concluir que 
trabalhar conjuntamente esses cinco pontos pode oferecer melhores resultados.
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Unidade II
A classificação da OMS contempla, atualmente, 20 doenças tropicais negligenciadas. São prevalentes 
no Brasil: ancilostomíase, dengue, doença de Chagas, equinococose (hidatidose), esquistossomose, 
fasciolose, filariose linfática, hidrofobia (raiva), leishmaniose, hanseníase, oncocercose, teníase, 
cisticercose, tracoma. Neste tópico abordaremos essas doenças, com destaque às parasitárias.
Em 2021, a OMS lançou um plano de dez anos, com o objetivo de acelerar as ações voltadas ao 
combate dessas doenças. O plano propõe acabar com o sofrimento causado por doenças tropicais 
negligenciadas, doenças que afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo (OPAS, 2021).
 Saiba mais
Conheça mais detalhes sobre o plano da OMS para acelerar o combate 
às doenças tropicais negligenciadas:
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). OMS lança plano 
de 10 anos para acabar com sofrimento causado por doenças tropicais 
negligenciadas. Opas, Brasília, 29 jan. 2021. 
Disponível em: https://cutt.ly/aUK3B2j. Acesso em: 4 jan. 2022.
5.1.1 Doenças parasitárias e seus antiparasitários
Os helmintos são organismos multicelulares com tecidos e órgãos complexos. Entre os helmintos 
parasitas dos seres humanos estão:
• platelmintos: Schistosoma mansoni, Fasciola hepatica e Echinococcus granulosus, Taenia saginata 
e Taenia solium;
• nematelmintos: Strongyloides stercoralis, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Ascaris 
lumbricoides, Toxocara canis, Enterobius vermicularis, Wuchereria bancrofti, Onchocerca volvulus, 
Trichuris trichiura.
Começaremos o tema tratando das infecções parasitárias causadas por platelmintos.
 Observação
Cabe destacar que serão apresentados os principais esquemas 
farmacoterapêuticos.
Esquistossomose
Tem como agente o Schistosoma mansoni, vermes dioicos, delgados e longos (machos: 1 cm de 
comprimento; fêmeas: 1,2-1,6 cm de comprimento). Seu hospedeiro intermediário é o caramujo e o 
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FARMACOTERAPIA
definitivo os seres humanos. Sua forma infectante são as cercárias. Em humanos, habitam as vênulas da 
parede do reto, do sigmoide e outros segmentos do intestino grosso.
Podemos observar dermatite como manifestação clínica na fase aguda. Já na fase crônica, quadro 
intestinal (cólica, perda de sangue, diarreia), comprometimento hepático, intestinal e baço aumentado.
O tratamento farmacológico se baseia no uso de praziquantel. Esse fármaco apresenta amplo 
espectro, alta eficácia, baixa toxicidade e fácil administração. A ação do praziquantel altera a homeostasia 
do cálcio nas células do helminto, interferindo na função da musculatura e provocando paralisia dos 
vermes. Como efeitos adversos, que são raros e transitórios, observam-se náuseas, dor epigástrica, 
diarreia (eventualmente com sangue), urticária, cefaleia, tonturas e sonolência. Cabe destacar que, em 
pacientes gestantes, a administração do medicamento deve ser iniciada apenas depois do parto, por 
questões de segurança. O esquema consiste na administração da substância por VO, dose única de 
50 mg/kg (adultos) e 60 mg/kg (crianças).
Fasciolose
Tem como agente a Fasciola hepatica, vermes hermafroditas, tem de 2 a 4 cm de comprimento por 
de 1 a 2 cm de largura e aspecto de folha. Seu hospedeiro intermediário é o caramujo e o definitivo os 
vertebrados. Sua forma infectante são as cercárias.
No ser humano, habitam os dutos biliares intra-hepáticos. Temos como manifestações clínicas, 
na fase aguda (que pode ser assintomática por 3 a 4 meses), hepatomegalia, febre e eosinofilia. Na 
fase crônica são observadas dor abdominal localizada, poucas evacuações ou constipação, anorexia 
e dispepsia.
O tratamento pode ser baseado no uso de praziquantel 75 mg/kg por VO, 1 vez ao dia, por 7 dias.
Teníase
Tem como agentes a Taenia solium e a Taenia saginata, cujos hospedeiros intermediários são o 
porco e o boi, respectivamente. São vermes grandes, em forma de fita, que habitam o intestino humano, 
considerado o hospedeiro definitivo. Para se ter uma ideia, a Taenia solium pode medir 1,5-4 m, e a 
Taenia saginata 4-12 m. A contaminação se dá por ingestão de carne contaminada malcozida e de fonte 
não confiável. Essa parasitose normalmente é assintomática por determinado período.
As principais manifestações clínicas dependem de qual o responsável pelo parasitismo. A infecção 
por Taenia solium é menos evidente, uma vez que os parasitas são menores, as proglotes menos 
ativas, e que são eliminadas no meio das fezes. Entretanto o quadro clínico é semelhante ao gerado 
pela Taenia saginata. No quadro gerado pela Taenia saginata observam-se alterações da motilidade 
e da secreção digestiva. Em 1/3 dos casos há ocorrências de náuseas, astenia e perda de peso. 
Eventualmente são observadas manifestações como vertigens, constipação ou diarreia e prurido anal.
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Unidade II
No ser humano, pode ocorrer a cisticercose. A cisticercose é causada pela ingestão de ovos de 
Taenia solium. No organismo pode haver a liberação da larva que, ao alcançar a corrente sanguínea, 
chega a diversos territórios, como músculos, coração, olhos, tecido subcutâneo, medula espinhal 
e cérebro. Os sinais e sintomas estão diretamente relacionados com o local acometido. Por exemplo, no 
cérebro podem-se observar sintomas graves como convulsões, hipertensão intracraniana, hidrocefalia, 
estado mental alterado ou meningite.
O tratamento farmacológico da teníase considera o emprego de mebendazol 200 mg, VO, 2 vezes 
ao dia por 3 dias; praziquantel, VO, dose única, 5-10 mg/kg; ou albendazol, VO, 400 mg/dia por 3 dias.
O fármaco de escolha é a niclosamida, considerado um medicamento seguro, não absorvível pelo 
intestino e que praticamente não apresenta efeitos adversos. Quando os efeitos se manifestam, são 
náuseas, indisposição e dor abdominal. A niclosamida apresenta ação tenicida. Cabe destacar que os 
comprimidos devem ser mastigadose deglutidos com água, e o paciente deverá ser mantido em jejum 
no dia do tratamento. O esquema terapêutico depende da sua faixa etária.
Equinococose — doença hidática
Causada pelas formas larvais dos vermes Echinococcus granulosus. A contaminação se dá pela 
ingestão de seus ovos. O ser humano é considerado um hospedeiro acidental no ciclo desse parasita; os 
hospedeiros definitivos são os cães e os intermediários os bovinos. As manifestações clínicas dependem 
do tamanho do cisto e do grau de infiltração hepática, pulmonar ou de outros órgãos. Cirurgia, quando 
aplicável, é o tratamento de escolha. No tratamento farmacológico, emprega-se albendazol num 
esquema de 4 etapas de 30 dias com doses de 10-15 mg/kg/dia em 3 tomadas com intervalos de 15 dias. 
Apresenta atividade larvicida, ovicida e vermicida.
Passaremos agora para as parasitoses causadas por nematelmintos.
Ascaridíase
Causada pelo Ascaris lumbricoides, essa é a infecção helmíntica mais prevalente no mundo. 
A contaminação se dá pela ingestão de vegetais e água contaminados com ovos maduros. No ser 
humano, o verme adulto vive no intestino delgado, podendo migrar para o duto biliar, a vesícula biliar e 
o duto pancreático. As manifestações clínicas mais comuns são dor abdominal, perda de apetite, náusea, 
vômito e distensão abdominal.
O tratamento farmacológico tem como fármaco de escolha o pamoato de pirantel, um anti-helmíntico 
de amplo espectro. Este é um bloqueador neuromuscular que inibe a colinesterase, causa paralisia e 
contratura lenta dos vermes. O esquema farmacoterapêutico consiste na administração de dose única, 
VO, tanto em adultos como em crianças, de 11 mg/Kg/dia (no máximo 1 g). Os efeitos adversos são raros 
quando o esquema terapêutico considera as doses preconizadas.
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FARMACOTERAPIA
O albendazol pode ser empregado na dose de 400 mg/dia, VO, dose única (adultos), e 10 mg/kg, VO, 
dose única (crianças). No caso do mebendazol, considera-se a dose de 100 mg, VO, 2 vezes ao dia 
por 3 dias.
Ancilostomose — amarelão
A ancilostomose é uma infecção causada pelo Ancylostoma duodenale (ancilostomose do Velho 
Mundo) e Necator americanus (ancilostomose do Novo Mundo). No ser humano, os vermes adultos 
habitam o intestino. A contaminação se dá por meio da penetração de larvas na pele. Como manifestações 
clínicas observa-se anemia ferropriva e perda das proteínas plasmáticas.
O tratamento farmacológico consiste no emprego de pamoato de pirantel 20-30 mg/kg/dia, VO, por 
3 dias. É possível também utilizar o mebendazol 100 mg, VO, 2 vezes ao dia, por 3 dias, ou albendazol 
400 mg, VO, dose única.
Em função das características dessa parasitose, além do tratamento com antiparasitários adequados, 
o paciente deverá receber suporte com antianêmicos.
Enterobíase ou oxiurose
Causada pelo Enterobius vermicularis, trata-se de uma verminose de ampla distribuição. O hábitat 
dos vermes adultos no ser humano é a região cecal do intestino grosso e imediações. A contaminação 
ocorre após a ingestão ou inalação (heteroinfecção) ou ingestão de ovos (ânus, boca, autoinfecção). 
A manifestação clínica mais comum é o prurido anal. No parasitismo intenso são observadas 
manifestações como colite crônica, fezes moles ou diarreicas, inapetência e emagrecimento.
