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Direito Processual Penal Prof. Flávio Cardoso Matéria: Meios de Prova/ Procedimento Comum e Especia/ Análise do Procedimento Comum Ordinário. 06/06/2011 Interrogatório: É o ato em que o acusado é ouvido à respeito da imputação que lhe é dirigida. No interrogatório vigora o direito de permanecer em silêncio. Direito ao silêncio: Antes de iniciar o interrogatório do acusado, o magistrado deve cientificar o réu de sua garantia constitucional -“Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal”. Esta máxima é proveniente da doutrina Americana, cujos preceitos são válidos no Brasil, que os elevou a princípio constitucional. É o direito do acusado de permanecer em silêncio durante o interrogatório, consequentemente não produzindo prova contra si mesmo. Caso o acusado venha a optar por pemanecer em silêncio, este ato não será utilizado em seu desfavor. Sendo que, no momento do interrogatório o acusado poderá apresentar à autodefesa, porém não é obrigado a realiza-la – trata-se de uma faculdade. O interrogatório tem dupla natureza jurídica, ou seja, constitui um meio de defesa e prova. A fase instrutória da audiência irá ser encerrada com o interrogatório. O acusado antes de ser interrogado terá o direito de conversar com o seu advogado (defensor). Obs.: Este direito é concedido antes do interrogatório e não antes da audiência. O interrogatório é dividido em duas partes: 1º O juiz realiza perguntas sobre os aspectos pessoais, financeiros, familiares, econômicos etc, tendo por finalidade instruir o processo e extrair elementos essenciais da personalidade do indivíduo. 2º O juiz realiza a inquirição quanto aos fatos imputados. Nota-se que o interrogatório é precedido pelo juiz, sendo que após as partes poderão pedir esclarecimentos quanto as perguntas realizadas ao acusado. Formas de realização do interrogatório: - Réu solto: Intimado para audiência – comparecendo será tomado o seu interrogatório. Obs.: Não é obrigado a comparecer. - Réu preso: 1. Regra: “O interrogatório do acusado preso será feito no estabelecimento prisional em que se encontrar, em sala própria, desde que estejam garantidas a segurança do juiz e auxiliares, a presença do defensor e a publicidade do ato. Inexistindo a segurança, o interrogatório será feito nos termos do Código de Processo Penal.” Nota-se que o legislador pretendeu estabelecer, por regra, que, agora, o interrogatório do réu preso deve ser feito no estabelecimento prisional onde se encontrar. A propósito, tal disposição levou em conta, tão somente, os problemas havidos nos grandes centros, onde, o bem da verdade, os trabalhos diários de escolta de presos têm se tornado um tormento, com grande gasto econômico e de agentes da polícia, sem contar a própria possibilidade de, neste traslado, ocorrer tentativa de fuga. 2. Exceção: Interrogatório realizado por videoconferência ou outro meio similar. Trata-se de uma providência excepcionalmente – jamais pode ser transformada em regra. Requisitos para a sua ocorrência: I. Se necessário para impedir risco de fulga (resgate de preso) ou se houver fundada suspeita do acusado integrar uma organização criminosa (presunção de ataque ou resgate durante o trajeto). II. Se necessário para viabilizar a participação do réu na audiência – em razão de doença ou outro motivo de caráter pessoal. III. Se necessário para impedir que o réu influencie o ânimo da vítima e testemunha. Ex.: Inviável o réu no mesmo espaço físico com a vítima, tendo por finalidade evitar coação de qualquer espécie – sinais ameaçadores. IV. Se necessário para atender a gravíssima questão de ordem pública. Obs.: Esta autorização do legislador é totalmente genérica. A doutrina se posiciona pacificamente – alegando que problemas de ordem administrativa do Estado (ex.:falta de viatura) – não autoriza a utilização da videoconferência, ou seja, não se sobrepõe a um direito constitucional. Procedimento para Realização do Interrogatório por Videoconferência: 2 Advogados: - 1 Na sala de audiência; - 1 Acompanhando o preso dentro do estabelecimento prisional. Obs.: Se o acusado não contar com uma equipe de advogados – será nomeado um Defensor Dativo ou Advogado Conveniado. Linha reservada para: - Comunicação do preso com seus advogados; - Comunicação entre os advogados. 3. Não sendo possível ouvir o acusado dentro do estabelecimento prisional ou por videoconferência – o acusado será conduzido ao Fórum, para a realização do interrogatório. Ofendido (Vítima): Será colhida as declarações do ofendido (se possível), como forma de convencimento do juiz. A oitiva do ofendido é uma providência judicial obrigatória (feita de ofício pelo juiz). Caso seja devidamente intimada, porém não comparece, poderá ser dirigida coercitivamente à audiência. A vítima tem o direito de acompanhar à audiência de instrução em julgamento, sem precisar se habilitar como assistente, para ter o seu local reservado na audiência. Sendo que, para decidir interfir na audiência deverá se habilitar como assistente do Ministério Público, ou seja, assistente de acusação. A