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Estudo dirigido Penal

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Estudo dirigido Penal III
AÇÃO PENAL 
Ação Penal é o direito subjetivo público autônomo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional do Estado para que este resolva conflitos provenientes da prática de condutas definidas em lei como crime.
A Possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, a legitimidade “ad causam” e a justa causa são as denominadas condições para o exercício da Ação Penal. O pedido será possível juridicamente se a conduta praticada for típica, formal ou material. O Interesse de agir é a necessidade e utilidade de ingressar com a ação penal. Terá a legitimidade ad causam o autor da ação se este for titular do direito ao qual a prestação da atividade jurisdicional protegerá, sendo o réu responsável pela lesão ao direito do autor. A justa causa nada mais é do que materialidade e indícios de autoria do crime em questão.
A Ação penal poderá ser de iniciativa Pública ou Privada. A Ação Penal de iniciativa Pública se divide em Incondicionada e Condicionada. A Ação Penal de iniciativa Privada poderá ser Personalíssima ou Subsidiária da Pública.
A ação penal será pública quando o titular do direito de ação for o próprio Estado que visa à tutela dos interesses sociais e a manutenção da ordem pública. Neste caso, cabe ao Ministério Público promover a ação independentemente da vontade de outrem (ação penal exclusivamente pública). Quando a Ação Penal de Iniciativa Pública for Condicionada, esta condição poderá ser a Representação ou Requisição, de modo que somente terá  legitimidade para representar a vítima ou seu representante legal (em caso de incapacidade), ou em caso de morte do ofendido, terá legitimidade, em ordem de preferência, seu cônjuge ou companheiro, ascendente, descendente ou irmão.
Há ainda na ação penal pública incondicionada a infração atinge imediatamente a ordem social, cabendo exclusivamente ao Ministério Público promover a ação, ao passo que, quando a ação penal for condicionada dependerá o órgão jurisdicional da manifestação da vontade do ofendido que foi atingido imediatamente pela infração para a propositura da ação.
A Representação possui eficácia em relação aos fatos, não aos autores, tendo esta o prazo de seis meses a contar do conhecimento da autoria.
Na Ação Penal de Iniciativa Privada Personalíssima, o único legitimado para prestar a queixa crime é o ofendido, não cabendo substituição processual (Representante legal) nem sucessão processual (por morte ou ausência). A Ação Penal de Iniciativa Privada Subsidiária da Pública ocorrerá  quando o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo estipulado por lei (5 dias após receber o inquérito policial, se o réu estiver preso e 15 dias após receber o inquérito policial, se o réu estiver solto) , podendo o ofendido propor ele mesmo a ação. Neste caso, a vítima não oferecerá denúncia, mas sim queixa substitutiva.
CRIMES CONTRA A VIDA 
Homicídio simples
 
O homicídio simples é a eliminação da vida extra-uterina praticada por outrem, atingindo bem-jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico que é a eliminação da vida humana extra-uterina. Tal conceito é importante para diferenciar o homicídio do aborto (vida endo-uterina) e do suicídio (que não é praticado por outrem). 
Objeto jurídico: Protege-se a vida humana extra-uterina, que passa a existir depois do parto, que é o bem jurídico mais importante, sendo imperativo da ordem constitucional (art. 5º, caput). 
Sujeito ativo: é crime comum e de forma livre, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa em grupo ou não, empregando ou não armas. 
Sujeito passivo: é alguém, qualquer ser humano, sem distinções, que seja a partir do início do parto. Alguém que tenha vida humana extra-uterina. 
Consumação e Tentativa: A consumação é dada sempre com a morte da vítima. Sempre que age dolosamente o autor quer atingir o núcleo, seja esta intenção direta ou indireta. A tentativa ocorre quando, iniciado o ataque a pratica seja interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente, caso contrário, seria desistência voluntária. 
Elementos objetivos: A conduta típica é matar alguém, é o núcleo do tipo. 
O homicídio pode ocorrer por meios diretos (quando a ação pretende a morte imediata como disparo de amar de fogo) ou indiretos (quando a ação é mediata como açular um cão para atacar alguém). Os meios podem ser físicos (armas), patológicos (transmissão de moléstia por meio de vírus ou bactéria) ou psíquicos e morais (provocação de emoção violenta a um cardíaco). Ele também pode ser praticado por ação ou por omissão, como já foi dito. Em todos os delitos, é indispensável que haja nexo causal entre a conduta e o resultado.
Elementos Subjetivos: o dolo é a vontade de matar alguém, não exigindo qualquer fim especial. Está no foro íntimo do autor e é caracterizado pelo animus necandi. Esta distinção é importante, pois havendo o elemento subjetivo de animus necandi e não consumado o evento delituoso, este configuraria tentativa de homicídio e não lesão corporal. 
Homicídio privilegiado (art. 121, §1º)
 
O crime privilegiado é atenuante de pena e ocorre quando o agente está impelido por forte valor social ou moral e age imediatamente após injusta provocação. Ressalte-se que o crime privilegiado é doloso e deve estar conjugado juntamente com o art. 121, “caput”, por isso a causa de sua diminuição é estabelecida na pena deste artigo de 1/6 a 1/3, podendo ser até menor do que a pena base. Em outras palavras, ele não é delito autônomo e sim causa de diminuição de pena. 
Figuras típicas do homicídio privilegiado: 
Relevante Valor Social: significa que o delito é entendido pela sociedade como justificável. É aquele que diz respeito aos interesses da vida coletiva. Ex.: patriota mata traidor da pátria, sujeito mata perigoso bandido da comunidade a fim de segurar a tranquilidade e etc. 
Relevante Valor Moral: é uma questão moral individual, particular do agente, movida por sentimentos de compaixão e piedade. A eutanásia, por exemplo, não foi excluída a culpabilidade pelo direito penal brasileiro, entretanto este agente goza de diminuição de pena, pois há relevante valor moral, ou seja, o agente pretende acabar com o sofrimento de um doente irremediavelmente perdido. 
Sob Violenta Emoção Logo Em Seguida De Injusta Provocação Da Vítima: é um elemento temporal e exige que estejam presentes as duas figuras. A caracterização ressaltada pelo legislador de “logo em seguida” expressa que é imprescindível que o ato tenha ocorrido imediatamente após injusta provocação e que o agente já estivesse sob forte emoção, o que dificultaria seu autocontrole. 
Homicídio qualificado (art. 121, §2º)
Um meio que o legislador encontrou de agravar o crime em determinadas hipóteses em que os meios ou recursos empregados pelo agente demonstram uma maior periculosidade e menor possibilidade de defesa da vítima, podendo estar presente mais de uma delas, desde que compatíveis:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: A lei penal aponta que tanto a paga quanto a promessa de recompensa são considerados motivos torpes, ou seja, contrasta violentamente com o senso ético comum. 
