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Regulação de cálcio e fosfato no líquido extracelular e no plasma
A regulação de cálcio no líquido extracelular é normalmente regulada de forma precisa, uma vez que o cálcio desempenha papel fundamental em muitos processos fisiológicos, incluindo a contração de músculos esqueléticos, cardíacos e lisos; a coagulação sanguínea e a transmissão de impulsos nervosos;
O aumento da concentração de cálcio (hipercalcemia) provoca a depressão progressiva do sistema nervoso, enquanto a diminuição dessa concentração (hipocalcemia) induz à maior excitação desse sistema;
Os ossos podem servir como amplos reservatórios, liberando cálcio em caso de queda da concentração do líquido extracelular e armazenando o cálcio, em caso de excessos;
A concentração de fosfato no líquido extracelular não é tão bem regulada quanto à do cálcio, mas ele também desempenha diversas funções importantes.
CÁLCIO NO PLASMA E NO LÍQUIDO INTERSTICIAL
O cálcio no plasma está presente em três formas. 41% do cálcio encontra-se combinado a proteínas plasmáticas e não são difusíveis. 9% do cálcio é difusível através da membrana dos capilares, mas estão combinados a substâncias aniônicas do plasma e dos líquidos intersticiais. Os 50% restantes do cálcio no plasma se apresentam como difusíveis através da membrana dos capilares ionizados;
Esse cálcio iônico é a forma relevante para a maior parte das funções do cálcio no corpo.
FOSFATO INORGÂNICO NOS LÍQUIDOS EXTRACELULARES
O fosfato inorgânico no plasma se encontra, em grande parte, sob duas formas: e ;
Quando a quantidade total do fosfato no líquido extracelular aumenta, também se eleva a quantidade de cada um desses dois tipos de íons fosfato;
Quando o pH do meio extracelular fica mais ácido, ocorre declínio e aumento relativos no e , respectivamente, enquanto ocorre o oposto quando esse meio fica alcalino.
EFEITOS FISIOLÓGICOS NÃO ÓSSEOS DAS ALTERAÇÕES DAS CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO E FOSFATO NOS LÍQUIDOS CORPÓREOS
A variação de fosfato no líquido extracelular não provoca efeitos imediatos importantes sobre o organismo;
Até leves aumentos ou quedas do íon cálcio no líquido extracelular podem causar efeitos fisiológicos extremos e imediatos;
A hipocalcemia ou hipofosfatemia crônicas reduzem intensamente a mineralização óssea.
A hipocalcemia causa excitação do sistema nervoso: o sistema nervoso fica progressivamente mais excitável, por isso leva ao aumento da permeabilidade da membrana neuronal, permitindo o desencadeamento natural de potenciais de ação. Em concentrações 50% abaixo do normal, as fibras nervosas periféricas ficam tão excitáveis, a ponto de induzir descargas espontâneas, desencadeado impulsos nervosos, que são transmitidos até os músculos esqueléticos periféricos, provocando a contração muscular tetânica, e pode causar, ocasionalmente, crises epilépticas;
A hipercalcemia deprime o sistema nervoso e a atividade muscular: o sistema nervoso fica deprimido e as atividades reflexas do sistema nervoso central são lentificadas, diminui o intervalo QT do coração e provoca falta de apetite e constipação.
