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Direito Penal II - FULL

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Prévia do material em texto

Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
Direito Penal II 
01/08/11 
Professor Ricardo 
 Avaliações 
Questionário Prova 1: 10 pontos 
Prova 1: 12/09 – 25 pontos 
Questionário Prova 2: 10 pontos 
Prova 2: 17/02 – 25 pontos 
 
 Concurso de Pessoas 
1. Noções 
1.1. Considerações 
Apesar da organização do código penal, o concurso de pessoas é matéria do tipo penal e da 
tipicidade. 
A matéria de concurso de pessoas é propriamente de aplicação do direito ao caso concreto. 
Só pode-se pensar o concurso de pessoa aplicando-se o direito a um caso real. 
1.2. Concurso Necessário e Concurso Eventual 
A regra do código penal é a prática de crime por uma única pessoa, porém exige duas ou mais 
pessoas para a prática de um crime especial. Tal exigência caracteriza o concurso necessário. 
Exemplo: richa (3 pessoas), bigamia (2 pessoas), quadrilha (4 pessoas). 
O concurso de pessoas do art. 29 ao art. 31 é um concurso eventual. 
1.3. Teoria unitária ou monista temperada 
Conceito: Considera que TODOS os agentes são autores. Não faz distinção de pessoas. Porém, 
na aplicação da sanção, vigora o princípio da individualização que afirma que cada um é 
punido na medida de sua culpabilidade. Na hora de aplicar a pena, aborda-se cada fato 
separadamente. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
De acordo com o art. 29 CP, são agentes de quaisquer pessoas que, de qualquer modo eficaz, 
atuem na realização de uma conduta punível visando a consumação. 
Esta teoria é utilizada no código penal para fundamentar o concurso de pessoas. 
Nota: Em matéria de crime, deve-se pensar de uma forma geral. “Todos são agentes, todos 
são autores”. 
Porém, na punição, deve-se analisar cada caso individualmente e aplicar a pena de acordo com 
a culpabilidade. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
05/08/11 
1.4. Requisitos Gerais 
1.4.1. Pluralidade de Agentes: Há casos de o imputável cometer crimes com o inimputável, 
o capaz com o incapaz. Exemplo: Adulto pratica crime com adolescente ou criança. 
1.4.2. Prática de Crime Comum: Todos os concorrentes realizam o mesmo delito. 
No momento, os concorrentes podem praticar dois, três ou quatro crimes, mas TODOS os 
crimes devem ser comuns. 
Nota: Ao considerar o Concurso de Pessoas, deve-se considerar também o Conflito Aparente 
de Normas (princípios da especialidade, subsidiariedade, consunção). 
Exemplo: Dois sujeitos cometem os crimes de violação de domicílio, dano e subtração. Apenas 
a subtração será considerada. 
1.4.3. Início da Execução do Crime Comum: Atos preparatórios não são punidos. Só pode-
se falar do concurso de pessoas, a partir do primeiro ato de execução. 
1.4.4. Relevância causal de cada conduta para consumação do delito: Uma conduta 
gera efeito na outra e vice-versa, permitindo a consumação do crime. 
Na prática do crime, uma conduta acrescenta algo à outra ou uma conduta reforça a outra ou 
uma conduta mantém a outra. 
1.4.5. Vínculo Psicológico (IMPORTANTE): Todos os concorrentes agem com unidade de 
propósito. 
Todos os participantes queriam ou poderiam prever o crime. Agem então, vinculados, unidos 
psicologicamente. 
O vínculo psicológico não necessita de acordo prévio, podendo surgir antes e/ou durante a 
execução do delito. 
Nasce das condutas que convergem na consumação do crime. 
Não é necessário que um agente conheça/identifique o outro. O vínculo se forma através das 
condutas. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
2. Formas de concurso de pessoas 
Nota: A partir deste momento, deixa-se de estudar a lei para estudar a doutrina. 
Para propiciar a individualização da pena, a doutrina* elabora as formas de concurso de 
pessoas. Para a lei, todos são autores, mas a doutrina, pensando na individualização da pena, 
elabora formas de concurso de pessoas. 
Doutrina: Conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, 
científico, etc. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
08/08/11 
2.1. Da autoria simples/direta 
Uma única pessoa praticando o crime. Um único autor cometendo o delito. 
Não pode configurar por si só o concurso de pessoas. 
Para explicar a autoria simples, a doutrina utiliza a teoria do domínio do fato. 
2.1.1. Teoria do domínio do fato 
Dividida em duas partes: 
a) Analisa-se o tipo penal objetivo e subjetivo: a pessoa realiza conduta típica com a vontade 
e consciência de ser a única autora. 
b) Examina-se o controle material de toda a execução, conforme o propósito delitivo. 
Só se pode afirmar que uma pessoa é autora de um crime se ela executa uma conduta típica 
com controle total de toda execução. 
No fundo, a teoria do domínio do fato é a conjugação dos fatores: 
Tipo penal objetivo e subjetivo & controle material de toda a execução. 
2.2. Da autoria mediata/indireta 
É autor do crime a pessoa que usa como instrumento de execução/do crime alguém que sofre 
o domínio de sua vontade e/ou consciência na execução do fato. 
2.2.1. Domínio do fato especial: 
a) autor mediato do crime: tem pleno domínio do executor, logo controla o fato delituoso. 
b) executor do fato: age sem vontade e/ou consciência, mas realiza o fato, sem o autor 
mediato. 
O executor do fato sofre coação, e o coator se configura como o autor mediato do crime. 
O autor mediato está sempre escondido, sempre manipulando/usando o executor. O 
executor nada mais é que um instrumento controlado pelo autor mediato. 
A coação irresistível exclui a culpabilidade. 
Exemplo: Indivíduo sequestra família de um gerente de banco e o obriga através de ameaças a 
abrir o cofre e retirar o dinheiro. 
Neste caso há a vontade, porém não há a consciência. No direito penal, a vontade está 
relacionada à tipicidade e a consciência à culpabilidade. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
IMPORTANTE: Nestes casos não há o concurso de pessoas, pois não há o vínculo 
psicológico entre o autor mediato e o executor. 
2.3. Da coautoria: autoria coletiva: domínio do fato de cunho funcional 
A coautoria é uma forma de concurso de pessoas. 
2.3.1. Requisitos 
- Pluralidade de autores 
- Fato único 
- Decisão comum: cada coautor tem o propósito de praticar o MESMO crime. Todos agem em 
prol da consumação do MESMO delito. É na decisão que se caracteriza o vínculo psicológico. 
- Prática de tarefas/funções de relevância causal: Podemos afirmar que na coautoria há um 
condomínio. Cada autor realizaria uma função importante para a prática do crime. A divisão de 
tais funções não precisa ser necessariamente, bem delimitada, prévia. Não imposição de 
qualidade. Valora-se a importância e não a qualidade. As tarefas podem ser iguais. 
Nota: A tarefa nem sempre tem que ser completada, integral. Basta que haja a relevância 
causal, isto é, modificando-se a tarefa, modifica-se o crime. 
IMPORTANTE: - Na coautoria, o crime não é fracionado, isto é, todos cometem o MESMO 
crime. 
- O dolo é COMUM, COLETIVO. 
- O fracionamento é para quem está “fora do crime”. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
12/08/11 
2.4. Da Participação 
2.4.1. Teoria da acessoriedade 
A participação sempre é acessória ou dependente da autoria ou coautoria delituosa. O 
partícipe auxilia ou facilita ou induz o autor a praticar o seu crime. A conduta do partícipe não 
pertence ao tipo penal realizado pelo autor. 
Desta forma o partícipe jamais tem o domínio do fato porquanto ele pertence ao autor ou 
coautor. 
Exemplo: emprestar o revólver, emprestar o dinheiro, contratar o assassino profissional. 
2.4.2. Teoria da acessoriedade limitada (adotada no Brasil) 
Para se falar de concurso de pessoas na forma de participação e autoria ou participação e 
coautoria, o partícipe precisa realizar conduta típica e ilícita. Desta forma, a doutrina não exige 
a culpabilidade, o que permite a configuração da participação de menores de 18 anos de 
idade e de outros inimputáveis. 
2.4.5. Elementos Constitutivos Pluralidade de agentes: 
- Partícipe + autor 
ou 
- Partícipe + coautor 
ou 
- Partícipe + autor mediato 
 Crime Comum 
 Convergência de dolos diferentes: 
- Dolo/vontade do partícipe: quer auxiliar o induzir o autor a cometer seu crime. 
- Dolo/vontade do autor: quer cometer o crime. Em alguns casos, age sem ter conhecimento 
do auxílio do partícipe. 
Exemplo: vigia finge que dorme em seu posto durante um assalto. 
Nota: O autor age independentemente do partícipe, já que possui o domínio do fato. 
Já o partícipe é dependente do autor, já que não possui o domínio do fato. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
IMPORTANTE: Para se configurar a participação deve-se haver o DOLO por parte do partícipe. 
 Favorecimento causal da conduta extra típica do partícipe na consumação do crime 
Exemplo: indivíduo fornece a chave e passa informações sobre a rotina para o criminoso, 
porém ao chegar no local, o uso da chave não é necessário. 
Neste caso, apesar da chave não ser necessária, configura-se a participação, já que houve a 
indução ao cometimento do crime. 
 Início da execução do crime pelo autor ou coautor. 
A participação só existe juridicamente a partir do primeiro ato de execução do crime pelo 
autor ou coautor. 
2.4.6. Formas de participação 
 Indução: O partícipe determina ou provoca a prática do crime pelo autor ou coautor. Cria a 
ideia de crime fazendo o autor ter a vontade de pratica-lo. 
Geralmente, o induzimento tem caráter de comando ou ordem. 
Possibilidade de excesso do autor: 
- Qualitativo: Pessoa contrata alguém para dar uma surra no inimigo, porém o autor mata a 
vítima. Neste caso, o partícipe não responderia pelo homicídio. 
- Quantitativo: Coronel contrata o jagunço para matar o namorado da filha, prometendo pagar 
2000 reais. O jagunço também tinha raiva da vítima, porém não mencionou tal fato para o 
coronel. Então o jagunço mata a vítima queimando sua casa com um coquetel molotov. 
Configura-se o excesso quantitativo de homicídio simples para homicídio qualificado. O 
coronel não responderia pelo homicídio qualificado. 
Em alguns casos particulares, a indução tem caráter contratual. Exemplo: “contratar” assassino 
de aluguel. 
 Cumplicidade: 
- Material: O auxílio ou favorecimento. 
Exemplo: deixar a janela aberta para o criminoso, passar a chave para o criminoso, “esquecer” 
a chave num local determinado, etc. 
- Psicológica: Instigação, estimulação de uma ideia que já existe. Favorece aumentando, 
fomentando uma vontade que o autor já possui. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
19/08/11 
 Participação sucessiva ou em cadeia: 
Pode ocorrer induzimento sobre induzimento. Favorecimento ao favorecimento. 
Exemplo: Intermediário que contrata o jagunço. 
 Participação Necessária: Participação em suicídio alheio, instigando, auxiliando, 
favorecendo. 
- Material: O auxílio ou favorecimento. 
- Psicológica: Instigação, estimulação. 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
3. Punibilidade 
- Castigo de acordo com a culpabilidade. (Princípio da Culpabilidade) 
Cada um será punido na medida de sua culpabilidade. 
- Responsabilidade pessoal. (Princípio da Responsabilidade pessoal) 
Cada um é punido por que fez ou deixou de fazer. 
- Individualização da Punição. (Princípio da Individualização) 
Em relação à punição, cada caso deve ser analisado individualmente. 
- Proporcionalidade entre punição e a conduta individual. 
A punição deverá ser na mesma medida da conduta individual. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
22/08/11 
Nota: 
Participação: é tido na doutrina como envolvimento. Abrange a autoria coletiva, participação e autoria, 
participação e coautoria, participação e autoria mediata. 
- Participação de menor importância. (art. 29 §1º) 
Conceito: Participação/envolvimento de menor importância, é aquela(e) DISPENSÁVEL. É o 
envolvimento que apenas facilitou. É dispensável. 
A participação deve ser de menor importância no crime, para o crime. A comparação com 
outras condutas mais “importantes” não é válida. 
Nunca o autor mediato terá uma participação de menor importância. 
Acontece apenas em casos excepcionais. 
Causa de diminuição da pena. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
- Participação em crime mais grave (art. 29 §2º) 
Leva-se em conta a previsibilidade no campo do dolo eventual. Caso haja a possibilidade do 
dolo eventual, o autor do crime mais grave responderia pelos dois crimes e os outros teriam a 
pena aumentada. 
 