A paga é o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou não natureza patrimonial, recebida antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa. Já na promessa de recompensa, o agente não recebe antecipadamente, mas sim existe uma promessa de pagamento futuro. Ex.: Matar para receber herança, porque descobriu que a namorada não é virgem, por rivalidade profissional e etc. 
Ainda, com relação à promessa de recompensa, vale ressaltar o fato de que o agente responderá por esse delito mesmo que não a receba após o cometimento do crime e ainda que o mandante não tivesse a intenção, desde o início, de cumpri-la. A raiz do homicídio está na motivação, razão pela qual, ainda assim, o delito será qualificado. Se existiu a paga ou a promessa de recompensa, é sinal de que alguém pagou ou prometeu a vantagem para que outra pessoa praticasse o homicídio.II - Por motivo fútil (quanto aos motivos, subjetiva): Fútil é o motivo insignificante, que faz com que o comportamento do agente seja desproporcional. Motivo fútil é aquele onde há um abismo entre a motivação e o comportamento extremo levado a efeito pelo agente. A doutrina aponta, ainda, para o fato de que crime sem motivo não se configura motivo fútil. Ex: discussão entre marido e mulher, rompimento de namoro, discussão familiar sem importância, por ter a vítima rido do acusado e etc.
III - Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (quanto ao meio empregado, objetiva): qualificadoras, pois denotam a maior periculosidade do agente e dificuldade em defesa da vítima e eventualmente também podem causar perigo coletivo. O meio insidioso é o uso de fraude ou armadilha, clandestinos da vítima que não permitem que ela saiba que está sendo atacada. Ex.: armadilha, sabotar o motor de um automóvel. Meio cruel, por sua vez, é sujeitar a vítima a graves e inúteis vexames ou sofrimentos. A tortura, por exemplo, é cruel. Para ser qualificadora, no entanto, não é preciso que seja insidioso e cruel, mas sim ou um ou outro.
IV - Traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível à defesa do ofendido (quanto à execução): São aquelas hipóteses em que o agente se vale da boa-fé da vítima para maior segurança na prática do seu ato, revelando covardia do autor. Ex.: Na traição está presente o elemento confiança, é um vínculo com pessoas do seu convívio. É a quebra da confiança que a vítima depositava no agente e que este, desta confiança, aproveita-se para matar a vítima. Atinge a vítima descuidada e confiante. Emboscada ou tocaia também é uma traição, mas sem vínculo de confiança. É quando o agente espera a passagem ou chegada da vítima, descuidada, para feri-la. Configura-se dissimulação o uso de um artifício para se aproximar da vítima, que distraia a sua atenção. Ex.: disfarce de policial. 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (por conexão, subjetivo): Este caso configuraria, em rigor, motivo torpe. Desta forma, como conexão teleológica, o agente o homicídio é perpetrado para execução de outro crime (ex.: mata para pode provar incêndio) ou consequencial, quando é praticado para ocultar ou assegurar impunidade de outro crime (ex.: matar testemunhas). 
VI – Feminicídio: A lei n°13.104/15 acrescentou a hipótese de o homicídio ser praticado contra pessoas do sexo feminino, motivado pela discriminação do sexo feminino ou por violência doméstica/familiar.
VII – Contra agentes da segurança pública: O homicídio praticado contra agentes das forças armadas, da segurança pública ou do sistema penitenciário seja no exercício de sua função ou pelo cargo do agente, ou mesmo contra parente de até 3°.
Obs.: Caso a norma seja repetida como agravante, ela não poderá ser considerada duas vezes para aumento de pena, pois não se pode julgar um sujeito duas vezes pelo mesmo crime. Assim, se houver qualificadora + agravante, aplica-se agravante, nada impede, no entanto, que presentes duas agravantes apliquem-se as duas. 
Homicídio culposo (art. 121 §3º)
O homicídio culposo é aquele destituído de intencionalidade, com uma pena extremamente baixa. Ele ocorre, segundo Maggiore, por conduta voluntária de ação ou omissão, que produz um resultado jurídico não querido ou previsto, mas que era previsível e poderia ter sido evitado se tivesse sido tomada a devida atenção (Negligência, Imprudência, Imperícia).
Aumento de pena
Aumento de pena no homicídio culposo prevista na primeira parte do § 4º do artigo 121 Sendo o aumento de 1/3:
I - Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: ainda que culposo, poderá ser agravado se um profissional não adotou uma norma técnica que, dado seu ofício deveria conhecer, o que não pode se confundir, portanto, com conduta convencional. É o exemplo do médico que não esteriliza seus instrumentos para fazer cirurgia. 
II - Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante: Sobre omissão de socorro imediato a vítima, também acarreta no aumento de pena. Se da omissão de socorro decorre a morte da vítima, responderá, inclusive, por homicídio doloso. Ademais, a intenção de que haja qualificadora a que omite socorre para fugir e evitar a prisão é para evitar o sumiço do agente. 
No homicídio doloso (artigo 121 § 4º segunda parte) a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Perdão Judicial (artigo 121 § 5º) o magistrado entende que o próprio sofrimento do agente pela pratica do ato já é punição suficiente. Ex.: mãe que por descuido deixa a caixa d’água aberta e o filhinho se afogou será acusada por homicídio culposo, mas não terá que cumprir a pena, tendo perdão judicial, já que seu sofrimento já é suficientemente forte para uma punição corretora, sendo a sanção desnecessária. 
Os homicídios praticados por milícias ou grupos paramilitares (artigo 121 § 6°), sob pretexto de garantir a segurança ou para extermínio de pessoas avessas ao grupo terão agravada sua pena em 1/3 até a metade pelo magistrado.
Os crimes de feminicídio (artigo 121 § 7°) praticados contra mulher gestante ou até 3 meses após o parto, contra mulher abaixo dos 14 anos ou acima dos 60 anos de idade ou com deficiência, na presença de descendente ou ascendente da vitima terá a pena acrescida em 1/3 até a metade.
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art.122)
 
O suicídio é a eliminação da própria vida. Por razões óbvias, preso a impossibilidade de punição e que por razões políticas e éticas o Estado não pode punir o suicida, mesmo quanto à sua tentativa. O suicídio, porém, atinge um bem indisponível e não é o exercício de nenhum direito subjetivo (não há “direito de morrer”), por isso, é fato ilícito e a lei consta de normas para impedi-lo. 
Objeto jurídico: a vida humana 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que pratica um dos atos previsto para colaborar com o evento morte. 
Sujeito passivo: homem capaz de ser induzido, aquele que tem alguma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo. Ressalte-se que quando o suicida é inimputável, apresenta capacidade de resistência nula, sendo mero instrumento do agente, por isso não se caracterizaria o crime do art. 122, e sim homicídio típico. 
