Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1/1 BR3900020 E15,E70,E50/B/M/V BRITTO. J.S. A PROL DA COOPERATIVA DE CONSUMO URBANA SE CCIONADA NOS BAIRROS (DEMONSTRACAO ARITIMET ICA DO PRINCIPIO DE HOWARTH. E DA DISTRIBUI CAO DE LUCROS PROJETO DE VILA • AGRICOLAS) (BRASIL) RIO DE JANEIRO, GB (BRAZIL) 1939 70 P. (PT) /G514 MICROECONOMIAS, CEMERCIALIZACAO, SOCIOLOGIA RURA L, COOPERATIVA, COOPERATIVA DE CONSUMO, VENDAS, PREÇO O 72 José Saturnino Britto A prol da Cooperativa de Consumo Urbana seccionada nos bairros (Demonstração aritmetica do principio de Hewarth, e da distribuição de lucros Projéto de Vila-Agricola). = 1939 = NA CIDADE DO RIO Rua da Misericerdia as Tal. 17.8300 - RIO - 1939 E15 BR 3900020 MNN MNN* E15 BR 3900020 Fortalecer os fracos é fortificar a Nação (1) A hospitalidade que me foi aqui oferecida ao pensamento mal posso agradecer; Desejaria focar o que fosse de fato util a todos Confio na vossa generosidade nos tropeços de quem procura palmilhar a estrada batida de luz duma realidade que não é agresiva sem deixar de clarear a propria figura da maldade hipocrita, a esgueirar-se fluidicamente atravez da estrutura das obras do bem «Fortalecer os fracos, é fortificar a nação, pode ser tomado por um postulado do subconciente, em face da idéa cooperativista, a qual visa diretamente a humanidade, verdade é, já dividida em nações, desde os barbaros aos que _________ (1) Esta conferencia se não relatan • O autor ficou condenado a propagar-se sol a cooperação somente nos folheto da sua lavra. E15 BR 3900020 --- 4 --- se supõem civilizados... expandindo gases asfixiantes e outros horrores, sem duvida bem menores do que os que se contemplam espetacularmente no universo, na sua aparencia anarquica, que lega a cada qual as suas proprias forças, dando tudo e tudo tirando. Gregos e troianos somem nas cinzas dos terremotos presididos pelos vulcões. Hecatombes são desencadeadas pelo bacilo invisivel. Todas as ameaças, e que não são de parla, patão, objetivadas no cenario terreno da tragedia humana - podiam servir de escola da piedade mutua. Que importa o belo, a riqueza, num dia de terramoto? Se beleza e riqueza são da conciencia — sim, nada as atinge. O ser bom morre num halo que a fumaceira material não abafa. ...Eis a Verdade ! Por ventura, de que serve aquilo que é apenas individual, na multidão infinita dos seres? A obra da conciencia, se expande num, ritmo tal que se torna coletiva. Neste estado d’alma coletivo, que o ho mem encontra conforto. - A cooperativa um estado da alma coletivo que se concretiza do melhor modo possivel, á luz da realidade. Tratemos dela com o maior interesse, que os fra cos ficarão fortes e a nação engrandecerá. Nação não coisa fóra do universo. Nem a conciencia. Esta se gradua em cada nação pela --- 5 --- equidade dos d ire i tos e deveres . E ta l equidade , levantemos as mãos para os Céus , const i tue uma conquis ta da nossa Magna Carta . O povo não parece compreender es ta esp lendida conquis ta que o pode l ivrar dos males que af l igem a v ida domest ica da comunidade, em face dos fa ls i f icadores de generos a l iment ic ios e encarecedores dos mesmos . O pão exis te fartamente . Ha no entanto quem o faça escassear em v irtude de reduzir o a l imento nas praças a uma espec ie de f icha de jogo que certos «croupiers» manejam ar is tocrat icamente . . . Trabalhada pe la inf luenc ia da natureza prodiga , a nossa democracia não impediu o jo io de crescer junto ao tr igo . A evolução exper imental vem corr ig indo aos poucos os excessos da promisquidade pr iv i leg iada, procurando trazer remedio ao acervo, tornando mais coesos os meios legais que facul tam a leg i t ima defesa economico-soc ia l do fraco . Faltou ao fraco a união rac ional enquanto que ao forte não rarearam os recursos para desfrutar o es forço do fraco , em todas as at iv ida- des em que uns passe iam de mãos para trás com um l indo automovel a esperar na porta dos escr i tór ios do engodo de a l ta esca la , enquanto a tr ibu maldita súa na g léba Uns marcam a preço da v ida , sem conhecer as d i f iculdades desta , ou a t irar de la a fortuna sadica . Outros , como bois do matadouro, levan numa deambu- --- 6 --- lação do emprego para o lar desordenado, deste para aquele , emprensados nos bondes na ida e vol ta da desd i ta , entre arranha-céus , c inemas de luxo , montras d iabo l icas de modas es tapafurdias e corneza inas fr igor i f icadas , frutas tanta l icas , v inhos s in tét icos , co isangas da especulação, atraz das quais espre i tam os o lhos da cupidez. . . O feudo do balcão possue uma dip lomacia capaz de tudo. . . feudo pe ior que o que admit ia aos servos da comuna em roda dos caste los a servent ia das aguas , das matas das pastagens . Desde a Convenção que e le tr iunfa . Em Lyon, a miunic ipal idade proletar ia conseguiu soc ia l i sar a d is tr ibuição dos generos e fo i pe lo novo feudo vencida , perdendo os promotores da idéa a cabeça na rubra gui lhot ina dos Marat e Robespierre , que pagaram na mesmo moeda. A especulação que se entranhara nos des - pojos dos bandeirantes , chegou a pr ivar a população de São Paulo , em 1799 do proprio sa l (pag . 143 de «Paul is t ica» , de Paulo Prado) , tendo s ido suprimido o monopol io vendendo a Camara diretamente ao povo, sob o control dum inspetor . Quão espaçadas es tas reações! Agora, é um paul is ta que rompe o cerco co lonia l do balcão encarecedor da v ida , mandando que caminhões do Minis ter io da Agricu l tura tomem diretamente dos produtores as ót imas frutas nacionais e vendam-nas ao povo - - 7 - - nas ruas por preços mui ba ixos , ao a lcance de todas as bolsas . O ambiente do Estado Novo permit iu o advento da a l forr ia , ja em formação, aguardando a perseverança dos interessados , em provar a sua capacidade de organização. Amanhã erguen-se-á o Entreposto de frutas e legumes Um monumento de c ímento armado - a verdadeira Casa do lavrador e do consumidor . Dai é que dever ia part ir a propaganda consis tente da cooperat iva agr ico la e da cooperat iva de consumo urbana. E’ o ponto de conexão soc ia l i sada que ha de cu lminar , esperemos, nesta hora de resurg imento bras i le iro . Tudo depende da se leção dos homens que apl icam a d isc ip l ina v i ta l r igorosamente . A r iqueza co let iva torna de somenos val ia a indiv idua l . Na comunhão cooperat iva o conforto é proporc ionado a todos , graças ao acumulo de economias soc ia is bem apl icado,reso lvendo-se destarte os problemas que g iram em torno do pão, do té to , do trabalho, da educação prat ica . Fóra desse ambiente de organisação moral e f i s ica , a luta é crúa, exacerba o indiv iduo a ponto de torna- lo per igoso . Diante da verdade dos fatos que são mais ao que ve le idades soc io logicas , , do remoinho do acervo infernal , a re l ig ião não ca lou, pregando a humildade de que nace a ternura, co locando sempre a humanidade, num gráo super- —8— r ior , ass i s t indo-a nos seus transes . Tambem não deixou de procurar sopi tar a fermentação demagogica nas massas , o ve lho soc ia l ismo f i - losóf ico tra ido pe la feroc idade tartara , soviet ica , contra o esp ir i to emancipado pelas c ienc ias e o a l truismo, o ideal de l iberdade d ignif icante , i sento de odio , dos c in icos malef ic ios , do cáos , do vão domfin io da t irania assass ina . E quem não percebeu que a Cooperat iva , rompendo os arames farpados da «sol idar iedade de c lasse» , abriu para quem v iesse o caminho universa l do «amor ao proximo»? Eis a razão da sua v i tor ia . Não fo i ove lha tresmalha da sodologia rubra, e s im ovelha dec ida do Golgotha. . . O so l bondoso dos seus pr incip ios é b ib l ico . «Cooperação» é uma palavra que inf lu iu em todas as l inguas que d isputam a or igem «ar iana» tão em moda, mas que pertenceu a braquicefa los da Irania , berço do «Aris to i» , e não dum dis tr i to germanico , fabricante dos caras compridas megalomaniacos . . . Aí es tão os l ivros l i turgicos dos Persas , o sanscr i to , o Zend-Avesta , para local i sar o «ar iano» no seu habitat» do a l teroso p lanalto . El iseu Reclus , que abriu os o lhos da humanidade, observa que se pode fa lar uma l ingua, sem decender de quem a fa la . . . Caprichos do patr iot ismo tres loucado conclue . . . Tambem a «Cooperat iva» d i la ta sua inf luencia universa lmente , e tem ana logia até com o que se dá entre os animais , por efe i to da ajuda mutua le i da natureza . Eis o - - 9 - - melhor agente . Não ens ina o que não aprendeu, . como sucede a muito par lapatão que se ju lga bom. . . poss ive lmente para o fogo A cooperat iva de consumo de c idade , bairro ou quarte irão , de c lasse ou não, vem t irar o ind iv iduo do seu i so lamento que atualmente implica em não cumprimento do dever soc ia l de que tambem o forte não quer ouvir fa lar , arrotando dire i tos abus ivos . Melhor mesmo que se comece pe la de ba irro , que es tá ao pé , tanto mais que toda secção paga os mesmos impostos que a séde-mater Devi - se ev i tar a confusao de bairros , mantendo-se um bom entendimento entre as que se fomarem para a compra de grandes «stocks» . O cr i ter io cooperat iv is ta soergue o fraco . A expos ição do mecanismo da cooperat iva tem que ser minuciosa , (2) no sent ido de pront i f icar-se ao publ ico expol iado no seu d ire i to de economisar , os meios prat icos para sa ir do desamparo atual , pois tudo que ganha o chefe de famí l ia , não dá para as despesas no armazem. Vemos , po is , que de fato , cada indiv iduo iso lado nada consegue no sent ido de se sa lvar da miser ia que o espre i ta . Mas , o pobre diabo so lado não de ixa de esvas iar os bolsos no balcão . ________ ( 2 ) V i d e M a n u a l H o e p l i ‘ R a g i o n e r i a d e l l a C o o p e r a t i v e d i c o n s u m o d o P r o f . G i o v a n n i R o t a , e a m a g n i f i c a C o n t a b i l i d a d e C o o p e r a t i v i s t a d e P r o f . H i l a r i o C e s a r i n o , d i s t r i b u i d a p e l o M i n i s t o r i o d a A g r i c u l t u r a . - 10 - onde compra o a l imento sem saber o que come e bébe . . . Colet ivamente , em cada bairro os mo- radores podem reter mais de 4 % do que pagam para nutr ir-se , 4 % que enr iquecem os taverneiros , os fortes , fóra o que absorvem os atacadistas , que são fort iss imos . Como reter essa fortuna que se evapora dos ordenados , das pequenas rendas , das pensões e montepios homeopat icos? Creio que poder ia es tar na mente de todos , a fórma de se sa lvarem antes tarde do que nunca. . . A Sociedade Cooperat iva é a unica que vale ao povo. Não é uma soc iedade entre to los e ladinos , como as que por causa do re laxamento soc ia l arvoram impunemente a tabole ta de «coo rat iva» , tanto nos campos onde os negociantes e os imper ia l i smos a transformaram no seu instrumento , como nas c idades , onde tambem os esp iões v i l ipendiam impunemente a nossa nacional idade ! Na cooperat iva cada um faz por s i , o que costuma fazer . Comprando ne la , todos honram a nossa nacional idade e economizam co let ivamente para o desdobramento da cooperat iva e a inda ass im economizam indiv idualmente , graças ao retorno na razão das compras fe i tas , que restabe lece o preço justo de fato , preço re integrante . Temos nesse fenomeno mais um interessante paradoxo: comprar , de ixando di nheiro a render . Is to carater iza f ina l idade da cooperat iva que não v isa o lucro e s im o meio -11- de fazer assoc iado economizar , comprando pelo preço jus to , e economizando para obras soc ia is , que são muitas e c ic l icas , desde a prordução para o consumo até a educação e ass i s tenc ia completa . A cooperat iva , comprando diretamente ao produtor , l ivre do representante per igoso , eco- nomisa imensa fortuna nos «stocks» que podederão ser pagos com as entradas da venda a varejo , desde que as garant ias da idoneidade permitam a renovação e pagamentos dos «stocks» , tr imensalmente . Ora o segredo da v i tor ia es tá na c l iente la certa dos assoc iados e no interesse que es tes to- mam pe la cooperat iva , entregando-a á d ireção dum gerente técnico , á a l tura , suje i to á admi- n is tração geral a cargo do Conse lho de Adminnistração , auxi l iado pe lo orgão co latera l de s indicancia , anualmente renovado, sem que fa leça ao assoc iado o d ir te i to de acompanhar a marcha dos negocios e ver i f icar se a contabi l idade corresponde a uma coordenação perfe i ta de regis tos , se a escr i turação se apl ica az ienda cooperat iva , de forma a ser fac i lmente examinada pe lo proprio assoc iado, sem nenhuma astuc ia personal i s t ica perturba a f inal idade verdadeira , se não ha jogo mesquinho de compet ições adminis trat ivas , se as sobras do exerc ic io são exatas . Bem fundada a conf iança mutua, tapa-se o ouvido á maledicencia , pois não fa l ta quem —l2— tenha interesse em to lher a expontaneidade popular ou em desmoral i sar essa obra produndamente reformadora e pac if ica , só por s i mesma, e que se não mistura com as ambições pessoais Conhecidas as fontes de produção, que já são inumerascooperat ivas agr ico las do Rio Grande do Sul , São Paulo , Minas , Baía , Pernambuco, Alagoas , Espir i to Santo , Paraná Santa Catarina , Ceará, e tc . , sem prejuizo da se leção verdadeira , a questão é de combinar as condições do pagamento de transporte , ca lcu lados o poder aquis i t ivo , o preço e a percentagem de despesa , o preço de venda pelo da pauta comum e a percentagem de lucro af im de que a v ida da cooperat iva seja ás c laras e ne la nunca césse a c ircu lação de mercadorias frescas e de dinhe iro . Os demais deta lhes se conhecem, graças á gerenc ia caute losa . Não deixe i de me refer ir a esse assunto em trabalho de que f iz entrega ao Serviço em Setembro de 1936, logo que fu i des ignado para uma comissão , expos ição prat ica , documentada que consta do Proc . 2829.36 — S.E.R. Do contrar io ser ia fazer propaganda em branco. Em cada bairro , o grupo in ic iador , depois de cadastrado um bom numero de soc ios f irmes , aval iado o poder aquis i t ivo por es te meio , ca lculado o que tem de se pagar de impostos e pr imeiras despesas de insta lação pede -13- á S .E.R. (3) modelos de requerimento , a ta de const i tu ição e insta lação , es tatutos , o bolet im contendo a le i , e promove a assembléa de soc ios fundadores que aprova os es tatutos e e lege os adminis tradores e s indicos . Prontos os documentos são remet idos á S .E.R. , na ordem a que se referem o art . 4 e respect ivo § 1° , a l ineas I a IV, e 3° , do dec . 581 de 1-8-38 . levando-se em conta os prazos determinados nos §§ 4° e 5° do art . 4° do mesmo decreto . Concedido o regis tro preconisado no art . 6 º do c i tado decreto , quanto ao cert i f icado de regis to , o que respe ita a se lo , consta do art . 9° do decreto em apreço . Ocioso dizer que o arquivamento a que se refere a a l inea IV do § 1 , se entende com o Minis ter io do Trabalho, na secção competente que dá o cert i f icado do arquivamento dos mesmos documentos cont idos nas a l ineas ac ima do § 1° do art . 4° . Concedida a cert idão de regis tro na S .E.R. , a cooperat iva poderá funcionar l ivremente dentro do prazo legal de 120 dias e como uma casa de comercio , pagando os mesmos impostos , t irando a mesma l icença , suje i ta ao mesmo f isco , cabendo á d iretor ia e le i ta e empossada tomar as devidas providencias , ex is t indo capita l para cobrir as despesas , com mais a do gerente e em- pregados , l ivros , formular io impresso (o art . _______ (3) Serviço de Economia Rural, do Ministerio da Agriculturi , Nova fase que sucedeu a da D. O. D. P. -14- 16 do dec . 22 .239 de I9-I2-32 se refere aos l ivros necessar ios , fóra os f i sca is ) . Os l ivros auxi l iares são rubricados fo lha por fo lha numerada pelo Pres idente . Este co loca o capi ta l que se fôr real izando, e a jo ia de cada assoc iado, na Caixa Economica , abrindo para isso uma caderneta por e le ass inada e pe lo Diretor Gerente . A quota-parte de 100$000, é paga em duas prestações ou mais , ou duma vez, o que os es tatutos devem dizer com prec isão , dec larando tambem o capita l min imo e a jo ia que deve ser paga na pr imeira prestação, ao Pres idente , mediante rec ibo da quant ia paga, até que passe para o l ivro de matr icula e o t i tu lo nominat ivo prece i tuado nos §§ 1º e 2° do art . 17 do dec . 