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A prol da cooperativa de consumo urbana seccionada nos bairros

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1/1 
BR3900020 
E15,E70,E50/B/M/V 
BRITTO. J.S. 
A PROL DA COOPERATIVA DE CONSUMO URBANA SE 
CCIONADA NOS BAIRROS (DEMONSTRACAO ARITIMET 
ICA DO PRINCIPIO DE HOWARTH. E DA DISTRIBUI 
CAO DE LUCROS PROJETO DE VILA • AGRICOLAS) 
(BRASIL) 
RIO DE JANEIRO, GB (BRAZIL) 
1939 70 P. (PT) 
/G514 
MICROECONOMIAS, CEMERCIALIZACAO, SOCIOLOGIA RURA 
L, COOPERATIVA, COOPERATIVA DE CONSUMO, VENDAS, 
 
PREÇO 
 
 O 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José Saturnino Britto 
 
 
 
 
 
A prol da Cooperativa de 
Consumo Urbana 
seccionada nos bairros 
 
(Demonstração aritmetica do principio 
de Hewarth, e da distribuição de 
lucros Projéto de Vila-Agricola). 
 
 
= 1939 = 
 
 
 
 
NA CIDADE DO RIO 
Rua da Misericerdia as 
Tal. 17.8300 
- RIO - 1939 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E15 
BR 3900020 
MNN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MNN* 
 E15 
 
BR 3900020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fortalecer os fracos é 
 
fortificar a Nação (1) 
 
 
 
 
 A hospitalidade que me foi aqui oferecida ao 
pensamento mal posso agradecer; 
 Desejaria focar o que fosse de fato util a todos Confio 
na vossa generosidade nos tropeços de quem procura 
palmilhar a estrada batida de luz duma realidade que não é 
agresiva sem deixar de clarear a propria figura da maldade 
hipocrita, a esgueirar-se fluidicamente atravez da estrutura 
das obras do bem 
 «Fortalecer os fracos, é fortificar a nação, pode ser 
tomado por um postulado do subconciente, em face da idéa 
cooperativista, a qual visa diretamente a humanidade, verdade 
é, já dividida em nações, desde os barbaros aos que 
 
_________ 
 
 
 
(1) Esta conferencia se não relatan • O autor ficou 
condenado a propagar-se sol a cooperação somente nos folheto da sua 
lavra. 
 E15 
 BR 3900020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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se supõem civilizados... expandindo gases asfixiantes e 
outros horrores, sem duvida bem menores do que os que 
se contemplam espetacularmente no universo, na sua 
aparencia anarquica, que lega a cada qual as suas 
proprias forças, dando tudo e tudo tirando. Gregos e 
troianos somem nas cinzas dos terremotos presididos 
pelos vulcões. Hecatombes são desencadeadas pelo bacilo 
invisivel. 
Todas as ameaças, e que não são de parla, patão, 
objetivadas no cenario terreno da tragedia humana - 
podiam servir de escola da piedade mutua. 
Que importa o belo, a riqueza, num dia de 
terramoto? 
Se beleza e riqueza são da conciencia — sim, nada 
as atinge. O ser bom morre num halo que a fumaceira 
material não abafa. ...Eis a Verdade ! 
Por ventura, de que serve aquilo que é apenas 
individual, na multidão infinita dos seres? 
A obra da conciencia, se expande num, ritmo tal 
que se torna coletiva. 
Neste estado d’alma coletivo, que o ho mem 
encontra conforto. - A cooperativa um estado da alma 
coletivo que se concretiza do melhor modo possivel, á luz 
da realidade. Tratemos dela com o maior interesse, que os 
fra cos ficarão fortes e a nação engrandecerá. 
Nação não coisa fóra do universo. Nem a 
conciencia. Esta se gradua em cada nação pela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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equidade dos d ire i tos e deveres . E ta l equidade , 
levantemos as mãos para os Céus , const i tue uma 
conquis ta da nossa Magna Carta . 
 O povo não parece compreender es ta 
esp lendida conquis ta que o pode l ivrar dos males 
que af l igem a v ida domest ica da comunidade, em 
face dos fa ls i f icadores de generos a l iment ic ios e 
encarecedores dos mesmos . O pão exis te 
fartamente . Ha no entanto quem o faça escassear 
em v irtude de reduzir o a l imento nas praças a 
uma espec ie de f icha de jogo que certos 
«croupiers» manejam ar is tocrat icamente . . . 
 Trabalhada pe la inf luenc ia da natureza 
prodiga , a nossa democracia não impediu o jo io de 
crescer junto ao tr igo . 
 A evolução exper imental vem corr ig indo aos 
poucos os excessos da promisquidade pr iv i leg iada, 
procurando trazer remedio ao acervo, tornando 
mais coesos os meios legais que facul tam a 
leg i t ima defesa economico-soc ia l do fraco . 
 Faltou ao fraco a união rac ional enquanto 
que ao forte não rarearam os recursos para 
desfrutar o es forço do fraco , em todas as at iv ida- 
des em que uns passe iam de mãos para trás com 
um l indo automovel a esperar na porta dos 
escr i tór ios do engodo de a l ta esca la , enquanto a 
tr ibu maldita súa na g léba Uns marcam a preço da 
v ida , sem conhecer as d i f iculdades desta , ou a 
t irar de la a fortuna sadica . Outros , como bois do 
matadouro, levan numa deambu- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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lação do emprego para o lar desordenado, deste 
para aquele , emprensados nos bondes na ida e 
vol ta da desd i ta , entre arranha-céus , c inemas de 
luxo , montras d iabo l icas de modas es tapafurdias e 
corneza inas fr igor i f icadas , frutas tanta l icas , 
v inhos s in tét icos , co isangas da especulação, atraz 
das quais espre i tam os o lhos da cupidez. . . 
 O feudo do balcão possue uma dip lomacia 
capaz de tudo. . . feudo pe ior que o que admit ia aos 
servos da comuna em roda dos caste los a servent ia 
das aguas , das matas das pastagens . 
 Desde a Convenção que e le tr iunfa . Em 
Lyon, a miunic ipal idade proletar ia conseguiu 
soc ia l i sar a d is tr ibuição dos generos e fo i pe lo 
novo feudo vencida , perdendo os promotores da 
idéa a cabeça na rubra gui lhot ina dos Marat e 
Robespierre , que pagaram na mesmo moeda. 
 A especulação que se entranhara nos des - 
pojos dos bandeirantes , chegou a pr ivar a 
população de São Paulo , em 1799 do proprio sa l 
(pag . 143 de «Paul is t ica» , de Paulo Prado) , tendo 
s ido suprimido o monopol io vendendo a Camara 
diretamente ao povo, sob o control dum inspetor . 
 Quão espaçadas es tas reações! 
 Agora, é um paul is ta que rompe o cerco co 
lonia l do balcão encarecedor da v ida , mandando 
que caminhões do Minis ter io da Agricu l tura 
tomem diretamente dos produtores as ót imas 
frutas nacionais e vendam-nas ao povo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- - 7 - - 
 
nas ruas por preços mui ba ixos , ao a lcance de 
todas as bolsas . 
 O ambiente do Estado Novo permit iu o 
advento da a l forr ia , ja em formação, aguardando 
a perseverança dos interessados , em provar a sua 
capacidade de organização. 
 Amanhã erguen-se-á o Entreposto de frutas 
e legumes Um monumento de c ímento armado - a 
verdadeira Casa do lavrador e do consumidor . Dai 
é que dever ia part ir a propaganda consis tente da 
cooperat iva agr ico la e da cooperat iva de consumo 
urbana. E’ o ponto de conexão soc ia l i sada que ha 
de cu lminar , esperemos, nesta hora de 
resurg imento bras i le iro . Tudo depende da se leção 
dos homens que apl icam a d isc ip l ina v i ta l 
r igorosamente . 
 A r iqueza co let iva torna de somenos val ia a 
indiv idua l . Na comunhão cooperat iva o conforto é 
proporc ionado a todos , graças ao acumulo de 
economias soc ia is bem apl icado,reso lvendo-se 
destarte os problemas que g iram em torno do pão, 
do té to , do trabalho, da educação prat ica . 
 Fóra desse ambiente de organisação moral e 
f i s ica , a luta é crúa, exacerba o indiv iduo a ponto 
de torna- lo per igoso . 
 Diante da verdade dos fatos que são mais ao 
que ve le idades soc io logicas , , do remoinho do 
acervo infernal , a re l ig ião não ca lou, pregando a 
humildade de que nace a ternura, co locando 
sempre a humanidade, num gráo super- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—8— 
 
r ior , ass i s t indo-a nos seus transes . Tambem não 
deixou de procurar sopi tar a fermentação 
demagogica nas massas , o ve lho soc ia l ismo f i - 
losóf ico tra ido pe la feroc idade tartara , soviet ica , 
contra o esp ir i to emancipado pelas c ienc ias e o 
a l truismo, o ideal de l iberdade d ignif icante , i sento 
de odio , dos c in icos malef ic ios , do cáos , do vão 
domfin io da t irania assass ina . 
 E quem não percebeu que a Cooperat iva , 
rompendo os arames farpados da «sol idar iedade 
de c lasse» , abriu para quem v iesse o caminho 
universa l do «amor ao proximo»? Eis a razão da 
sua v i tor ia . Não fo i ove lha tresmalha da sodologia 
rubra, e s im ovelha dec ida do Golgotha. . . O so l 
bondoso dos seus pr incip ios é b ib l ico . 
«Cooperação» é uma palavra que inf lu iu em todas 
as l inguas que d isputam a or igem «ar iana» tão em 
moda, mas que pertenceu a braquicefa los da 
Irania , berço do «Aris to i» , e não dum dis tr i to 
germanico , fabricante dos caras compridas 
megalomaniacos . . . Aí es tão os l ivros l i turgicos dos 
Persas , o sanscr i to , o Zend-Avesta , para local i sar 
o «ar iano» no seu habitat» do a l teroso p lanalto . 
El iseu Reclus , que abriu os o lhos da humanidade, 
observa que se pode fa lar uma l ingua, sem 
decender de quem a fa la . . . Caprichos do 
patr iot ismo tres loucado conclue . . . Tambem a 
«Cooperat iva» d i la ta sua inf luencia 
universa lmente , e tem ana logia até com o que se 
dá entre os animais , por efe i to da ajuda mutua le i 
da natureza . Eis o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- - 9 - - 
 