Causa de aumento da pena. 
Exemplo: num assalto onde apenas 1 indivíduo está armado e, por conta própria, mata uma 
pessoa, este responderá por latrocínio e os outros terão a pena aumentada. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; 
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
- (In)Comunicabilidade das circunstâncias pessoais (art. 30) 
Quando as circunstâncias pessoais são constitutivas, logo podem ser abrangidas pelo dolo. 
Só se pode afirmar que a circunstância é comunicável se for constitutiva/estruturante. 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
Comunicabilidade 
Crimes contra a administração pública praticados por funcionário público. 
Exemplo: No caso de alguém que tem parente em cargo público e, conjuntamente com este 
indivíduo, comete um roubo de um órgão público. O funcionário público seria acusado de 
peculatos, seu cúmplice que não público também seria acusado pelo mesmo crime. As 
circunstâncias pessoais se estendem. 
Incomunicabilidade 
Infanticídio: a mãe mata o próprio filho após o parto sob a influência do estado puerperal. 
Neste caso, alguns autores defendem que, o médico, o pai, as enfermeiras, etc., poderiam 
responder pelo crime de infanticídio. 
Outros autores acreditam que o estado puerperal é intransmissível, pois é uma circunstância 
personalíssima, portanto, ela é incomunicável. Então, os outros responderiam por homicídio. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
26/08/11 
4. Detalhes 
4.1. Autoria Colateral: 
Duas pessoas ou mais agem simultaneamente no cometimento de um crime, porém atuam 
sem vinculação psicológica. 
Em caso de dúvida, o réu sempre será beneficiado. 
Exemplo: Um condutor está dirigindo a 130 km/h e o passageiro está incentivando-o a acelerar 
mais ainda e o condutor atropela um pedestre. 
Neste caso, condutor e passageiro responderiam separadamente. 
4.2. Autoria Sucessiva: 
Há uma sequência individualizada das autorias. 
Exemplo: Num acidente envolvendo um caminhão, seu baú abre. O primeiro carro a passar no 
local para e rouba parte da mercadoria. Então, aparece um segundo carro e rouba outra parte 
da mercadoria. E assim por diante... 
 4.3. Concurso de pessoas e crime de mão-própria, omissivo e culposo 
- Crime de mão própria: é aquele em que a lei define quem será o agente. O crime deverá 
ser praticado de forma pessoal, individual. 
Nestes crimes, não admite-se a coautoria. Alguns autores consideram uma combinação de 
autoria e participação moral. Exemplo: Um mau advogado induz a testemunha a mentir 
perante o tribunal. 
- Crimes omissivos: 
 Próprios: Pela tradição brasileira, vários autores e tribunais aceitam o conceito de 
concurso de pessoas nos crimes omissivos próprios. 
Porém há uma concepção modernaque considera que não se poderia configurar um 
concurso de pessoas se o dever de agir é pessoal, se a capacidade para cumprir o 
dever também é pessoal. 
Exemplo: Três pessoas na praia veem uma pessoa se afogar e negam socorro. 
Neste caso, a doutrina considera a coautoria, porém alguns autores afirmam que 
deveria haver o dever comum e não há, portanto, não se caracterizaria a coautoria e 
sim a autoria sucessiva. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 Impróprios: Crimes de ação com os deveres de garantidor do artigo 13, §2º, do CP. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe 
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, 
como ocorreu. 
2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
Nos crimes omissivos impróprios, caracteriza-se a coautoria entre os garantidores, pois 
estes possuem um dever comum. 
- Crime culposo: Em sentido teórico, uma boa parte da doutrina e dos tribunais, de uma 
forma tradicional, aceita o concurso de pessoas em crimes culposos. 
Em virtude da dificuldade de demonstração do vínculo psicológico. 
Alguns autores também defendem que poderia haver uma participação culposa numa autoria 
dolosa. 
Exemplo: Um condutor está dirigindo a 130 km/h e o passageiro está incentivando-o a acelerar 
mais ainda e o condutor atropela um pedestre. 
Neste caso, acredita-se que o passageiro assumiu o risco do dolo eventual/a possibilidade de o 
condutor atropelar alguém. 
4. Crime próprio e autoria mediata 
O autor mediato deve ter a qualidade exigida pela lei. 
Exemplo: Em um crime de peculato, autor mediato somente o funcionário público. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
29/08/11 
 Teoria da punibilidade 
1. Noções 
Deveres: o Estado deve punir para garantir a justiça material
5
 e a igualdade 
material
4
. O poder de punir deve ser exercido pelo Estado de acordo com a 
necessidade concreta, respeitando as diferenças. Dar a cada um o que 
merece, mas de acordo com a situação particular. A atividade de punir deve 
ser exercida pelo Estado como dever de erradicar³ a marginalidade 
(ressocialização²). O castigo penal deve ser exercido objetivando um fim 
maior, ou seja, castigar com a finalidade de reintegrar à sociedade. A 
atividade de punir deve promover o bem de todos¹, inclusive o do criminoso. 
O poder-dever de punir. 
 Origem: A origem o poder é o povo e este entrega ao Estado a função punitiva. Se o poder 
permanecesse com o povo, o povo fazendo justiça com as próprias mãos, prevaleceria a vingança 
privada, a lei do mais forte. O povo então outorga o poder, porque ele reconhece que não consegue 
fazer justiça. O Estado regula como a punibilidade deve ser exercida. 
“Eu deixo ao Estado a atividade de punir.” 
Justiça material: justiça cujo resultado não é simplesmente punir. É uma justiça que pune o crime, 
respeitando todos os direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
02/09/11 
Nota: O crime é o pressuposto da punibilidade. 
1.2. A punibilidade, em nível constitucional, é o poder-dever de punir do 
Estado. 
1.3. A punibilidade, em nível penal, é a consequência jurídica do crime, o qual 
é seu pressuposto. 
1.4. Os fundamentos das consequências jurídicas são: 
a) Fundamento geral: poder-dever de punir 
b) Fundamento das penas: culpabilidade: liberdade relativa de decisão ou escolta 
pela obediência ou desobediência ou desobediência ao Direito. 
Relativa: condicionada por fatores pessoais, sociais, econômicos, etc. 
A pessoa pratica o crime exercendo uma liberdade. A base é a liberdade. É rejeitada qualquer 
ideia de determinismo. 
c) Fundamento das Medidas de Segurança: 
Periculosidade  presunção de retorno à delinquência, em face da inimputabilidade (total 
incapacidade de entender o que faz e de agir segundo o seu entendimento). 
Tal inimputabilidade é conceito jurídico. 
1.5. A natureza das consequências jurídicas é de juízo de valor de caráter público e 
aflitivo. 
1.6. As consequências jurídicas tem 3 justificativas as seguidas: 
a) Política - garantia da ordem jurídica, proteção da paz pública, garantia da 
soberania interna 
b) Social – necessidade desenvolver relações harmônicas, sem medo, insegurança e 
vingança 
c) Individual: necessidade de possibilitar a expiração da culpa, para se reintegrar à 
sociedade. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
1.7. As penas têm 3 momentos de existência/aplicação/execução, os 
seguintes: 
a) Legislativo: Lei – Cominação abstrata das penas 
Critério da relativa determinação: 
- Espécie de pena: reclusão 
- Pena mínima: 6anos 
- Pena máxima: 20 anos 
Nota: Entre a pena mínima e a pena máxima há um espaço de individualização. 
Prevenção Geral Negativa: Pena como forma de intimidação psicológica. 
b) Judicial: Fato – crime - aplicação da lei: ocorre em um processo legal, no qual se discute a 
culpabilidade – comprovada a culpa, a pessoa é condenada e o seu crime é punido. 
Nota: A pessoa é condenada. O que se pune é o crime. 
- Dosimetria da pena: Cálculo da pena / ideia de punição e prevenção geral positiva, ou 
c) Penitenciário: Sentença condenatória – cumprimento da pena – regimes prisionais: 
fechado, semiaberto, aberto – sistema progressivo ou regressivo – prevenção especial 
(individual) positiva (ressocializadora) 
1.8. O código penal adotou a teoria unitária das penas (art. 59 C.P.) 
Teoria absoluta-retribuição conjugada com a teoria relativa – prevenção. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
05/09/11 
Teoria Retributivista (absoluta) 
Teoria absoluta porque o castigo não tinha finalidade exterior. “Punir porque deve-se punir.” A 
pena é uma resposta do Estado ao crime 
1) O Estado tem a legitimidade de punir e a sociedade possui moral superior a do autor 
do crime, sendo assim este deve ser punido, caso contrário persistiriam as ofensas ao 
poder estatal e a moral social. 
 