No tratamento medicamentoso podem ser empregados: pamoato de pirantel 10 mg/kg, VO, dose 
única (contudo, sua administração é contraindicada na gravidez); mebendazol 100 mg, VO, 2 vezes ao 
dia, por 3 dias; ou albendazol 10 mg/kg, VO, dose única, até no máximo 400 mg.
Estrongiloidíase
Causada pelo Strongyloides stercoralis, que, no ser humano, habita o intestino delgado. O indivíduo 
se contamina por meio da penetração de larvas na pele, o que provoca eritema pruriginoso. Como 
manifestações clínicas é possível observar um quadro pulmonar caracterizado pela presença de tosse, 
expectoração, febre e mal-estar. Num quadro digestivo observa-se a presença de diarreia/constipação, 
desconforto abdominal, cólicas, dor epigástrica, perda de apetite, náuseas e vômitos e um quadro 
sanguíneo com leucocitose e eosinofilia. Dessa maneira, estabelece-se um quadro geral com anemia, 
emagrecimento, astenia, desidratação, irritabilidade nervosa, depressão, entre outras manifestações. 
Dadas as características dessa parasitose e suas manifestações clínicas, o diagnóstico é difícil.
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Unidade II
Como tratamento farmacológico recomenda-se o uso de albendazol 40 mg/dia, VO, por 3 dias. Como 
reações adversas do albendazol são observados desconforto gastrintestinal e cefaleia. Uma alternativa 
é o tratamento com tiabendazol 50 mg/kg/dia, VO, por 3 dias, ou, no caso de hiperinfecção, por 5 dias. 
Como reações adversas comuns temos vertigens, náusea, perda de apetite e vômitos; além disso, esse 
medicamento apresenta potencial teratogênico.
Outra alternativa de interesse é a ivermectina em esquema de dose única, respeitando uma escala 
de pesos a ser consultada pelo prescritor.
 Observação
Na hiperinfecção, os mecanismos imunes do hospedeiro e dos parasitas 
permanecem em equilíbrio, de modo que nenhum deles é afetado 
seriamente. Quando o equilíbrio é rompido, um número maciço de larvas 
pode penetrar por todo o organismo.
Filariose
Parasitose causada pelo parasita Wuchereria bancrofti, também é conhecida como filariose linfática. 
A contaminação se dá através de picada de mosquitos contaminados (Culex), e a forma infectante são 
as microfilárias. No ser humano, instalam-se nos gânglios (linfonodos) e nos vasos linfáticos.
Na fase assintomática são observados fenômenos inflamatórios, como linfangites e linfadenites, dor 
na região inguinal ou em outro ponto da perna, febre, mal-estar, dores de cabeça e musculares, fadiga, 
anorexia, náuseas e insônia.
Na fase crônica da infecção são observados fenômenos obstrutivos, fibrose nas zonas de estase e 
edema linfático.
Conforme recomendação da OMS, o tratamento farmacológico consiste na administração de 
dietilcarbamazina 6 mg/kg/dia, VO, por 12 dias. É considerado um fármaco seguro e de baixa toxicidade. 
Como reações adversas observa-se anorexia, náuseas, vômitos, tonturas e sonolência.
Oncocercose
Causada pelo parasita Onchocerca volvulus, filárias que parasitam os tecidos subcutâneos dos seres 
humanos. Os vermes adultos enovelam-se e provocam a formação de nódulos por resposta imune do 
hospedeiro. São manifestações clínicas da oncocercose lesões cutâneas, eosinofilia e lesões oculares.
O tratamento específico é medicamentoso e, para retirada dos nódulos, cirúrgico. Cabe destacar que 
o tratamento com ivermectina pode não eliminar os vermes adultos. Isso exige acompanhamento do 
paciente e repetição da terapia medicamentosa.
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FARMACOTERAPIA
Como tratamento medicamentoso preconiza-se o uso de ivermectina em esquema de dose única, 
via oral, 0,15 a 0,20 mg/kg, VO, dose única, semestralmente ou anualmente, por 10 anos. As reações 
adversas normalmente não aparecem. Quando se manifestam, são observadas irritação ocular, anorexia, 
náuseas, vômitos, tonturas e sonolência.
Tricuríase
Causada pelo Trichuris trichiura. Normalmente o parasitismo é silencioso, e um número elevado 
de parasitas provoca perturbações intestinais graves. A contaminação se dá pela ingestão de 
ovos através de alimentos, mãos e poeiras contaminadas. No ser humano, os parasitas habitam 
o intestino grosso. O quadro clínico pode ser discreto e indefinido. As manifestações clínicas são 
caracterizadas por nervosismo, insônia, perda de apetite, eosinofilia, diarreia, dor abdominal, perda 
de peso, flatulência, constipação.
No tratamento farmacológico emprega-se o mebendazol (fármaco de escolha) 100 mg, VO, 2 vezes 
ao dia, por 3 dias; albendazol 400 mg, VO, 1 vez ao dia, por 3 dias; ou ivermectina 200 mcg/kg, VO, 
1 vez ao dia por 3 dias.
Toxocaríase — larva migrans visceral
Parasitose causada pelo Toxocara canis. Os parasitas vivem no intestino delgado de cães e gatos 
(hospedeiros definitivos), e levam uma vida muito semelhante ao áscarisem humanos. Os seres 
humanos (hospedeiros acidentais) são infectados pela ingestão de ovos do parasita; depois dessa 
ingestão, os ovos eclodem e liberam as larvas. Estas penetram a parede do intestino e podem alcançar 
diversos órgãos, como fígado, coração, pulmões, cérebro, músculo e olhos.
Os machos medem de 4 a 10 cm e as fêmeas, de 6 a 18 cm.
Com frequência, a toxocaríase é uma condição subclínica e autolimitada, e o tratamento é indicado 
para pacientes sintomáticos (CARVALHO; ROCHA, 2011).
Em humanos, as manifestações clínicas podem variar de casos assintomáticos até casos fatais. A 
evolução depende de vários fatores, como a carga parasitária, a maneira como as larvas se distribuem e 
migram e a própria resposta do hospedeiro (QUEIROZ; CHIEFFI, 2005).
O tratamento em crianças recomenda-se, nos casos com sintomas leves a graves, utilizar albendazol, 
considerado como tratamento de 1ª linha, 400 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias. Na toxocaríase ocular 
albendazol 400 a 800 mg, VO, 2 vezes ao dia por 28 dias e, dependendo dos sintomas, um corticoide 
pode ser associado (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2020).
No caso dos pacientes adultos, albendazol, 400 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias ou mebendazol 
também pode ser utilizado na dose de 100-200 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias.
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Unidade II
Outros antiparasitários de interesse:
• Pirvínio: utilizado no tratamento da oxiurose (enterobíase), infecção parasitária ocasionada pelo 
Enterobius vermicularis.
• Cambendazol: considerado um fármaco de amplo espectro e empregado em parasitoses causadas 
por Ancylostoma braziliense (Larva migrans), Ancylostoma caninum, Toxocara canis, Toxocara cati. 
É considerado o fármaco de escolha para o tratamento da estrongiloidíase.
• Flubendazol: pode ser utilizado no tratamento de infecções simples ou múltiplas causadas por 
Enterobius vermicularis (oxiúro), Trichuris trichiura, Ascaris lumbricoides (lombriga), Ancylostoma 
duodenale e Necator americanus (ancilóstomo).
• Nitazoxanida: antiparasitário sintético, de amplo espectro de ação e administrado por via 
oral. Apresenta atividade contra protozoários, helmintos, rotavírus e norovírus. Esse fármaco é 
utilizado como anti-helmíntico efetivo contra nematódeos, cestódeos e trematódeos: Enterobius 
vermicularis, Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis, Ancylostoma duodenale, Necator 
americanus, Trichuris trichiura, Taenia sp. etc.
5.1.2 Outras doenças tropicais de interesse
Doença de Chagas
Doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida, principalmente, através de um 
inseto chamado barbeiro. Há, ainda, outras formas de transmissão, como pela transfusão de sangue 
e a transmissão congênita. No ser humano, habitam o sangue e as fibras musculares, principalmente 
cardíaca e do trato gastrintestinal.
As manifestações clínicas têm relação com a fase da doença. Na fase aguda observa-se febre, 
mal-estar, perda de apetite, edemas, aumento do fígado e do baço. De forma geral, é comum que a 
doença não seja notada. Porém, em crianças, o quadro pode tornar-se grave a ponto de levá-la a óbito.
Já na fase crônica, muitos portadores podem passar muito tempo (ou, eventualmente, a vida toda) 
sem que a doença se manifeste. Em outros, a doença progride manifestando comprometimento orgânico 
— em destaque, comprometimento do coração e do trato digestório.
A prevenção à doença de Chagas baseia-se no controle do vetor (barbeiro). Nesse sentido, 
é fundamental estar atento a diversas medidas, como o uso de telas e mosquiteiros, mas também 
condições de moradia adequadas.
O tratamento deve ser realizado de maneira precoce quando for possível a identificação da doença 
na fase aguda ou congênita. Na fase aguda é possível utilizar o benznidazol 5 mg/kg/dia, em adultos, 
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FARMACOTERAPIA
e 5-10 mg/kg/dia, em crianças, ambas VO, em 2 ou 3 tomadas diárias por 60 dias. Essa substância é 
contraindicada para gestantes, e a dose máxima recomendada é de 300 mg/dia, VO.
O tratamento sintomático dependerá das manifestações clínicas do paciente. Esse raciocínio vale 
tanto para a fase aguda como para a fase crônica.
O tratamento das manifestações cardiológicas é o mesmo que o empregado em outras 
cardiomiopatias. Essa orientação vale também para as manifestações do trato digestório. Dependendo 
do comprometimento e estágio da doença, pode ser necessária intervenção cirúrgica.
Leishmaniose
Doença causada pelo protozoário Leishmania. O agente é transmitido por meio da picada de insetos 
hematófagos. Esses insetos são extremamente pequenos, de modo que conseguem atravessar telas 
ou mosquiteiros. A doença pode apresentar diferentes formas clínicas, dependendo da espécie de 
Leishmania e da relação do parasita com o hospedeiro.
São conhecidos dois tipos de leishmaniose: a tegumentar, também chamada de cutânea, e a visceral, 
também chamada de calazar.