 
melhor agente . Não ens ina o que não aprendeu, . 
como sucede a muito par lapatão que se ju lga 
bom. . . poss ive lmente para o fogo 
 A cooperat iva de consumo de c idade , bairro 
ou quarte irão , de c lasse ou não, vem t irar o 
ind iv iduo do seu i so lamento que atualmente 
implica em não cumprimento do dever soc ia l de 
que tambem o forte não quer ouvir fa lar , 
arrotando dire i tos abus ivos . Melhor mesmo que se 
comece pe la de ba irro , que es tá ao pé , tanto mais 
que toda secção paga os mesmos impostos que a 
séde-mater Devi - se ev i tar a confusao de bairros , 
mantendo-se um bom entendimento entre as que se 
fomarem para a compra de grandes «stocks» . 
 O cr i ter io cooperat iv is ta soergue o fraco . A 
expos ição do mecanismo da cooperat iva tem que 
ser minuciosa , (2) no sent ido de pront i f icar-se ao 
publ ico expol iado no seu d ire i to de economisar , os 
meios prat icos para sa ir do desamparo atual , pois 
tudo que ganha o chefe de famí l ia , não dá para as 
despesas no armazem. 
 Vemos , po is , que de fato , cada indiv iduo 
iso lado nada consegue no sent ido de se sa lvar da 
miser ia que o espre i ta . Mas , o pobre diabo so lado 
não de ixa de esvas iar os bolsos no balcão . 
 
 
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 ( 2 ) V i d e M a n u a l H o e p l i ‘ R a g i o n e r i a d e l l a 
C o o p e r a t i v e d i c o n s u m o d o P r o f . G i o v a n n i R o t a , e a m a g n i f i c a 
C o n t a b i l i d a d e C o o p e r a t i v i s t a d e P r o f . H i l a r i o C e s a r i n o , 
d i s t r i b u i d a p e l o M i n i s t o r i o d a A g r i c u l t u r a . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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onde compra o a l imento sem saber o que come e 
bébe . . . Colet ivamente , em cada bairro os mo- 
radores podem reter mais de 4 % do que pagam 
para nutr ir-se , 4 % que enr iquecem os 
taverneiros , os fortes , fóra o que absorvem os 
atacadistas , que são fort iss imos . 
 Como reter essa fortuna que se evapora dos 
ordenados , das pequenas rendas , das pensões e 
montepios homeopat icos? Creio que poder ia es tar 
na mente de todos , a fórma de se sa lvarem antes 
tarde do que nunca. . . 
 A Sociedade Cooperat iva é a unica que vale 
ao povo. Não é uma soc iedade entre to los e 
ladinos , como as que por causa do re laxamento 
soc ia l arvoram impunemente a tabole ta de «coo 
rat iva» , tanto nos campos onde os negociantes e os 
imper ia l i smos a transformaram no seu 
instrumento , como nas c idades , onde tambem os 
esp iões v i l ipendiam impunemente a nossa 
nacional idade ! 
 Na cooperat iva cada um faz por s i , o que 
costuma fazer . Comprando ne la , todos honram a 
nossa nacional idade e economizam co let ivamente 
para o desdobramento da cooperat iva e a inda 
ass im economizam indiv idualmente , graças ao 
retorno na razão das compras fe i tas , que 
restabe lece o preço justo de fato , preço 
re integrante . Temos nesse fenomeno mais um 
interessante paradoxo: comprar , de ixando di 
nheiro a render . Is to carater iza f ina l idade da 
cooperat iva que não v isa o lucro e s im o meio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-11- 
 
 
de fazer assoc iado economizar , comprando pelo 
preço jus to , e economizando para obras soc ia is , 
que são muitas e c ic l icas , desde a prordução para 
o consumo até a educação e ass i s tenc ia completa . 
 A cooperat iva , comprando diretamente ao 
produtor , l ivre do representante per igoso , eco-
nomisa imensa fortuna nos «stocks» que 
podederão ser pagos com as entradas da venda a 
varejo , desde que as garant ias da idoneidade 
permitam a renovação e pagamentos dos «stocks» , 
tr imensalmente . 
 Ora o segredo da v i tor ia es tá na c l iente la 
certa dos assoc iados e no interesse que es tes to- 
mam pe la cooperat iva , entregando-a á d ireção 
dum gerente técnico , á a l tura , suje i to á admi- 
n is tração geral a cargo do Conse lho de 
Adminnistração , auxi l iado pe lo orgão co latera l de 
s indicancia , anualmente renovado, sem que fa leça 
ao assoc iado o d ir te i to de acompanhar a marcha 
dos negocios e ver i f icar se a contabi l idade 
corresponde a uma coordenação perfe i ta de 
regis tos , se a escr i turação se apl ica az ienda 
cooperat iva , de forma a ser fac i lmente examinada 
pe lo proprio assoc iado, sem nenhuma astuc ia 
personal i s t ica perturba a f inal idade verdadeira , 
se não ha jogo mesquinho de compet ições 
adminis trat ivas , se as sobras do exerc ic io são 
exatas . 
 Bem fundada a conf iança mutua, tapa-se o 
ouvido á maledicencia , pois não fa l ta quem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—l2— 
 
tenha interesse em to lher a expontaneidade 
popular ou em desmoral i sar essa obra 
produndamente reformadora e pac if ica , só por s i 
mesma, e que se não mistura com as ambições 
pessoais 
 
 Conhecidas as fontes de produção, que já 
são inumerascooperat ivas agr ico las do Rio 
Grande do Sul , São Paulo , Minas , Baía , 
Pernambuco, Alagoas , Espir i to Santo , Paraná 
Santa Catarina , Ceará, e tc . , sem prejuizo da 
se leção verdadeira , a questão é de combinar as 
condições do pagamento de transporte , ca lcu lados 
o poder aquis i t ivo , o preço e a percentagem de 
despesa , o preço de venda pelo da pauta comum e 
a percentagem de lucro af im de que a v ida da 
cooperat iva seja ás c laras e ne la nunca césse a 
c ircu lação de mercadorias frescas e de dinhe iro . 
Os demais deta lhes se conhecem, graças á gerenc ia 
caute losa . Não deixe i de me refer ir a esse assunto 
em trabalho de que f iz entrega ao Serviço em 
Setembro de 1936, logo que fu i des ignado para 
uma comissão , expos ição prat ica , documentada 
que consta do Proc . 2829.36 — S.E.R. 
 
 Do contrar io ser ia fazer propaganda em 
branco. Em cada bairro , o grupo in ic iador , depois 
de cadastrado um bom numero de soc ios f irmes , 
aval iado o poder aquis i t ivo por es te meio , 
ca lculado o que tem de se pagar de impostos e 
pr imeiras despesas de insta lação pede 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-13- 
 
á S .E.R. (3) modelos de requerimento , a ta de 
const i tu ição e insta lação , es tatutos , o bolet im 
contendo a le i , e promove a assembléa de soc ios 
fundadores que aprova os es tatutos e e lege os 
adminis tradores e s indicos . Prontos os 
documentos são remet idos á S .E.R. , na ordem a 
que se referem o art . 4 e respect ivo § 1° , a l ineas I 
a IV, e 3° , do dec . 581 de 1-8-38 . levando-se em 
conta os prazos determinados nos §§ 4° e 5° do 
art . 4° do mesmo decreto . Concedido o regis tro 
preconisado no art . 6 º do c i tado decreto , quanto 
ao cert i f icado de regis to , o que respe ita a se lo , 
consta do art . 9° do decreto em apreço . Ocioso 
dizer que o arquivamento a que se refere a a l inea 
IV do § 1 , se entende com o Minis ter io do 
Trabalho, na secção competente que dá o 
cert i f icado do arquivamento dos mesmos 
documentos cont idos nas a l ineas ac ima do § 1° do 
art . 4° . Concedida a cert idão de regis tro na 
S .E.R. , a cooperat iva poderá funcionar l ivremente 
dentro do prazo legal de 120 dias e como uma casa 
de comercio , pagando os mesmos impostos , 
t irando a mesma l icença , suje i ta ao mesmo f isco , 
cabendo á d iretor ia e le i ta e empossada tomar as 
devidas providencias , ex is t indo capita l para 
cobrir as despesas , com mais a do gerente e em- 
pregados , l ivros , formular io impresso (o art . 
 
