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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Do peculato – Art. 312 do CP
O crime de peculato está previsto no art. 312 do CP, apresentando duas condutas típicas previstas no caput: a primeira delas consiste no peculato-apropriação, isto é,apropriar-se, tomar como propriedade sua, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que o funcionário público tem a posse em razão do seu cargo. A segunda conduta consiste no peculato-desvio, ou seja, desviar em proveito próprio ou alheio, no sentido de alterar o destino ou desencaminhar a coisa.
Não se pode perder de vista que existem ainda dois subtipos de peculato, previstos respectivamente nos parágrafos 1º e 2º do art. 312: o peculato-furto e o peculato culposo. No peculato-furto, embora o agente não tenha a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da sua qualidade de funcionário público. Já no peculato culposo, o agente permite culposamente a apropriação, desvio ou subtração. Em outras palavras, o agente cria uma oportunidade para a ocorrência do peculato doloso por negligência, imprudência ou imperícia.
Há ainda o peculato mediante erro de outrem ou peculato impróprio, também chamado pela doutrina de peculato-estelionato, previsto no art. 313 do CP, cuja conduta típica incide em apropriar-se o funcionário público no exercício do cargo, de dinheiro ou qualquer outra utilidade que tenha recebido por erro de outrem. Aqui a posse é decorrente de erro de quem faz a entrega do dinheiro ou da utilidade, podendo esse erro ser sobre a coisa, a obrigação ou sobre a quantidade da coisa devida.
Observe-se que o peculato nada mais é do que um tipo peculiar de apropriação indébita, cometida por funcionário público em razão do seu ofício ou do cargo que ocupa, cujo momento consumativo se dá no momento em que o funcionário torna seu o dinheiro ou o bem móvel de que tem posse em razão do cargo. É crime próprio em relação ao sujeito ativo, tendo em vista que somente o funcionário público poderá praticá-lo. Já em relação ao sujeito passivo, o Estado sempre será o sujeito passivo constante, enquanto o sujeito passivo eventual estará ligado ao objeto material: se este for de natureza pública, o sujeito passivo será o Estado ou outra entidade de direito público, como um Estado-Membro ou Município. Por outro lado, sendo o objeto material bem particular, o sujeito passivo será proprietário ou possuidor. 
Da concussão – Art. 316 do CP
A concussão está tipificada no art. 316 do CP, in verbis: “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”. Cuida-se também de crime próprio, já que somente o funcionário público pode ser sujeito ativo.
Mirabete e Fabbrini (2015) explicam que a conduta típica implica em exigir, impor como obrigação, reclamar vantagem indevida, apropriando-se o agente do metus publicae potestatis, isto é, do medo da represália a que a vítima fica constrangida, sem necessidade de promessa de mal determinado, sendo suficiente o temor que a autoridade inspira. Frise-se que a vantagem poderá ser exigida pelo próprio funcionário público (concussão direta), ou por pessoa interposta (concussão indireta), ainda que esta pessoa não seja funcionária pública. Por se tratar de crime formal, a simples exigência da vantagem indevida basta para sua consumação, sendo o recebimento da vantagem mero exaurimento da infração penal.
Argumenta Rogério Greco (2015) que a concussão pode ser percebida como uma modalidade especial de extorsão praticada por funcionário público, estando as diferenças entre ambas as figuras típicas no modo de execução: na extorsão, a vítima é constrangida, mediante violência ou grave ameaça, a entregar a indevida vantagem econômica ao agente; na concussão, o funcionário público exige a vantagem indevida sem o uso de violência ou de grave ameaça, valendo-se da autoridade do cargo.
Da corrupção passiva – Art. 317 do CP
O Código Penal, em seu artigo 317, define o crime de corrupção passiva como o de “solicitar ou receber, para si ou para outros, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.”
A corrupção passiva está caracterizada quando o funcionário público solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Mirabete e Fabbrini (2015) destacam as três condutas típicas descritas no art. 317. A primeira delas é a de solicitar, ou seja, pedir ou manifestar o desejo de receber vantagem indevida, por meio de solicitação explícita ou insinuada; a segunda é a de receber, obter ou adquirir essa vantagem; e a terceira é a de aceitar a promessa dessa vantagem indevida, ou seja, estar de acordo com o futuro recebimento.
Greco (2015) enfatiza que a corrupção passiva é muito parecida com o crime de concussão, residindo a diferença fundamental nos núcleos constantes das duas figuras típicas. Na concussão, há uma exigência ou imposição do funcionário para obtenção da vantagem indevida, já na corrupção passiva existe uma solicitação ou um pedido (na primeira hipótese).
É imprescindível para a caracterização do delito que a prática do ato esteja relacionada com a função desempenhada pelo sujeito ativo, pouco importando que o objeto do ilícito, isto é, a vantagem indevida, tenha origem lícita (corrupção imprópria) ou ilícita (corrupção própria).
CORRUPÇÃO ATIVA
A forma ativa do crime de corrupção, prevista no artigo 333 do Código Penal, se dá pelo oferecimento de alguma forma de compensação (dinheiro ou bens) para que o agente público faça algo que, dentro de suas funções, não deveria fazer ou deixe de fazer algo que deveria fazer.