ABSORÇÃO E EXCREÇÃO DE CÁLCIO E FOSFATO
Absorção intestinal e excreção fecal do cálcio e fosfato: normalmente, os cátions divalentes, como os íons cálcio, são mal absorvidos pelo intestino, entretanto, a vitamina D promove a absorção de cálcio pelo intestino e cerca de 35% do cálcio ingerido costuma ser absorvido. O cálcio remanescente no intestino é excretado nas fezes. Uma quantidade adicional de cálcio chega ao intestino por meio de sucos gastrointestinais secretados e pelas células da mucosa, assim, aproximadamente 90% da ingestão diária de cálcio é excretada nas fezes. A absorção intestinal de fosfato ocorre com facilidade, quase todo o fosfato da dieta é absorvido para o sangue do intestino e depois é excretado pela urina;
Excreção renal de cálcio e fosfato: aproximadamente 10% do cálcio ingerido é excretado na urina. Cerca de 41% do 
cálcio plasmático está ligado a proteínas plasmáticas e, portanto, não é filtrado pelos capilares glomerulares, o restante é combinado com ânions como fosfato, ou ionizado, sendo filtrado pelos glomérulos para os túbulos renais, que absorvem cerca de 99% do cálcio filtrado, e aproximadamente 90% dele é reabsorvido nos túbulos proximais, nas alças de Henle e nos túbulos distais iniciais. Quando a concentração de cálcio é baixa, essa reabsorção se mostra acentuada, assim, quase nenhum cálcio é perdido na urina; já quando há um aumento na concentração sanguínea de cálcio iônico, eleva-se acentuadamente a excreção desse elemento. O PTH apresenta o fator mais importante responsável pelo controle dessa reabsorção de cálcio, e pelo controle da intensidade da excreção desse elemento. A excreção renal de fosfato, por sua vez, é controlada por mecanismo de transbordamento, ou seja, quando a concentração do fosfato no plasma estiver abaixo do valor crítico, todo o fosfato no filtrado glomerular é reabsorvido, e quando a concentração estiver acima desse valor, a perda do fosfato é diretamente proporcional ao aumento adicional, assim, os rins regulam a concentração do fosfato no líquido extracelular, mediante alteração da excreção desse elemento. O PTH pode aumentar intensamente a excreção de fosfato pelos rins.
Osso e sua relação com o cálcio e o fosfato extracelulares
O osso se compõe por matriz orgânica resistente, fortalecida por depósitos de sais de cálcio
MATRIZ ORGÂNICA ÓSSEA
Apresenta 90 a 95% de fibras colágenas, enquanto o restante corresponde ao meio gelatinoso (substância fundamental);
As fibras colágenas se estendem ao longo das linhas da força de tensão e conferem ao osso sua vigorosa resistência a tração;
A substância fundamental se constitui de líquido extracelular acrescido de proteoglicanos, especialmente sulfato de condrotina e ácido hialurônico, que ajudam a controlar a deposição dos sais de cálcio.
SAIS ÓSSEOS
Os sais cristalinos (hidroxiapatita) depositados na matriz orgânica são basicamente compostos de cálcio e de fosfato;
Os íons magnésio, sódio, potássio e carbonato também estão presentes entre os sais ósseos. Tais íons são conjugados aos cristais de hidroxiapatita;
A deposição de substâncias radioativas no osso pode causar irradiação prolongada dos tecidos ósseos e se quantidade suficiente for depositada, poderá ocorrer o desenvolvimento de sarcoma osteogênico (câncer ósseo).
FORÇA TÊNSIL E COMPRESSIVA DO OSSO
Cada fibra colágena do osso compacto se compõe de segmentos periódicos, onde os cristais de hidroxipatita se situam adjacentes a cada seguimento, unidos firmemente a ela. Essa união evita o “cisalhamento” do osso, ou seja, impede o deslocamento dos cristais e das fibras colágenas;
Os segmentos de fibras colágenas adjacentes se justapõem, provocando a sobreposição dos cristais de hidroxipatita como espécies de tijolos empilhados em um muro;
As fibras colágenas do osso, semelhantes às dos tendões, têm muita força tênsil, enquanto os sais de cálcio apresentam grande força compressiva.
PRECIPITAÇÃO E ABSORÇÃO DE CÁLCIO E FOSFATO NO OSSO – EQUILÍBRIO COM OS LÍQUIDOS EXTRACELULARES
A hidroxipatita não precipita no líquido extracelular apesar da supersaturação dos íons cálcio e fosfato: as concentrações dos íons cálcio e fosfato no liquido extracelular são consideravelmente maiores que as necessárias para causar a precipitação da hidroxipatita, mas existem inibidores que evitam tal precipitação, um desses inibidores é p pirofosfato.