_______ 
 
(3) Serviço de Economia Rural, do Ministerio da Agriculturi , 
Nova fase que sucedeu a da D. O. D. P. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-14- 
 
16 do dec . 22 .239 de I9-I2-32 se refere aos l ivros 
necessar ios , fóra os f i sca is ) . 
 Os l ivros auxi l iares são rubricados fo lha 
por fo lha numerada pelo Pres idente . Este co loca o 
capi ta l que se fôr real izando, e a jo ia de cada 
assoc iado, na Caixa Economica , abrindo para isso 
uma caderneta por e le ass inada e pe lo Diretor 
Gerente . 
 A quota-parte de 100$000, é paga em duas 
prestações ou mais , ou duma vez, o que os 
es tatutos devem dizer com prec isão , dec larando 
tambem o capita l min imo e a jo ia que deve ser 
paga na pr imeira prestação, ao Pres idente , 
mediante rec ibo da quant ia paga, até que passe 
para o l ivro de matr icula e o t i tu lo nominat ivo 
prece i tuado nos §§ 1º e 2° do art . 17 do dec . 
22 .239 . 
 Cada assoc iado não deveria subscrever um 
numero de quotas-partes superior ao valor de dois 
contos de ré is . Se entre e les houver quem possa 
logo f inanciar o movimento , mediante emprest imo 
a juro nunca maior de 6 % ao ano, ter-se- ia ot ima 
oportunidade para se provar a e levação do 
pr inc ipio de so l idar iedade co let iva , a l iás sem 
prejuízo do assoc iado de boa vontade , ou dum 
grupo de les , espontaneo. Is to d i fere do vulgar 
f inanc iador cupido, escondido por traz da cort ina 
da fa lsa adminis tração . . . 
 Aluguel de armazem, balança, ordenado de 
gerente e pessoal , se lo proporcional , se lo f ixo , 
operações de comerc io proprias da cooperat i - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-15- 
 
 
va que estão inc lu idos os impostos de vendas 
mercant is , industr ias e prof is sões e patente de 
regis to , luz e gaz, e tc . , e tc . , tudo i sso obriga a ter 
recursos que , de in ic io , não podem ser menores de 
uns v inte contos de ré is , ou mais , mormente por 
ter a cooperat iva de pagar á v is ta as suas 
pr imeiras encomendas . (4) Outros im a verdadeira 
cooperat iva luta , mas não suborna nenhum pat i fe 
transversal . 
 Claro que nada lhe impede a venda ao 
publ ico (art . 28 , dec . 22 .239 , in f ine ) , dando aos 
não soc ios d ire i to a 1 /3 do retorno, o que deve ser 
dec larado nos es tatutos; outros im não vejo que 
impeça que a area de ação da cooperat iva se 
es tenda aos bairros mais próximos ou c ircun- 
v is inhos , o que tambem tem que constar dos 
es tatutos , se a cooperat iva não abranger toda a 
c idade . 
 Durante a fase in ic ia l cada fundador e sua 
fami l ia se obrigam a arranjar mais assoc iados á 
a l tura dos pr incip ios . Todo esse movimento tem de 
ser espontaneo, em cada bairro , pondo-se em 
guarda contra os usurpadores , porém o que 
carater iza a perseverança dos cooperadores , é a 
marcha para a frente sem fazer barulho. . . Nada de 
cabot in ismo ! 
O marujo que maneja o leme só d is to cu i - 
 
 
_______ 
 
 ( 4 ) O s i n t e r e s s a d o s d e v e m p r o c u r a r I n f o r m a ç õ e s a 
r e s p e i t o d e i m p o s t o s n a s D I r e t o r i a s d e R e n d a s I n t e r n a s d o 
T e s o u r o N a c i o n a l e d a P r e f e i t u r a . V a r i a m . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-16- 
 
da . Olhos na bussola , mesmo em plena cerração, 
que importa? Sabe o que es tá fazendo, em 
s i lencio! 
 
 Na cooperat iva o caminho se desbrava com 
o conhecimento das praças , a informação sen- 
s ive l ás poss ib i l idades , o ca lculo justo de custo , a 
escr i turação segura, a despesa só necessar ia , 
orçamento que permita a d is tr ibuição de 
percentagens para o fundo de reserva, de 
ass i s tencia , de desenvolv imento , e dest inadas ao 
pagamento dos 5 % na razão das quotas-partes 
real i sadas e , no minimo 30 % para o retorno, 
sendo 20 % para os assoc iados e 10 % para o não 
soc io (1 /3) . 
 
 O gerente , técnico de fato , fac i lmente 
conduz a náu, rumo á fe l ic idade de todos a qual se 
desdobra em muitas fundações produt ivas , que 
concret izam o patr imonio . Calcula bem as 
provisões , sabe onde procurar- las da melhor 
qual idade , trazendo a marca do produtor leg i t imo, 
ev i tando o representante , mormente no art igo 
v inho, muito fa ls i f içado, confer indo as remessas 
com as amostras observando as taras , quebras e 
perdas de mercadoria , o peso justo , d isc ip l inando 
o trabalho interno, prest ig iado pelos Conse lhosde 
adminis tração e f i sca l , coadjuvado es te por per i to 
de contabi l idade , pe lo Gerente é e luc idada a 
Assembléa Geral nos segredos da gestão 
prof ic iente , dando 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—17— 
 
ass im incremento á e f ic ienc ia da soberania do 
sufragio v isando sempre o progresso que abrange 
os dominios da cooperat iva-mater , onde se fa la 
pouco e age-se muito . 
 
 Esta d ic ip l ina nos ens ina a propria natureza 
da cooperat iva inf lex ive l nas suas le i s , nos seus 
pr inc ipios fundamentais de autonomia , que 
dispensam qualquer tute la . 
 
 Os cargos , na fa l ta de e lementos , devem ser 
acumulados ou revesados , sem preju izo da 
hierarquia adminis trat iva , sob qual régime se 
d is tr ibuem as funções de modo a contrabalançar a 
responsabi l idade de las decorrente . 
 
 Ao sabor da ajuda-mutua, agente que os 
natural i s tas observam tanto nas espec ies inf imas 
como nas super iores , fo i que se aparelhou um 
mecanismo de prec isão para o consumo das 
populações densas das c idades , consumo de que 
depende a saude do corpo e do espir i to e a 
economia domest ica , pois o retorno é uma espec ie 
or ig inal de ca ixa-economica , onde se va i no f im do 
ano buscar o juro do capi ta l , sendo que o retorno 
é a quota de economia anual , do que se come e 
bébe , fornec ido pe la cooperat iva , e que é 
anal isado pe lo melhor quimico . 
 
 Outros im, os lucros fabulosos que sa íam do 
bolso do povo, depois deste cooperado, se trans- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—18— 
 
formam na economia que funda co isas repro 
dut ivas , como sejam granjas , co lonias , fabricas de 
massas , doces , padarias torrefação de café e 
também escolas de of ic ios , v i las rura is , hospi ta is , 
ambulator ios , b ib l ioteca c ircu lante , as i los , 
maternidade «creche», puericul tura , que se i mais? 
E’ inf in i ta a perspect iva do progresso mater ia l e 
moral das cooperat ivas de consumo de bairro que 
poderão congregar seus recursos para o 
desdobramento formidavel , em conjunto , rumo ao 
sertão , onde se desdobram secções da cooperat iva 
de consumo urbana no programa do Bras i l por s i . 
 
 F izeram is to as soc iedades anonirnas , os 
armazens part icu lares , as lojas , os bancos ? . . . 
Então o povo não tem dire i to de procurar por 
meios paci f icos e lega is o caminho certo da 
cooperação? 
 A cooperat iva de consumo de bairro , não 
prof i s s ional , representa a causa Santa da 
re iv indicação da economia domest ica , da v ida 
fami l iar a té aqui a tr ibulada pela imposs ib i l idade 
de economizar nas compras e de a l imentar-se de 
generos saudaveis . O pão e o v inho passaram a ser 
car iss imos e per igosa i lusão . . . E’ Satanaz que os 
fornece? 
 Af inal essas fami l ias , que se contam por 
centenas , não são servas dos senhores feudais 
insta lados nas esquinas dos bairros e que lhes 
obrigam a dar- lhes a renda de , no minimo, 40 % 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-19- 
 
 
sobre o que comem e bebem. (5) . E is a pretensa 
es trutura « invulneravel» , que a es trutura 
cooperat iva tem de subst i tu ir , não aos arrancos ou 
por meio de demagogia metaf is ica , porém como os 
verdadeiros cooperat iv is tas fazem, sem puxar 
pelos cabelos formas etéreas ou babi lonicas , nem 
forjar ferro ve lho pintado de novo. . . Tem que se 
part ir do s imples para o complexo, numa marcha 
natural , e não forçada. 
 A parte que cooperat iva cabe de l ivre 
arbi tr io não deixa de ser re lat iva ao trabalho da 
evolução que sopesa as idéas antes de consagra- las 
na prat ica , razão pe la qual muitas idéas f icam 
pelo caminho esquecidas ou de ta l fórma 
modif icadas , que só ass im perdem o aspéto 
absurdo de imprat icabi l idade . A tendencia de 
babi lon ização de inst i tutos , sem atender ás 
carater is t icas que determinam as espec ies , tem 
desviado da verdade e do que é a cooperat iva . A 
leg is lação que tratou das cooperat ivas , não era 
perfe i ta como a Venus de Milo ; toda- 
 
