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�PAGE \* MERGEFORMAT�2� A PSICOPEDAGOGICA E A CRIANÇA COM TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ESTÁGIO NA ESCOLAR Alessandra da Silva Bessil� Kledson Rocha Sousa� RESUMO O estágio curricular supervisionado é um momento ímpar de aprendizagem para o Pós-graduando em Psicopedagogia, pois possibilita vivenciar o exercício da prática profissional associando aos conhecimentos teóricos. Este artigo tem como objetivo relatar as observações, as experiências, o aprendizado, o estudo de caso e as atividades desenvolvidas durante o estágio supervisionado em Psicopedagogia, realizado na Escola Centro de Ensino Nivea Roque na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas. A Psicopedagogia como área do conhecimento, estuda e participa da aprendizagem humana. É uma das práxis que trabalha as interfaces da aprendizagem compreendendo como o sujeito aprende. Sendo assim, o trabalho psicopedagógico assume vários vieses, tanto em nível de prevenção, clínico, terapêutico ou de treinamento. Assistir à população infanto-juvenil escolar foi muito importante do ponto de vista pessoal e profissional, pois oportunizou o desenvolvimento de atividades exclusivas do psicopedagogo institucional. O estágio permite ao aluno fazer parte de uma equipe multiprofissional educacional, lidar diretamente com as dificuldades das crianças escolares e familiares. Assumir as funções de um psicopedagogo enquanto Pós-graduando em Psicopedagogia viabiliza os primeiros contatos com o exercício profissional, reforçando a importância do trabalho interdisciplinar, conhecimento teórico atualizado, responsabilidade e autonomia profissional para as práxis. Palavras-chave: Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, Inclusão, Psicopedagogia. Keywords: Attention Deficit Hyperactivity Disorder, Inclusion, Psychopedagogy. ABSTRACT The supervised curricular internship is an unparalleled moment of learning for the Postgraduate in Psychopedagogy, because it allows to experience the practice of professional practice associating with theoretical knowledge. This article aims to report the observations, experiences, learning, case study and activities developed during the supervised internship in Psychopedagogy, held at the Nivea Roque School of Education in the city of Manaus, capital of the State of Amazonas. Psychopedagogy as an area of knowledge, studies and participates in human learning. It is one of the praxis that works the interfaces of learning comprehending how the subject learns. Thus, psycho-pedagogical work assumes several biases, both at the prevention, clinical, therapeutic or training levels. Attending the school-aged children and youth population was very important from a personal and professional point of view, as it allowed the development of activities unique to the institutional psycho pedagogy. The internship allows the student to be part of an educational multiprofessional team, dealing directly with the difficulties of schoolchildren and family members. Assuming the functions of a psycho-pedagogue while post-graduate in Psychopedagogy enables the first contacts with the professional exercise, reinforcing the importance of interdisciplinary work, updated theoretical knowledge, responsibility and professional autonomy for praxis. INTRODUÇÃO Se pararmos para analisar a educação nos dias atuais, podemos observar vários entraves e desafios. Um deles seria o de incluir os excluídos. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é mais uma das grandes dificuldades que os professores terão de enfrentar nas escolas inclusivas, principalmente pelo fato de ser ainda um tema pouco difundido, não tendo os educadores e a escola muitas informações a respeito deste transtorno. Esta falta de informação sobre o que realmente é o TDAH leva a escola muitas vezes a cometer sérios erros quanto aos métodos que utiliza tanto no diagnóstico quanto ao modo de lidar com essas crianças. Do ponto de vista de Weiss (1992), a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores. Durante a formação acadêmica de uma pessoa se aprende reaprende, ensina, busca e recomeça a cada instante. E partindo deste pressuposto, desejamos incluir e buscar novas rotas e desafios perante a inclusão. Estudar as patologias do cotidiano escolar se faz necessário para compreender como se processa a aprendizagem nas suas mais distintas dimensões. Seja no ensino regular, ensino inclusivo, aspecto clínico ou hospitalar. Durante nossa trajetória educacional encontramos pessoas que foram pontes para esta busca constante. Pessoas que sensibilizaram, sonharam e acreditaram em cada degrau conquistado. São pessoas que serão capazes de ler e compreender cada uma das entrelinhas traçadas. Portando, pretendemos com realização deste artigo, compartilhar com o leitor a experiência vivenciada no decorrer do estágio em Psicopedagogia e a experiência da educação inclusiva. Essa experiência será dotada de vários momentos vivenciados, pois é preciso observar o olhar encantador de uma criança, o abraço sincero de um aluno, as experiências compartilhadas, as devolutivas familiares e os saberes adquiridos. Como processo metodológico para este artigo, realizamos um levantamento bibliográfico e relato de experiência. Não se pretende com este artigo dar por encerrada a discussão, mas, sim oferecer subsídios de informações para novos pesquisadores ou pessoas interessadas no assunto. 