Buscar

Prévia do material em texto

Mecaˆnica e Ondas Ano lectivo 2017/2018
TL 4 – Peˆndulo simples
Introduc¸a˜o
Esta experieˆncia tem por objectivo estudar as pequenas oscilac¸o˜es de um peˆndulo. A primeira parte do trabalho
consiste na determinac¸a˜o do per´ıodo de oscilac¸a˜o de um peˆndulo de comprimento fixo atrave´s da medic¸a˜o de
tempos por treˆs processos distintos. A discussa˜o destes processos e a comparac¸a˜o das incertezas associadas
a cada um deles e´ um dos objectivos deste trabalho laboratorial. Na segunda parte do trabalho pretende-
se observar experimentalmente, e quantificar, a influeˆncia do comprimento do peˆndulo sobre o per´ıodo das
oscilac¸o˜es. Finalmente, por comparac¸a˜o dos resultados experimentais com a lei teo´rica, pretende-se realizar
uma estimativa do valor da acelerac¸a˜o da gravidade, g.
Funcionamento
O peˆndulo simples e´ um sistema constitu´ıdo por uma massa m suspensa de um ponto fixo O por um fio
inextens´ıvel de massa despreza´vel face a m.
Descric¸a˜o dinaˆmica
Quando o peˆndulo se encontra imo´vel na posic¸a˜o de equil´ıbrio, as duas forc¸as que actuam sobre a massa m
sa˜o a forc¸a grav´ıtica ~Fg e a forc¸a de tensa˜o do fio ~FT . Sendo ambas verticais e de sentidos opostos, anulam-se
exactamente, como se representa na Fig. 1(a). Quando o peˆndulo e´ deslocado da sua posic¸a˜o de equil´ıbrio,
estas duas forc¸as deixam de se compensar, e a forc¸a resultante ~FR = ~Fg + ~FT actua no sentido de restaurar a
posic¸a˜o de equil´ıbrio, como se representa na Fig. 1(b). Esta forc¸a resultante produz uma acelerac¸a˜o da massa
m de tal modo que ao passar pela posic¸a˜o de equil´ıbrio ela se encontra animada de uma certa velocidade,
continuando, assim, o seu movimento para o lado oposto, onde vai, enta˜o, ficar sujeita a uma forc¸a resultante
de sentido contra´rio que a ira´ fazer parar, e novamente acelerar em direcc¸a˜o a` posic¸a˜o de equil´ıbrio. Observa-se,
assim, que o peˆndulo oscila em torno da posic¸a˜o vertical por acc¸a˜o da forc¸a grav´ıtica e da tensa˜o do fio.
Balanc¸o energe´tico
Quando o peˆndulo, no seu movimento, atinge a ma´xima elongac¸a˜o, fica momentaneamente parado. Nesse
instante possui energia cine´tica zero e uma energia potencial grav´ıtica ma´xima. Em seguida, a` medida que
o peˆndulo vai descendo, a energia potencial vai sendo transformada em energia cine´tica. A velocidade vai
aumentando durante a descida e atinge um ma´ximo no ponto mais baixo da trajecto´ria. Aqui a energia cine´tica
e´ ma´xima e a energia potencial e´ mı´nima. A` medida que o peˆndulo se eleva novamente, na continuac¸a˜o do
seu movimento, a energia cine´tica volta a transformar-se em energia potencial. A velocidade diminui e chega
a zero quando atinge o extremo da elongac¸a˜o, com a energia potencial de novo no seu valor ma´ximo.
Uma pequena quantidade de energia e´ dissipada por acc¸a˜o, entre outros factores, do atrito provocado pela
resisteˆncia do ar enquanto o peˆndulo se move. Isto significa que a amplitude de cada oscilac¸a˜o e´ um pouco
menor do que a anterior.
TL4 - Pag. 2/8 FCUL – DEPARTAMENTO DE FI´SICA
m
?
6
(a)
~Fg
~FT
O
m
A
A
A
A
A
A
A
AAm
?
