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Responsabilidade Moral, Liberdade e Determinismo

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Aula 6: Responsabilidade moral, liberdade e determinismo (Parte II)
Olá, estamos de volta! Você deve ter acabado de realizar a AV1... Como foi seu desempenho? Espero que tenha sido bom! A partir de agora, vamos começar uma segunda fase nesta disciplina, que corresponde às aulas 6 a 10. Aproveite este novo começo para verificar se restaram dúvidas em relação ao conteúdo visto até a aula 5. Caso você ainda tenha qualquer tipo de problema, não deixe de entrar em contato com seu professor. Mudando de assunto, que tal começarmos a aula 6... Vamos lá? 
Retomando nosso percurso...
	
	Você lembra da aula passada? Nela, vimos diversos exemplos (como o do boxeador e da cleptomaníaca, entre outros) que demonstraram atos acerca da responsabilidade moral a partir da pressuposição de ausência tanto de coação externa em termos dos atos voluntários, quanto de coação interna no que concerne aos atos compulsivos ou involuntários. A responsabilidade só é desencadeada quando consideramos a existência de um ser humano livre, deliberando e agindo por conta própria.
           
	Nesta aula veremos que os homens interagem no exercício do poder, dos negócios e das leis, estando sujeitos a limites impostos pelo Estado, pela Economia e pelo Direito.
Ficamos bem longe da idéia de que os homens têm o direito de exercer livremente sua vontade no campo moral: um grau parcial de autonomia marcaria os diversos comportamentos e relações humanas na vida em sociedade. E é justamente esta graduação que nos permite refletir sobre a existência de ações nas quais, sob o peso de referências sociais, econômicas e jurídicas, tornamo-nos responsáveis moralmente por aquilo que escolhemos fazer, proporcionando-nos uma margem de liberdade ética.
Será que existe liberdade?
 
 
As determinações que incidem sobre a responsabilidade
Como vimos na tela anterior, logo no começo, o sujeito moral só é capaz de agir em relação a si mesmo e aos outros na medida em que suas ações são coagidas por determinadas causas, a saber:
Liberdade versus necessidade
Duas grandes dimensões se opõem, a este respeito. Pois se estamos falando de um determinismo que nos leva a encontrar causas para guiar a vida em sociedade, o modo pelo qual agimos não é ordenado segundo nosso querer, mas conforme o que tem e não pode necessariamente deixar de ser: liberdade versus necessidade. Sem analisarmos o sentido desta oposição, não podemos resolver o problema ético fundamental colocado pela responsabilidade moral. E é uma reflexão de tal porte que nos conduz a três posições filosóficas básicas (clique nas caixas para ver):
Ainda sobre Determinismo
	
	O matemático, físico e astrônomo francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) resumiu bem o valor do determinismo para as ciências da natureza no século XVIII, ao afirmar que “um calculador divino, que conhecesse a velocidade e a posição de cada partícula do universo num dado momento, poderia predizer todo o curso futuro dos acontecimentos na infinidade do tempo” (VÁZQUEZ:2002,121).
O determinismo estendeu-se logo das ciências da natureza para a investigação e compreensão dos fenômenos humanos. Esse processo foi inicialmente desencadeado no século XVIII pelos filósofos que privilegiam a unidade da natureza em seu conjunto: os materialistas Julien Offray de La Mettrie (1709-1751) e Paul-Henri Thiery (Barão D’Holbach, 1723-1789). Para este último, apesar dos homens terem características que os diferenciam dos outros animais, a vida humana só existiria mediante um vínculo direto com o “grande todo” da natureza. Nela predominariam ações e reações, cujas combinações desencadeariam, em última instância, uma extensa cadeia causal universal, conforme o comentário de Georges Gusdorf sobre o livro Sistema da Natureza de D’Holbach, em sua Introdução às Ciências Humanas (1974:245),: 
 “A natureza, em sua significação mais abrangente, é o grande Todo que resulta da reunião de diferentes matérias, de suas diferentes combinações e dos diferentes movimentos que vemos no universo. Em um sentido mais estrito, ou considerada em nível de cada ser, é o todo que resulta da essência, isto é, das propriedades, combinações, movimentos ou maneiras de agir que o distinguem dos outros seres. É assim que o homem é um todo, resultando de combinações de certas matérias, dotadas de propriedades particulares, das quais o arranjo se nomeia organização e cuja essência é sentir, pensar, agir, em poucas palavras, de se movimentar de um modo que o diferencia dos outros seres com os quais se compara: segundo esta comparação, o homem se escalona em uma ordem, um sistema, uma classe à parte, diversa dos animais nos quais inexistem propriedades próprias do ser humano. Os diferentessistemas de seres, ou, se quisermos, suas naturezas particulares, dependem do sistema geral do grande todo, da natureza universal da qual fazem parte, à qual tudo o que existe está necessariamente ligado”. 
 No século XIX, Auguste Comte (1798-1857), fundador do positivismo, considera ilusória a liberdade humana diante da “ordem exterior” imposta pela natureza, pois o espírito humano não pode “recusar seu assentimento às demonstrações que compreendeu”, como afirma em seu Catecismo Positivista (1974:II,8ª conferência,219): 
“Se a liberdade humana consistisse em não seguir lei alguma, ela seria ainda mais imoral do que absurda, por tornar-se impossível um regime qualquer, individual ou coletivo. Nossa inteligência manifesta sua maior liberdade quando se torna, segundo seu destino normal, um espelho fiel da ordem exterior, apesar dos impulsos físicos ou morais que possam tender a perturbá-la. Nenhum espírito pode recusar seu assentimento às demonstrações que compreendeu”. 
Ainda sobre liberdade
	
