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Direito Penal Prof. Leonardo Pantaleão Matéria: Crimes Passionais/ Concurso de Agentes/ Formação de Quadrilha ou Bando/ Penas – Espécies/ Progressão de Regime. 11/05/2011 A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade do agente. Emoção: É um estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica. Consequências/ Benefício ao réu que comete o crime por violenta emoção: - Causa atenuante genérica (Art. 65,III, “c”, do CP). Art. 65 – “São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: c)... “ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima.” - Diminuição de pena, p.ex: Art. 121, p.1º, do CP (homicídio). Art. 121 § 1º -... “ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.” Paixão: É um sentimento duradouro, caracterizado por uma afetividade permanente. Consequência: Nenhuma! A paixão não gera efeito pratico para o Direito Penal. Concurso de Agentes: Concurso de pessoas, ou concurso de agentes, ou coautoria, ou participação criminosa, pode ser definido como a ciente e voluntária colaboração de duas ou mais pessoas na prática da mesma conduta criminosa. O Código Penal, adotou a Teoria Restritiva, no que se refere a coautoria e à autoria. Essa teoria distingue autor de partícipe, estabelecendo como critério distintivo a prática ou não de elementos do tipo. Assim, autor é aquele que concorre para a realização do crime, praticando elementos do tipo. Coautor é aquele que concorre para a realização do crime, praticando parte do tipo, ou seja, ele presta uma ajuda considerada essencial, dividindo tarefas essenciais ao crime. Portanto, só será considerado autor ou coautor – aquele indivíduo que desenvolve o verbo do tipo penal. Se apenas um indivíduo desenvolve o verbo do tipo penal = autoria. Se mais de um indivíduo desenvolver o verbo do tipo penal = coautoria. Já o partícipe é aquele que contribui, de qualquer outro modo, para a realização de um crime, sem realizar elementos do tipo. O partícipe auxilia de forma secundária, sem realizar qualquer ato de execução do crime. Ex.: Oferece carona, empresta à arma, empresta o dinheiro para a realização de um aborto. Obs.: A figura da participação não é admitida em crimes culposos (apenas existe em crimes dolosos). Cabe salientar, que nem toda participaçã será penalizada. Ex.: Quando alguém empresta a moto para que o agente pratique a conduta, mas este ao refletir desiste de praticar o crime (não teve início a fase executória). Trata-se de uma participação impunível (Art. 31, do CP). Art. 31 – “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.” Espécies de Participação: a) Moral: Atinge diretamente o psiquismo do agente. A participação moral ocorre em duas vertentes diferentes, são elas: 1º Induzimento: Induzir é criar um propósito até então inexistente. Obs.: Dá idéia ao agente. 2º Instigação: O agente já tinha o propósito, mas apenas é reforçado pelo partícipe, ou seja, via instigação. b) Material: É aquela que se exterioriza, através do auxílio (suporte material). Quadrilha: O crime de quadrilha é de concurso necessário, ou seja tem como elementar a participação de várias pessoas para o fim único de cometer crimes. Pode ser cometido por qualquer pessoa que se associe a no mínimo mais 3 pessoas. A diferença entre concurso de agentes e crime de formação de quadrilha não irá se definir pela quantidade de pessoas, mas pela quantidade de crimes praticados. Conclui-se portanto, que a ocorrência de apenas um crime – não caracteriza-se em crime de quadrilha, independentemente da quantidade de pessoas envolvidas. Requisitos para Quadrilha: - Mais de 3 pessoas; - Reunidas para praticar/pretensão de cometer crimeS. O concurso de agentes, uma vez caracterizado, acarreta na consequência que todos que tenham concorrido para o crime, causando a sua totalidade, respondem integralmente, ou seja, todos responderão pelo mesmo crime, conforme a Teoria Unitária, também denominada de Teoria Monista. Não se distinguindo, portanto, entre as várias categorias de pessoas, autor, partícipe, instigador, cúmplice etc. Todos são considerados autores ou coautores do crime. Requisitos do Concurso de Agentes: 1º Pluralidade de condutas; 2º Relevância causal das condutas (nexo de causalidade); 3º Vínculo subjetivo entre os agentes; 4º Unidade de propósito; 5º Identidade de crime para todos os envolvidos (decorre da Teoria Unitária). Quanto as penas: Existem circunstâncias que se comunicam e outras que não se comunicam. As circunstâncias de caráter material – comunicam-se aos partícipes, desde que, às conheçam. Ex.: “X” não está armado, mas sabe que o seu comparça está – circunstância material. Portanto, mesmo que “X”, sem estar armado, acompanhou o agente armado para a prática de um crime de roubo, também irá responder pelo crime de roubo (tinha a ciência do outro estar armado). Por outro lado, as circunstâncias subjetivas, também chamadas de circunstâncias pessoais – devem ser analisadas para ocorrer ou não a comunicação. - Caso a circunstância subjetiva não seja elementar – não irá se comunicar aos partícipes ou coautores (regra). Ex.: O agente pratica um crime contra um descendente. Art. 30 – “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal..” - Caso a circunstância subjetiva seja elementar (exceção) – irá se estender aos partícipes ou coautores do crime. Ex.: A caracteristica pessoal de ser funcionário público constitui uma elementar do tipo contido no Art. 312 (peculato). Significa dizer que se um particular participar de