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Direito Civil Prof. Fabio Figueiredo Matéria: Capacidade Civil / Cessação da Incapacidade / Individualização da Pessoa Natural / Direito e Características da Personalidade / Defeitos do Negócio Jurídico. 15/03/2011 Parte Geral do Direito Civil: Capacidade Civil: Subdivide-se em: - Capacidade de Direito: É a aptidão genérica para ser sujeito de direitos e deveres. Obs.: Se adquire com o nascimento com vida (presença de ar nos pulmões, independentemente se não vier a sobreviver depois). - Capacidade de Fato: Também chamada de capacidade de exercício ou capacidade de gozo, consiste na efetiva capacidade para se exercer direitos e deveres. O Código Civil não determina quem é capaz, mas sim quem é incapaz - absolutamente ou relativamente. Incapacidade Absoluta (Art. 3º, do CC): Art. 3º “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade”. Incapacidade Relativa (Art. 4º, do CC): Art. 4º “São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos”. Obs.: O absolutamente incapaz necessita de representação. Caso não tenha um representante – todos os atos praticados serão considerados nulos de pleno direito. O relativamente incapaz necessita de assistência. Caso não tenha um assistente – todos os atos praticado serão considerados anulaveis. Da Cessação da Incapacidade: A incapacidade do indivíduo pode cessar de maneira: I. Voluntária: Ocorre por autonomia de vontade, quando os pais levam o filho menor entre 16 e 18 anos ao Cartório e promovem a sua emancipação voluntária. Obs.: Na falta de um dos dois genitores, apenas 1 deles poderá executar o ato. Na emancipação voluntária não necessita da oitiva do Ministério Público, nem tão pouco da homologação judicial, salvo se houver discordância entre os pais sobre a emancipação – ocorrerá a cessação da incapacidade por via judicial. II. Judicial: Esta modalidade de cessação ocorre por pleito judicial, razão pela qual ocorrerá a oitiva do Ministério Público e a homologação judicial. A cessação judicial acontece nos casos de: tutela, curatela e diante da discordância dos pais sobre a cessação voluntária. III. Legal: São circunstâncias previstas em lei – casamento (idade núbil - 16 anos), colação de grau em curso de nível superior, emprego público efetivo, economia própria (Art. 5º, do CC). *Cessação Natural da Incapacidade: Aquelas circunstâncias em que o que cessou foi a causa da incapacidade. Ex.: Completou 18 anos, não é mais considerado pródigo etc. Extinção da Personalidade Civil: A extinção da personalidade civil se dá com o advento morte. Individualizaçao da Pessoa Natural: Ocorre por 3 caracteres – nome, estado e domicílio. 1. Nome: O nome do indivíduo é composto por: pré-nome, patronímico, agnome e alcunha. a) Pré-Nome: Pode ser simples ou composto, tendo por finalidade individualizar o sujeito perante a sociedade. b) Patronímico: Vulgarmente chamado de sobrenome, tendo por finalidade individualizar o grupo familiar ao qual o indivíduo pertença. c) Agnome: Tem por finalidade individualizar o sujeito dentro do grupo familiar. Ex.: Junior, Filho, Neto etc. d) Alcunha: É o apelido que também individualiza o sujeito em sociedade. Da Imutabilidade do Nome: O nome é imutável, por força do direito de personalidade. Sendo que, a regra é a imutabilidade, salvo algumas exceções, são elas: 1º Erro gráfico evidente; 2º Exposição ao ridículo; 3º Homonímia; 4º Adoção; 5º Proteção a testemunha; 6º A alteração de estado individualizador familiar (estado civil); 7º Uso prolongado de alcunha (ex.: Xuxa, Pelé); 8º Primeiro ano, após a maioridade civil (é a única exceção que não haverá a necessidade da homologação judicial, ou seja, todas as demais da 1ª exceção até a 7ª há necessidade). 2. Estado Individualizador: pode ser – individual, familiar ou político. a) Individual: Leva em consideração a característica física, alcunha, traços pessoais, retrato falado etc. b) Familiar: Se o sujeito é casado, separado, divorciado, vive em união estavel, ou seja está relacionado ao estado civil. c) Político: Se o sujeito é brasileiro (nato ou naturalizado) ou estrangeiro. 3. Domicílio da Individualização: pode ser – comum (simples e eleição) ou necessário. Domicílio Comum, pode ser: - Domicílio Simples: É estabelecido por 2 aspectos – físico somado ao espiritual. Aspecto Físico: É a efetiva presença do indivíduo no local. Aspecto Espiritual/ “Animus Domicilii”: É a intenção de fixar o domicílio naquele local. - Domicílio de Eleição: Está relacionado com a vontade das partes em eleger o foro de uma comarca “x”, para dirimir as dúvidas de um contrato. Isto não significa que as partes morem no local do foro eleito. Domicílio Necessário/Legal: Imposto por lei, sujeito para os seguintes indivíduos: I – Servidor Público – Domicílio: Repartição em que trabalha; II – Militar – Domicílio: Circunscrição, onde serve as forças armadas; III – Marítimo (marinheiro) – Domicílio: Local aonde o navio está matriculado (e não ancorado); IV – Preso – Domicílio: Local aonde ele estiver cumprindo pena. V – Incapaz – Domicílio: Do tutor ou curador. Obs.: São circunstâncias impostas por lei aos indivíduos mencionados acima, considerando-se domicílio necessário, enquanto que o domicílio legal seria destinado para aqueles indivíduos que nao tem um domicílio