Mecanismo de calcificação óssea: o estágio inicial da produção óssea consiste na secreção de moléculas de colágeno (monômeros de colágeno) e da substancia fundamental. Os monômeros de colágeno passam por rápida polimerização, formando fibras colágenas, o tecido resultando se transforma em osteóide. À medida que o osteóide é formado, certa quantidade dos osteoblastos vem a ser encarcerada no osteóide e fica quiescente, nesse estágio, as células recebem o nome de osteócitos. Dentro de alguns dias após a formação do osteóide, os sais de cálcio começam a se precipitar sobreas superfícies das fibras colágenas até formar o produto final, os cristais de hidroxipatita. Os sais iniciais de cálcio a serem depositados não são cristais de hidroxiapatita, mas sim compostos amorfos (não cristalinos). Por meio de um processo de substituição e adição de átomos, ou reabsorção e nova precipitação, esses sais se convertem em cristais de 
hidroxipatita. Certa porcentagem pode permanecer para sempre na forma amorfa, e podem ser absorvidos com rapidez, quando houver necessidade de cálcio extra no líquido extracelular. No momento da formação as fibras colágenas são pré-formadas para provocar a precipitação dos sais de cálcio. Os osteoblastos supostamente também secretam substâncias no osteóide para neutralizar o inibidor, que costuma evitar a cristalização da hidroxipatita. Uma vez que o pirofosfato tenha sido neutralizado, a afinidade natural das fibras colágenas com os sais de cálcio provoca a precipitação.
Precipitação do cálcio em tecidos não ósseos sob condições anormais: ocorre nas paredes arteriais na arteriosclerose, levando as artérias a se transformarem em tubos semelhantes a ossos. Os sais de cálcio frequentemente depositam nos tecidos em processo de degeneração ou nos coágulos sanguíneos antigos. Os fatores inibidores que costumam evitar a deposição dos sais de cálcio desaparecem nos tecidos, permitindo, com isso, a ocorrência da precipitação.
Intercâmbio de cálcio entre o osso e o líquido extracelular: se forem injetados sais solúveis de cálcio por via intravenosa, a concentração de cálcio iônico poderá aumentar imediatamente para níveis elevados, mas dentro de pouco tempo volta ao normal, da mesma forma, se grandes quantidade de cálcio forem removidas dos líquidos corporais circulantes, ela logo voltará aos níveis normais. Esses efeitos se devem à presença de cálcio do tipo intercambiável, o qual está em maior parte nos ossos. A importância do cálcio intercambiável está na provisão de mecanismo rápido de tamponamento para manter a concentração de cálcio iônico nos líquidos extracelulares.
Deposição óssea pelos osteoblastos: o osso passa por deposição contínua de osteoblastos e ininterrupta absorção nos locais onde os osteoclastos estão ativos. Os osteoblastos são encontrados nas superfícies externas dos ossos e nas cavidades ósseas. Ocorre, continuamente, uma atividade osteoblástica em todos os ossos vivos, ocorrendo a neoformação óssea constante.
Absorção óssea – função dos osteoclastos: o osso passa por contínua absorção na presença de osteoclastos, que correspondem a células fagocitárias. Os osteoclastos emitem suas projeções semelhantes a vilos em direção ao osso, formando uma borda adjacente pregueada ao osso, esses vilos secretam dois tipos de substâncias: as enzimas que digerem ou dissolvem a matriz orgânica do osso e os ácidos que provocam a dissolução dos sais ósseos. O PTH estimula a atividade dos osteoclastos, também se liga aos osteoblastos adjacentes, fazendo com que liberem citocinas, que ativa receptores (OPGL) nas células pré-osteoclastos, fazendo com que eles se diferenciem em osteoclastos multinucleados maduros, que liberam as enzimas e ácidos que promovem a reabsorção óssea. Os osteoblastos também produzem um inibidor de osteoclastogênese (OPG), citocina que inibe a ressorção óssea. A OPG se liga ao OPGL para impedi-lo de interagir com esse receptor, inibindo a diferenciação de pré-osteoclastos em osteoclastos maduros que ressorvem o osso.