22 .239 . Cada assoc iado não deveria subscrever um numero de quotas-partes superior ao valor de dois contos de ré is . Se entre e les houver quem possa logo f inanciar o movimento , mediante emprest imo a juro nunca maior de 6 % ao ano, ter-se- ia ot ima oportunidade para se provar a e levação do pr inc ipio de so l idar iedade co let iva , a l iás sem prejuízo do assoc iado de boa vontade , ou dum grupo de les , espontaneo. Is to d i fere do vulgar f inanc iador cupido, escondido por traz da cort ina da fa lsa adminis tração . . . Aluguel de armazem, balança, ordenado de gerente e pessoal , se lo proporcional , se lo f ixo , operações de comerc io proprias da cooperat i - -15- va que estão inc lu idos os impostos de vendas mercant is , industr ias e prof is sões e patente de regis to , luz e gaz, e tc . , e tc . , tudo i sso obriga a ter recursos que , de in ic io , não podem ser menores de uns v inte contos de ré is , ou mais , mormente por ter a cooperat iva de pagar á v is ta as suas pr imeiras encomendas . (4) Outros im a verdadeira cooperat iva luta , mas não suborna nenhum pat i fe transversal . Claro que nada lhe impede a venda ao publ ico (art . 28 , dec . 22 .239 , in f ine ) , dando aos não soc ios d ire i to a 1 /3 do retorno, o que deve ser dec larado nos es tatutos; outros im não vejo que impeça que a area de ação da cooperat iva se es tenda aos bairros mais próximos ou c ircun- v is inhos , o que tambem tem que constar dos es tatutos , se a cooperat iva não abranger toda a c idade . Durante a fase in ic ia l cada fundador e sua fami l ia se obrigam a arranjar mais assoc iados á a l tura dos pr incip ios . Todo esse movimento tem de ser espontaneo, em cada bairro , pondo-se em guarda contra os usurpadores , porém o que carater iza a perseverança dos cooperadores , é a marcha para a frente sem fazer barulho. . . Nada de cabot in ismo ! O marujo que maneja o leme só d is to cu i - _______ ( 4 ) O s i n t e r e s s a d o s d e v e m p r o c u r a r I n f o r m a ç õ e s a r e s p e i t o d e i m p o s t o s n a s D I r e t o r i a s d e R e n d a s I n t e r n a s d o T e s o u r o N a c i o n a l e d a P r e f e i t u r a . V a r i a m . -16- da . Olhos na bussola , mesmo em plena cerração, que importa? Sabe o que es tá fazendo, em s i lencio! Na cooperat iva o caminho se desbrava com o conhecimento das praças , a informação sen- s ive l ás poss ib i l idades , o ca lculo justo de custo , a escr i turação segura, a despesa só necessar ia , orçamento que permita a d is tr ibuição de percentagens para o fundo de reserva, de ass i s tencia , de desenvolv imento , e dest inadas ao pagamento dos 5 % na razão das quotas-partes real i sadas e , no minimo 30 % para o retorno, sendo 20 % para os assoc iados e 10 % para o não soc io (1 /3) . O gerente , técnico de fato , fac i lmente conduz a náu, rumo á fe l ic idade de todos a qual se desdobra em muitas fundações produt ivas , que concret izam o patr imonio . Calcula bem as provisões , sabe onde procurar- las da melhor qual idade , trazendo a marca do produtor leg i t imo, ev i tando o representante , mormente no art igo v inho, muito fa ls i f içado, confer indo as remessas com as amostras observando as taras , quebras e perdas de mercadoria , o peso justo , d isc ip l inando o trabalho interno, prest ig iado pelos Conse lhosde adminis tração e f i sca l , coadjuvado es te por per i to de contabi l idade , pe lo Gerente é e luc idada a Assembléa Geral nos segredos da gestão prof ic iente , dando —17— ass im incremento á e f ic ienc ia da soberania do sufragio v isando sempre o progresso que abrange os dominios da cooperat iva-mater , onde se fa la pouco e age-se muito . Esta d ic ip l ina nos ens ina a propria natureza da cooperat iva inf lex ive l nas suas le i s , nos seus pr inc ipios fundamentais de autonomia , que dispensam qualquer tute la . Os cargos , na fa l ta de e lementos , devem ser acumulados ou revesados , sem preju izo da hierarquia adminis trat iva , sob qual régime se d is tr ibuem as funções de modo a contrabalançar a responsabi l idade de las decorrente . Ao sabor da ajuda-mutua, agente que os natural i s tas observam tanto nas espec ies inf imas como nas super iores , fo i que se aparelhou um mecanismo de prec isão para o consumo das populações densas das c idades , consumo de que depende a saude do corpo e do espir i to e a economia domest ica , pois o retorno é uma espec ie or ig inal de ca ixa-economica , onde se va i no f im do ano buscar o juro do capi ta l , sendo que o retorno é a quota de economia anual , do que se come e bébe , fornec ido pe la cooperat iva , e que é anal isado pe lo melhor quimico . Outros im, os lucros fabulosos que sa íam do bolso do povo, depois deste cooperado, se trans- —18— formam na economia que funda co isas repro dut ivas , como sejam granjas , co lonias , fabricas de massas , doces , padarias torrefação de café e também escolas de of ic ios , v i las rura is , hospi ta is , ambulator ios , b ib l ioteca c ircu lante , as i los , maternidade «creche», puericul tura , que se i mais? E’ inf in i ta a perspect iva do progresso mater ia l e moral das cooperat ivas de consumo de bairro que poderão congregar seus recursos para o desdobramento formidavel , em conjunto , rumo ao sertão , onde se desdobram secções da cooperat iva de consumo urbana no programa do Bras i l por s i . F izeram is to as soc iedades anonirnas , os armazens part icu lares , as lojas , os bancos ? . . . Então o povo não tem dire i to de procurar por meios paci f icos e lega is o caminho certo da cooperação? A cooperat iva de consumo de bairro , não prof i s s ional , representa a causa Santa da re iv indicação da economia domest ica , da v ida fami l iar a té aqui a tr ibulada pela imposs ib i l idade de economizar nas compras e de a l imentar-se de generos saudaveis . O pão e o v inho passaram a ser car iss imos e per igosa i lusão . . . E’ Satanaz que os fornece? Af inal essas fami l ias , que se contam por centenas , não são servas dos senhores feudais insta lados nas esquinas dos bairros e que lhes obrigam a dar- lhes a renda de , no minimo, 40 % -19- sobre o que comem e bebem. (5) . E is a pretensa es trutura « invulneravel» , que a es trutura cooperat iva tem de subst i tu ir , não aos arrancos ou por meio de demagogia metaf is ica , porém como os verdadeiros cooperat iv is tas fazem, sem puxar pelos cabelos formas etéreas ou babi lonicas , nem forjar ferro ve lho pintado de novo. . . Tem que se part ir do s imples para o complexo, numa marcha natural , e não forçada. A parte que cooperat iva cabe de l ivre arbi tr io não deixa de ser re lat iva ao trabalho da evolução que sopesa as idéas antes de consagra- las na prat ica , razão pe la qual muitas idéas f icam pelo caminho esquecidas ou de ta l fórma modif icadas , que só ass im perdem o aspéto absurdo de imprat icabi l idade . A tendencia de babi lon ização de inst i tutos , sem atender ás carater is t icas que determinam as espec ies , tem desviado da verdade e do que é a cooperat iva . A leg is lação que tratou das cooperat ivas , não era perfe i ta como a Venus de Milo ; toda- _______ ( 5 ) A o s 1 5 d e M a r ç o d e 1 9 3 7 , e m d o c u m e n t o a o S r . D i r e t o r , i n f o r m e i o s e g u i n t e , q u e m e s e j a l i c i t o r e p r o d u z i r : < < S ó u m a l e n t a c a t e q u é s e , p u b l i c a ç õ e s p r a t i c a s d e f a t o , a b o a v o n t a d o d e u n s e o u t r o s q u e s e v a i d e s p e r t a n d o d a q u i , d a l i , p o d e r ã o a n i m a r no m e i o d o a l v o r o ç o , o e s p i r i t o s e r e n o d e a j u d a - m u t u a p a r a o g a u d i o d a e c o n o m i a d o m e s t i c a s i s t e m a t i z a d a p e l a c o o p e r a t i v a p o p u l a r d e c o n s u m o . S e o g o v e r n o f a n d a s e s p o r s i u m a m o d e l a r a e s t r e g a s s e - a a o p o v o o p o r t u n a m e n t e s e r i a m a i s r a p i d o . M a s , d e i x a n d o d e s e r e s p o n t a n e o e s s e m o v i m e n t o , c o m o s e p r o c u r a c a r a c t e r i z a - l o , o f e u d o c o m e r c i a l , e s c u d a d o n o s I m p o s t o s e l i c e n ç a s q u e p a g a , p r o t e s t a r i a f o r t e m e n t e c o n t r a o g o v e r n o , o q u e c o n v e m e v i r a r . O f o l h e t o d e p r o p a g a n d a é o m e l h o r v e i c u l o . . —20— v ia a v igente , cont inua a ter dois braços , um para a cooperação prof iss ional e outro para a não