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A educação indígena

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA 
 
 
 
 
 
 
CRISTIANE COLODEL 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO INDÍGENA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2011 
CRISTIANE COLODEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO INDÍGENA 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado para avaliação parcial na disciplina 
de Estrutura e Funcionamento da Educação Básica, sobre 
a educação indígena no Brasil – conceito, características, 
histórico, evolução e legislação. 
Profª: Drª Anita Henriqueta Kubiak Tozetto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2011 
SUMÁRIO 
 
A educação indígena ................................................................................................ 3 
1 – Conceito ............................................................................................................. 3 
2 – Histórico e evolução ........................................................................................... 3 
3 – Características ................................................................................................... 4 
4 – O currículo da educação escolar indígena ......................................................... 5 
5 – Formação de professores para a educação indígena ........................................ 7 
6 – Legislação .......................................................................................................... 8 
Considerações finais .............................................................................................. 11 
Referências ............................................................................................................ 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
A educação indígena 
1 – Conceito 
A educação indígena se caracteriza pelos processos tradicionais de aprendizagem 
de saberes e costumes característicos de cada etnia. Estes conhecimentos são 
ensinados de forma oral no dia-a-dia, nos rituais e nos mitos. Entretanto, várias 
etnias indígenas têm buscado a educação escolar como um instrumento de redução 
da desigualdade, de firmação de direitos e conquistas e de promoção do diálogo 
intercultural entre diferentes agentes sociais (GONÇALVES & MELLO, 2009). 
As lideranças indígenas distinguem a educação indígena da educação escolar: a 
educação indígena é responsável pela aquisição das tradições, costumes e saberes 
específicos da tribo, da etnia a qual o indivíduo pertence; já a educação escolar 
complementa os conhecimentos tradicionais e garante o acesso aos códigos 
escolares não-indígenas. Além disso, a formação da consciência da cidadania, a 
capacidade de reformulação de estratégias de resistência, a promoção de suas 
culturas e a apropriação da estruturas da sociedade não-indígena e a aquisição de 
novos conhecimentos úteis para a melhoria da condição de vida dos índios fazem 
parte das pautas relativas à educação escolar indígena (GONÇALVES & MELLO, 
2009). 
 
2 – Histórico e evolução 
Antes da formulação de leis que tratam oficialmente da educação escolar indígena, 
em meados do século XVI, a mesma era oferecida pelos jesuítas, pautada na 
catequização, civilização e integração forçada dos índios à sociedade nacional. Este 
sistema educacional negava a identidade indígena e tentava transformar os índios 
em seres diferentes do que eram (FAUSTINO, [201-?]). 
As políticas públicas para a educação escolar indígena tiveram início com a 
Constituição Federal de 1988, que estabeleceu uma nova postura de 
reconhecimento e valorização dos povos indígenas (BRASIL, 2010). A política 
integracionista da nova Constituição começou a reconhecer a diversidade das 
sociedades indígenas que havia no país, mas apontava como objetivo o fim desta 
diversidade. Pensava-se em uma escola para índios que promovesse a 
homogeneização da sociedade brasileira, transmitindo os conhecimentos 
valorizados pela sociedade de origem europeia. As línguas indígenas eram 
4 
 
consideradas apenas um meio de facilitar a tradução e a aquisição dos 
conhecimentos dos conteúdos valorizados pela cultura nacional vigente (MEC, 
1998). 
Em 1991, a educação indígena deixou de ser responsabilidade da FUNAI 
(Fundação Nacional do Índio), e passou a ser responsabilidade do MEC (Ministério 
da Educação). Em 1993, o MEC criou o Comitê de Educação Indígena, composto 
por representantes de alguns povos indígenas, e também criou as Diretrizes Para a 
Política Nacional de Educação Indígena (FAUSTINO, [201-?]). 
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) garantiu o direito dos indígenas à 
educação diferenciada, e em 1998, foi elaborado o Referencial Curricular Nacional 
para as Escolas Indígenas (RCN/I) (FAUSTINO, [201-?]). 
Somente em 1999 é que o Conselho Nacional de Educação criou as Diretrizes 
Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena, com a preocupação de 
manter a diversidade cultural dos índios, tendo como políticas a afirmação das 
identidades étnicas, a recuperação das memórias históricas e a valorização das 
línguas e conhecimentos dos povos indígenas (BRASIL, 2010). 
 