A corrupção ativa é sempre cometida pelo corruptor, que em geral é um agente privado. Um exemplo de corrupção ativa é oferecer dinheiro ao guarda de trânsito para que ele não lhe dê uma multa (ou seja, suborno). Note que o simples ato de oferecer o suborno ao guarda já configura o crime de corrupção ativa, independente de o guarda aceitar ou não tal oferta.
A pena para o crime de corrupção ativa é de dois a 12 anos de prisão, além de multa.
Da prevaricação – Art. 319 do CP
Dispõe o art. 319 do Diploma Penal: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
Da análise da norma penal, verifica-se que são três as condutas típicas praticadas pelo agente. A primeira é retardar, atrasar ou procrastinar o ato de ofício. A segunda é deixar de praticá-lo, ou seja, desistir da execução. A terceira consiste em realizar ou praticar o ato de ofício, porém contrariamente ao que determina a lei e aos seus deveres funcionais. Nucci (2015) explica que a conduta “retardar” pode ser cometida por ação, como esconder os autos de um processo para que a certidão não saia a tempo, ou por omissão se o agente simplesmente não expedir a certidão no prazo certo; a conduta “deixar de praticar” é uma abstenção; já a conduta “praticar” implica em ação. É indispensável que a conduta do sujeito ativo seja motivada por interesse ou sentimento pessoal ou, em outras palavras, qualquer proveito, ganho ou vantagem que venha a obter, não necessariamente de natureza econômica.
Ato de ofício, diga-se, é o ato que o funcionário público está obrigado a praticar em razão dos seus deveres funcionais. Desse modo, a configuração do crime de prevaricação exige que o agente esteja no exercício de suas funções.
Finalmente, vale lembrar que a prevaricação do magistrado no processo civil também é causa ensejadora de ação rescisória, como determina o art. 966, I, NCPC
Contrabando x Descaminho
"A operação "Ouro Negro" foi deflagrada para prender quadrilha especializada na "reimportação" de pneus (exportados ao Paraguai e reintroduzidosno país sem impostos). Mas na operação ficou claro que o contrabando atingia outras mercadorias."
Essse eh outro erro comum. O art 334 do Cod Penal menciona os crimes de contrabando e descaminho. Embora eles estejam no mesmo artigo, sao crimes distintos e quase sempre confundidos.Contrabando eh a entrada ou saida de produto proibido, ou que atente contra saude ou moralidade. Ja o descaminho eh a entrada ou saida de produtos permitidos, mas sem passar pelos tramites burocraticos-tributarios devidos.
Por exemplo, se alguem traz uma televisao ou filmadora do Paraguai sem pagar os tributos devidos, o crime nao eh contrabando, mas de descaminho. Se alguem traz cigarros do Paraguai (produto cuja importacao eh proibida pela lei brasileira) ou armas e municoes (produtos que soh podem ser importados se o governo autorizar), o crime eh de contrabando. As famosas sacoleiras nao cometem o crime de contrabando, mas de descaminho.
O crime de Descaminho permanece no art. 334 e o de Contrabando vira tipo penal autônomo no art. 334-A.
Descaminho
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:  
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;  
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.  
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem:  
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;  
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente;  
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
Podemos observar, claramente, que o crime de Descaminho permanece no art. 334 e o de Contrabando vira tipo penal autônomo no art. 334-A.
Mister ressaltar a diferença entre os dois tipos penais, pois são constantemente confundidos por muitas pessoas, inclusive por profissionais técnicos.
No descaminho, o crime é relacionado ao (não) pagamento do imposto devido, como podemos observar: “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”.
Perceba que nada tem a ver com a mercadoria ser proibida. É aqui que reside os maiores equívocos.
Tudo, principalmente para a imprensa televisiva, é “Contrabando”, quando na verdade é Descaminho.
Já no crime de Contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser importada ou exportada, como observado no dispositivo: “Importar ou exportar mercadoria proibida”.
Se for proibida perante a nossa legislação, será tipificado o crime de Contrabando.
Após a alteração legislativa, onde, os tipos penais se tornaram autônomos e com penas distintas, não observou o legislador em alterar, também, o art. 318 do Diploma Penal que trata do funcionário público que incide na facilitação do Contrabando e Descaminho. Vejamos:
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
Incoerente a manutenção do presente dispositivo sendo que os crimes de Descaminho e Contrabando, hoje, possuem penas distintas.
Assim, se um funcionário público facilita um Contrabando, responderá pela mesma pena se tivesse facilitado um Descaminho (que a pena é menor). Não faz o menor sentido.
Por fim, para aqueles que suscitarem dúvidas sobre armas e drogas, vale sempre a lembrança de que a legislação especial prevalece sobre a ordinária e, assim sendo, pertinente sempre a leitura da Lei 10.826/03 (Estatuto do desarmamento) e Lei 11.343/06 (Lei de drogas)
O crime de advocacia administrativa 
O uso do cargo ou função pública para finalidades particulares, no Brasil, se tornou, infelizmente, quase uma praxe, fazendo com que pareça normal ao funcionário público obter alguma vantagem em proveito próprio ou alheio, patrocinando interesses privados perante a Administração Pública.