vítima será comunicada: da data da audiência; das decisões proferidas no processo (sentença e acordãos) e da entrada e da saída do réu da prisão (podendo optar que estas sejam realizadas por meio eletrônico). - O ofendido se desejar poderá ser acompanhado por um atendimento multidisciplinar (p.ex: psicológico, psiquiátrico, terapêutico etc). As custas deste atendimento é do ofensor, salvo quando não poder fazê-lo – será paga as custas pelo Estado. O juiz pode tomar medida no processo para defender a honra/a imagem da vítima (decreta o sigilo processual). Testemunha: É uma pessoa estranha no processo, que será inquirida a respeito dos fatos alegados na causa. Regra: Toda pessoa em princípio pode ser testemunha no processo (afirmação genérica), inclusive a criança, pois conforme o Código, o processo busca a verdade real dos fatos. Obs.: Trata-se de uma possibilidade real, salvo restrições peculiares. Restrições: Existe um grupo de pessoas que estão dispensadas de depor: - Cônjuges; - Ascendentes; - Descendentes; - Afins em linha reta do réu. Estas pessoas serão ouvidas – quando for a única maneira de obter a prova (tornando-se obrigadas a depor), porém sem prestar o compromisso de dizer a verdade, consequentemente não cometem o crime de falso testemunho. Obs.: Também não prestam o compromisso de dizer a verdade – os menos de 14 anos e os doentes mentais. Pessoas Proibidas (Impedidas) de depor: - Em razão da profissão, função ministério – terão o dever de permanecer em silêncio. Ex.: O advogado em face do seu cliente, bem como o psicoterapeuta, o padre etc. Obs.: Estas pessoas podem prestar o depoimento, desde que, desobrigados (autorizados) pela parte contrária (acusado). Caso a testemunha seja regularmente intimada a comparecer e falta – será conduzida coercitimante à audiência. Caso compareça à audiência – será informada no início do seu depoimento sobre a possibilidade de cometer o crime de falso testemunho. A inquirição (perguntas) às testemunhas será feita diretamente pelas partes, podendo o juiz se entender necessário complementar a inquirição, conforme o Art. 212, do CPP. Obs.: O juiz fica impedido de chamar para si a inquirição, sobre pena de nulidade. Art. 212. “As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.” Prisão: Este tema será estudadoem momento posterior, devido a possibilidade de alteração processual. Procedimento: É uma sequência organizada de ato dirigidos a um provimento final (sentença). O procedimento divide-se em: dois grupos – Comum e Especial. - Comum: É a regra geral, aplicáveis sempre que não houver disposição em contrário. Divide-se o procedimento comum em: Ordinário: Adota-se este rito para os crimes que tenham pena máxima – igual ou superior a 4 anos. Sumário: Adota-se este rito para crimes cuja pena máxima seja inferior a 4 anos e superior a 2 anos. Sumaríssimo: Adota-se este rito para os crime com pena máxima – igual ou inferior a 2 anos (Descrito no JECRIM – Lei 9.099/95 – crimes de menor potencial ofensivo). Obs.: Em regra sempre recai sobre o rito ordinário, excepcionalmente segue o rito sumário ou sumaríssimo. - Especial: É a exceção. Certos crimes merecem tratamento diferenciado, por decorrência da sua própria natureza. O procedimento especial é estabelecido pelo Código ou em leis específicas. Previstos no Código: Rito do Júri; Crimes Funcionais; Crimes contra a Honra; Crimes contra a Propriedade Imaterial (violação de Direito Autoral, ex: pirataria). Previstos em Lei: Lei 11.343/06 (Nova Lei de Drogas), p.ex: acusado processado por tráfico. Análise do Procedimento Comum Ordinário: Nasce com o oferecimento de uma peça inicial, denominada denúncia ou queixa. Portanto, o momento inaugural será com: - Oferecimento da Denúncia: Ação Penal Pública. - Queixa: Ação Penal Privada. Requisitos da Denúncia ou Queixa (Art.41, do CPP): I. Exposição do fato em todas as suas circunstâncias – pormenorizado/detelhado na inicial (sob pena de não ser responsabilizado o acusado). Finalidade: Dar ciência ao acusado – para que possa promover sua defesa. II. Qualificação ou identificação do acusado. Aqui o representante do Ministério Público ou o ofendido irá individualizar o acusado, ou seja, identificá-lo. Porém, será admitido que sejam fornecidos dados físicos, traços característicos ou outras informações, caso não seja possível obter a identidade do acusado. A correta qualificação do acusado poderá ser feita ou retificada a qualquer tempo, sem que isso retarde o andamento da ação penal. III. Classificação jurídica do fato. Definir juridicamente o fato imputado ao indivídiuo como criminoso em lei – capitulação legal. Ex.: O fato narraado está previsto como crime no Art. X. Obs.:Esta classificação pode ser alterada até o curso do processo. IV. Rol de testemunhas (quando houver). O representante do Ministério Público (ou o querelante) deverá arrolar as testemunhas na denúncia (ou na queixa, em se tratando de crime de ação penal privada), sob pena de preclusão. Art. 41 – “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.”
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