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conhe pãnda Ríthioc Krenak coisa tudo na língua Krenak

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Presidente da República: 
Fernando Henrique Cardoso 
Ministro de Estado da Educação e do Desporto: 
Paulo Renato Souza 
Secretário Executivo: 
Luciano Oliva Patrício 
Secretária de Educação Fundamental: 
Iara Glória Areias Prado 
Diretora do Departamento de Política da Educação Fundamental: 
Virgínia Zélia de Azevedo Rebeis Farha 
Coordenadora Geral de Apoio às Escolas Indígenas: 
Ivete Maria Barbosa Madeira Campos 
Equipe Técnica: 
Deuscreide Gonçalves Pereira, Deusalina Gomes Eirão, Andréa Patrícia Barbosa de 
Carvalho, Cristiane de Souza Geraldo. 
Comitê de Educação Escolar Indígena: 
Iara Glória Areias Prado-Presidente, Susana Martelleti Grillo Guimarães, Meiriel de 
Abreu Sousa, Luís Donisete Benzi Grupioni, Sílvio Coelho dos Santos, Aldir Santos de 
Paula, Rosely Maria de Souza Lacerda, Jadir Neves da Silva, Darlene Yaminalo Taukane, 
Alice Oliveira Machado, Valmir Jesi Cipriano, Algemiro da Silva, Nietta Lindemberg 
Monte, Bruna Franchetto, Terezinha de Jesus Machado Maher, Nilmar Gavino Ruiz, 
Marivânia Leonor Furtado Ferreira, Júlio Wiggers, Álvaro Barros da Silveira, Gersen 
José dos Santos Luciano e Walderclace Batista dos Santos. 
Publicação financiada pelo MEC - Ministério da Educação e do Desporto, dentro do 
Programa de Promoção e divulgação de Materiais Didático-pedagógicos sobre as 
Sociedades Indígenas, recomendada pelo Comitê de Educação Escolar Indígena. 
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS 
SECRETÁRIO: João Batista dos Mares Guia 
PROGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS ESCOLAS INDÍGENAS DE MINAS GERAIS 
Convênio SEE MG, UFMG, FUNAI, IEF. 
COORDENADORA: Márcia Maria Spyer Resende 
COORDENAÇÃO EDITORIAL: Maria Inês de Almeida 
ORGANIZAÇÃO E REVISÃO: Alenice Motta Baeta 
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: 
Vitor Ribeiro 
Mauricio Gontijo 
PESQUISA, TEXTOS E ILUSTRAÇÕES: Professores Krenak em formação 
no Parque Estadual do Rio Doce - MG - 1997 
Mauricio Krenak 
José Carlos Krenak 
Marcos Krenak 
Osmar Krenak 
Itamar Krenak 
REVISÃO FINAL: 
Mauricio Krenak 
José Carlos Krenak 
É PRECISO CONHECER PARA AMAR CADA PÁGINA DESTE LIVRO. TEM 
MARCA DE SAUDADE E SOFRIMENTO, DO ASSOPRO DO VENTO ENTRE AS ÁRVORES, 
DO BRILHO DA LUA, DA NOITE FRIA, DO SOL ILUMINANDO O CÉU AZUL. 
NA ALDEIA, CRIANÇAS QUE BRINCAM, QUE DESCOBREM MELHORIAS 
NA ALDEIA, O MUNDO SONHA QUE CADA UM ESCREVA PENSAMENTOS E 
SENTIMENTOS, POIS ACORDA A ALMA. 
N A S ASAS DE M I N H A I M A G I N A Ç Ã O , ME FAÇO UM Í N D I O 
E BUSCO VIVER E PARTILHAR DO RESPEITO DE TODA ESSA GENTE, QUE ME 
FAZ TRABALHAR FELIZ, QUERENDO CONSTRUIR UM M U N D O MELHOR ONDE 
POSSAMOS CANTAR JUNTOS E R E P A R T I R M O S OS S O N H O S . 
MARCOS E MAURÍCIO 
ÍNDICE 
A P R E S E N T A Ç Ã O 6 
N O S S A HISTÓRIA VEM DE LONGE 9 
A CHEGADA DOS INVASORES 11 
C O M O SURGIU O NOME KRENAK 13 
J O N K I O N - D E U S DOS ÍNDIOS KRENAK 15 
S O U ÍNDIO KRENAK 1 7 
C O M O ERA A VIDA KRENAK 19 
O DESAPARECIMENTO DE ÍNDIO EM CUPARAQUE 20 
O TEMPO QUE OS ÍNDIOS ESCONDIAM NA LOCA DE PEDRA 24 
O MASSACRE NO PATRIMÔNIO DO EME 27 
TARU R U N D H I O - DANÇA DO CÉU 29 
A MORTE DOS ÍNDIOS NO BATATAL 31 
O TEMPO QUE DEUS ANDAVA NO MUNDO 32 
A L D E I A KRENAK 35 
A MORTE DO C A P I T Ã O KRENAK 36 
A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO 39 
AS RETIRADAS E O RETORNO DOS KRENAK 40 
TERRA KRENAK 43 
O S O N H O CONTINUA 
V O C A B U L Á R I O K R E N A K 
A L G U M A S PALAVRAS 48 
A L G U M A S FRASES 63 
ESTA HISTÓRIA NÃO ACABA 67 
APRESENTAÇÃO 
ÊSTE LIVRO APRESENTA A HISTÓRIA DE UM POVO QUE FOI, POR MUITO 
TEMPO, OMITIDA. 
OS BURÚM, HABITANTES DO VALE DO RIO D O C E , ATRAVÉS DO 
PROGRAMA DE EDUCACÃO INDÍGENA DE M I N A S GERAIS, ESTÃO COMEÇANDO A 
ESCREVER A SUA PRÓPRIA HISTÓRIA - VIVIDA, SENTIDA. 
É TAMBÉM O RESULTADO DE PESQUISAS ORAIS, ONDE OS PROFESSORES 
KRENAK GRAVARAM E TRANSCREVERAM AS HISTÓRIAS CONTADAS POR SEUS 
PARENTES MAIS VELHOS. 
ÊSTE LIVRO É SOBRETUDO O RESULTADO DE UMA PRODUÇÃO ARTÍSTICA 
COLETIVA, EXPRESSA ATRAVÉS DA HARMONIA DOS SEUS TEXTOS E ILUSTRAÇÕES. 
ALENICE MOTTA BAETA 
ORGANIZADORA 
N O S S A H I S T Ó R I A V E M D E L O N G E 
— Antigamente, no tempo de nossos mais antigos parentes, não 
existia o nome Brasil. 
Também eram desconhecidos nomes com Tupã, civilizado, 
cristão, navio, garimpeiro, madeireiro, soldado. Nem se conhecia 
o dinheiro, a prost i tuição, a cachaça, os enlatados, o machado 
de ferro, o poder do governo, do padre, do militar. 
E as pessoas não morriam de doença infecciosa, contagiosa, ou 
simplesmente com um tiro.. . 