A
A
A
AAK
����
(b)
~Fg
~FT
~FR
θ
O
m
Figura 1: Peˆndulo simples: (a) na posic¸a˜o de equil´ıbrio, a forc¸a grav´ıtica ~Fg e a tensa˜o do fio ~FT sa˜o verticais
e de sentidos opostos; (b) quando o peˆndulo faz um aˆngulo θ com a vertical, a forc¸a resultante e´ ~FR = ~Fg+ ~FT .
Varia´veis relevantes
De entre as varia´veis relevantes para um estudo completo das oscilac¸o˜es do peˆndulo podemos distinguir as
caracter´ısticas do pro´prio peˆndulo e as associadas ao seu movimento:
comprimento – afecta de forma determinante o per´ıodo de oscilac¸a˜o. Quanto maior for o comprimento,
maior sera´ o per´ıodo.
massa – praticamente na˜o afecta o per´ıodo de oscilac¸a˜o.
amplitude – desde que a amplitude seja pequena, isto e´, dentro da aproximac¸a˜o sen θ ≈ θ, o per´ıodo e´
praticamente independente da amplitude da oscilac¸a˜o.
acelerac¸a˜o da gravidade – responsa´vel pelo movimento do peˆndulo. Num local onde a atracc¸a˜o grav´ıtica
for menor, como na Lua, por exemplo, e´ de esperar que o per´ıodo de oscilac¸a˜o seja maior.
atrito – se o objecto suspenso no fio tiver pequenas dimenso˜es e´ de esperar que o atrito, devido a` resisteˆncia
do ar, seja pouco significativo. Observa-se, neste caso, que o peˆndulo continua a oscilar durante muito
tempo antes de parar, o que significa que somente uma muito pequena quantidade de energia e´ dissipada
em cada oscilac¸a˜o. Um objecto maior e mais leve tera´ o seu movimento consideravelmente mais afectado
pela resisteˆncia do ar.
Na segunda parte deste trabalho centramos a nossa atenc¸a˜o essencialmente na primeira destas varia´veis.
Pretendemos estudar de que modo o comprimento do peˆndulo influencia o per´ıodo de oscilac¸a˜o.
Observe os arcos de circunfereˆncia descritos por dois peˆndulos de comprimentos diferentes, representados na
Fig. 2. Para a mesma amplitude de oscilac¸a˜o, e no ponto mais alto das respectivas trajecto´rias, o peˆndulo
mais comprido tem maior energia potencial, o que significa que a energia cine´tica, e portanto, a velocidade no
ponto central, sera´ maior. No entanto, repare que o arco descrito pelo peˆndulo mais curto tem sempre uma
inclinac¸a˜o maior do que a do arco do peˆndulo mais longo, e esta´ sempre acima deste.
Sabemos que um objecto que se move ao longo de um plano inclinado esta´ sujeito a uma acelerac¸a˜o que e´
tanto maior quanto maior for a inclinac¸a˜o desse plano (a = g senα). O mesmo argumento pode ser aplicado ao
movimento do peˆndulo.1 Quanto maior for a inclinac¸a˜o do arco descrito, maior sera´ a acelerac¸a˜o. Uma maior
acelerac¸a˜o, no caso do peˆndulo mais curto, aliada a um comprimento menor do arco descrito, significa um
tempo menor por cada oscilac¸a˜o. E´ de prever, enta˜o, que o per´ıodo de oscilac¸a˜o aumente com o comprimento
do peˆndulo.
1Note, contudo, que ao contra´rio do plano inclinado, o arco descrito pelo peˆndulo na˜o e´ uma linha recta. O arco tem uma
inclinac¸a˜o ma´xima nos extremos da trajecto´ria e torna-se horizontal ao atingir o centro. A acelerac¸a˜o do peˆndulo vai por isso
diminuir desde um valor ma´ximo nos extremos ate´ zero, no centro.