prof iss ional , e com um pouco de boa vontade percebe-se ne la o táto do bom senso no aprovei tar o que a le i revogada tambem aproveitou, pois «nada se cr ia , nada se perde>>. Os arabescos das secas l ianas da controvers ia dos inoperantes no campo da verdadeira prat ica da cooperação, é que não devem ser muito aprec iados pe los que desbravam com s impl ic idade e não f icam a dar tratos ao bestunto atôa . Estes reso lvem visualmenue as co isas , pois a cooperação é objet iva . O sufragio universal e legeu, independentemente da inf luencia te lur ica , em toda a parte , os mesmos princ ipios de re integração do es forço do assoc iado na razão das compras , dos juros pagos ou do trabalho efetuado, consoante a natureza da cooperat iva que repele qua lquer espec ie de absorção . Seu mecanismo tambem não varia por efe i to da inf luencia mesologica , po is sempre se reduziu ao que é mais s imples e c laro em mater ia de organisação de serv iços . Faz-me lembrar i s so o que d isse o maior soc io logo que fo i Reclus , por ter s ido o mais sabio , sobre as forças terrestres que trabalham o mundo para modif ica- lo . Argumentar ia Guyau sobre a f inal idade de las . Mas , ha f ina l idade f is ica ? . . . Af inal , somos «alma e corpo». . . Vamos a lém do universo ma- ter ia l ? Porque o s i lenc io nos fa la? -21- Ora, no princ ip io do retorno não ha tambem f ina l idade e s im um meio para basea- la , e a prova dis to es tá no fato que esse es forço que dá lugar ao retorno,fo i sempre conduzido pela cooperat iva , que o fez sem prec isar de muletas . . . Claro que ass im sendo, uma coordenação ant i -absorvente de ent idades , graças a Genebra, se nos oferece , a travez do reajustamento legal manipulado pe la segunda Republ ica , a emergir da evolução renovadora e art iculadora , perder a d iret iva que regula , consoante as poss ib i l idades , fenomeno que aparenta certa analogia com o que se dá com as forças mater ia is que modif icam o mundo, suje i to es te ao dinamismo delas , enquanto que e las não de ixam de f icar suje i tas ás poss ib i l idades no tempo e no espaço , poss ib i l idades contr ibuintes para a es tát ica , de certo modo , jogo esse d inamico es tát ico , ao qual ha quem negue f inal idade mora l . Não parece que e la seja doutra essenc ia . Tal co isa nos escapa, porém não deixa de contr ibuir para a v ida no mundo, que se não integra sem a da humanidade, o que não pode ser tomado por uma f ina l idade s implesmente f i s ica cuja causa embora nos escapando, se manifesta não casualmente , po is se repete mi lenarmente , produzindo os mesmos efe i tos ! Resta sa l ientar que do exame e lementar desses fenomenos resu l ta a ver i f icação do fato , qual o dos efeitos desvendarem a causa, sem que precizemos mais do que um conhecimento abstrato do -22- que part ic ipamos no imperio dos r i tmos naturais que não nos rasgam o véo do plus u l tra . . . mas que se acentuam na evolução da v ida soc ia l . Enf im, onde só se pode erguer uma choupana, não se pensa construir um caste lo de nuvens . . . Certo onde houver organisação á base de e levados sent imentos indiv iduais , porém patr iarca is , ta is nucleos poderão ser equiparados a qualquer obra suprema da ajuda-mutua. Liberdade á prat ica do bem ! Um grupo pequeno de p ioneiros dec id idos , convictos , va le mais no começo do que um grupo grande, amorfo . Mais va le um estágio em- br ionário conciente , do que funcionar uma cooperat iva ás tontas . A autonomia decorrente do regime cooperat ivo verdadeiro não impl ica desvar io e s im tato compat ive l com as funções inst int ivas . Não se trata , pois , de tute lar uma «cr iança» que já v iveu quas i um seculo , e s im de atender á forma do seu desdobramento c ic l ico formidavel , espec ia l i sando funções que especi f icam toda a sorte de responsabi l idade de las decorrentes . Não se toca nem de leve na conquis ta da l iberdade que a cooperat iva cult ivou á a l tura da d ignidade humana, dos seus sent imentos expurgados da vaidade como da submissão exdruxula . Esta l iberdade se não confunde com a re inante entre os brutos do universo , sob o inf luxo da fome agress iva . . . Da espontanea coe- -23- são soc ia l é que nasce a so l idariedade prat ica e não a enganadora, e i s so atravez da coordenação natural das assoc iações cuja f ina l idade princ ipal é expurgar as at iv idades da astuc ia , da ganancia , e da miserabi l idade dos que ne las , exercem um mister e são mal compensados s i s temat icamente , pe los que de las se aproveitam. As nossas c idades , ao em vez de atra ir pe la sedução das co isas fa lsas , o sertanejo , devem acumular nas suas assoc iações , as economias provenientes do consumo e da previdencia , para f inanciar novas «bandeiras» cooperat ivas na colon ização rac ional , sertanis ta , que descongest iona os centros populosos , ext inguindo a miser ia , que e o peor dos males e e la não se ext ingue , com o processo de es tender o asfa l to sobre a terra , e de tapar o so l com os arranha- céus . Não é o inte lecto refe i to nos campos que futr ica a v ida da humanidade . São os cogumelos do asfa l to com forma de super homens . Assoc iações de fe i joadas regadas a cachaça, . Chinfr inzadas , jogo , dansas exot icas , ranchos carnavalescos , não adiantam. Tambem não es tamos no mundo para evaporamos-nos no nirvana. O mundo está proximo e o objet ivo que nos oferece é de v ivermos nele como podemos, e sabermos ass im o que nos convem e só podemos a lcançar unidos por uma mesma f inal idade que concret ize o nosso conforto pos i t ivo . Conforto metaf i s ico só nos —24— manicomios da l i teratura . . . mant idos pe lo e log io mutuo, internac ional , pe la retor ica . Os pr inc ip ios verdadeiros , para serem seguidos não prec isam de ch icote na mão, nem da inquis ição a inda em moda. Mas , a fr ivol idade soc ia l tem que ser vencida para que um povo sa iba se defender dos males . A cooperat iva de consumo faz da real idade o e lemento duct i l i s s imo do bem gera l , que não é um mito . Seu mecanismo exige mão honesta para mover-se . A le i evolut iva o carater iza suf ic ientemente , pois toda le i que presta não arranca v i ta is ra izes da arvore his tór ica , ins t i tu ida , sob a qual se abr igaram serenamente as caravanas que procuraram a Canaan da real idade fóra do dominio dogmat ico . O bem que as ca ixas Raif fe i sen trouxeram ás a lde ias rurais onde r icos e pobres , graças a e las se aproximaram cordealmente , arrancou dum ec les ias t ico es tas palavras: «A caixa Rai f fe i sen fez mais pe la mora l idade na minha paroquia do que todos os meus sermões .» Pois a cooperat iva de consumo é is to tambem. O fato que se deu em Rochdale , em 1843 c ircunnavegou concorrendo para a uniformização das aspirações honestas , mundiais sem nenhuma pretensão pol i t ica . Verdade é que os pr incip ios fundamèntais foram desv irtuados , escamoteados , pe los que procuram sempre reduzir a humanidade a um rebanho de carneiros d ir ig ido por s imios e lobos . . . i s to , tanto nos pai- - 25 - zes de emigração, como nos de imigração. Mas , as verdadeiras cooperat ivas exc luem as fa lsas das suas federações e confederações , por espec ie , e dos entendimentos comerc ia is . Ha mesmo «tanks» economicos do imper ia l i smo inf i l trante , com taboleta de cooperat iva agrico la mormente nas co lon ias . . . ocupadas como pos ições es trategicas . A just iça internac ional tambem não é um mito . Tem de caber ás cooperat ivas o control dos mercados . Elas só o conseguirão depóis de expurgadas dos males que atrof iam os seus sadios pr inc ip ios de autonomía plena sem prejuizo da art icu lação que se aproveite e enquadramento oportuno, que não perturbem o halo luminoso dos pr inc ipios integra is da era nova que surg iu em 1843, Rochdale , graças probidade de Vinte Oito Tece lões . Não foram a esperteza , a demagogia , a d ip lomacia , a escamoteação que os ajudaram, e s im o af inco ao dever , o processo integral seguido á r i sca , a competenc ia verdadeira . S indicatos prof iss ionais , consorc ios-prof is - s ionais ( infe l izmente ext intos) inst i tutos de aposentadoria ,pensões e demais auxi l ios , representam embora uma art icu lação com a cooperat iva prof iss ional , que