 
2) A pena deve ser adequada à culpabilidade a qual precisa de gradação para assegurar a 
justa medida entre o castigo e o crime. 
 
 
3) O crime é o motivo e a medida da pena. (culpabilidade) 
 
 
4) Toda prática de delito deve sofrer a devida resposta estatal através da pena, a qual 
expressaria a reprovação jurídica. 
 
 
5) A penalização não teria finalidade preventiva. (Não considerado pelo Código Penal.) 
Teoria preventista (relativa) 
Trabalha com uma finalidade. A pena deve alcançar algo, isto é, evitar a prática de um novo 
delito. 
1) O Estado tem a legitimidade de punir e a sociedade possui moral superior a do autor 
do crime, sendo assim este deve ser punido, caso contrário persistiriam as ofensas ao 
poder estatal e a moral social. 
 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
2) A pena deve ser adequada à periculosidade do autor do fato e esta deve permitir uma 
prognose do delinquencial (medida da pena fundamentada na periculosidade). 
 
 
3) O crime é o motivo da pena, a qual deve servir para o desenvolvimento de atividades 
educativas, para o Estado ressocializar o autor do crime. 
 
 
4) A prevenção é geral e essencial positiva e negativa. 
 
 
5) A penalização não teria caráter retributivo. (Não considerado pelo código penal.) 
Código Penal Brasileiro 
 Atualmente o código penal conjuga as características das teorias retributivista e 
preventista. 
 A prognose delinquencial não se baseia na periculosidade e sim na culpabilidade do crime. 
 A base da ressocialização deixa de ser a pessoa e passar a ser o crime e, 
consequentemente, a culpabilidade do crime. 
 Admite diferenças: em alguns casos um enfoque maior na prevenção, em outros na 
punição, etc. 
 Dos Princípios 
1. Princípioda Legalidade / Princípio da Reserva Legal (incorreto) 
Retirado da matéria de Penal I. 
É a lei que vai dizer o que é crime. Só começou a existir no século XVIII. Uma das conquistas da 
revolução francesa. 
A primeira legislação a conter o princípio da legalidade foi a constituição da Virginia, EUA 
(1776). 
O código penal em seu primeiro artigo diz: “Não há crime sem lei que o defina.”. 
Antes de uma pessoa praticar uma conduta deve existir um tipo penal prevendo esta conduta 
criminosa. Se não existir, este pode praticar este ato sem ser punido. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
1.2. Princípio da Irretroatividade 
Retirado da matéria de Penal I. 
A lei não retroagirá, a não ser para beneficiar o réu. 
A lei é anterior ao crime. Caso a conduta ocorra antes da lei, não se pode haver punição. 
Caso o indivíduo cometer uma conduta e posteriormente advir uma nova lei e a lei anterior for 
1.3. Principio da retroatividade benéfica 
A lei não retroagirá, a não ser para beneficiar o réu. 
2. Princípio da Culpabilidade 
A culpabilidade é censura jurídica que recai sobre a pessoa que muito ou pouco poderia 
obedecer ao direito em conformidade com sua atitude interna frente ao ordenamento 
jurídico na situação social normal. 
3. Princípio da Ressocialização 
A crença de que o Estado pode educar e reeducar o autor do crime através de atividades 
pedagógicas fundamentadas nos valores éticos da sociedade e jurídicos da lei. 
A ressocialização não pode ser impositiva, pela força. O Estado deve desenvolver atividades 
que possibilitam ou estimulem a ressocialização. 
Nota: Medida provisória não cria nem modifica sanções. 
4. Princípio da Humanidade 
Conforme a constituição federal, a execução da pena deve ser de forma humanitária, ou seja, a 
pena não pode ser vexatória, corporal, perpétua e fatal. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
09/09/11 
5. Princípio da dignidade Humana 
Nenhuma pena pode atacar a realidade humana do autor de crime, retirando-lhe as 
condições de desenvolver sua potencialidade para a realização dos fins que escolheu. Assim, 
sanção penal não pode coisificar a pessoa, tornando-a objeto de ressocialização ou exemplo 
de punição. 
Define que deve-se punir o crime e não a pessoa. 
6. Princípio da Individualização 
 Toda sanção deve ser individualizada nas esferas: legal, judicial e preferenciaria. A 
sanção deve ser individualizada em conformidade com a necessidade de tutela do bem 
jurídico (na lei), com o grau de ofensividade e de culpabilidade do fato e de suas circunstâncias 
(na justiça) e com as características bioprisional do condenado (na execução). 
7. Princípio do “non bis inidem” 
 Nenhum crime (fato) pode ser duplamente valorado em virtude da mesma 
circunstância (objetiva e pessoal) e de igual elemento constitutivo (objetivo e pessoal), pois 
haveria excesso punitivo. 
 Pela mesma razão, nenhum crime pode ser punido duas ou mais vezes por igual 
sanção. 
8. Princípio da proporcionalidade 
 Para se evitar excesso ou deficiência punitiva é crucial que a pena seja necessária (o 
último recurso de controle social, o instrumento final do Estado para proteger a paz pública, já 
que as outras sanções civis, trabalhistas, etc. São ineficazes, de todo modo, a sanção penal 
deve ser a consequência que assegurar a ordem social e jurídica), seja adequada (a pena deve 
ser adequada ao grau de ofensividade do bem jurídico nos diversos crimes da Lei, nos fatos 
mais diferenciados dos casos e nas particularidades de execução das penas), seja suficiente (as 
penas devem ser suficientes para a retribuição e prevenção geral e especial de crimes.). 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
16/09/11 
 Das penas 
1. Pena Privativa de Liberdade 
- Espécies (art. 33, caput) 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de 
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
Reclusão: pena de delito grave ou hediondo 
Detenção: pena dos crimes leves ou medianos 
A reclusão corresponde à medida de segurança de internação, de tratamento ambulatorial 
- Regimes prisionais 
Existem três regimes, fechado, semi-aberto e aberto. 
A reclusão pode ser cumprida nos 3 regimes, a detenção só não pode ser executada em 
caráter de regime fechado. 
Regime prisional é o conjunto de regras que estabelecem o local de cumprimento da pena e 
a dinâmica de execução. 
Regime fechado 
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de 
classificação para individualização da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou 
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. 
Conforme o art. 34 o regime fechado é executado em penitenciária de segurança máxima ou 
média, devendo a pessoa trabalhar durante o dia e ser recolhido à noite, em cela individual. O 
trabalho prisional a princípio é interno, sem o amparo da CLT de 6 a 8 horas, de segunda a 
sábado, devendo a pessoa receber ¾ de salário mínimo (piso prisional). Depois de cumprir 1/6 