1 CONCEPÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENCÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é, segundo Barkley (2008), o atual termo usado para denominar os significativos problemas apresentados por crianças quanto à atenção, a impulsividade e a hiperatividade. Ainda segundo o autor acima citado, o interesse pelo transtorno surgiu devido a uma crise de encefalite epidêmica em 1917/1918, nos Estados Unidos da América (EUA), onde inúmeras crianças que sobreviveram a essa infecção cerebral ficaram com sequelas comportamentais e cognitivas, sendo essas sequelas caracterizadas ao que hoje conhecemos por TDAH. Assim, Barkley (2008) descreveu: Essas crianças eram descritas como limitadas em sua atenção, na regulação das atividades e da impulsividade, bem como em outras capacidades cognitivas, incluindo a memória. Muitas vezes também eram consideradas socialmente perturbadoras. (p.17). Na época o transtorno era chamado de “distúrbio comportamental poscefálico”, que na verdade era resultado evidentemente de uma lesão cerebral. Foi identificada nessa época a presença da hiperatividade em algumas dessas crianças, decorrente da lesão dos lobos frontais que resultaram em inquietude excessiva e incapacidade de manter o interesse em atividades, entre outras alterações do comportamento. Em 1937 e 1941 uma série de artigos sobre o tratamento de crianças hiperativas ou com problemas comportamentais foi criada marcando o inicio da terapia com medicação, em geral estimulantes. Entre os anos de 1950 a 1960 surgiram questionamentos críticos sobre o conceito de uma síndrome unitária de lesão cerebral em crianças. Inúmeras pesquisas acompanharam as crianças com disfunções cerebrais mínimas, a partir das quais o Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e Cegueira reconheceu quase uma centena de sintomas para o transtorno. Daí então, o conceito de disfunções cerebrais mínimas foi perdendo a força por ser considerado muito vago, pois se descobriu outros fatores dissociados de questões ambientais. Ao longo destes períodos de estudos, a medicina reconheceu o transtorno com as seguintes denominações: Síndrome da Criança Hiperativa, Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Transtorno Hipercinético, Transtorno Primário da Atenção, entre outros. Para Brown (2007), o transtorno ainda pode ser descrito como: “Distúrbio de Déficit deAtenção, Disfunção Executiva, Disfunção Mínima Cerebral, Distúrbio do Controle Regulador e Síndrome Disexecutiva. O conceito da síndrome do TDA inclui muitas dificuldades descritas por esses vários rótulos, dificuldades que, muitas vezes, aparecem juntas e têm a tendência de responder a tratamentos semelhantes”. (p.15). O que Brown (2007) cita em seus estudos é que todos os rótulos que o TDAH já teve, está relacionado a uma de suas características, e em muitos casos, ainda estão associadas a várias características. O estudo sobre o transtorno continuou e, em 1980, o TDAH passou a ser o transtorno psiquiátrico infantil mais bem estudado da última década. Essa década ficou marcada pela publicação do transtorno no DSM-III, sendo criados subtipos do TDA baseados na presença ou não da hiperatividade. Esse manual passado por novas atualizações, ainda descreve que para ser portadora do TDAH, a criança tem de ter no mínimo seis de uma lista de nove sintomas, segundo o Manual Diagnóstico – DSM-IV (1995). Podemos exemplificar segundo Mattos (2008) as três subcategorias do TDAH: Forma predominantemente desatenta, quando existem mais sintomas da desatenção. Este, segundo os estudos de Mattos (2008), é a forma mais comum na população em geral; Forma predominantemente hiperativa / impulsiva, quando existem mais sintomas da hiperatividade e impulsividade, esta é a forma mais rara e a Forma combinada, quando existem muitos sintomas das duas outras formas mencionadas acima. Uma revisão realizada no Manual Diagnóstico em meados de 1987 provocou uma mudança no nome de Distúrbio de Déficit de Atenção. Dessa condição passou para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e desde então, o nome oficial continua agregando a desatenção aos problemas de comportamento hiperativos, negligenciando a importância independente das dificuldades cognitivas da síndrome. Segundo Barkley (2008), desde o ano 2000, o reconhecimento internacional do TDAH é devido ao desenvolvimento de grupos de apoio para pais em muitos países e principalmente pelo acesso a Internet, meio de comunicação que, segundo ele, deve ganhar maior vulto, pois as informações sobre o TDAH podem ser mostradas quase que instantaneamente a qualquer hora e lugar por meio desse tipo de conexão. Ressalta-se que no ano de 2002, outro avanço pôde ser comemorado pelos pais e profissionais que têm parentes ou amigos sofrendo desse transtorno, que é a criação de uma Declaração de Consenso Internacional sobre o TDAH. Esta foi assinada por mais de 80 dos principais profissionais cientistas especializados nesse transtorno em todo o mundo. Neste sentido, Barkley (2008) comenta que o TDAH adquiriu maturidade como transtorno e tema de estudo científico sendo amplamente aceito pelos profissionais pediátricos e da saúde mental como uma deficiência legítima do desenvolvimento. Atualmente, ele é um dos transtornos da infância mais estudados. Neste contexto, podemos observar que o transtorno hoje, está muito bem reconhecido e deve ser considerado por todos como um problema sério, que pode acontecer em algumas crianças em fase de desenvolvimento e que necessitaram de melhor acompanhamento. 