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Comunicação e Educação Resumo

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Comunicação e Educação: o problema da aceleração temporal
O curso de Comunicação e Educação é importante na grade curricular do ensino pedagógico pois meensinou a identificar o conjunto de estudos postos na interface comunicação/educação – educomunicação – apresentam desafios de várias naturezas cujos alcances requisitam da parte dos interessados dupla inflexão, seja para qualificar os mecanismos de pesquisa seja para identificar tendências e desdobramentos colocados pela própria dinâmica técnica e tecnológica que envolve os mundos da escola e dos dispositivos comunicacionais. Vale dizer, tratamos de tema que possui, ao mesmo passo e em estreito vínculo, decisivo enraizamento institucional – no caso evidenciado neste artigo, a educação formal –, e modulações tecnoculturais ou tecnossociais que elegeram a instabilidade e o dinamismo interno como marcas singulares.
Posto de outra maneira, os mecanismos da aceleração e da diversificação tecnológica criam os ambientes ou os fluxos no interior dos quais os indivíduos – respeitando-se particularidades culturais, de classes, econômicas, etc. – definem interesses, conformam valores, entram no debate público, assumem formações discursivas, ativam processos comunicacionais, enfim, singularizam mecanismos de integração na dinâmica social e de construção das sociabilidades. Diante deste quadro, fica no ar a pergunta acerca de como as instituições tradicionais, aquelas responsáveis, em tese, pela formação educativa, religiosa, política, ética, moral, à maneira das escolas, igrejas, partidos, famílias, etc., localizam-se frente aos mecanismos de aceleração social, da decisiva dominância dos mediadores tecnocomunicativos, do aparente desconforto resultante do shrinking of the present.
Ao seguirmos as reflexões acima, impõe-se abrir duas vertentes quando a matéria de referência é o universo da educação formal. De um lado, o encolhimento do presente, com a sua marca transitiva em ritmo acelerado, no qual os mediadores técnicos da comunicação jogam papel importante. Tais mediadores, eles próprios cifrados pela curta duração, pela “obsolescência constitutiva”, a ser acompanhada in praesentia nas vitrines das lojas, nas ofertas que inundam as páginas da internet, a exemplo dos celulares, e a sua sequência quase fetichista de gerações que se sucedem anualmente, num infindável atropelo de Gs: 1, 2, 3, 4, etc.
Frente à constatação da crescente utilização de estratégias didáticas para promover as atividades, agregamos outra pergunta aos discentes, a fim de saber se aqueles recursos ajudavam ou dificultavam a compreensão da matéria em exposição. E, diante dos 548 respondentes, quase 98% apresentam resposta afirmativa:
Estas e outras respostas de semelhante diapasão permitem afirmar com razoável segurança que existe rentabilidade pedagógica quando se promovem determinados processos calcados nas possibilidades facultadas pelas novas tecnologias e pelas linguagens da comunicação mediada. Ou, de outra maneira, fica difícil trabalhar no território da educação formal sem a devida atenção para este mundo de dispositivos técnicos, aceleração do tempo, profusão de imagens, instantaneidade no acesso à informação, capacidade de registrar e colocar em circulação social eventos, ocorrências, acontecimentos.
As gerações mais jovens têm os dispositivos móveis como extensões do corpo, como meios de comunicação e conexão, e esse hábito influencia os modos de aprender, as expectativas, os valores. A acessibilidade fácil dos conteúdos em rede gera a ilusão de que todo o conhecimento acumulado pelos homens está ao alcance das mãos. Ao mesmo tempo, a interatividade nas redes sociais gera um ambiente nunca visto, com possibilidades a serem exploradas. Estamos em momento de experimentação e criação a respeito dos significados das convergências de meios e conteúdos para a cultura e a política.
A proposta é apresentar duas perspectivas que podem parecer um tanto contraditórias, mas que devem conviver. Em uma delas, discussões a respeito da convergência, considerando-a, para além de fenômeno tecnológico, um arranjo cultural. Henry Jenkins (2009), inspirado em Pierre Lévy, percebe alto potencial na constituição de uma inteligência coletiva que pode, inclusive, inspirar novas posturas políticas. Na outra, o alerta para o excesso de luz da atualidade, em outros termos, excesso de telas que, de acordo com Norval Baitello Junior (2014), distancia-nos de nossos corpos, corpos que têm sido mera aparência; somos devorados pelas imagens e tornamo-nos cegos às sombras, à interioridade.