da pena, tendo bom comportamento, o preso pode trabalhar fora da penitenciária em obra ou 
serviço público, desde que se assegure vigilância. Em MG há 55 penitenciárias. 
 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 
Regime semi-aberto 
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da 
pena em regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, 
de instrução de segundo grau ou superior. 
De acordo com o art. 35, o regime semi-aberto é executado em colônia agrícola ou 
estabelecimento industrial. Durante o dia, a pessoa trabalha ou estuda em nível básico, médio 
e superior. À noite, a pessoa deve ser recolhida em cela coletiva. Se a pessoa começa cumprir 
pena no regime semi-aberto, o ideal é trabalhar e estudar, em primeiro lugar, dentro do 
estabelecimento prisional. Depois, demonstrada a responsabilidade, pode trabalhar e estudar 
externamente sem os rigores do regime fechado (não há necessidade de uma vigilância 
direta). 
Por um outro lado, se o preso progrediu do regime fechado para o semi-aberto, tendo 
condições pessoais (saúde, capacidade técnica, disciplina, responsabilidade e auto-domínio), 
poderá desde logo trabalhar e/ou estudar fora do estabelecimento prisional. Na prática, como 
o Estado não promove trabalho interno, o trabalho e estudo são externos, fora do 
estabelecimento prisional. 
Para julgar se os presos podem ou não estudar/trabalhar em regime externo, há olheiros ou 
por intuição. A situação em Minas Gerais é uma das melhores. 
Regime aberto (art. 36) 
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou 
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de 
folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se 
frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. (Redação 
dadapela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
É estabelecido que o regime aberto exige da pessoa duas qualidades essenciais, Senso de 
disciplina e de responsabilidade. Com estas condições pessoais e tendo trabalho ou séria 
promessa, a pessoa cumprirá sua pena na casa de albergado (ausência de estrutura de 
presídio, cadeia pública tradicional. É um prédio comum). Durante o dia, sem vigilância direta, 
trabalhará e/ou estudará em qualquer local próximo do estabelecimento. À noite, o preso é 
obrigado a ficar na casa de albergado, do mesmo modo nos fins de semana e feriados. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
No regime aberto, o Estado não é obrigado a promover serviço e trabalho internos. O piso 
prisional somente se aplica quando o preso trabalha internamente. 
- Regime Inicial 
Art. 33 
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito 
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime 
mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), 
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto. 
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios 
previstos no art. 59 deste Código. (Deve analisar a PERSONALIDADE e a CONDUTA SOCIAL: após o 
julgamento do crime, verifica-se a pena que é cumprida por uma pessoa, não podendo ignorar sua 
história). 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
19/09/11 
- Regime Especial 
Tratamento penitenciário (estrutura e serviços) específico para mulheres, gestantes (berçário, 
creche, fraldário), idosos (piso anti-derrapante, barra de apoio) nos estabelecimentos ou 
unidades prisionais. [colônia agrícola feminino e masculino/casas de albergue feminino e 
masculino]. 
Além dos portadores de necessidades especiais. (principalmente cadeirantes). 
- Progressão 
Transferência da execução da pena do regime mais severo para o mais brando. 
Crimes comuns: art. 112 da LEP 
 Cumprimento de 1/6 da pena, bom comportamento carcerário 
Crimes hediondos: art. 2º da lei 8072/90: exame criminológico: estudo científico da parte 
biológica, psicológica e social do preso, por prevenção, cautela. 
 Primários: 2/5 da pena 
 Reincidentes: 3/5 da pena 
 Não há bom comportqamento 
Na progressão, a partir de 2007, o regime inicial obrigatório é o fechado. 
Antes de 2007, todos os crimes eram baseados no art. 112 da LEP. Depois de 2007, só há o 
requisito temporal, pois o exame criminológico não estava atendendo a demanda, logo, não há 
mais requisito subjetivo (bom comportamento). 
A progressão é sempre de um grau. 1ª progressão é com base no total de pena, se ocorrer a 2ª 
progressão, é com base na pena restante. 
- Regressão 
Transferência da execução da pena do regime mais brando para o mais severo. 
Causas (art. 118 LEP) 
Prática de crime: qualquer delito (comum ou hediondo, doloso ou culposo, tentado ou consumado). 
Na prática a progressão pode ser realizada com prova da tipicidade, não se discute ilicitude e 
culpabilidade. Se a pessoa é absolvida, anula-se a regressão e a pessoa retorna ao regime menos severo. 
Prática de falta grave: (art. 50, LEP) Provocar tumulto presídio, desobedecer autoridade, agredir 
colega de cela, adquirir/transportar aparelhos telecomunicação. Falta grave só causa regressão após 
processo administrativo. Se o processo indica o preso como cometedor de falta grave, ele retorna ao 
regime mais grave. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 
Soma das penas (pena em execução mais nova, pena anterior): Pessoa que pratica mais de um 
crime, fica mais ousada, o que aumenta chance de erro (de captura, por exemplo). Logo de imediato, ela 
é condenada pelos últimos crimes e depois descobre-se os primeiros crimes, faz-se as somas dos 
mesmos e ele vai para um regime mais rigoroso. 
Descumprimento das condições do regime aberto: Embriaguez, uso de drogas, passa fim de 
semana na casa da amante, falta de trabalho /estudo sem justificativa, por conta própria começa 
trabalhar em outra cidade sem autorização judicial. 
- Livramento Condicional: é a última etapa do cumprimento de pena no sistema 
progressivo (diminui os efeitos negativos da prisão). 
Medida alternativa de execução da pena privativa de liberdade sem progressão de regime fora 
do estabelecimento prisional mediante o cumprimento de condições. 
Não é antecipação da liberdade, pois a pessoa continua a cumprir sentença condenatória, mas 
em sociedade, cumprindo as condições legais. 
Requisitos 
1. Geral: art. 83, “caput”, CP 
 
Pessoa recebeu pena de 2 ou mais anos, tem direito a livramento condicional; 
 
2. Dos presos primários e de boa antecedência que praticaram crimes dolosos (art. 83, I, 
CP) 
 
Cumprimento de mais de um terço da pena 
 
3. Dos presos reincidentes em crimes dolosos (art. 83, II, CP) 
 
O autor de crime doloso reincidente tem que cumprir mais da metade para ter direito 
ao livramento. 
 
