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ESTUDO DIRIGIDO PENAL

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FACULDADE APOIO - UNIFASS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
CAROLINE PERTILE
 
 ESTUDO DIRIGIDO
Lauro de Freitas – BA
SETEMBRO, 2016
CAROLINE PERTILE 
ESTUDO DIRIGIDO
 
Trabalho apresentado ao curso de
Bacharelado em Direito da Faculdade
Apoio – UNIFASS, como requisito
Parcial para a obtenção de nota na disciplina DIREITO PENAL lll, regido pelo professor CRISTIANO PEDREIRA
Lauro de Freitas – BA
SETEMBRO, 2016
Art. 130
Objeto Jurídico: a vida e a saúde da pessoa (incolumidade física).
Objeto Material: a pessoa que mantém relação sexual com o agente infectado.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa que esteja infectada para doença venérea (sexualmente transmissível). É crime de mão própria, pois só o agente pode transmitir a doença, não admite a coautoria, embora admita a participação.
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa.
Consumação: Com a relação sexual ou ato libidinoso. Independe se houver contaminação, já que se trata de um crime de perigo.
Tentativa: Admissível.
Classificação: Própria e de mão própria, de forma vinculada, comissivo, instantâneo de perigo abstrato ou de perigo com dolo de dano, plurissubsistente.
Art. 131
Objeto jurídico: A vida e a saúde da pessoa.
Objeto material: A pessoa que sofre o contágio ou risco de contágio.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, desde que esteja contaminada com doença grave. Crime próprio.
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, desde que não seja imune a doença ou já esteja contaminada com a mesma doença.
Elemento subjetivo: dolo de dano direto. Não se admite a modalidade culposa.
Consumação: Com a prática do ato, independente da efetiva transmissão da doença.
Tentativa: Admissível.
Classificação: formal, de forma livre, próprio, comissivo, unis subjetivo, instantâneo, unis subsistente ou plurissubsistente, de perigo com dolo de dano.
Art. 132
Objeto jurídico: A vida e a saúde da pessoa.
Objeto material: a pessoa que sofre a situação de perigo direto e iminente.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: dolo de perigo, direto ou eventual, em relação a pessoa (s) determinada (s). Não admite a modalidade culposa.
Consumação: No momento, em que a vítima fica exposta a perigo concreto.
Tentativa: É possível na modalidade comissiva.
Classificação: formal, de forma livre, comissivo ou omissivo, instantâneo, de perigo concreto, unis subjetivo, unis subsistente ou plurissubsistente, de subsidiariedade expressa.
Art. 133.
Objeto jurídico: A vida, a saúde e a segurança da pessoa.
Objeto material: a pessoa abandonada.
Sujeito Ativo: Só pode ser praticado por quem têm a vítima sob seu cuidado, guarda vigilância ou autoridade (crime próprio).
Sujeito Passivo: É a pessoa incapaz (deve haver uma especial relação de assistência entre o agente e a vítima). A incapacidade pode ser permanente (exemplo: doentes mentais ou físicos e idosos) ou eventual. Exemplo: pessoa embriagada.
Elementos Subjetivos: Dolo de perigo, direto ou eventual. Não se admite a modalidade culposa.
Consumação: com o abandono, independentemente do resultado naturalístico, desde que a vítima seja submetida à situação de risco concreto.
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria. Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Conceito. Constitui forma privilegiada em relação ao tipo do art. 133, pois, aqui, o sujeito ativo é a própria mãe, que age impelida pela necessidade de resguardar sua própria honradez, ocultando o nascimento de uma criança capaz de lhe proporcionar grave constrangimento no seu meio social, seja qual for a causa (gravidez extramonial, adulterina ou incestuosa, por exemplo).
Objetividade jurídica. A incolumidade pessoal e segurança do recém-nascido.
Sujeito Ativo. Trata-se de crime próprio, pois só quem é mãe pode cometê-lo ou, excepcionalmente, o pai (no caso de filho adulterino ou incestuoso), posição que é bastante controvertida. Contra ela se levantam, por exemplo, Euclides Custódio da Silveira, Celso Delmanto, Cezar Bitencourt. São a favor Magalhães Noronha, Mirabete e Damásio de Jesus.
Pergunta inquietante: a prostituta pode ser sujeito ativo do crime de abandono de recém-nascido? NÃO, porque, pela sua qualidade, o nascimento de um filho não acarreta qualquer constrangimento; não tendo, assim, caráter desonroso.
Sujeito Passivo. O recém-nascido, havendo controvérsia quanto ao limite de tempo para o fim de considerar recém-nascido. Afirma Hungria: “o limite de tempo da noção de recém-nascido é o momento em que a délivrance se torna conhecida de outrem, fora do círculo da família”. Magalhães Noronha opina com a expressão ”poucos dias”. Flamínio Fávero considera até sete dias; Fragoso, trinta dias; Mirabete e Damásio, até a queda do cordão umbilical.