As manifestações clínicas típicas da leishmaniose tegumentar é o aparecimento de feridas na 
pele. Com a evolução da doença, essas feridas podem surgir na boca, garganta e mucosa nasal. Já a 
leishmaniose visceral acomete diversos órgãos, como fígado, baço e medula óssea.
Cabe destacar que a leishmaniose é considerada uma doença de longa duração, e as manifestações 
clínicas dependem do tipo de leishmaniose.
As manifestações observadas na leishmaniose visceral são febre irregular e prolongada, anemia, 
mal-estar, palidez, perda de apetite e de peso, e indisposição. Em função do aumento do fígado e do 
baço, observa-se inchaço abdominal.
Em relação à leishmaniose cutânea, há o surgimento de uma pápula de coloração avermelhada 
no local da picada do inseto. Essa pápula não aparece imediatamente após a picada; com o passar do 
tempo, ela aumenta de tamanho, seu aspecto avermelhado passa a ser de uma ferida com uma crosta 
ou até mesmo pus.
Cabe lembrar que a leishmaniose pode manifestar-se em mucosas (como a nasal e bucal) com lesões 
de características inflamatórias.
As medidas mais úteis na prevenção da leishmaniose têm relação com o controle do vetor, da 
higiene e da limpeza.
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Unidade II
Detalhe interessante é que existe vacina para a leishmaniose canina, mas não para a humana. Uma 
medida útil por parte das autoridades sanitárias seria a adoção do controle da leishmaniose humana 
por meio da vacinação canina.
O fármaco de escolha para o tratamento da leishmaniose é o antimonial pentavalente (antimoniato 
de N-metil-glucamina). Por recomendação da OMS, a dose dessa substância deve ser calculada em 
mg/Sb5+/kg/dia, considerando que Sb5+ é o antimônio pentavalente.
A forma farmacêutica disponível é a injetável contendo 1,5 g de antimoniato, o que corresponde a 
405 mg de Sb5+. A dose preconizada varia entre 10-20 mg/Sb5+/kg/dia (adultos e crianças), por 20 dias. 
Se necessário, o esquema pode ser repetido.
Hanseníase
Doença crônica causada pelo Mycobacterium leprae. Uma característica própria desse bacilo é 
apresentar alta infectividade e baixa patogenicidade. Trata-se de um parasita intracelular obrigatório, 
e a transmissão ocorre de pessoa para pessoa.
As manifestações clínicas se dão por meio de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos.
As manifestações dermatológicas são caracterizadas por lesões que apresentam típica diminuição 
ou ausência de sensibilidade. Eventualmente, isso pode chamar a atenção do paciente.
As manifestações neurológicas ocorrem em função das lesões nos nervos periféricos a partir das 
lesões na pele. Quando não diagnosticadas e/ou tratadas, podem causar incapacidades físicas e até 
mesmo deformidades.
O tratamento preconizado pela OMS e adotado pelo Ministério da Saúde baseia-se na administração 
combinada de rifampicina, dapsona e clofazimina — tanto para adultos como para crianças.
O tratamento segue protocolos padronizados de acordo com a classificação do paciente para a 
hanseníase. Essa classificação leva em conta o número de lesões cutâneas que o paciente apresenta: 
• hanseníase paucibacilar (PB), para pacientes comaté cinco lesões de pele; 
• hanseníase multibacilar (MB), para aqueles com cinco lesões ou mais.
Os quadros a seguir apresentam os esquemas de tratamento para ambos os casos.
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FARMACOTERAPIA
Quadro 11 – Esquema farmacoterapêutico da hanseníase paucibacilar
Adulto
Rifampicina (RFM): dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg), com administração 
supervisionada
Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg, supervisionada, e dose diária de 100 mg, 
autoadministrada
Criança
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450 mg (1 cápsula de 150 mg e 1 cápsula de 300 mg), com 
administração supervisionada
Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg, supervisionada, e dose diária de 50 mg, autoadministrada
Duração: 6 doses
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 6 doses supervisionadas, em até nove meses. Na 6ª dose, os 
pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica e do grau de incapacidade física 
e receber alta por cura
Fonte: Brasil (2010a, p. 211).
Quadro 12 – Esquema farmacoterapêutico da hanseníase multibacilar
Adulto
Rifampicina (RFM): dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg), com administração 
supervisionada
Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg, supervisionada, e uma dose diária de 100 mg, 
autoadministrada
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg), com administração 
supervisionada, e uma dose diária de 50 mg, autoadministrada
Criança
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450 mg (1 cápsula de 150 mg e 1 cápsula de 300 mg), com 
administração supervisionada
Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg, supervisionada, e uma dose diária de 50 mg, 
autoadministrada
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150 mg (3 cápsulas de 50 mg), com administração 
supervisionada, e uma dose de 50 mg, autoadministrada, em dias alternados
Duração: 12 doses
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 12 doses supervisionadas, em até 18 meses. Na 12ª dose, 
os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica simplificada e de grau de 
incapacidade física, e receber alta por cura. Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica, ao final do 
tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), deverão ser encaminhados para avaliação nas unidades de maior 
complexidade, para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamento, com 12 doses
Fonte: Brasil (2010a, p. 212).
Dengue
A dengue é uma doença viral causada por um vírus de RNA, um arbovírus do gênero Flavivirus, da 
família Flaviviridae (BRASIL, 2010a).
Em geral, as arboviroses permanecem em regiões silvestres, mas podem também ocorrer em áreas 
urbanas, se as condições para o desenvolvimento do vetor forem favoráveis.
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Unidade II
Os arbovírus são transmitidos por artrópodes hematófagos, como o Aedes aegypti. Assim, a 
transmissão se dá através da picada do mosquito.
A fêmea do Aedes aegypti precisa de água parada para postura dos ovos. Assim, observa-se maiores 
taxas de transmissão nos períodos chuvosos. Nesses períodos, o ambiente para a proliferação do vetor 
se torna muito favorável e, consequentemente, favorece a transmissão.
Figura 15 – Aedes aegypti
Disponível em: https://cutt.ly/RULHbc2. Acesso em: 14 dez. 2021.
Dessa forma, é essencial manter os ambientes limpos e sem pontos de acúmulo de água para que o 
mosquito não encontre pontos adequados para a postura dos ovos.
Além disso, os ovos de Aedes aegypti podem permanecer viáveis por até um ano, até que as condições 
se tornem novamente favoráveis para sua eclosão — o que faz das medidas de prevenção ainda mais 
necessárias.
Atualmente, são conhecidos quatro tipos de vírus da dengue, designados por sorotipos 1, 2, 3 e 4. 
Embora a infecção por determinado sorotipo gere imunidade permanente, uma mesma pessoa pode 
ser infectada pelos outros sorotipos. Desse modo, tecnicamente, um único indivíduo pode ter dengue 
quatro vezes.
Cabe destacar que todos os quatro sorotipos podem levar à dengue grave. Inclusive, como outras 
viroses, a infecção pode manifestar-se de forma subclínica. Nesse caso, a pessoa não apresenta 
manifestações clínicas, ou apresenta sintomas leves que podem se confundir com outras condições ou 
viroses. Observa-se também que a segunda infecção por qualquer sorotipo costuma ser mais grave.
As formas de prevenção disponível têm relação com o controle do vetor, a fim de evitar a existência 
de todo e qualquer lugar propício para o acúmulo de água parada.
O uso de repelentes também é uma medida de proteção preventiva, principalmente em áreas 
endêmicas, mas o controle na proliferação do vetor é a medida mais efetiva.
87
FARMACOTERAPIA
Não há um grupo mais suscetível à dengue — todas as faixas etárias podem desenvolver a doença 
de maneira mais ou menos grave. Contudo, a população idosa, em função de senescência e presença de 
comorbidades, pode desenvolver uma forma mais grave de dengue, inclusive com risco de óbito.
Quanto à população em geral, observa-se riscos aumentados de dengue grave naqueles que 
apresentam alguma doença crônica, como hipertensão, diabetes etc.
Os principais sintomas são:
• febre > 38,5 °C;
• dor muscular intensa;
• dor atrás dos olhos e ao movimentá-los;
• mal-estar;
• dor nas articulações;
• perda de apetite;
• cefaleia;
• fraqueza;
• manchas vermelhas na pele, com ou sem prurido e erupção.
Observe que uma parte substancial dos sintomas elencados são comuns a outras condições virais. 
Inclusive, na fase febril inicial da dengue, o diagnóstico diferencial pode não ser possível a partir dos 
sintomas manifestados pelo paciente. Nas formas mais graves de dengue observa-se dor abdominal e 
sangramento de mucosas.
Não existe tratamento específico para a dengue. Assim, a avaliação precoce é fundamental, não 
apenas para identificar a dengue, mas para estabelecer a conduta clínica adequada.
O tratamento disponível baseia-se no suporte aos sintomas. A hidratação oral ou endovenosa é a 
conduta mais importante. Para controlar ou minimizar a dor e a febre, é possível utilizar paracetamol ou 
dipirona. Em geral, os anti-inflamatórios não esteroidais (Aines) estão contraindicados, especialmente o 
ácido acetilsalicílico (AAS), pois, em função do mecanismo de ação dos Aines, podem aumentar o risco 
de hemorragia.
No caso de aparecimento das manchas vermelhas e que apresentem prurido e/ou inchaço, pode-se 
utilizar a dexclorfeniramina.
88
Unidade II
 Saiba mais
Acesse este material do Ministério da Saúde para saber mais sobre 
diagnóstico, tratamento e aspectos epidemiológicos da dengue:
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: 
aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Fundação 
Nacional de Saúde, 2002. Disponível em: https://cutt.ly/ZUHRVbM. Acesso 
em: 14 dez. 2021.
Hidrofobia (raiva)
Doença viral, caracterizada por uma encefalite de natureza progressiva e aguda. Acomete mamíferos, 
inclusive os seres humanos. Segundo o Ministério da Saúde, apresenta aproximadamente 100% 
de letalidade.
A raiva é transmitida por meio da saliva de animais infectados, principalmente em caso de mordedura. 
