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Izimar Dalboni 
Izimar.dalboni@estacio.br 
 
Concurso de Pessoas 
 
a) Eventual ou monossubjetivo – Ocorre quando o crime pode ser praticado por um único 
agente, a maioria dos crimes, Ex. Homicídio, furto, latrocínio. Quando há existência de 
outro agente há o concurso de pessoas. 
b) Necessário ou plurissubjetivo – Ocorre quando obrigatoriamente o delito exige o 
concurso de pessoas para sua configuração. Ex. Associação criminosa, art. 288 CP (3 ou 
mais pessoas); Organização criminosa, art. 1º § 1º cc § 2º 12850/2013. 
 
Teorias sobre o concurso de pessoas 
a) Monista ou unitária: Para esta teoria não há qualquer distinção entre autor e partícipe, 
significando que todo aquele que concorre para a prática do crime causa-o em sua 
totalidade e por ele responde integralmente. Foi a teoria adotada pelo Código Penal de 
1940 e permanece acolhida pela reforma de 1984, porém, atenuando o seu rigor, pois os 
parágrafos 1º e 2º do art. 29 estabelece causas de diminuição da pena. 
b) Dualista: Para esta teoria há dois crimes, um para os autores, que são aqueles que 
realizam a atividade principal, e outro para os partícipes, aqueles que desenvolvem uma 
atividade secundária. 
c) Pluralista: Cada agente responde por um crime diferente, o que torna esta teoria 
incompatível com o concurso de agentes. 
 
Requisitos para o Concurso de Pessoas 
1) Pluralidade de condutas (pluralidade de agentes): significa a adoção de 
comportamentos pelos diversos agentes, visando a produção de um resultado comum, isto 
é, a prática da mesma infração penal. Ex: alguém empresta uma chave falsa para que outra 
pessoa cometa o delito de furto qualificado 
2) Relevância Causal e jurídica: Não basta a pluralidade de condutas, é necessário que 
exista uma relevância causal, ou seja, a conduta precisa ter eficácia causal, propiciando a 
realização da conduta principal. 
4) Unidade de crime: Vários realizando o mesmo crime 
3) Liame Subjetivo: Trata-se de uma participação consciente e voluntária no fato. 
Entretanto, não é indispensável o acordo prévio de vontades o que se exige é que a adesão 
ocorra antes ou durante a execução do crime, nunca posteriormente. 
 
Autoria e Participação 
O concurso de agentes pode se dar por atos de autoria ou de participação em sentido estrito. 
A divisão entre essas categorias é bastante controvertida, por isso foram criadas algumas 
teorias buscando precisá-las. 
A distinção entre autoria e participação não se reflete necessariamente na punição a ser 
aplicada ao agente. 
 
Conceito de Autoria 
 
A autoria não pode limitar-se a quem, pessoal e indiretamente, pratica a infração, devendo 
compreender também quem se serve de outrem como instrumento, por isso temos várias 
teorias que procuram definir o conceito de autor. 
 
a) Teoria Subjetiva: Distingue autor de partícipe com base na vontade do agente: o 
autor é aquele qlue atua com animus auctori, ou seja, com vontade de autor (é a pessoa 
que deseja a infração penal em nome próprio, ainda que não a execute); já o partícipe 
é movido pelo animus socii, ou seja a vontade de participar da prática criminosa, atua 
em nome alheio, em nome de outrem. 
b) Teoria Formal-Objetiva: Por essa teoria Autor é quem realiza a ação típica, 
executando o crime. Se a conduta executória é dividida por duas ou mais pessoas, ou 
seja, se cada pessoa exerce uma parcela dos atos executórios, há coautoria. Em um 
homicídio, por exemplo, aquele que desfere o tiro fatal contra a vítima é seu autor, mas 
não aquele que contrata o pistoleiro. 
c) Teoria do Domínio do Fato: Busca estabelecer um critério mais preciso de distinção 
entre autoria e participação em sentido estrito. A teoria tem o autor como a figura 
central do delito, o que pode ocorrer em três hipóteses: 
- Autoria imediata: Consiste no domínio da ação (realização pessoal do fato). Autor é 
quem executa o crime, controlando, dessa forma, o acontecimento criminoso. 
- Autoria mediata: surge através do domínio da vontade alheia. Isso se dá quando o autor, 
por exemplo, induz uma pessoa ao erro (erro determinado por terceiro – art. 20, § 2º, do 
CP); quando conduz o executor à ação criminosa em situação de inexigibilidade de 
conduta diversa (art. 22, CP); ou quando se vale de inimputável para a prática criminosa. 
Em todos esses casos temos a figura do Hintermann (homem de trás), que domina a 
vontade do executor. 
Autoria mediata pelo domínio de um aparato organizado de poder, também chamada 
domínio organização ou autoria de escritório. Essa espécie de autoria mediata tem como 
pressupostos: (a) a existência de um poder de comando, dentro de uma estrutura 
verticalizada de poder, por parte do autor; (b) uma organização desvinculada do direito no 
âmbito de sua atividade penalmente relevante; e (c) a fungibilidade dos executores 
individuais que integram a organização, isto é, inexistência de um “especialista”. 
- Autoria funcional: Na autoria funcional, ou coautoria, há pessoas que praticam 
atividades de especial relevância durante a execução do crime, em uma atuação 
coordenada. Surge, aqui, o fenômeno da imputação recíproca: a atividade de um dos 
coautores é imputada ao outro de vice-versa. A conduta daquele que mantém a liberdade 
de locomoção da vítima cerceada, isoladamente, caracteriza o crime do art. 148, CP; já 
daquele que exige a vantagem, se subsume ao art. 158, CP. Reciprocamente imputadas, 
contudo, surge para ambos o crime do art. 159 do CP. 
Exemplo: Extorsão mediante sequestro: a atividade daquele que cerceou a liberdade da 
vítima (Art. 148º CP) e a atividade daquele que exige a vantagem configura o crime do 
Art. 158º CP, imputando reciprocamente essas condutas aos agentes surge para ambos o 
crime do Art. 159º CP. 
OBS: pode haver uma pessoa que dá a ordem para o crime, que o planeja e esta pessoa 
poderá responder em autoria funcional desde que participe dos atos de execução ainda que 
remotamente. Entre tanto o simples planejamento dissociado dos atos executórios 
configura participação, salvo se praticados em um aparato organizado e poder. 
 