_______ 
 
 
 ( 5 ) A o s 1 5 d e M a r ç o d e 1 9 3 7 , e m d o c u m e n t o a o 
S r . D i r e t o r , i n f o r m e i o s e g u i n t e , q u e m e s e j a l i c i t o 
r e p r o d u z i r : < < S ó u m a l e n t a c a t e q u é s e , p u b l i c a ç õ e s 
p r a t i c a s d e f a t o , a b o a v o n t a d o d e u n s e o u t r o s q u e s e v a i 
d e s p e r t a n d o d a q u i , d a l i , p o d e r ã o a n i m a r no m e i o d o 
a l v o r o ç o , o e s p i r i t o s e r e n o d e a j u d a - m u t u a p a r a o g a u d i o 
d a e c o n o m i a d o m e s t i c a s i s t e m a t i z a d a p e l a c o o p e r a t i v a 
p o p u l a r d e c o n s u m o . S e o g o v e r n o f a n d a s e s p o r s i u m a 
m o d e l a r a e s t r e g a s s e - a a o p o v o o p o r t u n a m e n t e s e r i a m a i s 
r a p i d o . M a s , d e i x a n d o d e s e r e s p o n t a n e o e s s e m o v i m e n t o , 
c o m o s e p r o c u r a c a r a c t e r i z a - l o , o f e u d o c o m e r c i a l , 
e s c u d a d o n o s I m p o s t o s e l i c e n ç a s q u e p a g a , p r o t e s t a r i a 
f o r t e m e n t e c o n t r a o g o v e r n o , o q u e c o n v e m e v i r a r . O 
f o l h e t o d e p r o p a g a n d a é o m e l h o r v e i c u l o . . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—20— 
 
 
v ia a v igente , cont inua a ter dois braços , um para 
a cooperação prof iss ional e outro para a não 
prof iss ional , e com um pouco de boa vontade 
percebe-se ne la o táto do bom senso no aprovei tar 
o que a le i revogada tambem aproveitou, pois 
«nada se cr ia , nada se perde>>. Os arabescos das 
secas l ianas da controvers ia dos inoperantes no 
campo da verdadeira prat ica da cooperação, é que 
não devem ser muito aprec iados pe los que 
desbravam com s impl ic idade e não f icam a dar 
tratos ao bestunto atôa . Estes reso lvem 
visualmenue as co isas , pois a cooperação é 
objet iva . 
 O sufragio universal e legeu, 
independentemente da inf luencia te lur ica , em toda 
a parte , os mesmos princ ipios de re integração do 
es forço do assoc iado na razão das compras , dos 
juros pagos ou do trabalho efetuado, consoante a 
natureza da cooperat iva que repele qua lquer 
espec ie de absorção . Seu mecanismo tambem não 
varia por efe i to da inf luencia mesologica , po is 
sempre se reduziu ao que é mais s imples e c laro 
em mater ia de organisação de serv iços . Faz-me 
lembrar i s so o que d isse o maior soc io logo que fo i 
Reclus , por ter s ido o mais sabio , sobre as forças 
terrestres que trabalham o mundo para modif ica-
lo . 
 Argumentar ia Guyau sobre a f inal idade 
de las . Mas , ha f ina l idade f is ica ? . . . Af inal , somos 
«alma e corpo». . . Vamos a lém do universo ma- 
ter ia l ? Porque o s i lenc io nos fa la? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-21- 
 
 Ora, no princ ip io do retorno não ha tambem 
f ina l idade e s im um meio para basea- la , e a prova 
dis to es tá no fato que esse es forço que dá lugar ao 
retorno,fo i sempre conduzido pela cooperat iva , 
que o fez sem prec isar de muletas . . . Claro que 
ass im sendo, uma coordenação ant i -absorvente de 
ent idades , graças a Genebra, se nos oferece , 
a travez do reajustamento legal manipulado pe la 
segunda Republ ica , a emergir da evolução 
renovadora e art iculadora , perder a d iret iva que 
regula , consoante as poss ib i l idades , fenomeno que 
aparenta certa analogia com o que se dá com as 
forças mater ia is que modif icam o mundo, suje i to 
es te ao dinamismo delas , enquanto que e las não 
de ixam de f icar suje i tas ás poss ib i l idades no 
tempo e no espaço , poss ib i l idades contr ibuintes 
para a es tát ica , de certo modo , jogo esse d inamico 
es tát ico , ao qual ha quem negue f inal idade mora l . 
Não parece que e la seja doutra essenc ia . Tal co isa 
nos escapa, porém não deixa de contr ibuir para a 
v ida no mundo, que se não integra sem a da 
humanidade, o que não pode ser tomado por uma 
f ina l idade s implesmente f i s ica cuja causa embora 
nos escapando, se manifesta não casualmente , po is 
se repete mi lenarmente , produzindo os mesmos 
efe i tos ! Resta sa l ientar que do exame e lementar 
desses fenomenos resu l ta a ver i f icação do fato , 
qual o dos efeitos desvendarem a causa, sem que 
precizemos mais do que um conhecimento abstrato do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-22- 
 
 
que part ic ipamos no imperio dos r i tmos naturais 
que não nos rasgam o véo do plus u l tra . . . mas que 
se acentuam na evolução da v ida soc ia l . 
 Enf im, onde só se pode erguer uma 
choupana, não se pensa construir um caste lo de 
nuvens . . . Certo onde houver organisação á base de 
e levados sent imentos indiv iduais , porém 
patr iarca is , ta is nucleos poderão ser equiparados 
a qualquer obra suprema da ajuda-mutua. 
Liberdade á prat ica do bem ! 
 Um grupo pequeno de p ioneiros dec id idos , 
convictos , va le mais no começo do que um grupo 
grande, amorfo . Mais va le um estágio em- 
br ionário conciente , do que funcionar uma 
cooperat iva ás tontas . 
 A autonomia decorrente do regime 
cooperat ivo verdadeiro não impl ica desvar io e s im 
tato compat ive l com as funções inst int ivas . Não se 
trata , pois , de tute lar uma «cr iança» que já v iveu 
quas i um seculo , e s im de atender á forma do seu 
desdobramento c ic l ico formidavel , espec ia l i sando 
funções que especi f icam toda a sorte de 
responsabi l idade de las decorrentes . Não se toca 
nem de leve na conquis ta da l iberdade que a 
cooperat iva cult ivou á a l tura da d ignidade 
humana, dos seus sent imentos expurgados da 
vaidade como da submissão exdruxula . Esta 
l iberdade se não confunde com a re inante entre os 
brutos do universo , sob o inf luxo da fome 
agress iva . . . Da espontanea coe- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-23- 
 
são soc ia l é que nasce a so l idariedade prat ica e 
não a enganadora, e i s so atravez da coordenação 
natural das assoc iações cuja f ina l idade princ ipal é 
expurgar as at iv idades da astuc ia , da ganancia , e 
da miserabi l idade dos que ne las , exercem um 
mister e são mal compensados s i s temat icamente , 
pe los que de las se aproveitam. 
 
 As nossas c idades , ao em vez de atra ir pe la 
sedução das co isas fa lsas , o sertanejo , devem 
acumular nas suas assoc iações , as economias 
provenientes do consumo e da previdencia , para 
f inanciar novas «bandeiras» cooperat ivas na 
colon ização rac ional , sertanis ta , que 
descongest iona os centros populosos , ext inguindo 
a miser ia , que e o peor dos males e e la não se 
ext ingue , com o processo de es tender o asfa l to 
sobre a terra , e de tapar o so l com os arranha-
céus . Não é o inte lecto refe i to nos campos que 
futr ica a v ida da humanidade . São os cogumelos 
do asfa l to com forma de super homens . 
Assoc iações de fe i joadas regadas a cachaça, . 
Chinfr inzadas , jogo , dansas exot icas , ranchos 
carnavalescos , não adiantam. 
 
Tambem não es tamos no mundo para 
evaporamos-nos no nirvana. O mundo está 
proximo e o objet ivo que nos oferece é de 
v ivermos nele como podemos, e sabermos ass im o 
que nos convem e só podemos a lcançar unidos por 
uma mesma f inal idade que concret ize o nosso 
conforto pos i t ivo . Conforto metaf i s ico só nos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—24— 
 
manicomios da l i teratura . . . mant idos pe lo e log io 
mutuo, internac ional , pe la retor ica . 
 Os pr inc ip ios verdadeiros , para serem 
seguidos não prec isam de ch icote na mão, nem da 
inquis ição a inda em moda. Mas , a fr ivol idade 
soc ia l tem que ser vencida para que um povo sa iba 
se defender dos males . 
 A cooperat iva de consumo faz da real idade o 
e lemento duct i l i s s imo do bem gera l , que não é um 
mito . Seu mecanismo exige mão honesta para 
mover-se . A le i evolut iva o carater iza 
suf ic ientemente , pois toda le i que presta não 
arranca v i ta is ra izes da arvore his tór ica , 
ins t i tu ida , sob a qual se abr igaram serenamente 
as caravanas que procuraram a Canaan da 
real idade fóra do dominio dogmat ico . 
 O bem que as ca ixas Raif fe i sen trouxeram 
ás a lde ias rurais onde r icos e pobres , graças a e las 
se aproximaram cordealmente , arrancou dum 
ec les ias t ico es tas palavras: «A caixa Rai f fe i sen fez 
mais pe la mora l idade na minha paroquia do que 
todos os meus sermões .» Pois a cooperat iva de 
consumo é is to tambem. 
 O fato que se deu em Rochdale , em 1843 
c ircunnavegou concorrendo para a uniformização 
das aspirações honestas , mundiais sem nenhuma 
pretensão pol i t ica . Verdade é que os pr incip ios 
fundamèntais foram desv irtuados , escamoteados , 
pe los que procuram sempre reduzir a humanidade 
a um rebanho de carneiros d ir ig ido por s imios e 
lobos . . . i s to , tanto nos pai- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 25 - 
 
zes de emigração, como nos de imigração. Mas , as 
verdadeiras cooperat ivas exc luem as fa lsas das 
suas federações e confederações , por espec ie , e dos 
entendimentos comerc ia is . Ha mesmo «tanks» 
economicos do imper ia l i smo inf i l trante , com 
taboleta de cooperat iva agrico la mormente nas 
co lon ias . . . ocupadas como pos ições es trategicas . 
 A just iça internac ional tambem não é um 
mito . 
 Tem de caber ás cooperat ivas o control dos 
mercados . 
 Elas só o conseguirão depóis de expurgadas 
dos males que atrof iam os seus sadios pr inc ip ios 
de autonomía plena sem prejuizo da art icu lação 
que se aproveite e enquadramento oportuno, que 
não perturbem o halo luminoso dos pr inc ipios 
integra is da era nova que surg iu em 1843, 
Rochdale , graças probidade de Vinte Oito 
Tece lões . Não foram a esperteza , a demagogia , a 
d ip lomacia , a escamoteação que os ajudaram, e 
s im o af inco ao dever , o processo integral seguido 
á r i sca , a competenc ia verdadeira . 
 S indicatos prof iss ionais , consorc ios-prof is - 
s ionais ( infe l izmente ext intos) inst i tutos de 
aposentadoria ,pensões e demais auxi l ios , 
representam embora uma art icu lação com a 
cooperat iva prof iss ional , que não prejudica o que 
á cooperat iva pertence propriamente e que se 
vinculava ao consorcio profissional. Não se dá o com- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—26— 
 