	A liberdade, neste sentido, manifestaria um poder de agir sem nenhuma outra causa que não fosse a própria existência desse poder. Um dos grandes defensores desta posição na filosofia foi Charles Renouvier (1815-1903), nascido em Montpellier, tendo estudado na Escola Politécnica de Paris. Entre temáticas diversas desenvolvidas por sua reflexão, concentrou-se, do ponto de vista prático, numa forte defesa da liberdade contra qualquer espécie de determinismo.
Ao pensar na existência de pessoas concretas, Renouvier afirma que a moral converte-se numa ordem humana, em um ideal passível de ser alcançado, ainda que de modo aproximado. Para a concretização deste ideal, ele ressalta a influência da personalidade, entendida como “liberdade através da história” (FERRATER MORAd:1982,2843). Ela alicerçaria tanto a história quanto a moral. O homem, assim, seria um agente livre, capaz de realizar-se historicamente, não sendo, apenas, alguém subjugado por uma série de momentos predeterminados. Seu pensamento afastar-se-ia da idéia de que o curso da vida humana está previamente fixado –“fatalidade na história” –, ou da idéia ilusória de progressos políticos, sociais e econômicos – “utopismo progressista”, como afirma Ferrater Mora (d,1982,2843):
“A fatalidade da história, assim como o utopismo progressista, são eliminados radicalmente [da] concepção [de Renouvier] que vê na liberdade pessoal a condição de progresso efetivo e concreto, assim como da moralidade”.
De certo modo, João reproduzia a frase do poeta Fernando Pessoa:
“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.
Ainda sobre Determinismo-Liberdade
Duas reflexões voltadas para a superação deste antagonismo na história da filosofia podem ser destacadas: Espinosa (século XVII) e Hegel (século XVIII). Leia a introdução ao pensamento desses autores:
	
	Para Baruch Espinosa (1632-1677), a filosofia, opondo-se a aceitar qualquer forma de superstição, toma como fio condutor a idéia de que Deus é a causa racional produtora e conservadora de todas as coisas, segundo leis que o homem pode conhecer plenamente. Clique aqui para entender o pensamento desse autor.
Espinosa e a Liberdade 
 
Por este caminho, Deus não é um ser transcendente,voluntarioso e onipotente, mas 
uma Substância que constitui o Universo inteiro (uma instância que serve de suporte 
para tudo que existe) – causa de si, que existe em si e por si – não se separando, no 
entanto, daquilo que produziu: é causa também das coisas existentes. Ou seja, o ato 
pelo qual Deus se produz (causa de si) é o ato pelo qual ele produz os modos de ser 
das coisas existentes na natureza, neles incluindo-se os modos que são próprios do 
homem. 
 
Todos os seres humanos, por estarem ligados à Substância divina, teriam o poder de 
vencer obstáculos exteriores, realizando-se plenamente – uma potência natural de 
autoconservação – denominada de conatus: força vital que resulta de 
correspondências entre movimentos próprios do corpo e de uma conexão interna das 
idéias na alma. O desejo humano é entendido como tendência a conservar ou 
aumentar a força ou intensidade do conatus: ele define o que é essencial ao ser 
humano, incorporando o que é exterior ao homem graças ao seu próprio poder. Mas a 
força do conatus pode diminuir quando o homem é dominado completamente por 
paixões, pois, neste caso, ele se torna incapaz de decidir por um ou outro objeto 
desejado. 
 