O agente causador é um vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.
Segundo Greenlee (2020), anualmente são registradas mais de 55 mil mortes em todo o mundo, com 
destaque para América Latina, África e Ásia, regiões nas quais a raiva canina é endêmica.
O Brasil tem alcançado uma significativa redução nas taxas de mortalidade por raiva humana. 
A maioria dos casos registrados são esporádicos e acidentais. Observe, na figura a seguir, os dados da 
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), atualizados em maio de 2020.
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17
0,000
Cão Gato Morcego Silvestre terrestre
2008
sem registro 
de RH por cão
Ta
xa
 d
e 
m
or
ta
lid
ad
e
2014
sem registro 
de RH
Herbívoro Geral
0,010
0,020
0,030
0,040
0,005
0,015
0,025
0,035
0,045
0,050
Figura 16 – Taxa de mortalidade de raiva humana por tipo de animal agressor (1986 a 2017)
Disponível em: https://cutt.ly/bULGdnC. Acesso em: 31 out. 2021.
89
FARMACOTERAPIA
Os sinais e sintomas aparecem após um período de incubação, que dura, em média, 45 dias 
nos humanos.
Após o período de incubação, aparecem sinais e sintomas de natureza inespecífica, que podem durar 
de 2 a 10 dias, dependendo da pessoa. São eles:
• mal-estar;
• febre baixa;
• anorexia;
• cefaleia;
• náuseas;
• dor de garganta;
• entorpecimento;
• irritabilidade;
• inquietação;
• angústia.
Também pode ocorrer na região da mordida: hiperestesia e parestesia no trajeto dos nervos, 
linfoadenopatia e alterações comportamentais.
À medida que a infecção evolui, os sintomas tornam-se mais graves. São eles:
• ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes em padrão crescente;
• febre;
• delírios;
• espasmos musculares e convulsões.
O quadro continua num padrão progressivo e os espasmos musculares evoluem à paralisia, causando 
comprometimento importante nos tratos intestinal, urinário e cardiorrespiratório. Surgem também 
manifestações como fotofobia, aerofobia, entre outras.
90
Unidade II
O quadro configura-se extremamente grave após o aparecimento dos sintomas, e evolui num período 
de 2 a 7 dias até o óbito.
Nesse processo é possível aplicar o Protocolo de Tratamento da Raiva Humana do Ministério da 
Saúde. Contudo, este é um tratamento de suporte, que adota medidas como indução de coma profundo, 
antivirais e medicamentos para controlar as complicações como convulsões, infecções, hipertensão 
intracraniana, desidratação, entre outras.
No Brasil, estão disponíveis imunobiológicos usados na profilaxia da raiva humana. São duas as 
possibilidades de medidas profiláticas adotadas: a pré e a pós-exposição.
A profilaxia pré-exposição é recomendada aos que apresentam alto risco de exposição.
Em caso de exposição ao vírus, a primeira medida a ser tomada é lavar muito bem o local da 
mordedura, com muita água e sabão, e procurar um serviço de saúde o mais rápido possível para 
avaliação e atendimento do caso pela equipe de saúde.
Diante dessas informações, fica ainda mais evidente a importância da vacinação anual de cães e gatos: 
uma vez que prevenimos a raiva nesses animais, fortalecemos também a prevenção da raiva humana.
 Saiba mais
Conheça o protocolo brasileiro para tratamento da raiva humana:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Protocolo de tratamento da 
raiva humana no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: 
https://cutt.ly/OUHTj8V. Acesso em: 14 dez. 2021.
6 DOENÇA RENAL E DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS
6.1 Doença renal
Inúmeras condições podem acometer diretamente os rins; outras estão relacionadas a condições 
distintas, como infecções, uso de medicamentos etc. Também há variação quanto à gravidade desse 
acometimento e, consequentemente, o grau de comprometimento da função renal, podendo levar, 
inclusive, à perda completa da função renal. Em alguns casos, o transplante de rim é a única alternativa 
para salvar a vida do paciente.
Com isso, constatamos que há condições renais agudas e crônicas. No caso das doenças renais 
crônicas, além dos múltiplos fatores que podem estar envolvidos em sua gênese, observa-se que o 
91
FARMACOTERAPIA
tempo de evolução pode ser lento e a condição, assintomática, retardando o diagnóstico apropriado. 
Em muitos casos, quando o problema é efetivamente diagnosticado, se faz necessária a hemodiálise.
Os rins têm como principal função a remoção de resíduos e a manutenção do equilíbrio 
hidroeletrolítico. Desse modo, qualquer acometimento renal exige atenção.
Abordaremos a seguir algumas das condições de relevância clínica que impactam o bom 
funcionamento dos rins.
6.1.1 Nefrite
Trata-se de uma condição inflamatória dos rins que pode ter diversas causas, como uso de 
medicamentos que afetam a função renal (ou apresentam nefrotoxicidade), infecções, doenças 
autoimunes (como lúpus eritematoso), exposição prolongada a agentes tóxicos (como o chumbo), 
entre outras.
Os principais sintomas observados são diminuição do volume e escurecimento da urina (com 
presença ou não de sangue), sudorese excessiva, inchaço em membros inferiores e olhos, e aumento 
da pressão arterial.
O tratamento depende do tipo de nefrite; assim, o diagnóstico precoce e adequado é fundamental 
para que não haja o risco de evolução desfavorável para insuficiência renal. Portanto identificar a origem 
e/ou o agente causador permite a escolha do tratamento mais eficaz.
Em condições infecciosas, são empregados antibióticos que estejam de acordo com o agente 
causador e que alcancem concentrações adequadas nos rins; o uso de diuréticos também pode 
estar indicado.
Nos casos em que não se identifica a causa e/ou agente por meio de exames laboratoriais, pode ser 
necessária a realização de exames por imagem — e, eventualmente, biópsia — para que seja possível 
estabelecer a natureza do quadro.
6.1.2 Infecção urinária
Trata-se de infecções que acometem o trato urinário, sendo muito comuns em mulheres.
A infecção urinária recebe denominações diferentes a depender da porção do trato urinário que é 
afetada. Assim, temos a pielonefrite (rins), a uretrite (uretra) e a cistite (bexiga).
Diversos microrganismos podem estar envolvidos nessas infecções. Contudo, o agente predominante 
é a Escherichia coli, bactéria que costuma estar presente na flora intestinal.
92
Unidade II
Em geral, o processo se resolve de maneira espontânea. Mas, dependendo do caso, é necessário o 
emprego de antibacterianos, selecionados conforme o microrganismo encontrado no exame de urina. 
Ao solicitar o exame de urina, é comum que se peça exame de cultura e antibiograma. Com isso, caso se 
identifique algum microrganismo, o tratamento poderá ser instituído de maneira mais adequada.
Um problema que se observa no tratamento das infecções urinárias são as infecções recorrentes ou 
recidivas. Isso se deve a diversos fatores, como não seguimento adequado do plano farmacoterapêutico, 
automedicação e resistência bacteriana.
A antibioticoterapia empregada considera a gravidade da infecção e se há risco da presença 
de microrganismos resistentes. Para tratar cistite não complicada ou recorrente, pode-se indicar 
nitrofurantoína, sulfametoxazol + trimetoprima ou fosfomicina. Dependendo do quadro, utiliza-se 
quinolonas, fluorquinolonas ou β-lactâmicos. Para o tratamento da cistite recorrente é possível usar um 
antibiótico de amplo espectro, como as fluorquinolonas; nesse caso, será necessário realizar o exame de 
urina com cultura e antibiograma.
Assim, mesmo se tratando de uma condição considerada relativamente comum, é fundamental a 
avaliação médica para instituir a terapia mais racional, segura e eficaz.
6.1.3 Cálculo renal
São formações sólidas que se desenvolvem nos rins ou nas vias urinárias. Essas formações apresentam 
diversos tamanhos, formatos e composições e são o resultado do acúmulo de cristais presentes na urina.
São diversas as origens dos cálculos renais, como: predisposição genética, baixa ingesta de água, 
condições ambientais, dieta rica em proteínas e sal, obesidade, sedentarismo etc.
Em alguns casos, não se observa sintomas, ou observa-se apenas um desconforto ou leve dor quando 
o cálculo passa pelo ureter. Entretanto a maioria dos casos apresenta dor muito intensa (lancinante), 
náuseas, vômitos, sangue na urina, diminuição ou interrupção do fluxo urinário, necessidade de urinar 
frequentemente e infecções urinárias.
O tratamento baseia-se no uso de medicamentos para controle da dor, como Aines, opioides, 
analgésicos, antiespasmódicos; a escolha do fármaco ou combinaçãodepende de cada caso. Para 
auxiliar a eliminação do cálculo, administram-se fluídos e fármacos para aumentar o fluxo urinário, 
como tansulosina ou doxazosina.
Caso o cálculo não seja eliminado, ou haja impossibilidade de eliminação, pode-se indicar litotripsia 
ou outra cirurgia.
93
FARMACOTERAPIA
 Saiba mais
Para saber mais sobre a urolitíase (pedra nos rins), acesse este interessante 
material da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU):
TÜRK, C. et al. Diretrizes para urolitíase. In: EUROPEAN ASSOCIATION 
OF UROLOGY. Pocket guidelines — 2012 edition. Tradução: Sociedade 
Brasileira de Urologia (SBU). Rio de Janeiro: SBU, 2012. p. 369-409. 
Disponível em: https://cutt.ly/xIhZJHp. Acesso em: 14 jan. 2022.
6.1.4 Doença renal crônica
Condição que se caracteriza pela perda progressiva e lenta da função dos néfrons e, com isso, a 
diminuição da capacidade de filtração do sangue. Em consequência desse processo, a capacidade de 
manutenção da homeostase é comprometida (BASTO, 2011 apud AGUIAR et al., 2020).
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica pode ser considerada epidêmica 
e um problema global em termos de saúde pública. Lamentavelmente, sua prevalência no Brasil é incerta 
(MARINHO et al., 2017).
Envelhecimento, hipertensão arterial e diabetes são apontados como os principais fatores na 
etiologia da doença renal crônica. Aspectos socioeconômicos, raciais e de gênero também devem ser 
considerados, em função do perfil genético, como fatores determinantes.
