Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
DPC SEMESTRAL Constitucional Flávio Martins Data: 10/06/2013 Aula 17 DPC SEMESTRAL – 2013 Anotador(a): Tiago Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1) Direitos e garantias fundamentais...continuação DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Direitos fundamentais em espécie: Art. 5º da CF/88 - Direitos individuais e coletivos; Arts. 6º a 11 da CF/88 - Direitos sociais; Arts. 12 e 13 da CF/88 - Direitos de nacionalidade; Arts. 14 a 17 da CF/88 - Direitos políticos e partidos políticos. Art. 5º da CF/88 - Direitos individuais e coletivos: 1) Direito à vida (Art. 5º, caput da CF/88): O direito à vida tem duas acepções: a) Direito de continuar vivo, ou seja, é o direito de não ser morto. b) Direito a uma vida digna. A partir de que momento a vida é protegida? A CF/88 em si nada prevê, porém, o Pacto de São José da Costa Rica protege a vida desde a concepção. Nossa legislação traz proteção ao embrião também (assim como o Pacto de São José), como por exemplo, criminaliza, em regra, o aborto; outro exemplo é a lei dos alimentos gravídicos. A vida não é um direito absoluto: -A CF/88 admite a pena de morte em caso de guerra declarada. -Outro exemplo está no caso de aborto legal (gravidez resultante de estupro ou para salvar a vida da gestante); -“Lei de abate” (Código Brasileiro de Aeronáutica, que permite a destruição de aeronaves hostis). Feto Anencéfalo: Segundo o STF, é possível a interrupção da gravidez do feto anencéfalo. Notar que o STF utilizou o termo “interrupção” e não a palavra “aborto”. Aborto significa aniquilar a vida intrauterina, sendo que, como a vida se configura pela atividade encefálica ativa, o feto anencéfalo não tem vida, possibilitando, portanto, a interrupção da gravidez, que não configura aborto. A decisão do STF foi baseada na dignidade da pessoa humana. 2 de 6 2) Direito à igualdade (Art. 5º, caput da CF/88): Existem duas espécies de igualdade, a formal e a material. Igualdade Formal - consiste em dar a todos o mesmo tratamento. Igualdade Material - consistem em dar aos desiguais um tratamento desigual, na medida da sua desigualdade. Aristóteles foi o primeiro a tratar da igualdade material. No Brasil, o pioneiro foi Rui Barbosa. É a igualdade material que de fato traz justiça no caso concreto, sendo ela a almejada por nossa Constituição Federal de 1988. Exemplos de igualdade material: -Competência por prerrogativa de função; -Imunidade parlamentar (Art. 53 da CF/88). O que são ações afirmativas? São políticas públicas destinadas a dar a certos grupos historicamente desprestigiados, um tratamento diferenciado. Exemplo: O sistema de cotas nos vestibulares e em concursos públicos. Ao analisar o sistema de cotas do vestibular da UnB, o STF declarou constitucional essa ação afirmativa, sendo exemplo de igualdade material. No Art. 5º, I da CF/88 está a igualdade entre homem e mulher. Tal igualdade é material, ou seja, é um tratamento desigual entre homens e mulheres, na medida da desigualdade. Exemplos na CF/88: -Condições para aposentadoria: 35 anos para homens e 30 anos para mulher. -Em tempos de paz, serviço militar obrigatório apenas para os homens. Um exemplo na legislação extravagante está na L 11.340/06 - Lei Maria da Penha - que trata da violência doméstica e familiar contra a mulher. Atentar que o STF, em Fev/2012, por unanimidade, declarou a constitucionalidade da L 11.340/06. 3) Princípio da Legalidade (Art. 5º, II da CF/88): “Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”. O termo “lei” expressa a lei no sentido amplo, ou seja, qualquer ato normativo do poder público. Segundo a doutrina brasileira, o princípio da legalidade tem um tratamento diferente para o Estado e para as pessoas de maneira geral. Para o Estado: O Estado deve fazer apenas o que a lei determina. Para as pessoas em geral: As pessoas podem fazer o que a lei não proíbe. 3 de 6 4) Liberdade de manifestação do pensamento (Art. 5º, IV da CF/88): Essa manifestação do pensamento se dá entre presentes, entre ausentes conhecidos ou entre ausentes desconhecidos. Não é um direito absoluto, tanto que abusos serão punidos, nos termos do Art. 5º, V da CF/88. A CF/88 aponta que é vedado o anonimato quando dessa manifestação do pensamento. Exceção: “Denúncia anônima” - O STF e o STJ admitem a denúncia anônima com reservas. A ação penal não pode ser iniciada exclusivamente com base em denúncia anônima e a interceptação telefônica não pode ser decretada com base apenas em denúncia anônima. 5) Abuso da liberdade de manifestação do pensamento (Art. 5º, V da CF/88): As consequências desse abuso podem ser: -Indenização por dano material e moral; -Direito de resposta, proporcional ao agravo (Aquele que foi ofendido terá direito de se defender no mesmo veículo, no mesmo espaço e com o mesmo tempo. Exemplo: Ofensa em uma página da revista veja, direito de defesa também em uma página na revista veja). Vide caso concreto “direito de resposta Brizola” no Youtube. 