Deposição e absorção ósseas normalmente estão em equilíbrio
Valor da remodelagem óssea contínua: o osso costuma ajustar sua resistência proporcionalmente à intensidade do estresse ósseo, apresentando espessamento quando submetido a cargas pesadas. Até o formato do osso pode ser reajustado para sustentação apropriada das formas mecânicas pro meio da deposição e ressorção ósseas, de acordo com os padrões de estresse. Como o osso antigo fica relativamente quebradiço e frágil, há necessidade de deposição de nova matriz orgânica, à medida que a matriz orgânica antiga se degenera.
Controle da taxa de deposição óssea pelo estresse ósseo: em certas circunstâncias, o estresse ósseo pode determinar o formato do osso, em contrapartida, ocorre o aumento da absorção óssea na face externa do ângulo onde o osso não está sendo comprimido. Após muitos anos de crescente deposição, na face interna do osso angulado e na absorção na face externa, o osso pode ficar quase retilíneo, especialmente em crianças, devido à rápida remodelagem óssea.
Reparo de fratura ativa nos osteoblastos: a fratura ativa ao máximo todos os osteoblastos periosteais e intraósseos envolvidos na ruptura. Além disso, ocorre a formação de novos osteoblastos de células osteoprogenitoras que correspondem às células-tronco ósseas no tecido superficial de revestimento ósseo, denominado “membrana óssea”. Ocorre então o desenvolvimento de uma protuberância constituída por tecido osteoblástico e matriz óssea recém formada, acompanhado pela deposição de sais de cálcio, essa protuberância é chamada “calo ósseo”. Muitos cirurgiões empregam o fenômeno de estresse ósseo para acelerar a consolidação da fratura.
Vitamina d
Tem potente efeito de aumentar a absorção de cálcio no trato intestinal, alem de apresentar efeitos significativos sobre 
a deposição e a absorção óssea;
Essa vitamina em si não é a substância ativa real indutora desses efeitos, ela deve passar por varias reações no fígado e nos rins antes disso.
O COLECALCIFEROL (VITAMINA D3) É FORMADO NA PELE
A vitamina D3 é o composto mais importante, sendo formada na pele, em consequência da radiação do 7- desidrocolesterol, substância presente nos raios ultravioletas;
A exposição adequada ao sol evita a deficiência de vitamina D;
Os compostos suplementares de vitamina D ingeridos nos alimentos são idênticos ao colecalciferol.
COLECALCIFEROL É CONVERTIDO EM 25-HIDROXICOLICALCIFEROL NO FÍGADO
Esse processo é restrito por 2-hidroxicolecalciferol apresenta efeito inibitório por feedback sobre as reações de conversão;
O mecanismo de feedback regula a concentração de 25-hidroxicolecalciferol no plasma, assim, a concentração de vitamina D3 pode aumentar muito e a concentração de 25-hidroxicolecalciferol permanece quase normal;
Esse alto grau de controle por feedback impede a ação excessiva de vitamina D quando a quantidade de vitamina D3 está muito alterada dentro de ampla faixa;
Essa conversão controlada da vitamina D3 em 25-hidroxicolecalciferol conserva a vitamina D armazenada no fígado para uso futuro;
Uma vez convertida, ela persiste no corpo por apenas uma semana, mas na forma de vitamina D, pode permanecer por muitos meses.
FORMAÇÃO DO 1,25-DI-HIDROXICOLECALCIFEROL NOS RINS E SEU CONTROLE PELO PARATORMÔNIO
É a forma mais ativa de vitamina D;
A vitamina D perde quase toda sua eficácia na ausência dos rins;
Na ausência do paratormônio não ocorre a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol, portanto, o PTH exerce potente influencia na determinação dos efeitos funcionais da vitamina D no organismo.