A doença renal crônica é classificada em estágios conforme a gravidade, ou seja, o grau de 
comprometimento da função renal. A tabela a seguir apresenta esses estágios.
Tabela 4 – Estágios da doença renal crônica
Estágio 1 TFG normal (≥ 90 mL/min/1,73 m2) mais albuminúria persistente ou doença renal 
hereditária ou estrutural conhecida
Estágio 2 TFG 60-89 mL/min/1,73 m2
Estágio 3a TFG 45-59 mL/min/1,73 m2
Estágio 3b TFG 30-44 mL/min/1,73 m2
Estágio 4 TFG 15-29 mL/min/1,73 m2
Estágio 5 TFG < 15 mL/min/1,73 m2
TFG: taxa de filtração glomerular
Adaptada de: Malkina (2020).
O tratamento tem por objetivo preservar e/ou restabelecer a função renal, de modo a não chegar no 
estágio de perda completa da função, e consiste em:
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Unidade II
• acompanhamento e controle de doenças subjacentes;
• tratamento de comorbidades, como insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão, nefrolitíase e 
hipertrofia prostática;
• avaliação da farmacoterapia do paciente e ajuste do esquema posológico, se necessário;
• diálise;
• controle das taxas de eletrólitos;
• dieta com baixa ingesta de proteínas, potássio e fosfatos;
• suplementos para controle da anemia e vitamina D.
Os pacientes renais crônicos são susceptíveis à hipovitaminose D: devido à diminuição no número de 
néfrons, além de outros fatores, a síntese de 1,25 (OH)2D está comprometida (BOSWORTH; DE BOER, 2013). 
A literatura aponta que a vitamina D pode prejudicar a evolução da doença renal crônica, inibindo a 
produção de renina; como resultado, há uma diminuição da produção de angiotensina II e aumento 
de produção da proteína Klotho, além da redução de FGF-23 e TGF-β. Os fatores FGF-23 e TGF-β estão 
relacionados com a progressão da doença renal crônica (HU et al., 2013).
 Saiba mais
Acesse esta página da Sociedade Brasileira de Nefrologia e conheça o 
impacto da hipovitaminose D no paciente renal crônico:
SAMAAN, F.; CARVALHO, A. B.; CANZIANI, M. E. F. Revisão de Literatura 
apresentada na defesa de tese de doutorado da Unifesp, em maio de 2018: 
“Hipovitaminose D na doença renal crônica: foco na calcificação vascular 
e pressão arterial”. Sociedade Brasileira de Nefrologia, 29 maio 2018. 
Disponível em: https://cutt.ly/eUHTYNT. Acesso em: 14 dez. 2021.
6.2 Distúrbios eletrolíticos
Essa condição é caracterizada pela deficiência ou excesso de eletrólitos no sangue.
O equilíbrio hidroeletrolítico é fundamental para a homeostasia. Assim, distúrbios nesse equilíbrio 
podem ser graves e potencialmente fatais.
Os distúrbios eletrolíticos ocorrem quando há perda significativa de líquidos e eletrólitos. Diversas 
condições podem levar a esse quadro de desequilíbrio, como suor excessivo, quadros graves de vômito 
e/ou diarreia, hemorragias, poliúria e baixa ingesta de água.
95
FARMACOTERAPIA
Para que a homeostasia seja restabelecida, é fundamental que se institua a terapia de reposição 
eletrolítica o mais rápido possível e/ou se corrijam os níveis de eletrólitos.
Os principais distúrbios eletrolíticos têm relação com alterações nos níveis plasmáticos de sódio e 
potássio. Na sequência, abordaremos esses dois principais eletrólitos.
6.2.1 Sódio (Na+)
Os níveis plasmáticos de Na+ considerados normais estão na faixa de 135-145 mEq/L. Podemos 
observar dois desequilíbrios nos níveis de Na+: a hiponatremia e a hipernatremia.
Hiponatremia
Considera-se um estado de hiponatremia quando a concentração de Na+ está abaixo de 135 mEq/L. 
Essa condição é classificada conforme seu grau (AURIEMMA et al., 2018), como pode-se observar na 
tabela a seguir.
Tabela 5 – Classificação por graus de gravidade da hiponatremia
Leve [Na+] = 130-135 mEq/L
Moderada [Na+] = 125-129 mEq/L
Severa [Na+] = < 125 mEq/L
[ ] = concentração
Adaptada de: Auriemma et al. (2018).
O tratamento da hiponatremia leva em consideração não apenas as concentrações plasmáticas de 
Na+, mas também se a condição é aguda ou crônica e, principalmente, a necessidade de se tratar a causa 
que levou ao distúrbio.
Esse tratamento é categorizado segundo a volemia do paciente:
• Hiponatremia hipovolêmica: reposição hidroeletrolítica com solução fisiológica, cloreto de sódio 
(NaCl) 0,9%. Em alguns casos, reposição de Na+ por meio da dieta.
• Hiponatremia euvolêmica: tratada caso seja uma situação aguda e sintomática. Administra-se 
solução de NaCl 3%. Durante a infusão do soro, o Na+ plasmático deverá ser monitorado.
• Hiponatremia hipervolêmica: o manejo baseia-se em restrição hídrica e administração de diuréticos 
de alça, como a furosemida; um inibidor da enzima conversora de angiotensina também é indicado 
para reduzir a retenção de Na+ mediada pela aldosterona no sistema renina-angiotensina. Em 
alguns casos será necessário realizar diálise.
96
Unidade II
Hipernatremia
Caracteriza-se por concentrações séricas de Na+ acima de 145 mEq/L. Pode ocorrer em pessoas com 
baixa ingesta de água, e as manifestações são inespecíficas. Em idosos os sintomas não são claros, e 
manifestam-se como sede, fraqueza muscular, irritabilidade, tremores musculares e letargia. Em crianças 
observa-se cansaço, insônia, letargia, fraqueza muscular, hiperpneia e até mesmo o coma.
O tratamento também se dá conforme a volemia do paciente.
• Hipernatremia hipovolêmica: a correção é feita pela infusão de soluções isotônicas ou hipotônicas, 
como solução de NaCl 0,45%.
• Hipernatremia hipervolêmica: reposição de água via oral ou infusão de solução hipotônica 
de NaCl 0,45%.
6.2.2 Potássio (K+)
Tem papel fundamental na manutenção do volume celular, uma vez que o K+ é predominantemente 
intracelular. É também importante no potencial de repouso da membrana celular de células excitáveis.
Hipocalemia
É um distúrbio eletrolítico comum, que ocorre quando a concentração sérica de K+ é inferior a 
305 mEq/L. Quando grave, é potencialmente fatal. As manifestações observadas incluem mal-estar, 
fraqueza, parestesias, cãibras, hipotensão, constipação e vômitos. É possível observar alterações 
características no eletrocardiograma.
Em geral, a correção desse distúrbio se dá pela administração de K+ por via oral.
Entretanto algumas situações exigem a reposição de K+ por via endovenosa. O manejo será 
realizado conforme a condição clínica do paciente baseada nos níveis plasmáticos de K+. Nesses casos, 
administra-se solução fisiológica (NaCl 0,9%) com ou sem aditivação de cloreto de potássio (KCl).
Hipercalemia
Nesse caso, observa-se níveis de K+ acima de 5,5 mEq/L. Níveis acima de 6,5 mEq/L são 
potencialmentefatais.
Como manifestações clínicas observam-se fraqueza, parestesias, bradicardia e assistolia.
Em casos de emergência, são necessárias condutas que controlem a arritmia induzida pela hipercalemia. 
Nesses casos, administra-se gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio 10% por via endovenosa.
Na redução do K+ corporal total, é possível diminuir os níveis de K+ utilizando resinas de troca iônica, 
furosemida e diálise.
97
FARMACOTERAPIA
Para os pacientes com hipercalemia crônica, a dieta com baixas concentrações de K+ é fundamental. 
É possível usar um diurético caso seja necessário, e empregar o bicarbonato de sódio na correção da 
acidose metabólica; além disso, pacientes com hipercalemia crônica devem evitar o uso de Aines.
7 FARMACOTERAPIA DAS DOENÇAS OCULARES E OSTEOARTICULARES
7.1 Doenças oculares
As doenças oculares caracterizam-se por problemas oftalmológicos cujas causas podem ter diversas 
origens. Entre elas, devemos considerar causas genéticas, hábitos e estilo de vida etc.
Devem ser tratadas com muita atenção, pois a médio e longo prazo — e dependendo do problema 
e da gravidade — podem levar a cegueira. Além disso, comprometem a qualidade de vida do indivíduo, 
uma vez que a visão é responsável por 85% das informações recebidas pelo ser humano, provenientes 
do ambiente ao seu redor.
Assim, é fundamental o diagnóstico precoce para permitir o tratamento apropriado, evitando a perda 
irreversível da visão. Visitas periódicas ao oftalmologista e cuidados oculares diários são essenciais.
 Lembrete
A visão é responsável por 85% das informações recebidas pelo ser 
humano, provenientes do ambiente ao seu redor.
Desde 2016, temos a Campanha “Abril Marrom”. O objetivo dessa iniciativa é alertar e conscientizar 
a população brasileira sobre a importância dos cuidados oculares, prevenção, diagnóstico precoce e 
tratamento apropriado das doenças oculares que podem levar à cegueira. Segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), de 60% a 80% dos casos de cegueira são evitáveis. A figura mostra o logotipo 
da campanha realizada anualmente.
Figura 17 – Logotipo do Abril Marrom
Fonte: https://cutt.ly/uULHOFp. Acesso em: 5 ago. 2021.
98
Unidade II
Dados apontados na publicação As condições da saúde ocular no Brasil 2019, do Conselho Brasileiro 
de Oftalmologia (CBO) (OTTAIANO et al., 2019), indicam que aproximadamente 0,75% da população 
brasileira seja cega. Esse cálculo foi realizado a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE).