Outras classificações de coautoria: 
 
a) coautoria alternativa: ocorre quando os agentes planejam a prática de um crime, mas 
efetivamente apenas um deles realizará o ato executório. 
b) autoria sucessiva: ocorre em situações em que um dos coautores ingressa na prática 
criminosa que já está ocorrendo. O coautor não responde pelos atos praticados antes do 
seu ingresso. 
c) autoria colateral: ocorre nas situações em que os crimes ocorrem ao mesmo tempo, 
mas um autor não sabe da conduta do outro, como não existe o liame subjetivo não há que 
se falar em coautoria. 
d) autoria incerta: é a espécie de gênero da autoria colateral, na qual é impossível precisar 
quem produziu o resultado. Não existindo concurso e não sendo possível determinar quem 
produziu o resultado, ambos os autores responderão pelo crime, individualmente, na forma 
tentada. 
e) autoria ignorada ou desconhecida: não se sabe quem praticou a ação, nesse caso não 
há acusação. 
 
Participação 
 
Partícipes 
Partícipe é aquele que, subjetivamente ligado ao autor, pratica uma conduta de relevância 
jurídica e causal para produção do resultado criminoso desejado, ou seja, é aquele que 
participa de um crime, mas que de acordo com as teorias que tratam da autoria não pode 
ser classificado como autor. 
 A participação em sentido estrito é uma atividade acessória e sua punibilidade depende 
da existência de uma conduta principal. Para que o partícipe possa ser punido o autor tem 
que pelo menos iniciar os atos executórios. 
 
 
 
 
Teoria que fundamentam a participação 
 
a) Teoria da acessoriedademáxima (ou extremada): para esta teoria, para configurar a 
existência da participação, a conduta do autor deveria ser típica, antijurídica e culpável, 
significa que o estímulo, o auxílio para prática de um ato infracional por um menor não se 
poderia falarem participação em virtude da ausência de culpabilidade do autor. Já está 
superada. 
 
b) teoria acessoriedade mínima: a realização de um fato típico pelo autor seria suficiente 
para fundamentar a participação. Exemplo: um incentivo a uma reação em legítima defesa 
por alguém o instigador seria criminalmente responsabilizado. 
 
c) teoria da acessoriedade limitada: Apenas quando a conduta principal é típica e 
antijurídica é possível a punição do partícipe. Dispensa-se o atributo da culpabilidade, 
todavia. Essa é a tese albergada no país. Portanto, se há a participação em ato infracional, 
há responsabilização (autoria mediata), ao passo em que, no estímulo à legítima defesa, 
não há. (Esta é a teoria adotada no Brasil). 
 
Modalidades de participação 
 
Induzimento: induzir significa suscitar, incutir uma ideia, ou seja, o partícipe faz surgir 
no pensamento do autor uma ideia até então inexistente. (Participação moral) 
Instigação: na instigação ocorre um estimulo um reforço a uma ideia já existente. 
(Participação moral) 
Auxílio: é a participação material, em que o partícipe exterioriza sua contribuição através 
de um comportamento de um auxílio. É necessário que este favorecimento contribua 
objetivamente para realização do ato e tem que ser querido pelo agente (dolo direto). 
Alguns penalistas chamam o auxílio de cumplicidade. 
Omissão: ocorre quando o partícipe tem a função de garante, ou seja, tem o dever genérico 
de agir e não o faz, permitindo que o crime ocorra. 
 
Concurso em crime omissivo 
Ler pág. 604 a 609 do livro do Rogerio Grecco 
Ocorre quando através de um agir positivo do partícipe que favorece o autor a descumprir 
a comando legal que tipifica o crime omissivo. Ex. art 269 CP, omissão de socorro art. 135 
CP. 
 
Concurso de pessoas em crimes de mão própria 
Majoritariamente, o entendimento é de que não se admite coautoria nos crimes de mão 
própria porque somente a pessoa que figura na posição descrita no tipo penal poderá, 
pessoalmente, cometer o crime. O STF entende que embora não possa existir coautoria, a 
participação é admitida. Ex.: O advogado que induz a testemunha a mentir em juízo é 
partícipe no crime de falso testemunho. 
 
Punibilidade da participação: 
Para que a participação em sentido estrito seja punível, é necessário que a conduta principal 
(autoria) também o seja. Isto é, como a conduta do autor só passa a ser punível após seu 
ingresso nos atos executórios, disso também dependerá a participação. É o que consta 
expressamente no art. 31 do CP. 
Em regra, partícipe e autores são punidos pelo mesmo delito. Isso decorre da adoção da 
teoria monista pelo art. 29 do CP., entretanto a própria legislação penal estabelece algumas 
exceções como, por exemplo, o crime de aborto (art. 124 a art. 126). 
 
- Participação de menor importância (art. 29 § 1º) 
Se a participação for de menor importância a pena poderá ser diminuída. Esse parágrafo 
só é aplicado ao partícipe. 
- Colaboração dolosamente distinta (art. 29 § 2º) 
O dispositivo estabelece que se o dolo do agente foi praticar um crime menos grave será 
punido de acordo com as penas do crime que quis aplicar. Entretanto, se de alguma forma 
puder prever a ocorrência de um crime mais grave será punido com a pena do crime que 
quis praticar aumentada até a metade. 
 
Comunicabilidade das circunstâncias, condições e elementares 
Circunstâncias e condições são dados elementos que apenas circundam o fato principal, 
não integram a figura típica, as que podem contribuir para aumentar ou diminuir a 
gravidade, ou seja, são dados acessórios ao tipo penal que incidem sobre a pena. Como 
exemplo temos as classificadoras 
As elementares do crime são dados elementos que integram a figura típica, ou seja, são os 
dados essenciais ao tipo penal fundamental que constituem a estrutura básica de um crime, 
de modo que, se suprimidas, operam a atipicidade da conduta ou a desclassificação. 
O art. 30 determina que as circunstancias e as condições de caráter pessoal não se 
comunicam. Assim temos: a) as condições de caráter pessoal não se comunicam entre 
coautores e participes por expressa determinação legal; b) as circunstancias de caráter 
objetivo sempre se comunicam e as elementares (subjetivas e objetivas) se comunicam se 
entrarem na esfera de conhecimento dos participantes. 
 
Concurso de Crimes 
 
Conceito 
Por concurso de crimes devemos entender a prática, mediante uma ou mais condutas (ação 
ou omissão), de duas ou mais infrações penais, em um mesmo contexto jurídico. 
Em regra, admite-se o concurso entre crimes de qualquer espécie, omissivos e comissivos; 
tentados e consumados; culposos e dolosos; simples e qualificados e, ainda, entre crimes e 
contravenções. 
 
 
 
Sistema de aplicação da pena 
- Sistema do cúmulo material 
Estabelece a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. Esse 
sistema é utilizado no concurso material e no concurso formal impróprio. 
 