não prejudica o que á cooperat iva pertence propriamente e que se vinculava ao consorcio profissional. Não se dá o com- —26— trar io , convindo observar o conjunto do c ic lo c lass is ta , e não parte de le . (6 ) Ass im é que se vai formando o ambiente trabalhado pe lo c l ima em que o tempo reagiu no espaço geograf ico . As boas inf luencias se adaptam mais judic iosamente quando por concomitanc ia , no amadurecer da l e i do tempo que é a evolução his tor ica , no espaço geográf ico , apare lha-se o espir i to assoc iat ivo com os e lementos loca is , decorrentes da cooperat iva , conjugados para ass imi lar melhor os ens inamentos que se d ispersam pelo mundo sens ive l á c iv i l ização , sem confundir organização c lass i s ta com quis to nem c lausura. . . Nisso es tá mais que c laro , que o r i tmo federat ivo por espec ie é o d is tr ibuidor mais apto dos ens inamentos emanantes do extra-ambiente geográf ico . Temos que encarar os fatos á luz de El izeu Reclus , na sua Bib l ia do Universo «O Homem e a Terra» em que examinou com largueza os fenomenos de recept ib i l idade mesológica ou de inf luencia complexa sobre a v ida dos povos que se adaptam mater ia lmente aos meios em que v ivem, porém que moralmente resurgem da evolução dos costumes . E’ o gehio da s inceridade a ref le t ir o que é real , c i ta , sem deixar de reconhecer que muita co isa a inda mergulha na nebulosa . _______ ( 6 ) L e i a m - s e a s m a g i s t r a e s o b r a s s e g u i n t e s : T h e o r i a e P r a t i c a d a C o o p e r a ç ã o » d e C . A . d e S a r a n d y R a p o s o , O E s t a d o e o T r a b a l h o . , d e B e n - H u r F e r r e i r a R a p o s o e O C o o p e r a t i v i s m o n a s I n s t i t u i ç õ e s d e P r e v i d ê n c i a S o c i a l , d e A n t o n i o F e r r e i r a F i l h o . -27- Descobrir os pr inc ip ios v i ta is descobertos pe los Mestres verdadeiramente esc larec idos , a par da u lt ima palavra do sabio , é co isa d iversa do que se passava em Bisancio , menos pos i t ivo que Alexandria dos Pto lomeus ou no labir into caús id ico , amorfo , onde a chicana se observa na sedimentação da vasa h is tor ica , es tagnatar ia , procurando embargar as real i sações sadias , ant i - jornal i s t icas , os lances gen ia is do povo cr iador . Quem cr iou a cooperat iva? Os assuntos de que trataram os 28 Probos Teec lões da idéa que as correntes do pensamento mundia l transportaram como agua-pés de luz, não eram vãos . Eles procurararam a rea l idade como os homens da c ienc ia verdadeira tambem a procuram, sem astuc ia nem pedant ismo, nem espir i to de compet ição , nem tampouco odio . Não se v ive de palavras ôcas nem de ouvidos moucos . . . Num re lancear h is tor ico a cooperat iva se envolve g lor iosamente no halo rochdaleano. E’ um mundo cr iado pe la ajuda-mutua. S implesmente . Nada impede sua art iculação com o que é congenere . Nada mais carater is t ico . Coroamento supremo duma le i universa l . Porventura o a lcance c ic l ico desse mundo complexo move agora com operações reg idas por le i s espec ia is desdobra-se em formas jurid icas que se d is t inguem quer com funções comerc ia is , quer incorporando atr ibuições c iv is . Dai o seu desdobramento evolut ivo em personal idades jur idi - -28- cas reg idas por le i s especi f icas que não comporta uma unica le i , e não de ixam de ser conjugadas complementarmente sem nenhum prejuizo das carater is t icas da assoc iação cooperat iva-o iro de le i ! Enquadramentos oportunos devem ser carater izados por uma necess idade absoluta . (Vide nota 6) . Os Mestres de hoje que ens inam o que e de fato uma soc iedade cooperat iva , não tráem, não ferem, as l ições dos descobr idores dos pr inc ip ios fundamentais rechdaleanos . Todos e les se dedicaram á apl icação dos meios comerc ia is do trabalho e industr ia , sob o regime ant i - especulat ivo , ant i -absorvente e o auxi l io de grandes contadores , na I ta l ia , que f ixaram os moldes da contabi l idade da cooperat iva , que prec isamos es tudar sem oculos de baeta — por mais causid icos ou burocrat icos que sejam. . . Infe l izmente a l ivrar ia anacronica e uzurar ia , manhosa , nas garras da baixa especulação, nos impede o es tudo das co isas prat icas . Por ventura , por v ia d ireta , pode-se obter da co leção «Manual i Hoepl i» , de Mi lão , a «Ragioner ia de l le cooperat ive d i consumo», do professor Giovanni Rota . Não se encontra ne la uma só palavra que destôe do metodo his tor ico . A casa Hoepl i tem em São Paulo uma agencia . A cooperat iva de connsumo e prof iss ionais e a dos que não são mencionados na c lass i f icação prof i s s ional , vencem palmo a palmo o terrenno que a exploração contra o povo vai -29- perdendo, vendendo uma e outra a não soc io tambem. Desde o d ia em que Jesus fust içou os ven di lhões que ocupavam os degráus do Templo que pertenc ia mais aos far izeus do que ao Onipotente , Mercur io teve baixa na ordem soc ia l . . Essas cooperat ivas têm que abrir canais em comum para o escoamento dos grandes «stoks» , e o quis to prof iss ional ou c lass i s ta a c lausura que se presta ao contrabando demagogico , impedem a conexão dos interesses gera is , que tambem não são um aranhol . . . O «statu-quo» l icencioso , como o regime de torquezes pol i t icas , impede a fe l ic idade dos povos , provoca as ca lamidades soc ia is , po is as rebel iões são cégas e não fa l tam máus inst intos a cupidez de sucubos , para de las se aprovei tarem: (7) A luta das cooperat ivas do povo retempera nobres sent imentos , o não rebaixa . Certa tute la congenere , provisor ia , ás vezes é ind ispensavel . Só o reg ime coopertat ivo coordena as forças nacionais para a defesa inquebrantavel da ____________ ( 7 ) A s i t u a ç ã o m u n d i a l d e v e - s e a e s s e e s t a d o d e c o i s a s . O u ç a m o s o q u e d i s s e o p r i m a z d e T o l e d o , e c o n s t a d e t e l e g r a m a d e 1 / 3 / 9 3 7 , d e B e r l i m , p u b l i c i d o n o j o r n a l d o B r a s i l > > , d e 2 d o m e s m o m ê s e a n o , p a g . 9 , m e t a d e d a 3 c o l u n a . 0 c a r d e a l m a n i f e s t o u a c o u v i c ç ã o d e q u e o p a i z n ã o c h e g a r a a u m r e g i m e d e p a z e n q u a n t o n ã o f o r p r a t i c a d a j u s t i ç a s o c i a l ; o s r i c o s d e v e r ã o a b r i r m ã o d e s u a s f o r t u n a s , c o m p r e e n d e n d o q u e a s u a r i q u e z a o b r i g a o s p o b r e s a n e l e s v e r e m um i n i m i g o >> . F a l o u o c o r a ç ã o C r i s t ã o l e g i t i m o .-30- just iça economica , unico c imento moral , bas ico , da c iv i l ização . Sua diretr iz federat iva hoje tão conhecida , como o c ircu lo maximo do equador . Já ex is te uma Al iança Internac ional das Cooperat ivas . Até onde chegou ignoro. Mas , fa l ta a escola verdadeira . Chefes de fami l ias que v ivem de ordenados e pequenas rendas , abastados ou não, os que têm cans empastadas nas v ig i l ias das industr ias case iras , nos serões das humildes fami l ias que v ivem dum trabalho honesto , que escapa á c lass i f icação legal , o artezenato imenso , todos esses e lementos têm que procurar em grande massa , nos bairros onde moram, nos quarte irões das c idades tentaculares , a cooperat iva que lhes fornece as subs is tenc ias insuspe itosas . Estes podem logo de chôfre empregar os pr inc ip ios fundamentais , sem tute la nem enquadramento , numa cr is ta l ização pura de pr inc ipios inatos , que sempre pres id iram uma organização perfe i ta . Chegou a vez de les tambem. São os mais aptos , esses semi-párias que sempre va leram por s i . Defendam-na, pois , como a propria v ida! Os interessados que tem a compreensão exata deste fáto soc ia l o mais importante para a v ida das populações promiscuas duma grande c idade, fazem por s i , desprezam os par lapatões , mentores de arr ibação, escamoteadores da ver- —31— dade soc ia l , f i s io log ica , em proveito dum s ta tu-quo in iquo. (8) Não se toma um bond, um onibus , ao lado de quem quer que seja? Pergunta-se nesses ve icu los co let ivos o cré- do , a que pertence quem prec isa de locomover-se? Na c lass ica tendinha do Beco do Sapo, á pobre mãe de famil ia que lá ia fazer suas provisões , ex ig ia-se dela a ex ib ição