2 INCLUSÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENCÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) NO CONTEXTO ESCOLAR O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é mais uma das grandes dificuldades que os professores terão de enfrentar nas escolas inclusivas, principalmente pelo fato de ser ainda um tema pouco difundido, não tendo os educadores e a escola muitas informações a respeito deste transtorno. Essa falta de informação sobre o que realmente é o TDAH leva a escola muitas vezes a cometer sérios erros quanto aos métodos que utiliza tanto no diagnóstico quanto ao modo de lidar com essas crianças. As necessidades educacionais diferem de aluno para aluno. Educadores que se identificam como profissionais transformam suas salas de aula em espaços prazerosos onde, tanto eles como os alunos, são cúmplices de uma aventura que é o aprender: o aprender a aprender e o aprender a pensar. Dentre inúmeras mudanças esperadas a remoção de barreiras para a aprendizagem em sala de aula, a preleção (aula expositiva centrada no educador) deverá ser substituída por estratégias mais participativas, como os trabalhos em grupo favorecedores das trocas de experiências e da cooperação entre os integrantes. No entanto, tudo isto depende da capacidade do professor em aproveitar essa energia. Os alunos têm a capacidade de contribuir para a própria aprendizagem. Aprendizagem é também um processo social. Segundo Carvalho (2007), Tornar a aprendizagem interessante e útil é uma forma de remover obstáculos. O professor para melhor conhecer os interesses de seus alunos, precisa estimular a sua própria escuta, criando diariamente de seus alunos reconhecendo em suas falas, o que lhes serve como motivação, bem como conhecendo em suas falas, o que lhes serve como motivação, bem como conhecendo a “bagagem” que trazem para a escola (p. 64). Desta forma, os alunos que apresentam dificuldades bem como o TDAH aprenderão lidando com situações estimulantes, que as distraiam e aceitem. Elas devem aprender em lugares diferentes, fazendo pausas frequentes. Na sala de aula, eles trabalham melhor em carteiras individuais e em mesas coletivas. Frequentemente, um fundo musical instrumental pode também ser útil. Os portadores de TDAH necessitam de mais estrutura e rotina diária que a maioria dos educandos. As dificuldades de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de transtorno que se manifesta por dificuldades significativas no domínio de uma ou mais das seguintes áreas: escutar, falar, ler, escrever, racionar e outras habilidades e aptidões. O termo dificuldade de aprendizagem apropriadamente em casos nos quais as pessoas exibem dificuldades significativas no domínio social e noutras aptidões e habilidades adaptativas. É importante os educadores perceberem que as crianças com TDAH entendem regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldades em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais, por isso, não se podem culpabilizar o educando por ele ser assim, isso só será pior para ele! Pois a aprendizagem supõe-se em um autentico diálogo, uma autêntica comunicação aprendiz/mestre, em igualdade e respeito, em processo de mediação instrumental e semiótica. A mudança que se produz com a aprendizagem supõe a conquista de novos níveis de conhecimentos, a conquista de novos níveis de consciência, de pensamento, de criatividade, de poder transformador, na terminologia de Freire. O educador precisa acima de tudo, perceber que tem em mãos uma criança muito especial. É muito possível que esse aluno com TDAH seja criativo, inteligente, talentoso e que deseje muito, agradar aos adultos que o rodeia. Ele está habituado ao fracasso escolar e a ser mal compreendido pelos outros. O que realmente ele precisa é de compreensão, aceitação e amor. Se for encorajada e receber oportunidade, essa criança terá um grande potencial para o sucesso escolar. À medida que a escola vai se familiarizar com sua realidade e a do aluno que a frequente, respeitando as particularidades e necessidades, terá maior possibilidade de projetar o futuro cidadão na construção do seu meio social, gerando oportunidades a cada indivíduo singular e único, uma forma de assegurar um convívio social próspero, garantindo a cidadania a todos. Além do TDAH, temos vários outros fatores que dificultam o despertar da atenção dos alunos na sala de aula. Como reconhecer o termo diversidade no seu real significado? “ninguém é igual a ninguém”, divulgar o que seja TDAH, mostrar à escola a necessidade da participação dos pais para reconhecer o aluno, incentivar a aplicação de atividades significativas para obter o maior índice de participação dos alunos em sala de aula e fora dela, oferecer atividades lúdicas como forma de interação entre os alunos/alunose alunos/professores, desenvolver um trabalho com os alunos sobre semelhanças e diferenças entre as pessoas e coisas (aceitação do outro, em suas particularidades, temperamentos, habilidades, conhecimentos, religião, cor etc.) alvo muitas vezes de criticas e preconceitos. Despertar a partir das diferenças as habilidades pessoais como forma de valorizá-las e expor para elevar autoestima