- Sistema da exasperação da pena 
Estabelece a aplicação da pena mais grave, aumentada de certa quantidade em decorrência 
dos demais crimes, sendo esse sistema aplicado no concurso formal próprio e na 
continuidade delitiva. 
 
Concurso de crimes x Concurso aparente de normas 
 
No concurso aparente de normas existem comportamentos que aparentemente encontram 
subsunção em duas ou mais normas. Como as normas se encontram em unidade fática, a 
punição por todas elas acarretaria bis in idem (dupla punição pela mesma circunstância). 
Para evitar essa ocorrência alguns princípios são empregados para escolher qual a norma 
que irá prevalecer, ou seja, embora a conduta pareça se encaixar em dois ou mais tipos 
penais, apenas um deles será reconhecido, pois existe apenas um único crime. Esses 
princípios são: 
a) Especialidade – determina que a norma especial prevalece sobre a norma geral. 
Exemplo: A mata B presidente do senado federal, por razões políticas. Nessa hipótese A 
não responderá pelo artigo 121 do CP (norma geral), mas sim pelo artigo 29 da lei 
71170/83 de segurança nacional (normal especial). 
b) Subsidiariedade – aplica-se esse princípio quando do cometimento de uma conduta 
inicial faz surgir uma incriminadora que pela gravidade da atuação do agente passa a 
configurar um outro crime. Exemplo: A sabendo que está contaminado por uma doença 
venérea mantem relações sexuais com B. a princípio A responderá pelo crime do artigo 
130 do CP já que o agente expos a vítima a contagio da moléstia. Porém se dessa ação 
sobrevier a morte de B, é possível que A responda por homicídio. 
c) Consunção – denominado também princípio da absorção. Neste caso a norma definidora 
de um crime constitui o meio necessário para a preparação ou execução de um crime, ou 
seja, para alcançar a intenção criminosa, o agente pratica dois ou mais crimes 
estabelecendo entre eles uma relação de meio e fim. Exemplo: A falsifica uma carteira de 
identidade e com ela comete um estelionato. A respondera pelo concurso de crimes ou pelo 
conflito aparente de norma? A responderá pelo crime de falso artigo 297 CP e também 
pelo estelionato artigo 171, porque nesta hipótese o documento falso pode ser utilizado em 
diversas fraudes e não apenas no estelionato. Se A tivesse falsificado a assinatura em um 
cheque, se passando por terceiro responderia apenas pelo estelionato, já que não poderia 
usar o cheque em outra fraude súmula 17 STJ.No conflito aparente de normas existe apenas 1 crime, enquanto que no concurso de crimes 
a prática de mais de um crime. 
 
 
 
Espécies de concurso de crimes 
 
a) Concurso material 
Ocorre quando o agente, mediante mais de uma conduta (omissiva ou comissiva) 
pratica dois ou mais crime. Há pluralidade de condutas e pluralidade de crimes 
(idênticos ou não). O concurso pode ser homogêneo quando os crimes praticados 
forem idênticos e heterogêneo quando os crimes praticados forem diferentes. Está 
previsto no art. 69, CP que adora para a dosimetria da pena o sistema do cúmulo 
material. Homicídio e ocultação de cadáver são um exemplo de concurso material 
heterogêneo. 
 
b) Concurso formal 
O sujeito mediante uma só conduta pratica dois ou mais crimes idênticos ou não. 
Nesse caso há uma unidade de condutas e uma pluralidade de crimes. O concurso 
formal pode ser: 
- Próprio ou perfeito: quando a unidade de comportamento corresponde à unidade 
interna da vontade do agente, ou seja, o agente deve querer praticar apenas um crime. 
Exemplo: A, querendo matar B, por motivo fútil, dispara contra a vítima. Devido a 
potencialidade extrema da arma, o projetil atravessa o corpo de B e atinge C que 
passava pelo loca, causando-lhe lesões corporais. 
- Impróprio ou imperfeito: nessa hipótese o a gente deseja a realização de mais de 
um crime. Ao que se chama de desígnios autônomos, isto é, há uma unidade de 
ação e uma multiplicidade de determinação da vontade, com diversas 
individualizações. Exemplo: câmara de gás empregada para extermínio dos judeus 
durante o holocausto. 
No concurso formal utilizam-se dois sistemas de aplicação da pena. No concurso 
formal perfeito aplica-se o sistema de exasperação da pena (art. 70 primeira parte), 
no caso do concurso formal imperfeito aplica-se o sistema do cúmulo material (art. 
70, parte final). 
 
Cúmulo material benéfico (art. 70 - parágrafo único): as regras do concurso formal 
foram criadas visando beneficiar o agente. Em razão desse raciocínio, o art. 70 – parágrafo 
único estabelece que a pena não poderá exceder a que seria cabível pela regra do art. 69. 
Por isso o juiz, ao aplicar a pena, deve verificar se a regra do concurso formal beneficia o 
agente. 
 
Continuidade delitiva ou crime continuado (art. 71) 
Ocorre quando o agente, mediante mais de uma conduta pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes serem considerados como continuidade do primeiro. São 
diversas ações, cada uma em si mesmo criminosa, que a lei considera, por motivo de 
política criminal, como um único crime. 
 
Teorias acerca da natureza jurídica do crime continuado 
a) Teoria da unidade real: ´ 
Por esta teoria, os vários comportamentos lesivos do agente constituem efetivamente um 
único crime. Baseia-se na teoria objetivo-subjetiva, entendendo que, além dos requisitos 
objetivos, exige-se uma unidade de desígnios, ou seja, um programa inicial para a 
realização sucessiva de diversos atos. 
b) Teoria da ficção jurídica: 
Entende que a unidade delitiva é uma criação da lei, pois na realidade, existem vários 
crimes e se efetivamente se tratasse de um crime único, a pena deveria ser a mesma 
cominada para um só dos crimes concorrentes. É a teoria adotado no Brasil com o objetivo 
exclusivo de aplicação da pena, buscando atenuá-la. 
c) Teoria da unidade jurídica ou mista: 
Para esta teoria, o crime continuado não é uma unidade real, mas também não é mera ficção 
jurídica. A continuidade constitui uma figura própria, destinando-se a fins determinados, 
constituindo assim uma realidade jurídica e não uma ficção. Não se cogita de unidade ou 
pluralidade de delitos, mas de um terceiro crime, que é o crime de concurso cuja unidade 
decorre da lei. O crime continuado seria uma realidade jurídica, mas a unidade do crime 
uma ficção. 
 