trar io , convindo observar o conjunto do c ic lo 
c lass is ta , e não parte de le . (6 ) Ass im é que se vai 
formando o ambiente trabalhado pe lo c l ima em 
que o tempo reagiu no espaço geograf ico . As boas 
inf luencias se adaptam mais judic iosamente 
quando por concomitanc ia , no amadurecer da l e i 
do tempo que é a evolução his tor ica , no espaço 
geográf ico , apare lha-se o espir i to assoc iat ivo com 
os e lementos loca is , decorrentes da cooperat iva , 
conjugados para ass imi lar melhor os ens inamentos 
que se d ispersam pelo mundo sens ive l á 
c iv i l ização , sem confundir organização c lass i s ta 
com quis to nem c lausura. . . Nisso es tá mais que 
c laro , que o r i tmo federat ivo por espec ie é o 
d is tr ibuidor mais apto dos ens inamentos 
emanantes do extra-ambiente geográf ico . Temos 
que encarar os fatos á luz de El izeu Reclus , na sua 
Bib l ia do Universo «O Homem e a Terra» em que 
examinou com largueza os fenomenos de 
recept ib i l idade mesológica ou de inf luencia 
complexa sobre a v ida dos povos que se adaptam 
mater ia lmente aos meios em que v ivem, porém que 
moralmente resurgem da evolução dos costumes . 
E’ o gehio da s inceridade a ref le t ir o que é real , 
c i ta , sem deixar de reconhecer que muita co isa 
a inda mergulha na nebulosa . 
 
 
_______ 
 
 ( 6 ) L e i a m - s e a s m a g i s t r a e s o b r a s s e g u i n t e s : 
T h e o r i a e P r a t i c a d a C o o p e r a ç ã o » d e C . A . d e S a r a n d y 
R a p o s o , O E s t a d o e o T r a b a l h o . , d e B e n - H u r F e r r e i r a 
R a p o s o e O C o o p e r a t i v i s m o n a s I n s t i t u i ç õ e s d e P r e v i d ê n c i a 
S o c i a l , d e A n t o n i o F e r r e i r a F i l h o . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-27- 
 
Descobrir os pr inc ip ios v i ta is descobertos 
pe los Mestres verdadeiramente esc larec idos , a par 
da u lt ima palavra do sabio , é co isa d iversa do que 
se passava em Bisancio , menos pos i t ivo que 
Alexandria dos Pto lomeus ou no labir into 
caús id ico , amorfo , onde a chicana se observa na 
sedimentação da vasa h is tor ica , es tagnatar ia , 
procurando embargar as real i sações sadias , ant i -
jornal i s t icas , os lances gen ia is do povo cr iador . 
Quem cr iou a cooperat iva? 
 Os assuntos de que trataram os 28 Probos 
Teec lões da idéa que as correntes do pensamento 
mundia l transportaram como agua-pés de luz, não 
eram vãos . Eles procurararam a rea l idade como os 
homens da c ienc ia verdadeira tambem a 
procuram, sem astuc ia nem pedant ismo, nem 
espir i to de compet ição , nem tampouco odio . Não 
se v ive de palavras ôcas nem de ouvidos moucos . . . 
 Num re lancear h is tor ico a cooperat iva se 
envolve g lor iosamente no halo rochdaleano. E’ um 
mundo cr iado pe la ajuda-mutua. S implesmente . 
Nada impede sua art iculação com o que é 
congenere . Nada mais carater is t ico . Coroamento 
supremo duma le i universa l . Porventura o a lcance 
c ic l ico desse mundo complexo move agora com 
operações reg idas por le i s espec ia is desdobra-se 
em formas jurid icas que se d is t inguem quer com 
funções comerc ia is , quer incorporando atr ibuições 
c iv is . Dai o seu desdobramento evolut ivo em 
personal idades jur idi - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-28- 
 
cas reg idas por le i s especi f icas que não comporta 
uma unica le i , e não de ixam de ser conjugadas 
complementarmente sem nenhum prejuizo das 
carater is t icas da assoc iação cooperat iva-o iro de 
le i ! Enquadramentos oportunos devem ser 
carater izados por uma necess idade absoluta . (Vide 
nota 6) . 
 Os Mestres de hoje que ens inam o que e de 
fato uma soc iedade cooperat iva , não tráem, não 
ferem, as l ições dos descobr idores dos pr inc ip ios 
fundamentais rechdaleanos . Todos e les se 
dedicaram á apl icação dos meios comerc ia is do 
trabalho e industr ia , sob o regime ant i -
especulat ivo , ant i -absorvente e o auxi l io de 
grandes contadores , na I ta l ia , que f ixaram os 
moldes da contabi l idade da cooperat iva , que 
prec isamos es tudar sem oculos de baeta — por 
mais causid icos ou burocrat icos que sejam. . . 
Infe l izmente a l ivrar ia anacronica e uzurar ia , 
manhosa , nas garras da baixa especulação, nos 
impede o es tudo das co isas prat icas . Por ventura , 
por v ia d ireta , pode-se obter da co leção «Manual i 
Hoepl i» , de Mi lão , a «Ragioner ia de l le cooperat ive 
d i consumo», do professor Giovanni Rota . Não se 
encontra ne la uma só palavra que destôe do 
metodo his tor ico . A casa Hoepl i tem em São Paulo 
uma agencia . 
 A cooperat iva de connsumo e prof iss ionais e 
a dos que não são mencionados na c lass i f icação 
prof i s s ional , vencem palmo a palmo o terrenno 
que a exploração contra o povo vai 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-29- 
 
perdendo, vendendo uma e outra a não soc io 
tambem. 
 Desde o d ia em que Jesus fust içou os ven 
di lhões que ocupavam os degráus do Templo que 
pertenc ia mais aos far izeus do que ao Onipotente , 
Mercur io teve baixa na ordem soc ia l . . 
 Essas cooperat ivas têm que abrir canais em 
comum para o escoamento dos grandes «stoks» , e 
o quis to prof iss ional ou c lass i s ta a c lausura que se 
presta ao contrabando demagogico , impedem a 
conexão dos interesses gera is , que tambem não são 
um aranhol . . . 
 O «statu-quo» l icencioso , como o regime de 
torquezes pol i t icas , impede a fe l ic idade dos povos , 
provoca as ca lamidades soc ia is , po is as rebel iões 
são cégas e não fa l tam máus inst intos a cupidez de 
sucubos , para de las se aprovei tarem: (7) 
 A luta das cooperat ivas do povo retempera 
nobres sent imentos , o não rebaixa . Certa tute la 
congenere , provisor ia , ás vezes é ind ispensavel . Só 
o reg ime coopertat ivo coordena as forças 
nacionais para a defesa inquebrantavel da 
 
 
____________ 
 
 
 ( 7 ) A s i t u a ç ã o m u n d i a l d e v e - s e a e s s e e s t a d o d e 
c o i s a s . O u ç a m o s o q u e d i s s e o p r i m a z d e T o l e d o , e c o n s t a 
d e t e l e g r a m a d e 1 / 3 / 9 3 7 , d e B e r l i m , p u b l i c i d o n o j o r n a l d o 
B r a s i l > > , d e 2 d o m e s m o m ê s e a n o , p a g . 9 , m e t a d e d a 3 
c o l u n a 
 . 0 c a r d e a l m a n i f e s t o u a c o u v i c ç ã o d e q u e o p a i z 
n ã o c h e g a r a a u m r e g i m e d e p a z e n q u a n t o n ã o f o r 
p r a t i c a d a j u s t i ç a s o c i a l ; o s r i c o s d e v e r ã o a b r i r m ã o d e 
s u a s f o r t u n a s , c o m p r e e n d e n d o q u e a s u a r i q u e z a o b r i g a o s 
p o b r e s a n e l e s v e r e m um i n i m i g o >> . 
F a l o u o c o r a ç ã o C r i s t ã o l e g i t i m o .-30- 
 
just iça economica , unico c imento moral , bas ico , 
da c iv i l ização . Sua diretr iz federat iva hoje tão 
conhecida , como o c ircu lo maximo do equador . Já 
ex is te uma Al iança Internac ional das 
Cooperat ivas . Até onde chegou ignoro. Mas , fa l ta 
a escola verdadeira . 
 Chefes de fami l ias que v ivem de ordenados e 
pequenas rendas , abastados ou não, os que têm 
cans empastadas nas v ig i l ias das industr ias 
case iras , nos serões das humildes fami l ias que 
v ivem dum trabalho honesto , que escapa á 
c lass i f icação legal , o artezenato imenso , todos 
esses e lementos têm que procurar em grande 
massa , nos bairros onde moram, nos quarte irões 
das c idades tentaculares , a cooperat iva que lhes 
fornece as subs is tenc ias insuspe itosas . Estes 
podem logo de chôfre empregar os pr inc ip ios 
fundamentais , sem tute la nem enquadramento , 
numa cr is ta l ização pura de pr inc ipios inatos , que 
sempre pres id iram uma organização perfe i ta . 
 Chegou a vez de les tambem. São os mais 
aptos , esses semi-párias que sempre va leram por 
s i . 
 Defendam-na, pois , como a propria v ida! Os 
interessados que tem a compreensão exata deste 
fáto soc ia l o mais importante para a v ida das 
populações promiscuas duma grande c idade, 
fazem por s i , desprezam os par lapatões , mentores 
de arr ibação, escamoteadores da ver- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—31— 
 
 
dade soc ia l , f i s io log ica , em proveito dum s ta tu-quo 
in iquo. (8) 
 Não se toma um bond, um onibus , ao lado de 
quem quer que seja? 
 Pergunta-se nesses ve icu los co let ivos o cré- 
do , a que pertence quem prec isa de locomover-se? 
Na c lass ica tendinha do Beco do Sapo, á pobre 
mãe de famil ia que lá ia fazer suas provisões , 
ex ig ia-se dela a ex ib ição de sua côr pol i t ica ou 
re l ig iosa , confundida hoje uma coisa com a outra? 
 Livre-se toda a America da reprodução 
desses fatos medievais entre guel tas e g ibe l inos . . . 
O oceano disso lve os atavismos funestos á 
formação de novos mundos evolut ivos . 
 A cooperat iva cont inua sempre a sua róta , 
como a agua a correr nas fontes l impidas; o 
pensamento dos e lementos operantes na 
adminis tração é trabalhado pe la exper ienc ia que 
atua no esp ir i to de bondade, como este nas 
real i sações Não ha esp ír i to de compet ição me- 
t icu loso em encontrar fa lhas de hermeneut ica 
jur id ica no grão de fe i jão no pedaço de to ic inho . 
E’ um ambiente de segurança a ação soc ia l sem 
enfase , gerador do impulso ao tra- 
 