um crime de peculato, juntamente com um funcionário público e saiba do cargo público que a outra pessoa possuía (circunstância elementar do crime), o particular também estará cometendo crime de peculato. Art. 30 – “..... salvo quando elementares do crime.” Pena: Finalidade – previnir e reprovar (Art. 59, “parte final”, do CP). Art. 59 – “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.” Quando o juiz condena alguém pela prática de um crime, estará condenado o fato praticado pelo agente (e não a pessoa). Este fato ilícito praticado, exige uma resposta do Estado, que o faz através da aplicação de uma pena. Espécies de Penas no Direito Brasileiro: 1. Pena Privativa de Liberdade; 2. Pena Restritiva de Direitos; 3. Pena de Multa. Toda norma penal tem 2 preceitos, são eles: - Primário; - Secundário. O tipo de pena a ser aplicada é definida pelo legislado, e não de livre arbítrio pelo juiz. Ex.: Art. 213, do CP. Art. 213. “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.” O “caput”, corresponde a conduta, preceito primário da norma. A pena, corresponde ao preceito secundário. Estudo das Espécies de Penas: 1. Pena Privativa de Liberdade: É composta por 3 formas (critério – quanto mais grave a condua, mais severa será a resposta do Estado), são elas: 1º Reclusão: Aplicada em crimes mais graves. A reclusão, pode passar por 3 regimes diferentes: - Fechado; - Semi-Aberto; - Aberto. 2º Detenção: Aplicada em crimes não tão graves. A forma mais severa que uma pena de detenção pode geraré o regime de semi-aberto ou aberto. 3º Prisão Simples: São aplicadas unicamente para contravenção penal. Forma de Cumprimento dos Regimes: - Fechado: Cumprido em estabelecimento de segurança máxima ou média. - Semi-Aberto: Cumprido em colônia agrícola, industrial ou similares. - Aberto: Cumprido em casa de albergado. Característica dos Regimes: 1. Fechado: - Realização de exame criminológico de classificação e individualização da pena (obrigatório). - Pena cumprida em penitenciária (segurança máxima ou média). - Trabalho diurno e isoladamento durante o repouso noturno. - Trabalho externo, somente em obras ou serviços públicos (com fiscalização policial). - Trabalho sempre será remunerado, evitando a condição análoga de escravo. - Não há possibilidade de ausência do sistema prisional (não tem saída temporária). 2. Semi-Aberto: - Poderá ser submetido ao exame criminológico (faculdade a sua realização). - Trabalho diurno remunerado em colônia agrícola, industrial ou similar. - É permitido o trabalho externo, bem como podendo frequentar cursos profissionalizantes, cursos superiores e de 2º grau, dentre outros. Obs.: A cada 3 dias trabalhados ou executando qualquer espécie de curso – receberá um dia a menos na pena. - Direito a saída temporária, com autorização judicial. Portanto, o preso pode visitar familiares ou desenvolver atividades relevantes para a sua ressocialização. Obs.: Cada saída temporária terá o prazo máximo de 7 dias, sendo que no ano ele poderá sair no máximo 4 vezes, conforme determina a LEP/ Lei de Execução Penal 7.210/84 em seus Arts. 122, 123 e 124. Art. “122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.” Art. 123. “A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.” Art. 124. “A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. § 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.” 3. Aberto: - O regime pode ser substituído pelo domiciliar, quando (Art. 117, da LEP): Tiver mais de 70 anos; Condenado cometido por uma doença grave; Quando tiver filho menor ou doente mental; Condenada gestante. O Art. 33, do CP apresenta o critério objetivo para a definição do regime. Art. 33 – “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Alterado pela L-007.209-1984) a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.” O juiz quando analisa as circunstâncias do Art. 59, poderá alterar a regra do critério objetivo apresentado no Art. 33 – sendo que, esta alteração deverá ser fundamentada, ou seja, justificada de forma pormenorizada. Progressão de Regime: A progressão de regime, pode ser aplicada em 2 casos: - Quando o regime inicial for fechado ou semi-aberto. Progressão/Conceito: Transferência do condenado de um regime a outro mais benéfico. Requisitos (cumulativos): Será necessário o cumprimento de 1/6 (crimes comuns) ou 2/5 ou 3/5 (crimes hediondos ou equiparados à hediondos). - 2/5 (40% da pena) – para crimes hediondos ou equiparadados se o condenado for primário. - 3/5 (60% da pena) – para crimes hediondos ou equiparados se o condenado for reincidente. A doutrina apresenta as seguintes expressões (relevantes): A doutrina não aceita a progressão de salto (regime fechado – direto para o regime aberto), uma vez que a finalidade do regime é a ressocialização do condenado na sociedade. Portanto, o condenado deve passar necessariamente do regime fechado para o regime semi-aberto e após para o regime aberto. Regra: Teoricamente é vedado a progressão de salto. Exceção: Não havendo vaga no regime semi-aberto ou no aberto aguarda o surgimento de vaga em prisão domiciliar. Ex.: Acusado foi condenado a 6 anos, por exemplo. No fechado, ele cumpriu 1 ano e progrediu para o semi-aberto, faltando cumprir 5 anos. Na progressão do semi-aberto para o aberto você considera 6 anos ou 5 anos, que é a pena restante a cumprir? Pena cumprida é pena extinta! Você vai considerar sempre o restante da pena a cumprir. Nota-se, que não será utilizado o tempo de pena cumprida para base de cálculo.
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