de sua côr pol i t ica ou re l ig iosa , confundida hoje uma coisa com a outra? Livre-se toda a America da reprodução desses fatos medievais entre guel tas e g ibe l inos . . . O oceano disso lve os atavismos funestos á formação de novos mundos evolut ivos . A cooperat iva cont inua sempre a sua róta , como a agua a correr nas fontes l impidas; o pensamento dos e lementos operantes na adminis tração é trabalhado pe la exper ienc ia que atua no esp ir i to de bondade, como este nas real i sações Não ha esp ír i to de compet ição me- t icu loso em encontrar fa lhas de hermeneut ica jur id ica no grão de fe i jão no pedaço de to ic inho . E’ um ambiente de segurança a ação soc ia l sem enfase , gerador do impulso ao tra- ____________ ( 8 ) À s a s s o c i a ç õ e s r e c r e a t i v a s q u e b e n e f i c i a m d e p r e r o g a t i v a s o f i c i a i s t e m o b r i g a ç ã o d e i n c e n t i v a r o m o v i m e n t o d a s c o o p e r a t i v a s d e c o n s u m o d e b a i r r o , e á q u e l a s q u e s e n e g a r e m a a b r i r a s u a s e d e á p r o p a g a n d a d e s s a s c o o pe r a t i v a s d e v e r i a m s er c a s s a d a s a s p r e r o g a t i v a s d e q u e g o z a m i n d i g n a m e n t e i l u d i n d o o l n t e r e s e p u b l i c o v e r d a d e i r o , -32- balho compensado á v ida normal , e que se desenvolve no sent ido de preencher devidamente o c ic lo das necess idades com a lto t ino humanitar io , rumo á c iv i l i sação que não faz apelo á v io lenc ia nem á h ipocris ia , nem a paixões ocu ltas . Pr imeiro dá o pão do corpo, depois serve o do esp ir i to como convem ao homem desp ido de vaidade , que não é um abjéto tr ipa . forra , á custa do a lhe io ou de priv i lég ios indecentes . Possuiam os p ione iros es tatutos che ios de art igos , paragrafos e a l ineas? Is tó tudo fo i inventado para não ser seguido, senão formal is t icamente , pois a prat ica é que dec ide . Eis os es tatutos dos que f izeram um mundo novo: «A soc iedade tem por f im rea l izar um benef ic io pecuniario e melhorar a condição domest ica e soc ia l de seus membros , reunindo um capita l d iv id ido em ações duma l ibra e suf ic iente á prat ica do seguinte p lano: «Abrir um armazem para a venda de generos a l iment ic ios , roupas , e tc . ; «Comprar ou construir casas para os soc ios que desejarem ajudar-se mutuamente para melhorar as condições de suas v idas domést icas e soc ia l ; -33- <<Empreender o fabrico dos art igos que a soc iedade julgar conveniente produzir pera dar trabalho aos seus membros que es t iverem desempregados ou que venham a sofrer cont inua redução nos sa lar ios; «Comprar ou a lugar terras que serão cul t ivadas por seus membros que não t iverem trabalho ou por aqueles cujos sa lar ios sejam insuf ic ientes; «Logo que fôr poss ive l , a soc iedade procederá á organisação em seu se io e com recursos proprios , ou em outros termos , e la se const i tu irá em colonia autonoma (seIf - support ing) , onde todos os interesses serão so l idar isados (united) e e la auxi l iará as outras soc iedades que queiram fundar co lonias semelhantes «Com o f im de propagar a temperança , a soc iedade abrirá em um dos seus locais um estabe lec imento de temperança .» Cerca de v inte l inhas contendo um mundo que se fez . E numa progress iva marcha de benef íc ios inca lcu laveis , s i lenc iosamente , como cresceram as maiores arvores do mundo, nunca esse inst i tuto- mater , desdebrado em milhares de outros , que ha quas i um seculo gravi tam em torno das Wholesales , herde iras d ire tas do s i s te - —34— ma rochdaleano, pede ao homem, para o seu proprio benef ic io , mais do que o homem pode dar . Nunca houve rac ional i smo tão benigno e justo nos ca lcu los mutual i s t icos . Daí para c ima, só a renuncia santa! Para baixo , sabemos que espec ie de tragedia nos espera . . . Faci l é fac inar as massas . Qualquer c irco de caval inhos , pondo o palhaço na rua, as atráe . . . Mas , na cooperat iva de consumo não ha la - gr ima de crocodi lo nem rotulo mirabolante . E la obriga o produtor a ser humano porque não ace i ta fa ls i f icações , e produz tambem o que póde para a sua c l ienté la oceanica . Nada tem inf luencia tão dec is iva para a transformação da Geena num bem comum. Esta é a cooperat iva de portas abertas , que a le i permite honestamente . . . Seu esp ir i to de bondade não tem l imites Só com e le podemos contar , seguindo seu metodo. Nasc ido no Golgota do sofr imento de miseros tece lões , mergulhou na luz que guiou os contemporaneos dos horrores da éra do ma- quinário , marcante da ruina do mundo, sob os es t imulos da cobiça mais apare lhada ass im, para sugar o sangue humano, transforma- lo no o iro da corrupção, com que se a l imentam guerras e revoluções como um manejo de «marionnettes> > Os passos da cooperat iva de consumo são cadenciados pe la razão que nunca de ixa de-35- guiar a humanidade, cujo resurgimento data das Taboas Mosaicas , e não do «facho c l impico . . .» Quem, deante do edif íc io moral e economi- co da cooperat iva de consumo não sente logo a sua es tabi l idade? Para traz a «pol i t ica da porta fechada» com que espir i tos ambiguos pretendem garrotear a cooperat iva de consumo, para garant ir aos Se nhores comendadores o honrado lucro de 4 % e mais nos seus a l tos negocios de envenenar o povo com bacalhau podre, pão do l ixo , d i to de luxo , de ignobeis moinhos , e v inho de páu campeche Eis o feudo que o s ta tu-quo soc ia l man- tem ! . . . . Quem negará um pouco de seu tempo e de- d icação no revesamento de serviços soc ia is , en- quanto não houver verba para ordenados , senhas de presença, percentagem á gerenc ia? Temos pois , a cons iderar a fase da promul- gação da idéa , a sua execução preparatór ia e f ina lmente dec is iva , graças á arrecadação do capi ta l minimo necessar io . Não dec id ir hoje , é não reso lver nunca A indecizão só favorece ao rendos iss imo Estado const i tu ido de mi lhares de tavernas dentro deste Distr i to , as quais aumentam s inis tramente o ind ice da morta l idade motivada por envenenamento do apare lho digest ivo! Is to fóra a miser ia que produz a carest ia . -36- O Capita l que Mercur io mobi l i sou contra a população, a l iás não se perde para os e fe i tos do f i sco proporcional ás operações , ás rendas e ao capi ta l . Ha muito em que inverte- lo de forma menos nociva á população . Aguardam o seu emprego os entrepostos cooperat ivos dos produtos importados , i sentos de monopol io ou «trusts» , consoante a procedencia es trangeira como em cooperat ivas de cred ito urbanas , v isando um f inanciamento adequado ao intercambio , sem preju izo da leg is lação v igente sobre operações de ordem espec if ica , que se apl icam s implesmente dentro do que prece i tuam os d ispos i t ivos legais , d ispensando-se as controvers ias pedantescas sobre o assunto . E a inda ha em que empregar esses capi ta is mal ganhos na organisação progress iva de co lon ias cooperat ivas entre os que perderam o emprego do balcão es fo lador e envenenador do publ ico sa lamandrico para recomeçarem nova v ida mais á a l tura do progresso moral , que or ienta o mater ia l . Não fa l tam minas a explorar , ferrovias , d iques , cooperat ivas de navegação, av iação , serrarias e outras industr ias que são conexas com as cooperat ivas das industr ias extrat ivas , de pesca , e tc . , e tc . . Não fa l ta em que transformar o capi ta l sugador em capita l produtor sob a ég ide cooperat iva e sem entremez. Eis o r i tmo transformador, progress ivo , que a l ias ex ige que a burocracia se transforme tam- -37- bem em departamentos produt ivos , de acordo com os setores das at iv idades por e les controlados f ie lmente , o que ta lvez seja utópico . . . Calar essas co isas é tra ir o pais . Claro que para coroar o reajustamento geral dos recursos das at iv idades organisadas sob os auspic ios do cooperat iv ismo prof i ss ional ou não, as emissões de obrigações soc ia is , que a le t . a do art . 12 do dec . 