Tipo objetivo. Expor significa remover a vítima para local diverso daquele onde é assistido (Damásio); abandonar é omitir-se na prestação de assistência. Alguns entendem, como Delmanto, que se tratam de expressões sinônimas. Para Magalhães Noronha é redundância. Mirabete, mais pragmático, afirma que o legislador procurou apenas evitar dúvidas. Trata-se de crime de perigo concreto, exigindo demonstração de que a vítima ficou exposta a um perigo plausível, capaz de comprometer a saúde ou a vida, por lapso de tempo considerável.
Formas qualificadas. São as formas preterdolosas, nas quais decorre a morte ou lesão grave do recém-nascido (§ 1º e 2º).
Tipo subjetivo: Vontade de expor ou abandonar recém-nascido, ciente da obrigação de garante e do perigo à sobrevivência da vítima. É dolo direto e específico, onde o fim especial de agir, que configura o chamado elemento normativo da conduta, e a ocultação da desonra própria. No concurso de terceiro, há coautoria ou participação, pois, as circunstâncias elementares do tipo são comunicáveis.
Consumação e tentativa. A consumação ocorre no momento do abandono, ou seja, quando a vítima fica efetivamente exposta ao perigo. É crime instantâneo, que só admite tentativa na forma comissiva.
Conflito aparente de normas. Homicídio e infanticídio: o primeiro exige o dolo de dano enquanto no abandono o dolo é de perigo. Inexistindo o elemento subjetivo do injusto (ocultação da desonra própria), não havendo relação de parentes (pai/mãe) ou não sendo recém-nascido, ocorre o abandono de incapaz. Também não se confunde com crimes contra a assistência familiar (art. 244 e 247), onde o abandono é moral, e não físico. 
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, socorro à autoridade competente. Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.
Conceito. Trata-se da obrigação moral de amparo e proteção aos mais fracos erigida à condição de dever legal. Na tipificação, estão previstas duas condutas: deixar de prestar assistência e não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Objetividade Jurídica. Vida e incolumidade física do indivíduo, mediante a tutela da sua segurança.
Sujeito ativo. Qualquer pessoa, existindo ou não vínculo jurídico anterior entre os sujeitos. Se há essa vinculação, configura-se um dos tipos anteriores. Normalmente, há proximidade entre autor e vítima, mas pode ocorrer a omissão se o agente estiver distante da vítima (médico que toma conhecimento de pessoa ferida, necessitando de cuidados, mas não presta assistência). O autor não pode ser responsável pela situação de perigo. Não comete o crime quem fere alguém, seja culposamente ou com animus necandi ou laedendi, deixando-o privado de socorro. No caso, responderá por lesão corporal ou homicídio, doloso ou culposo (aqui, a omissão qualifica o delito art. 121, § 4º e 129, § 7º).
Sujeito passivo. a) criança abandonada ou extraviada: é a vítima das figuras precedentes ou a criança que se perdeudos pais ou responsáveis; b) pessoa inválida: quem por motivo de doença, deficiência, senilidade, embriaguez, etc., não tem forças para conjurar o perigo. c) pessoa ferida: alguém lesionado, física ou psiquicamente, mesmo sem gravidade. A vítima deve estar desamparada, incapacitada para valer-se a si mesma, necessitando de auxílio, sendo irrelevante seu consentimento.
Tipo objetivo. É crime omissivo puro, realizável por duas condutas: 1) deixar de prestar assistência, quando seja possível fazê-lo sem risco pessoal. O dever de assistência é limitado pela possibilidade e capacidade do sujeito ativo, apuráveis caso a caso; 2) não pedir socorro à autoridade pública. O agente não escolhe entre prestar socorro ou pedir auxílio: essas condutas são ditadas pelas circunstâncias. O pedido de socorro (ao delegado de polícia, pronto-socorro, corpo de bombeiros, etc.) só é admitido quando o agente, por si próprio, não tem condições de prestar socorro, por estar acima de sua capacidade. Não se exige ao sujeito arriscar sua vida ou integridade pessoal, podendo eventualmente configurar-se o estado de necessidade. É comum, nos delitos automobilísticos, alegar temor de linchamento como justificativa da omissão. Isso deve ser demonstrado e provado em cada caso. Se várias pessoas estiverem em condições socorrer, a ação de uma desobriga as demais.
Elemento subjetivo. Dolo de perigo, direto ou eventual. Está implícito o elemento subjetivo do tipo, que aé a intenção de se omitir, tendo consciência do perigo a que fica exposto o sujeito passivo em razão dessa omissão.