— Antigamente, contam os antigos parentes Krenak, habitavam 
no céu uma enorme quantidade de espíritos chamados TOKÓN. Eles 
receberam este nome dos homens comuns que podiam vê-los, 
porém, não podiam entrar em contato com eles. 
Essas pessoas chamam, os TOKÓN, de raça dos espíritos MARÉT. 
Eles se parecem com os índ ios comuns , v ivem no céu 
em fartura e riqueza. Possuem tudo que os brasileiros têm, 
sem nunca terem precisado trabalhar. Para os MARÉT não há 
doença. Por isso, são muito bondosos para os Krenak. 
Nunca ficam zangados com eles. 
Nesse tempo, quando a terra era coberta de matas, os Krenak 
não t inham necessidade de trabalhar, os MARÉT, seus prote­
tores, lhe davam tudo de que necessitavam. 
Quando precisavam de alguma coisa, o índio recorria aos 
MARÉT, e logo eles mandavam o que pedia. Nas caçadas, tam­
bém não era preciso muito esforço, faziam-se os pedidos nos 
r i tuais , e as caças apareciam com facilidade. Os MARÉT tam­
bém faziam roçados e davam força para as plantas. 
A C H E G A D A D O S I N V A S O R E S 
Por volta de 1500, começou a história triste, 
quando navegadores europeus chegaram neste paraíso. 
E esta gente estranha, vejam só tamanho engano: 
a tantas nações tão diversas, deram nome único — "índios" 
E a terra em equilíbrio, nunca mais foi o que era, 
pois a gente que chegou não tinha intenção sincera, 
mostrava-se amiga e com presentes adulava 
para que os índios retribuíssem com as riquezas da terra. 
E os estrangeiros chegaram, passando alí a reinar... 
E o solo da terra fértil, marcaram com sua cruz 
e rezaram sua missa pra donos da terra ficar.! 
E dali foram levando Pau Brasil, ouro, animais, 
indiferentes ao chorar da terra a lamentar... 
Estes invasores precisavam de gente prá trabalhar 
e não tiveram vergonha de os índios escravizar. 
E assim, fizeram com os índios, também 
o que fizeram com os negros. Se os escravos 
queriam parar, com chicote faziam continuar... 
E tiveram as missões religiosas que queriam amansar 
com suas rezas, com seus cantos, fazer os índios trabalhar. 
Mas os índios revoltados, resolveram se organizar, 
se reuniram também aos negros com coragem foram guerrear. 
Mas os brancos tinham arma de fogo e prendiam mulheres, 
crianças, botavam fogo na aldeia. 
Com covarde, não dá pra lutar. 
DESENHO. MARCOS KRENAK. 
C O M O SURGIU O N O M E K R E N A K 
Krenak é o nome tradicional que usamos, antes de cantar. 
Significa cabeça na terra. Colocamos a cabeça sobre a terra por um 
minuto, em seguida, dançamos. 
Há muitos anos atrás, quando eu não existia, os mais velhos 
contaram uma história para minha mãe, e minha mãe me contou. 
Havia um casal de índios passando por um caminho, de 
repente, a índia passou mal, para dar à luz uma criança. O índio 
colocou a índia sobre o barranco deitada e saiu correndo desesperado, 
pedindo ajuda aos "KRAÍ". Ele não sabia falar português. 
Nesta época, havia uma porção de homens trabalhando na 
companhia, construindo a estrada de ferro de Vitória a Minas, eles 
vieram correndo e começaram a fazer o parto. De repente a 
criança sai e bate a cabeça na terra. O índio desesperado grita: 
— AGRÃNA TONDONE KREN NO NÁK! (O bebê bateua 
cabeça na terra!) 
O homem mandou o índio repetir o que ele tinha falado, o 
índio repete: 
— AGRÃNA TONDONE KRÊN NO NÁK! (O bebê bateu a 
cabeça na terra!) 
O homem juntou as duas palavras e disse: 
— Esta estação terá o nome Krenak. 
E ficou para sempre o nome Krenak. Esta história foi contada 
para os mais velhos, dos mais velhos contada para os mais novos, 
dos mais novos contada para os mais jovens. 
Assim ela é passada, por cada geração. 
Esta história nunca morrerá. 
História escrita por Marcos Krenak 
J O N K I Ó N 
D E U S D O S Í N D I O S K R E N A K 
JONKIÓN sumiu, foi roubado. A gente não sabe onde está, 
faz muito tempo, roubaram o nosso Deus! Por ele, nós tínhamos 
uma religião forte, o nosso canto e tradição. Ele nos protegia 
através dos MARÉT bons. 
Aos poucos, nós vamos sobrevivendo e resistindo ao 
sofrimento, porque nós temos um sangue forte. 
Estamos com ele na mente, na cabeça. Sei que ele não está 
aqui no meio do nosso povo, mas está longe, olhando por nós todos. 
Sou índio Krenak 
NHIM BURÚM KRENAK 
Tenho orgu lho de viver 
NHIM CÓM MUIM CANJAM QUÁM 
Sou t ronco de uma árvore 
THÉ THÍON ARERRÉ 
Sou forte pra valer 
THÉ ARERRÉ PRÃMO 
C O M O ERA A VIDA K R E N A K 
E C O M O OS K R E N A K C O M E Ç A R A M 
A E N X E R G A R 
Há milhares de anos atrás, surgiu no mundo um homem 
sozinho. Caminhando de um lado para o outro, por muito tempo, 
esse homem sozinho olhava sua sombra. Pensava se não existia 
outra pessoa igual a ele. Por outros lugares, uma mulher andava 
também sozinha, se via nas águas e pensava: será que não tem 
ninguém igual a mim também? 
Passaram a andar, a procurar alguém igual a eles. E assim 
foi por muito tempo, até que um dia, depois de muitos anos 
andando se encontraram, ficaram assustados, mas depois de tanto 
tempo, ficaram juntos. E desse encontro tiveram quatro filhos. 
BURÚM CRÃNA NÕ MATO MOGUNDÁ 
BURÚM CRÃNA E'NHOC NO MATO KÃNTA 
BURÚM CRÃNA UYRRÁ CRÃNA NE E'NHÕC, NHÁ 
E'NHÕC, NHÁ NÕ MATO UYÁ AGRÃNA KINO 
DHIAK HÉ FATA'ÕN, TEMBRANA DHIAK AGRÃNA NE, 
FATA'ON UYRRA MOGUNDA KRAÍ, BURÚM APEC 
UM BYP TE'KUEME BYP, TE'KUEME BYP AGRÃNA 
BURÚM E' KUEME PERY NYN NHILMI GEK, 
KRAÍ YARRA NE TAKRUK NÕ MATO NHÕC 
DIÕNDATO, DIÕNDATO KRAÍ KRÃNA, 
KRAÍ YARRA BURÚM, BURÚM KRÃNA KRAÍ 
UYARRÁ PYPY NÚN MÓ NYN 
DIÕNDATO KRAÍ CRÃNA DHIEME NHE KÃ, 
NHE KÃ Ã'NHOC BÃNTA 
RIÕNRA TERAN A'MANGUTO RUMUN 
DIÕNDATO KRAÍ CRÃNA IYORÉ THÚ MU 
KRAÍ PYPY, KRAÍ HÉ DHIOMDHIONE HÉ NHÕC 
RIÕNRÁ DIÕNDATO PYPY RIÕNRÁ 
THUPU NÃN RIÕNRÁ CRUC KATC 
THUPU KRAÍ DIÕNDATO, KRAÍ MÉN HÉ 
NUN MÉN HENURANANTA, DIUMDHIONO 
PENO NO RATA, RATA NYN RUMU RÃ 
O D E S A P A R E C I M E N T O D E Í N D I O 
E M C U P A R A Q U E 
Antigamente, quando tinha muita mata, os índios saíam e 
faziam acampamento. Faziam a sua caçada e depois voltavam, e 
faltava um deles. 