Elemento objetivo (núcleo do tipo): Induzir, instigar ou auxiliar (são os núcleos do tipo) alguém a suicidar-se é crime. 
Induzir: é criar, fazer florescer a ideia de suicídio em outra pessoa. Participação moral. 
Instigar: ocorre quando a pessoa já tem vontade de se suicidar e é estimulada a concretizar o que quer fazer. Participação moral 
Auxiliar: significa ajudar a pessoa com todos os meios possíveis para que se retire a vida. É diferente de interferência, pois quem interfere atua diretamente no evento morte. Quem auxilia, por exemplo, dá a arma para a pessoa, a corda para que ela se enforque e etc.
Elemento subjetivo: o dolo é a vontade de induzir, instigar ou auxiliar alguém à prática do suicídio. Desde que se tenha, comprovadamente, um nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado suicídio. Lembrando-se que não há forma culposa para este crime. 
Consumação e tentativa: O crime consuma-se se houver o suicídio ou, não logrando o suicida concluí-lo, uma lesão corporal de natureza grave. A tentativa seria se o agente instigou, induziu ou auxiliou, mas o sujeito passivo não se matou. Esta situação, no entanto, não tem punição. O Código Penal brasileiro somente pune o agente se a vítima morrer ou sofrer lesão corporal grave, se não sofrer nada, não haverá punição. 
Formas qualificadoras: ele será qualificado pela pena duplicada se for realizado
Motivo Egoístico: é elemento subjetivo do tipo, composto por finalidadeque relava profundo desprezo do autor pela vida alheia, sendo superior a esta seus interesses individuais. Ex.: instigar alguém a se matar para receber herança ou seguro, por vingança, ódio ou mesmo maldade. 
Vítima menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: quanto à vítima menor, alguns entendem que seriam entre 14 e 18 anos, pois menor de 14 anos qualifica capacidade nula de resistir à instigação, induzimento ou auxilio, entretanto, é muito relativo. Alguns menores de 14 anos apresentam maturidade suficiente para entender o que ocorre. Quanto à diminuição na capacidade de resistência, pode ser por embriaguez ou desenvolvimento mental incompleto. 
Infanticídio (art.123)
O infanticídio é crime próprio, pois exige características especiais (mãe e em estado puerperal) e materiais (pois para existir precisa ser consumado) e de livre execução. É delito autônomo e denominação jurídica própria, buscando o legislador um pena mais amena do que o homicídio privilegiado, levando em consideração a situação fisiopsíquica da mãe. Entretanto, se não houver a presença do estado puerperal, será considerado homicídio e punido conforme art. 121. Ademais, devemos lembrar que ele deve ser praticado durante ou logo após o parto, após este lapso temporal também significaria punição consoante art. 121 e se for antes do parto é aborto, punido pelos arts. 124 a 128. 
Objeto jurídico: vida do recém-nascido ou do nascente (aquele que está em transição entre a vida endo-uterina e extra-uterina). 
Sujeito ativo: é a mãe em estado puerperal que mata o próprio filho. Há discussão, entretanto, na doutrina se é aplicável como infanticídio o co-autor do ato. Embasados no art. 30, alguns defendem que por ser elementar do crime e viabilizando a comunicação entre os agentes, favorecendo o concurso, é comunicável. Entretanto, outros defendem que por ser o estado puerperal situação personalíssima, é intransmissível, devendo o co-autor pagar por homicídio. 
Sujeito passivo: é o filho nascente ou recém-nascido, não sendo necessária, assim, a comprovação de sinal de vida extra-uterina. 
Elemento objetivo: a conduta típica é matar (por ação ou omissão) o próprio filho durante ou logo após o parto, aquela mãe que está sob estado puerperal.
Elemento subjetivo: vontade de causar a morte do filho nascente ou recém-nascido. O dolo é a vontade de matá-lo. Não há forma culposa de infanticídio. 
Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do recém-nascido ou nascente e sendo infanticídio crime plurissubsistente, é possível a tentativa. 
ABORTO (art.124 a 128) 
O aborto é a eliminação da vida intra-uterina, diferenciando-se do infanticídio, pois deve ocorrer durante a gestação. Não implicada em caracterização do aborto a necessidade de que o feto seja eliminado, simplesmente que seja morto. É crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, não somente pela mãe, de forma livre, e material. Também é crime de dano, pois atinge bem jurídico tutelado. 
Objeto jurídico: vida humana em formação, vida intra-uterina que existe desde a concepção até o momento do parto. Protege-se também a integridade corporal e a vida da mulher, no caso de aborto provocado por terceiro ou sem seu consentimento. 
Sujeito ativo: art. 124 é a gestante, tratando-se neste caso de crime especial, do art. 125 em diante, poderá ser qualquer pessoa o autor do delito. 
Sujeito passivo: é o feto. Alguns doutrinadores defendem que por o feto não ser titular de direitos, o sujeito passivo é o Estado ou a comunidade nacional. Também será sujeito passivo a mulher quando o aborto for praticado sem seu consentimento. 
Elemento objetivo: objeto material do delito é o produto da fecundação. 
Elemento subjetivo: é crime doloso, pois é necessário que o agente queira seu resultado ou assuma seu risco. Não há no aborto crime culposo, por isso mesmo a imprudência da gestante que cause interrupção da gravidez não é conduta punível e terceiro que cause o aborto responde por lesão corporal culposa, se foi sem intenção. 
Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva interrupção da gravidez que leva a morte do feto, sendo desnecessária sua expulsão. A tentativa ocorre quando, tomadas todas as manobras abortivas, não interrompe a gravidez, podendo, inclusive, levar a uma aceleração do parto. 
Auto-aborto ou aborto consentido: o tipo de aborto previsto no art. 124 deve ser dividido em duas partes:
Quando se trata de provocar em si mesma é o auto-aborto, em que a mulher pratica crime especial, pois somente ela poderá praticá-lo. Na segunda parte do artigo é que se fala em aborto-consentido, considerando-se permitir que outrem lhe provoque, neste caso, a estimulação, instigação, indução ou auxilio de outra pessoa no evento aborto, o que não significa que este terceiro tenha agido diretamente, não “colocou a mão na massa”. Sendo assim, este artigo pune exclusivamente a mãe que, sozinha, praticou o aborto. 
Aborto provocado por terceiro (artigo 125): Neste caso a pena cominada é mais grave, pois foi feito o aborto sem o consentimento da gestante, sendo a gestante também vítima neste caso. Pode ocorrer por violência, ameaça ou fraude (ex.: fingir o médico que vai retirar um tumor da gestante e tirar o feto). Presume-se não haver o consentimento quando a gestante for menos de 14 anos ou se é alienada mental. 