Requisitos do crime continuado 
- Mais de uma conduta (ação ou omissão): a pluralidade de condutas é o primeiro passo 
para se definir em um caso concreto tendo como resultado uma pluralidade de crimes se 
se trata de crime continuado. A pluralidade de condutas e de resultados afasta o concurso 
formal, mas não o concurso material. Então, apenas isto, não é suficiente para a 
configuração da continuidade delitiva. 
- Crimes da mesma espécie: esse tema não é pacífico nem na doutrina, nem na 
jurisprudência. Para uma corrente, por crimes da mesma espécie, deve-se entender que as 
condutas estão dentro do mesmo tipo penal, são as variações do crime o crime tentado, 
qualificado, etc. O outro posicionamento entende que crimes da mesma espécie são aqueles 
que ofendem o mesmo bem jurídico tutelado, não sendo necessário que estejam previstos 
no mesmo tipo penal. 
- Tempo, lugar e maneira de execução (modus operandi): Em relação ao tempo, não 
existe um critério definido em lei. Assim, há quem entenda que a análise não pode ser 
meramente aritmética, devendo-se levar em consideração uma média de tempo que indique 
a persistência de um liame subjetivo, psíquico que sugira a sequência dos crimes. O STF 
entende que deve-se observar o limite de 30 dias, afastando após esse prazo a continuidade 
delitiva. 
Em relação ao lugar também há controvérsias, mas o Supremo mantém o entendimento de 
que o fato de serem diversas as cidades em que o agente pratica o crime não afasta a 
conexão espacial se estas forem próximas, integrando a mesma região. 
Quanto ao modo de execução, não há necessidade de ser idêntico, bastando que guarde 
semelhança, significa que o agente, embora possa ter um padrão de comportamento, nem 
sempre o seguirá. 
- Cláusula genérica – outras semelhantes: por tratar-se de uma cláusula genérica, 
permite uma interpretação analógica, devendo-se observar que deve manter alguma 
semelhança com as condições previstas. 
- Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuidade do primeiro 
 
 
Regra de aplicação da pena no crime continuado 
Regra: Aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticos, aumentada de 1/3 a 2/3. Se as 
penas forem diferentes aplica-se a mais alta aumentada de 1/6 a 2/3. 
Exceção: Crime continuado específico: 
Nos crimes dolosos contra vítimas diferentes com violência ou grave ameaça à pessoa, 
aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, aumentada até o triplo. 
Obs: Deve-se observar, no entanto, o cúmulo material benéfico. 
 
Quando os diversos crimes praticados em continuidade delitiva são dolosos e praticados 
mediante violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes, estamos diante do crime 
continuado específico. Neste caso, aplica-se o parágrafo único do Art. 71, podendo o juiz 
aumentar a pena até o triplo. Deve-se observar se o sistema da exasperação da pena não irá 
ultrapassar o quanto de pena seria aplicado em de uso do cúmulo material. 
 
Concurso de crimes e conflito de leis no tempo 
Súmula 711, STF 
Enquanto permanece a continuidade delitiva, entrando em vigor lei mais gravosa, esta será 
aplicada. Após cessar a continuidade delitiva ou a permanência, só haverá incidência da 
nova lei se esta for benéfica ao acusado. 
 
Concurso de crimes e suspensão condicional do processo 
 
De acordo com a Súmula 723, STF, se a soma da pena mínima da infração mais grave com 
o aumento mínimo de 1/6 ultrapassar 1 ano não cabe a suspensão condicional do processo 
prevista no Art. 89 da lei 9099/95. 
 
Teoria da sanção penal 
 
Conceito 
Sanção penal é o gênero que engloba espécies de restrição estatal a um infrator, sendo 
espécies de sanção as penas, as medidas de segurança e as medidas alternativas. A pena é 
a consequência jurídicopenal da prática de uma infração penal cometida por pessoa 
imputável imposta através de sentença judicial condenatória e consistente em uma restrição 
estatal a um direito do infrator (liberdade de locomoção, patrimônio etc.). 
 
 
 
Teorias acerca da finalidade da pena 
Em um estado democrático de direito, embora o estado-juiz possua o poder/dever de punir 
aquele que viola o ordenamento jurídico-penal, praticando uma infração, possuem limites 
a esse direito, estabelecidos no art. 5º, XLVII, que proíbe as penas de morte, de caráter 
perpétuo, de trabalhos forçados, degradantes e cruéis e de banimento. 
 
 
 
a) Teorias retributivas ou absolutas 
As teorias sobre a pena começaram a ser formuladas de forma consistente no início do 
séc. XVIII. Nessa época, surgem as teorias retributivas, para muitos denominadas a 
absolutas. Aqui, a pena é concebida unicamente como um instrumento de castigo, ou 
seja, cuida-se de uma forma de se retribuir ao criminoso o mal por ele causado. 
 
b) Teorias preventivas ou relativa 
Diferente das teorias absolutas, as teorias preventivas ou relativas entendem que a pena 
não visa apenas retribuir o delito cometido, mas um proveito completo que é a 
prevenção de novos delitos, ou seja, uma vez violada a ordem jurídica com a prática 
de um crime, a aplicação da pena correspondente ao delito praticado teria a finalidade 
de evitar novas violações. Assim, o destinatário da norma penal diante da ameaça de 
uma sanção, deveria racionalmente abster-se de praticar o crime. Pode ser especial ou 
geral, bem como negativa ou positiva. 
- Teoria da prevenção geral positiva 
Além de dissuadir as pessoas em geral, criando o medo do sancionamento (prevenção 
negativa), a pena também é uma forma de reafirmar a confiança social na autoridade 
do Estado, bem como na eficiência do ordenamento jurídico-penal. 
- Teoria da prevenção geral negativa 
Defendida, entre outros, por Cesare Beccaria, no clássico Dos Delitos e das Penas e 
Feuerbach (séc. XVIII). Este cria a ideia da pena como coação psicológica, imposta à 
coletividade, operando-se em dois momentos: anteriormente à prática do crime, com a 
cominação abstrata da sanção penal, que serviria de aviso à sociedade sobre como o 
Estado reagirá à violação da ordem jurídica; e posteriormente ao crime, com a concreta 
aplicação da pena cominada, evidenciando-se a disposição do Estado em fazer cumprir 
a ameaça de sanção. 
- Teoria da prevenção especial 
Ao contrário da prevenção geral, a teoria não se volta à sociedade, mas sim ao 
indivíduo, isto é, à pessoa do delinquente. Busca-se evitar que determinada pessoa volte 
a praticar ilícitos penais. Baseia-se, a prevenção especial, na necessidade de 
reeducação do criminoso, para sua reinserção social (ressocialização), ou de torná-lo 
um ser não perigoso, porquanto à época do surgimento da teoria era ele considerado 
“anormal” e, consequentemente, um risco constante para a ordem social. 
 