4. Dos presos que praticaram crimes culposos, sejam primários, sejam reincidentes. 
(art.83, III, CP) 
 
A lei penal não cuida do crime culposo, há uma lacuna, por isso aplica-se a regra mais 
favorável. Logo, inciso I. 
 
5. Comportamentais (art. 83, III, CP) 
 
a) Disciplina e obediência carcerária, não a padrão, mas excelente; 
b) Bom desempenho no trabalho ou estudo, ou seja, produtividade; 
c) Capacidade de sobreviver pelo trabalho honesto; 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
6. Da recuperação de danos (art. 83, IV, CP) 
 
Reparação de danos: quando for possível, quando houver condição econômica. 
 
7. De controle de agressividade (art. 83, parágrafo único, CP) 
 
Durante a execução mostrou controle da agressividade. Não se confunde com bom 
comportamento por que este é interno da prisão e as vezes o preso o tem, apenas por 
ADAPTAÇÃO de um sistema que já condicionado. 
 
8. Dos crimes hediondos (art. 83, V, CP) 
 
a) Condenado crime hediondo tem que cumprir mais de dois terços da pena 
b) Não pode ser reincidente específico 
Crimes hediondos comuns: 
- Homicídio qualificado 
- Estorção mediante seqüestro; 
- Latrocínio 
Condições do livramento (art. 132 da LEP) 
 
a) Trabalhar de modo honesto, lícito e ético (condição mais importante) 
b) Não mudar de comarca sem autorização 
c) Comprovação regular do trabalho 
d) Proibição de viajar/sair da comarca sem autorização 
 
Detalhes 
 
Condenado precisa parecer favorável: 
 Conselho Penitenciário Estadual; 
 Ministério Público; 
 Documentos prisionais favoráveis; 
 Sentença judicial fundamentada/motivada para conceder ou negar livramento 
condicional; 
 Lei permite duplo grau de jurisdição, condenado pode recorrer em caso de sentença 
negativa. 
 
OBS: Livramento condicional não serve para os presos provisórios. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
Art. 132 - Deferido o pedido, o juiz especificará as condições a que fica subordinado o 
Livramento 
. 
§ 1º - Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes: 
 
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; 
 
b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; 
 
c) não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem prévia autorização deste. 
 
§ 2º - Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as 
seguintes: 
 
a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação 
cautelar e de proteção; 
 
b) recolher-se à habitação em hora fixada; 
 
c) não freqüentar determinados lugares. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
26/09/11 
2. Prisão domiciliar 
Condenado cumpre asregras do regime aberto em casa. 
Art. 117 da LEP 
Destina-se aos condenados que estão cumprindo pena em regime aberto. 
Causas/Requisitos: 
I) Condenado maior de 70 anos (requisito cronológico) 
Comprovado com carteira de identidade. Não utiliza-se o termo idoso, pois este é 
caracterizado a partir dos 60 anos. 
II) Condenado acometido de doença grave, enfermo 
 Enfermidade física ou psicológica 
 Curável ou incurável 
 Não precisa ser infecto bacteriana. 
III) A. Condenada com filho menor 
Lei não define a idade (pode ser de 0 a 17 anos). Alguns juízes interpretam: 
menores DEPENDENTES da mãe. Outros acreditam que é até os 6 anos. Prevalece 
o entendimento de dependência. 
 B. Condenada com filho com deficiência física ou psicológica 
Neste caso não importa a idade do filho, desde que este possua necessidade 
especial. 
IV) Condenada gestante 
Lei não define o mês de gestação, nem se é gestação de risco ou comum. Alguns juízes 
exigem necessidade de prisão penal, ou seja, gestação de risco, pouco se fala em 
depressão durante a gestação. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
Situação Polêmica: Ausência de casa de albergado ou de vaga nas mesas 
Hoje, no Brasil, é muito comum o condenado receber prisão domiciliar fora do Art. 117 por 
falta de vagas e/ou casas de albergado.  requisito supra-legal. 
Nota: Excepcionalmente é possível prisão domiciliar em regime semiaberto. 
Exemplo: aidético sem cuidados, preso com câncer que não recebe tratamento médico 
adequado, gravidez de alto risco (assistência 24 horas). 
“Tudo em nome da dignidade humana” 
É possível conceder prisão domiciliar para quem está em regime semi aberto, para tratamento 
médico. 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
30/09/11 
 Superveniência de doença mental 
Quando começa a cumprir a pena, o indivíduo é saudável, porém, durante seu cumprimento, 
fica doente mental, precisando de um tratamento local especializado. 
- Durante a execução da pena o condenado precisaria de tratamento psiquiátrico em 
hospital especializado. 
Não é benefício, nem privilégio. 
- Fundamento: princípio da humanidade 
-Se o condenado é considerado inimputável no curso do tratamento, a pena será 
substituída pela medida de segurança. 
 Detração 
- É a redução do tempo de execução da privativa de liberdade aplicada pelo tempo 
de prisão provisória* ou administrativa ou pelo tempo de internação, no Brasil ou no 
estrangeiro. 
* Prisão provisória  Prisão Processual 
Prisão enquanto o indivíduo é considerado INOCENTE. Caso seja acusado, resultará na redução da 
pena, se absolvido, não há medidas reparatórias. 
1) Prisão temporária: 
Momento da Declaração  Inquérito Policial 
2) Prisão em flagrante delito 
Momento da Declaração  Pré-inquérito Policial 
3) Prisão preventiva 
Momento da Declaração  Inquérito Policial ou no Processo 
4) Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível 
Momento da Declaração  no Processo 
5) Prisão decorrente de sentença de pronúncia. 
Momento da Declaração  No procedimento do Júri 
- Fundamento: “nebis inidem” 
- A detração é realizada após o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 
- Multiplicidade de processos 
1º Esquema: detração é inaceitável 
Crime Crime 
2009 2010 
Roubo Roubo 
Houve Prisão processual: 6 M. Não foi preso processualmente 
Ao final, a pessoa é absolvida Ao final, a mesma pessoa é condenada, recebendo a pena de 4 anos. 
 
Neste caso, o advogado pode argumentar, por questão de justiça, este tempo de 2009 deve 
ser utilizado para diminuir a pena de 4 anos do crime de 2010, porém, não é aceito pela 
tradição, pois seria como o Estado estivesse distribuindo vales-pena, isto é, estimulando a 
delinquência. 
2º Esquema: detração é aceitável 
Crime Crime 
2009 2010 
Roubo Roubo 
Não ocorreu prisão provisória Ocorreu prisão provisória em 6 meses 
Ao final, a pessoa é absolvida Ao final, a mesma pessoa é condenada, recebendo a pena de 4 anos. 
 
2011 
O 1º crime é julgado 
 
A pessoa é condenada, recebendo pena de 4 anos. 
 
Detração é aceitável, pois não é visualizado um estímulo à delinquência. Vale ressaltar que 
aceitável é passível de discussão, isto é, não é garantida. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 Direitos e Deveres do preso 
- Direitos do preso na execução da pena: art. 41 da LEP. 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
 
I - alimentação suficiente e vestuário; 
II - atribuição de trabalho e sua remuneração; 
III - previdência social; 
IV - constituição de pecúlio; 
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; 
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, 
desde que compatíveis com a execução da pena; 
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; 
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; 
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; 
XI - chamamento nominal; 
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; 
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; 
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; 
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios 
de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. 
 
Parágrafo único - Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos 
mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. 
 