MECAˆNICA E ONDAS – 2017/2018 TL4 - Pag. 3/8
@
@
@
@
@
@
@
@
@@ m@@@
@@ m
Figura 2: Trajecto´rias de dois peˆndulos de comprimentos diferentes. As amplitudes foram propositadamente
exageradas (relativamente a`quelas que devem ser usadas na experieˆncia) para tornar mais evidente a diferenc¸a
entre os arcos de circunfereˆncia descritos pelos dois peˆndulos.
Equac¸o˜es do movimento
A equac¸a˜o do movimento do peˆndulo, na sua forma vectorial, e´ dada pela lei de Newton:
~FR = ~Fg + ~FT = m~a = m(~at + ~ac) , (1)
onde ~a e´ a acelerac¸a˜o do movimento. A acelerac¸a˜o decompo˜e-se em duas componentes perpendiculares: a
acelerac¸a˜o centr´ıpeta ~ac, que aponta para o centro do arco descrito pelo peˆndulo (o ponto fixo); e a acelerac¸a˜o
tangencial ~at, tangente a` trajecto´ria em cada ponto e sempre dirigida no sentido do ponto de equil´ıbrio do
peˆndulo.
Decompondo a Eq. (1) nestas duas direcc¸o˜es perpendiculares obtemos duas equac¸o˜es escalares para as com-
ponentes da acelerac¸a˜o:
−mg cos θ + FT = mac (2)
−mg sen θ = mat (3)
onde usa´mos |~Fg | = mg, com g a acelerac¸a˜o da gravidade.
A acelerac¸a˜o centr´ıpeta e´ responsa´vel pela mudanc¸a cont´ınua de direcc¸a˜o associada a` trajecto´ria curvil´ınea
(circular) descrita pelo peˆndulo, e na˜o sera´ objecto de ana´lise neste trabalho. A acelerac¸a˜o tangencial e´
responsa´vel pela variac¸a˜o do mo´dulo da velocidade do peˆndulo ao longo do tempo. Uma vez que s = `θ e´ o
comprimento do arco descrito pelo peˆndulo num dado instante, medido a partir da posic¸a˜o de equil´ıbrio, e
v = dsdt e´ a velocidade nesse instante, temos
at =
dvdt
=
d
(
ds
dt
)
dt
=
d
(
`dθdt
)
dt
= `
d2θ
dt2
. (4)
Substituindo esta relac¸a˜o na equac¸a˜o do movimento tangencial, Eq. (3), e apo´s eliminac¸a˜o da massa m, resulta
uma equac¸a˜o diferencial no aˆngulo θ:
d2θ
dt2
+
g
`
sen θ = 0 . (5)
Para aˆngulos pequenos tem-se sen θ ≈ θ (com θ em radiano), o que significa que o movimento de um peˆndulo
que efectue pequenas oscilac¸o˜es pode ser descrito aproximadamente pela equac¸a˜o diferencial:
d2θ
dt2
+
g
`
θ = 0 . (6)
Trata-se da equac¸a˜o de um oscilador harmo´nico, cuja soluc¸a˜o tem a forma simples,
θ(t) = θ0 sen(ωt+ δ) , (7)
TL4 - Pag. 4/8 FCUL – DEPARTAMENTO DE FI´SICA
em que θ0 e δ sa˜o constantes que representam, respectivamente, a amplitude angular das oscilac¸o˜es, e a fase
no instante inicial (t = 0). A frequeˆncia angular das oscilac¸o˜es, ω, depende das caracter´ısticas do sistema,
como podemos observar derivando a soluc¸a˜o e substituindo na pro´pria equac¸a˜o diferencial:
d2θ
dt2
= −ω2θ0 sen(ωt+ δ) = −ω2θ =⇒ −ω2θ + g
`
θ = 0 , (8)
de onde conclu´ımos que
ω =
√
g
`
. (9)
Assim, para o per´ıodo de oscilac¸a˜o, T = 2pi/ω, resulta, nesta aproximac¸a˜o:
T = 2pi
√
`
g
(10)
Conclu´ımos assim que, para pequenas oscilac¸o˜es do peˆndulo, o per´ıodo de oscilac¸a˜o na˜o depende da amplitude
das oscilac¸o˜es, e aumenta com o comprimento do peˆndulo, mas de uma forma na˜o linear.