 
- Teorias unificadoras, ou ecléticas, ou mistas 
É certo que cada uma das teorias até aqui apresentadas têm seus méritos, mas não são 
isentas de críticas. E muitas vezes são ilhas que podem ser interligadas por pontes. Ou 
seja, são complementares. Exemplificando, as teorias retributivas têm o mérito de 
trabalhar com a proporcionalidade, mas são desconectadas das finalidades do direito 
penal; já as preventivas, apesar de atentas a esse último aspecto, não impõem limites à 
atuação estatal. Por esse motivo, autores do quilate de ROXIN afirmam que há a 
necessidade de união entre as teorias. 
- Teoria Agnóstica da Pena 
A pena, para a teoria, é a manifestação de um poder político, e não jurídico, de modo 
que a ordem jurídico-penal deve existir para sua contenção, efetivando os direitos e 
garantias fundamentais. Em outras palavras: a pena serve para restringir o arbítrio 
estatal, obrigando o exercício do poder político nos estritos limites das regras 
estabelecidas. 
 
Princípios Relativos à pena 
 
- Legalidade – Art. 5º XXXIX, CF e Art. 1º, CP 
Previsto no art. 5º, XXXIX, da CF, e no art. 1º do CP, o princípio da legalidade não é 
atinente apenas à incriminação de condutas: também as penas exigem cominação legal, 
isto é, não há pena sei lei. A legalidade traz consigo todas as suas emanações: reserva 
legal, anterioridade, taxatividade e vedação à analogia. 
 
- Humanizade das penas 
Emanação da dignidade humana (art. 1º, III, CF), o princípio da humanidade das penas 
impõe o respeito à integridade física e moral do condenado, vedando tratamentos 
violadores de seus direitos fundamentais. 
 
- Personalidade ou intranscendência 
A personalidade das penas encontra leito no art. 5º, XLV, da CF. Resumidamente, o 
princípio impõe que ninguém pode ser penalmente sancionado pela conduta de 
outrem. 
 
- Inderrogabilidade 
Havendo a condenação, o juiz não pode deixar de aplicar a pena. Mas a regra não é 
absoluta pois a própria legislação traz hipóteses em que o juiz poderá conceder o perdão 
judicial, como por exemplo no art. 121 § 5º, CP. 
 
 
- Proporcionalidade 
Por esse princípio a pena deve ser proporcional ao delito praticado, observada a 
personalidade do agente. Deve se ter atenção à vertente da necessidade para verificar 
se a pena privativa de liberdade é necessária ou a pena privativa de liberdade pode ser 
substituída por uma pena restritiva de direito. 
 
- Individualização 
A pena tem que ser feita para cada agente, para cada ator, para cada condenado. Quando 
o MP recebe a denúncia, ele é obrigado a narrar a pena de cada um separadamente. 
 
Espécies de Pena 
 
a) Penas privativas de liberdade 
Com a reforma processual, o legislador optou por manter as penas privativas de 
liberdade. São chamadas penas de prisão e subdividem-se em duas espécies: 
reclusão e detenção. Ambas são cumpridas nos sistemas prisionais, sendo a 
diferença entre elas, as consequências de cada modalidade, como por exemplo, a 
pena de reclusão pode ter seu início de cumprimento no regime fechado, o que não 
ocorre com a pena de detenção. 
b) Penas restritivas de direito 
Em regra, possuem caráter substitutivo, ou seja, são empregadas substituindo as 
penas privativas de liberdade. Na lei 11343/2006 – lei de drogas – o art. 28 determina 
que para o usuário seja aplicada essa pena. A restrição de direitos pode ser a 
prestação de serviços comunitários, a perda de bens, a prestação pecuniária, a 
limitação de fim de semana e a interdição temporária de direitos. 
c) Pena de Multa 
Pode ser aplicada de forma autônoma ou em conjunto com outra modalidade de 
pena. É calculada em dias/multa, não podendo ultrapassar 360 dias. O valor é 
calculado com base no salário mínimo vigente. 
 
Sistema de aplicação de Pena 
 
Sistema trifásico de aplicação da pena – art. 68, CP 
 
O Brasil, de acordo com o art. 68, CP, adota o sistema trifásico de aplicação da pena. Não 
se trata de um simples cálculo aritmético, já que é necessário que o juiz fundamente cada 
fase demonstrando porque está aumentando ou diminuindo a pena. Essas fases são: 
 
1) Fixação da Pena-base – O magistrado deve observar as circunstancias judiciais 
descritas no art. 59, CP. Nessa fase não pode ultrapassar os limites mínimos e máximos 
previstos na lei, o tipo penal. Se não houver circunstancia judicial, o juiz deve fixar a pena 
base no mínimo previsto no tipo penal. As circunstancias judiciais não estabelecem o 
quanto deve aumentar a pena 
2) Pena-intermediária – após definir a pena-base o juiz deve observar se existem 
circunstancias legais – agravantes e atenuantes – para a fixação da pena intermediária. 
Nesta fase, também deve observar os limites previstosno tipo penal. As circunstâncias 
legais estão previstas na parte geral do código penal dos art. 61 a 67. Também não 
estabelecem quanto o juiz deve aumentar ou diminuir a pena. 
 
 
3) Pena definitiva – é a última fase do cálculo da pena, na qual, o juiz deve observar se 
existem causas de aumento ou diminuição da pena e chegar ao cálculo final. Nesta fase 
a pena pode ser fixada aquém do mínimo legal ou além do máximo. As causas de aumento 
ou diminuição da pena podem ser encontradas tanto na parte geral quanto na parte especial, 
e não se confundem com as qualificadoras, uma vez que estas estabelecem os limites 
mínimo e máximo da pena. São expressas em fração. Exemplo: art. 14, II e parágrafo único. 
 
Pena-base 
Nesta fase o juiz deve observar as circunstancias judiciais previstas no art. 59 e fixar a pena 
base dentro dos limites previstos no tipo penal, partindo da pena mínima. 
 