Provocar aborto com o consentimento da gestante (artigo 126): Este artigo ocorre quando o aborto é feito com consentimento da gestante. A gestante responderá pelo art. 124 e o terceiro pelo art. 126, com pena mais severa. A aceitação pode ser expressa ou tácita e deve existir do começo ao fim do evento (ou seja, até a consumação). Se durante o aborto a gestante revoga seu consentimento, o terceiro responderá sozinho pelo art. 125. 
Forma qualificada (artigo 127): Aumenta as penas do art. 125 e 126 se da ação do aborto a gestante sofrer lesões corporais graves (o que aumenta em 1/3) ou se ela vier a falecer (o que dobra a pena). 
Não se pune o aborto praticado por médico (art. 128): São duas as hipóteses: 
Aborto necessário: São os casos de aborto legal que torna lícita a pratica do aborto e excluem a criminalidade, culpabilidade ou punibilidade. O aborto necessário caracteriza o estado de necessidade. Entretanto, para evitar dificuldades, o legislador indicou que deve ser praticado por médico (embora a prática por profissionais amadores não indique crime também, podendo a gestante alegar estado de necessidade). A gestação deve, para que o aborto seja necessário, colocar em risco a vida da vítima. Ou seja, ainda que o risco não seja atual, prever que manter aquela gestação pode tirar a vida da mãe. Ex.: diabete, tuberculose, anemia profunda, cardiopatia, câncer uterino e etc.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Doutrinariamente chamado de “aborto sentimental”, é aquele que pode ser praticado quando a gravidez resultou de um estupro. Esta norma justifica-se, pois a mulher não é abrigada a cuidar de filho que resultou de coito violento e não desejado e também porque, geralmente, o autor do estupro tem problemas que podem ser hereditários. Deve haver, no entanto, o consentimento da gestante, não sendo necessária autorização judicial ou sentença condenatória do autor do estupro. 
Lesão corporal 
É ofensa à integridade física ou à saúde de outrem, ou seja, é dano ocasionado à normalidade do ponto de vista anatômico, fisiológico ou mental. A lesão corporal existe mesmo que a vítima concorde com ela, salvo em situações que não gerem distúrbio social, ou seja, colocar piercing, fazer tatuagem ou cirurgia plástica não são crimes. 
Objeto Jurídico: integridade física ou saúde 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa pode praticá-lo, pois se trata de crime comum. 
Sujeito Passivo: qualquer homem vivo, depois do parto, que não seja o próprio agente. 
Tipo Objetivo: o núcleo é ofender a integridade física ou a saúde de alguém. Quanto à saúde, será qualquer desequilíbrio funcional no organismo. Assim, a transmissãode moléstias ou distúrbios fisiológicos (inconsciência, insônia, estado de choque) são lesões corporais, pois ferem a saúde de outrem. 
Obs.: Também é considerado como lesão agravar ou fazer persistir lesão já existente. 
Ela pode ser por ação, quando for praticado de forma física (golpes, facadas chutes) ou moral (assustar, por exemplo). Também pode ser por omissão quando o agente tinha o dever de evitar a lesão corporal, mas não o fez, por ex., deixar de prestar alimentos. 
Consumação e Tentativa: Também pode ser consumado, quando efetivamente se fere a integridade física ou a saúde de alguém, ou tentado se, valendo de todos os meios possíveis, o agente foi parado por ações involuntárias, alheias a sua vontade. 
Classificação das lesões:
Lesão Corporal Leve: É assim denominada por exclusão doutrinária. Será lesão corporal leve aquela que não seja grave, gravíssima ou seguida de morte. 
Lesão Corporal Grave (129 § 1º): são dos seguintes tipos
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: Aqui, as atividades habituais não se referem ao trabalho, labor, mas sim às atividades do cotidiano. Assim sendo, por ex., se uma criança fica privada de ir à escola por mais de 30 dias será considerado lesão corporal grave. Ademais, esta lesão deve ser comprovada por exame complementar médico. 
Perigo de vida: Ou seja, se houver efetivo perigo de morrer por conta da lesão causada, que deve ser constatado por laudo pericial fundamentando o perigo. Tem entendido a jurisprudência causas de lesão corporal grave por perigo de vida, por ex., perfuração no estômago ou em veias arteriais.
Debilidade permanente de membro, sentido ou função: Que cause debilidade em membros inferiores ou superiores, função ou sentido (olfato, tato, paladar), ainda que esta debilitação se enfraquecer com o uso de próteses. 
Aceleração de parto: Esta aceleração diz respeito à antecipação dos efeitos do parto, ou seja, que da lesão gere o acontecimento do parto antes do termo final da gravidez. Se da lesão ocorrer o aborto, será considerada lesão gravíssima, como veremos. Se o bebê morrer depois do nascimento, ainda continua como grave. 
Lesão Corporal Gravíssima (art. 129, § 2º): Também é denominação doutrinária, não está presente esta nomenclatura no Código Penal, mas assim se entende devido ao fato de a pena ser mais grave do que a prevista no parágrafo 1º. São aquelas que resultam: 
Incapacidade permanente para o trabalho: Assim, se da lesão decorrer a incapacidade permanente da vítima para qualquer atividade que lhe garanta subsistência, é considerado lesão gravíssima. 
Enfermidade incurável: Ou seja, moléstia considerada pela medicina como sem previsão de cura. 
Perda ou inutilização do membro, sentido ou função: Gere amputação, mutilação, por exemplo. 
Deformidade permanente: Ou seja, uma deformidade significante e visível que fira a estética da vítima. 
Aborto: Se da lesão decorrer o aborto da gestante, como já se disse, é considerado lesão corporal gravíssima, a menos que o agente não soubesse da gravidez, ocasião em que o crime será preterdoloso. 
Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129, § 3º): Aqui é importante diferenciar a tentativa de homicídio da lesão corporal seguida de morte. Na lesão corporal seguida de morte há a ocorrência de um crime preterdoloso, onde a intenção do agente era somente realizar a lesão, não assumindo o risco de morte dela. Assim, o evento lesão é doloso e a morte é culposa. O que o diferencia da tentativa de homicídio, é que nessa já o “animus necandi”, enquanto naquela o falta. Assim, a intenção, a subjetividade do agente é importante para a distinção de ambos os crimes. 
Ademais, ressalte-se que para ser considerada lesão corporal seguida de morte deve haver nexo causal entre o evento lesão e a morte. Tem aceitado a jurisprudência exemplo clássico que é o agente empurrar a vítima para derrubá-la e esta de desequilibra, bate a cabeça no chão e morre. 
