Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundamentos de economia Pedro Nakashima06/06/2016 Fundamentos de economia Profº Pedro Nakashima Cálculo - Funções Fundamentos de economia Pedro Nakashima 2/2006/06/2016 Intuitivamente, a palavra função evoca uma ideia de dependência. Quando se diz que a área de um quadrado é função de seu lado, que a estatura de uma criança é função de sua idade ou que a quantidade demandada de uma mercadoria é função de seu preço, o que se pretende dizer é que a área do quadrado depende de seu lado, a estatura da criança depende de sua idade e a quantidade demandada da mercadoria depende de seu preço. Funções – ideia intuitiva Fundamentos de economia Pedro Nakashima 3/2006/06/2016 Essas sentenças podem também ser expressas em símbolos que, pela comodidade de uso, se tornaram universais. Assim, chamando por A a área do quadrado e por L seu lado, a dependência será expressa por A = f(L) ou A = A (L), símbolos que afirmam que A é função de L. Como A depende de L, A é chamada variável dependente e L variável independente. Da mesma forma pode-se escrever simbolicamente E = f(i) para dizer que a estatura E é função da idade i ou q = f(p) para dizer que a quantidade demandada q de uma mercadoria é função de seu preço p. Funções – ideia intuitiva Fundamentos de economia Pedro Nakashima 4/2006/06/2016 1. Escreva funções, descrevendo os seguintes fatos: a) Receita R de um comerciante que vende a quantidade variável q de mercadorias ao preço unitário de R$ 50,00. R = 50q b) Salário mensal y de um operário que ganha R$ 3.300,00 fixos mais R$ 15.00 por hora extra. sabendo que o número x de horas extras varia todo mês. Y = 3.300 + 15x Funções – ideia intuitiva - Exercícios Fundamentos de economia Pedro Nakashima 5/2006/06/2016 2. Um vendedor ambulante compra objetos ao preço unitário de R$ 15,00 e vende cada unidade a R$ 25,00. a) Expresse seu custo diário C em função da quantidade comprada q. C = 15q b) Expresse sua receita diária R em função da quantidade vendida q, que se supõe igual à quantidade comprada. R = 25q c) Expresse seu lucro diário L em função da quantidade q. L = 10q d) Qual o lucro do vendedor por unidade vendida (Lucro Unitário, Lu, ou Lucro Médio, Lme)? Lme=10 Funções – ideia intuitiva - Exercícios Fundamentos de economia Pedro Nakashima 6/2006/06/2016 Chama-se função do conjunto A no conjunto B uma relação f entre os elementos do conjunto A e os elementos do conjunto B que faz corresponder a cada elemento de A um único elemento de B. Funções – conceito matemático O conjunto A é chamado domínio da função e o conjunto B é chamado contradomínio da função. Como a definição não obriga que todos os elementos de B sejam atingidos pela função, o conjunto dos elementos atingidos chama-se imagem de A pela função f ou simplesmente imagem da função. Se A e B são conjuntos de números reais, tem-se uma função de variável real a valores reais. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 7/2006/06/2016 Intuitivamente, diz-se que uma função y = f(x) é contínua num ponto x0 de seu domínio quando, atribuindo a x valores "próximos" de x0, obtêm-se para y valores "próximos" de f(x0) Funções – Características – Função Contínua e Descontínua Uma função é contínua quando é contínua em todos os pontos do seu domínio. Isto quer dizer que o gráfico da função não apresenta saltos em pontos que pertencem ao domínio da função. A função que não é contínua diz-se que é descontínua. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 8/2006/06/2016 À esquerda, o gráfico de uma função contínua e, à direita o gráfico de uma função descontínua. Funções – Características – Função Contínua e Descontínua Só tem sentido dizer que uma função é contínua (ou descontínua) em pontos que são do seu domínio. A função y=1/x, por exemplo, cujo gráfico se apresenta à esquerda, é contínua em todo o domínio, pois, embora seu gráfico apresente um salto n ponto x=0, esse ponto não pertence a seu domínio. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 9/2006/06/2016 Uma função y = f(x) é limitada superiormente se existe algum valor L, chamado limitante superior, que não é superado por nenhum valor da função, isto é, para o qual se tem f(x) ≤ L, qualquer que seja x. O valor L deve pertencer ao contradomínio da função, mas não obrigatoriamente à imagem da função. Funções – Características – Função Limitada Exemplo: Seja a função Receita (R) de uma empresa, em que a variável x é a verba gasta em propaganda: Nesta função (gráfico à esquerda), existe, por exemplo, o valor L = 10, que não é superado por nenhum valor da função. Então, 10 é um limitante superior da função. Existem outros, como 20, por exemplo. O menor dos limitantes superiores, no caso o valor 10, é chamado supremo da função. Indica-se o supremo por Sup. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 10/2006/06/2016 Uma função y = f(x) é limitada inferiormente se existe algum valor I, chamado limitante inferior, que seja menor ou igual a qualquer outro valor atingido pela função, isto é, se f(x) ≥ I para qualquer valor de x. O valor I deve pertencer ao contradomínio de f, embora possa não pertencer à sua imagem. O maior dos limitantes inferiores é chamado ínfimo da função. Indica-se o ínfimo por Inf. Funções – Características – Função Limitada Exemplo: Seja a função Custo Médio (CMe) de uma empresa, em que a variável q é a quantidade produzida: A função não atinge valores menores do que 20. (a função só é definida para q > O). Então 20 é um limitante inferior da função, que nem sequer é atingido. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 11/2006/06/2016 Observa-se que, de acordo com as definições dadas, os limitantes inferior e superior não precisam ser únicos e podem ou não ser atingidos pela função. No entanto, o supremo e o ínfimo são únicos, embora também não precisem obrigatoriamente pertencer à imagem. Se pertencerem à imagem, serão respectivamente o máximo e o mínimo absolutos da função, conceitos que serão abordados ainda neste item. Funções – Características – Função Limitada Uma função é limitada quando é limitada inferior e superiormente. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 12/2006/06/2016 Uma função y = f(x) é crescente se, atribuindo a x valores crescentes, se obtêm para y valores também crescentes. Exemplos: Funções – Características – Função Crescente e Decrescente Na Figura 1.17, se forem atribuídos a x acréscimos iguais, obtêm-se para y acréscimos também iguais. Diz-se, então, que essa função cresce a taxas constantes. (= Função linear) Na Figura 1.18, acréscimos iguais em x acarretam acréscimos crescentes para y. Essa função cresce a taxas crescentes. (= Função convexa = Função c/ concavidade voltada p/ cima) Na Figura 1.19, acréscimos iguais em x acarretam acréscimos decrescentes para y e a função cresce a taxas decrescentes. (= Função côncava = Função c/ concavidade voltada p/ baixo) Fundamentos de economia Pedro Nakashima 13/2006/06/2016 Uma função y = f(x) é decrescente se, atribuindo a x valores crescentes, se obtêm para y valores decrescentes. Exemplos: Funções – Características – Função Crescente e Decrescente Na Figura 1.20, se forem atribuídos a x acréscimos iguais, obtêm-se para y decréscimos também iguais. Diz-se, então, que essa função decresce a taxas constantes. (= Função linear) Na Figura 1.21, acréscimos iguais em x acarretam decréscimos decrescentes para y. Essa função decresce a taxas decrescentes. (= Função convexa = Função c/ concavidade voltada p/ cima) Na Figura 1.22, acréscimos iguais em x acarretam acréscimos decrescentes para y e a função decresce a taxas crescentes. (= Função côncava = Função c/ concavidade voltada p/ baixo) Fundamentos de economia Pedro Nakashima 14/2006/06/2016 Uma função pode não ser crescente (ou decrescente) em todo o seu domínio, tendo intervalosem que cresce e intervalos em que decresce, apresentando, então, máximos ou mínimos locais, conforme o caso. Diz-se que o ponto x0 é ponto de máximo local (ou ponto de máximo relativo) de uma função y = f(x) se o valor assumido pela função no ponto x0 for maior do que qualquer outro valor assumido pela função em pontos de seu domínio que estejam numa vizinhança de x0 , isto é, para qualquer x nessas condições tem-se f(x0) > f(x). Nesse caso, f(x0) é chamado valor máximo local ou simplesmente máximo local. Analogamente, x0 é ponto de mínimo local (ou relativo) de y = f(x) se, para qualquer x do domínio