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CCJ0009 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (Caso Concreto 3)

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CCJ0009 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Caso Concreto 03 
Como vimos anteriormente, as peças processuais têm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, 
narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela 
análise do fato gerador do conflito e das circunstâncias em que ocorreu. Ainda assim, vale dizer que essa 
narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da peça que 
se pretende redigir. Pode-se entender, portanto, que valorizar ou não palavras e expressões merece atenção 
acurada, pois poderá influenciar na 
compreensão e persuasão do auditório.[1] Essa valoração das informações depende dos mecanismos de 
controle social que influenciam a compreensão do fato jurídico. É preciso lembrar que são diferentes os 
objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida não poderá 
narrar os fatos de um caso concreto com a mesma versão da parte contrária. Por conta disso, não se poderia 
dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurídico são idênticas no formato e no objetivo, visto que 
dependem da intencionalidade de cada um. 
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS 
É uma narrativa sem compromisso de representar qualquer das partes. Deve apresentar todo e qualquer fato 
importante para a 
compreensão da lide, de forma imparcial. 
Sugerimos iniciar por ?trata-se de questão sobre...? 
NARRATIVA VALORADA DOS FATOS 
É uma narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de acordo com a versão da parte que se 
representa em juízo. Por essa 
razão, apresenta o pedido (pretensão da parte autora) e recorre a modalizadores. 
Sugerimos iniciar por ?Fulano ajuizou ação de ... em face de Beltrano, na qual pleiteia ...? 
 
Leia a narrativa que segue abaixo: 
Em 23 de fevereiro de 2011, Rosa Maria de Almeida, engenheira, 24 anos, moradora de São Gonçalo, precisou 
viajar por dois dias, porque iria prestar um concurso em Belo Horizonte. Resolveu então deixar o seu cachorro 
de estimação hospedado no Hotel para Cachorros e Clínica Veterinária Bons Amigos, de propriedade da 
veterinária Antônia de Jesus Cardoso, também em São Gonçalo, porque queria ter certeza de que o animal 
seria bem tratado durante a sua ausência. 
No dia seguinte, ao telefonar para saber como estava o animal, recebeu a notícia de que o animal havia 
falecido, em decorrência de morte natural. Abalada com a notícia, interrompeu a viagem, sem sequer prestar 
o concurso que motivara a sua ausência. 
Rosa Maria ficou chocada com a perda do animal de estimação, que criara desde um mês de vida do filhote, e 
com o qual convivia há cerca de cinco anos. Sentiu-se inconformada com a justificativa apresentada pela 
clínica, pois o animalzinho encontrava-se bem quando ali fora deixado. Ao voltar, Rosa Maria providenciou a 
autópsia do animal, ficando constatado que a morte se deu em virtude de ferimento por instrumento cortante, 
provavelmente oriundo de mordedura. 
No laudo da autópsia consta que a causa mortis foi um ?trauma por instrumento corto-contundente, sendo os 
achados consistentes com possível mordedurda?. 
As fotografia digitalizadas que acompanham o laudo demonstram um grande ferimento na região torácica que, 
segundo se constatou, perfurou vasos coronários e causou hemorragia. Tudo isso leva a crer que o cão de Rosa 
Maria foi violentamente atacado por outro animal e que, dos ferimentos decorrentes do ataque, culminou sua 
morte. 
Diante do resultado da autópsia, Rosa Maria acusou a clínica de negligência, pois assumiu o dever de guarda 
do animal, mas ao invés disso, descuidou-se, permitindo seu contato direto com outros cães. 
A dona da clínica negou veementemente a versão do laudo e rechaçou a alegação de que houve qualquer 
ferimento no cão capaz de 
ensejar a sua morte. Disse ainda que o animal não foi colocado em contato com outros, o que afasta 
totalmente, segundo ela, a 
possibilidade de que a morte tenha advindo de um ataque de outro cachorro. 
 
