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Direito Processual Trabalhista Prof. Michelle Borges Matéria: Prazos Processuais/ Suspensão e Interrupção/ Interposição/ Preclusão/ Citação – Notificação/ Despesas Processuais/ Prescrição 17/05/2011 I. Prazos: Prazo é o espaço de tempo em que deve realizar-se alguma coisa e, portanto, prazo processual é o período de tempo em que o ato processual deve ser praticado. Os prazos processuais podem ser comuns às partes ou exclusivo a uma das partes. Dividem-se em legais, judiciais e convencionais. 1. Prazo Legal: é o prazo fixado em lei. 2. Prazo Judicial: é aquele determinado pelo Juiz. 3. Prazo Conevencionado: são aqueles que decorrem de um acordo entre as partes, que o estipulam (convencionam). Os prazos subdividem-se ainda, em peremptórios e dilatórios. 1. Prazos peremptórios – são aqueles fatais e improrrogáveis, não podendo ser alterados pelas partes. Por exemplo, as partes não podem convencionar prazo de 10 dias para interposição de recurso, já que o prazo legal é de 08 dias (regra). 2. Prazos dilatórios – são aqueles que podem que podem ser prorrogados, podendo ser alterados pelas partes. Por exemplo, as partes podem convencionar prazo de 15 dias para elaboração de quesitos, sob o fundamento de que o grau de complexidade da perícia judicial não permite sua apresentação em prazo menor. Portanto, este prazo pode ser modificado. Obs.: Não confundir esta possibilidade de modificação do prazo com a possibilidade de devolução de um prazo. II. Contagem de Prazo: Os prazos processuais são contínuos e irreleváveis, correndo interruptamente, e são contados apartir da data em que for feita pessoalmente a intimação, ou recebida a notificação, ou da data em que for publicado o edital no jornal oficial (Art. 774, da CLT), excluindo o dia de início e incluindo-se o dia do término do prazo (Art. 775, da CLT). Ex.: Publicada no dia 17 (tendo 5 dias para interposição) – exclui o dia 17 e conta-se os dias 18, 19,20,21 e 22. Portanto, o dia 22/05 seria o dia correto para a interposição, porém o dia 22 é um Domingo ou um feriado, razão pela qual prorroga-se automaticamente para o primeiro dia útil subsequente. Se for feriado no local onde deveria ser proposta a demanda ou dia que excepcionalmente não haja expediente forense, a parte deverá comprovar este fato, conforme a Súmula 385/TST. Art. 774. “Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. Parágrafo único. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-lo, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem.” Art. 775. “Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada. Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.” Súmula nº 385 - TST - Feriado Local - Ausência de Expediente Forense - Prazo Recursal - Prorrogação - Comprovação - Necessidade “Cabe à parte comprovar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja expediente forense, que justifique a prorrogação do prazo recursal.” Suspensão e Interrupção da contagem do prazo: -Suspensão: Aproveita o tempo anterior à suspensão, sendo que, uma vez cessado o motivo que deu causa a suspensão, conta-se somente o tempo restante. Ex.: Passagem pela CCP/Comissão de Conciliação Prévia. - Interrupção: Paraliza a contagem do prazo, sendo que ao retornar a contagem o prazo volta cheio, ou seja, desde o início. III. Interposição: Regra: Na Justiça do Trabalho, o prazo para a interposição de todos os recursos foi unificado em 8 dias. Exceção - Privilégio de prazo: - O Ministério Público e a Fazenda Pública têm prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar, conforme o Art. 188, do CPC. Art. 188 – “Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.” - Prazo para contestação: Inexiste prazo para apresentar contestação na secretária da vara na reclamação trabalhista. A ação deve ser contestada em audiência (inicial ou UNA) no prazo de 20 minutos se for oralmente, ou por escrito, como acontece na prática (Art. 847, da CLT). Art. 847. “Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.” Obs.: Cuidado – Litisconsorte, com Procurados distintos, não terão privilégio de prazo na esfera trabalhista, conforme OJ 310/TST. TST – Orientação Jurisprudencial nº 310 - Litisconsortes - Procuradores distintos - prazo em dobro. LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 191 DO CPC. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. “A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em decorrência da sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.” Preclusão: É no direito processual, a perda do direito de agir nos autos em face da perda da oportunidade, conferida por certo prazo. Assim, se a parte não recorre da sentença a ela desfavorável no prazo legal, seu direito sofre o fenômeno da preclusão. A preclusão pode ser: Temporal, referente ao tempo; Consumativa, quando o ato já se consumou, não podendo fazê-lo novamente; Lógica, quando se pratica determinado ato que o impeça de fazê-lo de outra forma. IV. Citação/Notificação: É o ato pelo qual o juiz dá conhecimento ao reclamado da propositura de uma ação, assinalando a data da audiência (notificação) e cominando revelia e confissão no caso de não apresentação de defesa. Modalidades de Citação: - Por correio (Art. 841, da CLT): com AR/Aviso de Recebimento. - Por Oficial de Justiça. - Por Edital: Esta modalidade de citação na esfera trabalhista é incomum, porém permitida a sua realização. Art. 841. “Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. § 1º A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. § 2º O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.” Presume-se recebida a notificação postal em 48 hrs, conforme a Súmula 16/TST. Cabendo a parte que não recebeu, o ônus de comprovar a sua falta. TST Enunciado nº 16 - Notificação Trabalhista - Recebimento - Ônus de Prova “Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.” V. Despesas Processuais: Custas: Na esfera trabalhista ninguém precisa pagar para ingressar com uma ação, porém aquele que desejarecorrer – deverá recolher custas no valor de 2% (via de regra, sobre o valor da condenação). Caso exista acordo entre as partes – a princípio cada parte pagará o equivalente a 1%, ou se forma diversa estipulada no acordo. Quem paga as custas processuais? Regra: É paga por aquele que perdeu à ação (vencido). Exceções: 1º Em caso de procedência parcial, o preparo do eventual recurso fica a cargo do reclamado. 