Consumação e tentativa. O crime se consuma no momento em que o agente deixou de agir quando devia, diante da situação de perigo para a vítima e das condições que permitiriam o socorro sem risco pessoal. A consumação é instantânea. O retorno do agente ao local, prestando o socorro exigido pela situação de perigo não elide a tipicidade. Sendo crime omissivo puro, não cabe tentativa.
Formas qualificadas. Dispõe o parágrafo único: “a pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte”. Para que a pena seja agravada, é necessário demonstrar que o resultado não ocorreria e o agente tivesse prestado o socorro. Evidenciado que tal resultado ocorreria independentemente da diligência empregada pelo autor, não se aplica a qualificadora. É bastante discutida a omissão quando a vítima falece instantaneamente após um atropelamento.
Conflito aparente. Havendo dever jurídico do agente em cuidar da vítima, poderá ocorrer outro crime, como o homicídio, as lesões corporais culposas ou abandono de imcapaz.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para o fim de educação, ensino tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena – detenção, de 02 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa. § 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 2º. Se resulta morte: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. §3º. Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos. ”
Conceito. Trata-se de delito de ação múltipla, pois há várias maneiras de cometê-lo: privação de alimentos ou de cuidados, sujeição a trabalho excessivo ou abuso dos meios de correção e disciplina. Algumas dessas formas não prescindem de habitualidade para sua configuração.
Objetividade Jurídica. Tal como nos artigos precedentes, tutela-se a incolumidade física da pessoa humana (vida e saúde), que não deve ficar exposta a perigo. O ECA criou duas figuras penais muito parecidas, além de criar a figura qualificada do § 3º. (arts. 232 e 233, da Lei 8.069 –ECA).
Sujeito Ativo. Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por parte de quem tenha autoridade, guarda ou vigilância sobre a vítima. É mister a existência de prévia relação jurídica de natureza subordinante entre agente e vítima, podendo essa relação ser natureza civil ou administrativa. Exs. Pais, tutores, curadores, professores, patrões enfermeiras, carcereiros, etc. Essa subordinação deve estar ligada a atividades educativas, tratamento ou custódia.
Sujeito Passivo. Quem está sob autoridade, guarda ou vigilância do autor: filhos, pupilos ou curatelados, discípulos, empregados, enfermos, presos, etc. A mulher não pode ser vítima desse crime, uma vez que esta sempre estará subordinada ao agente, para fins de educação (atividade docente para aperfeiçoar a capacidade individual), ensino (no sentido restrito do termo, ou seja, educação básica), tratamento (cuidados médicos ou responsabilidade pela subsistência da vítima) ou custódia (detenção física da vítima, autorizada na lei).
Tipo objetivo. Crime de ação múltipla, admitindo várias formas de cometimento. Maus tratos são condutas que expõem a vida e a saúde da vítima através de uma das formas previstas no tipo, a saber:
a) privação de alimentos ou cuidados indispensáveis. Exige reiteração de conduta;
b) sujeição à trabalho excessivo ou inadequado;
c) abuso dos meios de correção ou disciplina
Tipo Subjetivo. Exclusivamente doloso, exige a vontade deliberada e consciente de praticar qualquer uma das ações descritas no tipo. Não há vontade de lesionar, mas apenas o dolo de perigo, consubstanciado na consciência do agente de estar expondo sua vítima à probabilidade concreta de um dano físico ou psicológico.
Consumação e Tentativa. Consuma-se o crime quando presente a situação de perigo. Trata-se de perigo concreto, que deve ser aferido em cada caso. Algumas modalidades exigem reiteração de conduta; outras, basta uma só ação para configurar o crime. Admite-se a tentativa nas formas comissivas.
Excludente de criminalidade. Estado de necessidade: a jurisprudência tem admitido a exclusão de crime quando os pais humildes necessitam trabalhar, deixando filhos amarrados ou presos dentro de casa. 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Objeto Jurídico: Com o fim de tutelar ordem pública e coibir sua perturbação, assim como preservar a incolumidade da pessoa, o Código Penal descreve a figura da rixa, que se caracteriza quando há uma briga, um entrevero desordenado envolvendo três pessoas ou mais, em que não é possível distinguir as condutas dos participantes. 
Sujeito Ativo e Sujeito Passivo: Por pressupor uma agressão mútua, recíproca e indefinida entre os participantes, eles todos são simultaneamente sujeitos ativos e passivos do crime.
Elemento Subjetivo: Exige-se o animus rixando. A voluntária participação na contenda caracteriza o dolo do sujeito na prática do crime, não havendo sanção àquela praticada culposamente.
Consumação e tentativa: Diz-se inviável a tentativa por se considerar que a conduta e o evento exaurem-se simultaneamente.
Rixa Qualificada: Apesar de a norma dispensar, na definição do crime, a individualização das condutas dos contendores, trata de dar pena mais severa para hipóteses extremas nas quais a violência resulta em lesão corporal grave ou morte de qualquer dos envolvidos (crime preterdoloso).

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