O importante a ser destacado é que, também segundo o CBO, 80% das doenças oculares que podem 
levar à cegueira são preveníveis e tratáveis. Dito isso, o que mais chama a atenção nesse dado? A 
resposta é clara: muitas pessoas, hoje cegas, poderiam estar enxergando normalmente se tivessem tido 
o diagnóstico precoce e consequente tratamento apropriado.
 Saiba mais
Conheça esta importante publicação do Conselho Brasileiro de 
Oftalmologia, em que você encontrará ricas informações sobre as condições 
da saúde ocular no Brasil:
OTTAIANO, J. A. A. et al. As condições de saúde ocular no Brasil 2019. 
São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2019. Disponível em: 
https://cutt.ly/2UHYQ9d. Acesso em: 19 set. 2021.
7.1.1 Principais doenças oculares
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2021c), as principais doenças oculares, responsáveis pela 
maioria dos atendimentos realizados no Brasil, são:
• catarata;
• glaucoma;
• conjuntivite;
• retinopatia diabética;
• erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia ou “vista cansada”).
No caso dos erros de refração, o “tratamento” consiste no uso de lentes corretivas (óculos), lentes de 
contato e cirurgia refrativa. A cirurgia refrativa é indicada para pacientes com miopia, hipermetropia, 
astigmatismo e presbiopia.
A retinopatia diabética caracteriza-se por uma complicação do diabetes. Observa-se extravasamento de 
sangue dos vasos sanguíneos da retina. Podem aparecer novos vasos, levando a sangramento, formação 
de cicatrizes ou até mesmo descolamento da retina.
99
FARMACOTERAPIA
O tratamento consiste no controle dos níveis de glicose, ou seja, controle adequado do diabetes e da 
hipertensão. Alguns casos podem exigir tratamento a laser ou cirurgia.
Mais adiante também abordaremos outras condições, como o hordéolo (terçol) e a blefarite.
Todavia, antes de discutirmos as principais doenças oculares, é importante destacar que alguns 
sintomas podem estar relacionados com situações cotidianas e podem confundir e/ou mascarar um 
problema ocular estabelecido ou em evolução — e muitos desses sinais e sintomas não estão relacionados 
com uma doença ocular propriamente dita. Daí a necessidade de avaliação por um profissional de saúde 
ao sentir qualquer tipo de desconforto ocular.
A seguir, elencamos os principais sintomas para doenças oculares, que devem servir de alerta ao 
indivíduo para que procure avaliação adequada.
• visão embaçada e/ou turva;
• tremor nos olhos;
• dificuldade de adaptação à luz ou diferença de luminosidade;
• olhos vermelhos;
• lacrimejamento;
• dor.
Observe que alguns desses sintomas não necessariamente se relacionam a condições mais graves ou 
sérias. Vale reiterar: ao sentir qualquer desconforto, o indivíduo deve procurar orientação médica.
Lembremo-nos, então, dos cuidados/hábitos para prevenir doenças oculares.
Na literatura, há diversas indicações e orientações relacionadas aos cuidados diários que devem ser 
observados com o intuito de “proteger” a visão e prevenir o aparecimento de doenças oculares. Grande 
parte desses cuidados são simples de serem adotados; cabe destacar, contudo, que eles apontam hábitos 
e exposições diárias aos quais a maioria de nós não dá a devida atenção. O quadro a seguir apresenta 
uma série de agentes e/ou hábitos aos quais somos continuamente expostos e os devidos cuidados que 
devem ser adotados e podem contribuir na prevenção de doenças oculares.
Quadro 13 – Agentes ou condições que podem comprometer a saúde 
ocular e as respectivas recomendações
Agente/hábito Cuidados recomendados
Luz solar Usar óculos escuros
Telas (computador, televisão, celulares) Evitar exposição em excesso
Contato com os olhos Evitar coçar e/ou tocar os olhos com as mãos
Colírios Evitar o uso de colírios sem orientação médica
Sono Dormir no mínimo 8 horas por dia
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Unidade II
Agente/hábito Cuidados recomendados
Alimentação Promover alimentação rica e balanceada, com diversidade de alimentos
Produtos químicos, maquiagem, 
tinturas
Não dormir com maquiagem, usar apenas produtos recomendados 
para a região dos olhos e evitar contato com os olhos
E o mais importante: ao perceber qualquer desconforto nos olhos e/ou anormalidade, procure orientação de um 
oftalmologista
Adaptado de: Brasil ([s.d.]b).
Catarata
Em geral, a catarata resulta do processo de senescência, afetando principalmente indivíduos com 
mais de 50 anos de idade. Entretanto outros fatores podem levar ao desenvolvimento dessa doença, como 
fatores hereditários, diabetes, traumas nos olhos e o uso de determinados fármacos, como corticoides.
Essa condição se caracteriza pela opacificação do cristalino, levando à diminuição progressiva da 
visão, até a cegueira, caso não haja intervenção adequada. A catarata é uma das principais causas de 
cegueira em todo o mundo. A figura mostra um olho humano com catarata.
Figura 18 – Olho humano com catarata
Disponível em: https://cutt.ly/mUHYY6P. Acesso em: 4 set. 2021.
Não há medicamentos que solucionem esse problema, de modo que o tratamento consiste em 
procedimento cirúrgico.
A cirurgia de catarata, também chamada de facectomia, consiste na remoção do cristalino que 
deixou de ser transparente e tornou-se opaco para a implantação de uma lente sintética e transparente. 
Hoje em dia, esse é considerado um procedimento eficaz e muito seguro.
101
FARMACOTERAPIA
Glaucoma
O glaucoma é uma doença ocular que tem tratamento, mas não tem cura. É causada por aumento da 
pressãointraocular, que causa lesões no nervo óptico e leva ao comprometimento visual. Infelizmente, 
o glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. Segundo o Ministério da 
Saúde (BRASIL, 2021d), estima-se que 35 milhões de brasileiros tenham algum problema que causa 
dificuldades de visão — e, desses casos, no mínimo 900 mil receberam o diagnóstico de glaucoma.
Em geral, o glaucoma não manifesta sintomas no início, pois a pressão intraocular tende a aumentar, 
nesses casos, em padrão progressivo. Um fato preocupante no comportamento do glaucoma é que a 
maioria dos pacientes não sente dor, comprometimento da visão ou qualquer outro sintoma. Na figura é 
possível observar uma representação da visão normal comparada à representação do comprometimento 
de campo visual causado pelo glaucoma.
A) 
B) 
Figura 19 – A) Visão normal; B) visão com glaucoma
Adaptada de: https://cutt.ly/DUHYJNF. Acesso em: 15 dez. 2021.
Não existe apenas um tipo de glaucoma, e pode haver variação em suas causas, sinais e sintomas, 
formas de prevenção e tratamento. Veja a seguir quais são os principais tipos.
102
Unidade II
• glaucoma primário de ângulo aberto;
• glaucoma de ângulo fechado;
• glaucoma secundário.
 Saiba mais
Para acessar mais informações sobre o glaucoma e seus variados 
tipos, consulte:
RHEE, D. J. Glaucoma. Manual MSD — Versão Saúde para a Família, mar. 
2021. Disponível em: https://cutt.ly/OUHY5qd. Acesso em: 15 dez. 2021.
O tratamento consiste no emprego de colírios para diminuir a pressão ocular, com o objetivo 
de minimizar a lesão do nervo óptico que pode levar à cegueira. Contudo, a escolha do tratamento 
farmacoterapêutico dependerá do tipo de glaucoma, exigindo, assim, avaliação médica individualizada 
por um oftalmologista. O quadro a seguir apresenta os fármacos de uso tópico no tratamento 
do glaucoma.
Quadro 14 – Fármacos tópicos utilizados no tratamento do glaucoma
Fármaco Dose/frequência
Análogos de prostaglandina (tópicos)
Bimatoprosta 1 gota, à noite
Latanoprosta 1 gota, à noite
Tafluprosta 1 gota, à noite
Travoprosta 1 gota, à noite
β-bloqueadores (tópicos)
Timolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Betaxolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Carteolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Levobetaxolol 1 gota, 2 vezes ao dia
Levobunolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Metipranolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Inibidores da anidrase carbônica (tópicos)
Brinzolamida 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Dorzolamida 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Mióticos de ação direta (agonistas colinérgicos; tópicos)*
Carbacol 2 gotas, 2 ou 3 vezes ao dia
Pilocarpina 1 gota, 2 a 4 vezes ao dia
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FARMACOTERAPIA
Fármaco Dose/frequência
Mióticos de ação indireta (inibidores da colinesterase; tópicos)
Iodeto de ecotiofato** 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Agonistas adrenérgicos seletivos alfa-2 (tópicos)
Apraclonidina 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Brimonidina 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
*Mióticos são raramente utilizados.
**Pode ser cataratogênico; aumenta o risco de descolamento de retina.
Adaptado de: Farmacos... ([s.d.]).
Conjuntivite
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, membrana que reveste a parte da frente do olho e 
a superfície interna das pálpebras.
A conjuntiva exerce importante função de proteção contra corpos estranhos que possam entrar 
em contato com o olho, como poeiras, partículas e microrganismos. Também tem como função manter 
a superfície dos olhos úmida e devidamente lubrificada — incluindo a porção interna das pálpebras, 
para que possam abrir e fechar com facilidade e de forma a não causar atrito ou irritação nos olhos. 
Ela apresenta diversos vasos sanguíneos de pequeno calibre que garantem irrigação adequada às 
pálpebras. Ainda, dispõe de células especializadas que produzem um importante componente do filme 
lacrimal: a lágrima.
A conjuntivite é a doença mais frequente da conjuntiva e pode ser causada por diversos agentes 
e/ou condições, como:
• presença de corpos estranhos;
• produtos químicos;
• exposição excessiva à luz solar;
• infecções por bactérias, vírus ou fungos;
• reações alérgicas.
Em geral, a duração da conjuntivite é curta, mas alguns casos podem durar meses ou anos. 
A conjuntivite de longa duração costuma ter origem alérgica. Eventualmente, observam-se casos 
crônicos de conjuntivite, como o tracoma, também chamado de conjuntivite granulomatosa. Essa 
condição caracteriza-se por uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis.