O recente episódio, largamente divulgado pelos meios de comunicação, envolvendo o ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima e o ex-ministro da cultura Marcelo Calero, bem ilustra o nosso ponto de vista.
Segundo noticiado pela imprensa, o motivo principal de sua saída de Calero do Ministério da Cultura foi a pressão que sofreu do titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador, no qual este último teria comprado um apartamento. O prédio em que Geddel comprou o apartamento teria, na planta, 30 andares, mas um parecer técnico do IPHAM (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) proibiu a construção, autorizando apenas a construção de um prédio de 13 andares. O apartamento no 23º andar, comprado por Geddel, ficaria de fora.
Marcelo Calero alegou que teria passado a sofrer pressões, por parte do colega, para a liberação da obra.
No Código Penal brasileiro, o patrocínio, pelo funcionário público, de interesse privado perante a Administração constitui o crime de Advocacia Administrativa, previsto no art. 321, tendo como objetividade jurídica a proteção da Administração Pública, no que diz respeito ao seu funcionamento regular.
Sendo crime próprio, a advocacia administrativa somente pode ter como sujeito ativo o funcionário público. Desnecessário lembrar que Ministro de Estado é considerado funcionário público para os efeitos penais, nos termos do disposto no art. 327 do Código Penal.
A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que significa advogar, proteger, beneficiar, favorecer, defender. O agente deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público lhe proporciona. O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público pessoalmente advoga os interesses privados perante a Administração Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta pessoa para a defesa dos interesses privados perante a Administração Pública.
“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, legítima ou ilegítima, perante a Administração. Se o interesse for ilegítimo, a pena será maior.
Entretanto, prevalece na doutrina e najurisprudência o entendimento de que somente caracteriza o delito o patrocínio, pelo funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração. Caso o interesse seja “próprio” do funcionário, não estará configurado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional.
Daí porque, no episódio noticiado pela imprensa, envolvendo o ministro Geddel, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu instaurar um processo administrativo para apurar o caso.
Ainda no âmbito da advocacia administrativa, deve ser excepcionado o disposto no art. 117, XI, da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais:
“Art. 117. Ao servidor é proibido:
(…)
XI — atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro”.
Na jurisprudência: “Caracteriza-se a advocacia administrativa pelo patrocínio (valendo-se da qualidade de funcionário) de interesse privado alheio perante a Administração Pública. Patrocinar corresponde a defender, pleitear, advogar junto a companheiros e superiores hierárquicos o interesse particular” (RJTJSP, 13/443).
“O delito de advocacia administrativa configura-se quando o agente patrocina, valendo-se da qualidade de funcionário público, interesse privado alheio perante a administração pública. Desse modo, se a conduta investigada consiste tão somente em sugerir ao segurado que se submete a perícia o agendamento de uma consulta particular, não há falar em fato típico. Afastada a tipicidade da conduta, caracteriza constrangimento ilegal, sanável por intermédio da angusta via do ‘habeas corpus’ o prosseguimento do inquérito policial” (TRF4 — HC 22477/SC — Rel. Paulo Afonso Brum Vaz — 9-8-2006).
Ainda: “Advocacia administrativa. Art. 117, XI, da Lei n. 8.112/90. Atipicidade. Demissão. Princípio da proporcionalidade. 1. Ao servidor é proibido ‘atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro’. 2. Para se configurar a infração administrativa mencionada no art. 117, XI, da Lei n. 8.112/90, a conduta deve ser análoga àquela prevista no âmbito penal (Cód. Penal, art. 321). Isto é, não basta ao agente ser funcionário público, é indispensável tenha ele praticado a ação aproveitando-se das facilidades que essa condição lhe proporciona. 3. Na espécie, o recebimento de benefício em nome de terceiros, tal como praticado pela impetrante, não configura a advocacia administrativa. Pelo que se tem dos autos, não exerceu ela influência sobre servidor para que atendido fosse qualquer pleito dos beneficiários. Quando do procedimento administrativo, não se chegou à conclusão de que tivesse ela usado do próprio cargo com o intuito de intermediar, na repartição pública, vantagens para outrem. 4. Ainda que se considerasse típica a conduta da impetrante para os fins do disposto no art. 117, XI, da Lei n. 8.112/90, a pena que lhe foi aplicada fere o princípio da proporcionalidade. Na hipótese, a prova dos autos revela, de um lado, que a servidora jamais foi punida anteriormente; de outro, que o ato praticado não importou em lesão aos cofres públicos. 5. Segurança concedida a fim de se determinar a reintegração da impetrante” (STJ — MS 7261-DF — Rel. Min. Nilson Naves — DJ 24-11-2009).
Por fim, trata-se de crime doloso, cuja consumação ocorre com o efetivo patrocínio, independentemente da obtenção do resultado pretendido. A tentativa é admissível, dado que o crime é plurissubsistente
 Crime unissubsistente é o conjunto de um só ato (ato único). Exemplo: injúria verbal. A realização da conduta esgota a concretização do delito. Impossível, por isso mesmo, a tentativa.