Análise do art. 59, CP 
- Culpabilidade 
Não é a culpabilidade que integra o tipo penal. Deve ser entendida como o grau de 
reprovabilidade da conduta do agente. 
- Antecedentes 
É a vida pregressa do acusado, ou seja, verificar se ele já se viu em conflito anteriormente 
em questões criminais. Há grande controvérsia na doutrina acerca do tema: agravar a pena-
base sem condenação anterior é constitucional? Utilizar a reincidência após o período de 
5 anos é válido? Inquéritos e ações em curso servem para agravar a pena? 
Em relação à primeira pergunta, haveria ofensa ao princípio da presunção de inocência. 
Quanto à reincidência, não importa o tempo para a configuração de maus antecedentes, 
porém, se utilizada na primeira fase não poderá ser utilizada como circunstancia agravante 
na 2ª fase, para que não ocorra o bis in idem. Quanto aos inquéritos e ações em curso, estes, 
de acordo com a súmula 444 do STJ não tem condão de aumentar a pena-base. 
- Conduta social 
Nessa parte o juiz analisa o convívio do condenado em sociedade, se trabalha, se tem bom 
relacionamento com vizinhos e família, enfim, a vida social do réu. Observa através do 
interrogatório e também do depoimento de testemunhas arroladas pela defesa para abonar 
a conduta do acusado. 
- Personalidade do agente 
Neste item o juiz busca avaliar se o acusado demonstra algum arrependimento ou se age 
com frieza ao narrar os fatos. Tanto a doutrina quanto o entendimento do STJ é que na 
análise deste item deve se ter cuidado para que não se configure o direito penal do autor, 
pois o que se julga é o fato e não a pessoa do acusado. O STJ entende que a personalidade 
do agente, para ser um ponto desfavorável para o autor, deve estar demonstrada de forma 
eficaz nos autos. 
- Motivos do crime 
São as causas, as razões que levaram o autor a realizar o delito. 
- Circunstâncias 
Os meios empregados na prática do crime, o tempo e o lugar. 
- Consequências 
Não se referem ao resultado naturalístico do crime, mas às consequências dele decorrentes 
- Comportamento da vítima 
Quando a conduta da vítima, de alguma forma, facilita a prática do crime, torna a conduta 
do agente menos reprovável, já que na hipótese ele aproveita uma oportunidade, não há 
premeditação, uma estratégia para a prática do crime. 
 
Pena intermediária – Circunstancias legais – agravantes e atenuantes 
Súmula 231 – STF 
Para fixação da pena intermediária, o juiz terá por base o quantum de pena fixada na 
primeira fase (pena base) e analisará se a ela incidirão circunstancias atenuantes e 
agravantes. Nesta fase o juiz também não pode ultrapassar os limites mínimo e máximo 
previstos em abstrato no tipo penal, nesse sentido é a súmula 231 STJ. Ao analisar as 
circunstancias agravantes deve-se observar se estas não qualificam o crime, pois como 
qualificadoras, o tipo penal derivado possui pena própria e é com base nessa pena que o 
juiz fixa a pena base para que não ocorra o bis in idem. 
 
Art. 61, agravantes genéricas 
 
- Reincidência – Art. 61, I e Art. 64 
Condenação anterior, transitada em julgado, por crime no Brasil ou no Exterior no período 
pregresso de 5 anos. 
 
OBS: Condenação anterior por crime militar próprio (aqueles previstos exclusivamente no 
código penal militar) e crime político não geram reincidência tampouco para ato 
infracional. 
 
Classificação doutrinária da reincidência 
a) Real: Quando a pena foi cumprida na sua totalidade ou ocorreu a extinção da 
punibilidade. 
b) Ficta: Ocorre com a condenação definitiva, mesmo que a pena ainda não tenha sido 
integralmente cumprida, é essa a reincidência adotada no nosso sistema. 
c) Genérica: Ocorre quando os crimes praticados são de espécies distintas. 
d) Específica: Quando os crimes são da mesma espécie. Esse tipo influencia no 
livramento condicional. Exemplo: art. 83, V. 
 
Obs.; Após o prazo depurador de 5 anos previsto no art. 64, cumprida a pena, não haverá 
efeitos da reincidência, podendo gerar maus antecedentes; no entanto não é pacífico o 
entendimento. Para o STJ, pode ser considerado maus antecedentes já que houve uma 
condenação definitiva, para o STF não é admissível considerar como maus antecedentes 
porque estaria havendo uma dupla punição. 
 
- Art. 61, II “a” 
Fútil é o motivo insignificante para justificação da prática do crime, é banal, enquanto o 
motivo torpe é aquele que causa repulsa na sociedade, é amoral. Não havendo motivação 
para o crime o juiz não pode utilizar-se da agravante do motivo fútil. Quando a agravante 
do motivo fútil ou torpe incide como qualificadora do tipo penal previsto na parte especial, 
o juiz não poderá utilizar a agravante genérica prevista na parte geral. 
- Art. 61, II “c” 
Emboscada é uma armadilha, uma cilada preparada para alguém. Dissimulação é quando 
o agente finge ser uma pessoa que realmente não é apenas para ganhar a confiança da 
vítima. Traição, nesta hipótese a uma deslealdade a vítima e surpreendida pelo agente no 
qual depositava confiança. A doutrina entende que a traição pode ser de ordem material, 
por exemplo quando alguém golpeia o outro pelas costas ou de ordem moral em que há 
uma ocultação da intenção criminosa. 
- Art. 61, II “d” 
Meio insidioso é aquele em que a vítima não percebe que está sendo atacada, enquanto o 
meio cruel é aquele que causa um sofrimento maior a vítima prolongando a sua agonia. 
Caso a intenção do agente seja causar intenso sofrimento físico ou moral a vítima, que é 
elementar do crime de tortura, não poderá incidir a agravante. Obs. Os crimes de perigo 
comum são aqueles que além da conduta causar dano a vítima, pode causar danos a 
terceiros, colocando em perigo carias pessoas como por exemplo o emprego de fogo 
- Art. 61, II “e” 
O entendimento predominante é de que a agravante da línea E é de que a agravante não 
poderá incidir nas hipóteses de união estável. A lei exige como prova da relação de 
parentesco o documento cível previsto. 
- Art. 61, II “f” 
Com o abuso de poder Ou prevalecendo das relações domésticas ele se dá nome privado. 
Essas relações envolvem também a tutela a curatela e a guarda. 
- Art. 61, II “g” 
Para a incidência da qualificadora da línea G o agente deve exercer cargo oficio ou 
ministério ou profissão e o crime deve ser praticado com violação de obrigação inerente a 
sua atividade. Obs. Caso o agente seja punido com base na lei complementar 4.898/65 
lei de abuso de autoridade, não se pode aplicar esta agravante. 
- Art. 61, II “h” 
Para a incidência da agravante é necessário que a pessoa que comete a infração tenha 
conhecimento da qualidade ou do estado da pessoa. A agravante não pode se incidir quando 
se tratar de crime de aborto já que é uma elementar do tipo penal. 
- Art. 61, II “i” 
Quem está sobrea proteção do estado supõe uma proteção maior e nesse caso a agravante 
incide porque quem praticou o crime agiu com ousadia desafiando a segurança Estatal. 
- Art. 61, II “j” 
Se aproveitar de uma situação, como por exemplo um mercado que está pegando fogo e 
você se aproveita para roubar o que não está queimando. 
- Art. 61, II “l” Significa embriaguez voluntária. A embriaguez preordenada é a 
embriaguez voluntária, ou seja, o agente se embriaga propositalmente para ter coragem 
para a prática do crime. (o agente bebe para perder o senso e cometer o crime) 
 
 
ARTIGO 62, CP – AGRAVANTES NO CONCURSO DE PESSOAS 
 
- Art. 62, I 
Há divergência na doutrina sobre a existência do autor intelectual. Adotando-se a ideia de 
sua existência, a qualificadora incidira em relação a este autor exclusivamente. Refutando 
a ideia de autor intelectual, a qualificadora poderá incidir para os autores e partícipes, pois 
nem sempre quem promove ou organiza o crime será o autor. 
 