do aluno, incentivando a escola nas suas particularidades e habilidades, conscientizando-a da sua importância como agente ativo e participativo capaz de transformar o meio em que está inserida. Assim, entendemos que a inclusão é muito mais do que a disposição das crianças com necessidades educativos especiais dentro de sala com outras crianças ditas “normais”, e ficar esperando que aquelas se desenvolvam como estas, sem todas as condições necessárias para que esse desenvolvimento ocorra. A escola para receber criança com necessidades especiais precisa ser representada em todo o seu espaço, uma vez que, como afirma Mantoan (1997 apud MESQUITA; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2009), a inclusão causa uma mudança de perspectivas educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos e pessoal administrativo. Já Vygotsky (apud MESQUITA; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2009) é um dos teóricos que teve sensibilidade para entender as crianças com necessidades especiais para além dos testes psicológicos, percebendo que os mesmos davam apenas uma descrição quantitativa e não qualitativa do potencial destas. Ele também apontava a própria sociedade como complicadora do processo de interação dessas crianças ao meio, dificultando ainda mais o seu desenvolvimento. Ao pensarmos em alunos com TDAH, não podemos nos esquecer de relacionar a inclusão dentro de nossa realidade escolar que se caracteriza por uma estrutura montada para alunos comuns para desenvolver suas habilidades. É um sistema de ensino organizado por um currículo onde os conteúdos possuem uma sequência e complexidade segundo o desenvolvimento cognitivo e a faixa etária deste aluno. Quando um aluno diferente deste padrão é incluído, é com este sistema que se depara cuja estrutura é pouco flexível, não oferecendo muita abertura para uma programação segundo as necessidades e ritmos específicos. A entrada de um aluno que se diferencia quanto aos seus comportamentos, estruturas emocionais e cognitivas, algo novo do esperado poderá propiciar um desequilíbrio neste sistema e consequentemente, nos sujeitos que viabilizam a aprendizagem. Ture Johnson (apud FABRICIO; SOUZA, 2009), em seu livro “Educação Inclusiva” define “a sociedade para todos” como “uma sociedade que se empenha para acolher as diferenças de todos os seus membros”. Isto significa que temos que focalizar nossos esforços não mais em adaptar as pessoas a sociedade e sim adaptar sociedade as pessoas. As adaptações curriculares, do contrário, têm uma concepção mais educacional do que reabilitadora. Isso não significa que, para certos alunos, não seja necessário tomar decisões voltadas a compensar ou a reduzir as dificuldades decorrentes de sua própria dificuldade de aprendizagem, mas estas se demarcam em uma perspectiva educativa curricular. Neste sentido, é preciso à adaptação precoce das necessidades diferenciadas na aprendizagem das crianças, o atendimento educativo inicial que se proporciona o modelo da avaliação psicopedagógica, o sistema de provisão dos recursos, a definição do currículo escolar, a formação dos professores ou a participação dos pais no processo educacional de seus filhos; são orientações gerais que tem uma enorme influência nas possibilidades de inclusão que se abrem em cada escola. Os valores e as atividades dos cidadãos diante das estratégias inclusivas são também fatores importantes no processo da transformação da educação. A prioridade da concorrência em relação à solidariedade, a maior importância atribuída aos êxitos acadêmicos em relação ao desenvolvimento social e da personalidade e a concepção de que a presença de alunos com maiores dificuldades impede o processo dos mais capazes são crenças muitas vezes implícitas, que freiam a extensão e a profundidade das reformas educativas. Além disso, os valores cívicos majoritários podem contribuir bastante para a integração social. A mudança para uma cultura educacional que valorize a igualdade entre todos os alunos, o respeito às diferenças, a participação dos pais e a incorporação ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Uma mudança em que o aluno com TDAH, tenha uma educação voltada as suas necessidades de aprendizagem e que os educadores tenham flexibilidade e busca conjunta de soluções diante dos problemas apresentados pelos alunos. As experiências de aprendizagens que apresenta aos seus alunos com mais dificuldades não podem ignorar que o objetivo, também para eles, é que completam seus esquemas de conhecimentos, que deem sentido as suas aprendizagens e que avancem, pouco a pouco, no controle de estratégias que os ajudem a aprender por si mesmos. Portando, é preciso que o professor planeje a metodologia na sala de aula de tal maneira que os colegas também sejam um poderoso estímulo para a construção dos conhecimentos, seja mediante o trabalho em grupos cooperativos ou as trocas de conhecimentos. 