Crime plurissubsistente é o constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta. Exemplo: roubo (violência ou constrangimento ilegal + subtração) etc
Crime de tráfico de influência
O que é traficar sua própria influência? Entenda como funciona esse crime tão presente no atual cenário político brasileiro
“solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”.
A palavra “tráfico” remete muito ao tráfico de drogas, não é mesmo? Pois então, o tráfico de drogas basicamente consiste em alguém que produz e quer revender um serviço/produto (ilícito) para outra pessoa, que tem os meios e o dinheiro para consumi-lo. No fim, acontecerá uma troca entre a pessoa que está vendendo o produto e a pessoa que pode precisar dele.
No tráfico de influência, o raciocínio é similar: nesse caso, as empresas ou entidades privadas atuam em alguma área e querem vender seus produtos; o poder público tem os meios, a necessidade de obter certos produtos e o dinheiro para comprá-los.
Porém, quando uma pessoa que representa essa empresa privada se aproveita de sua provável posição de prestígio para persuadir um funcionário público em conceder vantagens ou benefícios a ela ou à sua empresa, ela está cometendo um crime. Assim como quando ela utiliza suas conexões com pessoas em altos escalões do governo para conseguir esses mesmos favores, pagamentos ou vantagens.
A pena prevista para o tráfico de influência é de prisão, de 2 a 5 anos, e multa. Pode haver o aumento da pena pela metade, caso o autor do crime (ente privado) alegar que a vantagem era não só para a sua empresa, mas também destinada ao funcionário público – uma espécie de propina.
O que caracteriza o tráfico de influência?
No crime de tráfico de influência, o agente privado não precisa nem de fato ter conseguido alguma vantagem concreta para sua empresa. Basta que ele insinue a intenção de obtê-lo por meio de influência frente a um agente público. É chamado de crime formal: basta que o criminoso tenha agido de determinada forma para que o crime tenha acontecido, independentemente do fato de ter ou não alcançado o resultado que buscava.
Pode ser feito um paralelo com o homicídio: quando uma pessoa tenta matar outra, mas não consegue, o crime passa a ser outro – tentativa de homicídio. Isso porque o homicídio é um crime material: é necessário que um resultado seja obtido para ser considerado que o crime existiu.
Crimes Contra a Administração da Justiça
A atuação do Poder Judiciário, bem como a dos órgão indispensáveis à sua atividade (autoridade policial, membros do MP, da advocacia e demais operadores do Direito), é bem jurídico relevantíssimo e deve, portanto, estar ao amparo do Direito Penal contra as ações tendentes a desrespeitar a justiça.
Denunciação Caluniosa (Art. 339)
Visa a norma manter a regular administração da justiça que deve ficar a salvo de falsas imputações de crime. Protege-se também a liberdade e a honra daquele que poderá ser objeto da investigação ou acusado de crime que não praticou.
Exige-se que a acusação falsa objetive pessoa determinada, pois o crime também exige a certeza da inocência da pessoa a quem se atribui a prática do crime.
A falsa imputação de um crime sem a vontade de provocar a instauração de investigação policial, administrativa ou processo criminal constitui apenas o crime de calúnia. Questão polêmica na doutrina e jurisprudência diz respeito ao dolo posterior, ou seja, na hipótese de se ter imputado a alguém a prática de crime e somente no decorrer da ação penal teve a certeza da inocência da pessoa denunciada. Teria essa pessoa a obrigação de comunicar o fato ou seu silêncio caracteriza o crime? Como dito, há interpretação em ambos os sentidos. (Majoritária é no sentido de que se descobrir a verdade depois e se silenciar estará configurado o crime)
- Diferentemente da calúnia, deve ser contado para uma autoridade com o intuito de movimentar a máquina judiciária (se a pessoa que deu causativer dúvida não configura o crime)
- Complexo: calunia contra uma pessoa e falsa denunciação (sujeitos passivos: pessoas e a Justiça) - "Dar início": BO já é considerado consumado (crime material) - A absolvição desse crime não impende da instauração de ação privada do crime de calúnia por parte do ofendido (se ainda houver prazo)
Comunicação Falsa de Crime (Art. 340)
A falsa comunicação de infração penal ofende o prestígio e a eficácia da atividade judiciária, provocando investigações ou diligências inúteis, embaraçando o seu normal desenvolvimento.
O dolo é a vontade de comunicar a ocorrência da infração penal inexistente, com o fim de provocar ou aceitar o risco de causar a ação da autoridade. Logo, não ocorre o crime quando houver dúvida por parte do agente ou atuando ele com dolo eventual.
Distingue-se do crime de denunciação caluniosa porque neste delito não há acusação contra pessoa certa e determinada.
- Informar um crime que não aconteceu, sem indicar pessoa certa, pois se informar enquadraria o crime do Art. 339 (ex: trote)
- "Provocar ação" (crime material)
Auto-acusação Falsa (Art. 341)
Este tipo penal pressupõe a existência de um crime antecedente e deve ocorrer perante a
autoridade, que pode ser a policial, do MP, Judiciária ou qualquer autoridade administrativa que tenha condição de provocar a ação da demais autoridades anteriormente destacadas.