- Deveres do preso na execução da pena: art. 39 da LEP. 
Art. 39 - Constituem deveres do condenado 
 
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; 
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; 
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; 
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à 
disciplina; 
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; 
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; 
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores; 
Vlll - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante 
desconto proporcional da remuneração do trabalho; 
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; 
X - conservação dos objetos de uso pessoal. 
 
Parágrafo único - Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo. 
- Os condenados perdem apenas os direitos relacionados às e aos efeitos da 
condenação, conforme a sentença condenatória. 
- Direito à visita íntima. 
- Direito à inviolabilidade de correspondências. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
- Art. 126 à art. 130 da LEP. 
Art. 126 - O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, 
pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena 
. 
§ 1º - A contagem do tempo para o fim deste artigo será feita à razão de 1 (um) dia de pena 
por 3 (três) de trabalho. 
§ 2º - O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuará a beneficiar-se 
com a remição. 
§ 3º - A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvido o Ministério Público. 
 
Art. 127 - O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, 
começando o novo período a partir da data da infração disciplinar. 
 
Art. 128 - O tempo remido será computado para a concessão de livramento condicional e 
indulto. 
 
Art. 129 - A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao Juízo da Execução cópia 
do registro de todos os condenados que estejam trabalhando e dos dias de trabalho de cada 
um deles. 
 
Parágrafo único - Ao condenado dar-se-á relação de seus dias remidos. 
 
Art. 130 - Constitui o crime do art. 299 do Código Penal declarar ou atestar falsamente 
prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição. 
- É direitosubjetivo do condenado que efetivamente trabalha ou estuda, no curso da 
execução. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
03/10/11 
 Remição da pena 
Diminuição do tempo de condenação por trabalho ou por estudo. 
- Remição pelo trabalho: 3 dias de trabalho diminuem 1 dia de condenação, trabalho este 
de 6 a 8 horas, remunerado, específico para cada regime (fechado, semiaberto). 
A omissão do Estado não gera direito para o condenado, isto é, se o Estado não promover o 
trabalho, de modo algum, o condenado tem direito à remição. 
- Remição pelo estudo: 12 horas de estudo reduzindo 1 dia. As 12 horas podem ser dividas 
em 3 dias, isto é, 4 horas por dia. 
A lei facilita o estudo. Se o trabalho é real, se o estudo for efetivo, tem direito a remição. 
A lei exige produtividade, resultados. Tudo deve ser devidamente documentado. 
É concedida por decisão judicial devidamente motivada. A remição não é administrativa, é 
judicial. 
 Limite da execução da pena 
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) 
anos. 
 
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova 
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. 
O limite máximo de execução é 30 anos. Este limite está fundamentado na proibição 
constitucional da pena perpétua. 
O cálculo de qualquer benefício é feito com o tempo de condenação, isto é, não se usa o 
limite de 30 anos. 
Se, por exemplo, no 25º ano, o condenado pratica um novo crime, os 30 anos previstos no art. 
75 são completamente anulados, ou seja, voltam a contar do 0. 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
 Permissão de saída 
A permissão de saída é administrativa, pode ser concedida pelo diretor do presídio. 
Art. 120 - Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios 
poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos 
seguintes fatos: 
 
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; 
 
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do art. 14). 
 
Parágrafo único - A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se 
encontra o preso. 
 
A saída deve ser escoltada. Se necessário, o condenado deve permanecer algemado. 
Tratamento Médico 
A ideia de tratamento médico consultas, exames, cirurgias. Deve ser um tratamento que o 
preso não tenha no estabelecimento prisional. 
 Saída temporária 
Art. 122 - Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para 
saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: 
I - visita à família; 
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do segundo grau ou 
superior, na comarca do Juízo da Execução; 
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. 
Art. 123 - A autorização será concedida por ato motivado do juiz da execução, ouvidos o Ministério 
Público e a administração penitenciária, e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: 
I - comportamento adequado; 
II - cumprimento mínimo de um sexto da pena, se o condenado for primário, e um quarto, se 
reincidente; 
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. 
Art. 124 - A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada 
por mais quatro vezes durante o ano. 
Parágrafo único - Quando se tratar de freqüência a curso profissionalizante, de instrução de segundo 
grau ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. 
 
Rafael Barreto Ramos 
© 2011 
Art. 125 - O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como 
crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar 
baixo grau de aproveitamento do curso. 
Parágrafo único - A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo 
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado. 
O condenado tem direito a 7 dias de saída após cumprir 1/6 da pena se réu primário ou ¼ se 
reincidente. E ainda deve ter bom comportamento. 
Motivos: 
- Visita à família; 
- Participação em estudo na comarca em que cumpre a pena; 
- Participação em festas comemorativas de acordo com o calendário e os costumes sociais, 
desde que seja importante para a ressocialização. 
Nota: No Brasil, é permitida a saída temporária no natal e ano novo. 
Prazo 
No total são 35 dias no ano, sendo o prazo máximo por saída de 7 dias, tendo que haver um 
período de tempo de 45 entre as saídas. 
Em caso muito excepcional, para estudo, o condenado pode ficar mais de 7 dias fora do regime 
prisional. 
Rafael Barreto Ramos 
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07/10/11 
 Penas Restritivas de Direitos 
1. Natureza Jurídica: 
São penas substitutivas da privativa de liberdade aplicada. 
Em via de regra, na sentença, o juiz aplica a pena privativa de liberdade, depois, se possível, 
substitui pela Restritiva de Direitos. 
2. Característica Principal: 
São penas autônomas. Após a substituição, as Restritivas de Direitos são completamente 
independentes da privativa de liberdade. 
Não são penas acessórias, subordinadas, menores. 
3. Requisitos 
3.1. Gerais (art. 44, I) 
Requisitos para crime doloso e crime culposo. 
Pena aplicada for igual ou inferior a 4 anos e o crime é cometido sem violência contra a 
pessoa. 
CUIDADO: Este artigo faz parecer que há requisito para crime culposo em razão de sua 
redação imprecisa. Na realidade, NÃO HÁ REQUISITO PARA CRIME CULPOSO. A princípio, 
destarte, requisito apenas para crimes dolosos. 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
3.2.Subjetivo (art. 44, II) 
A pessoas não pode ser reincidente em crime doloso. 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
3.3. Individualizadores (art. 44, III) 
Para corrigir o rigor, a lei estabelece este critério contido no inciso III. 
Mesmo que a pessoa seja reincidente, é possível a substituição, desde que favoreça a 
sociedade, mas não pode ser caso de reincidência específica. 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os 
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
Rafael Barreto Ramos 
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Importante: 
Reincidência absoluta: crimes diferentes que ofendam bens jurídicos distintos. Esta 
reincidência é relativa. 
Reincidência específica: crimes iguais ou crimes que ofendam o mesmo bem jurídico. Esta 
reincidência é absoluta. 
4. Espécies: 
Há 6 espécies previstas no artigo 43: 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I – prestação pecuniária; 
II – perda de bens e valores; 
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
V – interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado com 
alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
VI – limitação de fim de semana 
Rafael Barreto Ramos 
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5. Prestação Pecuniária: 
Encontra-se no art. 45, §1º, do CP. 
É uma pena patrimonial, sendo seu objeto o dinheiro, pecúnia. A prestação mínima é de um 
salário mínimo e a máxima, 360 salários mínimos. 
A base de cálculoda prestação é a real situação econômica do réu, porém, na prática, o que 
ocorre, na maioria dos casos, é o fato de o juiz fixar um salário mínimo por estar em dúvida em 
relação à condição econômica do réu. 
Os destinatários da prestação são a vítima, seus dependentes e entidades de fim social. 
Geralmente as penas são destinadas à APAE, os Vicentinos e a APAC. 
O pagamento deve ser à vista. Se a pessoa provar que não tem condições econômicas, poderá 
pedir ao juiz da condenação o pagamento parcelado. 
Se o destinatário for a vítima, o valor recebido deverá ser reduzido no montante que receber 
posteriormente de indenização civil. Fundado no Princípio do Enriquecimento Ilícito. 
Art. 45. 
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a 
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) 
salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido 
do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. 
6. Prestação de serviços à comunidade: 
Previsto no art. 46 do CP, que possui um requisito particular: A pena privativa de liberdade 
aplicada deve ser superior a 6 meses. 
Os serviços devem ser dirigidos diretamente para a comunidade. 
O serviço não pode ser corporal ou lesivo, nem pode ser vexatório. Exemplo de serviço 
corporal: exigir como serviço a doação de sangue, medula, órgãos, etc. 
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações 
superiores a seis meses de privação da liberdade. 
 