E todas as vezes que os índios caçavam, tinha que faltar um 
deles. Aí o capitão YOKION descobriu que estava sumindo índio, e 
falou para o chefe branco Xi Cristino. 
Aí o meu avô, que é o pai da minha mãe, juntamente com 
Zé Amato que é Krenak e hoje mora em São Paulo, em Vanuíre, 
foram para Aimorés, porque na época, Resplendor era um 
patrimônio e não tinha como comunicar-se com as autoridades. 
Chegando em Aimorés, eles falaram com o sargento que estava 
sumindo índio. Aí o sargento mandou a polícia para Cuparaque. 
Chegando lá, o cacique com mais três índios mostraram a 
mata, aí a polícia olhou e saiu perguntando a cada morador da 
redondeza se tinha gente viajando, aí eles respondiam que não. 
Chegando na última casa, eles respondiam a mesma coisa, que não 
tinha ninguém viajando. Aí eles continuaram a andar. Chegando na 
beirada da mata, eles viram uma roça e uma mulher. 
Aí perguntaram para a mulher, aonde estava o marido dela. 
Ela disse que ele estava viajando. 
Eles voltaram e esconderam, ficaram vigiando a mulher até 
tarde. Finalmente, ela saiu com um caldeirão de comida e foi 
andando pela mata, até uma loca de pedra. Os policiais a seguiram, 
e viram o marido dela. Eles o esperaram terminar de comer e o 
prenderam. Eles descobriram um chucho na loca. Era o instrumento 
que ele matava os índios desaparecidos. A polícia o levou. 
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com este homem, se ele 
está vivo ou morto. 
História contada por Maria Sônia Krenak 
Traduzida e escrita por Marcos Krenak 
COINHOCO RIM H Ü M NÃGRÃM BURÚM NUMAT KANTÃM 
KRAÍ KÃM RIM HŨM NÃM BURÚM TÉMŨM JÃP TAKRUK 
MAM HÍM MRÃNO KRAÍ CUKRÍM RIM HŨM BURÚM 
MŨM JÃME RIM HŨM JÃME TAKRUK KANTÃM CUJUM 
NUTIK BURÚM GRÃM NÃM GRÃM TONDÕM PUCHÁP 
TÃUM TAKRUK MAM CATAM HÃMDIUK ÊRROK RUMEI 
UE HÃMO CUTO TAKRUK HUPOK CATAM HACÓ TAKRUK 
MÁ KATÃM NÃGRAM RUME RIM HÜM BURÚM ÊK TAKRUK 
PÍ H Ü M NAGRÃM NÉRI HÃMDIUK RUME UE TAKRUK MÁ 
CATAM CÓM QUA, QUA HIÊP TAÍTÜM TÕM KRAÍ TÊ 
RUÃN RUÃN TÍNÃT TAKRUK MÁ CATAM BURÚM 
CRÃM TAKRUK MÁ CATAM RUOK QUA QUA DIEMÕ PÃUI 
QUA QUA TARRA BURÚM RUME TÁHÜM QUA QUA CATAM 
HÍEP CATAM CÓM TUÃM TIÕBEK KÃM KÃM Ê BRUM TÁHUM 
TIÕBEK KÃM KÃM BOK JÊK TIM JEK BACANA JEK GUNDHIUM 
JÊK CATAM NANGRÃM ANÜRA QUA QUA TÁRRÃ CÕM JEK 
TÁHÜM BURÚM CRÃM TIODAT CUQUIN TARÜKRAI MÁ 
CATAM RUOK RÍUM BURÚM Ê HÕM TÁHÜM MÜM KRAÍ Ê HÕM 
TÊNÍM BURÚM PUTHIK NÍM RIM H Ü M MINHARAT CATAM 
BURÚM NUMAT MÜM MÜM MÜM TÁHUM TEMBRÃM AMBÍM 
NIN KRAÍ Ê HÕM TÁHUM MINHA RAT CATAM DALLO 
CRISTINO MÜM GUIÁK BURÚM GRÃM TIÕM MÜM ÊH 
CRÃM NIMPARÉM 
O T E M P O EM Q U E OS ÍNDIOS 
E S C O N D I A M N A LOCA O E P E D R A 
Antigamente, havia uma pedra que tinha um papagaio 
encantado, que três índios descobriram. Esses índios eram o 
capitão, o cacique e o pajé. Eles estavam procurando alimentos, 
quando viram uma pedra alta, e foram lá vê-la. 
Chegando lá, tinha um cipó dependurado na pedra. Eles 
subiram pelo cipó e a pedra ficou "baixa". Então, eles alcançaram 
a loca. Eles foram entrando, lá era muito grande, e no canto havia 
um papagaio. Eles voltaram e chegaram no acampamento deles e 
falaram para os seus parentes que eles haviam encontrado um local 
mais seguro, que dava para esconder todo o povo do ataque dos 
brancos. 
Todos os índios foram para a loca de pedra. Nesta época, 
não havia território indígena demarcado. 
O local onde é hoje a aldeia Krenak, era antigamente 
denominado MINHÃN RAT. O governo entrou por MINHÃN 
RAT e nomeou "Dallo" Cristino para reunir os índios da região 
neste local. Desde menino, "Dallo" Cristino sabia falar Krenak. 
Ele saiu pela mata procurando os índios. Neste momento, os 
índios já estavam fugindo dos brancos. Ele saiu pela mata e 
encontrou um dos índios e perguntou onde estavam os outros. O 
índio não disse nada, foi então até o capitão e contou que um 
KRAI estava procurando o local onde os índios se escondiam. O 
capitão mandou o índio conversar com o "Dallo" Cristino e mandá-
lo ir até o esconderijo para conversarem. Quando ele chegasse 
perto da pedra, se ele tivesse com a polícia, era para ele assoviar; 
caso o chefe estivesse sozinho, era para ele chamar na 
língua indígena. 
Como só foram o "Dallo" Cristino e o índio, o capitão foi ao 
seu encontro. Aí o chefe falou para o capitão que o governo man­
dou demarcar a terra, que era para os índios ficarem sossegados. 