A CONCENTRAÇÃO DO ÍON CÁLCIO CONTROLA A FORMAÇÃO DE 1,25-DI-HIDROXICOLECALCIFEROL
A concentração plasmática de 1,25-di-hidroxicolecalciferol é inversamente influenciada pela concentração do cálcio no plasma;
O cálcio iônico, por si só, apresenta ligeiro efeito de impedir a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol;
A secreção de PTH é muito suprimida quando a concentração plasmática do cálcio iônico se eleva, portanto, em concentrações de cálcio abaixo desse nível, o PTH promove a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol nos rins. Já em concentrações mais elevadas, o 25-hidroxicolecalciferol é convertido em 24, 25-di-hidroxicolecalciferol, que tem efeito quase nulo sobre a vitamina D;
Quando a concentração plasmática do cálcio já for muito alta, a formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol fica bastante deprimida. A falta disso, por sua vez, diminui a absorção de cálcio pelos intestinos, pelos ossos e pelos túbulosrenais, levando à queda na concentração do cálcio iônico para seu nível normal.
AÇÕES DA VITAMINA D
A forma ativa de vitamina D, o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, apresenta diversos efeitos sobre os intestinos, rins e ossos, como aumento da absorção de cálcio e fosfato para o líquido extracelular e auxilio na regulação dessas substâncias por feedback;
Receptores de vitamina D estão presentes na maioria das células do corpo e estão localizados, principalmente, no núcleo das células alvo. Esse receptor forma complexo com outro receptor intracelular, o receptor retinoide-X, e esse complexo se liga ao DNA e ativa a transcrição na maioria dos casos, porém, em alguns casos, a vitamina D suprime a transcrição;
Efeito "hormonal" da vitamina D para promover a absorção intestinal de cálcio: o 1,25-di-hidroxicolecalciferol atua como um tipo de “hormônio” para promover a absorção intestinal de cálcio. Esse efeito ocorre por meio do aumento da formação de calbindina, proteína ligante o cálcio, nas células epiteliais intestinais, que atua como borda em escova, para transportar o cálcio para o citoplasma celular. A absorção de cálcio é diretamente proporcional à quantidade de proteína ligante, além disso, essa proteína permanece por algumas semanas após a remoção do 1,25-di-hidroxicolecalciferol, induzindo o efeito prolongado de absorção do cálcio. 1,25-di-hidroxicolecalciferol pode ainda 
formar ATPase estimulada pelo cálcio na borda em escova das células epiteliais e fosfatase alcalina nessas células.
A vitamina D promove a absorção de fosfato pelos intestinos: embora o fosfato costume ser absorvido com facilidade, o fluxo desse elemento através do epitélio gastrointestinal é intensificado pela vitamina D. Essa função é resultado do efeito de 1,25-di-hidroxicolecalciferol, mas pode ser secundária à ação desse hormônio sobre a absorção de cálcio, pois esse elemento atua como transporte para o fosfato.
A vitamina D diminui a excreção renal de cálcio e fosfato: essa vitamina aumenta a absorção de cálcio e fosfato pelas células epiteliais dos túbulos renais, e dessa forma tende a diminuir a excreção dessas substâncias na urina;
Efeito da vitamina D sobre o osso e sua relação com a atividade do paratormônio: essa vitamina desempenha papéis relevantes na absorção e deposição ósseas, a administração de quantidades extremas dessa vitamina provoca a absorção do osso. Na ausência dessa vitamina, o efeito do PTH na indução da absorção óssea é bastante reduzido, ou até mesmo impedido. O mecanismo de ação dessa vitamina é resultado do efeito do 1,25-di-hidroxicolecalciferol de aumentar o transporte de cálcio através das membranas celulares. A vitamina D em quantidades menores promove a calcificação óssea, um dos modos de ação dela é o aumento da absorção de cálcio e fosfato pelos intestinos, no entanto, mesmo na ausência desse aumento, a vitamina D é capaz de intensificar a mineralização óssea, o que provavelmente resulta da capacidade do 1,25-di-hidroxicolecalciferol provocar o transporte de íons cálcio através das membranas celulares.
Paratormônio
Representa potente mecanismo para o controle das concentrações extracelulares de cálcio e fosfato, mediante a redução da reabsorção intestinal, da excreção renal e do intercâmbio desses íons entre o líquido extracelular e o osso.
A atividade excessiva da glândula paratireóide provoca rápida absorção de sais de cálcio dos ossos, com a consequente hippercalcemia, de modo inverso, a hipofunção das glândulas paratireóides gera hipocalcemia, muitas vezes com resultante tetania.
