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Sistema sensorial sobrevivencia e comportamento

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Sistema sensorial: a sua importância para a sobrevivência e o comportamento dos seres humanos
A relação entre um estímulo e uma resposta é chamada de reflexo. Os reflexos inatos são as reações naturais do indivíduo a estímulos do ambiente, que preparam o corpo para sair de uma situação que ameace a vida. Ou seja, é sempre uma questão de sobrevivência. Por isso, o indivíduo não tem controle sobre esse tipo de reação e, muitas vezes, a duração do estímulo e o como reagimos a ele estão relacionados à sobrevivência do indivíduo. (MOREIRA E MEDEIROS, 2007).
Por exemplo, por meio do olfato, uma pessoa pode detectar que uma comida está estragada e é passível de causar danos em seu organismo; um bebê vai sugar o dedo porque ele tem o reflexo de sugar o peito da mãe de onde sai o seu alimento; se alguém ouve um barulho muito alto que o assusta, seu coração dispara para bombear o sangue para os músculos, preparando-o para uma eventual reação motora, como luta ou fuga.
Daí depreende-se a importância dos receptores, além dos citados acima, dos somestésicos, cuja função é traduzir em potencial de ação o que foi detectado do ambiente. Essa precisão é fundamental para que a resposta seja adequada. Por isso, esses receptores têm muitas variações morfológicas e funcionais.
“O tempo de adaptação é, sem dúvida, determinado pelo significado fisiológico da sensação. Por exemplo, a sensação dolorosa sempre resulta de um processo tecidual nocivo. Enquanto o processo estiver em evolução, haverá risco para o tecido, sendo importante que o animal seja 'avisado' dessa evolução” (CORTEZ E SILVA, 2008, p. 52).
Vale esclarecer o significado de somestesia: ́ 
“(...) o estudo das sensações que têm origem na superfície do corpo e em tecidos profundos, estando incluídas nessa classificação as sensações de tato, pressão, calor, frio, dor e informações relacionadas com o funcionamento muscular e articular. A sensibilidade somestésica possibilita a consciência corporal e a consciência da postura e dos movimentos, além da percepção da textura, forma, temperatura e peso dos objetos, e o reconhecimento da ocorrência de lesões teciduais” (CORTEZ E SILVA, 2008, p. 51).
Mas não só para a sobrevivência do indivíduo o corpo humano está preparado: existem habilidades somestésicas que favorem o senso gregário da espécie humana, já que o homem é um ser social. Então, pode-se ampliar essa visão para a sobrevivência da espécie. Os efeitos da música neste e em outros sentidos têm sido pesquisados largamente por importantes universidades como Harvard, Colúmbia, de Nova York, de Montreal e de Sussex, bem como os institutos Real de Tecnologia, em Estocolmo, na Suécia, e Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, em Lípsia, Alemanha.
“A ideia de que a música pode promover uma união não verbal ganhou apoio adicional de um estudo de 2008, feito pelos neurocientistas Nikolaus Steinbeis, do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, e Stefan Koelsch, da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Eles usaram ressonância magnética funcional para mostrar que determinada área do cérebro respondia a acordes, mas não a palavras, em um teste no qual os voluntários escutavam ambos. A região responsiva era o sulco temporal superior: uma parte da superfície cerebral, perto dos ouvidos, que responde a pistas sociais não verbais – como movimentos corporais e olhares. A ativação dessa região indica que a música pode ajudar a forjar laços sociais. Qualquer que seja sua origem, tal coesão é extremamente valiosa para animais comunitários, como nós, e por isso traços que aumentam tal unidade tendem a persistir ao longo das gerações” (SCHROCK, 2010).
Vale ressaltar que os receptores auditivos “não são receptores somestésicos, e sim, receptores relacionados com um dos sentidos chamados de especiais” (CORTEZ E SILVA, 2008, P. 53). [...] Na verdade, o recebimento do som é realizado por células ciliadas, que estão classificadas como mecanorreceptores (essa, sim, uma das classes de receptores somestésicos), já que o processamento do som é mecânico. O tímpano é impactado pela vibração da onda sonora assim como a cadeia ossicular da orelha média. Essa vibração se converte em onda mecânica e segue pela endolinfa. É esse movimento que se transforma em potencial de ação (CORTEZ E SILVA, 2008).
Adaptação sensorial como inimiga
A adaptação sensorial,  em alguns casos, não consegue proteger totalmente o indivíduo no caso de estímulos repentinos como, por exemplo, a explosão de fogos juninos de grande potência muito próxima ao indivíduo. A estrutura do ouvido interno vai se contrair a fim de diminuir o impacto da vibração que chega aos receptores – podendo evitar, inclusive, rompimento de tímpano. Situações como essa são eventuais e, portanto, oferecem menos risco estatisticamente. 