22 .239 , permite ao emporio importante das cooperat ivas , o ferecerão ass im ao capi ta l oc ioso , naciona l ou es trangeiro , um emprego l impo sob a f i sca l i sação competente que tem de ser organisada á a l tura das necess idades . Não se pode impedir de emit ir um s imples t i tu lo de emprest imo colet ivo a quem de d ire i to , capaz de apresentar as garant ias lega is , tratando-se destarte de corr ig ir o erro das imobi l i sações es tagnatar ias de depos i tos , intens i f icando-se a c ircu lação desses valores que aumenta a dos recursos gerais tornando fecunda a v ida economica , tão fa l ta de propulsão s inergica das industr ias proporcionadas ás necess idades que as es tat i s t icas esc larecem e as cooperat ivas enquadram. O mecanismo para esse f im é fac i l de conceber-se , cr iando-se um inst i tuto of ic ia l de depos i tos de garant ias ou cauções da ordem refer ida , inst i tuto dest inado ao f inanciamento da lavoura e industr ia , organisadas sob o reg ime v igente , num ajuste de mecanismos s imples , de fac i l contro l e ev idente garant ia . -38- A evolução não intercepta o espir i to re invindicador da re integração dos es forços ute is , para desp ir um diabo e vest ir um santo de páu ôco . . . Reinvindicação não é preocupação de v ingança, e s im de organizar-se devidamente sob os auspic ios da le i da ajuda-mutua. O homem não é uma máquina digest iva que se compraz somente em encher o es tomago e esvas iar os intes t inos . . . Os inst intos da ajuda- mutua reagem nele , como no universo , contra o egoismo crú que a c iv i l i sação vai domando, fazendo com que o mais forte deixe de ser s inonimo do mais canalha . . . e o mais i lustrado de ser s inonimo do mais c in ico . O pequeno grupo de in ic io duma cooperat iva de consumo, de bairro , tão necessár ia como a prof i ss ional , ha de se aumentar i l imitadamente com o tempo quando se quebrar o ge lo , pois não se forma uma cooperat iva para ter o aspeto dum hiato soc io logico . Infe l izmente aqueles que poderiam f inanciá- la d izem logo: «Não é negocio . . .» . O interesse co let ivo tornou um Amazonas a conf luencia dos arroios do indiv idual i smo. Is to é que devia impress ionar os que poder iam fazer sobresair o seu valor pessoal na cooperat iva , ace i tando cargos , auxi l iando com dinheiro e inte l igenc ia , e não só procurando que e la se faça por mi lagre f icando cada qual no seu «bungalow" A cooperat iva , no seu in ic io , quando ha pe- -39- queno capita l , é uma espec ie de dopo lavoro , para os soc ios que desejam veementemente a v i tor ia da idea , como f izeram os ce lebres Tece lões de Rochdale . O valor de cada povo se gradúa pe lo apego ao ideal co let ivo em todas as prat icas que duzem ao progresso mater ia l e moral , de que todos compart i lham não como <<di le t tant i>> e s im como fatores que produzem esforço ut i l dentro duma atmosfera expurgada dos paras i tas , que const i tuem os e lementos da es tagnação soc ia l . A cooperat iva e a vo lta ao trabalho l ivre e á natureza , que contr ibuem para o melhor es tado da a lma. I lud ir as necess idades naturais que são tambem colet ivas é pagar bem caro essa i lusão . A s i tuação em que nos achamos, sob o ponto de v is ta moral-economico pouco mudou no fundo, durante o per iodo que transcorreu desde a época co lon ia l . Só na superf ic ie o aspéto var iou. O feudo economico não de ixou de ser o mesmo. Quer d izer que o part icular , organizado em colonia rac is ta ou não, uma vez que suas condições o permitam, pode serv ir-se da praça como duma fazenda de escravos , sugando o suor a lhe io , qual senhor feudal do comercio e da industr ia . I s to até no terreno inte lectual quanto mais no braçal ou da capacidade aquis i t iva do povo bras i le iro . Tal fenomeno não -40- póder ser levado a conta do regimen, e s im da pass iv idade dos costumes , pois o reg imen é de l iberdade no comércio e na industr ia , sat is fe i tas as le is que os regulam: ass im, se o povo souber assoc iar-se devidamente , no sent ido de organisar seu comercio e sua industr ia , naturalmente que os costumes mudarão em seu favor , sem nenhuma v io lação reg imenta l . Relanceemos antes do mais o mecanismo que indubitavelmente produz o acervo por má compreensão dos deveres soc ia is rec iprocos . No balcão tudo a inda se compra pelo menos poss ive l para ser revendido o mais caro poss ive l : o pão, a roupa, a ferramenta , o remedio , o l ivro , até o d inheiro , e tc . . . Não ha duvida que as le i s do trabalho v ieram em defesa das c lasses de empregados e empregadores sa lvo quando a chicana embarga e o ca lculo fa lha na apl icação daquelas , por def ic ienc ia de dados es tat i s t icos bas icos , at inentes a mutual idades de previdencia , homeopat icas em face do abismo das necesss idades . Nenhum pais a inda conseguiu um s is tema de fato e f ic iente para sopitar a miser ia que re ina em todos os quarte irões de trabalhadores e ruas de c idade tentaculares , onde os desastres f inance iros causados por ca lculos fa lhos e o «o lho grande» da superprodução, at ingiram milhões de naufragos que remoinham ne las impedidos , com intu ito guerre iro , de se de ixarem levar pelas correntes oceanicas da emigração l ivre , que -41- fosse regida por uma l iga de nações , amiga de fato da humanidade, e que cuidasse de s is temat izar a co lonização rac ional isada, com a aquiecencia dos paises que carecessem de imigrantes e procurassem-nos , mediante contrato b i lateral , sob o control da refer ida l iga , respe itado integra lmente o temperamento de cada povo sem prejuizo da concordia . As palavras não ex is tem para serem vãs . . . Convem antes de pronuncia- las sent ir . A c ircu lação internacional dos capi ta is que não passam de sobras propulsoras , ex ige tambem rec iproc idade inconfundive l , tanto ou quanto a troca de mater ias pr imas, por produtos ute is na balança do cooperacionismo mundia l de combinação com a soc ia l ização dos entrepostos por espec ie de produtos ou secc ionados d ispondo duma r igorosa propaganda internacional , e adequado control de parte a parte . No mais ser ia a caso de se fac i l i tarem ás retardatarias at iv idales comerc ia is e f inance iras das empresas intermediar ias , os es tagios da sua transformação em at iv idades d iretas , s i s temat izadas pe lo r i tmo cooperacionista na tendencia á uniformização que padroniza tambem as at iv idades ut i l i tar ias , cr iando-se grandes entrepostos cooperat ivos para a importação , por pais , o crédi to conexo. Sem essa pol i t ica geral de transformação economico-soc ia l , a mal cont inuará sempre. Por a i já se pódem aval iar os caminhos abertos pe las cooperat ivas , -42- suas federações e confederações , por espec ie . Trata-se duma le i natural que tem de ser devidamente respe i tada pe la compreensão e não pe la força . E’ a evolução que trabalha . Faz-se mister entende- la! Mas , a inda não se sorveu a u l t ima gota do ca l ice das des i lusões demagogicas . . . Que importava hontem aos Governos que fosse o part icu lar ou a cooperat iva que se d isputassem o lugar nas praças , desde que pagassem os impostos suf ic ientes? Verdade é que o f i sco , sob as imposições da fata l idade , se pode comparar ás danaides . . . Todavia ex is t iu o verdadeiro desvario de i senções . A cooperat iva que move com grandes massas , repe le-o . Proporcionar desde a assoc iação autonoma a sua parce la de va l idez co let iva , não sacr i f icar o f i sco . Sem is to póde-se at ingir o gráu mais e levado, numa coordenação exáta das co isas que se governam por s i , graças a uma estrutura perfe i ta cooperat iva , sem preju izo de nenhuma grandeza e pe la inf luencia una de pr inc ip ios verdadeiros , que nos ajudem a v iver , como a luz do so l , o ar sereno, a agua lustra l ! A v ida é um esp lendor div ino, de que as sombras se afugentam diante da conciencia dos fatos . O apuro das organizações es tabelece coordenadamente a cooperação entre todas . E’ o que sucede entre a democracia exper imenta l e o mundo das cooperat ivas em que um enqua- -43- dramento mora l lhes regular iza automaticamente o s i s tema dinamico . Nem a le i , nem um centro of ic ia l de organização poderão produzir o e fe i to dessa irradiação permanente construtora As co let iv idades se organizam parale lamente , no crescendo das federações e confederações por espec ie . O Ego «s ingular» passa a ser p lural» . Cada cole t iv idade devidamente or ientada pe lo espir i to assoc