Crianças e adolescentes têm associado acesso pleno à internet por meio de dispositivos individuais com liberdade, sentem-se livres com seus telefones celulares, utilizando aplicativos e redes sociais. Porém, têm comportamentos bastante parecidos entre si, tendendo ao estereótipo. São controlados por seus grupos. Cobram privacidade dos responsáveis, mas não percebem o controle do grupo, ou dos grupos formados em seus aplicativos ou redes sociais. São controlados pelo grupo na medida em que os grupos dão o compasso do que fazer e como fazer, do que é bonito, esperto, engraçado, como, de resto, é normal em grupos jovens. A escola na qual vivemos tem por premissa o estudo disciplinado e focado, pelo que a instituição tem sido bastante criticada desde, pelo menos, os anos 1960. As críticas, com muita razão, apontam que a instituição produz sujeitos cordatos e enquadrados.
Em momentos de ditadura militar, fundamentalismo religioso no caso do ensino confessional, de qualquer autoritarismo ou predomínio ideológico, tais críticas são essenciais. Mas talvez estejamos preparados para pensar até que ponto a escola pode abrir mão da valorização da disciplina de estudo e da concentração focada em um texto, autoritarismos certamente à parte.
Qual é o fundamento ideológico da escola hoje? Minha hipótese é: o capitalismo. Vivemos em uma sociedade de mercado, em que crianças e jovens são educados para serem bem sucedidos no “mercado de trabalho”. Ter sucesso na vida a maioria das vezes é entendido como ganhar dinheiro, e esse é o fundamento do que se espera das escolas, um público trabalhador habilitado, consumidores mais potentes. Na universidade, internamente reproduzimos a lógica capitalista com muita competição e produtivismo, dos graduados se espera uma maior competência no âmbito do mercado.
Concebemos aqui a universidade como um espaço de formação profissional, humanístico e intelectual do pensamento crítico, político e autônomo que enfrenta desafios e crises, principalmente no que se refere ao seu papel social, ao tipo de conhecimento produzido e ao perfil do profissional formado.
A partir de uma consciência progressiva, entendendo que a Comunicação é um campo que permite olhares múltiplos sobre os processos comunicativos e admitindo sua importância, sobretudo, nos países da América Latina, Martín-Barbero (1996, p. 62) destaca que: “a transdisciplinaridade de modo algum significa a dissolução dos problemas do campo da comunicação nos de outras disciplinas sociais, mas a construção de articulações – intertextualidades”. Conforme a introdução, os contextos históricos são fundamentais para o entendimento das práticas Educomunicativas e Midiaeducativas, respectivamente, adotadas nas redes municipais de São Paulo e no Rio de Janeiro
Algumas perversões, no sentido de mudança do estado normal, são cometidas, vejo, no plano inicial da constituição do conceito de educomunicação. Esse tempo histórico, mostrado na atualização dos dados de mestrado, é a década de 1990, e estamos mirando nas constatações feitas em estudos capitaneados por Soares (2011) acerca do perfil do educomunicador na América Latina, investigação que, desdobrada em estudos posteriores, é o cerne das discussões e tensões envolvendo o reconhecimento do campo da inter-relação comunicação/educação. O autor define três áreas como sendo próprias da educomunicação: educação para a comunicação, mediação tecnológica na educação e gestão da educação em espaços comunicativos.Mais tarde, quando já dialoga com políticas públicas, enquanto parte em contribuição, Soares (2011) expande essa práxis peculiar do sujeito social formado sob os preceitos do conceito, estabelecendo o agir educomunicativo como sendo: 1) área da educação para a comunicação; 2) expressão comunicativa através das artes; 3) mediação tecnológica na educação; 4) pedagogia da comunicação; 5) gestão da comunicação; e 6) reflexão epistemológica.
Este estudo pretende refletir sobre as diferentes linguagens no processo de comunicação e educação, muitas vezes consideradas apenas como técnicas. Elas desafiam o modo de comunicar, a interação entre as pessoas e sua compreensão dos conteúdos, uma vez que pouco se considera a produção de programas de rádio, vídeo, internet como linguagens. Assim como na escrita, os suportes técnicos e combinações estão presentes nas linguagens, o que requer apropriação do conhecimento, como acontece no processo de alfabetização textual.
As expressões plurais e sensoriais na linguagem oral, escrita, sonora, imagética, digital, de forma linear ou não linear, são maneiras de conhecer e narrar o mundo com janelas simultâneas, potencializadas pelas conexões da comunicação mediada pelas tecnologias e constituem desafios para a Educomunicação.
A linguagem como capacidade de falar é uma característica própria do ser humano, enquanto racional, o que garante sua interação social. Essa capacidade comunicativa no convívio social favorece a troca de mensagens, produzidas por um sistema de signos verbais, sonoros, visuais e táteis, que evoluem com as combinações e a hibridização da linguagem, de modo que a comunicação está em trânsito, conforme Citelli (1999), e se torna necessário estabelecer diálogos para a ampliação do campo educativo e comunicacional.

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