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As políticas públicas de saúde mental no Brasil Prof. Paulo Nascimento Um pouco de história: o louco como oráculo A loucura como possessão demoníaca A Nau dos Loucos (Stultifera Naves) O Hospital Geral de Paris (1656) Phillipe Pinel (1745-1826): O pai da psiquiatria moderna • Na França, Pinel liberta os loucos de Bicêtre dos grilhões e defende sua reeducação através do controle social e, sobretudo, moral. • Na Inglaterra, o principal responsável pela reforma, contemporaneamente a Pinel, é Samuel Tuke, que busca curar os doentes numa casa de campo, livre de grades e correntes. História da loucura no Brasil: O Alienista (1882) O modelo hospitalocêntrico de tratamento • Exige o isolamento do louco de seu convívio social e familiar. • Ampla utilização da laborterapia. • A palavra do louco é confiscada, imperando a palavra do saber psiquiátrico sobre ele. • Infração histórica de direitos humanos. A eletroconvulsoterapia e A lobotomia A importância de Franco Basaglia (1924-1980) • Basaglia propunha não somente a erradicação dos manicômios na Itália, o que começa a ocorrer a partir de 1973, como também a desconstrução dos saberes, práticas e discursos psiquiátricos. • Basaglia questiona os diagnósticos clínicos, enxergando neles um “profundo significado discriminatório”. Um esquizofrênico rico, internado em clínica particular, recebe um prognóstico diferente de um esquizofrênico pobre, encaminhado a um hospital psiquiátrico. A luta antimanicomial no Brasil • No Brasil a luta antimanicomial ganhou força no final da década de 1970, com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). • Os serviços extra-hospitalares começaram a se concretizar no começo da década de 1990. • A reforma psiquiátrica foi consolidada como política oficial do SUS na III Conferência Nacional de Saúde Mental em Brasília (2001). • Além da expansão dos CAPS (em 2010 eram mais de 1,5 mil espalhados pelo país), é importante citar ainda a abertura de residências terapêuticas, ambulatórios, centros de convivência e hospitais de semi-internação. Cronologia resumida da luta antimanicomial no Brasil • 1978 – I Congresso Nacional do MTSM. • 1987 – II Congresso Nacional do MTSM. • 1987 – I Conferência Nacional de Saúde Mental. • 1987 – Surgimento do primeiro CAPS no Brasil (São Paulo). • 1989 – O dep. Fed. Paulo Delgado dá entrada no PL que regulamenta a SM no Brasil. • 1992 – Começam a ser aprovadas as leis acerca dos serviços substitutivos no campo da SM. • 2001 – É sancionada a lei Paulo Delgado (Lei 10.216). • 2004 – Primeiro Congresso Brasileiro dos CAPS. • 2011 – A portaria 3.088 institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. Evolução anual do número de CAPS Dois movimentos simultâneos desse período A construção de uma rede de atenção à saúde mental substitutiva ao modelo centrado na internação hospitalar. A fiscalização e redução progressiva e programada dos leitos psiquiátricos existentes. A importância dos conceitos de rede e de território • A rede de atenção à Saúde Mental no Brasil é componente do SUS – Portaria nº 3.088/2011. • São componentes da rede: CAPS, ambulatórios de saúde mental e hospitais gerais, residências terapêuticas, centros de convivência, etc. • Uma rede se conforma na medida em que são permanentemente articuladas outras instituições, associações, cooperativas e variados espaços das cidades. • Trabalhar no território significa assim resgatar todos os saberes e potencialidades dos recursos da comunidade, construindo coletivamente as soluções, a multiplicidade de trocas entre as pessoas e os cuidados em saúde mental. O que é um CAPS Centro de Atenção Psicossocial • Funções dos CAPS: Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos. Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais. Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. Organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios. Os tipos de CAPS • CAPS I • CAPS II • CAPS III • CAPSad CAPS AD III • CAPSi • Os CAPS se diferenciam pelo porte, capacidade de atendimento, clientela atendida e organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios brasileiros. CAPS I • Menor porte. • Municípios com população entre 20 mil e 50 mil habitantes. • Equipe mínima de 9 profissionais (superior e médio). • Atende a usuários com transtorno mental severo e persistente. • Acompanha 240 pessoas por mês. CAPS II • Médio porte. • Municípios com população maior que 50 mil habitantes. • Equipe mínima de 12 profissionais (superior e médio). • Atende a usuários com transtorno mental severo e persistente. • Acompanha 360 pessoas por mês. CAPS III • Grande porte. • Municípios com população acima de 200 mil habitantes. • Equipe mínima de 16 profissionais (superior e médio). • Atende a usuários com transtorno mental severo e persistente (realiza internações curtas). • Acompanha 450 pessoas por mês. • Funciona 24 horas por dia e 7 dias por semana. CAPSad • Municípios com população maior que 200 mil habitantes, municípios fronteiriços ou na rota do tráfico de drogas, ou em cenários epidemiológicos importantes. • Equipe mínima de 13 profissionais (superior e médio). • Atende pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. • Acompanha 240 pessoas por mês. CAPSi • Municípios com população maior que 200 mil habitantes. • Equipe mínima de 11 profissionais (superior e médio). • Atende a crianças e adolescentes com transtornos mentais. • Acompanha 180 crianças e adolescentes por mês. Programa de Volta para Casa • Criado pela lei federal 10.708 (2003), seu objetivo é contribuir efetivamente para o processo de inserção social das pessoas com longa história de internações em hospitais psiquiátricos. • Os beneficiados recebem auxílio-reabilitação no valor de R$ 240,00 mensais. • Para receber o auxílio-reabilitação, a pessoa deve ser egressa de Hospital Psiquiátrico ou de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, e ter indicação para inclusão em programa municipal de reintegração social. As residências terapêuticas • São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, egressas de hospitais psiquiátricos ou não. • Funções principais: Garantir o direito à moradia de pessoas egressas de hospitais psiquiátricos. Auxiliar em seu processo de reintegração à comunidade. Deve acolher, no máximo, até 8 moradores e um cuidador(a). Cada RT deve estar referenciada a um CAPS. O desafio dos manicômios judiciários • No ordenamento jurídico brasileiro, as pessoas com transtornos mentais que cometem crimes são consideradas inimputáveis, isto é, isentas de pena. • Estes hospitais, não sendo geridos pelo Sistema Único de Saúde, maspor órgãos da Justiça, não estão submetidos às normas gerais de funcionamento do SUS. • O grande desafio da reforma psiquiátrica é tratar o louco infrator fora do manicômio judiciário, na rede SUS extra-hospitalar de atenção à saúde mental, especialmente nos CAPS. Centro Psiquiátrico Judiciário Pedro Marinho Suruagy Av. Frei Damião de Bozano, 1618-2442 - Cidade Universitária, Maceió - AL Hospitais Psiquiátricos de Maceió • Portugal Ramalho – Farol • José Lopes – Bebedouro • Miguel Couto – Bebedouro • Ulisses Pernambucano – Mutange • Pedro Marinho Suruagy – Cidade Universitária
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