Fez uma reunião com os índios de Panças e de Cuparaque para 
todos irem para MINHÃN RAT. Os índios também queriam ir para 
lá. Então o governo demarcou a terra que hoje se chama Krenak. 
Depois de um tempo, "Dallo" Cristino queria conhecer o antigo 
esconderijo dos índios. Eles contaram que se encontrava no local 
da pedra e que lá tinha um papagaio. Lá também tinha ossos de 
peixe, tatu, de muitas caças que provavelmente serviram de ali­
mento para o papagaio. 
O capitão morreu e o seu irmão assumiu o seu lugar. "Dallo" 
Cristino queria buscar o papagaio.Pegou uma gaiola e chamou 
dois índios, e seguiram, mas o irmão do capitão disse que eles iam 
perder a viagem. Mesmo assim, eles foram. Chegando lá, a loca da 
pedra tinha "crescido". Aí o índio falou: 
— T A K R U K ! (A pedra cresceu!) 
« KUPARAK UYÁ NA ALDEIA CONE RANRÁ 
CONE INDHIAK UYÁ NA ALDEIA, KRAÍ CRANÃ 
BURÚM CRÃNA PANDA ÂAMÃN ÕN THIN PÚCRIK 
ABÃN BÚRUM CRÃNA KÕN THÍN ÔN BURÚM 
CRÃNA PÃN CÚN RÚ'PRYNE BU RU'PRYNE 
AKÃNTA ÕN THIEK KÃNTA, THIEK KÃNTA 
KRAÍ CRÃNA NÉ CAPITÃO MUNRÁ KIYÁ PANDA 
MUNRÁ RU'PRYNE BUMPY JOP UYÉ KUMO 
CAPITÃO MUNRÁ, MUNRÁ, MUNRÁ, MUNRÁ 
KIYADÃNDA MUNRÁ RU'PRYNE BUMPY JOP 
UYÉ KRAÍ RYMPÁ RU'PRYNE PÚN JOP THIÁ 
MUNRÁ KIYADÃNDA MUNRÁ MUNRÁ KIYADÃNDA 
RU'PRYNE JOP UYÉ AGRÃNA TONDONE KATK 
BURÚM PÃNDÃ THU'MURA KRAÍ THU'MUN 
PORTÃO UYAPOK NÚN PHÓ KRAÍ CRÃNA 
BURÚM KRÃNA PÃ RU'PRYNE BUM JOP 
BURÚM KRÃNA RU'PRYNE BU JOP, JOP NÔ 
RÕU BURÚM KRÃNA PHÃMPA KÚMU ÚMPU 
BÃNTHA KRAÍ KIEMÁ BRATHA KRAÍ CRÃNA 
NHAUYITO BÃN, BÃN BURÚM BURÚM UYE PÚN 
BURÚM ATHOL BURÚM YPIM NHIN THIÕNE 
KÍNTOL MÁ BURÚM UYÃN ÃMBIMY BURÚM 
ABÃN BURÚM FAZENDO KÃNTÁ THIEK KÃNTÁ 
BURÚM HÉ KUEME INHAUITO BURÚM 
TONDONE BURÚM CAPITÃO ABÃNKA 
IYÁNIM BÃNTHA BURÚM CRÃNA PÃNDÃ 
AROMA KRAÍ CRÃNA, KRAÍ CRÃNA 
BURÚM BÃNKA INHAUITO BURÚM PRÃNA 
PÃNDÃ NO BÃNKA BURÚM GÃMA DHIOKU 
MUNDEPY NHIKÃN ONY AGRÃNA TONDONE 
KINO INHÉPA NO KIEME, KIEME KÃNTÁ 
NHÕC MÕ BÃN DHIOC KUYÁN AGRÃNA 
KUBÃNA NYN ÚM KRENAK KÃNTÁ. 
O M A S S A C R E 
N O P A T R I M Ô N I O D O Ê M E 
Longe da aldeia tinha um acampamento de brancos que 
os índios freqüentavam. Os homens brancos os convidavam 
para tomar garapa, matavam boi e os índios comiam carne. Ali, 
os índios festejavam com alegria, cantavam e dançavam, até o 
dia amanhecer. 
Naquela época, o índio era bravo e os brancos, para 
amansá-los, tentavam de tudo. Os índios não sabiam o risco 
que estavam correndo. Eram inocentes e os homens brancos 
trabalharam durante cinco meses para fazer um cercado para 
pegar os índios. Em seis meses, o branco atacou os índios, 
matando a tiros. Alguns índios tentaram correr, mas ficaram 
presos dentro do cercado. 
As mulheres grávidas e não grávidas, eles amarravam 
no toco e depois cortavam com facão, mas alguns meninos 
correram e escaparam do massacre. 
Morreram muitos índios, principalmente o capitão que 
os comandava. 
M ú s i c a K r e n a k 
NYN PARE N O N TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO 
N O N TARÚ CÃNDE, CÃNDE 
NÕN TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO RERRÉ 
ÕN NÊN GÃMA 
NYN PARE NON TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO 
N O N TARÚ CÃNDE, CÃNDE 
N O N TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO RERRÉ 
ÕN NÊN GAMA 
NYN PARE N O N TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO 
NÕN TARÚ CÃNDE, CÃNDE 
NÕN TARÚ RÚNDHIO, RÚNDHIO RERRÉ 
ÕN NÊN GAMA 
TARÚ ABÃN RERRÉ 
RAKARY, RUAN 
Vem o céu vamos dançar 
vamos dançar balanceio 
vamos dançar direi to 
este aqui. 
Céu, vamos dançar direi to 
vira, roda. 
KRAÍ BATATA EMBIM, KRAÍ BATATA IMBIK 
KRAÍ BURÚM BUKAKA, THLEK TUPIK 
PANA BURÚM BUKAKA, 
BURÚM TÃNY, MUN BURÚM MURY 
THIEK CAKA TÃN, BATHA 
BURÚM MURY, BURÚM KUE'TUMPUM 
BURÚM ABÃNKA, NO BÃNKA BATHA 
NAK UYÍN, BURÚM KÃNTA, BURÚM KÚEME 
THINRROU NAK UYÍM, BURÚM KÚEME 
THINRROU NAK UYÍM, BURÚM ANMA 
PANDA, KRAÍ BÃN, BURÚM PANDA 
ABÃNKA, BURÚM KÃNTA TETHIÕM 
BURÚM TETHIÕM GAMA NHENHOC 
KÃNTA, RYN BURÚM KÃNTA NHOC 
BURÚM PANDA MONMOU 
RYNRYN E'THIO MONMOU 
PANDA E'KÚEME 
KÚEME ARROUM, KRAÍ CRÃNA 
KRAÍ CRÃNA KI Ẽ MA ARROUM 
PUTHIK, PUTHIK, AKO E'THION 
KRAÍ CRÃNA KÃNTA PYMO 
AMÃNGUTO. 
A M O R T E D O S 
Í N D I O S N O B A T A T A L 
Quando havia muitos índios, os brancos queriam matá-los. 