Para amplitudes mais elevadas, a aproximac¸a˜o dos aˆngulos pequenos na˜o e´ uma boa aproximac¸a˜o. Neste caso,
a soluc¸a˜o exacta da Eq. (5) conduz a uma expressa˜o bastante mais complicada para o per´ıodo de oscilac¸a˜o,
que pode ser escrita sob a forma de uma se´rie de poteˆncias,
T = 2pi
√
`
g
∞∑
n=0
[
(2n)!
(2n · n!)2 sen
n
(
θ0
2
)]2
= 2pi
√
`
g
(
1 +
θ20
16
+ . . .
)
, (11)
em que θ0 e´ a amplitude da oscilac¸a˜o.
Problemas propostos
Cada estudante deve resolver os problemas propostos no Moodle, antes da aula de realizac¸a˜o do trabalho.
Trabalho laboratorial
Material utilizado
Peˆndulo simples de comprimento varia´vel e seu suporte, fita me´trica, craveira, crono´metro manual, crono´metro
automa´tico constitu´ıdo por um sensor o´ptico de passagem (fotoporta) e respectiva interface de aquisic¸a˜o de
dados, computador com programa de aquisic¸a˜o de dados DataStudio—.
Realizac¸a˜o experimental
Registem todas as vossas observac¸o˜es no computador, usando a folha de ca´lculo Excel fornecida. Comecem
por preencher a identificac¸a˜o dos elementos do grupo e guardem imediatamente o ficheiro Excel com o nome
indicado. Ao longo do trabalho va˜o guardando frequentemente as sucessivas alterac¸o˜es no mesmo ficheiro.
A. Medic¸a˜o do per´ıodo de um peˆndulo de comprimento fixo por diferentes me´todos
Montem o peˆndulo com, aproximadamente, 45 cm de comprimento. Registem com rigor o comprimento do
peˆndulo, medido desde o ponto de suspensa˜o ate´ ao centro de massa do objecto na sua extremidade, pois e´ a´ı
que se considera aplicada a forc¸a grav´ıtica. Sugere-se que usem uma fita me´trica para medir o comprimento
do fio, `fio, e uma craveira para efectuar, com maior precisa˜o, as medic¸o˜es necessa´rias para obter a distaˆncia
MECAˆNICA E ONDAS – 2017/2018 TL4 - Pag. 5/8
entre a extremidade do fio e o centro de massa do objecto, dcm. O comprimento do peˆndulo sera´, enta˜o, dado
por ` = `fio + dcm.
Coloquem o peˆndulo a oscilar, largando-o de uma posic¸a˜o que fac¸a um certo aˆngulo (pequeno) com a posic¸a˜o
de equil´ıbrio. A amplitude de oscilac¸a˜o deve ser sempre pequena.
Atenc¸a˜o: Deixem o peˆndulo oscilar va´rias vezes antes de iniciar quaisquer medic¸o˜es de tempo, e verifiquem
se a oscilac¸a˜o ocorre num u´nico plano vertical. Se o peˆndulo descrever uma elipse significa que o largaram
com uma velocidade inicial indevida. Repitam a largada, procurando na˜o imprimir velocidade inicial.
a) Medic¸a˜o de um per´ıodo com um crono´metro manual.
Utilizem um crono´metro para medir o tempo t1 correspondente a uma oscilac¸a˜o completa do peˆndulo (per´ıodo).
Repitam esta medic¸a˜o 12 vezes (4 por cada elemento do grupo, por exemplo). Registem os valores na tabela
da folha “Me´todos”.
Calculem a me´dia e o desvio padra˜o (DP) dos valores observados.