- Formal: basta assumir o crime para a consumação (independentemente de as autoridades acreditarem ou iniciar-se a ação)
- Dolo malus: assumem por dinheiro ou interesse
- Dolo bonus: assumem por bondade (marido assume por esposa/pai assume pelo filho)
Diferenças entre os artigos 339, 340 e 341: O Art. 339 exige pessoa certa e determinada, exigindo, também, dolo direto, enquanto que o Art. 340 exige infração penal inexistente e contra pessoa indeterminada, contentando-se com o dolo eventual. Já no Art. 341 o agente atua, na verdade, como o substituto do verdadeiro criminoso, e, ao contrário dos crimes anteriores que são materiais, este não existe inicio de investigação, pois se trata de crime formal
Falso Testemunho - art. 342, CP
Trata-se de crime de mão própria, significando que só pode ser praticado pelo sujeito em pessoa (testemunha, perito, interprete ou tradutor), excluindo-se a coautoria. Todavia, é possível a participação por intermédio da instigação, auxilio, ajuste, etc. Como por exemplo, no caso do advogado que induz a testemunha a mentir. Caso essa indução ocorra com a promessa de dinheiro ou outra vantagem ocorrerá o crime previsto no art. 343 do Código Penal.
Alguns julgados, entendem necessária a relevância do depoimento falso na influência da decisão, afirmando não ocorrer o crime se não houver potencialidade lesiva. Todavia, é entendimento majoritário que em se tratando este delito de crime formal, basta para a sua configuração a simples possibilidade de dano, sendo irrelevante que tenha ou não influido na decisão da causa.
A retratação do agente (§ 2º) é possível e comunica-se ao partícipe.
O § 1º prevê causa de aumento de pena, notadamente se o falso testemunho destina-se a influir em julgamento penal.
Consumação: como dito, por tratar-se de crime formal, o momento consumativo do delito, técnicamente, seria o momento da entrega do laudo pericial, ou ao término do depoimento falso. Muito se discutiu na doutrina e jurisprudência sobre o momento da retratação, até que lei recente, estabeleceu o momento da retratação como sendo o momento da “prolação da sentença”.
Crime doloso e em se tratando de depoimentos falsos em várias etapas do mesmo processo, entende a doutrina e jurisprudência, ocorrer na hipótese, crime único.
Pena: 2 a 4 anos e multa
Crime próprio - classe ou categoria de pessoas
Crime de Mão Própria - só o próprio sujeito
Coação do Curso do Processo- art. 344, CP
O crime em estudo é um tipo especial de constangimento ilegal em que não se exige, para a sua concretização, que o coacto (coagido) se submeta ao sujeito ativo. A conduta típica é constituida pelo emprego de violência ou grave ameaça contra a autoridade, parte ou qualquer outra pessoa que intervém no processo: delegado de polícia, promotor de justiça, juiz, autor, réu, testemunha, perito, jurado, interprete, oficial de justiça, etc.
Sem prejuízo das penas correspondentes à violência, ex: se o criminoso coage a vítima, e posteriormente, a agride, haverá concurso entre este crime e o de lesão corporal.
Tipo Subjetivo: Além da vontade de pratica a violencia ou grave ameaça, exige-se o dolo consistente na finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio. Exemplos: intimidação de testemunha, ameaças ao juiz e ao advogado da parte contrária, coação destinada a evitar o oferecimento da denúncia, etc.
Crime formal, consumando-se independentemente de lograr o a gente, o fim pretendido.
A reiteração de ameaças para se conseguir o mesmo objetivo, não implica continuidade da infração ou concurso de crimes, mas sim crime único.
De acordo com a violência poderá o a gente incorrer no crime de coação e o correspondente à lesão proporcionada.
A pena é de 1 a 4 e multa, sem prejuízo das penas correspondentes à violência
Exercício Arbitrário das Próprias Razões - art. 345, CP
A conduta típica, se apresenta pela expressão “fazer justiça pelas próprias mãos” que equivale à exercer arbitrariamente a sua pretensão sem buscar a via judicial adequada, o a gente ao inves de buscar a tutela jurisdicional resolve empregar a autotutela, fazendo por conta própria, aquilo que entende por justiça.
Não existirá o crime se a lei permitir a satisfação da pretensão pelas próprias mãos do agente, como por exemplo na hipótese prevista no artigo 1210 do CC. Trata-se de crime formal, sendo que a ação penal, em regra é privada, podendo ser pública apenas se houver emprego de violência contra pessoa.
Crime expressamente subsidiário, pois poderá ocorrer conduta mais grave (tentativa de homicídio, furto, lesão corporal).
Favorecimento Pessoal - art. 348, CP
A conduta típica, vem caracterizada pela expressão “auxiliar a subtrair-se”, que significa, ajudar a escapar a ocultar-se, a furtar-se. O auxilio deve prestar-se à favorecer o autor do crime (não inclui contravenção penal), ao qual é cominada pena de reclusão à subtrair-se da ação da autoridade pública (judicial, policial, ou administrativa).