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas 
gratuitas ao condenado. 
 
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, 
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
 
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser 
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a 
jornada normal de trabalho. 
 
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva 
em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. 
Rafael Barreto Ramos 
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14/10/11 
 Da Pena de Multa 
1. Cominação Formal 
O Código Penal prevê multa para um crime ou outro sem estipular valores. Formal porque é a 
mera previsão da multa sem nenhum valor, nenhuma quantidade. 
O Código Penal tem dois tipos de multas comuns: 
- Multa alternativa: reclusão OU multa, detenção OU multa 
- Multa cumulativa: reclusão E multa, detenção E multa 
A razão da cominação formal é a desvalorização da moeda. 
2. Sistema dos dias-multa (art. 49) 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e 
calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa. 
O primeiro elemento estruturante é o número de dias-multa, destarte, a lei prevê de 10 a 360 
dias-multa. No caso concreto, o número de dias-multa é fixado de acordo com a gravidade do 
crime. 
O segundo elemento estruturante é o valor de cada dia multa. A lei prevê o valor de um 
trigésimo do salário mínimo até cinco vezes o salário mínimo. 
O salário mínimo considerado como base de cálculo é o salário mínimo nacional real da data 
do crime. 
O cálculo do valor é realizado conforme a real situação econômica do réu. 
Eis o dilema da pena de multa: 
Situação econômica não é presumível e o réu não é obrigado a produzir prova contra a si 
mesmo, portanto, não é obrigado a demonstrar sua real situação econômica. 
Então, desta forma, na dúvida, beneficia-se o réu, estipulando o valor mínimo de multa. 
Sentença 
Na sentença, primeiramente, o juiz fixa o número de dias-multa de acordo com a gravidade do 
crime. Depois, o juiz fixa o valor de cada dia multa. 
3. Destinatário 
Fundo penitenciário nacional. 
Rafael Barreto Ramos 
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4. Pagamento 
A regra, é pagamento à vista ou integral. Dez dias após o trânsito e julgado da sentença o 
condenado deve pagar a multa integralmente. 
Exceções: 
- O pagamento parcelado, ou seja, se o condenado for relativamente insolvente, pode solicitar 
ao juiz o parcelamento e quem determina o número de parcelas é o juiz da execução. 
- Penhora na forma do processo civil, isto é, na falta do pagamento à vista ou parcelado, o 
Estado penhora os bens do executado. 
É possível correção monetária na data do pagamento. 
5. Conversão 
Conforme o artigo 51 do Código Penal, se não houver o pagamento da multa, ocorrerá a sua 
conversão em dívida fiscal do Estado. O nome do condenado entra na lista da dívida ativa do 
Estado. 
A conversão não muda a natureza da pena, continua sendo sanção penal. 
 
Rafael Barreto Ramos 
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21/10/11 
 Das Medidas de Segurança 
1. Espécies 
Medida de segurança de internação: é executada em manicômio. Corresponde à pena de 
reclusão. 
Medida de segurança de tratamento ambulatorial: é executada em hospitais 
especializados. Corresponde à pena de detenção. 
2. Fundamento 
É a periculosidade, ou seja, presunção de retorno à delinquência. A sua base é a 
inimputabilidade, isto é, a total incapacidade penal. 
Quem decide se a pessoa é perigosa é o juiz, mediante uma sentença judicial e não o médico 
psiquiatra. 
3. Prazos 
A lei estipula prazo mínimo e prazo máximo. O prazo mínimo é de 1 a 3 anos. 
O prazo máximo é indeterminado, porém é inconstitucional, pois possui caráter perpétuo. 
Então, o prazo máximo passa a ser o prazo máximo à pena cominada para o crime cometido. 
Alcançado o prazo máximo, deve o agente ser liberado ou desinternado para que não se defina 
o caráter perpétuo. 
O ideal é que o agente fosse liberado da esfera penal e fosse para esfera cível, através da 
obtenção de um tutor. 
Em Minas, há o programa Pai PJ, que auxilia tanto quem cumpre a medida quanto a família do 
sujeito. 
Se a família não tiver condições de manter o tratamento ambulatorial, deve requerer a 
internação em manicômio. 
Ex: homicídio simples, prazo máximo 20 anos. Furto simples, prazo máximo 4 anos. 
4. Exame de cessação de periculosidade 
Findo o prazo mínimo, é preciso realizar exame de cessação de periculosidade. 
Se o exame é positivo, a pessoa é desinternada ou liberada condicionalmente. Durante 1 ano a 
pessoa não pode manifestar qualquer problema que indique a permanência da periculosidade. 
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Se o exame é negativo, a pessoa continuará submetida à medida de segurança, porém, de 
acordo com o prazo máximo. Neste caso, o exame de cessação é repetido de ano a ano ou, 
especialmente, de 6 em 6 meses. 
5. Superveniência de doença mental e medidas de segurança 
O motivo da medida de segurança não é o crime, uma vez que a pessoa é absolvida uma vez 
caracterizada a inimputabilidade. 
Então, passa-se a examinar a periculosidade do agente. 
O condenado inicia a pena imputável e, durante sua pena há a superveniência de doença 
mental. Se, durante o tratamento, este for caracterizado como inimputável, substitui-se a pena 
por medida de segurança. 
Em razão desta substituição, cessada a periculosidade, o agente é liberado, ou seja, substituiu-
se efetivamente a pena por medida de segurança, segue-se apenas as regras da medida de 
segurança. 
6. Semi-imputabilidade e Sistema vicariante (art. 26, §1º) 
Relativa incapacidade penal. O código penal trabalha com a culpabilidade diminuída. O juiz 
pode escolher aplicar uma pena de prisão reduzida ou impor medida de segurança de 
tratamento ambulatorial. 
Se o juiz entender que a melhor medida é a de segurança, na sentença condenatória aplicará a 
pena privativa de liberdade e depois a substitui pela medidade segurança de tratamento 
ambulatório. Tudo na mesma sentença condenatória. 
O sistema vicariante dá ao juiz a faculdade de escolha entre a pena ou medida de segurança, 
porém na sentença devem ser seguidos os procedimentos acima descritos. 
CUIDADO: A pessoa pode ser dependente de drogas, mas isso não quer dizer que seja 
semi-imputável nem inimputável. 
Art. 26 
 