ANATOMIA FISIOLÓGICA DAS GLÂNDULAS PARATIREÓIDES
Normalmente existem quatro glândulas paratireóides em seres humanos, situadas atrás da glândula tireóide;
Cada glândula apresenta aspecto semelhante à gordura, de coloração marrom-escura;
A retirada de metade das glândulas paratireóides não costuma provocar grandes anormalidades fisiológicas, todavia, a remoção de três dessas glândulas causa hipoparatireoidismo transitório, mas até mesmo pequena quantidade de tecido paratireóideo remanescente é capaz de apresentar hipertrofia satisfatória, a ponto de cumprir a função de todas as glândulas;
A glândula paratireóide contém basicamente células principais e número pequeno a moderado de células oxifílicas. Acredita-se que as células principais secretem grande quantidade de PTH, se não todo.
EFEITO DO PARATORMÔNIO SOBRE AS CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO E FOSFATO NO LÍQUIDO EXTRACELULAR
O aumento da concentração de cálcio é causado principalmente por dois efeitos do PTH: aumenta a absorção de cálcio e de fosfato a partir do osso e diminui com rapidez a excreção de cálcio pelos rins;
A redução da concentração de fosfato é provocada pelo intenso efeito do PTH em aumentar a excreção renal desse elemento;
O paratormônio aumenta a absorção óssea de cálcio e fosfato: a fase rápida inicia-se em minutos e aumento progressivo por algumas horas, essa fase resulta da ativação das células ósseas já existentes para promover a absorção de cálcio e fosfato (osteólise). A segunda fase é mais lenta e provém da proliferação dos osteoclastos, seguida pela reabsorção osteoclástica acentuada do próprio osso e não meramente da absorção óssea dos sais de fosfato cálcico (ativação dos osteoclastos).
O paratormônio diminui a excreção de cálcio e aumenta a excreção de fosfato pelos rins: a administração e PTH causa a rápida perda de fosfato na urina, devido ao efeito do hormônio em reduzir a reabsorção tubular proximal dos íons fosfato. O PTH também aumenta a reabsorção tubular renal do cálcio, ao mesmo tempo em que diminui a reabsorção de fosfato. Além disso, esse hormônio eleva a reabsorção dos íons magnésio e hidrogênio, enquanto reduz a reabsorção de íons sódio, potássio e aminoácidos do mesmo modo como influencia o fosfato. A absorção elevada de cálcio ocorre nos túbulos distais finais, nos túbulos coletores, nos ductos coletores iniciais e possivelmente na alça ascendente de Henle. Se o PTH não agisse sobre os rins para aumentar a absorção de cálcio, a perda contínua desse mineral na urina 
provocaria sua consequente deleção no líquido extracelular e nos ossos.
O paratormônio aumenta a absorção intestinal de cálcio e fosfato: isso acontece pelo aumento da vitamina D da formação renal do 1,25-di-hidroxicolecalciferol
O monofosfato cíclico de adenosina medeia os efeitos do paratormônio: grande parte do efeito do PTH sobre seus órgãos alvo é mediada pelo mecanismo de segundo mensageiro do monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Dentro de alguns minutos após a administração do PTH, a concentração de AMPc aumenta nos osteócitos, osteoclastos e outras células-alvo. Esse AMPc é provavelmente responsável pela secreção osteoclástica de enzimas e ácidos que causa a reabsorção óssea e a formação do 1,25-di-hidroxicolecalciferol nos rins.