fixo ou possui diversos domicílios, considerando nesta ocasião domicílio o local em que ele for encontrado. Obs.:Bens Imóveis: Um bem é imóvel quando não pode ser mover sem prejuízo da substância, do seu valor econômico ou da sua utilidade. Observa-se que este conceito é o que confere a imobilidade dos bens imóveis pela sua natureza. São considerados imóveis, por determinação legal. Quanto aos Navios e Aeronaves: Ambos são bens móveis, tendo como garantia a realização de hipoteca, conforme previsto no Art. 1.473, do CC cumulado com Art. 138, do Código Brasilerio de Aeronáutica. Conclui-se portanto que eles são imobilizados para o fim exclusivo de hipoteca, uma vez que podem ser dados em garantia, através da matrícula. Art. 1.473. “Podem ser objeto de hipoteca: VI - os navios; VII - as aeronaves”. Art 138. “Poderão ser objeto de hipoteca as aeronaves, motores, partes e acessórios de aeronave, inclusive aquelas em construção. § 1º Não pode ser objeto de hipoteca, enquanto não se proceder à matrícula definitiva, a aeronave inscrita e matriculada provisoriamente,salvo se for para garantir o contrato, com base no qual se fez a matrícula provisória. § 2º A referência à aeronave, sem ressalva, compreende todos os equipamentos, motores, instalações e acessórios, constantes dos respectivos certificados de matrícula e aeronavegabilidade. § 3º No caso de incidir sobre motores, deverão eles ser inscritos e individuados no Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição da hipoteca, produzindo este os seus efeitos ainda que estejam equipando aeronave hipotecada a distinto credor, exceto no caso de haver nos respectivos contratos cláusula permitindo a rotatividade dos motores. § 4º Concluída a construção, a hipoteca estender-se-á à aeronave se recair sobre todos os componentes; mas continuará a gravar, apenas, os motores e equipamentos individuais, se somente sobre eles incidir a garantia. § 5º Durante o contrato, o credor poderá inspecionar o estado dos bens, objeto da hipoteca”. Direito da Personalidade / Tripartição da Personalidade: Constituem o mínimo existencial para o ser humano. Os direitos da personalidade possuem 3 faixas de proteção, são elas: 1º Integridade Física: Comporta a necessidade de proteção: - tutela do próprio corpo; - direito à vida; - direito à alimentos. 2º Integridade Moral: Tudo aquilo que for extrapatrimonial e que não pertencer a integridade física ou a integridade intelectual. Temos a vastidão dos direitos de personalidade: -o nome; -a honra; -o sigilo doméstico; -o sigilo profissional; -a imagem; - a intimidade; -a privacidade; -a imagem genética (DNA). O rol apresentado acima é exemplificativo, uma vez que os direitos que versam sobre a personalidade são inesgotáveis. 3º Integridade Intelectual: Temos 2 ramos do Direito, são eles: I. Direito Empresarial: Propriedade industrial (marca, patentes, modelos de utilidade, desenho industrial, dentre outros). II.Direito Civil: Direito de autor (obras literárias, artísticas, científicas). Características dos Direitos de Personalidade: O direito de personalidade possui características específicas (fundamentais), são elas: 1. Indisponibilidade: O fato de ser indisponível, acarreta em intransmissível, inegociável, impenhorável, incessibilidade etc. 2. Imprescritibilidade: Os direitos de personalidade não se prescrevem, inclusive “post mortem”. 3. Oponibilidade Absoluta: Também conhecida por oponibilidade “erga omnes”. O direito da personalidade é oponível contra todos. Obs.: O examidaor pode apresentar termos diversos dos apresentados acima, p. ex.: direito de personalidade é impenhorável. Os direitos de personalidade são inseparáveis da condição humana. Ex.: É possível vender imagem? Não. Possível é a cessação da exploração econômica da imagem, da privacidade etc. A Lei dos Direitos Autorais 9.610/98 , no Art. 24, VI determina que “é assegurada a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra” (são direitos morais do autor). Portanto, inexiste a compra e venda sobre o direito autoral o que ocorre é a cessão da exploração econômica da obra. Conclui-se que o Direito Autoral visa proteger as obras literárias, artísticas e científicas. Defeitos do Negócio Jurídico: Existem 4 possibilidades distintas de defeito do negócio jurídico, são elas: - Inexistência; - Nulidade; - Anulabilidade; - Ineficácia. Elementos do Negócio Jurídico: Essenciais e Acidentais. Essenciais: - Existência (vontade humana; idoniedade objetiva e finalidade negocial); - Validade (Art. 104, do CC); Acidentais. 1. Da Inexistência: A inexistência não está prevista em lei, uma vez que não cabe à lei tratar daquilo que não existe. Em que circunstâncias um negócio jurídico é inexistente? Resp.: Quando no negócio jurídico faltar vontade humana, idoniedade objetiva ou finalidade negocial. Obs.: Basta estar ausente um destes 3 requisitos, para o negócio jurídico ser considerado inexistente. Observações: - Ausência de Vontade Humana: Não haver vontade (ausência de supressão volitiva) é questão de inexistência, sendo que, vontade viciada é questão de nulidade. - Idoniedade objetiva (inexistência) é diferente de ilicitude (objeto ilícito – este contamina qualquer negócio jurídico). - Finalidade Negocial: (próxima aula)
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