A liberdade consistiria não em livrar-se das paixões, visto que elas são necessárias, 
não dependendo da nossa vontade, mas das leis que regem a natureza humana. Sob o 
reconhecimento e determinismo das mesmas, o homem seria livre na medida em que 
se deixasse dominar apenas pelas paixões positivas (a paixão é forte ou fraca, 
positiva ou negativa, conforme o objeto desejado seja também forte ou fraco, 
positivo ou negativo, isto é, mais real ou menos real): a liberdade dependeria da 
natureza do objeto desejado. Como conclui Espinosa, somente ao ter consciência do 
 determinismo das paixões é que o ser humano poderia não se escravizar cegamente 
pelas mesmas, mas atingir um estado de sujeição consciente. 
	
	Georg Friedrich Hegel (1770-1831) elabora uma filosofia estreitamente relacionada à política, o que não significa que seu pensamento seja predominantemente político. Permeando essa vertente, encontra-se uma forte reflexão sobre o sentido que devemos dar à liberdade. Clique aqui para entender o pensamento desse autor.
Espinosa e a Liberdade 
 Por este caminho, Deus não é um ser transcendente, voluntarioso e onipotente, mas uma Substância que constitui o Universo inteiro (uma instância que serve de suporte para tudo que existe) – causa de si, que existe em si e por si – não se separando, no entanto, daquilo que produziu: é causa também das coisas existentes. Ou seja, o ato pelo qual Deus se produz (causa de si) é o ato pelo qual ele produz os modos de ser das coisas existentes na natureza, neles incluindo-se os modos que são próprios do homem. 
 Todos os seres humanos, por estarem ligados à Substância divina, teriam o poder de vencer obstáculos exteriores, realizando-se plenamente – uma potência natural de autoconservação – denominada de conatus: força vital que resulta de correspondências entre movimentos próprios do corpo e de uma conexão interna das idéias na alma. O desejo humano é entendido como tendência a conservar ou aumentar a força ou intensidade do conatus: ele define o que é essencial ao ser humano, incorporando o que é exterior ao homem graças ao seu próprio poder. Mas a força do conatus pode diminuir quando o homem é dominado completamente por paixões, pois, neste caso, ele se torna incapaz de decidir por um ou outro objeto desejado. 
 A liberdade consistiria não em livrar-se das paixões, visto que elas são necessárias, não dependendo da nossa vontade, mas das leis que regem a natureza humana. Sob o reconhecimento e determinismo das mesmas, o homem seria livre na medida em que se deixasse dominar apenas pelas paixões positivas (a paixão é forte ou fraca, positiva ou negativa, conforme o objeto desejado seja também forte ou fraco, positivo ou negativo, isto é, mais real ou menos real): a liberdade dependeria da natureza do objeto desejado. Como conclui Espinosa, somente ao ter consciência do determinismo das paixões é que o ser humano poderia não se escravizar cegamente pelas mesmas, mas atingir um estado de sujeição consciente. 
Breve síntese
Analisamos três posições filosóficas ao tratarmos da relação entre liberdade e responsabilidade moral, pois somente é responsável quem é livre (ou seja, possui autonomia) para decidir e agir.
	Posição Filosófica
	Noção Conceitual
	Comentário
	Determinismo
	Para o determinismo tudo é causado, não existindo liberdade humana de escolha e, portanto, não haveria sentido em se falar da responsabilidade moral dos homens diante de suas ações, pois eles seriam incapazes de agir de maneira diferente daquela a que são forçados.
	Caso esta perspectiva fosse admitida como verdadeira, admitiríamos que o homem é um mero efeito ou joguete de circunstâncias que determinam seu comportamento.
Esqueceríamos, equivocadamente, a situação do ser humano como alguém que compreende a si mesmo, entendendo o mundo que o cerca e podendo transformá-lo de um modo consciente.
	Liberdade de Escolha
	A liberdade da vontade foge a qualquer determinação causal; como argumentam os partidários desta posição, uma esfera do comportamento humano, especialmente a que diz respeito à moral, estaria livre da “determinação dos fatores causais”
	Mas, seguindo tal perspectiva, esqueceríamos que a decisão e ação de um sujeito alteram e modificam relações causais, obedecendo, também, a determinações internas e externas.
	 
Determinismo-Liberdade
	Supera as lacunas colocadas tanto pelo determinismo como pela liberdade pura de escolha.
	Compreende-se que, mesmo determinado – pelas paixões, como pretende Espinosa, ou pelo movimento dialético de um Espírito objetivado, conforme demonstra Hegel – o ser humano encontra o caminho para ser livre.

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