Diminuição de pena (art.129, § 4º): Igual ao crime privilegiado. Se foi motivado por relevante valor moral ou social ou sob domínio de forte emoção, logo após injusta provocação da própria vítima, está autorizado o juiz a diminuir a pena de 1/6 a 1/3. 
Substituição da pena (art.129, § 5º): Logo se entende que o juiz pode substituir a pena, desde que não seja a lesão GRAVE e logo também a GRAVÍSSIMA, ou seja, na leve ou se a lesão corporal foi recíproca, por ex.: todo mundo se estapeou ou então ns hipóteses do paragrafo anterior. 
Lesão corporal culposa (art.129, § 6º): Caso a lesão tenha ocorrido sem o dolo do agente agressor a pena é de apenas dois meses a um ano.
Aumento de pena (art.129, § 7 e 8º): Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos § 4o e 6o do art. 121, e ainda na hipótese de lesão culposa aplica os critérios do § 5°.
CRIMES CONTRA A HONRA 
Para distinguir e começar a falar dessas três possibilidades de crime contra a honra é importante saber sobre os tipos de honra, que se dividem em duas: 
Honra objetiva: imagens que os outros têm a respeito daquele individuo. 
Honra subjetiva: visão que o individuo possui a respeito dele mesmo.
A regra dos crimes contra a honra é eles serem crimes de ação penal privada, ou seja, a vítima deve constituir um advogado e apresentar uma queixa crime. Os crimes contra a honra são considerados de menor potencial ofensivo e, portanto, são julgados no JECRIM e possuem três formas de retirar a pena, sendo elas:
Composição civil – Acordo com a vítima (retratação). Eventualmente incorre em multa. 
Transação penal – Acordo que o réu faz com o estado para que não seja discutido o mérito daquele processo e não avalie se houve culpa ou não (a transação penal só poderá ser feita uma vez a cada 5 anos). 
Suspensão condicional – O processo é suspenso por dois anos mediante o réu cumprir algumas condições (se apresentar no cartório, assinar, atualizar endereço e etc.).
Calúnia (honra objetiva, art. 138)
Consiste no ato de imputar fato falso (narrar o fato: quando, onde e como) e tipificado (crime). Exemplo: Eu estava ontem no mercado e vi Joãozinho roubar a carteira do senhor que estava na fila. 
Bem tutelado: Honra objetiva. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode cometer calúnia. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa poderá ser vítima de calúnia inclusive pessoa jurídica. 
Regra: Poder provar o fato narrado, descaracterizando assim o crime de calúnia, exceto nos incisos do parágrafo 3º do artigo em comento. Só se pode desconstruir o crime de calúnia comprovando o fato narrado. 
Consumação: Se dará quando um 3º tomar ciência da ofensa, só assim a calúnia será consumada. 
Tentativa: Depende da forma de seu cometimento, podendo ser: 
Calúnia de forma verbal (tradicional): unisubsistente, não pode ser fracionada (a fala é indivisível). Não admite tentativa. 
Calúnia de forma escrita: plurisubsistente poderá ser fracionado, poderá ocorrer falha no envio, não chegando assim ao conhecimento do terceiro. Admite tentativa. 
Obs.: A pessoa jurídica só poderá ser vítima de calúnia se o fato narrado for relacionado a CRIME AMBIENTAL, pois PJ não comete crime, logo, não há conduta que possa ser tipificada. 
 Nos casos relacionados a crimes financeiros, fiscais, tributários, ocorrerá a despersonalização da pessoa jurídica, ou seja, serão responsabilizados os representantes (sócios, diretores e etc.), mas não a pessoa jurídica. 
 
Se a “calúnia”, desferida a pessoa jurídica não for a respeito de crime ambiental, será classificada como CRIME IMPOSSÍVEL. 
Art. 138, § 1: Qualquer pessoa que contribuir para a propagação do fato falso poderá ser penalizada. 
Art. 138, § 2: Nesse caso o sujeito passível da calúnia é a família do morto, que quer preservar a reputação tanto da unidade quanto do falecido. 
Art. 138, § 3, (exceção da verdade): Exceções do cabimento de prova para a descaracterização do crime de calúnia: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; Ex.: da nadadoraJoana Maranhão, que a acusou o técnico de estupro de menor, anos após o fato. A nadadora não apresentou queixa crime, na época, o que fez incidir o instituto da decadência sobre aquele ato, não podendo então o técnico ser condenado anos depois. Ele a processou por crime de calúnia, nesse caso, o ofendido jamais foi condenado. 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; Não caberá comprovação da verdade caso o ofendido seja o presidente ou chefe de governo estrangeiro. 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Partindo do princípio de que uma pessoa não pode ser condenada pelo mesmo crime duas vezes, se o ofendido teve seu crime imputado, porém foi absolvido por sentença irrecorrível depois de a sentença transitar em julgado, não caberá as provas por parte do caluniador. 
As provas somente poderão ser produzidas antes de a sentença transitar em julgado (durante o processo), caso sejam produzidas depois, a pessoa poderá ser enquadrada no crime de calúnia.
Difamação (honra objetiva, art.139)
Consiste no ato de imputar fato (narrar o fato: quando, onde e como), porém neste crime o fato narrado não poderá ser típico (crime). O indivíduo responderá ainda que o fato narrado seja verdadeiro, sendo indiferente assim a prova, exceto no disposto no parágrafo único do artigo. Ex.: “professor, eu te vi ontem na marcha da maconha”. Observe que essa conduta pode ferir a reputação do ofendido, neste caso não foi dito nada que constituísse crime. O legislador nesse caso dá o recado “cuide de sua vida”. 
 Bem tutelado: Honra objetiva. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode cometer difamação. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa poderá ser vítima de difamação inclusive pessoa jurídica. 
Regra: Em regra NÃO cabe a prova do fato narrado, salvo a exceção disposta no parágrafo único do art. 139, CP. 
Consumação: Se dará quando um 3º tomar ciência da ofensa, só assim a calúnia será consumada. 
Tentativa: Depende da forma de seu cometimento, segue a mesma regra da calúnia, quanto à forma de cometimento. 
ATENÇÃO: Quanto a Pessoa Jurídica neste caso, devemos entender que ela possui honra objetiva, portanto, uma imagem a zelar. Se um indivíduo narra um fato ofensivo a pessoa jurídica podendo manchar a sua imagem, este poderá incorrer em crime de difamação (exemplo do hambúrguer de minhoca). 
Art. 139, Parágrafo único, CP (exceção da verdade): Em regra não importa para o direito penal se o fato narrado foi verdade ou mentira no crime de injúria, portanto não se admite, salvo a exceção disposta no parágrafo único do artigo, sendo ela: 
ATENÇÃO NA EXCEÇÃO DA VERDADE NO CRIME DE DIFAMAÇÃO!!! 