CONTROLE DA SECREÇÃO PARATIREÓIDE PELA CONCENTRAÇÃO DE CÁLCIO IÔNICO
A redução na concentração de cálcio iônico no liquido extracelular faz com que as glândulas paratireóides aumentem sua secreção dentro de minutos. Em caso de persistência do declínio, as glândulas passarão por hipertrofia, como no raquitismo, na gravidez e na lactação;
O aumento da concentração do cálcio iônico provoca a diminuição da atividade e do volume das glândulas paratireóides, como na quantidade excessiva de cálcio na dieta, teor elevado de vitamina D na dieta e absorção óssea causada por outros fatores que não PTH;
Alterações na concentração de íons cálcio no líquido extracelular são detectadas por receptor sensível ao cálcio (CaSR);
O CaSR é receptor acoplado à proteína G, que quando estimulado por íons de cálcio, ativa a fosfolipase C e aumenta o inositol 1, 4,5-trifosfatado intracelular e a formação de diacilglicerol, estimulando a liberação de cálcio dos estoques desse íon, que por sua vez, diminuem a secreção de PTH;
RESUMOA diminuição da concentração de íons cálcio no líquido extracelular inibe essas vias e estimula a secreção de PTH, contrastando com muitos tecidos endócrinos, nos quais a secreção hormonalé estimulada quando essas vias são ativadas.
O PTH estimula a ressorção óssea, levando à liberação para o líquido extracelular;
O PTH aumenta a reabsorção de cálcio e diminui a reabsorção de fosfato pelos túbulos renais, levando à diminuição da excreção de cálcio e ao aumento da excreção de fosfato;
O PTH é necessário para a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol, que por sua vez, aumenta a absorção de cálcio pelo intestino;
Essas ações em conjunto fornecem meios potentes de regulação da concentração do cálcio extracelular.
CALCITONINA
É um hormônio peptídico secretados pela glândula tireóide, tende a diminuir a concentração plasmática do cálcio e, em geral, tem efeitos opostos aos do PTH, no entanto, seu papel nos seres humanos é bem menor que o do PTH e raramente é levado em consideração;
A síntese e secreção de calcitonina ocorrem nas células parafoliculares ou células C, que consistem em apenas 1% da glândula tireóide humana e representam os resquícios das glândulas ultimobranquiais de animais inferiores.
O AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DO CÁLCIO ESTIMULA A SECREÇÃO DE CALCITONINA
O principal estímulo para a secreção da calcitonina é a elevação da concentração de cálcio iônico no liquido extracelular, o que contrasta com a secreção do PTH, que é estimulada pela queda na concentração de cálcio;
Isso gera um segundo mecanismo de feedback hormonal para o controle da concentração plasmática do cálcio iônico, no entanto, esse mecanismo é relativamente fraco e atua de modo oposto ao sistema representado pelo PTH.
A CALCITONINA DIMINUI A CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DO CÁLCIO
O efeito imediato consiste na redução das atividades absortivas dos osteoclastos e possivelmente do efeito osteolítico da membrana osteocítica por todo o osso, desviando o balanço em favor da deposição de cálcio nos cais de cálcio ósseos intercambiáveis;
O segundo e mais prolongado efeito da calcitonina se baseia na diminuição da formação de novos osteoclastos. Além disso, como a ressorção osteoclástica do osso induz a atividade osteoblástica, o declínio na quantidade de osteoclastos é seguido pela queda no número de osteoblastos. O resultado efetivo é a redução nas atividades osteoclástica e osteoblástica, por longo período e, portanto, efeito pouco prolongado sobre a concentração plasmática do cálcio iônico. Ou seja, o efeito sobre o cálcio do plasma é basicamente transitório, durando algumas horas ou alguns dias;
A calcitonina tem efeitos secundários sobre o uso do cálcio nos túbulos renais e nos intestinos.
O FRACO EFEITO DA CALCITONINA SOBRE A CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DO CÁLCIO HUMANO ADULTO
Qualquer redução inicial da concentração de cálcio iônico causada pela calcitonina leva à potente estimulação da secreção do PTH;
Quando a glândula tireóide é removida e a calcitonina deixa de ser secretada, a concentração sanguínea do cálcio iônico não tem alteração mensurável a longo prazo;
A intensidade diária de absorção e deposição do cálcio no adulto é pequena mesmo após o retardo da velocidade de absorção pela calcitonina, isso se reflete como efeito muito leve sobre a concentração plasmática do cálcio iônico;
O efeito da calcitonina em crianças é muito maior, já que a remodelagem óssea ocorre mais rapidamente.