Os brancos fizeram uma cerca de arame e plantaram muita 
batata. Quando a batata estava boa, eles foram lá na aldeia e 
chamaram os índios, dizendo que a batata estava na hora de arrancar. 
Pegaram os índios e levaram para o batatal, alí eles já tinham 
cercado toda área. Armaram um cerco quando os índios entraram e 
começaram a arrancar batata. Entrou uma turma de homens brancos 
armados, atirando. Mataram muitos índios. 
Agora tem estes poucos índios que sobreviveram, que somos 
nós, muitos se espalharam, fugiram. Foram morar com pessoas 
diferentes que não eram índios, mas, longe daquele lugar, que houve 
muita morte, com muita tristeza e sentimento. Uns poucos foram 
morrendo. Os que eram pequenos, cresceram, foram vivendo o seu 
dia-a-dia tentando não se lembrar daquele horrível acontecimento. 
O T E M P O Q U E D E U S A N D A V A 
N O M U N D O 
Quando Deus andava no mundo, para ver quem era bom e 
quem era ruim, ele encontrou no meio da mata, uma aldeia e ficou 
prá saber se os índios eram bons ou ruins. Então Deus virou taman­
duá que era manso, e eles o levaram pra casa. O tamanduá ficou lá. 
Os índios falaram para o tamanduá olhar os meninos. O tamanduá 
ficava e os índios iam caçar, pescar, e pegar raiz nativa, que se 
chama Caratinga. Eles traziam, para o tamanduá, formigas. O 
tamanduá olhava para as formigas e ficava quieto, os índios saíam 
de novo. Ficavam só os meninos e o tamanduá. Só que o tamanduá 
falou, na língua, que estava com fome. Os meninos ficaram assus­
tados de ver o tamanduá falar. Aí os meninos perguntaram: 
— Você fala, tamanduá?— O tamanduá respondeu: 
— Eu falo, mas não é pra vocês falarem com os outros não. 
Quando eles chegarem, vocês falam que eu comi as formigas. 
Eles chegaram com mais formigas para o tamanduá, o tamanduá 
falou para os meninos: 
— Eu quero mel, Caratinga e beiju. 
Os meninos responderam ao tamanduá: 
— Você não é gente igual a nós, você é tamanduá. Tem que comer 
formigas. 
O tamanduá falou: 
— Eu não sou tamanduá. 
Quando os índios iam dormir, os meninos pegavam um gomo de 
bambu com mel e água, e caçavam Caratinga para o tamanduá. 
Toda vez quando os índios chegavam com caça, os meninos 
davam para o tamanduá, até que Deus foi embora. Aí Deus falou 
para os meninos: 
— Aqui tem gente boa e gente ruim. 
Os meninos falaram que os outros índios não sabiam que ele 
era Deus, mas sim tamanduá. 
Aí Deus falou para os meninos: 
— Não vai faltar nada para vocês, vocês vão ser índios bons e 
sabidos. Eu vou ajudar vocês em tudo que vocês precisarem, 
eu ajudo. E Deus foi embora. 
A L D E I A K R E N A K 
Antigamente, meu pai contava que lá para o lado do Panças, 
quando tudo era mata, os índios não conheciam branco. 
Os índios estavam caminhando pela mata, quando um dos 
índios disse que vieram os brancos — era o capitão da polícia e o 
chefe do posto. Estavam caçando índios para matar. 
Disseram que eles estavam medindo terra para índio. Vieram 
para abrir mata para fazer casas para os índios. Eles disseram para 
os índios, que iam protegê-los, que tinham dinheiro e que tinham 
que fazer uma roça grande para ensiná-los a trabalhar. 
Quando esses homems foram embora, os brancos 
começaram a matar os índios e invadir as suas roças. Os índios, 
para se defenderem, começam a matar os brancos. 
O chefe de Posto voltou, e disse que era governo, e que os 
índios não podiam matar branco. Por sua vez, os brancos também 
não podiam matar índio. 
Os índios pegaram o chefe e o colocaram dentro de uma casa, 
dando uma surra nele, e disseram que ele era um matador de índios. 
O Doutor Silva Lobo o soltou, e falou: 
— Vocês vieram aqui para abrir a mata, para fazer casa para 
o branco, para matar os índios. Você vai dar conta dos índios que 
morreram! 
Deram outra "coça" nele. O homem fugiu, desaparecendo. 
Os índios disseram: 
— O dia que voltar, te pegamos! 
História contada pelo Cacique José Alfredo em 1996. 
A M O R T E D O C A P I T Ã O K R E N A K 
C A P I T Ã O M U I M O C U P A S E U L U G A R 
Tudo parece sempre igual, a cada lua que passa. Novo 
mesmo é o povo Krenak, se juntando, afirmando suas raízes. 
Por isso, os rituais são sempre renovados e se prepara sempre 
para o começo de umanova festa! 
Com sabedoria, o Capitão Krenak acompanhava seu povo. 
Ele se deitava cedo e, à noite, os espíritos contavam-lhe sobre as 
coisas ruins que aconteceriam nas aldeias. E sabiamente ele as 
afastava. Dia seguinte, ele reunia o seu povo. Ele dizia: 
— Vem muita doença ruim para vocês! Fui avisado pelos MARÉT. 
Mas, não tenham medo. Eu ja afastei tudo! 
A aldeia inteira se alegrava e dançava os Krenak e junto do 
velho Pajé acendiam fogueira para aquecê-lo, e durante horas 
todos o acariciavam, passando a mão com ternura sobre seus 
cabelos...Traziam-lhe carne assada para agradecer-lhe! 
ERÊ-HÉ! ERÊ-HÉ! 
E o tempo passou, sentimos o fim de suas energias. 
Krenak chamou seu povo: 
— Eu vou morrer, mas não quero que vocês me enterrem. 
Faça um jirau e me coloque em cima dele. E acendam uma fogueira 
para mim. Quero que vocês continuem gostando de mim. Se 
lembrando de mim. Passando a mão pelo meu cabelo. Que eu 
sempre vou olhar por vocês! 
Veio outra lua e a alma principal do velho Krenak deixou 
seu corpo. Todos se juntaram no seu kieme e acompanham 
suas seis esposas no choro ritual. As mulheres cortaram o cabelo 
em sinal de luto. Seu corpo foi colocado sobre um jirau, conforme 
seu desejo, sentado olhando para a frente, para pedra do Krenak. 
Acenderam a fogueira e fizeram roças! E dias e noites os Krenak 
rezavam, mantendo o fogo aceso, acariciando-o eternamente, 
conversando com ele. Sua carne foi secando, secando e seu rosto 
murchou. Na face apenas os bonitos olhos continuavam vivos. Seu 
corpo não se desfez! Para o povo Krenak, ele continua vivo, 
mantendo sua promessa de olhar por seu povo. Daí sua força e 
resistência. 
Como é costume, seu filho Muim o substituiu. Sábia e 
inteligentemente ele fora preparado para ocupar o lugar do velho 
pajé. Muim passou a colocar os enfeites nos jovens. A comandar os 
guerreiros na defesa da terra, a proteger o povo. 