Tendo em conta o nu´mero de observac¸o˜es efectuadas (n = 12, neste caso), calcule o DP da me´dia. Recordem
que o DP da me´dia2 traduz a dispersa˜o das diferentes me´dias que e´ esperado encontrar em repetic¸o˜es sucessivas
da mesma experieˆncia (composta por 12 observac¸o˜es). E´ tambe´m uma estimativa da incerteza associada ao
valor me´dio, ou seja, ao resultado da experieˆncia.
Registem enta˜o o valor experimental do per´ıodo de oscilac¸a˜o, T , e a respectiva incerteza, obtidos por este
me´todo.
b) Medic¸a˜o de 20 per´ıodos com um crono´metro manual.
Realizem e registem 12 medic¸o˜es do tempo, t20, correspondente a 20 oscilac¸o˜es completas.
Calculem a me´dia e o desvio padra˜o da me´dia deste conjunto de 12 medic¸o˜es.
O per´ıodo de oscilac¸a˜o do peˆndulo e´, naturalmente, T = t20/20. Calculem o valor experimental do per´ıodo de
oscilac¸a˜o, T , e a respectiva incerteza, que se obteˆm por este segundo me´todo.
Comparem e discutam os resultados obtidos pelos dois me´todos. Quais sa˜o as principais fontes de incerteza
de cada um deles? Comparem a incerteza dos resultados com o limite superior do erro (LSE) de leitura do
crono´metro.
Qual e´ a melhor estimativa do per´ıodo do peˆndulo que conseguiram obter com estes me´todos manuais?
c) Medic¸o˜es do per´ıodo com um crono´metro automa´tico.
Fixem o sensor o´ptico de passagem e desloquem o pequeno alvo opaco preso ao fio do peˆndulo de modo
que o feixe luminoso seja interrompido quando o peˆndulo se encontra na posic¸a˜o de equil´ıbrio. Uma vez
posto em movimento, o per´ıodo de oscilac¸a˜o do peˆndulo sera´ registado pelo sensor de passagem e visualizado
no computador usando a interface e o programa de explorac¸a˜o DataStudio. Ao iniciar o programa devem
seleccionar o sensor: Photogate and pendulum.
Numa u´nica aquisic¸a˜o de dados, com o programa DataStudio, obtenham os tempos correspondentes a cerca de
10 a 15 oscilac¸o˜es do peˆndulo. Utilizem as ferramentas do programa para determinar o nu´mero de oscilac¸o˜es
n, a me´dia e o DP dos per´ıodos medidos. Registem estes dados.
Tendo em conta o nu´mero de observac¸o˜es efectuadas nesta experieˆncia, calculem o DP da me´dia.
Registem enta˜o o valor experimental do per´ıodo de oscilac¸a˜o, T , e a respectiva incerteza, obtidos por este
me´todo.
Comparem os resultados e as incertezas experimentais obtidos pelo me´todo automa´tico e pelos me´todos ma-
nuais. Qual dos me´todos e´ mais preciso? E qual o menos preciso? Existem razo˜es para suspeitar da presenc¸a
de erros sistema´ticos nalgum dos me´todos?
2Revejam o documento “Medic¸o˜es em F´ısica – Complemento ao Cap´ıtulo 1” dispon´ıvel no Moodle.
TL4 - Pag. 6/8 FCUL – DEPARTAMENTO DE FI´SICA
B. Variac¸a˜o do per´ıodo de um peˆndulo com o seu comprimento
Nas va´rias experieˆncias que realizaram ate´ aqui usaram um peˆndulo com comprimento fixo. Va˜o agora estudar
de que forma o per´ıodo de oscilac¸a˜o depende do comprimento do peˆndulo. Devera˜o, pois, realizar va´rias
experieˆncias com comprimentos diferentes abrangendo uma gama ta˜o alargada quanto poss´ıvel. Comecem
com um comprimento pequeno (15 a 20 cm, por exemplo) e va˜o aumentando ate´ ao ma´ximo que as condic¸o˜es
experimentais permitirem (≈ 1.5 m). Efectuem as medic¸o˜es que lhes parecerem adequadas (10 no ma´ximo)
para determinar com o maior rigor poss´ıvel a func¸a˜o
T = f(`) , (12)
em que T e´ o per´ıodo de oscilac¸a˜o e ` e´ o comprimento do peˆndulo. Registem os valores obtidos na tabela da
folha “Comprimento”.