iat ivo , integral , é que póde agir por «s i mesma)) , no entendimento supremo das co let iv idades que se desenvolvem harmonicamente como os c irculos que se formam na agua espelhante onde cae um corpo so l ido . A so l idar iedade cooperat iv is ta nunca prejudicou nação nenhuma. Jamais se deu no mundo o derramamento duma gota de sangue humano, por sua causa . Jamais esse regimen que se coordenou por s i levou aos labios da c iv i l ição cruc if icada a esponja de v inagre . . Pomona da Cal i fomia e os pastores de Watteau da Dinamarca poderiam padronizar o s encantos da ajuda-mutua do mundo inte iro , como f ie i s d ic ipulos dos Vinte e Oito Probos Tece lões de Rochdale . Basta que os Governos concedam o cred i to adequado e contro lem por intermedio do inst i tuto de cred i to as cooperat iva . Que culpa tem a cooperat iva de possu ir uma concienc ia p lena dos seus d ire i tos e deveres , e de ter ens inado a lguma coisa ut i l que procuram deturpar? Que é que querem ens inar a e la? A deturpação de la mesma? o que faz a grandeza -44- dum pa is , é a grandeza do seu povo. E ta l grandeza não é na razão dum vacuo moral , e s im do que se conso l ida pe la sagaz cooperação dos seus esforços verdadeiros . Para defender esses es forços não ha de ser com os que f izeram da soc iedade cooperat iva um hibrid ismo jurid ico - e que se arvoram em seus defensores . . . A defesa dos pr inc ipios cooperat ivos es tá ne les mesmos Temos que v iver a v ida e não idéas masca das . Na cooperat iva não ha preocupações es tratofér icas: ha um campo a lavrar com máquinas e as melhores sementes ao lado da of ic ina instru ida , do laborator io honesto, humanitar io e da jaula onde se meteu Shylock — o verdadeiro ant i -Cris to . Mas , ha a inda a cons iderar o embrião do s indicato agr ico la de que trata Leconte: «Os serviços que o s indicato agrico la póde prestar restr ing indo-se es tr i tamente ao seu papel de es tudo e de defesa dos interesses economicos e prof is s ionais de seus membros são os mais numerosos e var iados» Santo de casa não faz mi lagre . Com is to se a legra o Professor Sarandy Raposo , reajustador do postulado s indica l - cooperat ivo , entre nós outros , em face do Codigo Civ i l e do Codigo comercia l . E’ um benemerito que se procura esquecer . A Cooperat iva prec isa de agi l idade comerc ia l . Naceu com funções c ic l icas , como o organismo humano. Seu sent ido é imperturbavel . -45- A evolução interve iu , decompondo suas funções numa coordenação de ent idades congenitas do mesmo grupo c lasse ou prof issão sub-div id indo-se na ordem c iv i l e na comerc ia l : consorc io- prof iss ional , s indicato-prof i ss ional , ca ixa de aposentadoria e pensões (com outros serv iços de benef icencia) . Mas tudo i sso jamais suprirá a federação por espec ie de cooperat iva , que corôa a obra . Vide «Teoria e Prat ica da Cooperação», do Prof . C. A. de Sarandy Raposo , «O Estado e o Trabalho», do Dr. Ben-Hur Ferre ira Raposo , «O Cooperat iv ismo nas Inst i tu ições de Previdenda Socia l» , do Prof . Antonio Ferre ira F i lho — ót imos tratados . A cooperat iva cont inuará a ser cooperat iva «per omnia secu la secularum». . . apesar dos obstaculos de ordem pol i t ica e outros . A evolução é que conduz o homem não se dá o inverso . Mas não de ixa de ser tambem obra do homem no se ajudar a s i mesmo. E’ a exper ienc ia que separa o jo io do tr igo A evolução tambem é le i e doutr ina Art icu le- se o que for ut i l , sem preju izo dos pr inc ip ios da cooperat iva seu r i tmo federat ivo , autonomo. A humanidade já es tá farta de sofrer muita maldade em nome de idéas que restr igem as conquis tas da c iv i l i sação , que a l iás não é outra co isa senão a evoIução exper imental num f luxo e ref luxo de costumes . O processo pr imit ivo cr is ta l isou um mundo de co isas para uma só c lasse e sem c lausura. A s i tuação hoje -46- mudou de aspéto , por tra tar-se de coordenar muita co isa já fe i ta , com o que se va i formando Mas, infe l iz da humanidade se perder de v is ta os pr inc ip ios Rochdaleanos . . . A le i n . 979 , de 1903, entre nós , dezesse is anos depois da de Waideck Rousseau, fo i ta lvez o pr imeiro degráu que se assentou na base do edi f ic io antes do mesmo se erguer . Naquela le i o nosso agr icultor a l fabet ico teve o arrepio da sua a l forr ia economica pois já podia ass im se assoc iar , mediante pagamento duma contr ibuição minima para , por conta propria , comprar fert i l izantes , inset ic idas , d iretamente , aos produtores quimicos por meio do s indicato agr ico la , representante do seu grupo prof is f i ss ional , fóra outros serviços . Quatro anos após , o d ia da cooperat iva se sucedeu. Um cabo de aço l iga os es tagios do nosso progresso legal embora z igue-zagueante . Viveu as suas fases de exper ienc ia até chegarmos a um reajustamento de normas legais que de ixam margem á doutr ina pura, que é mais ampla , e por í s so mesmo mais prec isa na escola da experienc ia e dos pr incip ios prat icos . Pr ivar o pais dessa marcha avante que conseguiu por s i , ser ia retroceder no momento de consol idar o seu progresso economico-soc ia l . As le i s que procedem dum s is tema apurado não confundem com as que se tentam só -47- em favor de re lardatar ios cupidos . O poder a c ienc ia não são fa lsos . . . A l iberdade que se quer igua l á anarquia aparente do universo que se reso lve sómente por meio de inst intos crus , afeta as concienc ias bem formadas , depois de muito sofr imento , quando e las foram trabalhadas pe lo pr inc ip io de proporção de Howarth. Este sopro de just iça economica integrou o ind iv iduo na co let iv idade sem nenhum prejuizo de le , ind iv iduo. Que ha mais por a i que se compare com ta l descoberta? É Howarth não teve sua e f ig ie gravada no muro da tendinha do Beco do Sapo. . . Moralmente es tá gravada nos a l icerces do edif ic io do d ire i to novo, que é co le t ivo , ambíentando ass im o que cabe por natureza ao indiv iduo organizado e não organico , s implesmente . . . O sent imento espontaneo com que o ind i- v iduo pr imit ivo fundou a fami ia paleo l i t ica , não se compara com o egoismo do assoc iado da soc iedade anonima com que se confundiu até bem pouco a soc iedade cooperat iva , a quem cabe ze lar pe la fami l ia dos seus assoc iados , o que não faz aquela , sendo que o assoc iado da soc iedade anonima só deseja que es ta t ire os lucros maiores poss ive is até das proprias fami l ias , do publ ico em geral e dos empregados que e la , soc iedade anonima, reduz a s imples maquinas lucrat ivas do capi ta l i smo cru, que a soc iedade cooperat iva ha de vencer , como o ho- —48— mem pa leo l i t ico venceu o d ip lodocus o qual re inava na anarquia mi lenar do universo . . . Pois ass im como o p impolho da caverna, depois do car inho da mãe se lvagem, teve a proteção paterna e a aprendizagem qual a de abater monstros a golpes de machado de pedra lascada, a cr iança da fami l ia cooperat ivá recebe nas escolas soc ia is a educação necessar ia para a defesa economico-colet iva , sem preju izo dos inst intos naturais e da indo le ind iv idual . Nesse sa l to mi lenar das eras o que o indiv iduo s ignif icava para a fami l ia qual d iamante bruto , passou a ser lap idado pela cooperat iva . A cente lha humana da soc iabi l idade que começou a a lumiar os pr imeiro passos da fami l ia i so lada , pa leo l i t ica passou na época da e le tr ic idade a corrente da so l idar iedade dinamica que só a cooperat iva sabe coordenar de v idamente , sem perigo de curto c ircu ito . . . na época em que os monstros são de aço , e o exterminio do homem contra o homem, vencendo e le não mais o d ip lodocus , e s im a feroc idade deste , com a do proprio homem! O contrato que todos ass inam na cooperat iva , contem c lausulas eminentemente paci f icas e just ice iras , a que o assoc iado se obriga , por ter , graças ao comercio su i -gener is da cooperat iva , uma garant ia de pão, te to e de possuir um instrumento de trabalho, profundamente ordeiro que se desdobra de acordo com as necess idades , desdobramento que passa a -49- art icu lação com ent idades mutual i s t icas , de c lasse , quando se trata de cooperat iva prof i s - s ional , convindo que
Compartilhar