E passará para seus descendentes! 
A C O N T R U Ç Â O D A E S T R A D A D E F E R R O 
V I T Ó R I A - M I N A S V A L O R I Z O U A S T E R R A S 
E P R O V O C O U M A I S I N V A S Õ E S 
Na década de 30, a companhia do Vale Rio Doce 
executa o projeto de construção da EFVM. A vale cortou o 
território Krenak em 1905 sob protesto dos Burúm. Estes 
nunca foram indenizados pelos prejuízos. A companhia 
trouxe as fazendas de café, a exploração de minérios, a 
poluição sonora para a região. 
Várias vezes, à sua maneira, os Burúm reagiram, 
bloqueando a estrada, colocando pedras e paus nas trilhas 
para impedir a passagem. 
A Companhia Vale do Rio Doce fez muitas promesas. 
Durante muito tempo, os Burúm acreditaram que eles 
poderiam usar a ferrovia sem pagar passagem... 
O trem hoje passa milhares de vezes, dia e noite, 
diante da aldeia Krenak. 
Vários morreram ali atropelados. O último a morrer 
foi Humberto, em 1984, quando voltava de um congresso 
indígena realizado em B.H. 
A S R E T I R A D A S 
E O S R E T O R N O S D O S K R E N A K 
Nós fomos retirados do território Krenak em 1957 para a 
aldeia Maxakali. Nesta época, eu estava com doze anos de idade. 
Quando eles nos tiraram daqui, foi assim: 
Eles jogaram duas bombas na casa do chefe que se chamava 
Américo, quando ele estava para Resplendor. Aí veio o Capitão 
Pinheiro com a polícia florestal, dizendo que ia descobrir quem 
tinha jogado as bombas na casa do chefe. Eles pegaram os índios, 
colocaram todos na balsa e, depois, no caminhão. Levou para a 
cidade de Maxacali, quando chegou lá, eles nos despejaram e 
voltaram. Nós ficamos três dias lá na cidade, depois veio o senhor 
Juquinha, funcionário da FUNAI, e nos levou para a aldeia dos 
Maxacali. Nos colocou numa casa grande de engenho de cana, e 
ficamos ali algum tempo. Depois fomos morar numa casa, onde o 
meu tio comprou ali dentro da aldeia. Mas meu pai desgostou, 
porque tudo que nós plantávamos, os índios Maxacali comiam. Aí 
nós nos mudamos para a fazenda, do Tarcílio Bahio. Onde meu pai 
plantou um arrozal à meia, com ele. Quando estava quase "cachian-
do," ele pegou tudo e trocou numa tarrafa e num pouco de farinha, 
e viemos para a beira do Rio Pampãm. Nós pescávamos e vendíamos 
num lugar que se chamava São Pedro. Com o dinheiro, nós comprá­
vamos comida. Depois viemos para Carlos Chagas e fazíamos a 
mesma coisa, depois viemos para Teófilo Otoni. Dali viemos para o 
Suassuí. Depois, seguimos de viagem até Governador Valadares. 
Ficamos na casa do tio Deco, nós não tínhamos roupas. Depois 
fomos para a Ilha perto de Conselheiro Pena. 
Depois viemos para o território Krenak, onde estava sendo vigiado 
pelo Zico Bragança. Ele nos deixou ficar, mas, trabalhando à meia 
com ele. Com pouco tempo, ele morreu. Ficou o Eraldo no lugar 
dele, quando conseguimos trabalhar para nós mesmos. Veio o 
Capitão Pinheiro para fazer aldeia, dizendo que era para prender 
todos os índios de todos os lugares. Nós ficamos quatro anos, 
depois nós ganhamos a terra na justiça, só que a gente não sabia, e 
fomos obrigados a sair. Fomos para a Fazenda Guarani (município 
de Carmésia). Alguns índios não queriam sair para outro lugar. 
Eles foram obrigados a sair, amarrados e tirados daqui. Nós 
moramos sete anos lá. Descobrimos que nós tínhamos ganhado a 
terra, fizemos reunião durante um ano, planejando para vir embo­
ra para a terra Krenak. Somente duas famílias nos acompanharam: 
a da Laurita e a da Eva Dora. Quando voltamos, éramos vinte pes­
soas, depois foram chegando mais Krenak, agora nós somos noven­
ta pessoas. Espero que sempre cheguem mais. E também espero 
que agora, desta vez, nós ganhemos mesmo na justiça, de verdade, 
a terra. 
Esta história foi contada pelo Cacique José Alfredo em 1996. 
T E R R A K R E N A K 
Este mapa apresenta a área total do território Krenak, situada na 
margem esquerda do Rio Doce, conforme o decreto de doação de 
terras de 1920. A área que está delimitada representa a região que 
os índios ocupavam até pouco tempo. O restante da área indígena 
era ocupada pelos posseiros. 
A FUNAI discutiu judicialmente a legitimidade da ocupação da área 
indígena pelos brancos. 
A FUNAI entrou na justiça pedindo anulação dos títulos de terras 
doados aos fazendeiros pela Ruralminas. 
Retornando do congresso indígena, os Krenak ocuparam uma das 
fazendas tituladas pela Ruralminas. Por decisão do juiz da região, 
eles foram despejados. Mas um juiz de Belo Horizonte, vendo que 
a terra é da União, e reconhecidos os direitos dos Krenak, levou a 
causa a ser julgada na capital do estado. 
E assim os brancos foram reintegrados e receberam as fazendas de 
volta. 
Os Krenak continuaram ampliando seu sonho. Viajaram para as 
áreas onde estão os seus parentes; tentando o seu retorno à terra. 
Conseguiram finalmente a reintegração de posse do seu território. 
Atualmente, estão reocupando as suas terras. 
O S O N H O C O N T I N U A 
O exílio não acabou para muitos Krenak! Mas os filhos 
dispersos estão se juntando sôbre a terra Mãe, às margens 
sagradas do Watu. 
Queremos sonhar l ivremente, sem cercas, sem solitárias, 
sem policiais, descer e subir de bote pelo Watu, recolhendo os 
peixes das armadilhas, sem medo de tocaias. Suas águas um dia 
estarão limpas, porque os brasileiros também despertarão para 
proteger nossa fonte comum de vida! 
Hoje, os peixes se reproduzem. E sobre nossas cabeças, o 
sol, a lua e as estrelas continuam fazendo seu caminho, dia e 
noite, sempre! As crianças e adultos procuram reaprender nossa 
linguagem e religião. E todos aqueles que morreram nesse 
tempo de agonia e luta, sonham também descansar em paz. 
Um dia, contaremos para nossos parentes , para os 
brasileiros, para outros povos, porque lutamos tanto para 
realizar este sonho! 
Muitos brasileiros nos procurarão para saber onde está 
nossa força. 
E nós lhes explicaremos: 
— Nós somos como o capinzinhoque amarelou de tanto 
ficar debaixo da pedra e agora se levanta. A vida não acabou 
no passado de sofrimento. Vamos ter força no futuro, porque 
lutamos, não nos entregamos, geração por geração. Muitos dos 
que fizeram nosso povo sofrer estão vivos! Esperamos que 
respeitem nosso jeito de viver. Somos cidadãos do mesmo país! 