3 RELATO DE EXPERIÊNCIA Segundo Bossa (2000), o termo psicopedagogia apresenta-se hoje, com uma característica especial: estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades. A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem. Para Kiguel (1983), o objeto central de estudo da psicopedagogia está estruturado em torno do processo de aprendizagem humana; seus padrões evolutivos normais e patológicos - bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. O psicopedagogo necessita de uma formação multidisciplinar para que sua observação seja mais ampla diante do objeto em análise. Neste contexto, Bossa (2000) enfatiza que os psicopedagogos são profissionais habilitados para atender adultos, adolescentes ou crianças que apresentam algum tipo de problema de aprendizagem. Estes profissionais atuam com prevenção, diagnósticos e tratamento institucional ou clínico. Pensando nestas práxis, e relendo as obras de Alicia Fernandes percebemos uma conectividade entre a teoria e a prática. Existe uma mesma relação entre “os fios e as teias”, pois ambas dão sustentação à rede. O aprender, o ensinar e as relações de cada indivíduo são condutores para a prática e atuação desse profissional. Partindo dessa subjetividade, diríamos que a atuação do psicopedagogo se dá na sociedade. Dessa forma, seja no caráter assistencial, por exemplo, quando o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração, direção e evolução de planos, programas e projetos no setor de educação e saúde, integrando diferentes campos de conhecimento relacionando os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que opera. O psicopedagogo atua no objeto de estudo, chamada aprendizagem. A Psicopedagogia Institucional não trabalha isoladamente, ela realiza um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem; encaminha o educando para um profissional (fonoaudiólogo, psicólogo etc.); auxilia a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si; conversa com o educando quando este precisar de orientação; orienta os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele educando com dificuldades de aprendizagem; ajuda na elaboração do projeto político pedagógico etc. Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas nas suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva.Também o é a sua participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; em conselhos de classe, avaliando o processo metodológico; na escola como um todo, acompanhando a relação professor e aluno, aluno e aluno, aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio. Segundo Bossa (2000), Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação (p. 23). O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem. Após inúmeras leituras, investigações, escutas, observações e revisitações as literaturas de referência a este estudo, fui me tecendo de grandes descobertas e experiências. Percebi que os referenciais teóricos são necessários durante todo processo de investigação e intervenção em subsidiar o trabalho psicopedagógico institucional. Diante do exposto, proponho-me apresentar um relato de experiência. Antes de iniciarmos o trabalho procuramos conhecer a instituição escolar, suas rotinas diárias, os gestores de cada departamento, o funcionamento de cada dependência, horários, escalas, entre outras. Começamos neste instante estabelecer um vínculo com a escola e posteriormente com a gestora/diretora do Centro de Ensino Nivea Roque na cidade de Manaus/AM. O estágio, permite ao aluno fazer parte de uma equipe multiprofissional educacional, lidar diretamente com as dificuldades das crianças escolares e familiares. Assumir as funções de um psicopedagogo enquanto acadêmico viabiliza os primeiros contatos com o exercício profissional, reforçando a importância do trabalho interdisciplinar, conhecimento teórico atualizado responsabilidade e autonomia profissional para as práxis. O estágio foi realizado na Escola Centro de Ensino Nivea Roque, localizada na Rua Nove, 114, Jorge Teixeira na cidade de Manaus/AM. Onde foi realizado o estágio no turno vespertino. A escola é composta por 13 salas de aula, 1 almoxarifado , lavanderia, depósito, cozinha, refeitório, 1 marcenaria, 1 sala específica para cerâmica ambas contendo maquinários específicos e profissionais especializados para auxiliar no manuseio das mesmas, quadra poliesportiva, 1 secretaria, 2 banheiros para os alunos, sendo um masculino e outro feminino onde as crianças tomam o banho, 2 banheiros específicos para funcionários, sala de informática, 1 sala de vídeo, 1 biblioteca, 1 sala dos professores, 1 sala da coordenação e direção e um amplo espaço para as crianças brincarem. Existe ainda, uma pessoa responsável pelo segurança do portão para controlar quem entra e sai das dependências da instituição. A instituição escolar desenvolve com os alunos atividades como: aulas de reforço pedagógico, oficinas, 4 refeições diárias e atendimento com psicólogos e psicopedagoga. Para os professores são desenvolvidas reuniões pedagógicas, cursos de especialização oferecidos pela Secretaria de Educação do Estado do Amazonas e reuniões internas. Aos pais, são oferecidos atendimentos individuais com a direção e coordenação pedagógica, reuniões educativas, onde são tratados assuntos pertinentes à rotina escolar. Iniciei minha observação no dia 1o de maio de 2017, na Escola Centro de Ensino Nivea Roque, localizada na Rua Nove, 114, Jorge Teixeira na cidade de Manaus/AM. Onde foi realizado o estágio voluntário extracurricular. Na ocasião foi-me apresentado um aluno, seu nome será preservado por questão ética, assim trataremos o aluno apenas pelas iniciais (CSN) de seu nome. CSN tem 8 anos, é do sexo feminino, filha única de pais separados, residente no bairro, Jorge Teixeira. A criança foi encaminhada pela Profa. Fernanda da Silva Neves, diretora, pedagoga, relatando que a