da função que esteja na vizinhança de x0 , tem-se f(x0) < f(x). Nesse caso, f(x0) é chamado mínimo local. Não se deve confundir máximo local ou relativo com máximo absoluto, que é o maior valor assumido pela função em todo o seu domínio. Da mesma forma, mínimo absoluto é o menor valor assumido pela função no seu domínio. Exemplo: Funções – Características – Máximos e mínimos de uma função Fundamentos de economia Pedro Nakashima 15/2006/06/2016 A figura acima representa uma função y = f(x), que tem, no intervalo de zero a dez, suposto seu domínio, três pontos de máximo local: x = 2, x = 5 e x = 9 e dois pontos de mínimo local: x = 3 e x = 7. Embora tenha vários pontos de máximo local e mínimo local, o ponto de máximo absoluto x = 5 é único. Nesse ponto, a função assume seu maior valor, Y = 4. A função tem também um único ponto de mínimo absoluto que não coincide com nenhum dos pontos de mínimo local. É o ponto x = 10, em que a função assume seu menor valor, y = -3. Funções – Características – Função Crescente e Decrescente Fundamentos de economia Pedro Nakashima 16/2006/06/2016 Os pontos onde a função muda de curvatura e passa de crescente (ou decrescente) a taxas crescentes para crescente (ou decrescente) a taxas decrescentes, ou vice-versa, são chamados pontos de inflexão da função. Funções – Características – Função Crescente e Decrescente Os pontos x = 1 e x = 2, da figura à esquerda, são pontos de inflexão. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 17/2006/06/2016 Exemplo (função demanda q= -5p + 100): Em q = -5p + 100, tem-se q = f(p), onde q é função explícita de p. Pode-se também escrevê-la na forma F(x,y) = O, onde q é função implícita de p, como 5p+q-100=0. Funções – Características – Função inversa Se uma expressão da forma F(x,y) =0, além de representar uma função da forma y = f(x), puder também representar outra função da forma x = g(y), diz-se que as funções f e g são inversas ou que g é inversa de f, e representa-se g por f-1, que é a notação comum para a função Inversa. Podemos também escrever p = -q/5 + 20, situação em que temos p = f-1(p), onde p é função explícita de q. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 18/2006/06/2016 Funções – Características – Função inversa Nem toda função é inversível. Para que uma função tenha inversa é necessário que sua imagem coincida com seu contradomínio (1) e que elementos diferentes do domínio sejam levados, pela função, a elementos diferentes na É fácil também concluir que os gráficos das funções inversas são simétricos em relação à bissetriz do 1º quadrante do sistema de eixos, pois o que é feito na inversão de funções não passa de uma troca de variáveis, em que a variável dependente passa a ser independente e vice-versa, e a função f-1 traz para o conjunto A os mesmos elementos que a função f levou de A para B. imagem (2), pois, do contrário, a inversa não seria uma função, o que pode facilmente ser constatado por um esquema como o representado na Figura 1.26. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 19/2006/06/2016 Funções – Características – Função composta Muitas vezes uma grandeza variável z é função de outra variável y que, por sua vez, é função de uma terceira variável x. Nesse caso, quando se exprime z como função de x, está-se fazendo uma composição de funções, em que z é função composta de x. Em símbolos, se z = f(y) e y = g(x), então z = f(g(x)) ou, chamando a função composta fg por h, tem-se z = h(x). Para que duas funções possam compor-se é. necessário que a imagem da primeira função esteja contida no domínio da segunda função, pois, caso contrário, a composta não seria uma função. O motivo dessa afirmação pode ser percebido pela simples observação de um esquema como o que está representado na figura acima. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 20/2006/06/2016 Funções – Características – Função composta Exemplo: - O salário y varia com o número x de horas extras de trabalho de um operário. - Quanto maior o salário y, maior poderá ser o consumo C. Podemos exprimir essas relações da seguinte forma: 𝐶 = 0,6𝑦 + 100 e 𝑌 = 3.300 + 15𝑥 Para exprimir o consumo C em função das horas extras x, basta substituir, na função C, o valor de y: 𝐶 = 0,6(3.300 + 15𝑥) + 100 ⇒ 𝐶 = 2.080 + 9𝑥 Observe-se, em outro exemplo, que a composta de uma função com sua inversa (quando existe, é a função identidade. Exemplo: substitua p=-q/5+20 em q=-5p+100 e obtenha q=q. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 21/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 1. Função Demanda. 2. Função Oferta. 3. Função Utilidade. 4. Curva do Orçamento ou Restrição Orçamentária ou Curva de Possibilidades de Consumo. 5. Função de Produção. 6. Curva (fronteira) de Possibilidades de Produção. 7. Função Custo. 8. Função Receita. 9. Função Lucro. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 22/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 1. Função Demanda. Pode-se observar, durante certo intervalo de tempo, em determinado mercado, que a quantidade demandada de uma mercadoria varia com o seu preço, com os preços de outras mercadorias que têm alguma relação com ela, com a renda ou o gosto do consumidor disposto a adquiri-la ou, ainda, com o menor ou maior impacto que certa propaganda provocou no mercado consumidor. Pode-se restringir, porém, essa observação apenas à variação da demanda em relação ao preço da própria mercadoria, considerando-se a interferência das outras variáveis como constantes. A função Demanda, como relação entre quantidade demandada e preço de uma mercadoria, descreve, então, o comportamento do consumidor que compra mais quando o preço cai e compra menos quando o preço sobe. Essa variação inversa entre preço e quantidade demandada que se observa na função demanda é chamada lei da demanda e caracteriza uma função decrescente. As exceções à lei da demanda são irrelevantes. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 23/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 1. Função Demanda. Continuação. A demanda de uma mercadoria também pode ser expressa como função de outra determinante que não seja o preço da própria mercadoria. Pode-se estar interessado em estudar, por exemplo, a variação da quantidade demandada de uma mercadoria em função do preço de outra mercadoria que lhe seja relacionada (substituta ou complementar). A demanda pode também ser estudada como função da renda do consumidor. Pode-se ainda estar interessado pela função Demanda de um consumidor ou pela função Demanda do mercado, que é a soma das funções Demanda de todos os consumidores da mercadoria considerada. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 24/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 2. Função Oferta. Assim como a demanda, a oferta também pode ser expressa por uma função, relacionando-se preço e quantidade oferecida de uma mercadoria e descrevendo-se, desta vez, o comportamento do produtor. Como no caso da demanda, quando se considera apenas o preço como determinante da quantidade que é ofertada de uma mercadoria, está-se supondo constantes as demais determinantes. A função Oferta é uma função crescente, poisquando o preço sobe, existem mais produtores interessados em colocar no mercado quantidades cada vez maiores de seu produto; quando o preço cai, essa quantidade ofertada diminui. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 25/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções Equilíbrio: Preço de equilíbrio é o preço correspondente a iguais quantidades de demanda e de oferta. A esse preço, os compradores estão dispostos a comprar a mesma quantidade que os vendedores estão dispostos a vender. O preço de equilíbrio pode ser determinado matematicamente como ponto de interseção entre a curva S da oferta e a curva D da demanda. A esse preço pE, as quantidades demandada e ofertada são iguais a qE e são chamadas quantidade de equilíbrio. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 26/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 3. Função Utilidade. A função Utilidade pretende medir a satisfação de um consumidor em função da quantidade consumida de certo bem ou serviço. Naturalmente, como a satisfação é um conceito subjetivo e imensurável, a função Utilidade apenas descreve teoricamente, em números cardinais, aquilo que só poderia ser descrito, na realidade, por meio de comparações. Assim, tem sentido dizer que a satisfação de um faminto é maior quando come três sanduíches do que quando come dois. Parece totalmente teórico, porém, medir com números sua satisfação, dizendo, por exemplo, que sua satisfação é 28 quando come dois sanduíches e aumenta para 37 quando come três. Suponha-se, porém, que o consumidor possa medir numericamente sua satisfação ao adquirir uma unidade de um produto ou receber a prestação de um serviço qualquer. Essa suposição permite idealizar uma função, em que a utilidade U do consumidor depende da quantidade x do bem por ele adquirido ou serviço a ele prestado. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 27/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 3. Função Utilidade. Continuação. Observa-se que a utilidade aumenta quando a quantidade consumida aumenta, tendendo a um ponto de saturação para certa quantidade e depois podendo até diminuir com a quantidade. A função deve, então, crescer a taxas decrescentes, e pode ter um ponto de máximo e depois decrescer. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 28/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 4. Curva do orçamento [ou Restrição Orçamentária do consumidor (terminologia mais comum) ou Curva de possibilidades de Consumo]. Quando se conhecem o orçamento (verba disponível) de um consumidor e os preços dos produtos que pretende comprar, pode-se estabelecer uma relação entre as quantidades desses produtos que podem ser adquiridos por ele com essa verba. Suponha-se que o consumidor tem uma verba V para adquirir os produtos X e Y de preços px e py, respectivamente. As quantidades x e y que podem ser adquiridas a fim de esgotar a renda R estão relacionadas de acordo com a expressão: 𝑝𝑥𝑥 + 𝑝𝑦𝑦 = 𝑅 em que y é função implícita de x. O gráfico que representa essa função tem o nome de Curva do Orçamento, Restrição Orçamentária do Consumidor ou Curva da Possibilidade de Consumo. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 29/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 4. Curva do orçamento [ou Restrição Orçamentária do consumidor (nome mais comum) ou Curva de possibilidades de Consumo]. Continuação. Observe-se, na Curva do Orçamento, que os pontos que estão sobre a reta representam combinações das quantidades x e y que podem ser adquiridas esgotando-se a renda R, e os pontos do interior do triângulo OAB representam combinações de quantidades que podem ser adquiridas sem esgotar a renda R. Os pontos A e B representam respectivamente as quantidades máximas que podem ser adquiridas dos produtos Y e X. A Curva do Orçamento é obviamente decrescente, pois quando se compram quantidades crescentes do produto X, os saldos restantes da verba V serão cada vez menores para a aquisição de unidades do produto Y. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 30/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 4. Curva do orçamento [ou Restrição Orçamentária do consumidor (nome mais comum) ou Curva de possibilidades de Consumo]. Continuação. DESLOCAMENTOS DA RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO CONSUMIDOR Um aumento (redução) da renda disponível acarreta, no gráfico, uma translação para a direita (para a esquerda), passando da posição AB para a posição A'B' (A'B' para AB). Um aumento (queda) do preço do bem X acarreta no gráfico uma aproximação (afastamento) da reta do orçamento em relação ao eixo dos y, mantendo fixo o ponto A de interseção nesse eixo e passando da posição AB para a posição AB' (AB' para AB). O mesmo se dá, em relação ao eixo dos x, quando o aumento (queda) é no preço do bem Y, isto é, o gráfico passa da posição AB para a posição A'B (A'B para AB) Fundamentos de economia Pedro Nakashima 31/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 5. Função de Produção. A função Produção Total ou função Produção dá a quantidade produzida na unidade de tempo como função de um conjunto de fatores, chamados insumos de produção, tais como capital, trabalho, matéria-prima. Naturalmente, pode-se ater à variação da produção como função apenas de um fator, considerando-se fixos os demais. Se q é a quantidade desse insumo utilizado e Pé a quantidade produzida, então P = f(q). A observação dos fatos mostra que a produção cresce quando esse fator cresce e, de acordo com a Lei dos Rendimentos Decrescentes, há uma quantidade decrescente de produção extra quando se adicionam sucessivamente quantidades iguais de um fator de produção. Isso quer dizer que a produção cresce a taxas decrescentes e às vezes passa por um ponto de máximo, ou saturação, e depois decresce. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 32/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 5. Função de Produção. Continuação. O gráfico da função Produção começa na origem, pois P(O) = O. Em geral, a Lei dos Rendimentos Decrescentes começa a vigorar a partir de certo ponto, e é normal, no início da curva, a Produção crescer a taxas crescentes, conforme a ilustração da figura, que mostra três estágios: (1) Cresce a taxas crescentes; (2) Cresce a taxas decrescentes; (3) Decresce. Conhecida a função Produção, pode-se determinar a função Produção (“Produto”) Média dividindo-se a produção total P pela quantidade q de insumo considerado. Assim, a produção média dá a quantidade produzida por unidade de insumo utilizado na produção, isto é, Fundamentos de economia Pedro Nakashima 33/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 6. Curva (“fronteira”) de Possibilidades de Produção. A Curva de Possibilidade de Produção ou Curva de Transformação de Produção é o nome que se dá ao gráfico que representa as combinações possíveis entre as quantidades x e y de dois produtos fabricados por uma firma que usa os mesmos recursos de produção, que são naturalmente limitados. O aumento na quantidade produzida do primeiro produto acarreta redução da quantidade produzida do segundo produto, uma vez que são utilizados os mesmos recursos na fabricação dos dois, e acréscimos iguais na quantidade x produzem decréscimos crescentes em y, pois a concentração de recursos em um só produto é cada vez menos produtiva. Assim, a função representada pelo gráfico decresce a taxas decrescentes, conforme mostra a figura a seguir. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 34/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 6. Curva (“fronteira”) de Possibilidades de Produção. Continuação. Os pontos que estão sobre a curva representam combinações de quantidades x e y que esgotam os recursos destinados à produção, e os pontos interioresà curva representam combinações possíveis, embora com recursos ociosos. Os pontos de interseção com os eixos dos x e dos y representam respectivamente as quantidades máximas x e y que podem ser produzidas de cada um dos produtos. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 35/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 7. Função Custo. A função Custo descreve o custo de produção de determinado bem e varia em função da quantidade produzida desse bem. No custo de produção existe uma parcela fixa Cf, que não depende da quantidade produzida e outra variável Cv, que depende da quantidade produzida. A parcela fixa chamada custo fixo corresponde aos gastos fixos de produção, tais como instalação ou manutenção do prédio. A parcela variável corresponde aos gastos com a produção propriamente dita, isto é, envolve compra de matéria-prima, pagamento de mão-de-obra etc. É chamada custo variável. O custo fixo pode ser considerado como uma função constante, a função Custo Fixo, cujo gráfico é paralelo ao eixo horizontal. O custo variável é função da quantidade produzida. O gráfico dessa função começa na origem, pois não se têm gastos com a produção quando nada se produz. Esses gastos de produção crescem à medida que a produção cresce, o que caracteriza uma função crescente. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 36/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 7. Função Custo. Continuação. A função Custo Total. ou simplesmente função Custo, é a soma das funções Custo Fixo e Custo Variável: C = Cf + Cv Seu gráfico (figura à esquerda) nada mais é do que a translação do gráfico da função Custo Variável para cima, de um número de unidades igual a Cf, pois se obtém Custo Total pela soma ao Custo Variável de uma parcela fixa igual a Cf. A partir da função Custo, pode-se determinar a função Custo Médio ou Custo Unitário, que dá o preço médio de custo ou preço por unidade. A função Custo Médio é obtida dividindo-se a função Custo pela quantidade produzida q: Fundamentos de economia Pedro Nakashima 37/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 7. Função Custo. Continuação. Pode-se observar que quanto maior a quantidade produzida de um bem, menor será seu custo por unidade, o que caracteriza uma função decrescente. Esse custo por unidade não deverá ser menor que certo valor positivo, o que faz com que a função seja limitada inferiormente. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 38/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 8. Função Receita. A função Receita descreve o total bruto recebido pela venda de uma quantidade variável de um produto. Se o preço do produto for FIXO, qualquer que seja a quantidade vendida q, a receita pode ser determinada multiplicando-se o preço unitário fixo p0 pela quantidade q: R = p0 q A função é crescente a taxas constantes e seu gráfico é uma reta que passa pela origem. Nesse caso, a função Demanda será dada pela função Constante: p=p0 e seu gráfico será uma reta paralela ao eixo dos x A função Receita Média ou Receita Unitária, determinada pelo quociente entre a receita e a quantidade vendida, será também constante: 𝑅𝑚𝑒 = 𝑅 𝑞 = 𝑝𝑜 Fundamentos de economia Pedro Nakashima 39/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 8. Função Receita. Continuação. Função Demanda, Função Receita e Função Receita Média para o caso de preço fixo. Função Demanda p Função Receita R Função Receita Média Rme Fundamentos de economia Pedro Nakashima 40/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 8. Função Receita. Continuação. Se o preço for VARIÁVEL, a quantidade demandada (ou vendida) varia com o preço, e a Receita para cada quantidade será obtida como produto do preço, agora variável, pela quantidade correspondente. R = p q Um exemplo numérico certamente elucidará melhor esse caso. Suponha-se uma mercadoria cuja demanda seja dada pela função: Suponha uma mercadoria com função demanda: 𝑞 = − 𝑝 2 + 50 (a demanda inversa é 𝑝 = −2𝑞 + 100) Temos que a Receita a Receita Média serão dadas por, respectivamente: 𝑅 = −2𝑞2 + 100𝑞 e 𝑅𝑚𝑒 = −2𝑞 + 100 = 𝑝 Fundamentos de economia Pedro Nakashima 41/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 8. Função Receita. Continuação. Função Demanda, Função Receita e Função Receita Média para o caso de preço variável. Função Demanda p Função Receita R Função Receita Média Rme Fundamentos de economia Pedro Nakashima 42/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 9. Função Lucro. O lucro é obtido como diferença entre receita e custo. Assim, a função Lucro Total ou simplesmente função Lucro é expressa pela diferença entre as funções Receita e Custo, isto é: O gráfico da função Lucro deve partir do eixo vertical, de um ponto situado abaixo da origem, pois já foi visto que R(O) = O e que C(0) = Cf. Portanto, L (0) = R(0) - C(0) = -Cf. Para preços de custo e de venda fixos, supondo-se que uma mercadoria tem preço de venda superior ao preço de custo, a função é crescente. Seu gráfico será uma reta que corta o eixo horizontal no ponto em que o custo é igual à receita, que faz com que o lucro seja igual a zero. Para preços de venda que variam com a demanda, preços muito altos determinam quantidades demandadas muito baixas, o que acarreta decrescimento da receita e, consequentemente, do lucro. Nesse caso, a função Lucro pode crescer até um ponto de máximo local e depois decrescer. 𝐿 = 𝑅 − 𝐶 Fundamentos de economia Pedro Nakashima 43/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 9. Função Lucro. Os pontos de interseção entre os gráficos das funções Receita e Custo (Figura 1.45) têm o nome de break-even point. Como o lucro é calculado como diferença entre receita e custo, ele será nulo no ponto em que a receita for igual ao custo. Portanto, o break-even point representa um ponto em que o lucro é igual a zero. Exemplo: Imagine o caso de um professor que tirou cópias de apostilas para seus alunos. Gastou R$ 200,00 na digitação, calculou o preço de custo de cada apostila (papel e álcool) em R$ 4,00 e vendeu cada uma por R$ 5,00. Observa-se no custo uma parcela fixa de R$ 200,00 (Custo Fixo, Cf) e uma parcela que depende da quantidade chamada custo variável (Cv) que poderá ser calculada multiplicando-se o custo unitário, R$ 4,00, pela quantidade variável q. Assim, a expressão do Custo Total (C) será: 𝐶 = 200 + 4𝑞 A Receita é calculada multiplicando-se o preço unitário de venda, R$ 5,00, pela quantidade vendida q (suponha-se que todas as apostilas mimeografadas sejam vendidas). Sua expressão será: 𝑅 = 5𝑞 Fundamentos de economia Pedro Nakashima 44/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 9. Função Lucro. Continuação. Exemplo. Continuação: A função Lucro (L) deve descrever o lucro para qualquer quantidade q, isto é, deve ser a diferença entre a receita e o custo para qualquer quantidade q. 𝐿 = 5𝑞 − 200 + 4𝑞 = 𝑞 − 200 O break-even point indica a quantidade mínima de apostilas que deviam ser feitas e vendidas para que o professor não tenha prejuízo, no último caso, 200. Mas se Receita e Custo forem: 𝑅 = −2𝑞2 + 100𝑞 e C = 𝑞2 + 10𝑞 + 375 E o lucro, por consequência: 𝐿 = −3𝑞2 + 90𝑞 − 375 Há dois pontos de break-even respectivamente para q = 5 e q = 25 (para esse valores, o lucro é zero). Quantidades compreendidas entre 5 e 25 produzem um lucro positivo, pois para essas quantidades a receita é maior do que o custo. Quantidades menores do que 5 ou maiores do que 25 fazem com que o lucro seja negativo, pois para esses valores a receita é menor do que o custo. O lucro máximo, L = 300 para q = 15,é representado pelo ponto onde as funções Receita e Custo estão mais distantes entre si (a distância é de 300 unidades). Fundamentos de economia Pedro Nakashima 45/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções 9. Função Lucro. Continuação. Exemplo. Continuação: Observe-se, ainda, que, ao contrário do que acontece com a maioria das funções que descrevem fatos econômicos, a função Lucro tem valores negativos, e tem sentido econômico qualquer valor de L para o qual se tem O ≤ q ≤ 50, no exemplo. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 46/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções. Exercícios. 1. Dadas as funções 𝑞 = 4𝑝 − 3 e 𝑞 = 120 𝑝+10 − 5 , respectivamente oferta e demanda para certo produto, faça seus gráficos no mesmo sistema de eixos e determine o ponto de equilíbrio. 2. O custo unitário de certo produto é 4 e o custo fixo de produção é 30; colocado no mercado, verificou-se que a demanda para esse produto era dada pela relação 𝑝 = 10 − 𝑞 6 : a) Determine as funções Custo (C) e Receita (R) para esse produto e faça seus gráficos no mesmo sistema de eixos. b) Determine a função Lucro e faça o seu gráfico. Observe que o Lucro é zero quando C=R. c) Para que valores de q se tem L ≥ O? d) Determine as funções Receita Média e Custo Médio e faça seus gráficos. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 47/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções. Exercícios. 3. A demanda mensal de manteiga por um consumidor é função de sua renda de acordo com a seguinte expressão: 𝑞 = −40.000 𝑦 + 40 + 500 onde y é a renda em milhares de reais e q é a quantidade de manteiga em gramas. a) Faça o gráfico da função. b) Essa função é crescente ou decrescente? Por quê? A taxas crescentes ou de- crescentes? Por quê? c) Em que ponto corta o eixo horizontal dos y? Qual o significado desse fato? Fundamentos de economia Pedro Nakashima 48/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções. Exercícios. 4. Suponha que um assalariado tenha a seguinte função Consumo: 𝑞 = 0,3𝑦 + 50 onde y representa seu salário mensal em milhares de reais. As constantes 0,3 e 50 chamam- se respectivamente propensão marginal a consumir e consumo autônomo. a) O que representam a propensão marginal a consumir e o consumo autônomo? b) Quem tem uma propensão marginal a consumir maior: uma pessoa de classe socioeconômica baixa que ganha um salário mínimo ou uma pessoa de classe socioeconômica elevada, que ganha 20 salários mínimos? Fundamentos de economia Pedro Nakashima 49/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções. Gabaritos. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 50/2006/06/2016 Alguns modelos econômicos representados por funções. Gabaritos. Fundamentos de economia Pedro Nakashima 51/2006/06/2016 Veras, Lilia Ladeira. Matemática aplicada à Economia. Bibliografia
Compartilhar