N Ó S , PROFESSORES KRENAK, ESCREVEMOS ESTE LIVRO JUNTAMENTE 
COM OS VELHOS BURÚM. 
ANTIGAMENTE, FOMOS PROIBIDOS DE FALAR A NOSSA LÍNGUA 
MATERNA. A O S POUCOS, ESTAMOS INICIANDO O SEU REGISTRO ESCRITO. 
EIS AQUÍ ALGUMAS PALAVRAS E FRASES ESCRITAS EM KRENAK. 
DESEJAMOS QUE VOCÊS GOSTEM E APRENDAM. N Ó S VAMOS GOSTAR 
MUITO DE SABER QUE VOCÊS APRENDERAM UM POUCO COM O NOSSO POVO. 
AMBIM - Noite 
ANGUI - Agulha 
ÃNGRI - Cantar 
AMANGÜTO - Comer 
ARERRÊ - Bonito 
ARAKYU - Porco doméstico 
ÂM ÃM - Galinha 
ÂM ÃM INGÚ - Ovo de galinha 
ARERRÊ AMBIMBIM - Bom dia 
ANDÚ - Andorinha 
ATHIÚCO - Açúcar 
AMITHIÁ - Abafado 
AMAPÃ - Abanar 
ÃMEREK - Abraçar 
AMBÃ - Urubu 
ÃMBIMO - Escuro 
Mandioca 
- Ele 
- Perdiz 
Aranha 
Piolho 
ÃMIGIK -
AGRÃNA 
AM RAM 
ANGURI 
ANRAM -
AMÕN - Sanfona 
AMBURÚ - Frio 
ANQUI - Comida cheirosa 
ARMRUNJAT - Mal-me-quer 
ANGRÃNA INHAUITO - Muita gente 
LGUMAS PALAVRAS 
BURÚM - Índio 
BURÚM INHAUITO - Muito índio 
BUNTEINI - Lagosta 
BRÕN - Estrada 
BACANA RIM - Tico Tico 
BACANA - Passarinho 
BAKATÍ - Abacaxi 
BOK - Peixe 
BITÍM - Gato 
BUTI KRAK - Casco de tar taruga 
BATCHÓK - Vassoura 
CÃ CÃ - Fumaça 
CAUÃM - Cavalo 
CÕNÉ BRAT - Abridor 
CONÔ BRAT - Aberto 
CONÔ ANGRACANA - Borracha de desmanchar 
CONÔ PÚ ETO MIMO - Lápis de escrever 
CRÃUM - Laranja 
CRÕMO - Abacaxi 
CONNAUÃN CONNA'KUIM - Flauta 
CRENYTHA - Cocar 
CHTOM - Árvore 
CAPÉ IN - Pó de café 
CURRÉ - Jacaré 
CANO - Canoa 
CUJUM - Cipó 
CHTAOM - Salão 
CACAK - Coco 
CRUKRI - Joelho 
CROT - Mamão 
CÃM - Rosto 
CHAPORT - Grilo 
CAT ERNEK - Caneco 
CHTOM EAT - Casca de pau 
CAT NEK - Panela 
DHIK NAN - Mulher 
DHIÕN BRÉ - Você 
DHIŨM DHIŨM - Gambá 
DATEOM - Falar de novo 
EHET ERNET - Cocota 
E NÁ - Siriema 
GIPET - Espelho 
GAYAPA - Goiaba 
GANÚT - Anu 
GÕN - Cachorro 
GUNDHIUM - Tatu 
GRIMBÓ - Dois 
GUTO - Tartaruga 
GARARÃ - Calango 
GATÁM - Lagartixa 
GRAÃM - Cobra 
GRI - Cantar 
GICAM - Pai 
GUÃ GUÃ - Guacho 
GANÚT JIRUM - Anu-branco 
GUTEKRAK - Casco de tar taruga 
HA HA - Galinha 
HOCOMÃ - Sobaco 
HÕM HÕM - Gavião 
HANYMI - Oi! 
HÚ HÚ - Calor 
IRMIN KRUK - Meu filho 
INJAK - Irmão 
IRMAC IRMIAM - Perna grossa 
IRMAC - Perna fina 
IUPI - Mono 
IMRÃM - Grande 
INHAUITO - Muito 
INHAUT - Quatro 
IRMINHAM - Água 
IRMINHAM JIRUM - Água branca 
IRMINHAM PÓ - Chuva 
INDU INDU - Lagarta 
IRMAK - Asa 
IARÁ JOKE - Erva de bico 
IRMINHAM-CROP - Pinga 
IRMINHAM-NEK - Água doce 
IRMINHAM-CHAK - Água salgada 
IMPIM - Grávida 
IUPU - M ã e 
JAMUNIK - Preguiça 
JIMBIANG - Urinar 
JIRUM - Branco 
JAM - Semente 
JUQUINIK - Pica-pau 
JAKÁ - Pelado 
casa de Religião 
KIÊME RÉJA 
KRAK - Faca 
KAÃN - Testa 
KITÓM - Olho 
KIUPÓ - Joelho 
KRÉN - Cabeça 
KRENGE - Cabelo 
KRENGE JIRUM - Cabelo branco 
KAONKE - Sombrancelha 
KIPIKI - Boca 
KUAN - Barriga 
KRAÍ - Homem branco 
KRAÍ KRENTÓNE - Homem doido 
KRAÍ INHAUITO - Muito homem branco 
KROWM - Laranja 
KROTÓ - Mamão 
KRUK - Criança 
KIEME - Casa 
KUEME - Morrer 
KUM - Fumo 
KUZAN - Tamanduá 
KINGO - Sapo 
KUPARAK - Onça 
KYO - Vagina 
KULHINO - Chocalho 
KIÊNI - Nariz 
KRẼNO WETO WETO - Bem-te-vi 
MAIHÕPAK - Casca 
MAKIÃM - Velho 
MARANDINA - Melancia 
MARÉT - Espírito protetor dos Krenak 
MAROTO - Arroz 
MARRÕNE - Abóbora 
MẼK MẼK - Baixo 
MẼM - Paca 
MITIRIK - Mixirica 
MŨM RÃRÁ - Vai 
MUM - Foi 
MANGUKÃ - Pereba 
NAK - Terra 
NIN - Vem 
NATHIA - Sala 
NÃN - Menino 
NOMPI - Vamos trabalhar. 