3 – Características 
A Constituição Federal assegura às comunidades indígenas o direito de uma 
educação escolar diferenciada e a utilização de suas línguas maternas e processos 
próprios de aprendizagem. A partir da constituição de 1988, os índios deixaram de 
ser considerados grupos em extinção e passaram a ser reconhecidos como grupos 
étnicos diferenciados e com o direito de manter sua organização social, costumes, 
línguas, crenças e tradições (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-
AMERICANOS, 2003). 
A educação indígena é bilíngue - em português e na língua materna -, é 
preferencialmente ministrada por professores indígenas, em escolas indígenas nas 
próprias aldeias e os programas curriculares são definidos pela própria comunidade. 
Isto possibilita que o ensino escolar preserve as particularidades socioculturais de 
cada etnia (GONÇALVES & MELLO, 2009). 
O MEC (1998) define como características principais da educação indígena: 
comunitária, pois é “conduzida pela comunidade indígena, de acordo com seus 
projetos, suas concepções e seus princípios” (p. 24); intercultural, “Porque deve 
5 
 
reconhecer e manter a diversidade cultural e linguística; promover uma situação de 
comunicação entre experiências socioculturais, linguísticas e históricas diferentes, 
não considerando uma cultura superior à outra; estimular o entendimento e o 
respeito entre seres humanos de identidades étnicas diferentes” (p. 24); 
bilíngue/multilíngue porque “a reprodução sociocultural das sociedades indígenas 
são, na maioria dos casos, manifestados através do uso de mais de uma língua” (p. 
25); especifica e diferenciada, porque concebida e planejada como reflexo das 
aspirações particulares do povo indígena e com autonomia em relação a 
determinados aspectos que regem o funcionamento e orientação da escola não-
indígena” (p. 25). 
 
4 – O currículo da educação escolar indígena 
O currículo da educação escolar indígena é subdivido entre seis áreas de estudos, 
sendo elas: Línguas, Matemática, História, Geografia, Ciências Naturais, Arte e 
Educação Física, e seis temas transversais, que são: Auto sustentação; Ética 
Indígena; Pluralidade Cultural; Direitos, Lutas e Movimentos; Terra e Preservação da 
Biodiversidade; Educação Preventiva para a Saúde (PRADO, 2000). 
 
 
O objetivo do estudo das Línguas na escola indígena tem como objetivo 
desenvolver o respeito e o conhecimento sobre a diversidadelinguística existente 
em um país tão grande como o Brasil, que tem a língua portuguesa como língua 
oficial, mas que também possui 180 diferentes línguas indígenas, possui a língua 
brasileira de sinais (LIBRAS), possui inúmeras variantes linguísticas dentro da 
mesma língua portuguesa oficial, que sofre as influências dos grupos formadores de 
cada região, como os imigrantes europeus, asiáticos, africanos. Assim, o 
desenvolvimento da consciência da variedade linguística existente no nosso país é o 
objetivo principal do estudo das línguas no currículo indígena (MEC, 1998). 
6 
 
No estudo da Matemática, são três os objetivos principais. O primeiro, enfatizado 
pelos povos indígenas, é a situação de contato entre os índios e a sociedade mais 
ampla, de forma que a Matemática permita um melhor entendimento do “mundo dos 
brancos” por parte dos índios, o que busca garantir relações mais igualitárias, além 
de ajudar na elaboração de projetos nas comunidades indígenas que colaborem 
com a auto sustentação. O segundo é reconhecer a maneira específica que cada 
sociedade tem de contar e manejar quantidades. Por fim, o terceiro é a necessidade 
de conhecimentos matemáticos para a compreensão de outras áreas de estudo 
(MEC, 1998). 
 O ensino escolar de História para os povos indígenas tem por objetivo a 
oportunidade da valorização da história do próprio povo, das suas narrativas 
históricas e das relações entre a história das sociedades como um todo e a história 
daquele determinado povo. Além disso, promove a reflexão acerca do processo 
histórico de formação das características atuais dos povos indígenas (MEC, 1998). 
A disciplina de Geografia na educação escolar indígena permite 
 