Mas existe uma situação auditiva em que a própria adaptação pode contribuir para o desenvolvimento de patologias: ruídos ambientais. CARMO (1999) define o ruído “[...]como o som capaz de provocar dano ao Sistema Auditivo, interferindo no equilíbrio bioquímico do organismo[...]” e mostra que a preocupação com esse tipo de estímulo data de 2.500 anos. Se para o senso comum, o som de um elemento da natureza parece sempre benéfico, para os egípcios da Antiguidade, nem sempre: eles observaram os moradores do entorno das cataratas do rio Nilo e estabeleceram “relação causal entre ruído e a perda da audição. [esses relatos] Foram descritos por Hipócrates e Plínio, o Velho” (CARMO, 1999).
O tema seguiu como uma grande preocupação ao longo da história humana.
“CRUZ & COSTA (1994) confirmam que a clássica descrição de que o interesse [a respeito dos efeitos] dos sons ambientais sobre as pessoas existe desde a antiga Roma, quando veículos puxados por animais, andando pelas primeiras vias pavimentadas, incomodavam as pessoas dentro de suas casas durante conversas informais e o sono” (CARMO, 1999).
Para se mensurar ruídos, consideram-se dois fatores: intensidade, medida em decibéis (dB); e frequência, medida em hertz (Hz). Nos dias de hoje, é bem comum eventos festivos que se utilizam de som muito alto serem denunciados pela vizinhança em função do incômodo causado pela intensidade do som. O órgão público acionado vai se utilizar de um aparelho para medir os decibéis e verificar se a emissão está dentro dos limites legais. O fator frequência, entretanto, não costuma ter muito monitoramento. E é com esse fator que egípcios e romanos já se preocupavam.
“Os sons de alta frequência são mais nocivos à orelha humana e os ruídos de baixa frequência, mesmo sendo suportáveis pela orelha, produzem efeitos orgânicos mais acentuados” (LACERDA, 1976 apud CARMO, 1999).
De acordo com SOUZA (1992), os níveis moderados de ruído são os mais traiçoeiros, pois pode contribui para problemas auditivos, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, estados de estresse e insônia. E boa parte dos sintomas não é percebida pelo paciente, justamente por conta da tolerância e aparente adaptação; e, o pior, são de difícil reversão.
“A ativação permanente do sistema nervoso simpático do morador da metrópole pode condicionar negativamente a sua atuação com as agressões. Muitas pessoas procuram se livrar dessa reação, por tornar-se desagradável, (por exemplo duma palpitação), usando drogas (tranquilizantes ou cigarro) para bloqueá-la. [...] Certas áreas do cérebro acabam perdendo a sensibilidade a neurotransmissores, rompendo o delicado mecanismo de controle hormonal” (SOUZA, 1992).
Segundo dados da ONU – Organização das Nações Unidas (2012), atualmente, mais da metade da população urbana mundial vive em centros urbanos com ruídos constantes que se reproduzem, mesmo em algumas localidades residenciais, 24 horas por dia. 
“Populações urbanas cresceram de cerca de 750 milhões em 1950 para 3,6 bilhões em 2011. Até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas” (ONU, 2012).
Como se pode perceber, enquanto ruídos muito superiores aos que preocupavam romanose egípcios da antiguidade impactam áreas urbanas de todo o planeta, as populações acostumaram-se com esse elemento danoso. Será que está ocorrendo uma mudança filogenética na espécie humana de modo que hoje se sente menor incômodo com os ruídos que no passado? Essa questão vai demorar ainda para ser respondida porque as alterações filogenéticas, de um modo geral, necessitam de muito mais tempo que 2.500 anos para se estabelecerem. Mas, até lá, o que se tem de registro sobre as consequências dessa adaptação não deixa dúvida sobre seu caráter danoso.
Como aponta JARDIM (2014), a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial está exposta a níveis de ruído que podem causar danos, classificando-os em efeitos auditivos e efeitos não-auditivos, a exemplo de doença cardiovascular, irritação, e, com associação direta à saúde mental, distúrbios do sono e desempenho cognitivo.
“Há mais de 20 estudos que demonstram os efeitos da poluição sonora no desempenho cognitivo. Um deles avaliou mais de 2.800 crianças entre 9 e 10 anos de idade que estudavam perto dos aeroportos internacionais de Londres, Amsterdam e Madri – os autores demonstraram uma relação independente entre o nível de ruído e o desempenho escolar: um aumento de somente 5 dB  nos ruído médio relacionado aos aviões, causava um atraso de 2 meses em habilidades de leitura em crianças da Inglaterra e 1 mês naquelas que estudavam em Amsterdam. Esses resultados mostram que não há limiar seguro de ruído na sala de aula e a recomendação é que o durante as aulas o ruído ambiente não ultrapasse 35 dB" (JARDIM, 2014).