NAN NIK - Batata da perna 
NÃN TON DONE - Menino pequeno 
NANDHIÕN - Espírito mal 
NAY - Ilha 
NEK - Doce 
NOMIAK - Lua 
NÕN - Não 
NẼNMA - Bodoque 
NÃM - Ele 
NYM - Nem 
NAMBÃM - Banco 
NAMETE - Mesa 
NAK NE NUK - Morador da terra 
Sala de Religião 
NATHIÁ RÉJA 
ONO-ONO - Caburé 
Õ Õ - Gavião 
PÃN WÃNNA - Abelha 
PAUÍM - Alto 
PAUÁ - Devagar 
PAPEK - Papel 
PANGOTA - Forró 
PANDIOCO - Coco 
PEINHÃO - Feijão 
PITAK - Lagoa 
PRIK - Formiga 
PÓ DHIÁ - Pé 
PÓ KRUK ITÁ - Anel 
PÓGIRUM - Mão branca 
POMBA - Pato 
PUN - Espingarda 
PUNGO NON - Não chora 
PUKRI - Boi 
PITAM - Mosquito 
PUK - Chorar 
PÃRAK - Peito 
QUITOK - Língua 
QUIUIM - Dente 
QUIEM HÃ - Barba 
QUIERMÁ - Porta 
QUICROK - Bambu 
RATHICAN - Carat inga 
RAPÃNRANRÁ - Abandonar 
RARANRATA - Arara 
REBRÁ - Lembra 
RICÃNRANNO - Espírito 
RIÓNO - Beija-flor 
RIN BÃM - Rosto 
RIN GUK - Fezes 
RINNUNI - Braço 
RYNUNYTHAR - Braseiro 
RINHAIK - Umbigo 
RINUNIK - Músculo 
RIRÉM - Macaco 
ROTHIRI - Você 
ROK ROK - Garça 
RUIM RUIM - Amendoin 
RUÃM - Gritar 
RICARÉ - Virar 
RUÃM RUÃM - Papaga io 
RUMRIMI - Cama 
RYN RYN - Ariri 
RAQUE KIK - Borboleta 
RUMBÃM - Garantir 
RUM - Banho 
RUME - Dormir 
RINHÉP - Sentar 
RIM - Preto 
RÁ - Sapucaia 
RIMBONO - Capivara 
RIMBONO TONDONO - Capivara pequena 
TAKRUK - Pedra 
TAOMEETE - Vagalume 
TARIMO - Cama 
TERÃ - Boa tarde 
THAPOROTO - Gafanhoto 
THIAKUEQUETO - Borboleta 
THIÕM CACA - João Graveto 
TEPÓ - Sol 
TETHUM - Coração 
THIUMTHIUNO - Lança 
THINGURANA - Estou com fome. 
TRIK - Trigo 
TYR - Vou 
TARU - Céu 
TUPÃ - Deus 
THIÁ - Tanga 
TONDON - Pequeno 
THÍAC - Sal 
Lança 
THIUMTHIUNO 
UET UET - Me lanc ia 
Flecha 
WUAGIK 
WATI - Mi lho 
WUAGIK - Flecha 
WATU - Rio g r a n d e 
WATO - Trem de ferro 
W H É N O - Vento 
WATI - Mi lho 
WUAGIK PÓK - Arco 
YUPI - M o r r o 
L C I L J M A S F R A S E S 
KRAÍ YNHAK YNHANMO - Que homem bravo ! 
RYNHONRA DHUM NAN - Que mulher brava ! 
TÍHON DÃNTO MONTÕNO - Que polícia ruim ! 
NÁNBOK NHOKHEKI - Vamos pescar ? 
AMÃ NHA MANRANMO - Não fale muito. 
BOK KRUNCO NUNCO - Que peixe muito esperto ! 
NÃN AM MANRANO - Vamos falar juntos ? 
THEA PRANMO - Vamos namorar. 
TÉ AMANGRU UẼ - Assombrar 
TÉ COMNẼ INHAM - Pisar 
THÉ PÚ - Eu vou chorar. 
TEPÓ RULTO YN - O sol está saindo. 
TEPÓ TUMURA YN - O sol está ent rando. 
T É C O M N N Ê RANIMUÉ - Encomendar 
BURÚM JÃKÁ - O índio está pelado. 
ÃNDHICO PANDA ARERRE - Você está muito bem. 
CONÔ ÃMPÃM RÃNRÃM - Largue aquela coisa. 
NIN PÓ ANGÕN - Já está amanhecendo. 
NON RUMEM - Vamos dormir. 
NORMIANCA TUPURAIM - A lua está entrando. 
NYN NHARIA - Espera lá ! 
NYN THÉ KROCO NUCO - Eu gosto de você. 
NYN THÉ KRUNCO NUNCO - Eu estou esperto. 
PE PI NUK - Eu não vi. 
PÓ RINHOK - Fica quieto. 
AM GÕM AM GÕM - Balancear 
CONÔ RERRE - Abençoar 
IRMINHAM IAPÉ - Beber água. 
THÉ KIHÉMI HÃNE - Eu vou casar. 
THÉ RUME NE - Eu vou dormir. 
THÉ ATHIANO - Eu sonhei. 
THÉ MONRON DHI - Eu vou correr. 
THÉ KIŨM NÉ - Eu vou tomar banho. 
THÉ GRIM NÉ - Eu vou cantar. 
THÉ RUIN YN - Aborrecer 
THÉ RYIN - Abalar 
THÉ MÕM MÕM - Eu estou doente. 
THÉ MINHA PRANMO - Eu estou com sede. 
THÉ DIM GUM RANNO - Eu estou com fome. 
THÉ PUM AMBANTA - Nunca mais vou chorar. 
THÉ PAW HA HOM - Fale baixo comigo, tá bom ? 
THÉ HÃ PUCACA RIM RIM - Eu estou chamando. 
THÉ RUHANNA KIHEMO CANTAN 
- Eu estou muito longe de casa. 
THÉ CURMANMO PRANMO 
- Eu estou com vontade de fumar cigarro. 
THÉ GANDIANO YN UPÚ GANDIANO 
- Eu estou muito alegre com a minha família. 
IRNOM EPI - Nós vamos trabalhar. 
TARU MRE - Está re lampiando. 
TARU TE MRE MRE - Relampiou para chover. 
RU KITÓM ARERRÉ - Seus olhos estão bonitos. 
RIM AMÃNGUT - Eu vou comer. 
RUÃM RUÃM TCHOM CATA NHÉP 
- O papagaio está no pau. 
ESTA HISTÓRIA NÃO ACABA 
Só mudou um pouco a cara, 
ainda hoje os índios lutam, 
pra preservar sua aldeia. 
Muita terra é t irada, 
muitavida é roubada. 
Hoje os índios são poucos, 
por volta de duzentos mil, 
gente forte que resiste. 
Com sua fé, esperança, 
tentando do jeito que dá, 
celebrar a sua dança, 
fortalecer seus costumes, 
retomar a sua herança. 
Ainda é preciso ser dito que 
os índios guardam um segredo: 
tem força que resiste por fora, 
tem força que resiste por dentro, 
pois tem muita gente que pensa 
que os índios estão derrotados. 
Isto é um grande engano, 
senão teriam acabado! 
Eles crescem dia-a-dia em gente, 
alegria.. .em vida! 
Impressão e acabamento: 
Prática Gráfica e Editora Ltda. 
Tal. (0<61| 344-1819 - Fox: (0611 344-1844 
Brasília ■ DF

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