2º São isentos de custas: - Beneficiários da Justiça Gratuita (reclamante ou reclamado); - Aqueles elencados no Art. 790-A, da CLT; - Os descritos na Súmula 86/ TST (massa falida, empresas em liquidação e recuperação extrajudicial). Art. 790-A. “São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: I - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; II - o Ministério Público do Trabalho.” TST Enunciado nº 86 - Deserção - Recurso Trabalhista - Massa Falida - Pagamento de Custas ou Depósito do Valor da Condenação “Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.” VI. Nulidades Processuais: Nulidade é a sanção pela qual a lei priva um ato jurídico de produzir seus efeitos normais, quando não forem observadas as formas para ele prescritas. Classificação: a) Nulidade Absoluta: Quando o ato processual violar uma norma de ordem pública ou de interesse social. Estas nulidades podem ser declaradas de ofício pelo juiz, e não ocorre preclusão, razão pela qual em qualquer momento pode ser declarada. Ex.: Incompetência da matéria ou da pessoa. b) Nulidade Relativa: Deve ser suscitada/pretendida pela parte (não pode o juiz de ofício declara-la). Esta nulidade deve ser alegada no primeiro momento em que uma das partes tiver ciência da sua existência, sob pena de preclusão. Ex.: Nulidade com relação ao foro. Princípios que regem as nulidades: 1º Prejuízo ou transcedência (Art. 794, da CLT): Não haverá nulidade se não houver prejuízo processual à parte. Portanto, independentemente de existir um vício – deve ter havido prejuízo à parte, caso contrário não cabe suscitar este princípio. Art. 794. “Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.” 2º Intrumentabilidade das formas (Art. 154 e 244, do CPC): O ato processual deve ser ater à observância das formas, porém, se não houver cominação de nulidade pela inobservância da forma estabelecida em lei e, se de outro modo, o ato atingir sua finalidade, haverá validade do ato praticado , razão pela qual não será declarado nulo. Art. 154 – “Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.” Art. 244 – “Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.” 3º Convalidação (Art. 795, da CLT): As nulidades relativas não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez que tiverem de falar em audiência ou nos atos, sob pena de preclusão. Obs.: Só se aplica este princípio as nulidade relativas. Art. 795. “As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.” 4º Renovação ou saneamento: Sempre que for possível realizar o saneamento, este será feito, conforme o princípio da economia processual. Obs.: Jamais será saneado nulidade absoluta. 5º Aproveitamento dos atos (Art. 798, da CLT): Os atos anteriores são utilizados e os posteriores são descartados. Art. 798. “A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam conseqüência.” 6º Interesse de agir (Art. 796, da CLT): Só poderá alegar a nulidade, aquele que tiver interesse por suscita-lo, desde que, não tenha dado causa a nulidade. Art. 796. “A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir- se a falta ou repetir- se o ato; b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.” Protesto: Nada mais é do que um aviso de que houve no curso do processo uma decisão prejudicial à parte, mas que não pode ser recorrível de imediato. Neste caso, o registro dos protestos tem o fim de evitar a preclusão. Obs.: Deve constar em ata. VII. Prescrição: É a perda do direito de ação em decorrência do titular de um direito em acionar o Judiciário na busca de uma sentença que reconheça a sua pretensão. a) Prescrição Bienal/Extintiva: Rompido um contrato de trabalho, o reclamante possui 2 anos para ajuizar ação trabalhista. Se ajuizar após este prazo, ocorre a prescrição bienal, ou seja, a perda do direito de ação (Art. 7 XXIX, da CF). Art. 7º - “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.” b) Prescrição Quinquenal: Ocorre em relação aos últimos 5 anos anteriores à propositura da ação trabalhista, tanto para trabalhadores urbanos como para os rurais. Ao propor uma reclamatória, o reclamante interrompe o prazo prescricional e se estiver discutindo, p.ex., 7 anos de contrato, sendo arguido instituto da prescrição quinquenal, só discutirá os últimos 5 anos anteriores ao ajuizamento da ação. Os fundamentos são os mesmos lançados acima, incluindo posição do TST quanto à retroação em 5 anos da data da propositura da ação (Súmula 308, I, do TST). TST Enunciado nº 308 - Prescrição Qüinqüenal da Ação Trabalhista I – “Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato.” c) Prescrição Trintenária: Igual a prescrição quinquenal, só que é de 30 anos – servindo somente para o direito de depósito do FGTS. d) Prescrição Intercorrente: Se na fase de execução o processo ficar paralizado por 2 anos ou mais prazo, pode-se o requerer a prescrição intercorrente. Cabe salientar, que esta prescrição não é admitida na esfera trabalhista, conforme a Súmula 114/TST (“É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente”); porém como está prevista na CF – o STF tem competência, razão pela qual admite a prescrição intercorrente na esfera trabalhista, conforme a Súmula 327/TST (“Tratando- se de pedido de diferença de complementação de aposentadoria oriunda de norma regulamentar, a prescrição aplicável é a parcial, não atingindo o direito de ação, mas, tão-somente, as parcelas anteriores ao qüinqüênio.”) A CLT, no Art. 884 prevê que nos Embargos à Execução poderão ser suscitadas à prescrição intercorrente.
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