- Art. 62, II 
A coação pode ser física ou moral, resistível ou irresistível. Induzir é criar em alguém a 
ideia da pratica do crime. 
 
- Art. 62, III 
Na primeira a parte a pessoa que foi instigada ou determinada a praticar o crime deve estar 
sob a autoridade de quem a instigou ou determinou a prática do crime para que haja a 
incidência da qualificadora em relação ao agente que instigou. 
Na segunda parte instiga alguém não punível em virtude de sua qualidade ou condição 
pessoal, como nas hipóteses de se utilizar um menor ou na exclusa absolutória do art. 181, 
CP. 
 
- Art. 62, IV Incidirá a qualificadora desde que não seja elementar do tipo penal. 
 
ARTIGO 65, CP - Circunstâncias atenuantes 
 
Na verdade, nem sempre, se durante o cálculo da pena esta já está no mínimo legal, ele não 
pode adotar a atenuante. 
 
Art. 65, I 
Aplica-se nos casos em que o agente ao cometer o crime possui entre 18 ou 21 anos pois 
nessa hipótese considera-se que ainda não há total maturidade. Na segunda hipótese o 
agente deve ter 70 anos ou mais na data da sentença. Nesta hipótese, considera que a pessoa 
é mais frágil fisicamente. Essa atenuante é considerada uma atenuante super-
preponderante, ou seja, sempre ira incidir no cálculo da pena. 
Art. 65, II 
O desconhecimento da lei não isenta a aplicação da pena, mas nessas hipóteses a pena 
poderá ser atenuada. 
 
Art. 65, III “a” 
Quando o crime é praticado no relevante valor social leva-se em conta a sociedade, o 
coletivo, não apenas os valores individuais. Já o valor moral diz respeito aos interesses 
particulares, individuais do agente. 
Art. 65, III “b” 
Essa atenuante cabe quando de forma espontânea o agente para evitar as consequências do 
crime repara o dano antes do julgamento, deve fazer isto de forma espontânea com 
sinceridade. Essa atenuante irá incidir sempre que isto ocorrer após o oferecimento da 
denúncia ou queixa o que difere do arrependimento posterior pois neste o arrependimento 
deve ocorrer até o oferecimento da denúncia. Diferente do arrependimento posterior a 
atenuante incide até mesmo nos crimes cometidos com violência ou grave ameaça. 
Art. 65, III “c” 
Na primeira parte o agente e coagido a cometer um crime só que esta coação é resistível, 
ou seja, o agente poderia não praticar o delito, mas por algum motivo não conseguiu resistir 
a coação. O cumprimento de ordem de autoridade superior pressupões que esta seja 
manifestamente ilegal, pois se a ordem for legal haverá a isenção de pena pela 
inexigibilidade de conduta diversa art. 22, cp. Na última hipótese do dispositivo não se 
deve confundir com a dominação de violenta emoção, ou seja, nessa hipótese há uma 
influência no estado de ânimo do agente provocada pela injusta provocação da vítima. 
 
No concurso entre as circunstâncias agravantes e atenuantes, o juiz, ao analisar a presença 
dessas circunstâncias, deve observar se existe alguma que é preponderante, devendo incidir 
a que prepondera. Caso haja existência tanto de atenuantes quanto de agravantes não 
preponderantes ou ambas preponderantes, o juiz deixa de aplica-las, porque nessas 
hipóteses não haverá alteração da pena base. Exemplo: A reincidência é uma agravante 
preponderante em relação a atenuante da reparação do dano, devendo nessa hipótese a pena 
ser aumentada. Por outro lado, a atenuante do relevante valor moral predomina sobre a 
agravante do emprego de veneno, devendo nessa hipótese haver diminuição da pena. 
Destaca-se que a atenuante prevista no art. 65, I é considerada uma circunstância super-
preponderante, ou seja, estando presente supera qualquer outra. Nessa hipótese é 
necessária a comprovação da idade através da certidão de nascimento. 
 
Pena Definitiva 
 
Partindo da pena intermediária passa a analisar as causas de aumento de pena e as causas 
de diminuição de pena. Essas causas estão previstas tanto na parte geral do código quanto 
na parte especial. Exemplo: Art. 14, II, Parágrafo único e art. 157 § 2º, I. 
Destaca-se que as causas de aumento de diminuição de pena trazem expressamente o 
quanto de pena deve ser aumentada ou diminuída. Nessa fase os limites mínimo e máximo 
previstos no tipo penal podem ser extrapolados. Essas circunstâncias são aplicadas em 
cascata, ou seja, uma incide sobre a outra, sendo sempre aplicadas no primeiro momento 
as causas de aumento de pena. 
 
Penas Privativas de liberdade 
 
As penas privativas de liberdade, popularmente conhecidas por penas de prisão, constituem 
o ponto central do sistema sancionatório-aflitivo estruturado no direito penal brasileiro. 
Reclusão e detenção, portanto, são as espécies de penas privativas de liberdade reservadas 
aos crimes. 
As penas privativas de liberdade estão previstas no preceito secundário do tipo penal 
incriminador, essa previsão tem relação com o bem jurídico tutelado e a gravidade da 
ofensa a este bem. 
A pena de reclusão pode ter seu início de cumprimentos no regime fechado, enquanto a de 
detenção nunca inicia no regime fechado. 
A concessão de fiança poderá ser concedida pelo delegado se a pena prevista para o crime 
for de detenção; para os crimes apenados com reclusão somente o juiz pode arbitrar fiança. 
 
Consequências advindas do regime prisional 
 
- Medidas de segurança – Art. 97 
Quando o crime praticado pelo agente incapaz por enfermidade mental for de reclusão a 
medida de segurança será a internação em manicômio judiciário, enquanto para os crimes 
apenados com detenção poderá o juiz indicar o tratamento ambulatorial. 
 
