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MICROBIOLOGIA Grupos de Bacterias

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Texto original de: Jawets, E. Microbiologia Médica. 22. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 
2006. p. 35-6. 
 
Descrição das Principais Categorias e Grupos de Bactérias 
 
 Existem dois grupos diferentes de procariotos: as eubactérias e as 
arqueobactérias. As eubactérias incluem as bactérias mais comuns, isto é, as 
que são conhecidas pela maioria das pessoas. As arqueobactérias não 
produzem peptidioglicano, o que constitui uma importante diferença entre 
essas bactérias e as eubactérias típicas. Além disso, diferem das eubactérias 
por viverem em ambientes com condições extremas (p. ex., altas temperaturas, 
elevado teor de sal ou pH baixo) e efetuarem reações metabólicas incomuns, 
como a formação de metano. 
 
Eubactérias Gram-negativas dotadas de paredes celulares 
 
 Trata-se de um grupo heterogêneo de bactérias que possuem um 
complexo envoltório celular (do tipo Gram negativo), constituído de uma 
membrana externa, uma camada interna delgada de peptidoglicano (que 
contém ácido murâmico, presente em todos os microrganismo, à exceção de 
alguns que perderam essa parte do envoltório celular) e uma membrana 
citoplasmática. A forma da célula pode ser esférica, oval, em bastonete reto ou 
curvo, helicoidal ou filamentosa; alguma dessas formas podem apresentar 
bainha ou ser encapsulada. A reprodução é feita por divisão binária, porém 
alguns grupos se reproduzem por brotamento. As motilidade, quando presente, 
é realizada por flagelos ou por deslizamento. Os membros dessa categoria 
podem consistir em bactérias fototróficas ou não-fototróficas incluindo espécies 
aeróbicas, anaeróbicas, anaeróbicas facultativas e microaerofílicas; alguns 
membros são parasitos intracelulares obrigatórios. 
 
Eubactérias Gram-positivas dotadas de paredes celulares 
 
 Essas bactérias possuem uma parede celular do tipo Gram-
positivo; em geral, mas nem sempre, as células exibem coloração Gram 
positiva. As células podem ser esféricas, em forma de bastonete ou filamentos. 
Os bastonetes e os filamentos podem não ser ramificados ou exibir uma 
verdadeira ramificação. Em geral, a reprodução é feita por divisão binária. 
Algumas bactérias incluídas nessa categoria produzem esporos como forma de 
latência (endósporos). Em geral, esses microrganismos são heterótrofos 
quiomiossintéticos e incluem espécies aeróbicas, anaeróbicas e anaeróbicas 
facultativas. Os grupos nessas categorias incluem bactérias asporogênicas e 
esporogênicas simples, bem como actinomicetos estruturalmente complexos e 
formas correlatas. 
 
Eubactérias que carecem de parede celular 
 
 Trata-se de microrganismos que carecem de parede celular 
(comumente denominados micoplasma, compreendendo a classe Mollicutes), 
que não sintetizam os precursores do peptidoglicano. São delimitados por uma 
membrana, a membrana plasmática. Assemelham-se às formas L, que podem 
ser produzidas por muitas espécies de bactérias (notadamente as eubactérias 
Gram positivas); todavia, ao contrário das formas L, os micoplasmas nunca 
sofrem reversão para o estado dotado de parede celular, e não existe relação 
antigênica entre os micoplasmas e as formas L eubacterianas. 
 Seis gêneros foram classificados como micoplasmas com base no 
seu habitat e na necessidade de colesterol; entretanto, apenas dois gêneros 
contêm patógenos de animais. Os micoplasmas são microrganismos altamente 
pleomórficos, cujo tamanho varia desde formas vesiculares a formas filtráveis 
muito pequenas (0,2µm). A reprodução pode ocorrer por brotamento, 
fragmentação ou divisão binária, isoladamente ou em combinação. A maioria 
das espécies necessita de um meio de cultura complexo para seu crescimento 
e tende a formar colônias características “em forma de ovo frito” em meio 
sólido. Uma característica peculiar dos môlicutes é a de que alguns gêneros 
necessitam de colesterol para seu crescimento; o colesterol não-esterificado, 
quando presente no meio, constitui um componente peculiar das membranas 
de espécies que necessitam de esterol, bem como daquelas que não 
necessitam dele. 
 
As arqueobactérias 
 
 Esses microrganismos procarióticos residem predominantemente 
em ambientes terrestres e aquáticos com condições extremas (elevado teor de 
sal, altas temperaturas, anaeróbicos); alguns são simbiontes do trato digestivo 
de animais. As arqueobactérias consistem em microrganismos aeróbicos, 
anaeróbicos e anaeróbicos facultativos, que são quimiolitotróficos, 
heterotróficos ou heterotróficos facultativos. Algumas espécies são mesofílicas, 
enquanto outras são capazes de crescer em termperaturas acima de 100ºC. 
Essas arqueobactérias hipertermofílicas são peculiarmente adaptadas para o 
crescimento e multiplicação em altas temperaturas. Com poucas exceções, as 
enzimas isoladas desses microrganismos são intrinsicamente mais 
termoestáveis que as enzimas correspondentes encontradas nos 
microrganismos mesofílicos. Algumas dessas enzimas termoestáveis, como a 
DNA-polimerase de Thermus aquaticus (Taq polimerase), constituem um 
importante componente dos métodos de amplificação do DNA como a reação 
em cadeia da polimerase (PCR). As arqueobactérias podem ser diferenciadas 
das eubactérias em parte pela ausência de parede celular com peptidioglicano, 
pela presença de lipídios diéter isoprenóide ou tetraéter diglicerol e seqüências 
características do RNA ribossômico. As arqueobactérias também compartilham 
algumas características moleculares com os eucariotos. As células podem 
exibir uma diversidade de formas, incluindo formas esféricas, espiraladas, em 
placas ou em bastonetes; além disso, ocorrem formas unicelulares e 
multicelulares, em filamentos ou agregados. A multiplicação ocorre por divisão 
binária, brotamento, constrição, fragmentação ou por mecanismos 
desconhecidos.

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