O auxílio admite qual quer forma de realização e deve ser prestado após a consumação do delito anterior.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, salvo o coautor e o partícipe do crime anterior.
O advogado pode ser autor deste crime quando ao invés de prestar auxilio jurídico, acaba empregando, efetivo auxílio ao criminoso, para este escapar da autoridade pública.
Não se admite favorecimento pessoal por omissão. Assim, não configura o delito, a atitude do agente que deixa de informar à autoridade policial sobre o paradeiro ou esconderijo de um criminoso. A única omissão não permitida é a do agente que favorecer.
Crime material, admite tentativa.
Favorecimento Real - art. 349, CP
A conduta típica, vem expressa pelo verbo “prestar” que significa conceder, dedicar, render. O objeto da prestação deve ser auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime.
O crime de consuma, com a prestação do auxílio, independentemente do êxito da empreitada.
Não se confunde a figura da receptação dolosa com a do favorecimento real. Na primeira o agente visa o proveito econômico próprio ou de terceiro, enquanto que no favorecimento ele visa assegurar o proveito do autor do crime, ou seja, beneficiar indiretamente o criminoso, garantindo-lhe o proveito do crime praticado. O crime de receptação é contra o patrimônio, esta relacionado ao próprio uso do agente da receptação sobre objeto que ele tem conhecimento de ser produto de crime.
Ex: Michel furtou rolex, e pediu para professor esconder o relogio até que a poeira baixasse. Professor se esconder incorre em favorecimento real.
Já se Michel oferecer o relógio ao professor para que o professor compre, ou fiquecom o relogio, e o professor aceita, deixa de ser favorecimento para ser crime de receptação dolosa.
Observe-se que se o agente criminoso e o favorecedor combinarem anteriormente a conduta, o favorecedor deixará de responder pelo crime de favorecimento real, e passará a ser coautor ou partícipe do crime anterior.
Crime formal, não admite tentativa.
Valido para ambas condutas (Favorecimento Real e Favorecimento Pessoal): Combinar com o agente o favorecimento, antes da pratica de qualquer um dos crimes, deixa de caracteriza-los. Estando os crimes de favorecimento descaracterizados, e o favorecedor sujeito a ser taxado como coautor ou partícipe do crime anterior.
Art. 348 § 2º - Escusas Absolutórias: pessoas que não terão pena ainda que realizem o favorecimento.
A contravenção penal não implica em favorecimento. Ex: se o Michel é bicheiro (jogo do bicho) e o professor o esconde das autoridades, o professor não incorre no crime de favorecimento, isso pois Michel não se trata de autor de crime, mas sim autor de Contravenção Penal
Art. 348>>>Termo “Autor de Crime” —— importante ressalvar que este é o termo utilizado na lei pois, para o autor do crime não é necessário que haja contra ele já o trânsito em julgado (caso fosse no tipo chamado de criminoso, seria necessário aguardar o trânsito em julgado de sentença penal condenatória que o decretasse culpado pelo crime)
Art. 349>>> Termo “Criminoso” na época (1940) quando código foi feito, criminoso e autor de crime ainda eram a mesma coisa.
Patrocínio Infiel - art. 355, CP
Trata-se de crime próprio, somente praticável pelo advogado.
A conduta típica vem expressa pelo verbo “trair” que significa enganar por traição, ser infiel, tramar contra o cliente. Trata-se de crime doloso, podendo a forma culposa ser apurada apenas no âmbito administrativo da OAB.
§ Único: Patrocínio Simultâneo ou Tergiversação - há previsão de duas condutas típicas, quais são, defender simultaneamente ou defender sucessivamente. Na primeira conduta o advogado defende, na mesma causa, ao mesmo tempo, o interesse de partes contrárias.
Defender sucessivamente, significa que o advogado deixou de patrocinar a parte autora e passou a patrocinar o interesse da parte ré, como por exemplo no caso do advogado que propõe ação de separação judicial em nome da esposa e depois resolve contestar a ação, em favor do marido.
A conduta do caput, depende da produção de prejuízo (crime material), enquanto que nas hipótese do parágrafo único o prejuízo é presumido pela lei (crime formal).
Tergiversação implica que ele não estava ao mesmo tempo nos dois polos, ele renunciou uma parte e ingressou com a contraria em seguida.
A lei não fala que deve ser no “mesmo processo”, ela fala na mesma “causa”. Causas são ações conexas. Ex: inventário >>> inventariante patrocina simultaneamente o inventário e um terceiro com interesses diversos sobre o patrimônio do de cujos.
Quando se tratar de escritório com vários advogados defendem interesses conflitantes, isso será uma questão de ética, que é reservada à OAB, mas não configura o crime.
É necessário o intuito personi, deve ser a figura da pessoa do advogado no qual você depositou a sua confiança
Crimes Hediondos: dicas rápidas que podem salvar uma questão em sua prova
Como adotamos o critério legal, são hediondos somente os crimes elencados no art. 1º da Lei 8.072/90. Por essa razão, não se fala, por exemplo, em hediondez na hipótese de homicídio do Presidente da República, pois o art. 29da Lei 7.170/83 não integra o rol.