Representem num gra´fico os pontos experimentais que traduzem esta func¸a˜o. Observem cuidadosamenteo
seu comportamento, e verifiquem que a relac¸a˜o entre T e ` na˜o e´ linear. Se na˜o conseguirem observar no
gra´fico um desvio sistema´tico a` linearidade, isso deve-se provavelmente a terem um nu´mero insuficiente de
pontos experimentais. Se for este o caso efectuem outras medic¸o˜es que abranjam uma gama mais alargada de
valores de `.
Exclu´ıda a hipo´tese de a relac¸a˜o entre T e ` ser linear, a hipo´tese seguinte mais simples a considerar e´ a de
que T seja uma poteˆncia de `, isto e´, uma relac¸a˜o do tipo
T = f(`) = c `µ , (13)
em que c e µ sa˜o constantes.
Uma func¸a˜o do tipo poteˆncia, como esta, representa-se habitualmente num gra´fico em que as escalas de ambos
os eixos sa˜o logar´ıtmicas. Este gra´fico, designado gra´fico log-log, e´ extremamente conveniente pois permite
representar qualquer func¸a˜o do tipo poteˆncia como uma recta. De facto, se aplicarmos logaritmos a ambos o
membros da Eq. (13) obtemos
log T︸ ︷︷ ︸
y
= µ︸︷︷︸
a
log `︸︷︷︸
x
+ log c︸︷︷︸
b
, (14)
que e´ uma relac¸a˜o linear entre o logaritmo de T e o logaritmo de `. Com efeito, representando graficamente
log ` em abcissas e log T em ordenadas, ficamos um gra´fico do tipo y = ax+ b, ou seja, uma recta.
A comparac¸a˜o da equac¸a˜o da recta com a Eq. (14) permite concluir que, neste gra´fico log-log, o declive da
recta, a, representa o valor do expoente µ, e a ordenada na origem, b, representa log c (ver Eq. (13)).
Para representar os dados experimentais de T = f(`) num gra´fico log-log, comecem por calcular o logaritmo
natural3 (func¸a˜o ln do Excel) dos valores de ` e T . Calculem tambe´m a incerteza que afecta os logaritmos,
para assim determinarem o nu´mero de algarismos significativos que devem apresentar na tabela.
Construam o gra´fico log-log dos dados experimentais. Verifiquem que eles se dispo˜em segundo uma recta.
Representem no gra´fico a recta que melhor se ajusta aos pontos experimentais. Os valores do declive e da
ordenada na origem desta recta podem ser obtidos a partir do pro´prio gra´fico, usando a opc¸a˜o de exibir a
equac¸a˜o da recta. No entanto, esta opc¸a˜o simples na˜o permite conhecer a incerteza que afecta os valores
destes paraˆmetros. Para calcular tambe´m a incerteza e´ necessa´rio usar a func¸a˜o matricial linest, que fornece
simultaneamente va´rias informac¸o˜es estat´ısticas acerca do ajuste de um conjunto de valores de x e y a uma
func¸a˜o da forma y = ax + b, pelo me´todo dos mı´nimos quadrados. Usem a func¸a˜o index para isolar os
elementos de matriz (1, 1) e (2, 1) da func¸a˜o linest correspondentes ao declive e sua incerteza.4
Observem o valor obtido para o declive a. Recordem o seu significado em termos da Eq. (13). Discutam
se o valor do expoente µ esta´ pro´ximo do esperado, de acordo com o modelo teo´rico do peˆndulo, traduzido
pela Eq. (10). Os resultados que obtiveram sa˜o compat´ıveis com uma proporcionalidade entre o per´ıodo de
oscilac¸a˜o e a raiz quadrada do comprimento do peˆndulo?