“conhecer e explicar o mundo por meio do estudo do espaço 
geográfico levando em conta o que se vê - as paisagens; o que se 
sente e com que a pessoa se identifica - os lugares; e o que são 
referências significativas para os povos e os indivíduos, para 
conviver, trabalhar, e produzir sua cultura - os territórios.” (MEC, 
1998, p. 227) 
 
Além disso, o ensino de Geografia pode também contribuir para a luta contra os 
preconceitos e em favor do sentimento de pluralidade (MEC, 1998). 
No ensino das Ciências Naturais, procura-se levar os índios a compreender a 
lógica, os conceitos e princípios da Ciência ocidental, para que possam dialogar em 
condições de igualdade com a sociedade e, além disso, usufruir dos recursos 
tecnológicos ocidentais importantes para a garantia da sua sobrevivência física e 
cultural. O ensino de Ciências também pode contribuir para que os povos indígenas 
compreendam melhor as transformações do mundo pelo ser humano, pelo efeito dos 
avanços tecnológicos e científicos e as suas aplicações (MEC, 1998). 
O ensino de Arte, respeitando-se as características da arte indígena, faz com que 
aumente o sentimento de pertencimento do índio ao seu povo e auxilia na 
construção de identidades. A compreensão das variadas formas de arte de 
diferentes sociedades possibilita trabalhar melhor as diferenças, além de estimular a 
7 
 
compreensão de que todos os seres humanos são capazes de criar, de se 
expressar, de ter emoções (MEC, 1998). 
O ensino de Educação Física nas escolas indígenas é um tema bastante 
controverso. Há vários argumentos contra a implementação desta disciplina, 
alegando que os índios não necessitam de uma disciplina como esta na escola, pois, 
diferente dos “brancos”, os índios costumam praticar atividades físicas e cuidar da 
saúde física do corpo diariamente, seja nas atividades cotidianas, seja nos rituais 
específicos. Portanto, é um direito das escolas indígenas ter o ensino de Educação 
Física nas escolas, mas não dispõe de obrigatoriedade; a decisão da 
regulamentação da disciplina na escola cabe à comunidade indígena. Os 
argumentos a favor do ensino de Educação Física são: a atração que os índios têm 
por certos esportes desenvolvidos na disciplina, e que não fazem parte da cultura 
tradicional indígena, como o futebol, por exemplo; o desenvolvimento de casos de 
sedentarismo, obesidade e até mesmo diabetes, devido à diminuição das reservas 
indígenas e da escassez de caça e pesca, o que diminui as atividades dos índios; a 
possibilidade de transformar atividades relacionadas ao corpo, comuns na cultura 
indígena, em objetos de estudo e reflexão (MEC, 1998). 
 
5 – Formação de professores para a educação indígena 
Até 1998, data de edição dos RCN (referencial curricular nacional) para as escolas 
indígenas, a maior parte dos professores nas escolas indígenas eram índios da 
própria aldeia, mas que não possuíam formação convencional do magistério; 
possuíam os conhecimentos culturais do seu povo, mas seu conhecimento acerca 
da língua portuguesa e das demais áreas consideradas escolares era precário. Por 
outro lado, os professores não-indígenas que atuavam nestas escolas possuíam a 
formação convencional para a docência e o conhecimento escolar necessário, mas 
não possuíam os saberes culturais dos indígenas, o que provoca discussões e 
distorções na proposta da educação intercultural em que se baseia a educação 
indígena (MEC, 1998). 
Hoje, existem cursos para qualificação profissional, que oferecem formação para o 
magistério na educação indígena, com habilitação para a docência de 1ª a 4ª série, 
além dos cursos em ensino superior em Licenciaturas Indígenas, que formam 
8 
 
docentes para atuar no segundo ciclo do ensino fundamental e no ensino médio 
(GONÇALVES & MELLO, 2009). 
 