São hediondos os seguintes delitos:
homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII)
lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts.1422 e1444 daConstituição Federall, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
latrocínio (art. 157, § 3º, in fine)
extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º)
extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º)
estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º)
estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º)
epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º)
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B)
favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º)
genocídio (Lei 2.889/56).
Infelizmente, o rol dos crimes hediondos está entre aqueles assuntos que devem ser memorizados. Em prova, dificilmente será questionado se um crime X é o não hediondo. No entanto, é possível que a banca pergunte a respeito de prazos de prisão temporária ou de progressão de regime na hipótese de determinado delito, diferenciados em crimes hediondos.
Fique esperto: a tentativa não afasta a hediondez! Portanto, na hipótese de tentativa de estupro ou de homicídio qualificado, por exemplo, o crime permanecerá hediondo, devendo ser aplicada a Lei 8.072/90.
As “pegadinhas” em relação ao homicídio na Lei de Crimes Hediondos são sempre as mesmas. Questionarão se é possível a existência de um grupo de extermínio composto por uma única pessoa – a redação do art. 1º, inciso I, pode fazer com que o leitor chegue a tal conclusão. A resposta é não. O que o dispositivo quis dizer: não é preciso que todos os integrantes do grupo de extermínio participem da execução do homicídio para o reconhecimento de sua existência ou de sua hediondez.
Há divergência quanto ao número mínimo de integrantes de um grupo de extermínio. A Lei 8.072/90 não diz, mas boa parte da doutrina entende que a formação é a mesma da associação criminosa (CP, art. 288): três ou mais pessoas.
Não confunda grupo de extermínio com concurso de pessoas. Se Caio, Tício e Mévio decidem matar João, a hipótese será de homicídio em concurso de pessoas, e não de grupo de extermínio. Por outro lado, se o trio decide matar torcedores de determinado time, estará caracterizado o grupo de extermínio. Explico: a principal característica do homicídio em atividade típica de grupo de extermínio é a impessoalidade. A vítima é assassinada em razão de alguma característica especial (ex.: ser mendigo), e não por ser A ou B. A sua identidade é irrelevante para o homicida.
Em Direito, há exceção para tudo. No entanto, em relação às qualificadoras do homicídio, fique esperto: todas elas tornam o crime hediondo.
No § 1º do art. 121 do CP está previsto o intitulado homicídio privilegiado – na verdade, não é privilégio, mas causa de diminuição de pena -, hipótese em que o agente mata “impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”. Não é crime hediondo, pois não está no rol do art. 1º da Lei 8.072/90.
Todavia, há uma situação que pode causar confusão: a do homicídio qualificado-privilegiado. Explico: O § 2º do art. 121 do CP possui qualificadoras de natureza objetiva (incisos III e IV) e subjetiva (I, II, V e VI). O homicídio privilegiado é compatível com as qualificadoras de natureza objetiva (ex.: o pai que mata o estuprador da filha com o emprego de veneno). Neste caso, o homicídio será considerado, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado. Surge, então, a dúvida: ele será hediondo? A resposta é não. A razão: em primeiro lugar, não há previsão no art. 1º da Lei 8.072/90. Ademais, não seria coerente, em um mesmo contexto, diminuir a pena e impor os malefícios da Lei dos Crimes Hediondos.
Agora, imagine a seguinte situação: Tício, agindo com vontade de matar por motivo torpe – logo, qualificado -, disparatiros contra Mévio. No entanto, por erro na execução, atinge Caio, que vem a falecer. Pergunto: o fato de Tício atingir pessoa diversa da pretendida afasta a hediondez do crime? E se Tício confundisse as vítimas, e, ao invés de atirar em seu inimigo, matasse o seu irmão gêmeo? Nas duas hipóteses, o homicídio será hediondo. Isso porque, tanto na hipótese de “aberratio ictus” (CP, art. 73) quanto na de “erro sobre a pessoa” (CP, art. 20, § 3º), leva-se em consideração a vítima pretendida, e não a efetivamente atingida. Logo, se o homicídio foi praticado por motivo torpe (ou presente outra qualificadora), ele será hediondo, ainda que o agente não mate a vítima desejada, mas pessoa diversa.
Em 2009, o CP passou a contar com o § 3º em seu art. 158 (extorsão), com a seguinte redação: “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.”. Trata-se do intitulado “sequestro relâmpago”, que, por razões inexplicáveis, não foi incluído ao rol de crimes hediondos, ainda que ocorra a morte da vítima. Alguns autores entendem que o delito seria hediondo em razão da remissão que o dispositivo faz ao art. 159, §§ 2º e 3º, mas o raciocínio não deve prevalecer, pois, como já dito, o critério adotado para que um crime seja considerado hediondo é o legal. Ou seja, se um delito estiver no rol do art. 1º da Lei 8.072/90, é hediondo. Senão, não.
São equiparados aos crimes hediondos o tráfico de drogas, o terrorismo e a tortura. Significa dizer que a Lei 8.072/90 é aplicável a eles, exceto quanto ao que lei própria dispuser de outra forma. Por isso, as disposições da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) e da Lei 9.455/97 (Lei de Tortura) devem prevalecer quando em conflito com a Lei de Crimes Hediondos (princípio da especialidade), que deve funcionar como norma geral.