Resumo do controle da concentração do cálcio iônico
O organismo tem uma primeira linha de defesa para evitar grande alteração na concentração de cálcio, antes mesmo que os sistemas de feedback hormonal do PTH e da calcitonina tenham oportunidade de atuação
FUNÇÃO DE TAMPONAMENTO DO CÁLCIO INTERCAMBIÁVEL NOS OSSOS – A PRIMEIRA LINHA DE DEFESA
Os sais de cálcio intercambiáveis nos ossos são compostos de fosfato de cálcio amorfo e CaHP;
Em virtude da facilidade de deposição desses sais intercambiáveis e da sua fácil resolubilidade, o aumento nas concentrações dos íons cálcio e fosfato do líquido extracelular acima dos valores normais provoca deposição imediata do sal intercambiável. Já o declínio dessas concentrações ocasiona a imediata absorção do sal intercambiável;
Quase metade de qualquer excesso de cálcio que apareça no líquido extracelular é removida por essa função de tamponamento em cerca de 70 minutos;
Além da função de tamponamento dos ossos, as mitocôndrias de muitos tecidos corporais, especialmente do fígado e do intestino, contêm quantidade significativa de cálcio intercambiável, o que representa sistema adicional de tamponamento para ajudá-la a manter a constância da concentração de cálcio iônico no líquido extracelular.
CONTROLE HORMONAL DA CONCENTRAÇÃO DO CÁLCIO IÔNICO – SEGUNDA LINHA DE DEFESA
Simultaneamente ao tamponamento, os dois sistemas hormonais representados pelo PTH e pela calcitonina dão início à sua atuação;
Após o aumento agudo da concentração do cálcio iônico, ocorre a diminuição na secreção do PTH e o aumento da calcitonina;
Em animais jovens, a calcitonina provoca a rápida deposição de cálcio nos ossos e talvez em algumas células de outros tecidos;
Em caso de deficiência ou excesso prolongado do cálcio, apenas o mecanismo do PTH parece ser realmente importante na manutenção de concentração plasmática normal dos íons cálcio;
Os ossos constituem um grande reservatório de cálcio que pode ser controlado pelo PTH, contudo, quando ocorre depleção ou saturação de cálcio no reservatório ósseo, o controle da concentração do cálcio iônico extracelular a longo prazo conta quase exclusivamente com as participações do PTH e da vitamina D, para controlar a absorção intestinal e a excreção renal do cálcio.
Fisiopatologia do paratormônio, vitamina d e osteopatia
HIPOPARATIREOIDISMO
Deficiência na secreção de PTH;
Diminuição da absorção óssea de cálcio e pode causar tetania;
A administração de PTH não é eficaz, sendo necessária a administração de altas doses de vitamina D associadas ao cálcio;
HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO
Excesso de PTH causado pelo trabalho excessivo da paratireóide;
Aumento da concentração de cálcio no sangue;
Usualmente provocado por tumor;
Mais comum em mulheres grávidas e lactantes;
Aumenta a atividade dos osteoclastos;
Sintomas de hipercalcemia;
Fraturas;
Formação de cálculos renais;
Envenenamento paratireoideano: ocorre com concentrações muito elevadas de PTH, causa a supersaturação do fosfato de cálcio, que se deposita nos tecidos e causa morte prematura.
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO
Ocorre devido à hipocalcemia;
Aumento de PTH compensatório;
Doença renal crônica;
Deficiência de vitamina D;
Diminuição de 1,25-di-hidroxicolecalciferol
RAQUITISMO/ OSTEOMALÁCIA
Deficiência de vitamina D;
Deficiência na ingestão de cálcio;
Aumento de PTH;
Aumento da atividade osteoclástica;
Atividade osteoblástica compensatória;
Calcificação óssea deficiente;
Enfraquecimento dos ossos;
Doença renal crônica;
Doença celíaca e esteatorréia;
Tratamento: dieta adequada com cálcio e fosfato, suplementação de vitamina D e exposição ao sol.
OSTEOPOROSE
Redução da matriz óssea;
Deficiência de vitamina D;
Deficiência de estrógeno em mulheres;
Geralmente aparece em pessoas de idade avançada;
Síndrome de Cushing.
Maria Clara Tabosa
1O -2017.1	Página 8

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