 No caso da difamação, só sendo aceita a prova da verdade quando for cometido por funcionário público e as ofensas forem referentes ao exercício de suas funções, devemos nos atentar para algumas características pertinentes: 
Art. 312 a 326, CP – Crimes funcionais – Crimes praticados por funcionário público. 
OBS: Deve-se atentar se o fato narrado é tipificado (crime) ou não, pois no crime da difamação, o fato narrado NÃO PODE ser crime. Caso o fato narrado seja tipificado, o agente estará cometendo calúnia e não difamação. 
Se o fato for típico: calúnia. 
Se o fato não for típico: difamação. 
Ou seja, para ser difamação que caberá a prova da verdade precisa ser:
Contra funcionário público e referente ao exercício de suas funções. 
Não pode ser conduta tipificada o objeto da ofensa. 
Se não for contra funcionário público: Não admite prova. 
Se for contra funcionário público, mas não relativa às funções: Não admite prova. 
Se for contra funcionário público, for sobre suas funções, mas a conduta relatada for típica (crime): Será crime de calúnia, não difamação. 
Injúria (honra subjetiva, art. 140)
No crime de injúria não há necessidade de ser narrado um fato, a mera adjetivação ofensiva a dignidade (atributos morais do indivíduo) ou decoro (atributos físicos e intelectuais do indivíduo) já constitui crime. Não admite prova, basta que o injuriado se sinta ofendido. 
Exemplo: Chamar de safado, ladrão ou corrupto – Atinge a dignidade. 
Exemplo: Chamar de gordo, magrelo ou burro – Atinge o decoro. 
Bem tutelado: Honra subjetiva. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode cometer injúria. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa poderá ser vítima de injúria, MENOS a Pessoa Jurídica (pessoa jurídica não tem “autoimagem” ou honra subjetiva). 
Regra: Não é admitida a exceção da verdade (prova) neste crime. 
Consumação: Se dará quando a própria vítima tomar ciência da ofensa (não exige que um 3º saiba). 
Tentativa: Do ponto de vista teórico admite a tentativa por argumentos iguais aos citados nos crimes de calúnia e difamação, porém, na prática é muito difícil encontrar uma tentativa de injúria. Por se tratar de um crime de ação penal privada a vítima deve constituir advogado e apresentar queixa crime e para que isso ocorra, a vítima tem que estar ciente do que foi narrado a seu respeito. A partir do momento em que a vítima toma ciência do fato narrado, no caso da injúria, deixa de ser tentativa para ser consumação, já que a mesma não necessita da ciência de terceiros, basta que a vítima tome conhecimento. 
Art. 140, § 1, CP (perdão judicial): 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; O CP, sabiamente, trouxe essa possibilidade de aplicação do perdão judicial ao agente que, provocado pela vítima, não resiste a essas provocações e acaba por praticar contra ela o delito de injúria.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. A segunda hipótese diz respeito à chamada retorsão imediata, que resulta no fato de que o agente, injuriado, inicialmente, no momento imediatamente seguinte à injúria sofrida, pratica outra.
Art. 140, § 2, CP (Injúria real): 
Na injúria real, a violência ou as vias de fato são utilizadas não com a finalidade precípua de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, mas sim no sentido de humilhar, desprezar, ridicularizar a vítima, atingindo-a em sua honra subjetiva. Como regra, a injúria real cria na vítima uma sensação de impotência e inferioridade diante do agente agressor. Ex.: O tapa no rosto que tenha por finalidade humilhar a vítima, o puxão de orelha, o fato de o agente ser expulso de algum lugar recebendo chutes.
Art. 140, § 3, CP (Injúria preconceituosa): 
A injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A finalidade do agente, com a utilização desses meios, é atingir a honra subjetiva da vítima, bem juridicamente protegido pelo delito em questão. Ex.: Impedir a inscrição de aluno em estabelecimento público. 
Art. 141, CP (Disposições comuns): 
I - Calúnia, difamação e injúria praticadas contra o Presidente da Republica ou contra chefe de governo estrangeiro; É a própria Lei de Segurança Nacional que traduz o critério de especialização, determinando em seu art. 2º: “Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: I – a motivação e os objetivos do agente; II – a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior”. Assim, quando o crime contra a honra possuir natureza política, por exemplo, que tenha por fim desestabilizar o Chefe do Poder Executivo, a fim de abalar o regime democrático, deverá ser aplicada a Lei de Segurança Nacional. Caso contrário, quando tiver tão-somente como alvo macular a honra do Presidente da Republica, sem a conotação anterior, caberá a aplicação do CP. 
II - Calúnia, difamação e injúria praticadas contra funcionário público, em razão de suas funções; Por mais uma vez, o CP fez inserir uma causa especial de aumento de pena ligada ao cargo ou à função exercida pela pessoa. A honra maculada deve estar ligada diretamente à função pública exercida pela vítima. Ausenteo funcionário público, o crime será de injúria, majorada ou não, dependendo se disser respeito diretamente às funções da vítima. Ao contrário, se o funcionário público estiver presente quando da ofensa à sua honra subjetiva, no exercício de suas funções, o crime será de desacato.
III- Se qualquer um dos crimes contra a honra é cometido na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; Os crimes de calúnia, difamação e injúria terão suas penas aumentadas também em 1/3 se forem cometidos na presença de várias pessoas. Interpretando a palavra “várias”, chegamos à conclusão de que o CP exige, pelo menos, 3 pessoas. O inciso III do art. 141 do CP também aumenta especialmente a pena quando o crime for praticado por meio que facilite a divulgação da calúnia, difamação ou da injúria. Primeiramente, devemos levar em consideração o fato de que se o crime for praticado por intermédio da imprensa terá aplicação a Lei 5.250/67, levando-se a efeito, outrossim, o raciocínio correspondente ao princípio da especialidade. Não tendo sido cometido por intermédio da imprensa, mas por algum outro meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria, agora se configurará a majorante do inciso III do art. 141 do CP. 
IV - Se a calúnia e a difamação forem proferidas contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência; O Estatuto do Idoso acrescentou o inciso IV do art. 141 do CP. O mencionado inciso, ao contrário das hipóteses anteriores de aumento de pena, ressalvou o delito de injúria excluindo a possibilidade de alguém ter sua pena majorada em virtude de ter cometido o crime contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência. Para que a pena seja majorada, é preciso que o agente conheça a idade da vítima, bem como a deficiência de que é portadora, pois, caso contrário, poderá ser alegado o erro de tipo. Tal como a idade da vítima (maior de 60 anos), o agente deverá conhecer a deficiência da vítima, sob pena de ser arguido o erro de tipo. Deverá ser demonstrada nos autos a idade da vítima por meio de documento hábil, conforme determinação contida no art. 155 do CPP, bem como prova pericial para fins de aferição da deficiência da vítima.