mesma apresenta Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) o que tem comprometido o seu aprendizado. Durante o período de observação, percebi que a criança apresenta dificuldades em relação a condutas inadequadas à idade e provavelmente em decorrência de conflitos familiares. Em relação à queixa escolar quanto às atitudes e comportamentos de acordo com a professora, a aluna CSN apresentava ser agressiva, desafiadora, não para em sala, demonstra sexualidade aguçada, tem o hábito de mentir constantemente, chama a atenção dos meninos o tempo todo mostrando o corpo, oscila em relação ao choro, diz que precisa falar com a mãe, utiliza seu celular escondido para ligar para a mãe, irrita as colegas de sala, briga o tempo todo e atualmente convive com um problema de saúde da mãe (câncer na garganta), convive com os tratamentos da mãe. Em relação à queixa familiar, a criança é nervosa, inquieta, mente, constantemente aparece com objetos que não são seus, é teimosa, sente insônia e dores de cabeça, a criança chora e sente falta do pai e insiste em pedir a mãe para o pai ficar junto com elas. A mãe relata que o pai é alcoólatra e agressivo, foi expulsa do colégio anterior quando cursava o 2º ano do ensino fundamental por apresentar traços de agressividade. Ao realizar as sessões do diagnóstico psicopedagógico CSN demonstrou-se receptiva, curiosa em realizar as atividades propostas cooperando com a estagiária. Nas Provas Projetivas Psicopedagógicas, a criança demonstrou insegurança em relação aos vínculos familiares de caráter afetivo, não sendo capaz de identificar o seu referencial familiar, possui vínculo de dependência com a mãe, vínculo agressivo com os colegas e professores e com os objetos relacionados á aprendizagem. Após análise de resultados, constatamos que a criança observada não respeita as regras impostas na escola e na família. Análise Crítica Em relação ao caráter cultural nota-se que a criança estabelece uma boa relação assistemática com a aprendizagem. Tem a mãe como ser frágil onde insiste em debater a todo instante a mesma. (Sendo a 2ª filha, já que a primogênita faleceu, CSN a conheceu através de fotografias e relato da mãe); apresenta um ambiente familiar bastante conturbado devido ao grande número de pessoas que moram no mesmo terreno, o que pôde ser retratado e reforçado pela Anamnese. Na área cognitiva, após a realização das provas operatórias, evidencia que a criança tem domínio de classificação e seriação, raciocínio lógico, riqueza de detalhes e não apresentou nenhuma dificuldade em relação ao cognitivo. No que se refere á dimensão funcional verificou-se ao analisar as Provas Pedagógicas, que a criança, foi assertiva em toda proposta das provas pedagógicas, faz diferenciação entre as figuras e textos, domina a direção convencional da escrita. Em relação á Matemática, a criança apresenta desmotivação em situações que requer raciocínio lógico, pensamento reflexivo, mas consegue concluir com êxito as atividades propostas. Analisando as Provas psicomotoras, que CSN identifica as cores, formas, nomeia as partes do corpo e identifica a lateralidade. A partir da estimulação psicopedagógica a criança foi capaz de se adaptar melhor na instituição. Os sintomas em relação à conduta de comportamento foram amenizados, ela agora, é capaz de conversar pausadamente sem gritar, pensa para falar, solicita ajuda das professoras e coordenadoras, está mais afetiva com a mãe e está em fase de adaptação em relação à doença da mãe. Após a realização de todos os testes propostos, Anamnese, constatamos que a criança necessita de uma orientação Psicológica. A criança observada convive com conflitosbastante tumultuados em relação à rotina familiar. Depois das análises dos casos, intervenções, escutas e comprovações diagnósticas encaminhou-se o relatório de todo trabalho realizado para a coordenação pedagógica e direção da Escola Centro de Ensino Nivea Roque. Posso afirmar que a oportunidade que tive de realizar o estágio, foi de fundamental importância e engrandecimento para minha formação profissional, permitindo unir teoria e prática proporcionando a oportunidade de poder colocar os conhecimentos adquiridos no decorrer da carreira profissional. Assim, nós, enquanto graduando em psicopedagogia, devemos traçar objetivos para realização de uma prática profissional que venha atender as necessidades reais de nossos alunos. 4 ESTRATÉGIAS DIVERSIFICADAS PARA O ATENDIMENTO DE CRIANÇAS COM (TDAH) A PARTIR DO OLHAR PSICOPEDAGÓGICO A Psicopedagogia é uma especialidade multidisciplinar que integra diversos conhecimentos nas áreas que envolvem a aprendizagem, como a Psicologia, Pedagogia, Neurologia, Fonoaudiologia, entre outras. O acompanhamento Psicopedagógico tem como objetivo abordar o processo da aprendizagem, como esse se desenvolve e de que forma o indivíduo se relaciona com o aprender; nos aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Quando são identificadas dificuldades neste processo, a Psicopedagogia busca as suas origens, os possíveis distúrbios; as habilidades e as limitações do ser que aprende. A intervenção Psicopedagógica pode ser terapêutica, preventiva e de inclusão escolar. Visca apud Bossa (2000) nos diz: A Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. (p. 21). A psicopedagogia é um campo de atuação, que podemos identificar como princípio a junção da pedagogia com a psicologia, com