 
____________ 
 
 
 ( 8 ) À s a s s o c i a ç õ e s r e c r e a t i v a s q u e b e n e f i c i a m d e 
p r e r o g a t i v a s o f i c i a i s t e m o b r i g a ç ã o d e i n c e n t i v a r o 
m o v i m e n t o d a s c o o p e r a t i v a s d e c o n s u m o d e b a i r r o , e 
á q u e l a s q u e s e n e g a r e m a a b r i r a s u a s e d e á p r o p a g a n d a 
d e s s a s c o o pe r a t i v a s d e v e r i a m s er c a s s a d a s a s p r e r o g a t i v a s 
d e q u e g o z a m i n d i g n a m e n t e i l u d i n d o o l n t e r e s e p u b l i c o 
v e r d a d e i r o , 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-32- 
 
balho compensado á v ida normal , e que se 
desenvolve no sent ido de preencher devidamente o 
c ic lo das necess idades com a lto t ino humanitar io , 
rumo á c iv i l i sação que não faz apelo á v io lenc ia 
nem á h ipocris ia , nem a paixões ocu ltas . Pr imeiro 
dá o pão do corpo, depois serve o do esp ir i to como 
convem ao homem desp ido de vaidade , que não é 
um abjéto tr ipa . forra , á custa do a lhe io ou de 
priv i lég ios indecentes . 
 Possuiam os p ione iros es tatutos che ios de 
art igos , paragrafos e a l ineas? Is tó tudo fo i 
inventado para não ser seguido, senão 
formal is t icamente , pois a prat ica é que dec ide . 
 
 Eis os es tatutos dos que f izeram um mundo 
novo: 
 
 «A soc iedade tem por f im rea l izar um 
benef ic io pecuniario e melhorar a condição 
domest ica e soc ia l de seus membros , reunindo um 
capita l d iv id ido em ações duma l ibra e suf ic iente 
á prat ica do seguinte p lano: 
 
 «Abrir um armazem para a venda de 
generos a l iment ic ios , roupas , e tc . ; 
 
 «Comprar ou construir casas para os soc ios 
que desejarem ajudar-se mutuamente para 
melhorar as condições de suas v idas domést icas e 
soc ia l ; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-33- 
 
<<Empreender o fabrico dos art igos que a 
soc iedade julgar conveniente produzir pera dar 
trabalho aos seus membros que es t iverem 
desempregados ou que venham a sofrer cont inua 
redução nos sa lar ios; 
 
 «Comprar ou a lugar terras que serão 
cul t ivadas por seus membros que não t iverem 
trabalho ou por aqueles cujos sa lar ios sejam 
insuf ic ientes; 
 
 «Logo que fôr poss ive l , a soc iedade 
procederá á organisação em seu se io e com 
recursos proprios , ou em outros termos , e la se 
const i tu irá em colonia autonoma (seIf -
support ing) , onde todos os interesses serão 
so l idar isados (united) e e la auxi l iará as outras 
soc iedades que queiram fundar co lonias 
semelhantes 
 
 «Com o f im de propagar a temperança , a 
soc iedade abrirá em um dos seus locais um 
estabe lec imento de temperança .» 
 
 Cerca de v inte l inhas contendo um mundo 
que se fez . 
 E numa progress iva marcha de benef íc ios 
inca lcu laveis , s i lenc iosamente , como cresceram as 
maiores arvores do mundo, nunca esse inst i tuto-
mater , desdebrado em milhares de outros , que ha 
quas i um seculo gravi tam em torno das 
Wholesales , herde iras d ire tas do s i s te - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—34— 
 
ma rochdaleano, pede ao homem, para o seu 
proprio benef ic io , mais do que o homem pode dar . 
Nunca houve rac ional i smo tão benigno e justo nos 
ca lcu los mutual i s t icos . Daí para c ima, só a 
renuncia santa! Para baixo , sabemos que espec ie 
de tragedia nos espera . . . 
 Faci l é fac inar as massas . Qualquer c irco de 
caval inhos , pondo o palhaço na rua, as atráe . . . 
 Mas , na cooperat iva de consumo não ha la - 
gr ima de crocodi lo nem rotulo mirabolante . E la 
obriga o produtor a ser humano porque não ace i ta 
fa ls i f icações , e produz tambem o que póde para a 
sua c l ienté la oceanica . Nada tem inf luencia tão 
dec is iva para a transformação da Geena num bem 
comum. Esta é a cooperat iva de portas abertas , 
que a le i permite honestamente . . . 
 Seu esp ir i to de bondade não tem l imites Só 
com e le podemos contar , seguindo seu metodo. 
Nasc ido no Golgota do sofr imento de miseros 
tece lões , mergulhou na luz que guiou os 
contemporaneos dos horrores da éra do ma- 
quinário , marcante da ruina do mundo, sob os 
es t imulos da cobiça mais apare lhada ass im, para 
sugar o sangue humano, transforma- lo no o iro da 
corrupção, com que se a l imentam guerras e 
revoluções como um manejo de «marionnettes> > 
 Os passos da cooperat iva de consumo são 
cadenciados pe la razão que nunca de ixa de-35- 
 
guiar a humanidade, cujo resurgimento data das 
Taboas Mosaicas , e não do «facho c l impico . . .» 
 Quem, deante do edif íc io moral e economi- 
co da cooperat iva de consumo não sente logo a sua 
es tabi l idade? 
 Para traz a «pol i t ica da porta fechada» com 
que espir i tos ambiguos pretendem garrotear a 
cooperat iva de consumo, para garant ir aos Se 
nhores comendadores o honrado lucro de 4 % e 
mais nos seus a l tos negocios de envenenar o povo 
com bacalhau podre, pão do l ixo , d i to de luxo , de 
ignobeis moinhos , e v inho de páu campeche 
 Eis o feudo que o s ta tu-quo soc ia l man- 
tem ! . . . . 
 Quem negará um pouco de seu tempo e de- 
d icação no revesamento de serviços soc ia is , en- 
quanto não houver verba para ordenados , senhas 
de presença, percentagem á gerenc ia? 
 Temos pois , a cons iderar a fase da promul- 
gação da idéa , a sua execução preparatór ia e 
f ina lmente dec is iva , graças á arrecadação do 
capi ta l minimo necessar io . 
 Não dec id ir hoje , é não reso lver nunca 
 A indecizão só favorece ao rendos iss imo 
Estado const i tu ido de mi lhares de tavernas dentro 
deste Distr i to , as quais aumentam s inis tramente o 
ind ice da morta l idade motivada por 
envenenamento do apare lho digest ivo! Is to fóra a 
miser ia que produz a carest ia . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-36- 
 
 
 O Capita l que Mercur io mobi l i sou contra a 
população, a l iás não se perde para os e fe i tos do 
f i sco proporcional ás operações , ás rendas e ao 
capi ta l . Ha muito em que inverte- lo de forma 
menos nociva á população . Aguardam o seu 
emprego os entrepostos cooperat ivos dos produtos 
importados , i sentos de monopol io ou «trusts» , 
consoante a procedencia es trangeira como em 
cooperat ivas de cred ito urbanas , v isando um 
f inanciamento adequado ao intercambio , sem 
preju izo da leg is lação v igente sobre operações de 
ordem espec if ica , que se apl icam s implesmente 
dentro do que prece i tuam os d ispos i t ivos legais , 
d ispensando-se as controvers ias pedantescas sobre 
o assunto . E a inda ha em que empregar esses 
capi ta is mal ganhos na organisação progress iva de 
co lon ias cooperat ivas entre os que perderam o 
emprego do balcão es fo lador e envenenador do 
publ ico sa lamandrico para recomeçarem nova v ida 
mais á a l tura do progresso moral , que or ienta o 
mater ia l . 
 Não fa l tam minas a explorar , ferrovias , 
d iques , cooperat ivas de navegação, av iação , 
serrarias e outras industr ias que são conexas com 
as cooperat ivas das industr ias extrat ivas , de 
pesca , e tc . , e tc . . Não fa l ta em que transformar o 
capi ta l sugador em capita l produtor sob a ég ide 
cooperat iva e sem entremez. 
 Eis o r i tmo transformador, progress ivo , que 
a l ias ex ige que a burocracia se transforme tam- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-37- 
 