Redução de pena 
 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação 
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Rafael Barreto Ramos 
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28/10/11 
 Da aplicação das penas 
1. Sistema trifásico 
A aplicação das penas tem que ser feita em três partes ou fases: 
a) Cálculo da pena base (obrigatória) 
b) Aplicação de agravante e/ou atenuante 
c) Aplicação de majorante e/ou minorante 
Os itens B e C dependem das circunstâncias dos fatos reais (se existem). 
2. Poder discriminatório Vinculado 
Na aplicação das penas, o juiz criminal competente tem poder discricionário para determinar a 
quantidade de pena a ser executada na medida da culpabilidade do fato delituoso. Este poder 
é limitado ou controlado pelas regras, princípios e jurisprudência. O poder discricionário não 
cuida da oportunidade, conforme a conveniência para o Estado. A discricionariedade significa 
que o juiz tem a liberdade jurídica de fixar a pena em conformidade com a espécie e os limites 
pré-estabelecidos. 
3. Fixação da pena base (art. 59, caput, CP) 
No art. 59, “caput”, CP, há 8 circunstâncias judiciais. Todas devem ser analisadas para. 
Cada circunstância deve ser examinada individualmente, podendo ser benéfica ou prejudicial 
para o réu. É expressamente proibido o exame conjunto das circunstâncias ou estudo seletivo 
de uma ou outra que o juiz arbitrariamente considere mais importante. 
A quantidade de pena base deve respeitar os limites mínimos e máximos da privativa de 
liberdade e da multa. 
Circunstâncias 
Todas 8 circunstâncias devem ser analisadas individualmente. A análise pode ser favorável ou 
prejudicial ao réu. Toda análise deve ser fundamentada nas provas. 
Nota: Prova é sempre em 1ª e 2ª instância. STJ, STF não analisam provas exceto em casos de 
crimes de ministro. Se mal analisado, volta. 
Rafael Barreto Ramos 
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3.1. Culpabilidade 
Culpabilidade no cálculo da pena base não é a mesma da Teoria do Crime. A pessoa já foi 
condenada pela prática do crime, ou seja, já foi reconhecido imputabilidade, exigibilidade de 
conduta diversa e afins. É preciso ultrapassar a estrutura do crime. 
O que se quer determinar é o quanto a pessoa poderia ter obedecido o direito. 
A culpabilidade é o exame da atitude interna do réu em face das circunstâncias do fato 
delituoso, que lhe possibilitam pequena, mediana e elevada obediência ao direito em uma 
situação social normal. 
A base de tudo é a previsão. Uma pessoa que começa a beber pode prever que aquilo pode 
provocar a perda do controle do corpo. 
Exemplo: Um crime praticado por um jovem de 18 anos não é a mesma coisa de ser praticado 
por um de 30 anos, pois o primeiro tem maior chance de cometer por impulso. Assim, como um 
sóbrio e um bêbado. 
3.2. Antecedentes 
A base de análise é uma sentença condenatória transitada em julgado. A pessoa pode ter boa 
ou má antecedência criminal. Ela é sempre comprovada por certidão judiciária (documento 
judicial de uso processual), ou seja, informes /dados policial não servem para análise de 
antecedentes criminais. 
3.3. Conduta social 
Na conduta social, é a forma como a pessoa age na família, empresa, clube, buteco, igreja, etc. 
É um bom ou mal pai, filho, etc. Não sob a ótica criminal, mas de acordo com a moral da ética 
social. É um histórico social. 
3.4. Personalidade 
O que é examinado é o caráter ou modo de ver e sentir a vida. Não precisa de exame 
científico. 
3.5. Motivos do crime 
Tudo aquilo que impulsiona o agente do fato ou a finalidade perseguida pelo autor do crime. 
Detalhe: o motivo do crime não pode ser elemento constitutivo do tipo penal, agravante e 
majorante, pois ocorreria o “bis in idem”. O motivo não pode ser inerente ao crime: o juiz não 
pode dizer que o motivo do crime de furto é a ganância. 
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3.6. Circunstâncias do crime 
São os modos e meios de execução, os lugares, as qualidades do autor e da vítima, as relações 
entre o autor e a vítima e ainda o tempo do crime. 
As circunstâncias não podem ser próprias do crime abstrato, nem podem ser agravantes ou 
atenuantes, para se evitar o bis in idem. 
São circunstâncias que são provadas no processo e pertencem ao fato real/caso concreto. 
Contra exemplo: 
Art. 121 §4º: majorante crime doloso: crime contra criança ou idoso. Isso não pode majorar o 
cálculo da pena base. 
Rafael Barreto Ramos 
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31/10/11 
Da aplicação das penas (continuação): 
Circunstâncias Judiciais 
3.7. Consequências do crime 
As consequências são os efeitos extra típicos do fato que não podem ser inerentes ao crime, às 
agravantes e às majorantes. 
O juiz não pode utilizar como consequência o alarme social. Ex: “O delito implantou a revolta 
na sociedade.” Todo crime deveria criar medo na comunidade. 
3.8. Comportamento da Vítima 
É uma circunstância judicial que não pode ser prejudicial ao réu. 
Analisa-se o comportamento de vítimas que facilitam ou provocam a prática do crime. Além de 
estimular o crime, a vítima expõe a perigo outras pessoas sejam conhecidas, sejam 
desconhecidas. 
Em nosso Direito, ninguém tem liberdade absoluta, especialmente, quando age de modo 
egoístico e inconsequente. 
De todo modo, o juiz deverá analisar, em favor do réu, os comportamentos graves da vítima 
do fato-crime. 
Exemplo: Há pessoas que não trancam portas, não trancam janelas. “Oportunidade faz o 
ladrão.” 
IMPORTANTE: A omissão da mulher ao ser agredida pode ser caracterizada como 
estimulação do crime, preenchidos os requisitos como, por exemplo, não haver dependência 
econômica. ~ 
Aspectos Gerais das Circunstâncias 
- Todas as 8 circunstâncias individuais devem ser analisadas individualmente; 
- A análise pode ser favorável ou prejudicial ao réu; 
- Toda análise deve se fundamentar nas provas; 
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4. Uso de agravantes e atenuantes 
Agravantes 
As agravantes são taxativamente estabelecidas do artigo 61 ao 64 do Código Penal. Não são 
circunstâncias constitutivas do crime, nem são majorantes. 
A lei não determina quantidades de agravação das penas, isto é, não há limite mínimo ou 
máximo. 
O uso de agravante não pode levar a pena base para além da pena máxima abstrata do crime. 
Na prática, a agravante mais comum é a reincidência, prevista nos artigos 63 e 64. 
No Brasil, a reincidência é genérica, já que envolve condenação pela prática de quaisquer 
crimes. 
Na aplicação da pena, ao sentenciar, o magistrado trabalha com reincidência provisória para 
agravar a pena base, haja vista que não houve o trânsito em julgado da segunda ou terceira 
sentença condenatória. 
Reincidência Provisória 
2009 2010 2011 
Crime 1 Crime 2 Julgamento do Crime 2 
Sentença condenatória definitiva Reincidência (provisória, possibilidade de recurso) agravante 
da pena 
Neste caso, a reincidência seria provisória, pois o crime 2 ainda não foi julgado em definitivo, 
não resultando, destarte, em julgado. 
Prazo da Reincidência 
Por fim, a reincidência no Brasil gera efeitos no Brasil no prazo de 5 anos, contados a partir da 
data da extinção da pena ou da punibilidade. Após o prazo, o réu deixaria de ser reincidente, 
porém poderia ser considerado possuidor de má antecedência criminal. 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209,de 11.7.1984) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
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c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou 
impossível a defesa do ofendido; 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia 
resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Incluído pela Lei nº 11.340, 
de 2006) 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 
10.741, de 2003) 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça 
particular do ofendido; 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude 
de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Reincidência 
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a 
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a 
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de 
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Rafael Barreto Ramos 
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Atenuantes 
Estão previstas nominalmente, no artigo 65. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da 
sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe 
as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade 
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
No Artigo 66, estão previstas atenuantes inominadas, constatadas no fato antes ou depois de 
sua execução. 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior 
ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
Ex: a mãe tem seu filho viciado preso por tráfico de drogas, estando este ameaçado pelos presos. Então, 
o rapaz, desesperado, pede para sua mãe levar droga em dia de visita na cadeia. A compaixão da mãe 
pode ser tida como uma atenuante inominada. 
A lei não determina os limites mínimos e máximos de atenuação. Daí, o uso de atenuante não 
pode levar a pena base para a aquém da pena mínima abstrata do crime. Isto, principalmente, 
para garantir segurança jurídica, uma vez que evitaria loteria da sorte do julgamento do caso. 
Se o réu fosse julgado pelo juiz linha 
Em qualquer caso, as atenuantes, mesmo que coincidindo com elementos do crime ou outras 
causas de modificação da pena podem ser aplicadas, já que não prejudicam o réu, ou seja, não 
haveria bis in idem. 
Rafael Barreto Ramos 
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04/11/11 
 Da aplicação das penas (continuação) 
5. Emprego de majorante e/ou minorante 
As causas de aumento e de diminuição das penas estão na parte geral e na parte especial do 
Código Penal. 
As causas gerais são de uso obrigatório. 
As especiais, por sua vez, se vinculam às espécies de crimes ou grupos de delitos. Em casos de 
concorrência, permitem ao juiz usar o maior aumento de pena ou a menor diminuição das 
sanções, desde que as causas concorrentes sejam previstas em normas diferentes. Se forem 
previstas em uma mesma norma, serão aplicados cumulativamente. 
Exemplos: 
- Minorante geral: 
 Tentativa de crime (art. 14, II) 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
Participação de menor importância. (Art. 29, §1º) 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
- Majorantes gerais: 
Concurso formal de crimes (art. 70) 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, 
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a 
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o 
disposto no artigo anterior. 
Crime continuado (art. 71) 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
Rafael Barreto Ramos 
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- Minorantes especiais: 
Homicídio privilegiado (art. 121 §1º) 
Art 121. Matar alguem: 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
Furto privilegiado (art. 155, §2º) 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
- Majorantes especiais: 
Art. 121, §4º: majorante dos homicídios. 
Art 121. Matar alguem: 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
doloso

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