Independentemente das variadas causas, os sintomas mais comuns da conjuntivite são: vermelhidão, 
secreção, ardência, prurido, visão embaçada, inchaço das pálpebras, lacrimejamento, sensação de 
104
Unidade II
“areia nos olhos” e sensibilidade à luz. A depender do tipo de conjuntivite, observa-se um ou mais 
desses sintomas.
É de fundamental importância manter os cuidados pessoais e com a higiene, em especial nos casos 
de conjuntivite causados por agentes como vírus, fungos e bactérias.
A conjuntivite viral é de fácil transmissão e se dá por meio de fômites e objetos pessoais. Ambientes 
com alta concentração de pessoas também são favoráveis à transmissão.
 Observação
Segundo o Dicionário Priberam da língua portuguesa, fômite é um 
“objeto ou material que pode alojar um agente infeccioso e permitir a sua 
transmissão” (FÔMITE, 2018). Por exemplo: maçanetas, utensílios domésticos 
(como copos e pratos), corrimão, bancadas, interruptores de luz.
Como em qualquer outra condição oftalmológica, havendo a manifestação de desconforto nos olhos 
ou de qualquer sintoma que indique conjuntivite, é muito importante que se consulte o oftalmologista, 
pois o tratamento apropriado só poderá ser instituído após o diagnóstico adequado.
A seguir, veja algumas informações sobre tratamento de diferentes tipos de conjuntivite.
Tratamento da conjuntivite viral
A conjuntivite viral mais comum é aquela causada por adenovírus. Apresenta sintomas autolimitados 
que podem durar de 7 a 21 dias, bilaterais e sem tratamento específico. Para proporcionar alívio 
sintomático, recomenda-se “lavar” os olhos com solução fisiológica (que pode ser gelada), compressas 
frias sobre as pálpebras e colírios lubrificantes.
Como a conjuntivite viral é contagiosa, é fundamental a adoção de cuidados relacionados à higiene 
pessoal, principalmente a lavagem das mãos.
Tratamento da conjuntivite bacteriana
Devido à alta taxa de contágio da conjuntivite bacteriana, é fundamental a adoção de medidas de 
contenção e controle de infecção. Uma característica interessante na conjuntivite bacteriana aguda é o 
padrão de acometimento de apenas um dos olhos (unilateral).
O tratamento se dá a partir da administração de antibióticos tópicos. Os antibióticos de amplo 
espectro parecem ser eficazes, e recomenda-se sua aplicação a cada 4 horas por 7 dias. Cabe destacar, 
ainda, que alguns pacientes têm resolução espontânea do quadro.
105
FARMACOTERAPIA
Observa-se que não há diferenças significativas entre os antibacterianos tópicos no que se refere ao 
controle da infecção. Dessa maneira, não é possível estabelecer recomendações específicas sobre qual 
antibacteriano usar.
Podemos citar alguns exemplos de fármacos e suas respectivas apresentações que podem ser 
empregados no tratamento farmacoterapêutico da conjuntivite: cloridrato de ciprofloxacino 3,5 mg/g, 
pomada oftálmica; cloranfenicol 5 mg/mL, solução oftálmica; e tobramicina 3 mg/g, pomada oftálmica.
Tratamento da conjuntivite alérgica
A conjuntivite alérgica é causada pela exposição a agentes alergênicos. Para esse tipo de conjuntivite, 
é necessário suspender ou evitar o contato com o possível alérgeno. Em muitos casos, a identificação 
do agente causador da conjuntivite alérgica não é fácil, principalmente se o agente está no ambiente, 
como pólen, poeira, pelos de animais, poluentes etc.
Também pode ser necessário o uso de colírios com fármacos anti-histamínicos ou anti-nflamatórios, ou 
colírios à base de fármacos com ação vasoconstritora (descongestionanteocular). Tais medicamentos 
visam à redução do prurido e da vermelhidão dos olhos.
Blefarite
A blefarite é uma inflamação que ocorre nas bordas das pálpebras, conforme ilustra a figura.
Figura 20 – Olho com blefarite
Fonte: Babic e Susanna Junior (2020, p. 220).
106
Unidade II
Essa inflamação pode ter diversas origens, como reações alérgicas ou infecções bacterianas (em 
geral, por estafilococos). Dermatites também podem levar à blefarite. Eventualmente, a causa é de todo 
desconhecida.
Como em outras condições oftalmológicas, a blefarite causa sensação de desconforto ocular como 
se um corpo estranho estivesse presente, prurido, pálpebras avermelhadas e sensibilidade à luz. Na 
blefarite de origem bacteriana, podem surgir pequenos abscessos purulentos.
O tratamento baseia-se em medidas que aliviam o desconforto, como compressas e adequada 
limpeza das pálpebras com soro fisiológico, por exemplo. Também pode-se indicar colírios lubrificantes.
O uso de colírios ou pomadas oftálmicas são indicados de acordo com o agente envolvido nas causas 
da blefarite.
Na blefarite bacteriana são empregados (quando indicados) colírios ou pomadas oftálmicas à base 
de antibacterianos, como bacitracina com polimixina B, gentamicina e eritromicina. Eventualmente, 
pode ser necessário administrar um antibiótico oral, conforme critério médico.
Hordéolo
O hordéolo, também conhecido como terçol, normalmente tem origem na infecção por 
estafilococo. O hordéolo manifesta-se inicialmente com aumento da sensibilidade, dor e edema na 
borda palpebral.
Pode ocorrer lacrimejamento, fotofobia e sensação da presença de corpo estranho no olho afetado. 
Em geral, uma pequena pústula de cor amarelada se forma na base do cílio. A tendência é de a lesão se 
romper e secretar o conteúdo, normalmente pus. Assim, a dor e a lesão desaparecem. Na maioria dos 
casos, esse processo dura, em média, 4 dias após o aparecimento dos primeiros sinais.
O tratamento baseia-se em aplicações de compressas quentes e higiene ocular. Eventualmente, é 
necessário o tratamento farmacológico com antibióticos orais, como eritromicina ou dicloxacilina, bem 
como drenagem da lesão.
Entretanto, na maioria dos casos, o hordéolo tem resolução espontânea em poucos dias — 
dispensando, assim, intervenções farmacoterapêuticas.
Observamos que a maioria dos tratamentos envolve o uso de colírios e/ou pomadas oftálmicas. 
Assim, é de fundamental importância orientar o paciente sobre o uso correto e seguro dessas formas 
farmacêuticas.
Alguns cuidados devem ser observados ao se utilizar os colírios. Tais cuidados são importantes 
não apenas para o sucesso do tratamento, mas também para evitar que ocorra contaminação 
do frasco que acondiciona o medicamento, de modo a garantir, principalmente, a qualidade 
microbiológica do produto.
107
FARMACOTERAPIA
A seguir elencamos alguns desses cuidados:
• Não encostar a ponta do gotejador nos olhos, dedos ou outras superfícies.
• Ao finalizar a aplicação do produto, fechar imediatamente o frasco.
• Aplicar atentamente o número de gotas indicado pelo oftalmologista.
• Caso seja necessária a aplicação de mais de um colírio, aguardar alguns minutos entre 
cada aplicação.
• Retirar lentes de contato antes da aplicação e recolocá-las 15 minutos após a aplicação.
Cabe destacar que é fundamental estar com as mãos devidamente lavadas e higienizadas 
nesse processo.
Ceratite por herpes simples
Trata-se de uma infecção ocular causada pelo vírus herpes simples (HSV). O HSV é um importante 
agente das doenças oculares, entre elas, a ceratite herpética. Quando não tratada adequadamente, pode 
levar à cegueira, por comprometer de modo importante a córnea.
Em geral, a infecção primária inicial tende a ser autolimitada, cujos sinais e sintomas são semelhantes 
a outros quadros de conjuntivite comum, e pode não ser diagnosticada como infecção por HSV.
Dessa forma, a infecção primária costuma se resolver espontaneamente e sem tratamento. 
Entretanto, caso a infecção se “reative”, pode afetar a córnea e provocar o comprometimento temporário 
ou permanente dessa estrutura, principalmente quando há múltiplas infecções.
No caso de reativação, são observados sintomas como lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo 
estranho nos olhos (areia nos olhos) e hiperemia da conjuntiva; com a evolução do quadro, podem 
surgir “bolhas” ou úlceras que ocasionam uma piora da visão (visão embaçada).
O tratamento baseia-se no emprego de colírios antivirais, bem como antivirais administrados por via 
oral e/ou endovenosa. Eventualmente, se faz necessária a remoção de células comprometidas.
Cabe destacar que o diagnóstico deve ser feito por um oftalmologista o mais rápido possível, uma 
vez que a ceratite por herpes simples pode levar à cegueira.
Entre os fármacos que podem ser empregados no tratamento da ceratite herpética, destacam-se os 
colírios antivirais, como:
108
Unidade II
• ganciclovir 0,45%, gel oftálmico;
• aciclovir 3%, pomada oftálmica;
• idoxuridina 3%, pomada oftálmica;
• vidarabina 3%, pomada oftálmica;
• trifluorotimidina 1%, colírio.
Infelizmente, a vidarabina e o ganciclovir, nas apresentações citadas, não estão disponíveis no Brasil. 
A trifluorotimidina 1% colírio está disponível por importação.
O aciclovir ou outro antiviral, como valaciclovir ou fanciclovir, podem ser utilizados por via oral. 
No Brasil, a aciclovir é comercializado na forma de comprimidos de 200 mg e 400 mg e como solução 
injetável (frasco-ampola de 250 mg). O valaciclovir está disponível em comprimidos de 500 mg e o 
fanciclovir em comprimidos de 125 mg ou 250 mg.
Cabe destacar que a escolha do agente antiviral ficará a critério do médico, levando-se em conta a 
experiência clínica, o histórico do paciente e as características do quadro clínico.
Nos casos em que são observados processos inflamatórios, pode ser necessário o emprego de colírios 
à base de corticoides, como dexametasona de suspensão oftálmica ou pomada oftálmica de prednisolona 
1%. O uso de colírios à base de corticoides deverá seguir criteriosa indicação pelo oftalmologista.