Na folha “Gravidade”, tracem um gra´fico do per´ıodo T em func¸a˜o de
√
` e calculem uma estimativa do valor da
acelerac¸a˜o da gravidade, g, com base no valor experimental do declive da recta resultante e na sua incerteza.
3Poderiam igualmente usar o logaritmo decimal log10 para construir um gra´fico log-log.
4Revejam a lic¸a˜o 11 do Tutorial Excel dispon´ıvel no Moodle.
MECAˆNICA E ONDAS – 2017/2018 TL4 - Pag. 7/8
Comparem o valor experimental assim obtido com o valor adoptado para a acelerac¸a˜o da gravidade padra˜o
(NIST, www.nist.gov): gn = 9.80665 m/s
2.
Identifiquem as principais fontes de erro experimental que podem afectar a vossa estimativa.
Professor responsa´vel:
Edgar Cravo
Fev.2018
N.A.: O autor deste documento na˜o aceita as normas do Acordo Ortogra´fico de 1990. EC.
TL4 - Pag. 8/8 FCUL – DEPARTAMENTO DE FI´SICA
Anexo
ID
Mecânica e Ondas TL4 2017/2018
Comecem por seleccionar a vossa turma e grupo e escrever os vossos nomes
Em seguida gravem este ficheiro no computador com o nome indicado:
Turma Grupo Nomes
2 1
Me´todos
Tempo de 1 
oscilação
Tempo de 20 
oscilações
Man1 Man2 Auto
# t1 (s) # t20 (s) 0 0 0
± 1 ± 1 ± ± 0 0 0
2 2 0 0 0
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
11 11
12 12
n: n:
t̅2 ̅0 ̅ (s): t̅1 ̅ (s):
s(t20 ) (s): s(t1 ) (s): 
s( t̅2 ̅0 ̅) (s): s( t̅1 ̅) (s):
Comentários ou observações
Cronómetro automático Visualização gráficaMedição do período com um cronómetro manual
Comprimento do 
pêndulo
ℓ (cm)
Período do pêndulo
T (s)
Período do pêndulo
T (s)
Nº de medições, n:
Média, t̅1 ̅ (s):
DP da amostra, s( t1 ) (s): 
DP da média, s( t̅1 ̅) (s):
Período do pêndulo
T (s)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Man1 Man2 Auto
T 
(s
)
Comprimento
#
1 ± ±
2 ± ±
3 ± ±
4 ± ±
5 ± ±
6 ± ±
7 ± ±
8 ± ±
9 ± ±
10 ± ±
#
1 ± ± ±
2 ± ±
3 ± ±
4 ± ±
5 ± ±
6 ± ±
7 ± ±
8 ± ±
9 ± ±
10 ± ±
Comentários ou observações
Declive
Período de oscilação em função do comprimento do pêndulo Gráficos: T(ℓ) e log-log
Comprimento do pêndulo
ℓ (cm)
Período do pêndulo
T (s)
Logaritmo do comprimento
log(ℓ)
Logaritmo do período
log(T)
Gravidade
#
1 ± 0.0000 ± 0.0000 ±
2 ± 0.0000 ± 0.0000
3 ± 0.0000 ± 0.0000
4 ± 0.0000 ± 0.0000
5 ± 0.0000 ± 0.0000
6 ± 0.0000 ± 0.0000
7 ± 0.0000 ± 0.0000
8 ± 0.0000 ± 0.0000
9 ± 0.0000 ± 0.0000
10 ± 0.0000 ± 0.0000
Incerteza 
relativa
Desvio 
relativo
(%) (%)
±
Valor padrão gn
[Unidade]?
Comentários ou observações
Valor experimental de g
[Unidade]?
Período de oscilação em função da raiz quadrada do comprimento
Raiz quadrada do 
comprimento
Período do pêndulo
ℓ½ (cm½ ) T (s)
Gráfico T(ℓ½ )
Declive
[Unidade]?