Questões 
 
a) Resuma, em até dez linhas, qual a versão narrada pela parte autora. 
 Rosa Maria de Almeida, engenheira, 24 anos, moradora de São Gonçalo, 
acusa a clínica de negligência, pela morte se seu cão de estimação. 
Clínica esta localizada também em São Gonçalo, cujo nome Hotel para 
Cachorros e Clínica Veterinária Bons Amigos, de propriedade da 
veterinária Antônia de Jesus Cardoso. 
Relata a Srª Rosa Maria, que no dia 23 de fevereiro de 2011, viajou por 
dois dias para prestar um concurso em Belo Horizonte e resolveu deixar 
seu cachorro na clínica veterinária mencionada acima, para assegurar 
que o seu cão fosse bem cuidado, no dia seguinte, Rosa Maria liga para 
a clínica para saber como está o seu cão e recebe a notícia que o mesmo, 
faleceu por morte natural. 
Como a dona do cachorro sabia que o mesmo estava bem, voltou 
imediatamente para São Gonçalo deixando de prestar o concurso o qual 
motivara sua ausência, quando chegou a clínica, solicitou a autópsia para 
saber a causa da morte. O laudo pode verificar que a causa mortis foi um 
“trauma por instrumento corto contundente, sendo os achados 
consistentes com possível mordedura”. A dona da clínica mesmo sabendo 
todas as provas que Rosa Maria possuía, negou todas as acusações e a 
mesma muito abalada com sua perda acusou a clínica de negligência, 
pois seu dever era de guardar o animal. 
 
 
b) Identifique, na transcrição desse segmento, pelo menos três informações que a parte contrária não teria 
narrado. Justifique por quê. 
Laudo de autopsia, o ferimento na parte torácica do cão, e o fato de que o animal não foi colocado 
em contato com outros. A dona da clinica negou tudo, pois não quer que fique caracterizado que 
realmente houve negligencia, e seja processada , já que a clinica tinha o dever de cuidar do animal. 
OBJETIVAS 
 
O magistrado, ao produzir a sentença, tem o compromisso de realizar, em seu relatório, uma síntese de todas 
as questões importantes 
trazidas aos autos pelas partes que integram o polo ativo e o polo passivo. PORTANTO, as versões do autor e 
do réu estão representadas 
em uma narrativa jurídica simples, marcada pela presença da polifonia que identifica a origem de cada uma 
das alegações e 
depoimentos. 
 
1 - O parágrafo anterior é composto por uma afirmativa inicial e uma conclusão (após a conjunção “portanto”). 
Marque a opção 
CORRETA. 
a) A afirmativa inicial está correta, mas a conclusão que dela decorre está errada. 
b) A afirmativa inicial está errada, mas a conclusão que dela decorre está correta. 
c) Tanto a afirmação inicial quanto a conclusão que dela decorre estão corretas. 
d) Tanto a afirmação inicial quanto a conclusão que dela decorre estão erradas. 
RESPOSTA: "C". 
 
2 - Os textos abaixo foram extraídos de uma peça processual que trata de ação de alimentos. Identifique a 
tipologia textual de cada 
fragmento e marque a opção correta. 
I - “A representante legal do autor contraiu matrimônio com o réu em 16 de abril de 1991. Da união 
matrimonial adveio o menor Rodrigo 
da Cunha Maia, absolutamente incapaz, que está sendo representado por sua mãe”. 
II - “Segundo Antunes Varela, os alimentos são tudo que é estritamente necessário para a mantença da vida de 
uma pessoa, 
compreendendo a alimentação, a cura, o vestuário, a habitação, nos limites da necessidade de quem os pede.” 
a) O texto I é uma narrativa valorada e o texto II é injuntivo. 
b) O texto I é argumentativo e o texto II é uma narrativa imparcial. 
c) O texto I é uma narrativa simples e o texto II é descritivo. 
d) O texto I é uma narrativa simples e o texto II é argumentativo. 
RESPOSTA: "C".

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