bem em departamentos produt ivos , de acordo com 
os setores das at iv idades por e les controlados 
f ie lmente , o que ta lvez seja utópico . . . Calar essas 
co isas é tra ir o pais . 
 Claro que para coroar o reajustamento 
geral dos recursos das at iv idades organisadas sob 
os auspic ios do cooperat iv ismo prof i ss ional ou 
não, as emissões de obrigações soc ia is , que a le t . a 
do art . 12 do dec . 22 .239 , permite ao emporio 
importante das cooperat ivas , o ferecerão ass im ao 
capi ta l oc ioso , naciona l ou es trangeiro , um 
emprego l impo sob a f i sca l i sação competente que 
tem de ser organisada á a l tura das necess idades . 
Não se pode impedir de emit ir um s imples t i tu lo 
de emprest imo colet ivo a quem de d ire i to , capaz 
de apresentar as garant ias lega is , tratando-se 
destarte de corr ig ir o erro das imobi l i sações 
es tagnatar ias de depos i tos , intens i f icando-se a 
c ircu lação desses valores que aumenta a dos 
recursos gerais tornando fecunda a v ida 
economica , tão fa l ta de propulsão s inergica das 
industr ias proporcionadas ás necess idades que as 
es tat i s t icas esc larecem e as cooperat ivas 
enquadram. O mecanismo para esse f im é fac i l de 
conceber-se , cr iando-se um inst i tuto of ic ia l de 
depos i tos de garant ias ou cauções da ordem 
refer ida , inst i tuto dest inado ao f inanciamento da 
lavoura e industr ia , organisadas sob o reg ime 
v igente , num ajuste de mecanismos s imples , de 
fac i l contro l e ev idente garant ia . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-38- 
 
 
 A evolução não intercepta o espir i to 
re invindicador da re integração dos es forços ute is , 
para desp ir um diabo e vest ir um santo de páu 
ôco . . . Reinvindicação não é preocupação de 
v ingança, e s im de organizar-se devidamente sob 
os auspic ios da le i da ajuda-mutua. 
 O homem não é uma máquina digest iva que 
se compraz somente em encher o es tomago e 
esvas iar os intes t inos . . . Os inst intos da ajuda-
mutua reagem nele , como no universo , contra o 
egoismo crú que a c iv i l i sação vai domando, 
fazendo com que o mais forte deixe de ser 
s inonimo do mais canalha . . . e o mais i lustrado de 
ser s inonimo do mais c in ico . 
 O pequeno grupo de in ic io duma 
cooperat iva de consumo, de bairro , tão necessár ia 
como a prof i ss ional , ha de se aumentar 
i l imitadamente com o tempo quando se quebrar o 
ge lo , pois não se forma uma cooperat iva para ter 
o aspeto dum hiato soc io logico . 
 Infe l izmente aqueles que poderiam f inanciá-
la d izem logo: «Não é negocio . . .» . O interesse 
co let ivo tornou um Amazonas a conf luencia dos 
arroios do indiv idual i smo. Is to é que devia 
impress ionar os que poder iam fazer sobresair o 
seu valor pessoal na cooperat iva , ace i tando 
cargos , auxi l iando com dinheiro e inte l igenc ia , e 
não só procurando que e la se faça por mi lagre 
f icando cada qual no seu «bungalow" 
 A cooperat iva , no seu in ic io , quando ha pe- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-39- 
 
queno capita l , é uma espec ie de dopo lavoro , para 
os soc ios que desejam veementemente a v i tor ia da 
idea , como f izeram os ce lebres Tece lões de 
Rochdale . 
 O valor de cada povo se gradúa pe lo apego 
ao ideal co let ivo em todas as prat icas que duzem 
ao progresso mater ia l e moral , de que todos 
compart i lham não como <<di le t tant i>> e s im como 
fatores que produzem esforço ut i l dentro duma 
atmosfera expurgada dos paras i tas , que 
const i tuem os e lementos da es tagnação soc ia l . 
 A cooperat iva e a vo lta ao trabalho l ivre e á 
natureza , que contr ibuem para o melhor es tado da 
a lma. 
 I lud ir as necess idades naturais que são 
tambem colet ivas é pagar bem caro essa i lusão . 
 A s i tuação em que nos achamos, sob o ponto 
de v is ta moral-economico pouco mudou no fundo, 
durante o per iodo que transcorreu desde a época 
co lon ia l . Só na superf ic ie o aspéto var iou. O feudo 
economico não de ixou de ser o mesmo. 
 Quer d izer que o part icular , organizado em 
colonia rac is ta ou não, uma vez que suas 
condições o permitam, pode serv ir-se da praça 
como duma fazenda de escravos , sugando o suor 
a lhe io , qual senhor feudal do comercio e da 
industr ia . I s to até no terreno inte lectual quanto 
mais no braçal ou da capacidade aquis i t iva do 
povo bras i le iro . Tal fenomeno não 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-40- 
 
póder ser levado a conta do regimen, e s im da 
pass iv idade dos costumes , pois o reg imen é de 
l iberdade no comércio e na industr ia , sat is fe i tas 
as le is que os regulam: ass im, se o povo souber 
assoc iar-se devidamente , no sent ido de organisar 
seu comercio e sua industr ia , naturalmente que os 
costumes mudarão em seu favor , sem nenhuma 
v io lação reg imenta l . 
 Relanceemos antes do mais o mecanismo que 
indubitavelmente produz o acervo por má 
compreensão dos deveres soc ia is rec iprocos . No 
balcão tudo a inda se compra pelo menos poss ive l 
para ser revendido o mais caro poss ive l : o pão, a 
roupa, a ferramenta , o remedio , o l ivro , até o 
d inheiro , e tc . . . 
 Não ha duvida que as le i s do trabalho 
v ieram em defesa das c lasses de empregados e 
empregadores sa lvo quando a chicana embarga e o 
ca lculo fa lha na apl icação daquelas , por 
def ic ienc ia de dados es tat i s t icos bas icos , at inentes 
a mutual idades de previdencia , homeopat icas em 
face do abismo das necesss idades . Nenhum pais 
a inda conseguiu um s is tema de fato e f ic iente para 
sopitar a miser ia que re ina em todos os 
quarte irões de trabalhadores e ruas de c idade 
tentaculares , onde os desastres f inance iros 
causados por ca lculos fa lhos e o «o lho grande» da 
superprodução, at ingiram milhões de naufragos 
que remoinham ne las impedidos , com intu ito 
guerre iro , de se de ixarem levar pelas correntes 
oceanicas da emigração l ivre , que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-41- 
 
fosse regida por uma l iga de nações , amiga de fato 
da humanidade, e que cuidasse de s is temat izar a 
co lonização rac ional isada, com a aquiecencia dos 
paises que carecessem de imigrantes e 
procurassem-nos , mediante contrato b i lateral , sob 
o control da refer ida l iga , respe itado 
integra lmente o temperamento de cada povo sem 
prejuizo da concordia . As palavras não ex is tem 
para serem vãs . . . Convem antes de pronuncia- las 
sent ir . 
 A c ircu lação internacional dos capi ta is que 
não passam de sobras propulsoras , ex ige tambem 
rec iproc idade inconfundive l , tanto ou quanto a 
troca de mater ias pr imas, por produtos ute is na 
balança do cooperacionismo mundia l de 
combinação com a soc ia l ização dos entrepostos 
por espec ie de produtos ou secc ionados d ispondo 
duma r igorosa propaganda internacional , e 
adequado control de parte a parte . 
 No mais ser ia a caso de se fac i l i tarem ás 
retardatarias at iv idales comerc ia is e f inance iras 
das empresas intermediar ias , os es tagios da sua 
transformação em at iv idades d iretas , 
s i s temat izadas pe lo r i tmo cooperacionista na 
tendencia á uniformização que padroniza tambem 
as at iv idades ut i l i tar ias , cr iando-se grandes 
entrepostos cooperat ivos para a importação , por 
pais , o crédi to conexo. Sem essa pol i t ica geral de 
transformação economico-soc ia l , a mal cont inuará 
sempre. Por a i já se pódem aval iar os caminhos 
abertos pe las cooperat ivas , 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-42- 
 
suas federações e confederações , por espec ie . 
Trata-se duma le i natural que tem de ser 
devidamente respe i tada pe la compreensão e não 
pe la força . E’ a evolução que trabalha . Faz-se 
mister entende- la! Mas , a inda não se sorveu a 
u l t ima gota do ca l ice das des i lusões demagogicas . . . 
 Que importava hontem aos Governos que 
fosse o part icu lar ou a cooperat iva que se 
d isputassem o lugar nas praças , desde que 
pagassem os impostos suf ic ientes? Verdade é que o 
f i sco , sob as imposições da fata l idade , se pode 
comparar ás danaides . . . Todavia ex is t iu o 
verdadeiro desvario de i senções . A cooperat iva 
que move com grandes massas , repe le-o . 
 Proporcionar desde a assoc iação autonoma a 
sua parce la de va l idez co let iva , não sacr i f icar o 
f i sco . Sem is to póde-se at ingir o gráu mais 
e levado, numa coordenação exáta das co isas que 
se governam por s i , graças a uma estrutura 
perfe i ta cooperat iva , sem preju izo de nenhuma 
grandeza e pe la inf luencia una de pr inc ip ios 
verdadeiros , que nos ajudem a v iver , como a luz 
do so l , o ar sereno, a agua lustra l ! A v ida é um 
esp lendor div ino, de que as sombras se afugentam 
diante da conciencia dos fatos . 
 O apuro das organizações es tabelece 
coordenadamente a cooperação entre todas . E’ o 
que sucede entre a democracia exper imenta l e o 
mundo das cooperat ivas em que um enqua- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-43- 
 