o respectivo objetivo, o desenvolvimento de estratégias para ser trabalhada com crianças com dificuldades de aprendizagem, seja ela, na parte escolar, social e comportamental. Fernández (2001) propõe uma definição que integra várias perspectivas teóricas, para entender e descrever o transtorno: neurológico, psicopedagógico e escolar. Define o TDAH como um transtorno de conduta crônico com um substrato biológico muito importante, mas não devido a uma única causa, com uma forte base genética, e formada por um grupo heterogêneo de crianças. Inclui crianças com inteligência normal ou bem próxima do normal, que apresentam dificuldades significativas para adequar seu comportamento e/ou aprendizagem à norma esperada para sua idade. Neste contexto, o educador passa, a rever o seu próprio processo de aprender. O profissional de psicopedagogia contribui intelectualmente, mas primeiramente com vivências e práticas por meio de oficinas, por exemplo. O profissional da psicopedagogia deve tomar a frente para tentar suprir as lacunas que ficaram existentes com a criança que sofreu com o transtorno. Um dos principais problemas que é encontrado na sala de aula, com as crianças que apresentam TDAH, é o não fazer das lições, principalmente as de casa, pois elas não conseguem se concentrar para pode resolver os exercícios, com isso acaba deixando ela atrasada em relação aos outros alunos na sala, prejudicando o seu processo cognitivo. Dentre outras as dificuldades mais comuns encontradas em crianças com TDAH é dificuldades em organização e orientação espacial, déficit viso motor, leitura deficiente, com uma acentuada dificuldade na interpretação de texto embora possa ter um bom vocabulário. A Psicopedagogia busca intervenções adequadas para aliviar os problemas causados pelo TDAH. Assim, quando falamos em lidar com portadores de TDAH, falamos também em interdisciplinaridade, ou seja, são necessárias também outras intervenções, entre elas a psicopedagógica, que se volta para a construção de condições para que o sujeito possa situar-se de forma adequada, e o comportamento patológico situar-se em um segundo plano. O psicopedagogo em sua atuação institucional ou clínica pode exercer um trabalho de reflexão e orientação familiar, possibilitando elaboração acerca do direcionamento das condutas que favorecem a adequação e integração do indivíduo com TDAH, trazendo perspectivas sob diretrizes de vida e evolução. A criança ou adolescente portador de TDAH precisa ser estimulada de maneira correta em tempo integral, para que mantenha sua atenção no que está fazendo ou estudando. Neste processo, o psicopedagogo tem papel importante, cabendo-lhe intervir no método cognitivo, junto à construção do saber, e fazer com que o paciente se sinta capaz de ter um bom desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal. Quando a criança ou adolescente estiver no processo de avaliação diagnóstica ou mesmo já fazendo o tratamento interventivo: O profissional pode focalizar dificuldades específicas da criança, em termos de habilidades sociais, criando um espaço e situações para desenvolvê-las, por meio da interação com a criança por intermédio de qualquer atividade lúdica. (BENCZIK, 2006, p. 92). Com isso a criança ou adolescente poderá desenvolver habilidades como: Saber ouvir; Iniciar uma conversa; Olhar nos olhos para falar; Fazer perguntas e dar respostas apropriadas; Oferecer ajuda para alguém; Brincar cooperando com o grupo; Sugerir outras brincadeiras, usando sua criatividade; Agradecer, falando obrigado; Saber pedir, por favor; Manter-se sentada ou quieta por um período; Saber esperar sua vez para falar ou jogar; Ser amigável e gentil; Mostrar interesse em algum assunto; Respeitar o outro como um ser diferente que possui sentimentos e diferentes opiniões; Dar atenção às outras pessoas; Saber perder, entendendo que não se pode sempre ganhar. Durante o processo avaliativo que, como já colocado, pode ser também interventivo, o profissional (psicopedagogo/arte terapeuta) deve antes de qualquer coisa listar alguns indicadores que devem ser observados, tais como: a) A imaturidade com relação ao desenvolvimento da atenção, (que pode ser associado a um jogo ou atividades com arte terapia); b) O Déficit de atenção do paciente (que pode ser associado a um jogo ou a atividades de arte terapia para diagnósticos). Existem alguns tipos de intervenções relacionadas à psicopedagogia e à arte terapia que podem ser utilizadas durante o processo, como “Jogo com regras” através dos jogos, a criança deverá submeter-se às regras e normas, onde poderá desenvolver suas habilidades, seu raciocínio, autoimagem, tolerar frustrações, saber ganhar ou perder, saber esperar sua vez, planejar uma situação, aprender a ouvir, etc. Brincadeiras de representação “psicodrama” através dos diálogos e da troca de papéis, a criança pode desenvolver algumas habilidades, e o psicólogo servirá como espelho, onde a criança poderá ver com mais clareza ser jeito de ser. Atividade corporal “cinestésica” o relaxamento associado ao controle da respiração, ouvir silenciosamente uma música relaxante ou mesmo a massagem corporal são medidas úteis para reduzir a tensão dos músculos do corpo e trazer a atenção da criança para si mesma, fixando-se em si mesma e promovendo maior centralização. O “uso de sucata”: o uso de sucata para as crianças com TDA/H é muito bom, pois elas podem