Ao observar o comportamento e sintomas de um paciente, é preciso levar esse tema em consideração, porque, especialmente no Brasil, o problema não é visto sequer do ponto de vista jurídico. A legislação brasileira que regula os níveis de ruído trata a poluição sonora como crime ambiental mas aborda somente o vetor intensidade (MACHADO, 2003).
Neuroimagem e perícia
As técnicas de neuroimagem têm sido muito importantes para avançar no conhecimento e tratamento de doenças mentais e evitar imperícias com prescrições farmacológicas inadequadas ou excessivas e, o pior, incapacitantes, como é comum na psiquiatria em todo o mundo, dado alguns falsos paradigmas que são ensinados nas escolas de medicina (ANGELL, 2011).
DALGALARRONDO (2008) cita uma série de estudos também com neuroimagem que, em alguns aspectos, se contradizem. Enquanto alguns testes reforçavam a hipótese de que as alucinações audioverbais seriam decorrentes de vozes externas, já que eram ativadas áreas temporais (de Wernicke); outros apontavam que as vozes acionavam áreas ligadas à produção verbal (área de Broca) e seriam resultado, portanto, da linguagem interna do paciente, ou seja, com sua participação ativa.
Em estudo mais recente, com ressonância magnética nuclear – o que sugere que a evolução da técnica de imagem tenha propiciado mais precisão às pesquisas – pacientes tinham que pressionar um botão no momento exato em que ouvisse as vozes.
“[...] poucos segundos antes de começar as alucinações, era ativada área frontal inferior esquerda (área de Broca). E quando o paciente começava realmente a ouvir vozes, a área ativada era a região temporal superior bilateral (incluindo a área de Wernicke) [...]. Tal trabalho reforça e revela aspectos neurofuncionais da hipótese da alucinação audioverbal como decorrente da falsa apreensão da linguagem interna – inner speech (Frich; Done, 1998)” (DALGALARRONDO, 2008, p. 134).
Vale relembrar quais as funções das regiões citadas no estudo.
“A área 22 de Brodmann, ou área de Wernicke,5 é fundamental para a in- terpretação dos aspectos abstratos da fala, no hemisfério dominante, assim como do conteúdo emocional da fala, no hemisfério contralateral. Está conectada pelo feixe arqueado, o qual cursa, na substância branca dos lobos temporal, parietal e frontal, com a área 44 de Brodmann, ou área de Broca,6 no opérculo frontal, responsável pelos padrões neuronais da fala” (LENT, 2008, p.122).
 
REFERÊNCIAS
ANGELL, Marcia. A epidemia de doença mental. Revista Piauí, online, 2011. Disponível em: <http://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-epidemia-de-doenca-mental/>. Acesso em: 17 mar. 2018.
CARMO, LÍVIA I. C. Efeitos do ruído ambiental no organismo humano e suas manifestações auditivas. Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica, 1999. Disponível em: <http://www.farmacia.ufrj.br/consumo/vidaurbana/Monografia_goiania.pdf>. Acesso em: 21. abr. 2018.
CORTEZ, C. M.; SILVA, D. Fisiologia aplicada à psicologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008.
JARDIM, Carlos. O som e a fúria - efeitos da poluição sonora não causam só a perda da audição. Revista Galileu, online, 2014. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/blogs/segunda-opiniao/noticia/2014/08/o-som-e-furia-efeitos-da-poluicao-sonora-nao-causam-so-perda-da-audicao.html>. Acesso em: 21. abr. 2018. 
LENT, Roberto Neurociência da Mente e do Comportamento. Guanabara Koogan, 2008.
MACHADO, Anaxágora A. Poluição sonora como crime ambiental. PM-AL, online, 2003. Disponível em <http://www.pm.al.gov.br/intra/> Acesso em: 21 abr. 2018.
MOREIRA, Marcio; MEDEIROS, Carlos. O reflexo Inato. In: MOREIRA, Marcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto. Princípios Básicos de Análise do comportamento. Portal Alegre: Artmed, 2007. cap. 1, p. 17-28.
ONU – Organização das Nações Unidas. Fatos sobre as cidades. Rio de Janeiro: Departamento de Informação Pública da ONU, 2012. Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/cidades.pdf>. Acesso em: 21. abr. 2018.
SCHROCK, Karen. Encantos da música. Revista, online, 2010. Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/encantos_da_musica.html>. Acesso em: 17 abr. 2018.
SOUZA, Fernando Pimentel. A poluição sonora ataca traiçoeiramente o corpo. Revista Brasileira de Acústica e Vibrações, 1992. Disponível em <http://www.icb.ufmg.br/labs/lpf/2-14.html> Acesso em: 21 abr. 2018.

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