Os crimes hediondos e equiparados são insuscetíveis de anistia, graça, indultoe fiança.
Perceba que o que a Lei 8.072/90 veda, em seu art. 2º, II, é a fiança, e não a liberdade provisória. Portanto, é possível que o acusado por um crime hediondo aguarde o desfecho da ação penal solto. O que não é possível, no entanto, é que a liberdade seja condicionada ao pagamento de fiança, por expressa vedação legal, mas o juiz não está impedido de impor outra das medidas cautelares do art. 319 do CPP.
No art. 2º, § 1º, a Lei 8.072/90 afirma que o condenado por crime hediondo iniciará o cumprimento da pena necessariamente em regime fechado, pouco importando o “quantum” de pena fixado. Todavia, o STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou, em controle difuso, a inconstitucionalidade do dispositivo, e entendeu que o condenado por crime hediondo pode iniciar o cumprimento da pena em regime diverso (aberto ou semiaberto). Significa dizer que o dispositivo permanece em pleno vigor, mas tem sido afastado pelos Tribunais Superiores. O STJ tem seguido o entendimento, como é possível constatar no HC 306.352/SP, publicado no dia 24 de fevereiro de 2015.
A progressão de regime em crimes hediondos se dá com 2/5 (dois quintos), se primário o condenado, ou 3/5 (três quintos), se reincidente. É importante que o leitor memorize as frações, pois são cobradas em provas.
Em relação à prisão temporária, os prazos na Lei 8.072/90 são diferenciados. Em regra, a prisão temporária pode ser decretada por 5 (cinco) dias, prorrogáveis por mais 5 (cinco) dias. Tratando-se, no entanto, de crime hediondo, o prazo é de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. No entanto, atenção: alguns crimes hediondos não estão no rol da Lei 7.960/89, que prevê, em seu art. 1º, III, quais delitos estão sujeitos à medida. Como o rol é taxativo, é possível afirmar que alguns crimes hediondos não são passíveis de prisão temporária do agente que os pratica (ex.: a hipótese do inciso I-A, a lesão corporal contra determinados agentes públicos, incluído pela Lei 13.142/15).
A Lei 8.072/90, em seu art. 2º, § 3º, transmite a ideia de que, proferida a sentença condenatória, ainda que não tenha ocorrido o trânsito em julgado, o acusado deverá, em regra, ser preso, ainda que recorra da decisão – “Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.”. Entretanto, o fato de estar sendo acusado por um crime de maior gravidade não retira do réu garantias constitucionais a todos garantidas, como a presunção de inocência ou de não culpabilidade. Portanto, se o acusado permaneceu solto até a sentença condenatória, só será possível a decretação da prisão preventiva se presentes os requisitos do art. 312 do CPP, senão, ele deverá permanecer solto, não podendo o juiz vincular o conhecimento do recurso ao recolhimento à prisão.
 No dicionário, a palavra “hediondo” está descrita como algo sórdido, depravado, que provoca grande indignação moral, causando horror e repulsa. A expressão é utilizada com frequência para os crimes que ferem a dignidade humana, causando grande comoção e reprovação da sociedade.
No campo jurídico, os crimes hediondos estão definidos pela a Lei 8.072, de 1990, e são insuscetíveis de anistia, graça, indulto ou fiança. Neste CNJ Serviço, entenda quais são eles. Os crimes considerados hediondos podem ser consumados ou tentados.
O primeiro deles é o homicídio qualificado, ou seja, quando praticado em circunstância que revele perversidade – por exemplo, se o crime é praticado por motivo fútil, com o uso de tortura ou para assegurar a impunidade de outro crime. Também é considerado hediondo o homicídio praticado por grupo de extermínio, mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo.Em 2015, duas leis incluíram, no rol de crimes hediondos, o assassinato de policiais e o feminicídio.
A Lei 13.142 tornou crime hediondo e qualificado a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte contra policiais no exercício da função ou em decorrência dela. Estão abrangidas, pela norma, as carreiras de policiais civis, rodoviários, federais, militares, assim como bombeiros, integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do Sistema Prisional. Já a Lei 13.104 incluiu o feminicídio – ou seja, o assassinato de mulheres por razões da condição do sexo feminino – na lista dos crimes hediondos, ao incluir o crime como homicídio qualificado.
De acordo com a norma, considera-se que há razões de gênero quando o crime envolve violência doméstica ou familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Os outros crimes enquadrados como hediondos são: extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro, latrocínio, estupro, estupro de vulnerável, epidemia com resultado de morte, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, genocídio e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Além disso, há os crimes que são, por lei, equiparados aos crimes hediondos - o tráfico ilícito de entorpecentes, a tortura e o terrorismo. As penas dos crimes hediondos são cumpridas inicialmente em regime fechado, e a progressão de regime para pessoas condenadas nesse tipo de crime só pode ocorrer após o cumprimento de dois quintos da pena, em caso de réus primários, e de três quintos, em caso de reincidentes.

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