- Incapacidade para o exercício do pátrio poder – Art. 92, II 
Quando o crime tem pena de reclusão e é doloso e praticado contra o filho, o tutelado ou 
o curatelado ocorre a perda do pátrio poder, da tutela ou da curatela, o que não ocorre se o 
crime for punido com detenção. 
 
- Concurso de crimes – Art. 76 
Havendo concurso material de crimes, aplicando cumulativamente pena de reclusão e 
detenção, a pena de reclusão será executada primeiro. 
 
Dos regimes prisionais 
Os regimes prisionais correspondem a forma pela qual a pena privativa de liberdade será 
executada, implicando maior ou menor restrição, dependendo de suas espécies: regime 
fechado, semi-aberto ou aberto. 
Os regimes de cumprimento da pena são determinados fundamentalmente pela espécie 
(reclusão ou detenção) e quantidade de pena, pela reincidência, aliadas às circunstâncias 
judiciais previstas no Art. 59. O código penal no art. 33, § 2º determina que as penas 
privativas de liberdade deverão ser executadas de forma progressiva segundo o mérito do 
condenado e fixa os critérios para a escolha do regime para a escolha do regime inicial de 
cumprimentoda pena, a saber: a) o condenado à pena de reclusão superior a 8 anos deverá 
começar a cumpri-la no regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena for 
superior a 4 anos e não exceda a 8 poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-
aberto; c) o condenado não reincidente cuja pena for igual ou inferior a 4 anos poderá, 
desde o início, cumpri-la em regime aberto. 
 
- Regras do regime fechado – Art. 34 
Regime mais gravoso. Em regra, é aplicado para condenações acima de 8 anos ou quando 
a lei especial assim prevê (expressa no tipo penal). 
O condenado, em regra, não pode sair do presídio. A exceção é para trabalhar em obras 
públicas cumprindo os requisitos do art. 37 da LEP. Há a possibilidade de saídas 
temporárias, sob aprovação. A cada 3 dias de trabalho, remite-se 1 da pena, o condenado 
tem direito a salário de, no mínimo, ¾ do salário mínimo. A LEP diz que o preso deve ficar 
em cela individual. 
 
- Regras do regime Semi-aberto – Art. 35 
Normalmente para apenados entre 4 e 8 anos. Deve ser cumprido em colônia agrícola ou 
industrial ou local similar. O condenado deve executar tarefas. Pode trabalhar ou estudar 
fora da colônia, mas dorme e passa os fins de semana nela. Pode ficar em celas coletivas. 
 
- Regras do regime aberto – Art. 36 
Geralmente para apenados até 4 anos. O condenado deve trabalhar ou estudar, mas este 
não remite a pena. A pena deve ser cumprida em colônia de albergado. Cabe dizer que não 
se trata de prisão domiciliar, que é um benefício. 
 
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do 
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, 
os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. - STF, Súmula vinculante 56. 
 
* Regime Diferenciado (Solitária) 
Previsto no art. 52 da LEP (Lei 7.210 de 11/06/84), é uma forma especial de cumprimento 
da pena no regime fechado, que consiste na permanência do preso em sela individual, com 
limitação ao direito de visita e de saída da cela. Pode ser visto, quanto à natureza, como 
uma sanção disciplinar ou como medida de cautela. Pode ser aplicado à presos provisórios 
ou condenados, respeitados os termos do artigo. 
 
Progressão de regime 
De acordo com o art. 112 da LEP, a execução da pena é feita de forma progressiva. A lei 
exige dois critérios para concessão do benefício, o primeiro de caráter objetivo e o segundo 
de caráter subjetivo. 
- Cumprimento mínimo 1/6 da pena (Critério Objetivo) 
Não se admite, de acordo com a Súmula 491 do STJ, a progressão per saltum. De acordo 
com a súmula 715 do STF, para fins de progressão de regime não se considera o limite de 
30 anos, mas sim, o total da pena aplicada. 
A lei de crimes Hediondos, lei 8.072/90, em seu art. 2º, estabelece que para progressão de 
regime o condenado primário deve cumprir 2/5 da pena enquanto o reincidente deve 
cumprir 3/5. 
Se o crime foi cometido antes da alteração de 2007, mesmo tratando-se de crime hediondo, 
o apenado deverá cumprir 1/6 da pena, mesmo que a sentença, seja proferida 
posteriormente a 2007. 
 
- Bom comportamento Carcerário (Subjetivo) 
Obs.: Súmula Vinculante nº 26 
 
Regressão de Regime – Art. 118, LEP, Lei 7.210/84 
Requisitos nos art. 39, 50 e 51 da LEP 
 
Da mesma forma que o condenado pode progredir de regime a pena poderá ser executada 
de forma regressiva, com transferência a regime mais restritivo. Diferente da progressão, 
a regressão pode ser per saltum, ou seja, pode passar diretamente do regime aberto para o 
fechado. A regressão está prevista no art. 118 da LEP, desde que ocorra as hipóteses 
previstas no referido artigo. 
Art. 118, I: Cometimento de fato definido como crime doloso – não há necessidade para 
incidência do inciso I que exista processo ou condenação. Ou cometa falta grave, de acordo 
com a previsão dos art. 50 e 51 da LEP. 
Art. 118, II: Condenação posterior, cuja pena aplicada somada a pena em execução exija 
regime mais severo, por força do art. 111, parágrafo único da LEP. 
Na hipótese do inciso I a regressão não é automática, sendo necessária a instauração de um 
procedimento administrativo para averiguar a ocorrência, possibilitando ao condenado a 
exercer o seu direito de defesa, conforme Súmula 533 do STJ. 
Súmula 534 do STJ: O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo para a 
progressão de regime, que reinicia a contar a partir do cometimento da falta grave dessa 
infração. 
Ler súmula 535 do STJ. 
 
Remição de pena 
Remitir significa descontar, abater, pelo trabalho ou pelo estudo realizado dentro do 
sistema prisional para o sistema a ser cumprida. O art. 31 da LEP estabelece que o 
condenado a pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho de acordo com as suas 
aptidões. O trabalho só não é obrigatório para os presos provisórios – parágrafo único do 
art. 3, e para os presos por crime político – art. 200 da LEP. 
O trabalho do preso será remunerado mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a ¾ 
do salário mínimo. 
Para a contagem do tempo de abatimento da pena será considerado à razão de 1 dia de pena 
a cada 3 dias trabalhados. Tratando-se de remição pelo estudo, é abatido 1 dia de pena para 
cada 12 horas de frequência escolar, em qualquer grau de ensino, que pode ser dividido 
em, no mínimo, três dias.

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