6 – Legislação 
A Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a educação indígena, oferecendo a 
garantia do ensino escolar indígena na modalidade bilíngue, no art. 210, parágrafo 
2º, que afirma que “O ensino fundamental regular será ministrado em língua 
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas 
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.” 1 
Magalhães (org., 2005) compila o conjunto de leis que regem a educação indígena 
atualmente. Conforme citado por ele, o Decreto nº. 26, de 04/02/91, dispõe sobre a 
educação indígena no Brasil, atribuindo ao MEC a competência sobre a educação 
indígena no país, que até então era de responsabilidade da FUNAI, além de 
determinar às Secretarias de Educação dos estados e municípios responsabilidade 
conjunta ao MEC sobre a educação escolar indígena. 
A Portaria Interministerial MJ e MEC nº 559 de 16/04/91, reforçando as disposições 
da CF de 1988, trata da garantia de oferta da educação escolar indígena de 
qualidade, laica e diferenciada; do ensino bilíngue; da criação de órgãos normativos 
para o acompanhamento e desenvolvimento da educação indígena; dos recursos 
financeiros; da formação de professores capacitados; do reconhecimento das 
instituições escolares; da garantia de continuação dos estudos em escolas comuns 
quando este não for oferecido nas escolas indígenas; da garantia de acesso ao 
material didático; da isonomia salarial entre professores índios e não-índios; e da 
determinação da revisão da imagem do índio, historicamente distorcida, a ser 
divulgada nas redes de ensino. 
Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei nº 
9.394, de 20/12/96, no art. 78, trata da oferta do ensino regular para os povos 
indígenas: 
“Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agencias federais 
de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrado 
de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos 
povos indígenas, com os seguintes objetivos: 
9 
 
I – proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas 
memórias históricas; a reafirmaçãode suas identidades étnicas; a valorização de 
suas línguas e ciências; 
II – garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, 
conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades 
indígenas e não-índias.” 
No art. 79, a LDBEN dispõe sobre o desenvolvimento dos programas educacionais 
indígenas: 
“Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no 
provimento da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo 
programas integrados de ensino e pesquisa. 
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades 
indígenas. 
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos no Plano Nacional da 
Educação, terão o seguintes objetivos: 
I – fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada comunidade 
indígena; 
II – manter os programas de formação de pessoal especializado, destinado à 
educação escolar nas comunidades indígenas; 
III – desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos 
culturais correspondentes às respectivas comunidades; 
IV – elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e 
diferenciado.” 
A resolução CNE/CEB nº 002 de 19/04/99 institui as diretrizes curriculares para a 
formação de professores indígenas para Educação Infantil e paras as séries iniciais 
do Ensino Fundamental, na modalidade normal, a nível médio. 
A resolução CNE/CEB nº 003 de 10/11/99 fixa diretrizes nacionais para o 
funcionamento das escolas indígenas, determinando a localização, a clientela 
exclusivamente indígena, o ensino bilíngue e a autonomia das escolas indígenas na 
sua organização; o respeito pelas particularidades culturais de cada comunidade 
indígena na organização do ensino; a formação específica para os professores; as 
competências de cada entidade governamental sobre a educação indígena. 
10 
 
A lei nº. 10.172, de 09/01/2001 aprova o Plano Nacional de Educação, e, dentro do 
PNE, trata da educação indígena como modalidade de ensino, fazendo 
primeiramente um diagnóstico do histórico da educação indígena, marcada pela 
negação dos direitos e da cultura indígena, afim de fazer com que os índios 
assimilassem a cultura e os costumes que não eram deles; estabelecendo, então, as 
diretrizes para a escola indígena, mantendo o ensino bilíngue, propondo uma escola 
diferenciada e de qualidade, atribuindo o papel da docência preferencialmente aos 
docentes índios e prevendo formação adequada à estes professores; traçando 
objetivos e metas para a educação indígena, que incluíam a atribuição da 
responsabilidade legal sobre a educação indígena aos Estados e municípios, sob o 
financiamento do Ministério da Educação, a adoção das diretrizes curriculares para a 
educação nacional indígena em todo o território brasileiro, disponibilizar, em 10 
anos, o ensino fundamental indígena correspondente ao ensino de 1ª a 4ª séries em 
todo o território nacional, ampliar gradativamente a oferta do ensino escolar indígena 
de 5ª à 8ª séries, seja nas escolas indígenas ou pela integralização dos alunos 
índios às escolas comuns, fortalecer o ensino escolar indígena no país, criar a 
categoria “educação indígena” para garantir os direitos à educação diferenciada 
nesta categoria, assegurar autonomia às escolas indígenas, entre várias outras 
metas, que tratavam principalmente da regulamentação do ensino escolar indígena. 
A Lei nº 11.645 de 10/03/08 veio modificar a lei nº 10.639, que incluía a temática 
“História e Cultura Afro-brasileira” nos currículos escolares, e instituiu a inclusão 
obrigatória da história e cultura indígena no currículo nacional, juntamente com a 
história e cultura afro-brasileira. 
Por fim, o Decreto nº 6.861 de 27/05/09 define a organização do sistema 
educacional indígena no território nacional, determinando a participação da 
comunidade indígena na organização do sistema de ensino, respeitando sua 
territorialidade, suas necessidades e especificidades; definindo os objetivos da 
educação escolar indígena: 
“I - valorização das culturas dos povos indígenas e a afirmação e manutenção de 
sua diversidade étnica; 
II - fortalecimento das práticas socioculturais e da língua materna de cada 
comunidade indígena; 
III - formulação e manutenção de programas de formação de pessoal especializado, 
destinados à educação escolar nas comunidades indígenas; 
11 
 