6) Liberdade de consciência e crença (Art. 5º, VI da CF/88): Todos podem professar qualquer religião, sendo que é possível não ter religião. Por óbvio, tal direito também não é absoluto, por exemplo, não se admitem sacrifícios humanos. A CF/88 diz que o Brasil é um Estado laico, ou seja, o Brasil não tem religião oficial. Atentar que na CF/1824 o Brasil era um Estado católico, apostólico romano. *A palavra “Deus” no preâmbulo da CF/88 ou nas cédulas de real fere a laicidade do Estado brasileiro? Não. 7) Escusa de consciência (Art. 5º, VIII da CF/88): Diante de uma obrigação a todos imposta - tal como o serviço militar obrigatório para os homens, por exemplo - é possível alegar a escusa de consciência, ou seja, alegar alguma razão religiosa, política ou filosófica para não cumprir a obrigação, sendo que, nesse caso, a pessoa deve cumprir uma prestação social alternativa prevista em lei. Se a prestação social alternativa não for cumprida, o indivíduo terá seus direitos políticos suspensos - isso até que cumpra tal prestação social alternativa. 4 de 6 8) Inviolabilidade do domicílio (Art. 5º, XI da CF/88): “A casa é asilo inviolável do indivíduo...” Segundo o STF, “casa” é a residência, o local de trabalho, o quarto de hotel ou motel ocupado e o trailer. Exceções: -Consentimento do morador; -Flagrante delito; -Desastre; -Para prestar socorro; -Durante o dia, mediante mandado judicial. Entendimento majoritário do termo “Dia” - das 06h00 às 18h00. 9) Inviolabilidade das comunicações (Art. 5º, XII da CF/88): 05 espécies de comunicações: -Correspondência; -Telegráfica; -De dados; -Telefônica. OBS: Por ordem judicial, durante o processo penal ou investigação criminal, é possível a interceptação das comunicações telefônicas e de dados, nos termos da lei (L 9.296/96). Só juiz pode determinar a interceptação telefônica - “Reserva de jurisdição” (Não podem decretar: CPI, promotor, delegado). Não é possível interceptação telefônica no processo civil, no processo administrativo etc, somente no processo penal ou na investigação criminal. 10) Direito de Reunião (Art. 5º, XVI da CF/88): Reunião que pode ocorrer em locais públicos ou abertos ao público. Segundo o STF, a manifestação que defende a mudança da lei de drogas conhecida como “marcha da maconha” é constitucional, ou seja, é um exercício do direito de reunião (O objetivo da reunião deve ser o de pleitear a mudança da lei de drogas, não podendo, portanto, pregar o uso ou usar o entorpecente durante a manifestação). Há certas condições previstas na CF/88: -A reunião deve ter fins pacíficos; -A reunião deve se dar sem armas; -A reunião não pode frustrar outra reunião previamente agendada para o mesmo local; -Não é necessária prévia autorização do Estado, bastando prévia comunicação à autoridade local (Isso para que o Poder Público possa organizar a logística do trânsito etc). Dia e noite 5 de 6 11) Direito de Associação (Art. 5º, XVII a XXI da CF/88): Associação X Reunião: Reunião tem um prazo curto de duração (horas, alguns dias). Já a associação é criada para durar por mais tempo (anos). Requisitos: -Liberdade de associação para fins lícitos; -É vedada a associação de caráter paramilitar (Exemplo concreto seria as Farc na Colômbia); -Para sua criação, não é necessária a autorização estatal; -O Estado não interferirá no seu funcionamento; SUSPENDER as atividades das associações EXTINGUIR as associações Basta decisão judicial. Precisa de decisão judicial transitada em julgado / Irrecorrível. -Ninguém é obrigado a se associar ou a se manter associado; -A associação pode representar seus associados judicial e extrajudicialmente. 12) Direito de propriedade (Art. 5º, XXII e XXIII da CF/88): Como todo e qualquer direito, o direito de propriedade não é absoluto, tanto que a própria CF/88 diz que a propriedade deve cumprir sua função social. Função social da propriedade: -Urbana (Art. 182 da CF/88); -Rural (Art. 186 da CF/88). Função social da propriedade urbana é o respeito ao plano diretor (Lei municipal para disciplinar a ocupação do solo urbano). Função social da propriedade rural envolve: -Uso adequado dos recursos naturais; -Respeito ao meio ambiente; -Respeito aos direitos dos trabalhadores; DESAPROPRIAÇÃO - Art. 5º, XXIV da CF/88 REQUISIÇÃO Art. 5º, XXV da CF/88 É definitiva, ou seja, vale para sempre. É temporária. Cabível em casos de urgência, utilidade pública ou interesse social. Cabível em caso de iminente perigo público. Em regra, a indenização é prévia e justa em dinheiro. A indenização é posterior, se houver dano. 13) Remédios Constitucionais (Art. 5º, LXVIII a LXXIII da CF/88): I) Habeas Corpus (Art. 5º, LXVIII da CF/88); II) Habeas Data (Art. 5º, LXXII da CF/88); 6 de 6 III) Mandado de Segurança (Art. 5º, LXIX da CF/88); IV) Mandado de Segurança Coletivo (Art. 5º, LXX da CF/88); V) Mandado de Injunção (Art. 5º, LXXI da CF/88); VI) Ação Popular (Art. 5º, LXXIII da CF/88).
Compartilhar