utilizar sua criatividade, podem criar e formar novos materiais. Existem algumas técnicas que são mais utilizadas durante o "tratamento" de um TDAH com o psicopedagogo, como os jogos de exercícios sensório motores: “amarelinha”, “bola de gude” entre outros, combinações intelectuais (damas, xadrez, carta, memória, quebra-cabeça, etc.) Quando é apresentado á criança temas e assuntos que ela gosta isso pode despertar o gosto pela leitura, curiosidade por conhecer livros, gibis, e revistas novas. De acordo com Benczik (2006) os contos defadas também podem ser utilizados, tanto na fase do diagnóstico, quanto durante a intervenção psicopedagógica. Utilizando esta técnica, o psicopedagogo pode coletar dados cognitivos e mesmo psicanalíticos da criança. Ainda segundo este mesmo autor os jogos que possuem regras permitem que a criança, além de ter seu desenvolvimento social quanto a limites, possa participar saber ganhar, perder, melhorar seu desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade para a criança saber onde está, o motivo e o tipo de erro que cometeu, tendo chance de refazer, naquele momento, da maneira correta. Vale ressaltar que uma criança ou adolescente pode estar inquieta ou distraída por muitos motivos, e não necessariamente devido a um transtorno. A inquietação pode ser o indicativo de uma inteligência ativa, questionadora e que deve ser adequadamente estimulada nos meios familiar e escolar. Estar no "mundo da lua" pode simplesmente ser um artifício inconsciente de mobilizar a atenção para os múltiplos problemas emocionais e de aprendizagem, que merecem cuidados objetivos. Nesse sentido, é crescente a importância da Psicopedagogia nos estudos do TDAH e nas implicações sintomáticas no processo de aprendizagem, para evitar avaliações ingênuas e precipitadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Identificar todas as patologias do cotidiano escolar não é uma tarefa fácil, seria imaturo por parte do profissional psicopedagogo, fechar um laudo ou diagnosticar uma criança que apresente problemas ou dificuldades de aprendizagem. Trata-se de intervenções de cunho médico e profissionais habilitados para pensarem juntos em um foco investigativo. Requer um olhar mais aguçado e análise mais precisa diante do objeto observado. A psicopedagogia é o elo entre a psicologia e a pedagogia por se tratar do desenvolvimento intelectual e afetivo do indivíduo. Ambos trabalhando e investigando os campos cognitivos e afetivos. Surge aí outro profissional o psicopedagogo, profissional habilitado para esta intervenção em relação à aprendizagem. Este trabalho foi de suma importância para o meu aperfeiçoamento profissional, pois tive a oportunidade de unir teoria e prática e adquirir novo saberes, foram momentos gratificantes e aprendi muito com cada situação vivenciada. Cada olhar esperançoso, cada gesto, cada intervenção, enfim foi importante e significativa esta segregação de valores. A inclusão tem muito a conquistar, mas estamos no caminho, caminho dos quais surge à necessidade de estudo e buscas constantes. Reconheço que há muitos entraves, mas a necessidade é tanta em relação da inclusão que muitas vezes o profissional inserido neste processo erra com a intencionalidade de acertar. Erra muitas vezes, porque os sistemas travam, porque a educação inclusiva no sistema regular de ensino é nova, e há muito que se alcançar e conquistar. Conhecer e saber intervir em relação a todas as patologias, dificuldades e problemas de aprendizagem é muito subjetivo, mas focar em um estudo e procurar seu eixo e suas etiologias e desenvolver soluções diante da problemática apresentada é uma conquista que só através da pesquisa e estudo teremos condições de sermos assertivos em relação à inclusão. Aprendi muito através destas práxis, esta ação nos possibilitou um novo olhar em relação ao verdadeiro papel do psicopedagogo. Portanto este trabalho torna-se relevante em razão de poder proporcionar e fornecer subsídios para futuros pesquisadores ou pessoas interessadas sobre o assunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARKLEY, Russell A. & colaboradores. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: manual para diagnóstico e tratamento. 3ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008. BENCZIK, E. P. B. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Atualização Diagnóstica e terapêutica. Um guia de orientação para profissionais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. BOSSA, N, A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes médicas, 2000. BROWN, Thomas E. Transtorno de Déficit e Atenção: a mente desfocada em crianças e adultos. Porto Alegre: Artmed, 2007. FERNÁNDEZ, A. O saber em jogo A psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001. MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescente e adulta. São Paulo: Lemos Editorial, 2008. � Pós-Graduanda em Psicopedagogia pela Universidade Nilton Lins. Graduada em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Manaus/AM. E-mail: alessandrabessil@hotmail.com. � Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Assessor Técnico Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Manaus/AM. Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicopedagogia Diferencial – NEPPD/UFAM; Professor da Universidade Nilton Lins. E-mail: �HYPERLINK "mailto:kledsonrocha@hotmail.com"�kledsonrocha@hotmail.com