Paragrafo único - Se a calúnia, a difamação ou a injúria são cometidas mediante paga ou promessa de recompensa; No caso em exame, alguém é contratado para denegrir a honra da vítima (objetiva ou subjetiva), havendo aumento de pena em virtude da torpeza dos motivos por meio dos quais o agente pratica a infração penal. Entretanto, tal como no inciso I do §2º do art. 121 do CP, entendeu-se que a majorante da paga e da promessa de recompensa somente se aplica ao executor mercenário. 
Art. 142, CP (excludentes): 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; Cuida da chamada imunidade judiciária. Ofensa irrogada em juízo é aquela produzida perante qualquer autoridade judiciária, logo após aberta audiência ou sessão. Pode ser realizada, também, intra autos, ou seja, por escrito, nos autos de um processo qualquer. Além da obrigatoriedade da ofensa ser irrogada em juízo, deve estar ligada à defesa da causa, ou seja, deve ter ligação com os fatos que estão sendo discutidos em juízo. Finalmente, a última exigência legal é que a ofensa seja proferida pela parte ou por seu procurador. 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; Ressalva a possibilidade de ocorrer uma opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, sem que isso possa se configurar difamação ou injúria, a não ser nos casos em que for evidente a intenção do agente de macular a honra da vítima, praticando, outrossim, os delitos de difamação ou injúria. Criado para dar segurança àqueles que, por profissão, têm o dever de comparar, criticar, expor os defeitos ligados à literatura, arte ou ciência. A crítica construtiva empurra a evolução. A crítica destrutiva conduz a vítima à depressão. São fatos diferentes, que devem receber tratamentos diferentes. Ao primeiro, o escudo legal; ao segundo, o cárcere penal.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Ao se referir ao conceito desfavorável emitido por funcionário público em suas apreciações ou informações, ressalva que tudo isso é levado a efeito no cumprimento de dever de oficio. Dessa forma, quando o funcionário relata fatos, mesmo que emitindo conceitos desfavoráveis, o faz em beneficio da Administração Pública, sendo seu dever de oficio relatar tudo com a maior fidelidade possível. Trata-se, portanto, de causa de justificação, que exclui a ilicitude do fato, em razão do estrito cumprimento do dever legal. Possuindo a natureza de causa que afasta a ilicitude do fato, não haverá crime, portanto, por parte do funcionário público que atue nessa condição.
IV - Agente que dá publicidade à difamação ou à injúria, nos casos dos incisos I e III do art. 142 do CP. Não está acobertado pelas imunidades catalogadas nos mencionados incisos aquele que, tomando conhecimento da difamação ou da injúria, dá publicidade a elas. Na verdade, o agente que dá publicidade à difamação ou à injúria pratica um delito autônomo de difamação ou injúria.
Art. 143 a 145, CP (Retratação):
Cuida-se, no art. 143 do CP, de causa de extinção da punibilidade, prevista expressamente no art. 107, VI, CP. Inicialmente, a retratação somente pode ser levada a efeito nos delitos de calúnia ou difamação, não sendo possível no tocante à injúria. O segundo detalhe importante do mencionado artigo diz respeito ao fato de que somente pode haver retratação até antes da publicação da sentença.
CRIME CONTRA A LIBERDADE DA PESSOA
Constrangimento ilegal (art. 146)
O núcleo do tipo tem o sentido de impedir, limitar ou mesmo dificultar a liberdade (livre autodeterminação da vontade e de ação) de alguém; possui natureza subsidiária, ou seja, somente será considerado se não for elemento típico de outra infração.
Bem jurídico tutelado: a liberdade individual. 
O sujeito ativo: pode ser qualquer indivíduo. 
O sujeito passivo: pode ser qualquer indivíduo com capacidade de discernimento.
Bem juridicamente protegido: tem por finalidade proteger a liberdade pessoal (física ou psicológica). 
Consumação e Tentativa: somente quando a vítima deixa de fazer o que a lei permite ou faz aquilo que ela não manda. Admite-se a tentativa.
O elemento objetivo: “constranger”, forçando alguém a fazer algo que a lei não manda, ou impedindo que faça o que a lei permite, mediante violência, grave ameaça ou redução da capacidade de resistência da vítima. É um crime que se apresenta apenas da modalidade dolosa, não havendo dolo específico, uma vez que o agente não precisa agir com propósito especial: basta que tão somente tolha a liberdade alheia, em desacordo com a determinação legal, para que pratique o fato típico incriminador.
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
Como causa de aumento (§ 1º), as penas privativas de liberdade e de multa são aplicadas cumulativamente e em dobro se o crime é cometido por mais de três pessoas conjuntamente ou com emprego de armas (próprias ou impróprias).
É um tipo subsidiário, pois, se o fato puder ser enquadrado em outro mais grave (como estupro), assim será considerado, e, por ser secundário, se a violência empregada resultar em lesão, responderá o agente também pelo que causar (§ 2º).
Há exclusão da tipicidade (§ 3º) se a “coação” se der por motivo médico-cirúrgico, a fim de resguardar a vida de sujeito em iminente perigo, ou se for exercida para impedir suicídio.
Ameaça (art. 147)
É um crime somente com modalidade dolosa, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, que pode ser uni ou plurissubsistente (sendo a tentativa de difícil configuração, e se consumando no ato ameaçador, independente de resultado naturalístico).Bem jurídico tutelado: liberdade individual. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa que entenda mal injusto e grave no que lhe é anunciado. 
Consumação: ainda que a vítima não tenha se intimidado ou mesmo ficado receosa. 
Tentativa: não se admite (controvérsia doutrinária).
O elemento objetivo é “ameaçar”, por meio de palavra, escrito, gesto ou outro ato simbólico, intimidando alguém com promessa de mal futuro ou próximo, que seja penalmente relevante. A ameaça de mal imediato descaracteriza o tipo, enquadrando o agente em ato preparatório ou executório de fato mais grave, como tentativa de lesão corporal. 
Pena: detenção de 1 a 6 meses, ou multa. É um crime somente com modalidade dolosa, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, que pode ser uni ou plurissubsistente (sendo a tentativa de difícil configuração, e se consumando no ato ameaçador, independente de resultado naturalístico).
Sequestro e cárcere privado (art. 148)
É um crime comum, material, de forma livre, comissivo, permanente, unissubjetivo e plurissubsistente (admitindo tentativa e consumando-se com a perda da liberdade de ir e vir da vítima).
Bem jurídico tutelado: liberdade individual. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, salvo nas modalidades das qualificas. 
Consumação: com a efetiva impossibilidade de locomoção da vítima.
Tentativa: admite-se.