dramento mora l lhes regular iza automaticamente 
o s i s tema dinamico . Nem a le i , nem um centro 
of ic ia l de organização poderão produzir o e fe i to 
dessa irradiação permanente construtora 
 As co let iv idades se organizam 
parale lamente , no crescendo das federações e 
confederações por espec ie . O Ego «s ingular» passa 
a ser p lural» . Cada cole t iv idade devidamente 
or ientada pe lo espir i to assoc iat ivo , integral , é que 
póde agir por «s i mesma)) , no entendimento 
supremo das co let iv idades que se desenvolvem 
harmonicamente como os c irculos que se formam 
na agua espelhante onde cae um corpo so l ido . 
 A so l idar iedade cooperat iv is ta nunca 
prejudicou nação nenhuma. Jamais se deu no 
mundo o derramamento duma gota de sangue 
humano, por sua causa . Jamais esse regimen que 
se coordenou por s i levou aos labios da c iv i l ição 
cruc if icada a esponja de v inagre . . 
 Pomona da Cal i fomia e os pastores de 
Watteau da Dinamarca poderiam padronizar o s 
encantos da ajuda-mutua do mundo inte iro , como 
f ie i s d ic ipulos dos Vinte e Oito Probos Tece lões de 
Rochdale . Basta que os Governos concedam o 
cred i to adequado e contro lem por intermedio do 
inst i tuto de cred i to as cooperat iva . Que culpa tem 
a cooperat iva de possu ir uma concienc ia p lena dos 
seus d ire i tos e deveres , e de ter ens inado a lguma 
coisa ut i l que procuram deturpar? Que é que 
querem ens inar a e la? A deturpação de la mesma? 
o que faz a grandeza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-44- 
 
dum pa is , é a grandeza do seu povo. E ta l 
grandeza não é na razão dum vacuo moral , e s im 
do que se conso l ida pe la sagaz cooperação dos 
seus esforços verdadeiros . Para defender esses 
es forços não ha de ser com os que f izeram da 
soc iedade cooperat iva um hibrid ismo jurid ico - e 
que se arvoram em seus defensores . . . A defesa dos 
pr inc ipios cooperat ivos es tá ne les mesmos 
 Temos que v iver a v ida e não idéas masca 
das . Na cooperat iva não ha preocupações 
es tratofér icas: ha um campo a lavrar com 
máquinas e as melhores sementes ao lado da 
of ic ina instru ida , do laborator io honesto, 
humanitar io e da jaula onde se meteu Shylock 
— o verdadeiro ant i -Cris to . Mas , ha a inda a 
cons iderar o embrião do s indicato agr ico la de que 
trata Leconte: «Os serviços que o s indicato 
agrico la póde prestar restr ing indo-se es tr i tamente 
ao seu papel de es tudo e de defesa dos interesses 
economicos e prof is s ionais de seus membros são os 
mais numerosos e var iados» Santo de casa não faz 
mi lagre . Com is to se a legra o Professor Sarandy 
Raposo , reajustador do postulado s indica l -
cooperat ivo , entre nós outros , em face do Codigo 
Civ i l e do Codigo comercia l . E’ um benemerito 
que se procura esquecer . 
 A Cooperat iva prec isa de agi l idade 
comerc ia l . Naceu com funções c ic l icas , como o 
organismo humano. Seu sent ido é imperturbavel . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-45- 
 
A evolução interve iu , decompondo suas funções 
numa coordenação de ent idades congenitas do 
mesmo grupo c lasse ou prof issão sub-div id indo-se 
na ordem c iv i l e na comerc ia l : consorc io-
prof iss ional , s indicato-prof i ss ional , ca ixa de 
aposentadoria e pensões (com outros serv iços de 
benef icencia) . Mas tudo i sso jamais suprirá a 
federação por espec ie de cooperat iva , que corôa a 
obra . Vide «Teoria e Prat ica da Cooperação», do 
Prof . C. A. de Sarandy Raposo , «O Estado e o 
Trabalho», do Dr. Ben-Hur Ferre ira Raposo , «O 
Cooperat iv ismo nas Inst i tu ições de Previdenda 
Socia l» , do Prof . Antonio Ferre ira F i lho — ót imos 
tratados . 
 A cooperat iva cont inuará a ser cooperat iva 
«per omnia secu la secularum». . . apesar dos 
obstaculos de ordem pol i t ica e outros . 
 A evolução é que conduz o homem não se dá 
o inverso . Mas não de ixa de ser tambem obra do 
homem no se ajudar a s i mesmo. E’ a exper ienc ia 
que separa o jo io do tr igo A evolução tambem é le i 
e doutr ina Art icu le- se o que for ut i l , sem preju izo 
dos pr inc ip ios da cooperat iva seu r i tmo 
federat ivo , autonomo. A humanidade já es tá farta 
de sofrer muita maldade em nome de idéas que 
restr igem as conquis tas da c iv i l i sação , que a l iás 
não é outra co isa senão a evoIução exper imental 
num f luxo e ref luxo de costumes . O processo 
pr imit ivo cr is ta l isou um mundo de co isas para 
uma só c lasse e sem c lausura. A s i tuação hoje 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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mudou de aspéto , por tra tar-se de coordenar 
muita co isa já fe i ta , com o que se va i formando 
Mas, infe l iz da humanidade se perder de v is ta os 
pr inc ip ios Rochdaleanos . . . 
 
 A le i n . 979 , de 1903, entre nós , dezesse is 
anos depois da de Waideck Rousseau, fo i ta lvez o 
pr imeiro degráu que se assentou na base do 
edi f ic io antes do mesmo se erguer . Naquela le i o 
nosso agr icultor a l fabet ico teve o arrepio da sua 
a l forr ia economica pois já podia ass im se assoc iar , 
mediante pagamento duma contr ibuição minima 
para , por conta propria , comprar fert i l izantes , 
inset ic idas , d iretamente , aos produtores quimicos 
por meio do s indicato agr ico la , representante do 
seu grupo prof is f i ss ional , fóra outros serviços . 
 Quatro anos após , o d ia da cooperat iva se 
sucedeu. Um cabo de aço l iga os es tagios do nosso 
progresso legal embora z igue-zagueante . Viveu as 
suas fases de exper ienc ia até chegarmos a um 
reajustamento de normas legais que de ixam 
margem á doutr ina pura, que é mais ampla , e por 
í s so mesmo mais prec isa na escola da experienc ia 
e dos pr incip ios prat icos . 
Pr ivar o pais dessa marcha avante que 
conseguiu por s i , ser ia retroceder no momento de 
consol idar o seu progresso economico-soc ia l . 
 As le i s que procedem dum s is tema apurado 
não confundem com as que se tentam só 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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em favor de re lardatar ios cupidos . O poder a 
c ienc ia não são fa lsos . . . 
A l iberdade que se quer igua l á anarquia 
aparente do universo que se reso lve sómente por 
meio de inst intos crus , afeta as concienc ias bem 
formadas , depois de muito sofr imento , quando 
e las foram trabalhadas pe lo pr inc ip io de 
proporção de Howarth. 
Este sopro de just iça economica integrou 
o ind iv iduo na co let iv idade sem nenhum prejuizo 
de le , ind iv iduo. Que ha mais por a i que se 
compare com ta l descoberta? É Howarth não teve 
sua e f ig ie gravada no muro da tendinha do Beco 
do Sapo. . . Moralmente es tá gravada nos a l icerces 
do edif ic io do d ire i to novo, que é co le t ivo , 
ambíentando ass im o que cabe por natureza ao 
indiv iduo organizado e não organico , 
s implesmente . . . 
 O sent imento espontaneo com que o ind i- 
v iduo pr imit ivo fundou a fami ia paleo l i t ica , não 
se compara com o egoismo do assoc iado da 
soc iedade anonima com que se confundiu até bem 
pouco a soc iedade cooperat iva , a quem cabe ze lar 
pe la fami l ia dos seus assoc iados , o que não faz 
aquela , sendo que o assoc iado da soc iedade 
anonima só deseja que es ta t ire os lucros maiores 
poss ive is até das proprias fami l ias , do publ ico em 
geral e dos empregados que e la , soc iedade 
anonima, reduz a s imples maquinas lucrat ivas do 
capi ta l i smo cru, que a soc iedade cooperat iva ha 
de vencer , como o ho- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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mem pa leo l i t ico venceu o d ip lodocus o qual 
re inava na anarquia mi lenar do universo . . . 
Pois ass im como o p impolho da caverna, 
depois do car inho da mãe se lvagem, teve a 
proteção paterna e a aprendizagem qual a de 
abater monstros a golpes de machado de pedra 
lascada, a cr iança da fami l ia cooperat ivá recebe 
nas escolas soc ia is a educação necessar ia para a 
defesa economico-colet iva , sem preju izo dos 
inst intos naturais e da indo le ind iv idual . Nesse 
sa l to mi lenar das eras o que o indiv iduo 
s ignif icava para a fami l ia qual d iamante bruto , 
passou a ser lap idado pela cooperat iva . A cente lha 
humana da soc iabi l idade que começou a a lumiar 
os pr imeiro passos da fami l ia i so lada , pa leo l i t ica 
passou na época da e le tr ic idade a corrente da 
so l idar iedade dinamica que só a cooperat iva sabe 
coordenar de v idamente , sem perigo de curto 
c ircu ito . . . na época em que os monstros são de 
aço , e o exterminio do homem contra o homem, 
vencendo e le não mais o d ip lodocus , e s im a 
feroc idade deste , com a do proprio homem! 
 O contrato que todos ass inam na 
cooperat iva , contem c lausulas eminentemente 
paci f icas e just ice iras , a que o assoc iado se 
obriga , por ter , graças ao comercio su i -gener is da 
cooperat iva , uma garant ia de pão, te to e de 
possuir um instrumento de trabalho, 
profundamente ordeiro que se desdobra de acordo 
com as necess idades , desdobramento que passa a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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art icu lação com ent idades mutual i s t icas , de 
c lasse , quando se trata de cooperat iva prof i s -
s ional , convindo que

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