7.2 Doenças osteoarticulares
Muito se discute e se comenta sobre as doenças osteoarticulares, principalmente em idosos, faixa 
etária mais acometida por condições como osteoporose, osteoartrite e artrite reumatoide.
Com isso, abordaremos aqui as principais condições que comprometem a qualidade de vida e, a 
mobilidade dos pacientes, e, eventualmente, são de difícil tratamento.
7.2.1 Osteoporose
A osteoporose é definida pela redução da massa óssea e alteração da microarquitetura que resulta no 
comprometimento da resistência óssea e em predisposição a um maior risco de fraturas. A perda óssea é 
mais comum com o avanço da idade. Nas mulheres, a perda da função ovariana na menopausa precipita 
a perda óssea de maneira mais rápida. O uso crônico de corticoides também pode levar à osteoporose.
Observe na figura uma comparação de um osso normal e outro com osteoporose.
109
FARMACOTERAPIA
Osso normal Osteoporose
Figura 21 – Imagem comparativa de um osso normal e de um osso com osteoporose
Adaptada de: https://cutt.ly/2ULJevl. Acesso em: 16 dez. 2021.
A osteoporose tem assumido grande importância no contexto epidemiológico e de saúde pública, 
principalmente entre os idosos.
A prevenção e o tratamento da osteoporose se organizam entre abordagens não farmacológicas e o 
uso de medicamentos.
O tratamento farmacológico é indicado para mulheres e homens diagnosticados ou com alto risco 
de desenvolver essa doença.
Os medicamentos utilizados no tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopausa incluem:
Terapia de reposição hormonal (TRH)
Com estrogênios e progestogênios, isoladamente ou em associação, pode ser realizada por via oral, 
transdérmica ou injetável, mas recomenda-se o início ainda na época da menopausa. A TRH inibe o 
efeito dos osteoclastos na reabsorção óssea; além disso, pode aumentar a quantidade óssea anos após 
o término da função ovariana normal.
110Unidade II
Hormônios exógenos — calcitonina e paratormônio (PTH)
A calcitonina é um hormônio produzido pelas células C da tireoide. Age via receptores de calcitonina 
presentes nos osteoclastos, causando supressão das suas atividades. Induz aumentos discretos da 
massa óssea vertebral. A forma farmacológica mais usada na clínica é a calcitonina de salmão. Pode ser 
administrada pelas vias subcutânea, intramuscular e nasal. A calcitonina é menos efetiva em tratar a 
osteoporose quando comparada aos bifosfonatos. É necessário que haja adequada ingestão de cálcio e 
vitamina D nos pacientes com osteoporose.
Ainda no contexto dos hormônios exógenos, temos a teriparatida — PTH por técnica de DNA 
recombinante —, que foi aprovada em 2002 pela Food and Drug Administration (FDA). Há algumas 
controvérsias em relação ao seu uso, devido ao risco de osteossarcoma, como observado em animais. 
Aprovado apenas para pacientes com osteoporose grave com alto risco de fraturas ou pacientes 
refratários aos outros tratamentos, seu uso é limitado a um período de dois anos. Contudo, o PTH 
produz aumentos consideráveis da massa óssea. Reduz o risco de fraturas vertebrais em 65% e não 
vertebrais em 45%.
Bifosfonatos
Considerada a classe farmacológica mais efetiva para prevenção e tratamento da osteoporose, tem 
sido utilizada para outros distúrbios do metabolismo ósseo, como doença de Paget, hipercalcemia do 
câncer, doença óssea metastática, mieloma múltiplo, osteogênese imperfeita (Osteogenesis imperfecta).
São substâncias estruturalmente relacionadas aos pirofosfatos, apresentando, assim, alta afinidade 
para o tecido ósseo. Comprometem a função dos osteoclastos e reduzem o número dessas células, em 
parte por indução à apoptose. Dessa forma, agem inibindo a reabsorção óssea pelos osteoclastos ou seus 
precursores. Como resultado, com a inibição da reabsorção temos, indiretamente, o aumento da massa 
óssea. Observa-se uma redução de 40% a 50% no risco de fraturas vertebrais e de 40% de fraturas não 
vertebrais em 3 anos.
Cada bifosfonato deve ser considerado individualmente, e observa-se que o bloqueio da reabsorção 
óssea ocorre após 48 horas do início do tratamento. Em células tumorais podem agir induzindo a apoptose, 
bem como inibindo a proliferação celular, a adesão, a invasividade celular ou as metástases ósseas.
Os diferentes bifosfonatos possuem potências significativamente diferentes: 1, 10, 100, 1000, 5000 
para etidronato, clodronato, tiludronato, pamidronato, alendronato e risedronato, respectivamente. 
A absorção após administração por via oral dos bifosfonatos é de 1% a 10% da dose administrada.
Nunca devem ser administrados com derivados do leite, com alimentos ou ao mesmo tempo que 
os suplementos de cálcio, pois há interferência na absorção do bifosfonato. Devem ser ingeridos ao 
se levantar, acompanhados de um copo d’água — contudo, sua administração deve se dar 30 minutos 
antes do desjejum, da ingestão de bebidas ou do primeiro medicamento do dia. além disso, deve-se 
permanecer ereto por pelo menos 30 minutos, a fim de evitar irritação gástrica.
111
FARMACOTERAPIA
Os pacientes devem ingerir aporte adequado de vitamina D e cálcio, e a hipocalcemia deve ser 
corrigida antes do início da terapia.
Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio
O raloxifeno age por meio do agonismo dos receptores estrogênicos no osso e no fígado. É inativo 
no útero e antagonista estrogênico na mama. Reduz a perda de tecido ósseo e diminui a ocorrência 
de fraturas de vértebra em 30% a 50%. Desse modo, é particularmente indicado para mulheres 
pós-menopausa com osteoporose predominantemente vertebral, e também pode reduzir o risco de 
câncer de mama. Deve ser usado com cautela em pacientes cardiopatas, com histórico de câncer uterino 
ou cervical e em mulheres em uso de estrogênios; além disso, pode aumentar o risco de trombose 
venosa profunda (TVP).
7.2.2 Osteoartrite
A osteoartrite, também chamada de osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa, 
caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem presente nas articulações. Em geral divide-se em dois 
grupos, que levam em consideração a origem da causa: a osteoartrite primária (sem causa conhecida) 
e a osteoartrite secundária (com causa conhecida). Em todos os casos, observa-se também o histórico 
familiar, por ser um elemento importante para se estabelecer a possível causa.
O tratamento da osteoartrite consiste na utilização de medicamentos, fisioterapia e, 
eventualmente, cirurgia. Os tratamentos têm por objetivo reduzir a dor e manter a mobilidade 
articular. Entretanto, essa condição não tem cura, e a terapia medicamentosa é complementar às 
medidas físicas como a fisioterapia.
Em 2019, a Sociedade Europeia para Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose, Osteoartrite 
e Doenças Musculoesqueléticas (Esceo) publicou o artigo “An updated algorithm recommendation 
for the management of knee osteoarthritis from the Esceo” (BRUYÈRE et al., 2019), em que se pode 
observar as diretrizes gerais para o tratamento da osteoartrite; a seguir, o esquema mostra o tratamento 
preconizado que leva em consideração a evolução da osteoartrite.
112
Unidade II
Passo 1
– Emprego de medicamentos sintomáticos de ação lenta: glucosamina e/ou condroitina e 
dipirona ou paracetamol.
Se continuar sintomático: Aines tópicos.
– Fisioterapia, exercícios na água.
– Avaliação da necessidade de órteses, bengala, andadores ou cadeira de rodas.
Princípios básicos
– Combinação de medidas farmacológicas e não farmacológicas.
– Educação do paciente sobre a doença, preconizando a adoção de estilo de vida saudável.
– Se necessário, perda de peso.
– Plano de exercícios, com aeróbicos e fortalecimento muscular.
Passo 2
– Manejo farmacológico, se persistirem os sintomas.
– Uso de Aines, preferencialmente COX-2 seletivos (celecoxibe), associados a inibidores da 
bomba de prótons.
– Paciente com alto risco cardiovascular, usar Aines por período < 7 dias.
– Paciente com insuficiência renal (clearance < 30), evitar os Aines.
– Se continuar sintomático, infiltração intra-articular com ácido hialurônico. Avaliar a 
possibilidade de infiltração com corticoide.
Passo 3
- Uso de opioide por um curto período.
- Duloxetina
Passo 4
- Avaliar a necessidade de artroplastia.
Figura 22 – Tratamento preconizado para osteoartrite
Adaptada de: Bruyère et al. (2019).
7.2.3 Artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença autoimune de causa desconhecida; ela gera uma condição 
inflamatória crônica que acomete diversas articulações. Infelizmente, não há cura para essa condição.
113
FARMACOTERAPIA
O objetivo principal do tratamento com medicamentos (que depende do estágio e da gravidade da 
doença) e fisioterapia é reduzir a inflamação e prevenir deformidades e perda da função das articulações.
O tratamento medicamentoso consiste no emprego de anti-inflamatórios e fármacos modificadores 
da doença, basicamente imunossupressores. Atualmente, os imunobiológicos passaram a compor o 
arsenal terapêutico para o tratamento da artrite reumatoide.
O diagnóstico baseia-se em informações clínicas e achados complementares. É importante considerar 
o tempo de evolução da artrite, bem como a presença de anticorpos.
Outros dados importantes referem-se à elevação de provas de atividade inflamatória e alterações 
detectadas em exames por imagens. Informações obtidas através de exames isolados não confirmam o 
diagnóstico.
Para ajudar no diagnóstico, são analisados critérios estabelecidos pela American College of 
Rheumatology (ACR, ou Colégio Americano de Reumatologia), em 1987 (ARNETT, 1988), e pela ACR 
e a European League Against Rheumatism (EULAR ou Liga Europeia Contra o Reumatismo), em 2010 
(KAY; UPCHURCH, 2012).
Os sete critérios avaliados para a orientação do diagnóstico são: rigidez matinal, artrite de três ou 
mais áreas articulares, artrite de mãos, artrites simétricas, nódulos reumatoides, fator reumatoide positivo 
e alterações radiográficas. A presença

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