Elemento objetivo: “privar” a liberdade de alguém mediante sequestro (retirar da pessoa a liberdade, mesmo não mantendo-a presa em local fechado) ou cárcere privado (o aprisionamento em si, promovido por particular) de modo permanente ou por tempo razoável (a consumação do crime se prolonga no tempo, uma vez que na conduta instantânea o fato será configurado como constrangimento ilegal). Pena: reclusão de 1 a 3 anos, na forma simples.
Possui duas formas qualificadas: A primeira com penas de 2 a 5 anos (§ 1º) 
I - se a vítima for ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente.
II - se for maior de 60 ou menor de 18 anos.
III - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital, com fins libidinosos ou se a privação de liberdade dura mais de 15 dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 anos.
V - o crime é praticado com fins libidinosos.
A segunda com pena de 2 a 8 anos (§ 2º) se em razão de maus tratos ou da natureza da detenção a vítima foi submetida a grave sofrimento físico ou moral. Se na prática deste crime houver emprego de violência contra a pessoa os agentes poderão responder por ele e pelas lesões causadas.
Redução a condição análoga à de escravo (art.149)
Bem jurídico tutelado: liberdade individual. 
O sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, mas na prática é geralmente um empregador ou seu preposto.
O sujeito passivo: é o empregado ou pessoa subjugada em qualquer relação de trabalho. 
Consumação e Tentativa: consuma-se com a privação da liberdade da vítima, mediante as formas previstas pelo tipo. Admite-se a tentativa.
Bem juridicamente protegido: liberdade pessoal de natureza física.
É um crime doloso, comum, material, de forma vinculada, comissivo, permanente, de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
Este artigo foi modificado em 2003, pois considerava-se estar em desacordo com o princípio constitucional da taxatividade, e a partir de então tornou-se claramente um tipo fechado, tendo como elemento objetivo “reduzir alguém à condição análoga à de escravo”, materializado em submeter alguém a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, sujeita-lo a condições degradantes de trabalho ou restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com empregador ou seu preposto. A pena é de reclusão de 2 a 8 anos e multa, além da pena correspondente se houver violência contra a vítima, e da expropriação da propriedade rural, conforme o art. 243 da Constituição Federal.
O § 1º ainda estabelece outras hipóteses que tipificam o crime, com mesma pena: cerceamento do uso de qualquer meio de transporte pelo trabalhador, manutenção de vigilância ostensiva ou apossamento de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, a fim de retê-lo no local de trabalho.
A pena pode ser aumentada pela metade (§ 2º) se o crime for cometido contra menor, ou por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Tráfico de Pessoas (art. 149-A)
É um crime de ação múltipla, conteúdo variado ou tipo misto alternativo, pois contempla vários núcleos verbais, sendo eles: agenciar, aliciar, recrutar, transferir, comprar, alojar ou acolher.
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, pois se trata de infração penal comum. Quanto ao sujeito passivo, também é qualquer pessoa. Em alguns casos que se verá mais adiante, a especial condição do sujeito ativo ou passivo ensejará aumentos de pena.
A competência para julgamento será, em regra, da Justiça Comum Estadual. Acaso o tráfico de pessoas seja internacional, então a competência será da Justiça Comum Federal.
A prática dos verbos deve se dar mediante meios especialmente elencados na norma: grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso.
Não há previsão de conduta culposa, o que realmente seria um tanto quanto inimaginável. Quanto à conduta dolosa, é informada por dolo específico consoante uma das finalidades arroladas nos incisos:
Remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo;
Submissão a trabalho em condições análogas à de escravo;
Submissão a qualquer tipo de servidão;
Adoção ilegal;
Exploração sexual.
Observe-se que em cada um dos dolos específicos arrolados nos incisos elencados, poderá haver concurso material com outros crimes acaso a finalidade prevista para o Tráfico de Pessoas se perfaça. Ou seja, a consecução do fim específico do Tráfico de Pessoas não configura mero exaurimento do crime.
No caso do inciso I, se houver efetiva remoção, poderá haver também incidência, em concurso material dos crimes previstos na Lei 9.434/97 (Lei de Transplantes). 
Quanto aos incisos II e III, obviamente haverá também o mesmo concurso com o crime de “Redução à condição análoga à de escravo”, previsto logo antes no artigo 149, CP. 
No inciso IV, poderá se configurar-se “Crime contra o Estado de Filiação”, também em concurso material, de acordo com os artigos 241 a 243, CP. 
Finalmente, no que diz respeito ao inciso V, haverá a possibilidade de concurso material com os artigos 227 a 230, CP. Isso sem contar a possibilidade de outras infrações, tais como o Estupro e o Estupro de Vulnerável.
No caso de não estar presente algum dos dolos específicos previstos nos quatro incisos, poderá haver outra modalidade criminosa como, por exemplo, sequestro ou cárcere privado (artigo 148, CP), constrangimento ilegal (artigo 146, CP), fraude de lei sobre estrangeiros (artigo 309, Parágrafo Único, CP) ou mesmo reingresso de estrangeiro expulso (artigo 338, CP).
Há previsão de aumentos de pena da ordem de um terço até a metade (§ 1º):
a) se o autor for funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, o que equivale a dizer que sempre que a condição de funcionário público for utilizada para facilitar ou perpetrar o crime de Tráfico de Pessoas, haverá incremento da reprimenda, ainda que o agente não esteja efetivamente no exercício da função. Exemplificando: se um policial pratica tráfico de pessoas quando de serviço ou quando fora de serviço, mas usando sua funcional para facilitar passagem por fiscalização. 
b) se o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência. Aqui o aumento da pena se deve à condição mais vulnerável dessas espécies de vítimas.
c) se o agente se prevalece de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. Nestes casos o agravo é em relação aos laços da vitima e autor, pois facilitam a prática do crime e o tornam ainda mais repulsivo.
d) se a vítima forretirada do território nacional. Haverá então o tráfico internacional de pessoas ou ao menos transnacional, o que torna a conduta mais gravosa por sua amplitude territorial. Anote-se, porém, que o ingresso (e não a retirada) da pessoa no território nacional não conduz ao aumento de pena, mas tão somente a eventual concurso material com os crimes dos artigos 309, Parágrafo Único, CP ou 310, CP, que dizem respeito ao ingresso irregular de estrangeiros no Brasil.
Havendo concomitância de mais de uma causa de aumento de pena, deverá o juiz utilizar essa circunstância para a dosimetria da exacerbação que varia entre um terço e metade.
Haverá redução de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa (§ 2º): Trata que somente a primariedade não serve para obtenção do benefício. É preciso que adicionalmente o agente não integre organização criminosa. Note-se que no caso de o agente integrar organização criminosa, poderá também responder em concurso material, sem prejuízo do Tráfico de Pessoas.

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