IV - desenvolvimento de currículos e programas específicos, neles incluindo os 
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; 
V - elaboração e publicação sistemática de material didático específico e 
diferenciado; e 
VI - afirmação das identidades étnicas e consideração dos projetos societários 
definidos de forma autônoma por cada povo indígena.”; 
garantia da autonomia na organização do calendário, de acordo com os costumes 
do povo indígena, independente do ano civil; a valorização da língua materna; 
consolidação do compromisso da União quanto ao apoio técnico e financeiro; 
disposições sobre a formação dos professores indígenas; a produção de material 
didático, respeitando as variantes linguísticas das línguas indígenas e mesmo da 
língua portuguesa; proposta pedagógica articulando atividades escolares com 
projetos de sustentabilidade desenvolvidos de acordo com as necessidades da 
comunidade; disposições sobre a alimentação escolar indígena, a ser planejada de 
forma a respeitar os costumes da comunidade; e a responsabilidade do MEC no 
acompanhamento e avaliação da educação escolar indígena, respeitando-se as 
atribuições dos demais entes federativos. 
Os demais decretos, resoluções e pareceres posteriores apenas dispõem sobre 
pontos específicos do sistema educacional indígena. 
 
Considerações finais 
A trajetória da educação indígena é marcada pelo desrespeito à cultura e aos 
costumes dos índios, pois por muito tempo os povos indígenas foram obrigados a 
negar sua identidade e integralizar-se aos costumes da sociedade branca. 
Nos últimos 20 anos, a educação indígena passou a caminhar sob uma concepção 
mais democrática, que busca valorizar a cultura e a identidade indígena. 
 
Referências 
BRASIL. Sistema Educacional Brasileiro – Educação Indígena. Disponível em 
http://www.brasil.gov.br/sobre/educacao/sistema-educacional-brasileiro/educacao-
indigena, acesso em 13/09/11. 
 
12 
 
FAUSTINO, R. C. Políticas educacionais e educação escolar indígena no 
Paraná. Universidade Federal de Santa Catarina: [201-?]. Disponível em 
http://www.rizoma.ufsc.br/pdfs/936-of10b-st3.pdf, acesso em 13/09/11. 
 
GONÇALVES, E.; MELLO, F. Educação Indígena. Colégio Estadual Wolf Klabin. 
Telêmaco Borba, 2009. Disponível em 
http://estagiocewk.pbworks.com/f/emily+e+fernanda.pdf, acesso em 12/09/11. 
 
MAGALHÃES, E. D. (org). Legislação Indigenista Brasileira e Normas 
Correlatas. 3. ed. Brasília, 2005. 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para escolas indígenas. Brasília: 
MEC/SEF, 1998. 
 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS. Educação Escolar 
Indígena. In: ____. Sistema Educativo Nacional de Brasil. Madrid, 2002. Capítulo 
9, p. 116 – 121. Disponível em http://www.oei.es/quipu/brasil/educ_indigena.pdf, 
acesso em 12/09/11. 
 
PRADO, I. G. A. O MEC e a reorganização curricular. São Paulo em Perspectiva. 
Vol. 14, nº 1, 2000. p. 94 – 97.

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